Luciano Subirá | OUÇA BEM

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ORVALHO
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Mateus capítulo 13, do verso 3 ao 9, diz assim: "E de muitas coisas falou por parábolas, dizendo: 'Eis que o Semeador saiu a semear. E ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não se aprofundar a terra; saindo, porém, o sol, a queimou, e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra parte caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, a cem, a sessenta
e a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.'" Eu vou pedir a gentileza de você repetir comigo esse versículo 9: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." Mais uma vez, como se tivesse assim alimentado antes de vir para o culto e reunião: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." Nós sabemos que Jesus não está falando aqui do ouvido físico literal, até porque as pessoas já haviam escutado o que ele disse; se não tivessem essa capacidade, não adiantaria, não faria o menor sentido ele dar o conselho. O que Jesus está falando diz respeito, na verdade, à
forma de ouvir. Eu me lembro, quando criança, de muitas vezes ter ouvido os meus pais, tanto meu pai quanto minha mãe, que está aqui na primeira fileira, a expressão "ouça bem". Esse "ouça bem" não significa que você aperta algum botão que muda a resposta, né, biológica e fisiológica do seu corpo para melhorar a audição. Quando usavam a expressão "ouça bem", nosso pai estava dizendo: "preste atenção". Não ouça de qualquer forma, não hoje de uma maneira que isso entre e desapareça ou se perca o que você... Não pegue o sentido completo; em outras palavras, era uma
maneira de dizer: "preste atenção, leve a sério o que eu estou te dizendo." E eu creio que, em outras palavras, quando Jesus está dizendo "quem tem ouvidos para ouvir, ouça", ele está dizendo basicamente: "ouça bem". Aliás, esse é o tema da minha mensagem hoje: "ouça bem". E a razão pela qual estou abordando aquilo que Jesus fala no versículo 9 é porque, de tudo aquilo que nós vamos ler, eu creio que essa é a chave; eu creio que aquilo está dando tom. Ele não está apenas dizendo "quem tem ouvidos para ouvir, ouça"; a parábola, que eu
acabei de citar, na verdade, nos ensina a como ouvir. E antes mesmo de interpretá-la aos seus discípulos, Jesus está, na verdade, estabelecendo o que eu quero propor como trilho principal da nossa reflexão aqui hoje: a maneira como ouvimos a Palavra de Deus determina se ela vai produzir o resultado devido nas nossas vidas ou não. Então, eu gostaria que a gente pudesse olhar para esse texto, incluindo os versículos que leremos na sequência, e que a gente pudesse entender esse princípio. Eu vou fatiá-lo em três partes, em três princípios que eu quero dar destaque. O primeiro deles
diz respeito à advertência de nosso Senhor sobre a responsabilidade de quem ouve. Quando ele está dizendo "quem tem ouvidos, ouça", ele está dizendo que não depende só de Deus falar; depende também de como recebemos. Em primeiro lugar, eu quero enfatizar o que eu gosto de fazer muito nas minhas mensagens, nos meus ensinos: o fato de que temos não apenas a parte divina, mas temos também a parte humana; a nossa responsabilidade precisa ser levada em consideração. Em segundo lugar, eu quero explorar um pouco essa distinção dos tipos de solo que Jesus faz. Ele fala que uma
semente caiu à beira do caminho, ele fala que uma semente caiu num solo rochoso, ou dependendo da tradução da Bíblia que você usa, pedregoso. Ele fala que uma caiu num terreno cheio de espinhos e ele fala de um solo frutífero. Ele mostra que cada um desses solos apresenta resultados diferentes em relação à semeadura da Palavra, e eu quero que a gente possa avaliar o que isso tem a ver com ouvir bem. Em terceiro e último lugar, nós vamos destacar o que classificaria como o caminho prático para frutificação. O Senhor Jesus não está ensinando sobre esses
tipos de solos como se isso fosse simplesmente algo já pré-determinado e que não pode ser mudado. Ele quer nos levar a sermos aquele solo onde a Palavra de Deus produz resultados. Com isso, acredito que nós vamos conseguir não apenas ver o quadro completo, mas ter um entendimento progressivo, ainda terminando com uma orientação muito prática para a nossa caminhada cristã. Então, em primeiro lugar, eu quero destacar essa questão da parte humana e da divina, porque Cristo enfatizaria a forma como ouvimos quando ele destaca "quem tem ouvidos para ouvir". E ao longo de todo o ensino, como
veremos nos próximos versículos, se na verdade tudo dependesse só de Deus, existem alguns grupos bem-intencionados, sem dúvida, que não questionam a motivação, mas que, acredito, muitas vezes não estão enxergando o quadro completo das Escrituras. Quando começam a enfatizar que tudo depende só de Deus, muitas pessoas acreditam — e eu tive dificuldade para enxergar isso no próprio texto — que os tipos de solos já estão definidos; as pessoas nascem daquele jeito, ou Deus quis que fosse assim. Eu quero te mostrar que, na verdade, Deus quer fazer algo na vida de todas as pessoas. Deus quer que
todos recebam a Palavra; Deus quer que a Palavra frutifique na vida de todas as pessoas, porque a Bíblia é enfática: Ele não faz acepção; Ele não faz distinção de pessoas. Se Ele me cria para ser o solo que não entende a Palavra e não pode dar fruto, e cria outro para ser o solo bom, significa que Ele, de fato, tem algo muito melhor para um do que para outro. Isso não condiz com o caráter não apenas justo, mas também amoroso de Deus, revelado nas Escrituras. Então, nós precisamos entender. que toda a dinâmica da caminhada cristã
é, sempre, parte de Deus e parte humana. Quando enfatiza a parte humana, é para que a gente não seja levada a pensar que tudo é feito unilateralmente por Deus. Mas ao incluir a parte humana, não estamos excluindo a parte divina que provoca o homem e que, quando o homem dá a devida resposta, nos leva a um outro nível. Mas vou trabalhar isso, né? À medida que vamos falando a respeito do assunto, o que é principal agora é que eu e você possamos compreender que a frutificação da palavra depende do nosso nível de interação com ela.
Então, antes de entender a parábola em si, o que Jesus passa a explicar no registro de Mateus, a partir do verso 18, entre o verso 9, que Jesus disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, e o verso 18, onde a Bíblia diz que ele vai dizer: “Ouçam, portanto”, que significa a parábola do semeador, temos entre a parábola e a sua explicação um recheio. Qual é o recheio? Vamos ler juntos a partir do versículo 10, do 10 até o 17. Então, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: “Por que o Senhor fala com eles por
meio de parábolas?” Você percebeu no versículo 3, quando começamos a ler, que a Bíblia diz que de muitas coisas ele falou por meio de parábolas, alegorias, ilustrações? Agora vem a indagação dos discípulos a Jesus, né? “Por que o Senhor fala com eles, com a multidão, com essas pessoas, por meio de parábolas?” Porque quando estava só, Jesus, seus discípulos, a maior parte do tempo, não era assim. Ao que Jesus respondeu: “Porque a vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles isso não é concedido.” Se a gente parasse aqui, só nesse verso
11, a conclusão que chegaríamos é que vocês foram escolhidos para entender e eles foram escolhidos para não entender. “A vocês é dado, agradou ao Pai revelar isso a vocês, mas Deus, de alguma forma, não quis que o resto das pessoas entendesse.” E eu tenho percebido muita gente enfatizando esse tipo de verdade que priva as pessoas do entendimento de que elas têm uma responsabilidade de cooperar com Deus e que Deus deseja oferecer o pacote completo de entendimento da Sua palavra para todo mundo. Então, a explicação de Jesus não para no registro verso 11. No verso 12,
nós temos uma outra frase que, assim como a do verso 11, é precedida por uma conjunção explicativa: é a palavra “pois”. Ao que tem, são as minhas palavras traduzidas: “pois é porque”, né? Ela é exatamente a mesma palavra do verso anterior quando ele diz: “Porque a vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles isso não é concedido.” Ele usa de novo e diz: “Pois ao que tem, mais será dado e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem será tirado.” Então, vamos entender o que Jesus está
dizendo: a vocês é dado conhecer os mistérios do reino, a eles não, porque, ao que tem entendimento, o entendimento lhe será ampliado; ao que não tem, o pouco ou quase nada que tem ainda lhe será tirado. Aqui temos uma dinâmica de interação. Não é Deus dizendo: “Eu quero que você entenda; eu quero que você não entenda.” Você tem uma abertura, receptividade e eu vou ampliar o seu entendimento; você não tem disposição a ela, você não terá intervenção minha para ir além da sua limitação. Quem consegue entender isso? Vamos continuar lendo. Verso 3: “Por isso, falo
com eles por meio de parábolas, porque vendo, não veem; ouvindo, não ouvem nem entendem.” De novo, se pararmos aqui, você pode imaginar que Jesus não quer ser entendido. Verso 14: “Assim, nele se cumpre a profecia de Isaías.” E agora Jesus vai citar um texto das Escrituras: “Ouvindo, vocês ouvirão e de modo nenhum entenderão; vendo, vocês verão e de modo nenhum perceberão.” Porque o coração desse povo está endurecido. Por que o coração do povo está endurecido? Porque Deus endureceu? Não! O texto diz: “Ouviram com os ouvidos tapados”, ou seja, não ouviram bem, não deram a devida
atenção. “Fecharam os olhos para não acontecer que vejam os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” Onde Jesus fala que o coração desse povo está endurecido, não há uma determinação de uma arbitrariedade de Deus dizendo: “Eu endureci.” O que o texto está dizendo é que está endurecido porque eles ouviram de forma errada, ouviram com os ouvidos tapados. O tempo todo a palavra de Deus nos chama ao nível de resposta. Hebreus, citando o Antigo Testamento, diz: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o coração.” A Bíblia
trata de uma maneira muito clara que ter o coração aberto ou endurecido para com Deus é uma decisão nossa. De vez em quando, alguns pegam: “Deus endureceu o coração de Faraó.” Deus endureceu ainda mais o coração que já estava endurecido. “Ao que tem, se lidará mais e também terá em abundância; algo que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.” Quem está entendendo isso? Nós não podemos excluir a responsabilidade humana. É lógico que, ao trazer a responsabilidade humana, não estamos eliminando Deus da história. Jesus diz em João que, sem mim, nada podeis fazer.
Mesmo quando cumprimos a nossa parte, ela é sempre uma resposta ao que Deus começou e uma abertura para que Ele amplie, continue aquilo que Ele começou. No entanto, nós precisamos entender que é uma espécie de jogo de damas ou xadrez: Deus faz o movimento, espera o nosso movimento para que Ele continue e possa fazer o Seu próximo movimento. Entender a responsabilidade que temos aqui é crucial. Então, no verso 16, Jesus disse para os Seus discípulos: “Bem-aventurados, porém, são os olhos de vocês porque vêm, e bem-aventurados são...” Os ouvidos de vocês, porque ouvem. Pois, em verdade,
eles tinham que muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, mas não viram; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram. Jesus está dizendo que vocês são parte de um grupo privilegiado. Vocês estão vivendo a concretização das promessas; vocês estão vivenciando o cumprimento da vinda do que Deus prometeu: o Messias, o Verbo, a Palavra encarnada diante de vocês. Agora, por mais que Jesus esteja dizendo, bem-aventurados são vocês, porque profetas e justos aguardavam e criam nesse dia, mas não viram o que vocês estão vendo. Por outro lado, há uma multidão que
está diante da mesma coisa que vocês estão vendo e não tem a receptividade que vocês estão demonstrando. A ênfase de Jesus nesse recheio vai nos ajudar a entender a explicação da parábola que vem na sequência. Quando olho para as Escrituras, é evidente para mim que vou repetir: a parte do humano não anula a parte do divino e vice-versa. A parte de Deus não anula a nossa. Em Atos, no capítulo 16, verso 14, quando Paulo está pregando o evangelho em Filipos, a Bíblia diz assim: "Certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, que
adorava a Deus, nos escutava." Preste atenção na frase: "nos escutava." Quando muita gente não parou para ouvi-los pregar, essa mulher parou. O texto diz assim: "O Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia." Temos intervenção divina aqui. Temos, mas, em primeiro lugar, essa mulher dá valor à Palavra de Deus; ela, para ela, dá atenção. Ela diz: "Eu quero isso." E, depois de um movimento de valorizar a palavra que está sendo comunicada, a Bíblia mostra que Deus dilata, abre o coração dela para um nível de percepção ainda maior. Então, temos uma
ação de Deus. O que nós não podemos simplesmente acreditar, o que é contrário ao autor das Escrituras, é que Deus decide quem vai entender e Deus decide quem não vai entender. Nossa resposta determina se nós vamos avançar no nível de entendimento ou se seremos privados dele. Então, essa progressão, para mim, é muito clara. E, à medida que vamos olhando para as Escrituras, vemos sempre a necessidade de que o homem se posicione, de que ele busque Deus, mas com entendimento de que, sem ajuda de Deus, ele também nunca vai entrar no lugar profundo de entendimento. Eu
quero convidar você a me acompanhar em uma leitura que é o Salmo 119, e nós vamos ler dos versículos 27 até o 34. Salmo 119 é o maior capítulo que a Bíblia tem. Lembro que, quando criança, na responsabilidade da leitura bíblica, muitas vezes, quando tínhamos que ler a Bíblia toda em um ano, tínhamos uma média de três capítulos por dia. Para ser exato, 3,25 é a conta. E, quando estávamos lendo sem muito entendimento, debaixo do encorajamento, às vezes na imposição dos pais que queriam criar em nós disciplina e ritmo, o coração ainda não tinha empolgação
com a palavra. Às vezes, lembro que ficava feliz quando pegava uns Salmos que eram de três versículos; pensava: "Vou eliminar um capítulo rapidinho." Mas, quando chegava ao Salmo 119, eu pensava: "Isso tudo é um só, e depois ainda tenho que ler mais dois." Os que estão perto não são necessariamente tão pequenininhos, né? Mas, à medida que o tempo foi passando, o entendimento, a compreensão da palavra foi chegando. Eu percebia que o Salmo 119 é tão rico, tão rico, que meu sentimento com o tempo mudou. Era isso: "Aqui não podia se estender um pouquinho mais", porque
ele tem uma linha de raciocínio do início ao fim que valoriza a palavra, o clamor por se entrar no lugar mais profundo, tanto de entendimento como de prática da palavra. Aliás, se pudéssemos inventar aqui, depois de uma pregação, assim como na escola tem lição de casa, eu pediria que você tirasse um tempo essa semana para meditar no Salmo 119, todos os 176 versículos, lendo exatamente com esse olhar, com esse foco: qual é a valorização da palavra? Qual é o clamor por entendimento e pela capacidade de andar nesse lugar de prática da palavra? Mas, para não
ler isso tudo aqui agora, quero que a gente foque então nos versículos 27 até 34. A oração do salmista é a seguinte: "Faze-me compreender o caminho dos teus preceitos, e meditarei nas tuas maravilhas." Quando ele diz "faze-me entender," ele está dizendo: "Não é só minha capacidade humana, racional, natural, mental. Eu preciso da sua ajuda." Verso 28: "A minha alma se consome de tristeza; fortalece-me segundo a tua palavra." Ele está tomando a decisão: "Eu não quero andar pelo que eu sinto; eu quero andar pela tua palavra." A minha força não deve depender do meu humor, que,
por sua vez, é baseado nas circunstâncias, sim, naquilo que o Senhor diz. Verso 29: "Afasta de mim o caminho da falsidade; favorece-me com a tua lei." Verso 30: "Escolhi o caminho da fidelidade e decidi seguir os teus juízos." Andar ou não na palavra de Deus é uma escolha; é uma decisão que cada um de nós precisa tomar. Verso 31: "Aos teus testemunhos me apego; não permita, Senhor, que eu seja envergonhado." "Percorrerei o caminho dos seus mandamentos quando me deres mais entendimento." Ele não está dizendo que não tem nada, mas está dizendo que, quanto mais eu
entro no lugar do entendimento, mais profundamente eu consigo andar na tua palavra. Verso 33: "Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos, e os seguirei até o fim." Verso 34: "Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei de todo o coração; a cumprirei." Essa oração nos mostra que o salmista entende que tem a parte humana: eu decido, eu escolho, eu vou andar na tua palavra, eu vou seguir até o fim. Mas, ao mesmo tempo, um clamor que a Tua palavra opera em mim, para que eu não esteja entregue a mim mesmo, à minha própria sorte, aos meus
recursos, às minhas limitações. Acredito que isso é uma chave para entendermos essa interação com a palavra de Deus, que é tão necessária; a frutificação da palavra em mim, na sua vida, depende do nível, do formato, da dimensão de interação que eu e você conseguimos estabelecer com ela. E eu creio que isso fica mais claro quando olhamos para os diferentes tipos de solo. O que eu quero fazer aqui agora, em segundo lugar, depois de destacar a parte humana e a divina no texto que lemos, Mateus capítulo 13, já logo no versículo 4, o Senhor Jesus fala
do primeiro tipo de solo. Então, quero lembrar que são quatro: o solo que Jesus chama de à beira do caminho. Qual é a ideia do à beira do caminho? É aquele carreiro por onde passava tanta gente, com tantas pessoas pisando; é o solo duro, aquele solo que vai ficando achatado. Aquele que já andou muito nesses caminhos de terra percebe que chega um momento em que não cresce mais mato; não existe muita possibilidade de nada frutificar ali, primeiro porque as sementes que são naturalmente espalhadas, no momento em que caem, se têm algum formato, ainda teriam a
capacidade de ser pisadas. Jesus está escolhendo algo que todo mundo vai entender, essa ideia da alegoria. Ele está usando uma ilustração e diz que esse solo à beira do caminho é o primeiro. Segundo, ele fala de um solo rochoso, ou, como disse antes, pedregoso; quer ser o lugar. Ele fala de um terreno cheio de espinhos, para em quarto lugar, falar do solo que é frutífero. E o que eu e você precisamos entender é que Jesus explica no verso 4 que ele apenas lança a ilustração: uma parte caiu à beira do caminho e as aves vêm
e comem. Por que as aves comeram? Porque a semente não entrou na terra, está para o lado de fora, exposta. E, porque estava exposta, virou comida de passarinho. Qual a explicação que Jesus traz a respeito disso? No verso 19, ele diz o seguinte: a todos os que ouvem a palavra do Reino e não a compreendem vem o maligno e arrebata o que foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho. A Bíblia não está dizendo que é só para esse tipo de solo que existe uma disputa espiritual; a disputa espiritual
existe para todo mundo. A questão é que esse tipo de solo é vulnerável ao ataque maligno. Muitas vezes, nós não paramos para pensar e criar uma consciência de que estamos o tempo todo em guerra com o mundo espiritual. Quando você lê o Velho Testamento, principalmente depois da saída de Israel do Egito, é guerra atrás de guerra. Quando chega ao Novo Testamento, o apóstolo Paulo escreve em Efésios 6:12 que nossa luta não é contra a carne e o sangue, porque ele está dizendo que, diferente deles, nós não temos essas batalhas naturais literais. Mas o que ele
está dizendo é que isso não significa que não estamos em guerra. Isso também não significa que essas guerras foram registradas sem propósito. Ele está dizendo que nossa guerra é outra; nossa luta é contra principados, potestades e contra as hostes espirituais da maldade. Agora ele começa a falar de uma dimensão de guerra com o reino das trevas. A palavra de Deus diz: "Resistir ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tiago 4:7). Não deis lugar ao diabo. O tempo todo nós temos alertas, em 1 Pedro 5, onde você vê o apóstolo dizendo: "O diabo anda ao nosso
redor, como um leão, buscando a quem possa tragar." Ele não pode tragar qualquer um; ele precisa de espaço, ele precisa de vulnerabilidade. Mas ele está sempre tentando. Então, não é um de quatro solos que está exposto a uma batalha espiritual. A batalha acontece com todo mundo; alguns se fazem vulneráveis a ela. Em Atos, no capítulo 5, nós vemos o apóstolo Pedro dizendo: "Ananias, por que encheu Satanás teu coração para que mentisse ao Espírito Santo?" Ele está dizendo: "O Espírito Santo começou um trabalho no seu coração, e em algum momento você deixou o diabo entrar e
abortar o que Deus estava fazendo e o roubou de todo o processo." A guerra existe para todos, mas ali a vulnerabilidade. Por que estou destacando essa questão da guerra espiritual? Jesus explicou que a figura usada das aves do céu é o maligno que vem e rouba a palavra. Eu, querido, toda vez que a palavra é pregada, ministrada ao seu coração, toda vez que você está lendo a Bíblia, o momento que virá depois é significativo, porque Satanás não quer que a palavra de Deus opere na sua vida. Ele sabe que Deus faz tudo por meio da
Sua palavra. Como Deus criou o universo? Pela Sua palavra. Como o universo hoje é sustentado? Pela Sua palavra. Porque muitas vezes nós pensamos na palavra apenas como aquilo que dá início, mas não como aquilo que dá continuidade. Em Hebreus, no capítulo 1, quando a Bíblia diz que Deus nos falou pelo Filho, no verso 2, a Bíblia diz assim: "A quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo." Jesus é chamado de Verbo. João 1 diz: "Tudo quanto foi feito, foi feito por intermédio dele; sem ele, nada do que foi feito
se fez." Mas a palavra não é apresentada apenas como aquilo que dá início; ela também é apresentada como aquilo que dá continuidade. O verso 3 diz: "O Filho, que é o resplendor da Glória de Deus, a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas pela Sua palavra poderosa." O universo não apenas foi criado pela palavra; o universo... É sustentado pela palavra, porque a mesma palavra que Deus usa para iniciar um processo é a palavra que Ele usa para dar continuidade, e nós precisamos entender a importância da continuidade. Eu quero usar isso para fazer um
link com os próximos tipos de solo, porque o primeiro não existe: nenhum nível de frutificação, a palavra não teve a menor chance, a semente não entrou na terra, não chegou a germinar, a criação da palavra foi zero. Mas entre essa parte em que nós temos zero resultado e a última, que nós temos um resultado poderoso, nós temos dois solos no meio. Aliás, vamos lembrar que o que foi roubado aqui não foi meramente a palavra; o que foi roubado foi o entendimento da palavra, porque aqui eles estão sendo roubados pelo diabo. Não é que eles caíram
na amnésia, não lembram o que alguém pregou; o que eles são roubados é a capacidade de entender, de perceber, de discernir, de dar resposta para esse lugar de zero operação da palavra. A definição de Jesus é: “esses são os que não entendem”, ou seja, não há entendimento, não há fruto. Mas quando Ele fala do solo frutífero lá na frente e diz: “são os que ouvem e entendem”, então, de novo, entender ou não entender determina a frutificação. O apelo de Jesus desde o início, ouça bem, Ele está dizendo: "Busque o entendimento". Mas entre esses dois extremos,
o que não entende nada e o que realmente compreendeu, nós temos outros dois tipos de solo. Nesses, nós temos um resultado inicial, mas nós não temos a conclusão do processo. Então, nesses dois exemplos que Jesus apresenta, a palavra teve um bom começo; o que faltou foi continuidade. Nós vimos na criação que o Deus que começa a agir pela sua palavra continua. Ele não desiste no meio do caminho. Então, o que nós estamos entendendo em relação a esses solos é que se não houve continuidade é porque o processo foi abortado; faltou cooperação com Deus. Então, quando
a Bíblia fala do solo pedregoso ali de Mateus, capítulo 13, nós vemos que Jesus fala a respeito disso nos versos 5 e 6 e diz: “outra parte caiu no solo rochoso, onde a terra era pouca; logo nasceu, e, como não se aprofundava a terra, saindo, porém, o sol, a queimou, e, porque não tinha raiz, secou-se.” Na hora da explicação, nos versos 20 e 21, Jesus disse: “o que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria”. Tem receptividade, tem um pró-início, não para o processo, mas ele
não tem raiz em si mesmo e é de pouca duração; isso é o crente que a gente diz que tem prazo de validade, sendo de pouca duração. Quando chega angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. Então, vamos lá: o que é um solo pedregoso? A camada de terra era muito pequena, logo embaixo já tinha pedra, então a raiz não consegue ter profundidade. E, porque ela não se aprofunda, na verdade, se estende, cresce na superfície. Então, nós vamos chamar de superficial. E, porque está na superfície, quando sai o sol, ela se seca.
Além dela não estar trazendo nutriente, ela não tem a capacidade de durar e simplesmente o processo que começou bem não pode ser concluído; é abortado. E precisamos entender que se existe algo que determina a continuidade, o resultado da operação da palavra de Deus em nós se chama profundidade. Qualquer um de nós que tentar viver o evangelho, a interação com a palavra em nível superficial não vai sobreviver. E nós precisamos ter, não só entendimento, mas a determinação de dizer: "Eu me recuso a ser superficial". Eu fico impressionado com o crente que nunca lê a Bíblia; alguns
só fazem isso no culto, e olha lá. Hoje em dia, a maioria já não traz nem para o culto; antigamente a gente percebia quem estava com Bíblia e quem estava sem. Hoje, com o advento do celular, do iPad, você nunca sabe. Você fica imaginando: a pessoa vai postar, vai fazer alguma anotação ali, mas o nosso envolvimento é cada vez menor. Eu fico imaginando, me questionando, me perguntando como um crente que nunca lê a Bíblia, que não para, que não dá atenção, que é superficial, acredita que vai sobreviver. Alguns estão sobrevivendo só porque a perseguição da
palavra não veio no contexto que nós vivemos ou porque ainda não viveram grandes adversidades. Mas quando a angústia chega, é a hora que a gente descobre quem está vinculado com a palavra, quem tem profundidade na palavra, quem não. Quem tem profundidade sobrevive; quem não, se perde no processo. Você olha para uma declaração de um profeta, Habacuque, no cântico de Habacuque, Habacuque 3, de 17 a 19, e diz: “ainda que a figueira não floresça, ainda que não haja fruto na vide, que o produto da oliveira minta, que os campos não produzam mantimento, que o rebanho seja
exterminado da malhada e que nos currais não haja nada”. Numa época onde tudo, economicamente falando, depende do que? Da agropecuária, o cara tá dizendo: "pode tudo para o Beleléu". A resposta dele, verso 18: "todavia alegrarei no Senhor; eu sou par é no Deus da minha salvação". Como? Como que alguém que está vivendo esse tipo de circunstância consegue ter essa alegria? Ele responde no verso 19: "porque o Senhor faz os meus pés como os da corça; Ele me faz andar nos meus lugares altos." Aí você fica pensando: o que é isso? Essa situação das escrituras está
lá no Salmo 18, em Segundo Samuel 22. É repetido nesses dois lugares um Salmo de Davi, que já era parte das escrituras na sua época. Esse cara tá dizendo: "eu não sou guiado pelas circunstâncias; eu sou guiado pela palavra de Deus. Meu relacionamento não é superficial, vivendo daquilo que acontece do lado de fora. Eu tenho raiz profunda; minhas forças vêm de algo que as pessoas não veem." O relacionamento com a palavra agora. Se eu e você não desenvolvemos isso, nós vamos falhar no processo. Quem está entendendo, não adianta apenas começar bem. Tudo que Deus faz
na minha e na sua vida começa pela palavra. Tiago, no capítulo 1, diz no verso 18: "Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas." Como que Deus nos gerou pela sua palavra? O Novo Nascimento, a Regeneração, começa pela palavra. Mas Tiago continua e eu vou lendo: 19 a 22 e 16. Sabe, essas coisas, meus amados irmãos, cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado, porque a ira humana não produz a justiça de Deus. Verso 21: "Portanto,
deixando toda impureza e acúmulo de maldade, acolham com mansidão a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los." O processo da salvação já começou, sim. A Regeneração foi pela palavra. Agora está dizendo: essa palavra que foi implantada dentro de você, a semente incorruptível que te regenerou, acolha-a, abrace-a, porque se você não se relacionar com ela da forma de vida, você vai comprometer a continuidade do processo. Como que a gente faz isso? Verso 22: "Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos." E diz: uma pessoa que não está ouvindo bem,
porque o ouvinte está ouvindo alguma coisa. Ele está ouvindo, mas se não trouxe para a prática, está dizendo que o que ele ouviu não é importante, não é significativo a ponto de mudar sua vida. Quem não tem esse nível de envolvimento com as escrituras vai botar o processo que foi... Jesus fala do solo rochoso. Depois do rochoso, ele fala do terreno cheio de espinhos. Perdão, interessante que aqui em Mateus, no capítulo 13, quando Jesus apresenta a ideia e o conceito dos espinhos, ele diz: "Uma prática entre os espinhos, os espinhos cresceram e a sufocaram." Ou
seja, os espinhos não pareciam tão ameaçadores no início. Mas o problema com o perdão da palavra e dessa desgraça dos espinhos é que, se você não arranca, ele cresce. Não existe... e quando cresceram, sufocaram a palavra. O que é que tem esse poder de concorrência, de abortar a palavra de Deus que vinha operando e frutificando? Jesus explica isso no verso 22: "O que foi semeado entre os espinhos é o que houve a palavra; porém as preocupações deste mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra e ela fica infrutífera." Concorrência. Enquanto você tem um Habacuque
dizendo: "As circunstâncias não vão me desmerecer", porque eu desenvolvi profundidade, você percebe que quem não tem a profundidade ou ele pode sucumbir diante dessa pressão das circunstâncias ou ele pode simplesmente o convite da valorização do que é externo, aquilo que é superficial. A primeira coisa, que os espinhos são apresentados, são preocupações com sobrevivência. Com tudo, ela está muito mais relacionada à falta de recursos. E tem gente que se comprometendo espiritualmente porque dá demasiada atenção à falta. Mas a Bíblia diz que a fascinação das riquezas... alguns estão se deixando levar pela fascinação do que queriam ter
ou se deixam levar pela fascinação do que alcançar. Os que alcançaram já não têm mais as preocupações de antes, mas ambos estão sendo atraídos por uma demasiada valorização do que é externo. Portanto, não valorizar a palavra de Deus. Sempre que a palavra de Deus tiver concorrência e não estiver no lugar de importância, nós vamos ter problemas. E, de novo, um processo que foi iniciado é abortado. Mas no verso 23, Jesus explica: "Mas o que foi semeado em boa terra é o que houve a palavra e a compreendeu." Diga comigo: "ouve a palavra e a compreende."
O texto diz que esse frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um. São níveis distintos de frutificação, como acontece com muitos solos. Mas onde existe frustração é porque houve compreensão. Quando existe zero operação da palavra, nenhum nível de entendimento. Quando existe o início e conclusão do processo, uma receptividade de entendimento inicial, mas o processo é sabotado. Agora, onde existe compreensão no começo e na continuidade, fruto garantido. Agora, a pergunta é: quem determina a compreensão? E nós vamos voltar para o primeiro tópico: da parte humana e da parte divina. Eu comecei a
prestar atenção nessa parábola quando ainda era adolescente e eu achava, honestamente, quando eu lia, que um já nasceu para ser o solo à beira do caminho, o outro já nasceu solo pedregoso ou rochoso, e o outro nasceu o terreno cheio de espinhos. Eu imaginava essa divisão exata: 25% a cada um. Não sei por que eu imaginava um quarto da população nasceu privilegiada para compreender a palavra. Então achava que o tipo de solo que nós somos é que determina se haverá ou não a compreensão da palavra. Mas se isso fosse verdade, o homem teria zero responsabilidade
no processo. A gente simplesmente teria resultados fatalísticos determinados de forma arbitrária por Deus. E, no fim das contas, eu não entendi porque ele me fez para ser o solo à beira do caminho. Ele não pode nem se queixar do meu comportamento, foi escolha dele. Agora, se de alguma forma Ele está dizendo: "Presta atenção como você ouve", o que precisamos entender é o seguinte: não é o tipo de solo que supostamente somos que determina como ouvimos, é a maneira como decidimos ouvir que determina que tipo de solo seremos. Isso coloca em mim e em você uma
responsabilidade. Se queremos ser o solo ideal que frutifica, nós precisamos da compreensão da palavra e precisamos de um nível de envolvimento com ela fora do comum. Porque, infelizmente, o comum e o padrão hoje não são base para ninguém. Outro dia, um irmão falou para mim: "Pastor, eu garanto que eu estou pelo menos na média. Eu não estou abaixo." Então você é medíocre. Você está... Na média, e você, precisamos mais. Se você entende a importância de Deus, nós temos que desejá-lo. E não é porque todo mundo à sua volta não deseja que você tenha que não
desejar. Nós precisamos compreender que, no reino espiritual, você só acessa aquilo que você valoriza. No início do ano passado, eu comecei a pregar uma mensagem e repetir ela várias vezes, focando jejum, com a pergunta: "Fome de quê?". Em algum momento, me disseram sobre isso. Eu comecei a falar que a fome é uma espécie de moeda de acesso ao reino de Deus, mas eu mudei essa linguagem porque, na hora que a Bíblia usa "fome", tem hora que a Bíblia usa a expressão "sede", mas em outros momentos ela não vai falar nem de fome nem de sede.
O que tem em comum em tudo é o interesse. O interesse é o que te dá acesso às coisas espirituais. Por isso que Jesus disse: "Não dei aos pães o que é santo e não lance em pérolas aos porcos". Ele está falando de um contexto de anunciar o evangelho. O evangelho tem que ser pregado para todo mundo, mas ele está dizendo que só se acessa aquilo que você valoriza. Um dia, alguém me perguntou: "Pastor, como é que Jacó conseguiu fazer valer lá no reino dos céus uma transação com o irmão por um prato de comida
e ganhou o direito de primogenitura, que era uma bênção espiritual?" Eu falei: "A Bíblia não diz que Jacó comprou o direito de primogenitura diante de Deus; ele comprou do irmão". Ah, mas passou para ele. Falei: "Não! Pelo ato de compra de Jacó! Quando você vai ler a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, que dá a leitura desse episódio, você vem a Hebreus 12, que a Bíblia diz que Esaú desprezou o seu direito. Não foi Jacó que autenticou a compra diante de Deus; foi Esaú que autenticou o câmbio, lamento, quando ele não deu valor àquilo. Nós precisamos
entender que a valorização é o ponto. Jacó, tadinho, de forma errada, equivocada, mas ele tem algo que o irmão não tem: ele está olhando para o irmão jogando aquilo fora. Ele está dizendo: "Eu quero isso; eu valorizo isso". Quem está entendendo? Jesus dá um exemplo: a Mulher Cananeia que pede ajuda, intervenção e cura. Jesus tem enfatizado várias vezes: "Eu fui enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel". Ele fala para os seus discípulos: "Vão e preguem o evangelho, mas ainda não aos gentios". O plano de Deus se abriria, desdobraria aos gentios depois, mas por conta
de uma aliança com Abraão, tinha que se apresentar a descendência, a viagem natural de Abraão. Essa mulher, que chega, uma Ciro-Fenícia, é uma Cananéia; ou seja, na verdade, ela não é da linhagem de Abraão. Jesus olha para ela e diz: "Não é lícito tirar o pão dos filhos e entregar aos cachorrinhos". Se assusta, usando uma analogia, dizendo que, nesse momento, os filhos da casa têm direito, e você não faz parte deles. A mulher olha e diz assim: "Ó, nossos cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa". O que ela está dizendo? "Honestamente, o senhor vai
conviver comigo, que os filhos não estão aproveitando tudo? Deixa eu pegar rebarbas, deixa eu pegar o que eles estão desperdiçando. Eu não quero usurpar o direito deles, mas eles não estão aproveitando o que o senhor está oferecendo". Jesus olha e diz: "Mulher, grande a tua fé". A Bíblia diz que, na mesma hora, a filha foi curada, foi liberta. Agora pensa comigo: se comendo dez migalhas que os filhos não estão aproveitando já tem cura e libertação para nós, o que é que não está nem à sua disposição? Quando nós entendemos o que é ser filho, não
sentamos à mesa, entendemos o que é que Deus tem, mas nós não vamos viver nada extraordinário sem entendimento. E o entendimento não é acessado se ele não for valorizado. Eu falei de responsabilidade humana; precisamos entender que ela começa com valorizar, com desejar, e se estende em formas práticas: a buscar o entendimento e a compreensão da palavra. Tem um monte de crente que acha que o entendimento vai vir por download gratuito, de preferência, enquanto ele dorme, na lei do mínimo esforço. Não, gente! Eu fico surpreso com a vagabundagem espiritual de alguns. Uns anos atrás, uma pessoa
me abordou, e ela não foi a única, mas esse foi o primeiro fato que me fez agir dessa forma. No final de um tempo de ministração, essa pessoa simplesmente me disse: "Pastor, o senhor pode orar comigo, impor as mãos sobre mim?". Falei: "Eu posso, mas eu queria saber por quê, porque eu não gosto de orar sem saber pelo quê". A pessoa disse: "Não, eu queria que o senhor me transferisse o dom de conhecimento". Primeiro, conhecimento não é dom, é resultado, porque a Bíblia fala de "palavra de conhecimento". A revelação não está falando de conhecimento; é
palavra de conhecimento. Eu falei: "Não é dom". Eu falei: "Mesmo se fosse e estivesse no meu poder transferir, eu não lhe dava". Ela olhou para mim e falou: "Por que você é folgada?". Ela ficou chocada. Eu falei: "Chocada tinha que ficar! Desde a minha adolescência eu enfiei a cara nas escrituras. Eu decidi valorizar isso". Falei: "Eu trabalhava, estudava, durante a semana lia a Bíblia assim, dentro do ônibus, no banheiro. Não recomendo isso a ninguém! Uma confissão de um erro na aula, quando achava chato: um dia, na chamada, vim responder 'presente!' e respondi 'aleluia!'. Mas quando
chegava o sábado, que era o dia livre da maioria, os amigos iam para o clube, clube Municipal, nada chique, né? Mas iam para piscina. Eu ficava em casa, lendo, estudando na Bíblia. À tarde, quando iam jogar futebol, eu estava lá, lendo a Bíblia. À noite, os crentes iam para o culto, jovens na igreja; os outros não estavam..." Crente, ia para o shopping, para o cinema, e eu, se não estivesse na igreja, estaria estudando a Bíblia. Eu falei para ela: "Eu passei uma vida renunciando um monte de coisa para isso; tu vem e ia levar de
graça, de uma hora para outra?" Na boa, falei: "É ruim. Nós estamos a entender que isso contraria as Escrituras." Provérbios 18:15 diz: "O coração do sábio adquire o conhecimento, o ouvido dos sábios procura saber entendimento." Saber, o entendimento não corre atrás de você; você é que tem que correr atrás dele. Quem tá entendendo isso? Provérbios: "O princípio da sabedoria é: adquira a sabedoria; assim, com tudo que você possui, adquira o entendimento." Ou seja, abra mão de qualquer outra coisa que você tem para adquirir entendimento, porque ele é mais valioso do que tudo. Agora, eu vejo
pessoas que não dão valor nenhum. Não me diga que um crente que nunca lê a Bíblia ama a palavra de Deus. Ele pode se enganar; ele pode acreditar que ama, mas ele não ama. A pessoa não dá para ler o tempo todo? É verdade, mas mesmo no momento em que você não está lendo, se você tem uma cultura de valorização, você tá pensando, você tá refletindo. Eu fico impressionado com gente que nunca fala da Bíblia; ele nunca deu um versículo para compartilhar, nunca tem algo que Deus falou no coração dele, nada, zero em qualquer conversa.
E tem outros, por sua vez, que não falam de outra coisa; eles sempre estão compartilhando algo mais. Sabe que é interessante? Quando você começa a dar valor à palavra de Deus, vai operar até em momentos em que você não conseguiu dar aquela pausa completa. Eu acho interessante que muitas vezes aquilo que começo a acordar, meditar, refletindo na Escritura, continua quando estou dormindo. A Bíblia diz para meditar na palavra de dia e de noite. Eu já falei para Deus muitas vezes: "Eu não tenho controle da noite, depois que eu durmo." Mas o que eu descobri é
que ela ocupa sua mente, seus pensamentos durante o dia; o processo vai continuar de noite. E acredite, você ou não, muitas vezes aquilo que eu só questionei, pensei, orei durante o dia, me é explicado durante a noite. Ontem, no avião, voltando de viagem, estava meditando essas coisas que ia falar com vocês e fui vencido pelo sono, mas enquanto eu dormia, Deus começou a falar comigo e me explicar algumas coisas muito interessantes. Sabe, nós podemos viver resultados maiores, mas tem que ter valorização; é o ponto de partida. Agora, o que precisamos entender é que a compreensão
produz frutificação; a falta dela nos sabota, nos rouba. E Deus já falava isso desde a velha aliança. Oséias 4:6 diz: "Meu povo está sendo destruído, pois lhe falta o conhecimento." O conhecimento de quê? Que Deus está falando. É só você ler a continuidade: "Pelo fato de vocês, sacerdotes, rejeitarem o conhecimento, também eu os rejeitarei para que não sejam mais sacerdotes diante de mim. Visto que se esqueceram da lei do seu Deus, também eu me esquecerei dos seus filhos." Deus tá dizendo: "Vocês não valorizam a minha palavra, não vou valorizar vocês. Vocês esqueceram da minha lei,
eu vou esquecer de vocês." Dar continuidade. Agora, a pergunta é: se Deus está agindo nessa mutualidade e reciprocidade, o que acontece quando eu e você valorizamos a palavra? O que acontece quando eu e você não nos esquecemos dela? O resultado é seguro para prosperar. Eu disse para Josué: "Não se aparte da tua boca o livro dessa lei; antes, medita nele de dia e de noite, para que você cuide de fazer segundo tudo quanto nele está escrito. Fazendo assim, você vai prosperar em todas as coisas." O que Deus te espera é que você leve a sua
palavra a sério e viva por ela. Você percebeu, lendo a Bíblia, que lá no Éden, uma das árvores, aliás, a única que Deus vedou acesso, é chamada árvore do conhecimento do bem e do mal? Porque a gente pensa que Deus proibiu o resultado que trouxe; todo mundo só pensa que era a árvore do conhecimento do mal, mas a árvore não era conhecimento só do mal, que é negativo; ela também dava conhecimento do bem. Aí vem a pergunta: Deus não queria que o homem conhecesse o mal? A gente entende, mas Deus não queria que o homem
conhecesse o bem? Qual o motivo dele vedar o acesso ao conhecimento do bem? A verdade é que o homem não precisava conhecer o bem ou o mal. Deus está dizendo: "Eu estou te dizendo que você deve fazer; eu quero para você o bem e não o mal." Tudo que você precisa é ouvir a minha palavra. E o problema é que nós queremos ser autônomos, independentes: "Se eu souber distinguir, eu mesmo decido e não preciso ficar ouvindo o que Ele tem a dizer." Deus está dizendo, desde o início, que a receita mais garantida para o seu
sucesso é levar a minha palavra a sério, confiar no que eu estou dizendo a você. Quem tá entendendo? Quando essas verdades vão fazendo sentido para mim e para você, entendemos que buscar entendimento é nossa responsabilidade. Isso começa com a valorização, com a disposição, obviamente, de ler e estudar a palavra de Deus. Sabe, você nunca vai ver a gente aqui na mensagem que diga que entretenimento é errado. A gente fala sério: crentes que gastam horas e horas e horas e horas e horas de entretenimento, mas depois dizem que não têm tempo de ler a Bíblia. O
seu problema é o que? É que você dá valor. Jesus diz: "Onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração." Se você entende o que a palavra é e valoriza, você arruma tempo para ela. Você faz sacrifícios pelo resto. O princípio da sabedoria é: adquira a sabedoria; tudo o que você puder, use para isso, inclusive uma boa gestão. Do seu tempo, mas a maneira pela qual muitas vezes nós não gerenciamos é porque não damos o devido valor. Porque onde damos valor, o coração acompanha; isso não vira apenas o trilho no qual nós nos
movemos, a meta que vamos alcançar, mas a nossa empolgação de vida. E se valorizarmos e buscarmos, nós precisamos entender que não só vamos fazer isso lendo, meditando na Palavra, ouvindo mensagens, estudos, né, se expondo ao ensino bíblico. Hoje temos tantas formas; temos uma estrutura de escola bíblica que provê recursos, né, que estão aos montes à nossa disposição. Se a gente valorizar e decidir trilhar esse caminho, ainda assim precisamos entender que sozinhos nós não vamos muito longe. Uma das orações registradas na Bíblia que eu mais repeti na minha adolescência é o Salmo 119. De novo, o
Salmo 119, verso 18: "Desvenda os meus olhos para que eu contemple as maravilhas da tua lei." Desvenda os meus olhos para que eu contemple as maravilhas da sua lei. Então, se Deus não faz tudo sozinho e eu tenho a minha parte, minha parte envolve dizer: "Eu também não posso ficar sozinho, eu preciso da ajuda dele." Abre os meus olhos, traga a revelação! Quando olho para as escrituras, vejo várias orações que Paulo fazia em prol dos outros. Nós devemos orar por nós e pelos outros. Em Efésios, capítulo 1, de 17 a 19, Paulo diz: "Peço ao
Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, pai da Glória, que conceda a vocês espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Peço que ele ilumine os olhos do coração de vocês para que saibam qual a esperança da vocação de vocês, qual é a riqueza da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder." Conhecimento produz um nível de resultado; conhecimento revelado, nem se vale a conversa. É outra! A escritura diz: "O choro pode durar uma noite, mas
a alegria vem pela manhã." O choro é a nave de quem teme a Deus. A tristeza, a dor, deveria ter prazo de validade. Mas a pergunta é: aquela declaração é literal? Eu não creio, porque se fosse, todos os nossos problemas se resolveriam automaticamente; no máximo, 24 horas amanheceu, zerou; todo mundo acordava contente, de bom humor, o que não acontece com muitos crentes. O que significa que a alegria vem pela manhã, se isso não é literal? Porque a Bíblia fala que o choro de alguns durou muitos dias. Qual é o significado, qual é o simbolismo, a
alegoria? A Bíblia está dizendo que o choro prevalece durante a noite. O que é que prevalece na hora da noite? Trevas, escuridão. O que é que muda com o amanhecer? A chegada da luz. O que tem o poder de mudar emoções é quando estamos alinhados com a Palavra, e a revelação da Palavra entra. Quando a luz, o entendimento espiritual, revelação entra, é uma revolução em toda a prática do nosso ser, e nós precisamos desse nível de entendimento. Filipenses 1:9, Paulo disse também: "Façam essa oração: que o amor de vocês aumente mais e mais em todo
conhecimento e percepção." Outras ações dizem discernimento; percepção espiritual associada ao conhecimento. Colossenses, capítulo 1, versos 9 e 10: "Por essa razão, também nós, desde o dia que soubemos disso, não deixamos de orar por vocês e de pedir que transbordem do pleno conhecimento da vontade de Deus em toda sabedoria e entendimento espiritual. Dessa maneira, vocês poderão viver de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus." Paulo sabia que o povo precisava mais do que o ensino da Palavra, mais do que o conhecimento racional e
intelectual da Palavra; eles precisavam de entendimento espiritual, de conhecimento que vem do céu, de sabedoria divina, porque isso é revolucionário. Agora, como se alcança conhecimento? Você pode adquirir ouvindo o ensino bíblico, lendo a Palavra, mas percepção espiritual requer que, junto com o nosso relacionamento com a Palavra, exista um ingrediente inegociável na vida cristã chamado oração. Não deveria ser, para mim e para você, apenas a forma onde eu peço para Deus algum problema que eu tenho e Deus responde. Ela envolve isso, mas não se limita a isso. Por meio do profeta Jeremias, Deus diz assim: "Invoca-me
que te responderei." Mas ele não parou. Aí ele também disse: "Anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que tu não sabes." Então, além de pedir e Deus responder, além de invocar e Ele atender, Ele está dizendo: "Eu quero anunciar coisas que você não sabe, coisas que você nunca entendeu." Porque oração pode nos introduzir no ambiente de revelação. Quem está entendendo? Também precisamos valorizar a Palavra, buscar o entendimento. Isso não significa sermos exímios conhecedores de aspectos técnicos da teologia, mas ter algo prático que faz com que eu e você possamos viver para o seu inteiro agrado, viver de
modo digno do Senhor, que honra ao Senhor e que produz frutos em toda boa obra, sem parar de crescer no conhecimento de Deus. Tem a parte divina, mas tem a parte humana. Quem tem ouvidos para ouvir? Recapitulando os tipos de solo: temos à beira do caminho, solo pedregoso, terreno cheio de espinhos e o frutífero. O que determina que tipo de solo seremos é a maneira como vimos a Palavra; isso determina os resultados. E se queremos ser o solo frutífero, escolhemos isso para viver a frutificação, que depende do entendimento. Nós estamos buscando; isso começa com a
valorização, leitura e meditação na Palavra, todo estudo bíblico que você puder. Mas precisamos de um ingrediente que é espiritual, uma intervenção divina. É quando Deus vai vivificando a Palavra. Eu amo as experiências de coisas que eu sabia. Inteira. Mas, de repente, aquilo resplandece de tal forma e muda completamente a sua vida, como se nós passássemos por esse outro nível. Oração. E nós não deveríamos orar apenas por questões naturais. Muitas vezes, eu tiro tempo para orar e, às vezes, eu estou, principalmente quando vou orar em línguas. A Bíblia diz que quem fala em línguas fala em
mistérios. Eu acredito que muitas vezes Deus nos leva a um lugar onde começamos a falar no nosso espírito. A Bíblia diz que, em espírito, você ora, mas sem fruto, e você começa a orar a respeito dessas verdades. Eu tenho essa experiência: quando eu gasto tempo orando em línguas, de repente parece que alguma coisa sai do andar de cima, do plano espiritual, e entra na nossa mente; e, de repente, o entendimento se abre, expande. Mas, às vezes, eu estou orando especificamente por entendimento, não apenas uma oração que eu não sei o que é. Mas quase sempre
esse último estágio, que você entra no lugar de revelação, é acionado por esse tempo de oração. Eu tenho entendido a importância ultimamente; nunca percebi isso antes, que o jejum tem um papel nesse processo. Mas isso não é assunto para hoje, é para outra hora. Mas a oração é a nossa chave. Pai, nós Te pedimos que aquilo que ouvimos possa ter mais do que um efeito imediato aqui e agora. Sabemos que precisamos desse início, mas eu oro que o Senhor nos ajude, nesse momento, a avaliar a maneira como temos lidado com a Tua Palavra, com as
Escrituras. E queremos fazer não apenas a autoavaliação, que é bíblica, mas nós clamamos também por aquela avaliação do alto, que é bem mais segura e completa. E oramos, como o salmista: sonda-nos, ó Deus, conhece o nosso coração. Tua Palavra diz que quem é ouvinte, mas não praticante, está se enganando. Muitas vezes, ao nos enganar, não percebemos isso na autoavaliação, mas na avaliação do alto, isso muitas vezes é exposto. E nós oramos que o Teu Espírito exponha onde estamos. Queremos que o Senhor nos mostre o nível de valor que estamos dando à Palavra, ou que nem
temos dado, e o contraste com onde deveríamos estar. Não para que ninguém saia desse lugar debaixo de culpa, condenação ou tristeza, mas para que haja uma decisão de mudança. [Música] Esperta no Senhor. E oramos que, quando saímos desse lugar, as aves do céu não roubem a semente que está sendo plantada. Oramos que ela seja acolhida com uma cidadania. Oramos que haja disposição, ó Deus, de reflexão, de análise, de avaliação, de meditação pós-culto, que permita que aquilo que o Senhor começou não apenas continue, mas cresça e se desenvolva. Nós clamamos graça e favor do alto sobre
cada um nesse lugar, sobre cada um daqueles que nos acompanham por meio dessa transmissão. Em nome de Jesus, só para ter o fôlego de vida. [Música] Sobre o coração de cada um de nós e que a Tua Palavra cumpra o propósito pelo qual tem sido liberada. Nós oramos em nome de Jesus. Se você crê, com código também. [Aplausos]
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