milionário despeja idosa pelo aluguel atrasado mas o que ele encontrou depois mudou tudo a sala de reuniões era fria moderna com janelas de vidro que deixavam entrar a luz intensa do sol da manhã lá dentro sentados em cadeiras de couro preto estavam Leandro Cardoso e seu pai Carlos Cardoso os donos de um império imobiliário que se expandia por São Paulo o ambiente exalava formalidade e o peso das decisões que tomavam ali refletia no semblante de ambos a conversa no entanto estava longe de ser amistosa não dá para ter pena de quem não paga o aluguel
Leandro disse Carlos a voz grave e cortante se não conseguem Honrar com o compromisso não deviam nem ter alugado essa história de não tem dinheiro estou doente ou a crise me pegou não cola comigo você precisa ser mais firme os negócios não são sobre sentimentos são sobre números Leandro apertou a caneta na mão sabia que o pai estava certo ao menos dentro da lógica brutal do mercado imobiliário mas algo no tom implacável O incomodava pai eu entendo o que você está dizendo mas algumas dessas pessoas ele começou hesitante tentando encontrar palavras que não sassem fracas
algumas dessas pessoas o que Leandro Carlos interrompeu o rosto se contraindo em desdém são pobres pobres porque querem gente que se acostuma com a miséria e faz disso um estilo de vida ninguém a aqui tá jogando dinheiro fora se elas não pagam despejo simples assim Leandro desviou o olhar para os papéis a sua frente nomes números mais um lote de Inquilinos inadimplentes aguardando despejo era um processo automático para ele mas ao ver o nome Catarina na lista algo no fundo de sua memória se agitou trazendo um sentimento que ele não conseguia identificar enquanto isso algumas
quadras dali em um apartamento pequeno e Modesto Dona Catarina tentava com grande esforço se levantar do sofá seu corpo estava frágil os ossos enfraquecidos pela osteoporose e cada movimento parecia uma luta contra a dor ela estendeu o braço em direção à mesa de centro onde uma cartela de remédios repousava Mas a distância parecia interminável a dor intensa em seus quadris e joelhos a impedia de se mover com agilidade seu rosto enrugado marcado pel tempo e pelas batalhas silenciosas que enfrentara refletia o sofrimento de uma vida de trabalho pesado e pouquíssimo reconhecimento Ah meu Deus ela
murmurou entre dentes tentando conter as lágrimas eu não aguento mais essa dor o corpo cansado se recusava a obedecer ela tentou se inclinar novamente mas uma pontada aguda em suas costas a fez gemer o remédio parecia estar a quilômetros de distância não pode ser assim não posso continuar desse jeito ela sussurrou a voz quebrada pelo desespero eu trabalhei tanto cuidei daquele menino como se fosse meu e agora quem cuida de mim os pensamentos de Dona Catarina voltaram ao passado lembrava-se de Maria a mãe de Leandro uma mulher Generosa que sempre a tratou com carinho até
seu falecimento precoce Catarina havia dedicado anos de sua vida àquela família dando de Leandro desde que ele era um bebê enquanto Maria enfrentava seus próprios problemas de saúde mesmo após ser demitida por Carlos Cardoso ela havia continuado morando em uma das casas da família pagando um aluguel simbólico como um último gesto de consideração da falecida Maria agora porém as coisas haviam mudado a dificuldade financeira a Pegou de surpresa e com dois meses de aluguel atrasado ela sabia o que estava por vir naquele momento a campainha tocou interrompendo seus pensamentos Dolorosos com um esforço monumental ela
se levantou devagar sentindo o peso de cada passo que dava até a porta ao abri-la viu um oficial de justiça com um envelope em mãos Dona Catarina Alves perguntou o homem formalmente Sim Sou Eu Senhor Ela respondeu sua voz baixa e resignada sinto muito mas recebi ordens de despejo a senhora tem uma semana para deixar o imó ó ela pegou o envelope com mãos trêmulas tentando processar o que acabara de ouvir sabia que estava em dívida sabia que o despejo era inevitável mas ouvir aquilo em voz alta fez seu coração apertar de uma forma Quase
insuportável uma semana a voz de Dona Catarina saiu trêmula e para onde eu vou moço não tenho mais ninguém e mal consigo andar por causa da osteoporose ela murmurou quase como se falasse consigo mesma o oficial de justiça não soube o que dizer fez uma leve inclinação com a cabeça e se retirou Catarina Ficou ali parada na porta segurando o envelope com a ordem de despejo a carta parecia pesar uma tonelada em suas mãos frágeis com passos lentos Voltou ao sofá e finalmente conseguiu pegar os remédios tomou dois comprimidos com a esperança de que pelo
menos a dor física passasse a dor emocional no entanto parecia muito mais difícil de curar se a senhora ficou doente e Perdeu o emprego isso é problema seu não meu a senhora deveria ter vergonha de ligar para mim com essas histórias Catarina sentiu o peito arder com as palavras cruéis era como se toda a sua dignidade estivesse sendo destruída ali em cada frase ela respirou fundo tentando segurar o choro mas as lágrimas escorriam sem controle Seu Carlos O senhor tem muitos Imóveis Eu sei disso e eu entendo que o Senhor tem suas responsabilidades mas eu
eu realmente não posso mais pagar não agora estou fazendo o que posso por favor me dê mais tempo eu estou nas filas do SUS Eu só preciso fazer o tratamento ela soluçava entre as palavras a voz abafada pela dor e pela humilhação mas Carlos insensível às súplicas permaneceu Firme em sua posição Catarina eu já perdi muito tempo com essa conversa não tem mais o que discutir eu não estou aqui para resolver os problemas dosus Inquilinos e muito menos para dar moradia para quem não paga a senhora tem uma semana para deixar o apartamento e se
for esperta vai parar de me ligar já fiz mais por você do que deveria a linha ficou em silêncio por alguns segundos enquanto Catarina tentava absorver as palavras cruéis que acabara de ouvir sentindo o corpo frágil tremer Ela fechou os olhos deixando que as lágrimas corressem Livres por favor seu Carlos eu estou pedo como uma Muler que trabal a vida toda que cuidou de sua famíli Me perdoe por estar nessa situação disse a voz agora um fio frac quas inaudível eu não sei mais o que fazer e nem eu Catarina Aica que sei é que
você tem dias depois disso for Carlos respu encerrando conversa de for brusca o som do telefone sendo desligado ecoou nos ouvidos de Dona Catarina Como Um Golpe Final Ficou ali com o aparelho ainda na mão sem forças para colocá-lo de volta no gancho os soluços tomaram conta de seu corpo frágil e ela se deitou lentamente no sofá abraçando as próprias pernas em um gesto de proteção contra a dor que sentia sozinha sem ter para onde ir Catarina se sentia impotente humilhada uma sombra da mulher que um dia fora agora ela teria que enfrentar o despejo
as dores físicas e a Dura realidade de estar sozinho no mundo e mesmo com tudo o que fizera parecia que ninguém mais se importava o vento gelado da noite atravessava as frestas da janela mal fechada do pequeno apartamento o som suave de folhas secas sendo arrastadas pela rua invadia o ambiente enquanto o eco distante de carros passava ao longe Dona Catarina estava deitada no sofá seus ossos doloridos a cada movimento mas naquele momento a dor física parecia pequena diante do fardo emocional que carregava seus olhos cansados observavam o teto que com o tempo começava a
mostrar rachaduras ela esticou a mão trêmula em direção à mesa de centro sentindo a dor irradiar pelas articulações enfraquecidas pela osteoporose seus dedos tocaram a velha bolsinha de moedas que repousava ali como uma pequena lembrança de tempos mais fáceis o som metálico das poucas moedas chacoalhando dentro da bolsa ecoou no silêncio da sala misturando-se com o barulho da janela rangendo levemente ela abriu a bolsinha com dificuldade e as moedas tilintaram levemente quando deslizaram entre seus dedos as notas poucas e amassadas estavam guardadas com cuidado no fundo Dona Catarina as retirou uma a uma os olhos
vasculhando o conteúdo com esperança de que de alguma forma tivesse o suficiente mas ao contar percebeu que não chegava nem perto do valor necessário para comprar os remédios que precisava não é possível murmurou para si mesma a voz rouca de desespero e agora o que eu faço seus olhos se encheram de Lágrimas mas ela as conteve choraria depois quando a dor não fosse tão avassaladora ela sabia que precisava agir então com esforço pegou uma pequena folha de papel e uma caneta velha escreveu um simples bilhete as letras tremidas denunciando sua fraqueza por favor me ajudem
com R 2 para completar o valor do meu remédio Deus abençoe ela olhou para o bilhete Sentindo um aperto no peito era humilhante mas a dor e a necessidade eram maiores com passos lentos se arrastou até à porta do apartamento seu corpo frágil e cada vez mais pesado a cada movimento ao abrir a porta o corredor estava vazio exceto pelo som de um casal que descia às escadas conversando em voz baixa Miguel chamou ela com voz fraca quando o jovem e sua namorada passavam por perto Miguel um rapaz que sempre fora muito carinhoso com ela
parou imediatamente preocupado com o tom da voz de Dona Catarina ele se aproximou o semblante curioso Dona Catarina tudo bem perguntou com uma leve preocupação nos olhos ela estendeu o bilhete com a mão trêmula sem conseguir olhar diretamente para o jovem o constrangimento era palpável eu me desculpe filho só preciso de R 2 para completar o dinheiro do meu remédio disse ela baixando a cabeça envergonhada pela situação Miguel pegou o bilhete sentindo a gravidade daquele momento mas Decidiu não abri-lo ali respeitando a dignidade dela Claro Dona Catarina vou ver isso para a senhora fique tranquila
disse ele com um sorriso Gentil tentando aliviar a tensão Catarina agradeceu com o coração apertado e se virou para voltar ao apartamento cada passo era mais difícil do que o anterior mas ela finalmente alcançou o sofá e se deitou novamente a exaustão tomando conta de seu corpo seus olhos se fecharam e pouco a pouco o sono a envolveu misturando-se com a dor e o cansaço acumulados enquanto isso Miguel Subiu até seu apartamento com a namorada quando finalmente abriram o bilhete o rapaz ficou em silêncio por um momento os olhos fixos nas palavras simples e des
esperadas de Dona Catarina sua namorada Letícia olhou para ele tentando entender a expressão que tomou conta de seu rosto o que foi amor perguntou ela preocupada ela pediu R 2 para comprar remédio disse Miguel sem tirar os olhos do bilhete R 2 Letícia isso não é nada e olha o que ela está passando Letícia colocou a mão no ombro dele sentindo o peso da situação Miguel suspirou profundamente a gente tem que fazer algo não posso deixar a Dona Catarina assim ele disse decidido vou comprar o remédio agora ela precisa eu vou com você respondeu Letícia
sem hesitar os dois desceram rapidamente até a farmácia mais próxima e em poucos minutos voltaram com o remédio ao chegarem na porta do apartamento número 53 bateram suavemente Dona Catarina chamou Miguel a voz baixa para não assustá-la nenhuma resposta ele tentou mais uma vez mas o silêncio permaneceu o coração de Miguel acelerou um pouco será que aconteceu alguma coisa perguntou Letícia preocupada Miguel hesitante girou a maçaneta e percebeu que a porta estava destrancada ele empurrou-a lentamente revelando a pequena sala de estar Dona Catarina estava deitada no sofá os olhos fechados em um sono profundo mas
sua respiração era leve tranquila o alívio foi ato mas ao olhar ao redor Miguel percebeu algo que o incomodou profundamente dois sacos de miojo vazios estavam jogados sobre a mesa ao lado de uma panela com restos de salsichas cozidas Miguel pegou os sacos e sem fazer barulho jogou os no lixo quando se virou notou que a porta da geladeira estava entreaberta curioso caminhou até lá e ao abrir completamente a geladeira seu coração apertou o interior estava praticamente vazio apenas uma garrafa de água pela metade e um resto de arroz em um pequeno pote de plástico
não havia nada mais meu Deus murmurou ele levando a mão à boca perplexo Ele olhou ao redor mais uma vez percebendo a precariedade da situação os armários estavam igualmente vazios e o ambiente embora organizado exalava uma sensação de abandono Miguel respirou fundo sentindo um misto de tristeza e culpa por não ter percebido antes o estado em que dona Catarina se encontrava eu estou mexendo nas coisas dela não deveria ele pensou mas não podia simplesmente ignorar o que havia visto decidido ele pegou o remédio que comprara e o deixou cuidadosamente sobre a estante da sala ao
sair do apartamento se encontrou com Letícia que o esperava do lado de fora Vamos ao supermercado disse ele de repente a voz firme o quê Letícia perguntou confusa vou comprar comida para a Dona Catarina eu não posso ignorar isso ela está sem nada para comer e eu não sabia que estava passando por tanta dificuldade Letícia olhou para ele surpresa mas com uma admiração crescente nos olhos mas e a sua faculdade Miguel você vai atrasar a mensalidade perguntou ela preocupada Sim vou atrasar mas não me importa amor ela precisa de comida a mensalidade eu pago depois
minha mãe sempre me diz que a vida é sobre prioridades eu sou novo tenho tempo Dona Catarina precisa de ajuda agora Letícia sorriu emocionada com a atitude dele eu te amo disse ela com os olhos brilhando Eu também te amo respondeu Ele apertando sua mão o casal foi até o supermercado comprou alimentos e mantimentos essenciais e voltou ao apartamento de Dona Catarina ao chegar Miguel bateu novamente à porta desta vez com um e carin Dona Catarina Esse é um presente nosso para a senhora disse ele enquanto ela abria a porta com um sorriso cansado mas
grato Dona Catarina olhou para as sacolas de comida e seus olhos se encheram de Lágrimas meu Deus eu não sei nem como agradecer disse ela a voz embargada me desculpa eu não queria ser um peso para você é que eu não sabia mais o que fazer obgada pague por essa bênção suas mãos trêmulas acariciavam as sacolas enquanto lágrimas corriam livremente pelo seu rosto enrugado não se preocupe Dona Catarina nós só fizemos o que precisava ser feito disse Miguel sorrindo Ele olhou para a instante e viu um quadro antigo havia uma mulher sorridente e um menino
pequeno quem são esses da foto perguntou Miguel curioso Dona Catarina olhou para o quadro e seu rosto se iluminou com a lembrança ah Essa era minha amiga e patroa a Dona Maria e esse aqui é o filho dela Leandro quando tinha 5 anos eu cuidei dele disse ela com um tom carinhoso na voz ele era como um filho para mim Miguel e Letícia se entreolharam surpresos com a revelação Eles não sabiam que o pequeno Leandro de quem ela falava era o mesmo homem que agora controlava o destino dela sem sequer lembrar da mulher que a
havia cuidado com tanto carinho Catarina emocionada e cheia de gratidão se despediu deles com um abraço sentindo que pelo menos naquela noite não estaria mais sozinha Deus te pague meu filho Deus abençoe vocês dois e desculpa pelo Bilhete eu só precisava de R 2 mas vocês me Trouxeram muito mais obrigada de coração Dona Catarina fechou a porta com um sorriso no rosto um sorriso raro que a muito tempo não se permitia o som suave da tranca se misturava ao vento que soprava pela pequena na janela da cozinha trazendo consigo um ar fresco e por um
momento ela se permitiu sentir uma alegria quase esquecida ela era uma mulher orgulhosa sempre fora não gostava de incomodar ninguém e pedir ajuda era algo que evitava a todo custo sabia que muitos a consideravam forte mas por dentro era frágil cheia de dores e cicatrizes que o tempo não apagava entre elas uma em particular a atormentava sua filha morando longe em Santa Catarina sem ver a mãe há anos o silêncio daquele pequeno apartamento parecia acolhedor naquele instante a água começava a ferver na panela o vapor subindo lentamente enquanto Dona Catarina preparava o que para muitos
seria apenas uma refeição simples mas para ela era um banquete o espaguete dançava na água borbulhante enquanto ela cortava a linguiça calabresa com cuidado cada fatia tinha um significado um pedaço de alegria recuperada ela picava os tomates O alho e a cebola para fazer seu molho de tomate natural aquele mesmo molho que fazia para a família nos bons tempos quando todos estavam juntos antes de tudo desmoronar ela cantava baixinho uma canção que sempre lhe vinha a mente quando estava feliz o som de sua voz suave preenchia o ambiente vazio e por um momento Ela se
esqueceu de que em poucos dias teria que deixar aquele lugar o lugar que mesmo Modesto era era o último resquício de uma vida que ela tanto lutara para manter de pé as lágrimas escorriam pelo seu rosto enrugado enquanto cortava a cebola Mas pela primeira vez em muito tempo não eram Lágrimas de tristeza mas sim de uma felicidade simples e humilde o prato que preparava era algo tão básico mas para ela naquele dia era um verdadeiro banquete a última vez que havia se permitido fazer uma refeição tão caprichada tinha sido anos atrás quando ainda estava com
sua família antes de seu mundo desmoronar seu marido o Senor Ernesto a deixara há muitos anos fugira com uma Muler mais jovem sem explicações sem despedidas a dor daquele abandono ainda era como uma ferida aberta em seu peito na época todos comentavam coam pelas esquinas Catarina foi deixada também ela só pensava em trabalho não cuidava da casa não cuidava da filha uma mãe desnaturada essas palavras ecoavam em sua mente até hoje a sociedade a havia julgado como sempre faz e as pessoas foram cruéis ninguém se importava em saber dos sacrifícios que ela fizera das noites
que passar em claro tentando dar o melhor para sua filha lembrava-se bem de como as vizinhas sussurravam quando ela saía para trabalhar deixando sua filha adolescente sozinha ela não cuida da menina o que esperava que o marido não fosse embora mas ninguém falava das traições do Senhor Ernesto das mentiras que ele espalhava para justificar suas ações Catarina sempre fora dedicada à família ao trabalho fazia o que podia para sustentar a casa enquanto ele se afastava pouco a pouco até desaparecer completamente ainda se culpava às vezes por aquele fim pensava se não poderia ter feito mais
ter percebido os sinais antes mas a verdade é que ela foi deixada sem sequer entender o porquê e com isso sua família se desfez sua filha ainda jovem havia se distanciado com o tempo e agora morava em outro estado distante da mãe que ela mal via ou falava Catarina sentia uma tristeza profunda por isso mas a vida a endurecer não tinha mais lágrimas para chorar pelo passado enquanto mexia o molho na panela se lembrava de sua antiga patroa Dona Maria aquela mulher havia sido uma verdadeira amiga a única que nunca a julgou muitas vezes sentava-se
com ela na cozinha e entre uma conversa e outra lhe dava conselhos Catarina você tem um potencial enorme por que não faz um curso alguma coisa para melhorar sua vida dizia Maria com aquele sorriso bondoso que ela tanto admirava Catarina sempre humilde ria desconcertada estou feliz assim Dona Maria eu cuido da Senhora e do Leandro e isso me basta respondia sem acreditar que pudesse ter mais da vida do que o trabalho mulher tome rumo dizia Maria sempre insistente mas sempre com aquele brilho nos olhos de quem realmente se importava Catarina suspirou agora essas palavras soavam
como uma memória distante mas eram uma lembrança boa de tempos mais simples ela se virou e olhou pela janela o vento fresco balançava levemente a cortina desbotada e o som distante da cidade preenchia o ar ali parada diante da janela Catarina se permitiu fechar os por um momento e se entregar a nostalgia imaginou como seria sua vida se tivesse seguido o conselho de Maria talvez tivesse um destino diferente talvez tivesse uma vida melhor mas o talvez era tudo o que lhe restava agora ela abriu os olhos e olhou para o céu onde algumas estrelas começavam
a aparecer um sentimento Agridoce invadiu seu peito ela estava feliz naquele instante pelo simples fato de poder comer algo que amava de sentir o cheiro do molho de tomate enchendo o ar mas ao mesmo tempo sabia que essa felicidade era frágil passageira em breve seria expulsa do lugar que chamava de lar sem saber para onde iria enquanto o aroma da comida se espalhava pelo apartamento uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto desta vez não causada pela cebola Mas pela mistura de alegria e tristeza que a vida lhe proporcionava naquele instante ela lembrou-se do passado dos
sorrisos comp ilhados com sua filha e seu marido das Noites de jantares em família e do vazio que se instalou após a partida de Ernesto não era o tipo de mulher que falava sobre seus sentimentos e talvez por isso carregasse tantas mágoas tantas culpas sempre ouvira dos outros que devia ser mais dura mais forte mas a verdade é que a solidão havia moldado sua alma de uma maneira que nem mesmo ela compreendia e naquele momento enquanto mexia à panela e cantava baixinho Dona Catarina percebeu que apesar de tudo ainda havia espaço para a gratidão gratidão
por aquele jovem casal que sem saber havia lhe devolvido A Esperança ainda que por apenas um dia a vida era feita de momentos pequenos pensava ela pequenos gestos pequenas alegrias e pequenos banquetes como aquele que para muitos não significavam nada mas para ela eram tudo Catarina olhou mais uma vez pela janela observando as luzes da cidade ao longe sentia que algo em sua vida ainda estava por acontecer algo maior que ela não poderia prever mas por enquanto aquele prato simples e o calor do fogão eram suficientes para aquecer seu coração a semana passou como um
vulto uma sombra crescente sobre a vida de Dona Catarina cada dia que se aproximava do despejo parecia Sugar um pouco mais da sua esperança ela tentava se apegar à sua dignidade Manter a cabeça erguida mas o peso da realidade A esmagava na manhã fatídica ela saiu do apartamento com a roupa do corpo uma pequena bolsa pendurada no ombro onde guardava alguns pertences os remédios e sua velha Bengala fiel companheira em suas caminhadas dolorosas ao deixar o lugar que chamava de lar sentiu o peso do mundo cair sobre seus ombros a porta do apartamento 53 se
fechou atrás dela com um som que ecoou como um adeus Não havia mais o calor das suas panelas o cheiro do molho de tomate que fazia com tanto carinho havia apenas o vazio suas pernas tremiam enquanto descia as escadas com dificuldade cada degrau uma pequena Vitória o porteiro que a conhecia há anos a olhou com compaixão Mas sabia que nada podia fazer enquanto isso no escritório moderno e espaçoso da Cardoso Imóveis uma discussão acalorada se desenrolava pai isso não está certo Leandro exclamou com a voz cheia de frustração a gente já despejou duas famílias esse
mês e agora essa senhora ela está doente não consegue se sustentar não acho que a gente Deva continuar com essa postura Temos tanto dinheiro por que não podemos dar um pouco mais de tempo Carlos sentado em sua imponente cadeira de couro cruzou os braços e o olhou com frieza Leandro eu já te disse várias vezes não existe espaço para sentimentalismo nos negócios o que você não entende é que essa gente vive inventando desculpas Hoje é a doença amanhã será outra coisa e você acha que é Nossa responsabilidade sustentar quem não consegue pagar o aluguel Leandro
respirou fundo passando a mão pelo cabelo havia algo profundamente incômodo em toda aquela situação mas ao mesmo tempo seu pai sempre fora Implacável nos negócios e Leandro aprendera a seguir suas instruções pai nós temos mais de 5 milhões em patrimônio líquido isso nem vai nos afetar somos milionários a gente pode ajudar essas pessoas insistiu ele tentando pela última vez apelar para a razão Carlos levantou-se da cadeira com um suspiro pesado Leandro você não está pensando como empresário não importa o quanto temos se começarmos a abrir exceções onde isso vai parar hoje você deixa uma senhora
ficar mais um mês amanhã um jovem casal e depois todos vão achar que podem atrasar o pagamento Isso é uma questão de princípios se você quer ser respeitado precisa ser firme Leandro mordeu o Lábio hesitante sabia que seu pai tinha um ponto mas algo dentro de si ainda o incomodava por fim ele cedeu convencido de que seu pai com anos de experiência talvez estivesse certo tudo bem pai eu entendo acho que você tem razão disse ele resignado Claro que tenho respondeu Car com um sorriso frio lembre-se de uma coisa o dinheiro não vem fácil e
Manter o controle é o segredo do Sucesso enquanto isso Dona Catarina caminhava lentamente pela cidade o sol começava a se Pô tingindo o céu com tons alaranjados e roxos ela segurava a Bengala com firmeza mas seus passos eram lentos pesados o ônibus que pegara a deixou em um ponto de uma praça próxima onde várias pessoas passavam apressadas para ela o mundo parecia se mover em outra velocidade sentia-se desconectada como se não fizesse mais parte da cidade que tanto conhecia a bolsa leve e pequena continha os poucos pertences que ela havia conseguido carregar tudo o que
restava de sua vida cabia naquela bolsa seus olhos observavam as vitrines das lojas os transeuntes despreocupados e sua mente se enchia de pensamentos se eu conseguir me aposentar talvez só talvez eu possa ter uma moradia de novo pensava Eu queria tanto me aposentar mas ainda não consegui ela caminhava devagar sentindo o vento frio contra seu rosto olhando para os carros passando e as pessoas que seguiam suas rotinas como se nada tivesse mudado mas para ela tudo estava diferente tudo havia mudado Deus me ajude sussurrou para si mesma enquanto seus olhos se enchiam de Lágrimas que
não permitia escorrerem ela continuou andando sem um destino certo não sabia onde dormiria nem o que faria no dia seguinte o futuro parecia uma névoa densa impossível de enxergar através dela na outra parte da cidade Miguel chegou em casa e foi direto ao apartamento de Dona Catarina ele estava ansioso para saber como ela estava e entregar um presente que havia comprado para ela uma pequena lembrança de agradecimento pela bondade que sempre demonstrara mas ao bater na porta Foi recebido por um silêncio angustiante Dona Catarina chamou batendo mais uma vez mas sem resposta desconfiado foi até
o porteiro que o olhou com um semblante triste a senhora do 53 perguntou o porteiro ela foi despejada hoje de manhã Filho saiu só com uma bolsa pequena ninguém a viu mais desde então Miguel sentiu um aperto no peito o coração disparado ela tinha sido despejada e ele nem sabia tudo aconteceu tão rápido que ele mal teve tempo de ajudá-la ele correu até o quarteirão olhou em volta tentando encontrar qualquer sinal de Dona Catarina mas não havia nada ela havia desaparecido como se fosse Apenas Mais Uma Alma Perdida na imensidão da cidade como eu não
soube disso antes murmurou para si mesmo frustrado e triste ele andou pelas ruas próximas desceu até a praça onde ela costumava passear mas Dona Catarina já estava longe depois de Horas de procura sem sucesso voltou para casa desap enquanto isso no banco de uma Praça Dona Catarina observava o movimento da Cidade ao seu redor não sabia para onde ir mas continuava caminhando como se o próprio movimento fosse uma forma de manter a esperança viva Leandro pegou as chaves do apartamento 53 com um misto de irritação e cansaço seu pai carlos havia lhe dado instruções para
verificar o estado do imóvel que agora vazio estava pronto para receber uma nova família Carlos sempre insistia em fazer essas visitas pessoalmente ou enviava Leandro por serem homens meticulosos atentos aos detalhes Nunca confie plenamente nos olhos dos outros Leandro seu pai costumava dizer e por isso ali estava ele a caminho do prédio para uma inspeção o corredor estreito e mal iluminado parecia mais apertado naquele dia o som de seus sapatos ecoando a cada passo que dava em direção ao apartamento de Dona Catarina o cheiro de madeira velha e paredes úmidas invadia suas narinas quando chegou
à porta do 53 hesitou por um momento sentindo um leve desconforto o nome da inquilina que ele sabia ter morado ali por décadas ainda mexia com ele de uma forma inexplicável com um suspiro ele girou a chave na fechadura e entrou o apartamento estava silencioso Quase vazio a luz suave do final de tarde invadia a sala através das Cortinas gastas e desbotadas Leandro olhou ao redor esperando encontrar um lugar decadente mas o que viu o surpreendeu havia uma dignidade simples naquela casa mesmo em meio à pobreza alguns quadros antigos pendiam das paredes retratos de tempos
mais felizes ele caminhou lentamente pela sala observando cada detalhe quando chegou à cozinha parou surpreso quase não havia comida apenas uma caixa de remédios vazia sobre a pia e ao lado dela um prato su de um último jantar que parecia ter sido feito às pressas Leandro sentiu um aperto no peito a situação de Dona Catarina parecia muito pior do que ele imaginava ela tinha sido despejada com quase nada e a pobreza estampada No Vazio da cozinha o deixou abalado ele sentou-se no sofá que afundou levemente sob seu peso passou a mão no encosto sentindo o
tecido desgastado enquanto seu olhar vagava pela sala tentando absorver o que havia acontecido ali pegou a ficha do aluguel que seu pai lhe entregara tirando-a da pasta de couro que trazia consigo ela havia morado naquele apartamento por décadas uma das primeiras inquilinas da família o nome dela estava ali escrito de forma Clara e sem emoção apenas um nome em uma longa lista de clientes mas ao reler o documento algo o incomodou profundamente essa mulher essa senhora que ele havia despejado por seu nome parecia familiar levantou-se E mais uma vez olhou ao redor Foi então que
algo chamou sua atenção havia um pequeno quadro na estante empoeirado e discreto ele se aproximou pegou o objeto nas mãos e limpou o vidro com a manga de seu terno ao observar a foto um choque percorreu Seu corpo era sua mãe Maria sorridente com ele ainda pequeno nos braços e ao lado deles uma mulher não pode ser murmurou Leandro seus olhos arregalados a mulher na foto era Dona Catarina ele lembrou-se dela vagamente mas como sua mente voltou à infância e então ele teve um Dejavu a mulher que o havia Cuidado que ele lembrava com carinho
aquela mulher era Dona Catarina como podia ter esquecido dela ele se afastou do quadro sentindo um turbilhão de emoções havia sido ela sua babá que um dia o tinha deixado Ou melhor ela foi deixada para trás mas por quê ele não conseguia se lembrar do motivo apenas sabia que uma mulher mais jovem havia assumido seu cuidado logo depois o que seu pai estava fazendo como ele podia ter despejado uma pessoa que conhecia tão bem que sua própria mãe havia querido manter por perto de repente um barulho do lado de fora interrompeu seus pensamentos a porta
do apartamento ao lado número 52 se abriu Miguel apareceu com um olhar preocupado Chamando por Dona Catarina Dona Catarina a senhora voltou gritou ele ao perceber a porta entre do 53 Leandro ainda processando suas descobertas ficou em silêncio mas Miguel abriu a porta com ímpeto invadindo o apartamento ao ver Leandro um homem bem vestido de terno e gravata Miguel parou mas logo a raiva tomou conta de seu rosto então é você o miserável que despejou uma idosa acusou Miguel sem medir as palavras seu frouxo Como consegue dormir à noite Leandro ainda abalado enxugou as lágrimas
que havia tentado esconder e levantou as mãos em sinal De rendição Ei cara Calma eu só vim checar o apartamento não sou eu quem toma as decisões disse Leandro tentando manter a calma Miguel no entanto não se conteve veio checar veio inspecionar colocar outra pessoa no lugar dela sabia que ela foi para a rua e você consegue deitar no travesseiro à noite e dormir sabendo disso Miguel se aproximou apontando para o quadro nas mãos de Leandro e essa foto aqui me dá Miguel tentou pegar o quadro Mas Leandro segurou firme espera cara Leandro gritou puxando
o quadro de volta essa é a minha mãe eu estou tentando entender o que aconteceu aqui me deixa mas antes que pudesse terminar a frase o quadro escorregou das mãos de ambos e caiu no chão o vidro se partindo em mil pedaços os dois homens ficaram em silêncio por um momento olhando para os cacos no chão olha o que você fez gritou Miguel a raiva queimando em sua voz o que eu fiz foi você que puxou respondeu Leandro irritado o silêncio se instalou a tensão crescendo no ar Leandro respirou fundo recuperando o controle sai daqui
esse apartamento é da minha família e você está invadindo disse ele com a voz firme mas sem a antiga arrogância Miguel o encarou por um momento fervendo de raiva mas antes de sair resmungou mauricinho eu vou sair mas saiba que você ainda vai ter que lidar com o que fez Espero que o dinheiro te aqueça à noite Leandro abalado ficou parado por um momento olhando para os destroços do quadro no chão ele sabia que havia algo maior ali algo que precisava entender pegou o telefone e ligou para o pai Pai preciso falar com você sobre
Dona Catarina ao chegar ao escritório do pai Leandro foi direto ao ponto pai a senhora que você despejou a Dona Catarina Ela foi minha babá não foi Carlos Sentado à mesa olhou para ele desconfortável Sim foi disse ele Sem Rodeios mas o que isso importa agora como assim o que isso importa Leandro retrucou sentindo o sangue subir à cabeça Ela está na rua e pelo que vi ela cuidou de mim como você pode fazer isso Carlos suspirou ajeitando na cadeira Leandro você não entende sua mãe sempre foi muito mole com as pessoas Catarina era boa
sim mas Faltou dois dias seguidos quando você era pequeno perdeu a responsabilidade de te levar para o Karatê e sua mãe ficou uma fera eu precisei tomar uma decisão contratei alguém mais jovem mais responsável Leandro sentiu uma onda de raiva e tristeza ao ouvir as palavras do pai aquela mulher que um dia cuidara dele como se fosse sua própria mãe fora descartada por algo tão pequeno e você acha que isso justifica o que fez agora perguntou Leandro sua voz baixa mas carregada de emoção ela estava doente Pai ela cuidou de mim e você a colocou
na Rua Carlos O encarou com frieza nos negócios Leandro sentimentos não t lugar ela não pagou o aluguel e as regras são Claras Leandro Balançou a cabeça sem acreditar no que ouvia senti um nó na garganta e as lágrimas começaram a brotar novamente eu não acredit nisso eu vou resolver isso de outro jeito nem que eu tenha que encontrar Dona Catarina e fazer as coisas certas eu mesmo Carlos O observou sair do escritório sem dizer mais nada mas Leandro sabia naquele momento que nada Voltaria a ser como antes Leandro sentiu seu coração acelerado ao voltar
para a casa dos pais a imagem do rosto de Dona Catarina não lhe saía da mente desde que estivera no apartamento dela a cada passo que dava pela sala os olhos per correndo os móveis antigos que sua mãe deixara ele pensava nas lembranças nas conexões que começavam a surgir em sua mente Dona Catarina havia sido mais do que apenas uma inquilina qualquer ela fazia parte de sua história de uma maneira que ele não conseguia ignorar com um impulso súbito Leandro foi até o quarto de sua mãe aquele lugar sagrado que ele raramente visitava desde sua
morte lá na tentativa de encontrar álbums antigos de fotos que pudessem trazer alguma luz sobre o passado começou a mexer nas caixas e gavetas esquecidas ao abrir uma gaveta escondida no fundo do armário encontrou um diário de capa de couro marrom desgastado pelo tempo sua mãe tinha o hábito de escrever sobre tudo ele sabia disso mas nunca tinha se aprofundado nesses escritos no entanto algo o puxava para aquele diário específico sentou-se na beira da cama e começou a foliar as páginas que traziam memórias pesso pensamentos profundos reflexões sobre a vida e as pessoas ao redor
de repente uma página o chamou a atenção Ele leu o nome de Dona Catarina e parou sua respiração ficou presa e ele começou a ler com mais atenção hoje minha amiga Catarina me contou sobre o fim de seu casamento Ela foi abandonada pelo Ernesto um homem frio que a trocou por uma mulher mais jovem ela me alertou sobre o perigo de eu questionar Carlos sobre suas ações dizendo que se eu fizesse isso nossa família poderia desmoronar como a dela Você sabe Maria ela me disse os homens como o seu marido como o meu eles não
suportam ser confrontados se você for atrás da verdade pode ser que ele te troque por outra assim como Ernesto fez comigo talvez seja melhor ficar quieta eu fiquei em silêncio ouvindo aquelas palavras que soavam como um Alerta Será que estava errada em confiar tanto no Carlos talvez como ela eu devesse aceitar as coisas com Leandro sentiu o estômago revirar ao ler aquilo sua mãe havia sido alertada por Dona Catarina sobre algo que ele jamais imaginaria continuou lendo agora com mais urgência eu descobri hoje que Carlos está de fato me traindo ele está com aquela mulher
Dolores ela é mais jovem mais atraente e agora entendo porque ele sempre quis que ela ficasse por perto mas eu não posso fazer nada se eu o enfrentar ele vai nos deixar e quem vai do Leandro como eu vou sustentar nossa casa sozinha Catarina me alertou e Eu segui seu conselho Me Calo porque sei que se eu confrontar essa situação vou perder tudo hoje ao vê-los juntos senti uma dor tão profunda que quase não consegui respirar Mas pela minha família pela minha estabilidade eu finjo que não vejo Finjo que está tudo bem Leandro sentiu o
peso das palavras de sua mãe como uma faca cravada em seu peito sua mãe sabia de tudo ela sabia da traição do relacionamento de seu pai com Dolores a mulher que havia substituído Dona Catarina como sua babá e engoliu aquilo por anos ela sabia que Carlos estava traíndo a com a mulher que agora ele chamava de esposa e ainda assim Nunca havia dito nada seu coração estava em pedaços quando ele leu a próxima página hoje Carlos demitiu Catarina eu tentei argumentar com ele dizendo que ela sempre foi uma excelente babá que nunca teve problemas além
daqueles dias em que ficou doente mas ele não quis me ouvir agora entendo o verdadeiro motivo Ele queria Dolores perto de nós perto dele Catarina foi apenas um obstáculo ela foi demitida não por falta de competência mas porque Dolores precisava ocupar o espaço dela eu eu me sinto culpada Mas não posso fazer nada eu só observo minha vida desmoronar e aceito é a única coisa que me resta fazer Leandro parou de ler incapaz de continuar por um momento as lágrimas começaram a correr pelo seu rosto sem que ele pudesse contê-las o diário revelava mais do
que ele jamais imaginaria seu pai havia demitido Dona Catarina não por incompetência mas porque Dolores sua amante precisava estar mais próxima da família sua mãe sabia de tudo e por medo de perder a família havia escolhido o silêncio um silêncio que AC corroeu por dentro até o fim ele se levantou caminhou até a janela do quarto e olhou para o horizonte tentando processar Todas aquelas revelações sua mãe uma mulher forte e amorosa havia sido traída pelo homem que deveria protegê-la e não só isso ela havia perdido sua amiga e confidente Dona Catarina por causa da
infidelidade do marido a mesma mulher que agora estava nas ruas sem casa sem rumo Leandro enxugou as lágrimas mas a dor continuava ali presente ele voltou à cama e foliou o diário mais um pouco ou fotos antigas nas quais Dona Catarina aparecia ao lado dele sorrindo brincando ela havia sido parte de sua vida mais do que ele poderia lembrar e seu pai a havia descartado como se não fosse nada minha mãe e Dona Catarina elas viveram histórias tão parecidas mas em mundos diferentes ambas foram traídas e silenciadas pelo medo pela sociedade pelos homens que não
as valorizaram e Dolores a mulher que cuidou de mim como se fosse minha mãe agora eu sei a verdade ela era a amante do meu pai e minha mãe teve que conviver com isso como meu pai pôde fazer isso como ele pode destruir essas mulheres Leandro caiu de joelhos ao lado da cama o diário ainda em mãos ele chorava não apenas pela dor de descobrir a verdade mas pela culpa que sentia ele havia seguido os conselhos de seu pai a vida inteira de um homem que agora ele via como o responsável por tanto sofrimento Dona
Catarina sua mãe Dolores todas vítimas de um ciclo de traição e abandono eu nunca serei como ele sussurrou Leandro para si mesmo enxugando as lágrimas eu preciso fazer algo por Dona Catarina Ela ela precisa de mim com a mente inundada por lembranças e Emoções Leandro tomou uma decisão não podia mudar o passado não podia consertar o que havia sido quebrado entre sua mãe e seu pai mas ele podia ajudar Dona Catarina ele não podia deixá-la sofrer mais Leandro levantou-se determinado precisava encontrar Dona Catarina precisava ajudá-la de alguma forma o peso da descoberta o esmagava mas
ao mesmo tempo lhe dava um propósito ele não podia ser como seu pai ele jamais trataria uma mulher uma amiga de sua mãe daquela maneira precisava consertar o que estava ao seu alcance e começaria encontrando Dona Catarina e oferecendo a ajuda que ela tanto merecia a verdade que ele havia descoberto mudara tudo nada seria igual dali em diante Leandro e Miguel continuavam a busca incessante por Dona Catarina as ruas e praças próximas ao prédio já eram conhecidas por eles mas cada esquina percorrida parecia apenas aumentar a sensação de urgência em seus corações o sol começava
a se Pô tingindo o céu com tons de laranja e rosa enquanto o ar fresco da tarde invadia a cidade finalmente ao dobrar uma esquina próxima a uma pequena padaria eles a viram Dona Catarina estava sentada em um banco de Praça sua Bengala repousando ao lado as mãos cansadas sobre o colo e os olhos voltados para o horizonte o rosto marcado pelo tempo e pelas dores da vida trazia um sorriso tímido quase imperceptível Mas cheio de serenidade Parecia em paz como se mesmo diante das adversidades encontrasse consolo na simplicidade daquele momento Dona Catarina Leandro gritou
sentindo o coração acelerar ele correu até ela seguido de perto por Miguel que mal conseguia conter as lágrimas ao vê-la ali tão frágil e sozinha ao ouvir a voz de Leandro Dona Catarina virou o rosto devagar seus olhos cansados o reconhecendo um leve sorriso se formou em seus lábios mas havia surpresa em sua expressão ela não esperava vê-lo ali Leandro sem pensar duas vezes ajoelhou-se diante dela o rosto tomado por uma mistura de arrependimento e emoção Dona Catarina por favor me perdoe sua voz estava embargada Eu sou o filho de Carlos Cardoso o homem que
te despejou eu descobri a verdade tudo o que aconteceu minha mãe o que meu pai fez ele começou a chorar as palavras saindo com dificuldade eu sinto muito por tudo por não ter feito nada antes por ter deixado isso acontecer eu vou corrigir isso vou comprar uma casa para a senhora a senhora não vai mais passar por isso eu prometo Dona Catarina colocou a mão trêmula sobre a boca seus olhos se enchendo de Lágrimas ela sentiu uma onda de Emoções percorrer seu corpo ao ouvir as palavras de Leandro aquele menino que ela havia cuidado agora
um homem estava ali pedindo perdão De Joelhos em um gesto que a tocava profundamente calma meu filho disse ela com a voz Suave tentando conter o choro levanta não precisa se olhar assim eu já passei por tanta coisa na vida e aprendi que guardar rancor só faz mal à nossa alma eu não culpo você meu querido a vida é cheia de desafios Cada um carrega suas dores mas sempre podemos aprender algo o importante é seguir em frente com o coração leve Miguel que assistia a cena em silêncio tinha os olhos marejados observando aquele momento tão
íntimo e comovente ele não conseguiu segurar as lágrimas ao ver Dona Catarina estender a mão e acariciar o rosto de Leandro em um gesto de carinho e perdão você tem um bom coração Leandro continuou Dona Catarina sua voz ainda Suave Não precisa carregar essa culpa seu pai fez escolhas erradas mas você você ainda pode fazer diferente O importante na vida não é o que nos tiram mas o que conseguimos construir com o que sobra eu estou viva e isso já é um presente o que você está oferecendo essa ajuda é mais do que suficiente Leandro
ainda De Joelhos segurou a mão de Dona Catarina e beijou-a delicadamente emocionado eu prometo que vou cuidar da senhora a senhora não merece passar por mais nada disso ele respirou fundo tentando controlar a emoção no meio daquele momento tão comovente o telefone de Leandro tocou interrompendo o silêncio da praça ele atendeu ainda com a voz trêmula Senor Leandro aqui é a secretária do seu pai começou a voz do outro lado da linha seu pai ele teve um acidente vascular cerebral ele foi levado para o hospital mas segundo os médicos tem grandes chances de recuperação só
queríamos avisá-lo Leandro congelou as palavras da secretária reverberam em sua mente como um golpe inesperado o mundo parecia girar mais devagar por alguns segundos até que ele conseguiu reagir um AVC ele sussurrou ainda em choque Dona Catarina olhou para ele com preocupação e Miguel se aproximou tentando entender o que estava acontecendo sim sim claro eu estou indo para lá agora respondeu Leandro encerrando a ligação e voltando o olhar para os dois o que aconteceu perguntou Miguel visivelmente preocupado meu pai teve um AVC Leandro disse sua voz embargada ele está no hospital agora eu preciso ir
para lá Dona Catarina ainda com lágrimas nos olhos segurou a mão de Leandro com firmeza vai meu filho vai cuidar do seu pai a vida é curta demais para guardarmos mágoas vai e cuida dele o que aconteceu entre vocês isso se resolve com o tempo mas ele precisa de você agora Leandro assentiu ainda em choque Mas sabendo que tinha que agir rápido vou pagar um táxi para a senhora Dona Catarina e para o Miguel Eu prometo que Voltaremos a conversar e a Sen terá a casa que merece mas agora eu preciso ir Vá tranquilo meu
filho a gente se fala depois disse ela com um sorriso carinhoso mesmo diante da tensão da situação Leandro se despediu rapidamente e com o coração apertado correu em direção ao hospital enquanto isso Miguel que também estava visivelmente abalado pegou o telefone e ligou para Dolores Alô Dolores Miguel começou tentando manter a calma o Carlos ele teve a dente vascular cerebral está no hospital agora e ai meu Deus respondeu Dolores sem esconder a falta de preocupação genuína Olha eu estou no meio de uns procedimentos estéticos agora quando eu terminar vou para o hospital tá Não se
preocupem Miguel sentiu o sangue ferver Dolores estamos falando de um AVC o Carlos pode estar em perigo e você está está numa clínica de estética ele gritou indignado Olha como fala comigo garoto eu vou terminar meus procedimentos e depois passo por lá até mais e com uma leve risada de desdém Dolores desligou Miguel olhou para o telefone em descrença mas antes que pudesse dizer algo Leandro entrou na sala novamente furioso ela desligou na sua cara não foi perguntou Leandro tentando conter sua frustração Dolores ela nunca vai mudar só pensa nela mesma Miguel assentiu eu vou
cuidar da Dona Catarina vai ver o seu pai Leandro ele vai precisar de você Leandro respirou fundo tentando focar no que realmente importava pegou suas coisas e correu para o hospital ao chegar no Hospital foi levado até a área de emergência onde encontrou médicos e enfermeiros ocupados um dos médicos com o semblante sério o recebeu e começou a explicar a situação seu pai teve um AVC isquêmico uma interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro felizmente o atendimento foi rápido o que aumenta as chances de recuperação mas ele vai precisar de cuidados intensivos nos próximos dias e
de acompanhamento por um bom tempo ele ele vai ficar bem perguntou Leandro a voz fraca o prognóstico é bom mas como em todos os casos de AVC o tempo de recuperação varia seu pai pode ter dificuldades motoras na fala e até mesmo problemas de memória Vamos começar com fisioterapia e terapia ocupacional assim que for possível e Ele precisará de uma enfermeira em tempo integral por um tempo Leandro sentiu o peso da situação cair sobre seus ombros ele sabia que seu pai era um homem forte mas agora ele estava vulnerável e dependeria doss outros para se
recuperar Obrigado Doutor eu vou ficar aqui e fazer o que for preciso disse Leandro com a voz embargada o tempo passou enquanto Carlos era transferido para uma sala de observação Leandro o viu deitado na cama do hospital os olhos fechados a respiração pesada e pela primeira vez sentiu uma compaixão que não achava que teria ele sabia que apesar de tudo Carlos era seu pai e agora ele precisava dele enquanto olhava para o pai Leandro sabia que sua vida nunca mais seria a mesma tinha que cuidar do pai ajudar Dona Catarina e lidar com a verdade
dolorosa que havia descoberto sobre sua família três meses haviam se passado desde o AVC de Carlos e sua recuperação ainda era lenta e dolorosa a fala estava comprometida e seus movimentos eram lentos com uma coordenação precária ele passava os dias em casa dependente dos cuidados médicos sentindo-se impotente pela primeira vez na vida naquela manhã ele esperava ansioso a visita de Dolores a mulher que estava ao seu lado há tantos anos ele acreditava que ela seria sua força que o ajudar daria a enfrentar esse momento difícil mas quando Dolores entrou no quarto sua expressão não era
de carinho ou apoio com os cabelos impecavelmente arrumados e um perfume forte ela parecia mais preocupada com a aparência do que com o estado de Carlos Dolores Carlos começou com dificuldade sua voz fraca e arrastada as palavras saíam com esforço como se cada sílaba fosse um fardo eu te amo não me deixe por favor você é o que tenho de mais precioso ele tentou estender a mão mas seu braço tremia e as lágrimas escorriam pelo seu rosto enrugado Dolores no entanto olhou para ele com frieza sem qualquer compaixão Carlos ela suspirou entediada olha para você
está velho doente não é mais o homem que eu conheci você perdeu o controle de tudo seu filho vai acabar tomando tudo de você e eu eu preciso seguir minha vida Carlos tentou falar mas a gagueira e a frustração o paralisavam não Dolores por favor ele tentava Formar frases mas as palavras saíam cortadas enquanto as lágrimas continuavam a cair você é linda não me deixe linda sim respondeu Dolores com um sorriso frio mas não para você Carlos eu já guardei dinheiro o suficiente eu não preciso mais ficar aqui assistindo você definhar ela mexeu no cabelo
como se estivesse entediada com a situação eu estou confusa Mas uma coisa eu sei eu preciso ir embora Carlos tentou levantar-se mas seus músculos fracos o traíram sentado na poltrona ele parecia impotente mais vulnerável do que nunca você não pode ele tentava mas Dolores já havia decidido não posso claro que posso e vou adeus Carlos cuide-se e com um último olhar desdenhoso ela virou as costas e saiu do quarto do lado de fora Leandro assistia a tudo escondido ele havia acabado de chegar e ouvir a cada palavra ao ver o desprezo de Dolores ele sentiu
uma mistura de tristeza e alívio seu pai havia cometido muitos erros mas vê-lo ser tratado assim em seu momento de maior fragilidade era algo que ele não esperava presenciar quando Dolores saiu do quarto Leandro a interceptou no corredor Então é assim que termina disse ele sua voz carregada de ironia e um certo alívio você vai embora finalmente graças a Deus Dolores olhou para ele despreocupada olha Leandro cuide do seu pai porque eu não vou mais fazer isso e com uma risada sem graça ela se afastou Não se preocupe Dolores nós vamos cuidar dele e muito
melhor do que você jamais cuidou respondeu Leandro cruzando os braços observando a sair da casa sem olhar para trás alguns dias depois Leandro foi até o apartamento de Miguel onde Dona Catarina estava hospedada a convivência entre ela e Miguel havia sido tranquila e cheia de carinho com Miguel fazendo questão de cuidar dela como se fosse parte de sua própria família quando Leandro chegou Dona Catarina estava sentada na sala tomando chá com um semblante mais saudável do que Leandro se lembrava da última vez Dona Catarina le sorriu ao vê-la a senhora parece muito bem ela sorriu
de volta o carinho e a alegria claramente presentes em seus olhos Ah meu filho Estou bem melhor agora que estou tomando meus remédios direitinho sinto que voltei a ser eu mesma ela riu suavemente enquanto Miguel ao seu lado assentia com a cabeça eu estou muito feliz de ouvir isso e como prometido vim para cumprir a minha palavra vamos ver a sua nova casa disse Leandro emocionado Dona Catarina arregalou os olhos tampando a boca com as mãos as lágrimas vieram imediatamente sua voz tremendo ao tentar falar minha casa ela mal acreditava Leandro meu filho Deus abençoe
eu nem sei o que dizer Miguel também ficou emocionado limpando discretamente uma lágrima Leandro você está dando a ela mais do que uma casa está dando Esperança uma nova vida os três saíram em direção ao carro e no caminho Leandro comentou sobre o que havia acontecido com Dolores ela foi embora finalmente e para ser honesto foi a melhor coisa que poderia ter acontecido Dolores nunca se importou com o meu pai e agora que ele mais precisa dela ela o deixou Dona Catarina ou viu pensativa e Então disse com gentileza Leandro posso te pedir algo claro
o que for Dona Catarina el respondeu curioso deixe-me cuidar do seu pai Leandro a olhou com surpresa Dona Catarina o meu pai te fez tanto mal a senhora não precisa fazer isso ele não merece ela sorriu balançando a cabeça meu filho na vida a gente não deve pagar o mal com o mal o perdão é o caminho para a paz Seu pai está numa situação difícil e eu posso ajudá-lo Além disso fiz um curso de cuidador há muitos anos atrás antes de todo esse problema com o aluguel sei que posso cuidar dele de coração aberto
Leandro ainda estava em choque com a oferta mas a senhora tem certeza perguntou ele ainda hesitante eu só quero que a senhora Esteja em Paz Dona Catarina colocou a mão no ombro dele sorrindo sim meu filho quero fazer isso o perdão é o maior presente que podemos dar a nós mesmos e não eu não vou dar veneno para o seu pai disse ela brincando enquanto Leandro riu levemente Tá bom eu vou falar com ele primeiro se ele aceitar a senhora será mais do que bem-vinda respondeu Leandro ainda surpreso pela generosidade de Dona Catarina chegando à
Casa Nova Dona Catarina ficou completamente emocionada A Pequena casa aconchegante e modesta tinha tudo o que ela poderia sonhar um Jardim Florido enfeitava a entrada com uma varanda encantadora onde ela poderia passar as tardes o interior era simples mas cheio de amor quadros que Leandro havia recuperado do apartamento 53 móveis escolhidos com carinho e um ar de renovação que preenchia cada canto meu Deus sussurrou Dona Catarina as lágrimas escorrendo pelo rosto isso é mais do que eu sonhei eu não tenho palavras para te agradecer Leandro Leandro sorriu emocionado ao ver a alegria genuína em seus
olhos a senhora merece tudo isso e muito mais Dona Catarina a sua e bondade são inspiradoras alguns dias depois Leandro foi até o hospital improvisado em casa onde seu pai se recuperava ele sentou-se ao lado da cama e explicou calmamente a proposta de Dona Catarina Pai ela se ofereceu para cuidar de você eu sei que você fez muito mal a ela e que deve ser difícil aceitar isso mas essa pode ser uma chance de redenção para você Carlos ficou em silêncio por alguns instantes seus olhos estavam pesados mas havia algo diferente neles como se pela
primeira vez ele estivesse começando a perceber o peso de seus atos eu fiz muito mal disse Carlos com a voz fraca E entrecortada se ela quiser eu aceito ajuda Leandro ficou emocionado ao ouvir aquelas palavras seu pai o homem que nunca admitia erros estava finalmente reconhecendo suas falhas Dona Catarina começou a trabalhar na casa de Carlos na semana seguinte no início Carlos ainda relutava em aceitar ajuda mas com o tempo sua resistência foi se esva um dia quando ela estava cuidando dele Carlos finalmente conseguiu dizer algo que ele nunca havia dito antes Muito obrigado disse
ele com os olhos marejados e perdão pelo que fiz a minha mulher que eu troquei por outra Dona Catarina com o coração leve segurou sua mão e Sorriu o perdão cura as maiores feridas Seu Carlos estamos aqui para nos ajudar e eu estou aqui para isso A Redenção de Carlos não apagava seus erros mas com o perdão de Dona Catarina ele começou a encontrar a paz que tanto lhe havia faltado ao longo da vida Carlos sentado em sua poltrona ao lado da janela olhava para o horizonte o sol brilhava suavemente no céu refletindo uma luz
suave nas folhas das árvores ele sabia que o tempo estava passando e apesar de sua recuperação lenta os sinais de cansaço se tornavam cada vez mais evidentes Dona Catarina sempre ao seu lado cuidava dele com uma dedicação incansável Depois de meses de reflexão e arrependimento Carlos sabia que era hora de tomar uma decisão Leandro ele chamou o filho a voz ainda fraca mas firme eu preciso falar com você Leandro se aproximou do pai sentando-se ao lado da cama onde Carlos passava grande parte dos dias o que foi Pai perguntou Leandro curioso Carlos respirou fundo sentindo
o peso da decisão que estava prestes a tomar eu vou me aposentar não consigo mais administrar a empresa como antes está na hora de você assumir Leandro ficou em silêncio por um momento processando as palavras do pai ele sabia que esse dia chegaria mas ouvir o próprio Carlos admitir que não estava mais apto para liderar Foi algo inesperado a aposentadoria de seu pai marcava o fim de uma era pai começou Leandro sentindo a emoção subir à garganta Eu prometo que vou honrar O Legado da nossa família vou fazer as coisas do jeito certo Carlos com
lágrimas nos olhos assentiu lentamente eu sei filho você é diferente de mim vai fazer melhor com essa responsabilidade em suas mãos Leandro sabia que teria que reorganizar as coisas um dos primeiros pensamentos que passou por sua mente foi em Miguel ele havia sido um grande apoio durante todo o processo com Dona Catarina e agora Leandro sentia que poderia retribuir essa lealdade Leandro pegou o telefone e ligou para Miguel que atendeu prontamente Miguel como você está perguntou Leandro com um tom amigável estou bem Leandro alguma novidade respondeu Miguel curioso na verdade sim estou assumindo a empresa
do meu pai e queria saber se você teria interesse em trabalhar como corretor comigo estamos expandindo para novos negócios e acho que você seria perfeito para isso O que me diz houve um Silêncio do outro lado da linha e Leandro imaginar Mig processando a finalmente Ele respondeu com uma risada leve isso é sério Claro que tenho interesse disse Miguel surpreso e empolgado Cara isso seria incrível pode contar comigo Ótimo então estamos oficialmente trabalhando juntos vai ser uma nova fase para todos nós respondeu Leandro sorrindo os dois amigos que tinham se conhecido em circunstâncias difíceis agora
compartilhavam um laço mais forte construído sobre respeito e solidariedade enquanto isso Carlos continuava sua recuperação com o apoio constante de Dona Catarina Ela o ajudava a se levantar a jantar a Caminhar pela casa aos poucos Carlos se moldava a essa nova vida mais humilde e dependente mas também mais consciente dos erros do passado uma tarde enquanto Dona Catarina preparava o jantar uma visita Inesperada bateu à porta de sua casa era sua filha luí que havia chegado de Santa Catarina Dona Catarina quase não acreditava em seus olhos Luísa disse ela a voz trêmula enquanto abria a
porta Luísa emocionada caiu nos braços da mãe soluçando de alívio e tristeza Mãe eu estou de volta eu eu não consegui falar com a senhora todo esse tempo porque ela pausou tentando controlar as lágrimas o meu marido ele me impedia de ter qualquer contato eu estava presa em um relacionamento abusivo mas eu criei forças para sair e agora estou aqui Dona Catarina abraçou a filha com força as lágrimas rolando pelo seu rosto Minha Menina você está segura agora não precisa mais se preocupar com nada eu estou aqui para você sempre estive as duas ficaram abraçadas
por um longo tempo sentindo o calor de um reencontro há muito esperado alguns dias depois Leandro foi até a casa de Dona Catarina para buscá-la ele sabia que ela havia se oferecido para continuar cuidando de seu pai e ele estava ansioso para conversar com ela sobre isso ao chegar à porta ele foi recebido por uma mulher que ele nunca havia visto antes era luí a filha de Dona Catarina Leandro ficou imediatamente Encantado havia algo em luí a delicadeza de seu olhar o sorriso tímido e o jeito doce que o deixou sem palavras por alguns segundos
você você deve ser a filha de Dona Catarina certo pergun ele com um leve nervosismo na voz luí sorriu timidamente os olhos brilhando Sim sou luí e você deve ser o Leandro o filho de Carlos Leandro assentiu ainda atordoado pela presença dela ele que nunca havia pensado em relacionamento sentiu algo novo brotar dentro de si havia uma conexão imediata algo que ele não conseguia explicar durante a conversa seus olhares se cruzaram várias vezes e Leandro se pegou admirando cada gesto dela eu acho que nunca conheci alguém como você disse Leandro meio tímido mas sincero Você
parece ser muito forte luí olhou para ele surpresa mas com um sorriso Gentil não diga isso eu sou só uma pessoa simples sem muito a oferecer disse ela abaixando os olhos Leandro com o coração acelerado colocou a mão sobre a dela não diga isso luí não importa de onde você veio ou o que você tem o o que importa é quem você é e pelo que vejo você é uma pessoa incrível Luísa corou e naquele momento Dona Catarina que observava de longe sentiu o coração se aquecer ver sua filha e Leandro se aproximando depois de
tudo que ela e Carlos haviam passado era uma reviravolta inesperada e linda as lágrimas vieram aos olhos de Dona Catarina Mas desta vez eram Lágrimas de alegria meses depois o que começou como uma simples conexão se transformou em algo profundo Leandro e luí se apaixonaram e em uma cerimônia simples porém cheia de amor e emoção os dois se casaram a cerimônia foi realizada no jardim da nova casa de Dona Catarina cercados de flores e amigos próximos Miguel e sua namorada Letícia foram padrinhos do casamento sorrindo orgulhosos ao lado do casal durante o casamento Carlos que
ainda se recuperava das sequelas do AVC foi levado até a frente com a ajuda de Dona Catarina Ele olhou para Leandro e luí e seus olhos se encheram de lágrimas ele sabia que havia passado o legado da família para o filho certo Leandro era tudo o que ele não havia sido um homem bom justo e disposto a aprender com os erros com dificuldade Carlos pegou a mão de Leandro após a cerimônia e com lágrimas nos olhos sussurrou eu estou muito orgulhoso de você meu filho Leandro emocionado segurou a mão do Pai com firmeza obrigado pai
vou continuar o que a nossa família começou mas do meu jeito e eu prometo que a nossa história vai ser de orgulho daqui pra frente Dona Catarina com os olhos marejados observava a cena com o coração cheio ver sua filha Feliz casada com um homem de bom coração e estar ao lado de Carlos agora redimido e em paz era mais do que ela podia imaginar Para o Futuro o casamento foi uma celebração de amor redenção e novas oportunidades Leandro e luí iniciaram uma nova jornada juntos enquanto Carlos agora mais consciente de seus erros aproveitava o
tempo que lhe restava com gratidão a vida havia dado voltas inesperadas mas no final havia amor perdão e esperança para todos eles se você chegou até aqui é porque gostou da nossa história e isso nos deixa muito felizes agora queremos Pedir sua ajuda deixe um comentário ou um coração abaixo isso faz com que o YouTube entregue nosso vídeo para mais pessoas adoramos ler o que vocês têm a dizer aprender com suas histórias e responder cada comentário com carinho a troca de experiências com vocês que tem tanta sabedoria é o que torna o emoção diária especial
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