HISTÓRIA DO BRASIL LGBT - EDUARDO BUENO

Não Existe Pecado do lado de baixo do Equador Vamos fazer um Pecado Rasgado suado a todo vapor é a toda uma forma mas também com Velas ao Vento né até porque se não existia pecado debaixo do Equador ele chegou com as velas das caravelas e das naus portuguesas e espanholas que trouxeram para cá a cruz a espada a sífilis fica sífilis tem uma discussão ali né e o pecado nefando Será que trouxeram mesmo assim a noção de Pecado trouxeram né mas o ato nefando Ah esse eu te garanto que já tinha muito por aqui é

os cronistas de Portugal e da Espanha são pródigos de descrever a movimentada a vida sexual do selvagens né e chegaram aqui achando que não havia pecado da Carne né Claro porque essa esse conceito né Ultra equinócio num pecador abaixo do Equador não há mais pecado então eles vieram para cá louco Para Pecar né o pecado da carne e carne não faltava né inclusive tinha assim grelha na servia na grelha né a carne no ritual antropofágico né Mas também se comia carne humana e viva de preferência se mexendo e muita por todas as tribos por todos

os lugares e evidentemente havia muita relação ou homossexual muita de homens e de mulheres e os portugueses os espanhóis eu posso te assegurar se adaptaram rapidinho a isso até porque da onde eles vinham também estava cheio então pega Lápis e Papel Porque quando eles são esculacho Olha aí Sai de Baixo eu sou professor não existe pecado debaixo hey hey o Brasil sempre foi gay hein a Europa também quando eles estão esculacho Olha isso aqui embaixo eu sou professor a Europa também aliás cara sabe como é que nasceu a ideia de fazer esse episódio anos atrás

eu tava pesquisando um livro sobre a história de Portugal e tinha ali uma nota de pé de página aquelas letras miúdas do contrato sabe que dizia assim remetria um livro chamado ser travesti em Portugal no século 16 eu digo não ser travesti em Portugal no século 16 não era bem um livro era um opúsculo ela é um ensaio Até vou pôr ele aqui para tu pesquisar embaixo tem na internet né era um artigo de uma professora chamada Isabel Drummond Braga né que registrava um caso de vários travestis de Portugal né pessoas que se viciam homens

que se vestiam de mulher e mulheres que se vestiam de homens e que foram pegas caíram as garras da Inquisição né alguns foram apenas multados outros condenados às Galés e outros condenados à fogueira ela acredita vários casos né o primeiro caso é numa certa Leonora que em 1522 foi pega às 5:00 da manhã andando na Ribeira Nacional na Zona Portuária de Lisboa vestida de homem e eles disseram como é que ela disse não é que eu não tinha outra roupa então eu resolvi vestir essa mesmo e eu nem sabia que era proibido e quem comprava

fazendo na companhia de várias outras mulheres Ah não sei Leonor pagou uma multa foi dispensado logo depois logo depois não anos depois em 1537 ao registro claro que houve muitos outros mas tô dizendo dos registros assim que ficam nos anais ali nos anais nos jornais né de um tal Manuel que também foi visto andando vestido de mulher numa fonte assim da manhã e aí Perguntaram pra ele ô Manuel Ô Manoel questões a fazer ele aí nesta fonte vestido de mulher eles Ah eu não sabia que era pro e além de tudo eu vivo sempre no

mar estou sempre no mar e agora que eu estou na terra resolvi folgar paga não é uma chibatadas do Manuel e pronto mas o caso dos casos realmente graves né os casos realmente cruéis foram do Rafael fangchon e do Manuel [ __ ] sim Rafael sanchono e Manuel [ __ ] que eram conhecidos travestis que viviam na Ribeira das mãos que era a profissão deles prestar serviços a maruagem E aí foram presos Condenados em 1549 e queimados na fogueira Porque nós já estamos na época das Ordenações manuelinas o primeiro código civil as primeiras leis do

reino de Portugal são as chamadas Ordenações afonsinas de 1447 que japunem a homossexualidade japulem qualquer atividade nefanda né depois vem as Ordenações manuelinas de 1521 que muito essas regras né com a condenação a fogueira a perda de bens e a Infame a por Três Gerações Que sacanagem não que falta de sacanagem E aí começam a vir várias denunciações até porque esses bens né eram tomados pela coroa e às vezes o denunciante recebia o dedo duro né o traíra o X9 ainda ganhava uma graninha junto né então há casos incríveis né até Vou te ler um

aqui 1.556 uma tal Brígida Prestes que era regateira de peixe ou seja vendia peixe ali na na Ribeira das mãos né ela denuncia um negro chamado Sebastião que se vestia de mulher com um lenço na cabeça um chapéu com uma Pluma e um avental de Borel que ele mantinha aberto na frente abriu fechava o avental dele conhecido como Bastião e que vinham passando dois Flamengos né Não sei se torcedores o Flamengo não não não Claro que não né dois holandeses e ele com jeitos e gestos de mulher alisando o próprio corpo chamou-os para que com

ele compartilhassem as delícias da Carne bom Prenderam o pobre Bastião mataram e queimaram na fogueira o Bastião cara Essas atividades ali Zona Portuária Tu sabe como é né a Zona Portuária e muitos desses caras tinham isso como profissão e ela é uma opção própria deles muito mais grave é o que acontecia a partir do momento em que As náuse Caravelas armavam nessas longas viagens você sabe só podia homens aborda né era um viagens de três quatro cinco seis meses quando era pra Índia às vezes oito nove meses só homem aborda quer dizer que de vez

em quando não caia sabonete Não rolava uma descontração cara nem dá para fazer piada porque várias dessas pessoas que estavam a Bordo 10 11 12 até 15 anos de idade e muitos deles tinham sido entregues pelos próprios pais a maioria dos caras chegaram pro filhos e assim vamos dar uma volta lá no vamos dar uma banda ali na Ribeira das Naus e pá empurrava o guri por quê porque cada pessoa que partia de cada três pessoas que embarcavam nessas viagens no século XVI uma não voltava Então ninguém embarcaria se não ganhasse pelo menos um ano

de salário adiantado Então os pais vendiam os próprios filhos pegava um ano do salário do grumete adiantado era uma boca menos pra sustentar e uma graninha no bolso e o guri virava Brunet aos grumetes cabiamos piores funções a bordo dos navios tinham que esfregar conversa tinham que puxar o velame levava um cacetado o tempo inteiro e acabavam sendo ser viciados agora há muitos e muitos registros de marinheiros de marujos que se serviram dos grumetes e diziam para eles ó se tu alguma coisa tu vai cair do barco na próxima tempestade Porque de fato muita gente

caía muita não mas o número considerável de pessoas caíam pela Morada dos navios durante as grandes tempestades que esses barcos sofriam tanto é cara que quando na primeira expedição a Expedição do Cabral né dois degradados são deixados aqui no Brasil Afonso Ribeiro e outro chorando berrando Mas na última noite antes da expedição partir em direção à Índia cinco grumetes fogem e se deixam ficar no Brasil né nessa terra cheia de frutos e cheia de pessoas peladas vivendo nuas né no Paraíso terreral e aliás é esse o conceito que os europeus de início tendo o novo

mundo o paraíso terrestre e eles descrevem os nativos vivendo Luz como na primeira infância luz na inocência Luz como Adão e Eva antes do Pecado antes da expulsão pecado quer dizer tropeço pecathlon é uma palavra de origem Latina que quer dizer aquele que tropeça quem tropeça cai mas pode se levantar né a perdão para o pecado A não ser que fosse o pecado nefando mas o pecado nefando o pecado da carne e especialmente o pecado da relação entre pessoas do mesmo sexo esse era duramente punido porque porque ela sodomita e Sodoma e Gomorra tinham sido

vacinas na terra com fogo de Deus então os cara achavam mas a gente praticar esse pecado vai cair é o fogo do inferno em cima da gente só que quando ele chegaram aqui havia uma enorme quantidade de relações entre pessoas do mesmo sexo nos indígenas e era considerado normal o Gabriel Soares de Souza em 1557 escreve o seguinte olha aqui os tu passam muito luxuriosos e não há pecado da luxúria que não cometam mas são especialmente afeiçoados ao pecado nefando entre os quais não é considerado uma afronta e aquele que serve de macho se tem

por muito Valente e aquele que serve de fêmea às vezes vive até numa tenda pública oferecendo seus serviços como as mulheres públicas de Portugal sem que haja com isso nenhuma vergonha né mas tem aqui também vários outros depoimentos por exemplo do pelo Correia o percorreia num caçador de índio lá de Santos São Vicente E aí se converteu deve ter tido a estrada de Damasco dele caiu ali ele tropeçou e viu a luz e virou Jesuíta né E daí ele escreve o seguinte muitas mulheres entre os Tupis trazem os cabelos cortados da mesma maneira que os

machos e vão à guerra como se machos fossem com seus arcos e flechas né sempre Companhia dos homens algumas delas inclusive são casadas e se servem de mulheres como se com elas vivessem e não há ofensa maior que se possa fazer a elas do que chamá-las de mulheres não sei se tinha um caminhão ou não mas que é bom é bom né agora cara a história vai ficando cada vez mais complicada quando os Jesuítas começam a punir cada vez mais essas práticas Tupinambás inclusive o próprio o próprio Gabriel Soares Diz Para que fossem mais efetivos

nessas práticas os Tupinambás especialmente se serviam de de plantas venenosas ou então de uma espécie de Lagartixa que colocavam nas suas partes por dentro de forma que elas inchassem e eles fossem mais efetivos na prática do ato sodomita mas o caso mais grave que se conhece foi escrito não por um Jesuíta mas por um padre que é puxinho o errou que viveu na França chamada França equinocial né em São Luís no Maranhão entre 1613 e 1614 e no final de 1613 Ele conta o caso de um índio chamado tibida que ele descreve como hermafrodita que

era ao mesmo tempo homem e mulher olha aqui a descrição dele ele vivia na ilha de jupi-paran era um hermafrodita no exterior mais homem do que mulher porque tinha Face e a voz de mulher e os cabelos finos flexíveis e cumpridos E no entanto casou-se teve filhos e tem um gênio tão forte tão forte que os próprios Selvagens da Aldeia não trocavam palavras com ele daí os caras foram até a ilha querem prender esse indígenas chamado Timbira e sabe o que que fizeram o amarraram a boca de um canhão descreve Tudo o minúcia de detalhes

ele concedeu O Último desejo que o Último Desejo do Tibira foi fumar pum fumou pitum suas últimas palavras foram já não tenho mais medo de morrer disparai e os caras dispararam o canhão e estraçalharam o corpo dele Segundo Os relatos da época fizeram isso com medo de que se não o fizesse São Luís fossem varrida do mapa como Sodoma e Gomorra tinham sido varridos mas o mais incrível que é o seguinte eles não tinham o direito Claro que não tinha o direito moral direito nenhum mas eles não tinham direito legal o Direito Penal de fazer

nessa execução porque só mesmo o Santo Ofício só mesmo a inquisição teria o direito de uma punição assim e não há registros de nenhuma outra punição no século 17 porque já estamos em 1603 de alguém que tenha sido amarrado a boca de um canhão e tivesse tido o corpo estraçalhado ainda mais sem julgamento cara Mas as coisas não melhorar nem um pouco né Para ninguém no Brasil quando se dá a primeira visitação do Santo Ofício foi em 1591 né o Padre Heitor Furtado de Mendonça o visitador [Música] chegava Ele veio ele A inquisição chegou na

Bahia em Pernambuco lugar onde se produzia açúcar o único lugar onde havia vida urbana né naquele período né quando o visitador chegava você tinha uma semana ou 10 dias para se autocusar a se auto incriminar você podia produzir provas contra si mesmo E aí a punição seria mais Branda depois desse período se iniciavam as denunciações aí o teu vizinho aquele cara que nunca gostou de ti um monte de gente era aquela assim X9 os traíra tudo acusando uns aos outros claro que o principal objetivo é dar inquisição era caçar cristãos novos né e tomar-lhe os

bens né práticas judiantes né pessoas que continuavam ainda praticando o judaísmo escondido né especialmente em Pernambuco onde havia uma tradição né de de cristãos novos todos ligados ao trato do açúcar mas também se puniu muito as práticas de sexualidade não Ortodoxa Então cara dois grandes historiadores o Ronaldo vanfas e o Luiz morte se especializaram no estudo das atas dos autos em que setoriais dessas dessa visitação da primeira da segunda e da terceira visitação cara penetrações pelo vaso traseiro ah pedofilia bestialismo meu assim é um Hall inacreditável Só que também eram punidas evidentemente a práticas de

de puro amor né pessoas mulheres que viviam com mulheres homens que viviam com homens e às vezes se faziam de mulheres públicas Como já tinha sido dito que os indígenas também faziam e vários indígenas também foram punidos pelo crime nefando e e por crimes de natureza sexual a repressão não fez com que isso acabasse né a sua tornou ainda essas práticas mais fora da Visão da sociedade como um todo mas e um momento extraordinário quando o grande Gregório de Matos guerra né o boca do inferno o primeiro genuinamente poeta brasileiro resolve com a sua boca

do inferno com a sua metralhadora giratória acusar todo mundo em Salvador foi ele que escreveu aquela frase uma Rosa né pobre Bahia o quão de semelhante é muito negócio e muito negociante que o Caetano Veloso até musicona e ele volta essas baterias contra o governador da província o Antônio Luiz da Câmara de quem ele diz é uma [ __ ] de calções que vive no beco dos cagalhões cujo o vaso traseiro está açoitado e fede a bacalhau mas embora o grande Gregório de Matos sejam extraordinário poeta seja um cara satílico seja um cara bem brasileiro

na verdade né já vai aí toda uma carga de preconceito ou acusar o pobre Luiz da Câmara de práticas nefandas né deixa o Luiz da Câmara ficar aquele cara deixa ele viver a Sexualidade dele em Plenitude só não deixa ele continuar roubando Então cara essa é a história de ser gay no Brasil colônia ser gay no Brasil colônia eu nem sabia que o ser gay tinha vindo ao Brasil colônia deve ter vindo junto com a Janis Joplin mas cara essa vivência E essas práticas como afetivas foram extremamente comuns entre os indígenas entre os europeus sempre

existiram sempre existirão e o canal buenas ideias tá junto no orgulho gay e viva a comunidade LGBT mais e mais e mais é isso aí