Muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos ao Lente Católica. Hoje, no primeiro de julho de 2024, iniciamos o mês do Preciosíssimo Sangue de Jesus. É um tempo para meditarmos bastante sobre o valor da ação salvífica de Cristo, que derramou seu sangue pela nossa salvação. Gostaria de acolher todos vocês que estão aqui conosco; acolho especialmente aqueles que estão chegando aqui pela primeira vez. Muita gente pode ser que não conheça o Lente Católica, mas hoje está conhecendo. Então, seja muito bem-vindo! Fique conosco toda segunda-feira, às 21:30; nós estamos aqui sempre conversando a respeito de algum tema
que é importante para a fé católica. Aproveito também para dar as boas-vindas a aqueles irmãos e aquelas pessoas que estiveram conosco da Comunidade Pantocrator neste último final de semana. Várias pessoas de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e várias pessoas de Dourados, também no Mato Grosso do Sul, estiveram conosco. A Comunidade Pantocrator esteve em missão na Paróquia São Carlos de Dourados, Mato Grosso do Sul, e ali, na Paróquia de São Carlos, no final de semana, o André Botelho, fundador da comunidade, e Guilherme Silva, missionário consagrado da comunidade, também, estivemos orientando um Retiro Mariano Paroquial,
onde tratamos do papel de Nossa Senhora na história da salvação. Nessa ocasião, também foi entronizada na Paróquia São Carlos Borromeu, de Dourados, mais especificamente na comunidade Nossa Senhora Aparecida, uma imagem – uma imagem maior que esta de Nossa Senhora das Lágrimas – onde a devoção está crescendo muito. Algumas pessoas amigas da Comunidade Pantocrator encabeçaram essa divulgação deste retiro. Lembramos aqui, especialmente, as três irmãs: a Tânia, a Rose e a Luzia, que estiveram bem à frente desse movimento, mas também outras pessoas, como a mãe delas, a Dona Irene, lá de Dourados, que também ajudou bastante. Então,
estivemos assim em um retiro no sábado e pudemos refletir um pouquinho sobre a missão de Nossa Senhora. Fizemos lá a divulgação na paróquia do Padre Marcos, a Paróquia São Carlos Borromeu, deste trabalho que a comunidade faz aqui no Lente. Tenho certeza de que vários dos que estão nos assistindo hoje são dali de Dourados ou de Campo Grande e estiveram conosco no final de semana. Então fica aí o meu abraço e a minha acolhida especial para vocês, que nos receberam e nos acolheram até o dia de ontem; retornamos ontem para cá. Já faço o convite para
que você coloque a sua intenção no chat, para que a gente possa já apresentar a Deus, pelas mãos de Nossa Senhora, a sua intenção neste mês de julho. A evangelização digital já arrecadou em um dia 12% da nossa meta, então a vocês que já contribuíram, nosso Deus lhes pague! Para quem não contribuiu, fica aí o convite para ajudar na evangelização digital da Comunidade Pantocrator. Você pode fazer isso com qualquer valor, apontando a câmera do seu celular para o QR Code que você vê aí em cima ou aqui embaixo na sua tela, na direção da imagem
de Nossa Senhora. Você pode fazer a sua doação em qualquer valor por esse QR Code. Se você preferir fazer uma transferência bancária, os dados estão aí na tela. Senão, você pode também fazer um PIX para a Comunidade Pantocrator; o PIX é o número do telefone celular da Comunidade: 1999 399 5316. Através de qualquer uma dessas formas, você nos ajuda, e a evangelização da comunidade não é obra apenas da comunidade, mas de todos aqueles que se associam à comunidade e, por que não dizer, se tornam nossos parceiros nessa empreitada de levar Cristo, de levar Deus até
as pessoas. Então, fica aí o meu convite e o meu agradecimento. Só um detalhe: no mês de junho, que estávamos aqui reforçando a campanha, nós atingimos 120%! Olha que maravilha! Conseguimos passar um pouquinho do valor necessário que a gente estima para todo mês, e isso nos dá um fôlego maior para investir mais, para caminhar um pouco mais. Então, fica aí o nosso Deus lhes pague a todos que, de alguma maneira, contribuíram. Tá bom, façamos a nossa oração e apresentemos a Deus a nossa vida nesta noite. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora
de nossa morte. Amém. Que o Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo o mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Faço o convite para que você comente aí no chat, de onde você nos assiste, qual é a sua cidade, para que a gente saiba onde o Lente Católica está chegando. Manda aí para nós. E nesta noite, meus caros, qual é o nosso tema? O nosso tema é o Antigo Testamento. Afinal de contas, Adão e Eva existiram ou não existiram? Adão e Eva são uma lenda, um conto,
uma espécie de parábola, ou Adão e Eva são seres humanos concretos que existiram e viveram realmente neste mundo? O que a Igreja diz sobre isso? Bom, meus irmãos, vamos começar aqui por uma questão de princípio. Então a primeira coisa que é... Importante dizer que o que eu direi aqui a respeito de Adão e Eva é algo direcionado para católicos. Então, aqui eu vou apresentar a visão da Igreja Católica. Eu não estou entrando no mérito da discussão científica das teorias sobre o que pode ser e o que não pode ser. Eu estou dizendo aqui aquilo que
é a fé da Igreja Católica, e isso, obviamente, eu não vou tirar da minha opinião, da minha cabeça. Vamos ver o que o Catecismo diz; vamos ver o que os Papas disseram; vamos ver aquilo que a Igreja sempre acreditou. A minha opinião pessoal vale pouco ou nada diante daquilo que é a voz autorizada da Igreja. Agora, obviamente, isso só tem o seu peso para quem aderiu a esta fé, então não adianta vir aqui um protestante discutir; não adianta vir um ateu ou um agnóstico dizer: "Ah, isso está errado." Aqui nós estamos falando do que a
Igreja diz e do que nós, como católicos, aderimos. Ninguém nos obriga; ninguém enfia guela abaixo aquilo que devemos crer. Nós queremos; nós abraçamos. A Igreja é nossa mãe, então nós abraçamos aquilo que a Igreja nos diz. Essa é a nossa intenção aqui: olhar para aquilo que a Igreja nos apresenta. Então, muito bem, nós temos aqui um primeiro ponto: até o século X, esta pergunta a respeito da existência de Adão e Eva não faria tanto sentido assim. Por quê? Porque as pessoas não tinham assim a mínima pretensão de negar aquilo que as Escrituras diziam. No século
XV, com o Iluminismo, que é aquela teoria político-filosófica que dizia que a luz da razão iluminaria todas as trevas da ignorância em que as pessoas viviam, quando veio o Iluminismo, dizia-se que jogando a luz da razão sobre tudo, inclusive sobre a Sagrada Escritura, não se poderia admitir a Escritura como verdade. Então, no século XVI, a autoridade da Sagrada Escritura seria amplamente questionada. Os iluministas não acreditavam que era possível que Deus, que é eterno, onisciente, onipotente e onipresente, pudesse se expressar na pobreza da linguagem humana. Então, os iluministas diziam o quê? Eles diziam: "Deus existe, mas
ele não falaria em linguagem humana." Portanto, qualquer tipo de revelação de Deus é absurda. Essa era a visão que os iluministas tinham: eles eram deístas, ou seja, acreditavam que Deus existe, mas a revelação de Deus não é possível. Eles não acreditavam que o universo e toda a perfeição que existe vieram de Deus. Mas este Deus não pode ser conhecido segundo a visão que eles tinham, então era um Deus que não pode ser conhecido. Assim, a Sagrada Escritura ou qualquer livro religioso não podiam expressar corretamente quem é Deus. Essa é a visão do Iluminismo. O Iluminismo
começa a questionar a autoridade da palavra de Deus, e aí vem o século XIX. O século XIX é o século do ateísmo; é o século da negação de Deus. Deus não existe; Deus é uma criação do ser humano. Alguns filósofos diziam que tudo o que é metafísico (o que é metafísico? É aquilo que está além, acima da nossa natureza) não é algo existente em si mesmo, mas é uma superestrutura da consciência humana. Então, as pessoas que acreditam em Deus não foram criadas por Deus; são elas que criam Deus e ficam dependendo desse Deus e dessas
estruturas religiosas. Ou seja, no século XIX, eles começam a introduzir uma visão materialista: só existe aquilo que é material, e o ser humano é um ser material, um ser concreto. Então, é o ser humano quem cria Deus e não o contrário. E o que é a religião? O que é Deus? Uma estrutura da consciência, é um produto criado pelo homem. Então, a Sagrada Escritura nada mais é do que linguagem humana; é literatura. A prática religiosa e a crença em um Deus nada mais é do que uma superestrutura. Ou seja, eu, que sou um ser concreto,
estou projetando fora de mim uma divindade. Então, a revelação não faz sentido nenhum; a Sagrada Escritura é mais um livro. A religião é um produto das ações humanas, um produto de combinações culturais de um universo que imaginou explicações para aquele contexto. É assim que os filósofos vão explicar a religião, e é dentro deste contexto que surge um cientista inglês, um naturalista inglês, chamado Charles Darwin, que desenvolveu a Teoria da Evolução, amplamente aceita no campo científico da Biologia moderna. Enfim, é uma tese segundo a qual os seres vivos evoluem e se adaptam. Segundo a tese de
Charles Darwin, não é o animal mais forte que sobrevive, mas o mais adaptado. Portanto, se um passarinho pequenininho vai se adaptando às condições de falta do alimento que ele comia e passa a comer outra coisa, ele está se adaptando e vai sobreviver. Mas, do mesmo modo, acreditava-se que aquele animal grande e forte, mas que não se adaptou ao meio, não poderá se valer da sua grandeza e força; ele será extinto. Assim, segundo a tese de Darwin, na evolução das espécies, não sobrevive o mais forte, mas o mais adaptado. E, na tese de Darwin, há uma
evolução nas espécies. Darwin fez isso com base em algumas evidências e foi elaborando um quebra-cabeças que é a teoria da evolução, segundo a qual os seres vivos vão se adaptando, vão evoluindo, vão avançando, vão realizando cruzamentos e se modificando ao longo do tempo. Essa é a tese de Darwin. Sendo assim, o ser humano viria de humanoides primitivos e estes, por sua vez, descenderiam de outros animais menos desenvolvidos. Portanto, seria um progresso evolutivo até chegar no Homo sapiens sapiens que é a... Espécie atual, quando Darwin elaborou essa teoria e publicou o seu livro "A Origem das
Espécies", viram nisso a prova científica cabal de que a narrativa bíblica seria um grande conto da carochinha, uma mentira deslavada que a Igreja contava para manter os fiéis sob sua tutela, sob seu controle, etc. Mas, segundo muitos pensavam, essa teoria de Darwin desmontava a narrativa bíblica e provava que aquilo ali era uma grande lenda e, portanto, tudo que se construiu em cima desse edifício não teria validade alguma. Muito bem, acontece que aquilo que Darwin afirmou, em primeiro lugar, nunca teve a pretensão de desmontar a narrativa bíblica, até porque Darwin mesmo vem de um berço cristão
anglicano. Outro ponto: o próprio Darwin, no seu livro "A Origem das Espécies", fala de Deus e fala de Deus como o ordenador de todas as coisas, aquele que criou e colocou leis, infundiu leis nas coisas que existem, e estas evoluíram. O próprio Darwin, no finzinho de "A Origem das Espécies", ele fala de Deus. Então, nós temos aí uma pessoa que acreditava na veracidade da escrita, que acreditava em Deus, mas que, ao mesmo tempo, reuniu evidências científicas e as publicou. Ao que tudo indica, Darwin não sabia explicar tudo ali, mas ele não tinha essa intenção de
anular ou desmontar o edifício da fé com essa sua teoria. Muito bem, então aqui nós temos um primeiro ponto. Mas acontece que, depois da publicação da obra de Darwin, muitos autores cristãos começaram a tentar estudar sobre como lidar com essa teoria de Darwin. Uns a absorveram e disseram: "Não, tudo que está narrado na Sagrada Escritura, sobretudo ali no Gênesis, a criação do mundo, aquilo é uma lenda, é uma lenda piedosa, é um mito que usa símbolos para comunicar realidades mais profundas." É isso que muitos teólogos vão passar a ver a situação assim. Outros vão tomar
uma posição de total recusa daquilo que Darwin disse e de oposição à ciência moderna. Então, vão combater a ciência moderna. Então, nós temos alguns que aderiram de corpo, alma e coração, querendo tomar a teoria científica como verdade de fé; outros, querendo preservar a verdade da fé, negaram a ciência; e outros ainda buscaram aquilo que há de conciliável nos dois pontos de vista, tanto no ponto de vista da fé quanto no ponto de vista da ciência. E essa parece ser a forma mais adequada de tratar a questão. Bom, objetivamente, a Igreja nunca definiu um dogma de
fé dizendo: "Olha, todo católico é obrigado a crer e a professar que Adão e Eva são seres que existiram realmente." Não existe um dogma católico que diga isso, mas existem vários outros dogmas na Igreja Católica que foram construídos sobre a crença na realidade da existência de um casal primordial. E, se você nega isso, você acaba negando uma série de outras coisas e você vai atingir até mesmo a redenção, a salvação que Jesus veio nos trazer. Se você nega a existência de Adão e Eva, isso pode causar uma consequência de negação da própria obra da redenção
de Jesus Cristo sobre o gênero humano. Então, temos de ter cuidado e prudência para falar desse tema. Eu já falei desse tema aqui no Lente Católica há um tempo atrás, creio eu que ano passado, mas vou retomar aqui uma ideia. No ano de 1909, a Pontifícia Comissão Bíblica, né, do Vaticano, na época do pontificado de São Pio X e sob a orientação dele, o Pontifício Conselho Bíblico, publicou um estudo, uma nota explicando os gêneros literários presentes na Sagrada Escritura. Então, esse documento de 1909, né, que fala sobre os critérios para a análise das Sagradas Escrituras,
esse documento ele ensina o seguinte: que realmente, se queremos entender bem a Sagrada Escritura, temos de ter em mente o seguinte: existem textos na Sagrada Escritura que são textos jurídicos, ou seja, é palavra de Deus, Deus está falando pela boca dos profetas, mas Deus está falando de leis. Então, uma linguagem jurídica, nós vemos muito isso no Levítico, o livro de Levítico; então, nós temos ali uma série de leis, de prescrições, de detalhes mínimos. No Êxodo, também tem um pouquinho disso, então é legislação. Depois, nós temos textos que são poemas, poesia, os Salmos, o Cântico dos
Cânticos, é poesia. No gênero literário da poesia, nós temos que entender o que há ali: um simbolismo. Por isso, é importante entender os símbolos dentro da Bíblia. Por quê? Porque o símbolo revela, demonstra uma realidade muito mais profunda do que a palavra. A palavra, ela é objetiva. Bom, isso aqui é uma caneca, eu estou limitando aqui; não é um copo, não é um jarro, é uma caneca. Eu usei a palavra certa, a palavra correspondente ao objeto. A linguagem limita; o símbolo, ele nos abre a uma perspectiva muito maior. Muito maior! Quando eu olho, por exemplo,
para uma imagem de Nossa Senhora e vejo Nossa Senhora de azul, é um símbolo. O símbolo me abre a muitas possibilidades. O azul do manto de Maria, eu posso ir buscar o significado disso lá na cultura judaica, onde o azul era a cor da maternidade. Então, Maria é a mãe de Deus, nada mais conveniente do que Nossa Senhora aparecer com azul. Aliás, o primeiro dogma mariano é o dogma da maternidade divina. É um símbolo, mas também, olhando para o azul do manto de Nossa Senhora, eu posso me lembrar do céu, eu posso me lembrar de
que eu tenho uma mãe no céu e posso me lembrar também de que eu devo ter esperança ao olhar para a imagem de Nossa Senhora e saber que uma mãe me espera no céu. Olha quantas leituras dá para fazer a partir de uma cor! É o símbolo; o símbolo, ele nos abre a uma perspectiva que tem vários sentidos, é polissêmico, tem um monte de sentidos. Eu posso ir interpretando o símbolo conforme o contexto, a época. Enfim, o símbolo é muito mais rico do que apenas a palavra. Então, na Sagrada Escritura, em alguns momentos, utiliza-se o
que é o símbolo. Então, tem que entender o que é símbolo, o que é lei, o que é poesia, o que é oração. Alguns textos bíblicos são oração e o que é narrativa histórica. Então, a Pontifícia Comissão Bíblica, em 1909, ao publicar esses critérios para análise das Sagradas Escrituras, ela vai dizer claramente: o sujeito que disser que Adão e Eva não existiram comete um erro. É um documento da Igreja, aprovado pelo Papa. O que ele está dizendo? Que Adão e Eva existiram. É claro que o documento não está dizendo que Adão e Eva existiram do
jeito que a gente imagina, mas ele diz objetivamente: houve um primeiro homem e uma primeira mulher. Como eles eram, onde viviam, como era, como não era, isso a Igreja não diz. A Escritura não diz, mas uma coisa é certa: eles existiram. Por quê? Porque se não existiu um primeiro homem racional, à imagem e semelhança de Deus, e uma primeira mulher, então, por exemplo, se a gente admitir a teoria chamada poligenismo, que é a teoria de que surgiram vários grupos humanos ao mesmo tempo, ao afirmar isso, sem perceber, nós estamos afirmando que, se existiram vários grupos
humanos, estamos admitindo que existiam grupos humanos superiores e grupos humanos inferiores se desenvolvendo ao mesmo tempo. Isso é teoria, mesmo que seja ensinado na faculdade, né? Quando eu aprendi história, eu aprendi isso, né? Na faculdade, a gente ouve falar isso: que o neandertal, o homem neandertal, né? Lá dos vários grupos de hominídeos primitivos, ele era menos desenvolvido, e na mesma época já havia surgido outro grupo mais evoluído, e o neandertal não se adaptou ao Darwinismo, então ele desapareceu, e o outro grupo sobreviveu. Quando eu começo a afirmar que existiram grupos humanos diferentes que tiveram origens
tudo ao mesmo tempo, que não tiveram uma origem única e foram se desenvolvendo separadamente, por tabela, eu estou afirmando que existem grupos humanos superiores e inferiores. Isso é absurdo, porque isso abre as portas para o racismo, para xenofobia, para divisão. Então, se eu começo a dizer, e a Igreja condena a visão poligenista por isso, porque é uma visão que segrega. E outro detalhe: o poligenismo foi condenado pelo Papa Pio XII na Encíclica "Humani Generis". Embora tenha teólogos, hoje em dia, que defendam a possibilidade de poligenismo, mas Pio XII condenou. É um Papa, é um documento
da Igreja. Um, como católico, eu não posso escolher os documentos que eu gosto mais. Eu falar: "Eu gosto mais dessa ideia, que se encaixa ao que eu penso". Mas acontece que o que eu penso não é critério da verdade. Acontece que Deus existe antes que eu. Acontece que a Igreja existe antes que eu, e eu tenho de ter humildade de admitir que Deus e a Igreja sabem mais do que eu, né? Ambos sabem muito mais do que eu. Mas acontece que as pessoas hoje querem que as teorias se adequem a elas. Isso é uma questão
até de humildade intelectual, de admitir a possibilidade de que eu não saiba alguma coisa, que alguma coisa escape da minha capacidade de explicar e que alguém pode ter alcançado uma explicação maior, melhor, mais completa do que a minha. Então, a Igreja condenou. O Papa Pio XII, quando publicou "Humani Generis", ele vai dizer: "Se a gente admitir o poligenismo, primeiro que a gente admite que existem grupos superiores e inferiores. E se existem grupos superiores e inferiores, a gente não pode dizer que o pecado original é algo comum a toda a humanidade, porque se existiam grupos mais
avançados e menos avançados, qual grupo pecou? E você e eu, nós descendemos de qual grupo? Porque se o pecado original foi comunicado conforme foram nascendo as pessoas, qual grupo pecou e comunicou o pecado? Então pode ser que algum grupo tenha pecado e algum grupo não tenha pecado, seja imaculado, então trazido por Jesus não é para a humanidade toda, Jesus. Então, se essa teoria for verdade, então eu sou obrigado a admitir que Jesus salvou um grupo, mas não salvou a todos, o que é absurdo. Entenderam o desdobramento disso aí? Onde isso vai dar? E Deus não
engana e nem se engana. Agora, o grande problema, né? A grande dificuldade hoje em dia, sobretudo do século XVI para cá, é o seguinte: o ser humano, por conta do racionalismo, depois por conta do ateísmo, o ser humano moderno quer explicação e evidência científica para tudo. Acontece que nem tudo tem evidência científica. E do mesmo jeito que às vezes eu não consigo provar uma coisa cientificamente, eu também não consigo provar cientificamente que não é daquele jeito. Eu não consigo provar que é, mas eu também não consigo provar que não é. E aí está o ponto:
existem limites. E aí a gente bebe ainda hoje desse racionalismo. "Ah, mas eu não consigo explicar." Tá bom, então você não consegue explicar. Então, é mentira? Será que não é você que é pequeno demais diante de um mistério que é grande demais e por isso você não consegue explicar? Entendeu? Então há até uma soberba do ser humano em querer explicar tudo. Então, por isso, Pio XII, na "Humani Generis", ele vai dizer o que existe, é o monogenismo. O que é o monogenismo? A origem da humanidade a partir de um casal primordial. E esse casal primordial
pecou, e o pecado entrou na humanidade. Aí muita gente vai dizer assim: "Ah, mas o que está lá no livro do Gênesis não ocorreu literalmente." Então, mas a Igreja nunca disse, nunca disse que vírgula por vírgula do Gênesis era daquele jeito, mas o sentido geral do texto, sim. Aí a Igreja reconhece: o sentido geral do texto é real." Palavra de Deus, e Deus não mente. Então, vou dar aqui alguns exemplos. Muitos dizem assim: "Ah, mas a escritura fala de um dilúvio universal!" "Ah, isso não aconteceu porque, do ponto de vista científico, não dá para inundar
o mundo todo", e não sei o quê. E aí, muito bem! Tá, mas a sagrada escritura fala de um dilúvio e este universal, né? Ele tem um caráter de expressar o quê? O mundo ou aquilo que se conhecia de território naquela época. Então, quando eles falam de dilúvio universal, a igreja nunca afirmou, né, que a sagrada escritura está dizendo que o mundo inteiro inundou, ficou debaixo d'água. Não pode ser que tenha sido uma região, pode ser que tenha sido um lugarzinho pequenininho, até pode ser que tenha sido mais... entendeu? Mas o que é o mais
importante nesta passagem bíblica é o fato de que um dilúvio aconteceu. Este dilúvio veio como um castigo das infidelidades dos homens, e Deus preservou ali uma família. Isso é o mais importante que a gente saiba. As pessoas estão muito preocupadas, hoje em dia, em saber dos detalhes: "Não, mas como foi? Que jeito foi? Não sei o quê." O mais importante é o sentido profundo da palavra de Deus. Nós não podemos nos esquecer disso. O mais importante não é ficar tentando provar que o dilúvio ocorreu ou não ocorreu; a sagrada escritura diz que ocorreu. Deus não
mente. Deus não mente, então ocorreu um dilúvio. Agora, como foi, quando foi, o local onde isso não é o mais importante. Podemos estudar, os cientistas podem especular, podem procurar evidências; ótimo, mas isso não é o mais importante. O mais importante é saber que Deus castiga quando o seu nome é alvo de zombaria, mas ele salva aqueles que querem respeitá-lo, amá-lo, aqueles que desejam ser fiéis a ele. Então, isso é plenamente possível. E outra coisa: Deus é poderoso! Tem gente que fala: "Ah, mas não dá para fazer uma arca colocando os bichos do mundo inteiro!" Bom,
se Deus fez o mundo inteiro, Deus não poderia fazer uma arca? Deus, que é Deus, ele se fez homem. Deus, que é Deus, ele se faz pão e fica trancado num sacrário. Deus pode fazer qualquer coisa, então nós partimos do pressuposto da fé. Não adianta querer tentar provar a fé cientificamente. Então, não! Padre Donisete Tavares de Lima, o Beato Donisete, homem de grandes carismas, que curou muita gente através das suas orações, das suas bênçãos, uma vez perguntaram ao Padre Donisete, né, como ele fazia isso. E aí, a resposta que ele deu para a pessoa foi
muito simples: ele falou assim: "Para quem crê, nenhuma explicação é necessária; e para quem não crê, nenhuma explicação é possível." Simples assim! Quem crê não está preocupado em ficar esmiuçando essas coisas porque simplesmente crê. Deus é poderoso! Deus pode fazer! Ponto final. Agora, para quem não crê, a pessoa pode esmiuçar, procurar e tal; ela vai sempre achar algum subterfúgio, algum argumento, alguma coisa para continuar não crendo. É uma questão do coração, né? É querer ou não querer. Então, vejamos bem aqui: é claro que o livro do Gênesis, aquilo que o livro do Gênesis diz, por
exemplo, que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Deus é eterno! Deus não está preso no tempo. Para Deus, ele pode criar o mundo de uma vez só, com um ato de vontade. "Ah, mas por que Deus precisou de seis dias?" Não, esses seis dias podem ter sido seis eras, seis épocas, seis tempos; isso não é o mais importante. E por que se usa o número sete? Sete, na sagrada escritura, é o número da perfeição. Porque Deus, tudo que ele faz, o Gênesis diz: "E Deus viu que era bom." Deus é
perfeito. Por sete dias, numa semana, é o coroamento de uma ação perfeita, entendeu? Isso é o mais importante de se saber. Outra coisa: "Ah, mas a história diz que Deus tirou o homem do barro!" Mas isso não é muito difícil a gente admitir porque todos os compostos químicos que têm no nosso corpo têm na terra. Então, não é tão absurdo pensar que Deus fez o homem e é da terra, quimicamente falando. Os compostos que estão em nós estão na terra; não é absurdo pensar nisso. Mas o que é mais importante? Saber exatamente como Deus fez,
quantos por cento ele usou... isso aí não é o mais importante. O mais importante é saber que Deus nos fez. Nós temos uma origem; essa origem é divina. Há uma centelha divina em nós. É isso! Fomos feitos pela mão de Deus, fomos pensados por Deus; isso é mais importante. Aí, muita gente pode dizer: "Ah, mas depois vem a narrativa lá do Gênesis que fala do dilúvio!" O dilúvio não pode ter acontecido? Aí, eu pego aqui um ponto interessante: se você pegar as histórias dos povos antigos, inclusive a mitologia... se você pegar os assírios, os persas,
os fenícios, os gregos, até os índios brasileiros, contavam a história de um dilúvio, ou seja, existe uma consciência universal de que um dilúvio ocorreu para afogar os erros da humanidade e para vir um mundo novo. Olha que interessante isso em outras culturas! E na sagrada escritura aparece também. O que isso quer dizer? Que essa consciência comum que os seres humanos tinham, mesmo aqueles que viviam no paganismo, ela tem algo de verdade. João Paulo I chamava de "semina verbi", são as sementes de Deus. Até nas culturas pagãs, até nas culturas pagãs tem alguma coisa. Se pegarmos
lá na mitologia grega, nós temos a história de Pandora e do homem. Se nós lermos o mito de Pandora em paralelo com o texto do Gênesis, os judeus não tinham contato nenhum com os gregos quando o texto do Gênesis foi... Escrito. E, no entanto, os valores, as ideias que aparecem são muito próximas. Semina verb é uma consciência das coisas de Deus, mesmo que remota, que já estava presente nesses povos. Então, quer dizer que aquilo que a Sagrada Escritura coloca não é que Deus quis nos contar uma historinha. Não é o que o documento da Pontifícia
Comissão Bíblica diz. Isso aconteceu agora, os mínimos detalhes, como nem a Sagrada Escritura fala disso, né? Tão detalhadamente, né? Então, isso serve aqui para nos dar um critério. Vamos pegar agora uma outra coisa: a ciência moderna. A ciência moderna admite que o DNA do ser humano é comum. Existe uma teoria, vocês podem até procurar isso depois, né? Até no YouTube vocês vão encontrar vários documentários com cientistas dando entrevistas e explicando essa teoria, a teoria da Eva mitocondrial. Eles fizeram, uns anos atrás, um teste de DNA com gente do mundo inteiro, de etnias diferentes, povos diferentes,
e ao estudar a estrutura do DNA chegaram à conclusão de que todos descendemos de um casal primordial. Por isso deram o nome de Eva mitocondrial. Aliás, o próprio nome Eva significa "mãe dos viventes". Então, se a própria ciência admite que houve uma mãe dos viventes que deu origem a todos e que foram se espalhando pelo mundo, a Sagrada Escritura fala nada mais, nada menos que isso: que houve um casal primordial, este casal pecou e, por isso, a obra da Redenção de Jesus Cristo foi eficaz para salvar toda a humanidade. Então, no fim das contas, qual
é a conclusão lógica disso? A conclusão lógica é que Adão e Eva existiram. Talvez não como a gente vê nas pinturas, não como a gente imagina, mas existiram. Agora, é claro que a teologia moderna vê essa questão de Adão e Eva como uma história — não história, uma história piedosa que o autor sagrado colocou no livro. Mas é muito interessante quando a gente vê a história de Adão e Eva no livro do Gênesis: o autor sagrado ficou tão preocupado em registrar todos os detalhes da história que ele colocou, ele sobrepôs dois fragmentos da história no
mesmo texto. No livro do Gênesis, ele vai contando toda a narrativa da criação do homem e da mulher. Daqui a pouco, ele coloca um outro texto que começa a contar tudo de novo. Por quê? São dois manuscritos diferentes que o autor sagrado juntou. E por que ele faz isso? Ele faz isso para não perder nada desta narrativa, que era considerada tão sagrada que não poderia perder nada, entendeu? Então, vamos aqui ao que a Igreja foi definindo ao longo dos séculos. O 15º Sínodo de Cartago foi uma reunião de bispos em Cartago, norte da África. Olha
o que o Sínodo de Cartago vai dizer, cânone número um: foi decidido por todos os bispos reunidos no Santo Sínodo da Igreja de Cartago o seguinte: quem disser que Adão, o primeiro homem, foi criado mortal, de modo que pecasse ou não pecasse, teria corporalmente morrido, isto é, teria deixado o corpo não por causa do pecado, mas por necessidade natural; seja escado! Então, vejam bem: Sínodo de Cartago, se alguém afirmar que Adão era um homem comum, que iria morrer de todo jeito; seja escado! Porque a Sagrada Escritura diz que Adão foi criado sem pecado, sem pecado,
para viver uma vida com Deus. Quem afirmar o contrário, ou seja, um naturalismo que tire Deus da história; seja escado! Cono de Cartago. Vamos lá! Olha o que ele vai dizer na sua carta: "Vas eles, vaso de eleição". O Papa Pelágio I diz assim: "Creio e confesso que, como ele (Jesus) subiu ao céu, assim virá para julgar os vivos e os mortos. De fato, todos os homens nascidos de Adão e mortos até a consumação do mundo, juntamente com o mesmo Adão e sua mulher Eva, que não nasceram de outros genitores, mas foram criados um da
terra e outro do lado do homem (Gênesis 2, versículo 7), assim confesso que ressuscitarão e estarão diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com o que em sua vida corporal fez de bem ou de mal." Olha que interessante! Então, o que o Papa martela aqui é que todos nascemos de Adão e Eva, não são de vários casais, de vários grupos humanos; Adão e Eva, nascemos deles. Eles pecaram, o pecado transmitiu-se misteriosamente a nós. Ah, não, mas existia um hominídeo e aí ele foi desenvolvendo consciência. Aí um grupo tinha desenvolvido, o
outro não tinha; era lá. Se há consciência, há liberdade. E o que fez o pecado entrar no mundo foi o mau uso da liberdade. É isso, né? Que a Igreja está dizendo. Depois, o Papa Pio II, na bula "Execranda Tese", condenou como contrária às doutrinas dos Santos Padres: "Deus criou um outro mundo além deste e, no seu tempo, muitos outros homens e mulheres existiram e, como consequência, Adão não foi o primeiro homem." Esta doutrina é, por nós, considerada herética. Papa Pio I, vou ler de novo: olha a teoria que ele condena como heresia. "Deus criou
outros mundos além deste." Então, professar que Deus criou outros mundos com vida inteligente, com outros homens, outras mulheres que existiram e, consequentemente, Adão não foi o primeiro homem, mas existiram vários outros ou vários ao mesmo tempo — ele vai dizer: "Esta tese é condenada como herética." Então, é muito claro o que Pio XII falou na "Humani Generis", na década de 50. É só a repetição daquilo que a Igreja já vinha dizendo. Não é um dogma de fé, mas é necessário que tenha havido um primeiro homem, uma primeira mulher que receberam de Deus dons, graças e
liberdade e desprezaram isso e, assim, o pecado entrou. No mundo, aí vem o Concílio de Trento. Trento vai dizer o seguinte: se alguém não admite que o primeiro homem, Adão, tendo existido no Paraíso, a ordem de Deus, perdeu imediatamente a santidade e a justiça nas quais tinha sido constituído, e que, por este pecado de prevaricação, incorreu na ira e na indignação de Deus, e, por isso, na morte com que Deus lhe havia ameaçado anteriormente, e com a morte, na escravidão sobre o poder daquele que depois teve o domínio da Morte, isto é, o diabo; e
que o Adão inteiro, por aquele pecado de prevaricação, mudou para pior, tanto no corpo quanto na alma, seja anátema. Então, o Conselho de Trento está dizendo que quem não acreditar nisso está pecando contra aquilo que Deus mesmo disse. Olha aqui, né? O texto é complexo, mas ele vai dizer: se alguém não admite que o primeiro homem, Adão, tendo transgredido a ordem de Deus, foi piorando, foi perdendo as graças que tinha e mudou tanto o corpo quanto a alma para pior, seja anátema. O Concílio de Trento ainda vai dizer: se alguém afirma que a prevaricação de
Adão prejudicou a ele só e não a sua descendência; se afirmarem que ele perdeu somente para si e não também para nós a santidade e a justiça recebidas de Deus; ou que, manchado pelo pecado de desobediência, ele transmitiu a todo o gênero humano só a morte e as penas do corpo e não também o pecado que é a morte da alma, seja anátema; pois contradiz o Apóstolo Paulo, que afirma: "por causa de um só homem, o pecado entrou no mundo, e com o pecado, a morte. Assim também, a morte atingiu todos os homens, e nele
todos pecaram." (Romanos, capítulo 5, versículo 12). Entenderam? Então, é necessário, de acordo com a Escritura, é necessário para concordar com aquilo que São Paulo diz que tem havido um primeiro homem e uma primeira mulher que pecaram. Esse homem e essa mulher também pecaram, ambos, e assim o pecado se comunicou, misteriosamente, a toda a sua descendência. É o que São Paulo fala: por um só homem entrou no mundo o pecado, e por um só homem vai entrar salvação, Jesus, o novo Adão. Então aqui um ponto, e aí vem a encíclica de Pio XII, que vai dizer
o seguinte: mas, tratando-se de outra hipótese, isto é, a do chamado poligenismo, os filhos da Igreja não gozam da mesma liberdade, pois os fiéis cristãos não podem abraçar a teoria de que, depois de Adão, têm havido na terra verdadeiros homens não procedentes do mesmo protoparente por geração natural ou ainda que Adão signifique alguma multidão de primeiros homens. Existe essa teoria hoje em dia; o pessoal fala: "Ah, a Bíblia, quando fala de Adão, é simbólica, ela está falando de um conjunto de pessoas; não é propriamente Adão e Eva, também não é propriamente uma mulher, é um
conjunto de mulheres." Olha aqui, Pio XII condena como herética esta posição, né? Então ele diz que, se você não admitir como católico que existiu um único protoparente, o que é o protoparente? É o primeiro, o primeiro mais antigo de onde vieram os outros. A fé que essa pessoa está defendendo, ela não é propriamente católica; é isso que Pio XII fala. Aí ele vai dizer assim: ainda segue o Papa Pio, já que não se vê com clareza de que modo tal afirmação pode harmonizar-se com o que as fontes da Verdade Revelada e os documentos do Magistério
da Igreja ensinam acerca do pecado original, que procede do pecado verdadeiramente cometido por um só Adão, e que é transmitido a todos os homens pela geração, está como um pecado próprio em cada um deles. Ou seja, um pecou, o pecado se transmitiu e se tornou um pecado próprio; é isso que a Igreja professa, isso que a Igreja defende. O mesmo a gente vê no Catecismo da Igreja, quando a gente fala do homem, a partir do parágrafo 355 do Catecismo da Igreja, ou o 'Amarelinho' aqui, de João Paulo I, a partir do número 355, vai falar
sobre como Deus criou o homem e fala da realidade do pecado. Então, quer dizer, se eu não admito que houve um casal primordial, eu estou afirmando - mesmo que eu não diga isso - que existiram outros casais e que o pecado original não tocou todo mundo. O pecado original tocou só o tronco de Adão, né? O tronco familiar de Adão. Mas acontece que São Paulo, que fala inspirado pelo Espírito Santo na Carta aos Romanos, é palavra de Deus, e Deus não se engana, Deus não mente. E São Paulo diz: "O pecado entrou no mundo por
um só homem, e ele também sai do mundo por um só homem." Então, a Carta de São Paulo aos Romanos. Então, meus caros, qual é o saldo, né, dessa nossa conversa hoje? O saldo é que a doutrina da Igreja é bastante clara: existiu um casal primordial que originou a humanidade; eles pecaram, e o pecado se comunicou a toda a humanidade. Então, Adão e Eva não são um mero símbolo, não são uma lenda, não são uma figura literária, mas são pessoas concretas, filhos amados de Deus, criados por Deus, saídos do pensamento e das mãos do Pai,
mas que usaram mal a sua liberdade e comunicaram o pecado. E aqui eu volto a reiterar: não é porque a ciência revela uma outra evidência, não é por isso que nós deixaremos de crer naquilo que sempre cremos, até porque muita coisa que a Igreja diz muda com o tempo, na medida em que novas informações são reveladas. O mais importante é que nós saibamos que somos criaturas de Deus e a Bíblia é sua palavra. Somos homens e mulheres que descendemos de um casal primordial que pecou, traiu aquilo que Deus fez por eles, se arrependeram, foram perdoados,
e Deus, na plenitude dos tempos, mandou Seu Filho para resgatar e restaurar todas as coisas, conforme Ele tinha pensado. Certo? Então, muito bem, meus caros, eu já peço que vocês enviem suas perguntas para nós. Vou tentar responder ao menos algumas destas perguntas e faço aqui a propaganda para que você, que está procurando um presente, um material de formação, entre na nossa loja Pantocrator. A loja da comunidade Pantocrator dispõe lá de vários volumes, vários livros; volta e meia tem alguma promoção. Então, fica aí o convite para que você busque alguma promoção aí na loja, e ao
adquirir qualquer material da loja, esses valores são revertidos aqui para a evangelização digital. Tá bom? Então, fica aqui este convite também: se você quisesse aprofundar na sua fé, você pode acessar a página da Academia Católica e fazer a sua assinatura da nossa plataforma de cursos. A plataforma de cursos da Academia Católica é bem completa; ela tem lá um curso de Teologia para Leigos, um curso de Espiritualidade, um curso de Formação e 26 outros minicursos de temas variados: Sagrada Escritura, Liturgia, História da Igreja, Santa Terezinha; enfim, é um material muito bom. Você pode fazer a sua
assinatura ou pode presentear alguém com a assinatura da Academia Católica. Também faço um convite para você que ainda não me segue nas redes sociais: siga-me lá no Instagram. Você me encontra com meu nome mesmo, né? Rafael Tonom, Rafael com "ph", Tonom, T, N, O, N. É só procurar Rafael com "ph". Muita gente não acha e reclama. O meu é antigo ainda, né? Com "ph" meu Rafael. Tá bom? No YouTube também a mesma coisa: Rafael Tonom. Lá tem o meu canal pessoal. Diariamente, eu faço as meditações a partir dos textos de Santo Afonso de Ligório, sempre
às 6 da manhã. Você é meu convidado para participar ao vivo, mas aqueles que não puderem participar ao vivo, a meditação fica gravada o dia todo. Todos os dias eu faço a meditação; hoje já gravamos a meditação de número 183. Estamos desde o dia 1º de janeiro ininterruptamente fazendo as nossas meditações diárias a partir dos textos de Santo Afonso. Toda sexta-feira também eu faço a live lá no meu canal pessoal e fica o convite para que vocês possam participar. Tá joia? Vamos às perguntas. Vamos lá: Rafael, como a gente entende o fato de que Caim
saiu pelo mundo e encontrou uma mulher se na Terra só haviam Adão e Eva, e Caim e Abel? Não, na verdade existiam as irmãs deles. No início, se você pegar o texto bíblico, ele deixa claro que existiam irmãs; Adão e Eva tiveram filhas, e esses primeiros filhos homens de Adão e Eva se casaram com suas irmãs. Obviamente, depois Deus proibiu que as irmãs fossem tomadas como esposas, mas para que a Terra fosse povoada, Deus permitiu que eles tomassem suas irmãs. Existe um princípio no direito que diz que quando uma lei é impossível de ser obedecida,
você não comete crime algum se você transgredi-la. Então, por exemplo, Deus deu um mandato aos homens, aos seres humanos: "Crescei e multiplicai". Agora, Deus deu uma ordem, uma lei para ser cumprida; ela tem que ser cumprida dentro das condições possíveis. Quais eram as condições possíveis ali no paraíso? Que os irmãos tomassem as próprias irmãs como esposas. Então, na verdade, eles foram se casando com as irmãs, gerando filhos, e lá pela quinta geração, Deus então proibiu que eles tomassem, não só esposas, mas parentes próximos, as irmãs, como esposas, né? Como parentes mais próximos. Então, aí tinha
que distanciar mais, mas aí já tinha mais gente no mundo. Certo? Muito bem. Outra questão aqui: se existirem seres extraterrestres com inteligência, vontade, etc., etc., o que mudaria? Então, se Deus criou outros seres inteligentes... eu li aqui até o documento, aqui ó, volto aqui no documento para citá-lo, para que vocês tenham na mão a fonte. Aqui ó, bula "Execrabilis" do Papa Pio IX. Todos esses documentos que eu citei estão em um volume grande de documentos da Igreja chamado "Denzinger", um apanhado de documentos da Igreja, e você encontra de tudo lá. Vale muito a pena; quem
quiser estudar vale a pena ter. "Denzinger" é o nome e vale a pena você ter até na sua biblioteca. Então, lá você acha a bula "Execrabilis" do Papa Pio IX que ele diz assim: "E a pessoa que afirmar que Deus criou um outro mundo além deste e, no seu tempo, muitos outros homens e mulheres ou seres inteligentes, se assim é, Adão não foi o primeiro homem e o primeiro ser inteligente; que esta doutrina seja considerada herética." Então, a Igreja... Tem gente que fala: "Ah, a Igreja pode até admitir extraterrestres." Eu mesmo faço aqui um mea
culpa; eu li textos de alguns teólogos que falavam que não, não há problema nenhum e eu cheguei a falar isso em lives; cheguei a falar isso até em informações que não haveria problema, me baseando no que esses teólogos falaram. Aí, depois eu encontrei a bula "Execrabilis" de Pio IX e o Papa Pio IX diz: "Não se pode admitir isso". Porque se Adão e Eva não são o ser inteligente primordial, você está dizendo que Deus fez outros seres inteligentes e esses seres não têm pecado, eles são imaculados; eles não obedecem a Deus, né? Então Jesus não
é o Salvador de tudo, Jesus é o Salvador de uma parte. A Sagrada Escritura diz que Jesus é Salvador de tudo, né? E aí cabe outro ponto aqui: se extraterrestres existem, se outros mundos existem, por que a Escritura não diz nada, sendo que Deus não engana e nem se engana? Então, aqui fica a questão, né? Acho que a bula "Execrabilis" aqui responde bem. Marcelo Boss, a Igreja reconhece o homem de Neandertal e o Homo Erectus como humanidades distintas que viveram no passado e foram extintas, ou os reconhece como meros primatas e não como humanidades inteligentes.
A questão é mais complexa, e não daria tempo aqui de eu explicar tão detalhadamente, mas vale a pena você buscar a Encíclica "Humani Generis" do Papa Pio XII. Ele explica essa questão de como a Igreja lida com essas classificações do homem primitivo, o que a Igreja enxerga a respeito disso. Mas ele usa várias páginas lá explicando tudo, então não daria tempo aqui de entrar nessa argumentação. Mas na "Mãe Gênesis" tem resposta para tudo isso; no site do Vaticano tem, nem precisa comprar a Encíclica física para ler. É o perfil elétrico brasileiro perguntando: "Professor, é uma
heresia?" Vamos ver aí um padre falar que Jesus ressuscitou na Sexta-feira Santa porque ele prometeu ao ladrão que ele estaria hoje mesmo com ele no Paraíso. Então, às vezes, ele não é, porque heresia é o seguinte: para você cometer uma heresia, um erro de fé, primeiro tem que ser consciente. Então, às vezes, a pessoa até comete uma heresia, mas não com a intenção; ela é uma heresia material. Existe uma diferença entre heresia material e heresia formal. É uma heresia material? Puxa vida, o sujeito falou besteira, mas não é por maldade; é uma conclusão errada que
ele tirou ou às vezes ele leu superficialmente, fez uma interpretação. Então isso é uma heresia material. É um erro, não está certo, mas não é uma heresia formal; quer dizer, não há uma intenção de ensinar o erro para perverter a verdade. Então, é diferente, por exemplo, quando a Igreja chama um teólogo e corrige um teólogo, dizendo: "Ó, Fulano, você escreveu um livro dizendo isso, isso e aquilo, mas nós estamos te informando que você está errado por isso, por isso, por isso e por aquilo." Você admite? É o que a Igreja faz. E pode ser que
o teólogo olhe para aquilo e fale: "Não, isso aqui é uma conclusão minha, eu acho que é assim, eu vou ensinar assim." E vocês me mandaram não ensinar, não pregar, vou continuar ensinando, vou continuar pregando. Ótimo, aí o sujeito se coloca fora da comunhão com a Igreja. Ele foi formado no erro, mas ele foi pertinaz no erro. Aí não há o que fazer, né? Ele vai caminhar para a perdição dele. Agora, por exemplo, essa afirmação do sacerdote de que Jesus ressuscitou já na Sexta-feira, eu até entendo. Às vezes, é uma confusão de termos que o
sacerdote utilizou. Por que uma confusão de termos? É até compreensível. Nós temos que entender bem o que se deu ali na cruz. Primeiro, Jesus é homem. Enquanto homem, Jesus está preso e submetido ao tempo e ao espaço. O corpo de Cristo ocupava um espaço; ele estava circunscrito a um tempo, a uma circunstância política e geográfica. Tal tempo, mas Jesus é Deus. Ele não deixa de ser Deus, e Deus é eterno, e a eternidade, por definição, é ausência de tempo. Então, o que acontece quando Jesus diz ao bom ladrão: "Ainda hoje você vai estar comigo no
Paraíso"? Jesus está falando como Deus, como Deus e, ao mesmo tempo, como homem, como homem pregado na cruz, porque Jesus não separa a sua divindade e a sua humanidade. Houve uma união quando Jesus se encarnou; Deus assumiu a humanidade. Então, há uma união, a união hipostática. Jesus, enquanto homem, estava ali padecendo e sofrendo, mas, enquanto Deus, tinha domínio de todas as coisas. O que Jesus fez? Jesus garante a salvação: "Ainda hoje você estará comigo no Paraíso." Por quê? Porque Deus é eterno. Para Deus, não existe amanhã, depois de amanhã. Para Jesus na cruz, não existe:
"Ah, eu vou ressuscitar só no domingo." Tudo é agora. Para Deus, tudo é agora; Deus está na eternidade. Deus não está preso no tempo, por isso Jesus fala: "Ainda hoje você vai estar comigo no Paraíso." Entendeu? Porque Jesus é eterno. Para ele, tanto faz hoje, amanhã, depois de amanhã, tudo é agora. Por isso Jesus usa a expressão "hoje". Agora, temporalmente falando, Jesus morre na sexta, e Jesus desce à mansão dos mortos. É o que a gente reza no Credo: quando Jesus desce à mansão dos mortos, o que ele faz? Ele vai resgatar as almas dos
justos, entre eles o bom ladrão. Ele vai chamar as almas dos justos para quê? Para o céu. A morte de Jesus inaugurou o céu. Inaugurou o céu porque nenhum ser humano tinha entrado no céu, e Jesus, que é o modelo de homem, entra na eternidade. Ele passa pela morte, vence a morte, entra na eternidade. Ao entrar na eternidade, ele que desceu do céu e veio à terra nos ensinou a subir da terra para o céu. Então, quando Jesus ressuscita, ele dá acesso ao céu a todos os justos. Por isso que ele diz: "Hoje". Hoje de
Deus não é o nosso hoje de 24 horas, né? Um dia. Tanto é que na liturgia nós celebramos a festa da Páscoa durante dias, até a oitava da Páscoa. A Páscoa é como se fosse uma festa única. Por quê? Porque Deus é eterno. Para Deus, não tem tempo. Entendeu? Então é por isso, talvez, que tenha sido mais uma confusão de termos aí. Que o sacerdote usou e não propriamente uma heresia. Acredito eu que não tenha sido com a intenção de ensinar errado. Certo? Muito bem, então agradeço mais uma vez a todos aqueles que têm contribuído
com a campanha e aqueles que enviaram também as suas perguntas. Sem que? Vem, a gente se encontra de novo. Fiquem com Deus e até lá. Tchau tchau!