ELITISTA, ESCROTO, SEM CONSCIÊNCIA SOCIAL! Batman Caped Crusader é tudo isso (e o contrário também)

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Quadrinhos na Sarjeta
BATMAN CAPED CRUSADER, de 2024, é uma animação que dá continuidade ao espírito da série dos anos 90 ...
Video Transcript:
Fantasmas elitistas, vilões deformados, homens de colant e a pergunta que não quer calar... Batman só bate em pobre? E para responder tudo isso, a gente vai analisar a série animada recente, Batman, o Cruzado Encapuzado... é isso? Ou Batman Caped Crusader. Caso você seja um completo ignorante e esteja perdido no momento, Batman Caped Crusader é uma animação que saiu agora em 2024, está na Amazon Prime. Isso não é uma publi, embora eu gostaria. Vocês podiam, pessoal da Amazon, vocês são bem pobres, vocês pudessem me ajudar! Mas voltando, Batman Caped Crusader é uma animação que, em partes,
é um sucessor espiritual daquela que, talvez, seja a melhor adaptação para desenhos animados de Batman ou de todos os super-heróis que já existiram, que é Batman The Animated Series, animação essa que saiu originalmente em 1992, e que eu nunca gravei vídeo sobre ela aqui, o pessoal até pede e um dia eu falo. Mas aí vai ser chato o vídeo porque ele só vai ficar falando bem, porque para ele é a coisa mais perfeita do mundo. Tem uma falha ou outra, também não falo que é a coisa mais perfeita do mundo. Toda vez que eu tentei
falar mal, a gente quase se divorciou. Mas também tu fala as coisas erradas. Enfim, Batman Caped Crusader é um sucessor espiritual, mas não é necessariamente um sucessor. Não é que nem X-Men 97, que de fato é uma continuação do desenho dos anos 90 e esse, sim, tem vídeo aqui no canal. Olha a ironia, né? X-Men tem vídeo, o desenho do Batman que eu gosto, eu não faço. A minha motivação neste canal é falar de coisas que eu nem gosto tanto. - Porque falar mal engaja. - As pessoas gostam. Falar bem não engaja, as pessoas querem
ódio, as pessoas querem truculência, as pessoas querem violência verbal na internet. Seus cuzões! Mas então, como eu estava tentando dizer, o Batman Caped Crusader não é uma continuação dos anos 90, embora tenha uma pegada muito parecida. O estilo é o mesmo, a figura ainda por trás é Bruce Timm, então tem um climão semelhante, mas é outra história. E por ser outra história, também traz novas questões. E a história não é a mesma porque se passa nos anos 40... - Mais ou menos. - Mais ou menos... E vai fazer muito referência às publicações da época, principalmente
as revistas Pulp. Os primeiros vilões do Batman, mesmo aquele Batman característico dos anos originais, cabe lembrar, Batman foi criado em 1939, pois bem, isso aparece aqui em Caped de Crusader. Até mesmo no visual do próprio Batman, que tem uma referência clara àquele período. Notem que o Batman aqui não tem as famosas serrinhas, lâminas, sei lá. Mas ele usa luvinhas pequenininhas. É engraçado que nas primeiras histórias do Batman, a luva era roxa. O Batman não tinha nenhum elemento roxo, mas a luva era roxa. Parece que ele pegou a primeira luva que viu pela frente e falou,
essa luva serve. Não combina, mas tudo bem. E tem também um detalhe simples, mas que eu gosto, é que logo no começo, quando o Batman era desenhado, lá em 1969, a orelha era... - As Orelhinhas eram um pouco para fora. - O que deixa com mais cara de morcego, de fato. Depois foi com o tempo que as orelhinhas foram ficando alinhadas e tal, e ficando uma coisa mais até, eu acho, demoníaca do que necessariamente morcegótica. Porém, para além de simplesmente situar nesse anos 40 difuso, porque aí você pode dizer que a série lá dos anos
90 também já fazia isso, eu acho que a principal diferença está em procurar a trazer uma perspectiva sobre o Batman que não é necessariamente nova, mas é inusitada. E do que eu estou falando aqui? Das consequências sociais, culturais e políticas da existência de um Batman. Se lá nos anos 40 tivesse surgido mesmo um vigilante, um Cruzado encapuzado, como é que essa sociedade iria responder? E quem seria esse cara? Que problemas essa pessoa teria? Uma coisa que já faz com que Batman Caped Crusader seja uma animação interessante, é porque aqui a gente vê um Bruce Wayne
que é muito, muito questionável. Uma coisa que chama a atenção é que aqui a gente vai ter não um Bruce Wayne muito bem composto, muito bem centrado, mas a gente vai ter um Bruce Wayne que é cabeça quente, ele estoura, ele briga. Inclusive, tem um momento que o repórter faz um comentário tirado do Twitter, que foi do tipo: Caramba, Marta Wayne com esse colar de pérolas querendo passar em um beco do tipo... Pô, pediu, né? - E aí o Bruce Wayne escuta isso e... - Dá um socão na cara do repórter. Na frente de todo
mundo. O que o Batman podia fazer nas sombras com aquele repórter, ele fez na frente de todo mundo. É um Batman, inclusive, com prazer em ser observado. É um Batman fetichista. Mas falando sério, tem essa questão e também tem outro detalhe interessante, é que aqui a gente vê um Bruce Wayne que é alienado. A animação não tenta esconder o quanto que ele, por ser um cara muito rico e muito centrado na sua vingança particular, é bastante sem noção também. Isso se reflete em uma cena em que ele está lá conversando com o Lucius Fox, que
administra as finanças dele, e ele fala, cara, faz aí eu continuar rico e eu não quero saber o que você está fazendo, no que você está investindo, só continua me deixando rico. E um personagem-chave até para exibir isso é o Harvey Dent, promotor público, que depois vai virar o Duas Caras, como é nos quadrinhos e tal. Só que aqui a coisa é um tanto diferente, a gente vai voltar para falar mais do Duas Caras, porque ele é um personagem-chave aqui nessa série. Contudo, já adianto, a transformação do Harvey Dent em duas caras também tem muito
a ver com a dimensão de uma consciência social que o Batman não tinha. Porque isso é uma coisa doida, já estou adiantando um pouco, o Harvey Dent não é mostrado como aquele promotor exemplar que a gente vê muito nos quadrinhos, que a gente viu no filme do Cavaleiro das Trevas do Nolan. O Harvey também é um cara que vive na elite, é um cara que pega leve com rico e que encarcera pobre. O Harvey Dent também se enxerga como um justiceiro, mas um justiceiro que, obviamente, também é fruto do seu tempo, é um cara que
vai ter preconceitos, enfim, ele acaba reproduzindo tudo isso, tentando ser o promotor de Gotham e depois buscando ser eleger para prefeito. E o que é doido é que o Bruce Wayne não vê problema nisso no primeiro momento. Ele até chega a falar que o Harvey não é perfeito, mas é um cara bom e eu vou apoiar a campanha dele para prefeito. Então tem aqui já uma jogada diferente que a gente costuma ver no Batman, que são ricaços falando dos seus interesses de rico e tendo muito aquela visão paternalista sobre as pessoas mais pobres. E isso
vai pesar também na relação que o Bruce tem com o Alfred. Não existe essa relação meio que pai e filho que a gente vai ver em outras obras. Não, o Alfred é o mordomo, o Alfred é o empregado, o Alfred nem mesmo é o Alfred, o Alfred é só o Pennyworth. Sim, o Batman se refere a ele o tempo todo pelo sobrenome e isso é um elemento fundamental aqui nessa temporada, a gente vai falar mais disso também. Inclusive, cabe acrescentar, a caracterização do Alfred aqui está muito diferente do que o pessoal está acostumado. Como esse
desenho procura mostrar um pouco o universo do Batman das primeiras publicações, eles resgataram também a primeira aparição do Alfred. Quando ele sequer ainda se chamava Alfred Pennyworth, era Alfred Beagle. No desenho está o nome Alfred Pennyworth, mas a personalidade está uma mistura. Inclusive, quando a gente estava assistindo os trailers, tu me falou que ia ser o Alfred Beagle e não... Ia ser em fisionomia, mas eu não sabia se o sobrenome ia manter. Mas você falou que eles não vão fazer o Alfred Pennyworth, vão pegar o Alfred original. Sim, só que eles fizeram um híbrido, porque
o Alfred Beagle original nos quadrinhos é um personagem cômico. Ele é uma espécie de gordinho que serve a família Wayne e que tem todo um prazer em ser um detetive amador. É aquela figura meio alívio cômico que ajuda o Batman fazendo investigações por contas paralelas e, no final, os vilões são pegos. Só que, depois, quando veio a série cinematográfica do Batman, a primeira de 1943, a caracterização do Alfred ficou diferente. Ficou aquele cara magro com bigode e, como o personagem recém tinha surgido nos quadrinhos, meio que para alinhar com a série, o Alfred ganhou esse
biotipo que a gente conhece até hoje. Só que tem um detalhe adicional também. O Alfred é muito marcado, vocês podem ver em todas as versões dele para cinema, como um cara que está sempre fazendo comentários sarcásticos. E dessa vez, não. Sim, porque é um Alfred que não tem esse tipo de liberdade com o Batman. E ele é um cara que é visivelmente preocupado, ele quer saber se o Bruce está bem, ele fala: Cara, olha só, você é o mais próximo que eu tenho de um filho, porque eu criei você, de certa maneira, e você está
se destruindo nessa maluquice, tira essa roupa de burseco, cara, você está louco. Inclusive, às vezes, ele dá umas cutucadas sobre a saúde mental mesmo do Batman. Inclusive, ele fala: vai em uma psicóloga, pelo amor de Deus, cara. Vamos combinar, que psicóloga ruim que o Bruce Wayne foi arranjar, né? Mas é a Harley Quinzel. Eu sei, mas pelo menos, apesar dela ser vilã, ela podia ser uma boa psicóloga. Isso foi mostrado de um jeito muito estranho na animação, porque mostra que ela é uma psicóloga muito procurada pela elite de Gotham. E ela é péssima, gente. Que
tipo de psicólogo que confronta o paciente? Você chega na primeira consulta e diz que não está se sentindo bem. E a psicóloga fala que você não está se sentindo bem, porque dá para ver que você esconde uma série de coisas, você tem uma série de problemas, você é uma pessoa extremamente mentirosa, falsa, você é uma pessoa desgraçada, eu vou te cancelar no Twitter, filho da... Para além disso tudo, e já que a gente falou de alequina, dá para puxar esse gancho, o Caped Crusader também está causando muita polêmica. Não só por essas questões aqui que
a gente está falando em torno do Batman, que eu acho até tão sutis e pouca gente está pescando, então é isso que eu quero mais aprofundar, mas também tem as questões mais superficiais que tem gente dando xiliquito. E eu já adianto, tem a ver com o fato de personagens que foram alterados e por motivos que a gente pode discutir aqui. O mais óbvio que a maioria já deve estar sabendo o que a gente vai falar agora é o Pinguim, que virou a Pinguina. Que no inglês não tem esse problema, The Penguin. Inclusive, esse detalhe dá
um spoiler no próprio desenho, que a gente viu dublado, então eles falam a Pinguim, a Pinguim, só que se você ver no idioma original, então, o tempo todo falando The Penguin. Aí quando aparece a primeira vez, você fala: é uma mulher! - A Osvalda. - Grande Osvalda. Só que não teve só o Pinguim ou a Pinguim que ganham grandes alterações. É o caso também da própria Arlequina, que aqui é a doutora Harley Quinzel. Aí vocês dizem: é a de sempre. Pois é, mas nem loira ela é, tem traços asiáticos. E aqui ela surge antes mesmo
do próprio Coringa e é mais complicado ainda, porque ela é uma vilã, mas ela é uma vilã que talvez não seja bem uma vilã. A gente vai falar disso mais depois. Tem também a Barbara Gordon, defensora pública. A Batgirl, que sempre foi retratada como bibliotecária e agora ela é defensora pública. Confesso que gosto mais dela como defensora pública do que a comissa Gordon 2.0. Que aparece no Batman Lego, né? - É, eu achei muito estranho aquilo, cara. - É, aquilo eu também não curti. E não é o único lugar que ela aparece Como sucessora do
Gordon no departamento de polícia, tem umas outras óbvias agora, não vou lembrar qual é, mas tem mais lugares que ela aparece como comissária. Sim, tem vários futuros alternativos dela assim. Tem o detalhe que todos os Robbins, ou que talvez nem se torne Robin, mas todas aquelas crianças são do mesmo orfanato. O Dick Grayson, o Jason Todd, a Stephanie Brown, a Carrie Kelly. Todo mundo ali é criado pela Leslie Tompkins, que aliás é uma personagem excelente do Batman, que pouca gente conhece, o cinema até hoje não adaptou ela. E tem Duas Caras que está errado, não
está, Thaís. Ah, porque o lado bugado está do outro lado? Exato, eles fizeram no outro lado, mas isso não é por acaso e ter um sentido acho que é bem legal. Mas todas as mudanças foram boas e eu já digo de antemão, não, eu acho que algumas são bem ruins, na verdade, algumas dessas que eu citei aqui eu achei que foram péssimas e tal, mas não é pelos mesmos motivos que a maioria dos nerds costuma arrancar as cuecas pela cabeça. Enfim, está falando, falando, falando e para poder agora aprofundar e não ficar só em platitudes,
a gente vai ter que entregar aqui alguns spoilers, talvez até quase todos, mas só assim para eu poder explicar para você se o Batman é realmente aquele cara que o pessoal gosta de dizer por aí que só bate em pobre. Porque é sério, essa afirmação parece que o pessoal da animação escutou, e eles procuraram dar uma resposta. Mas antes de se aprofundar no sociologismo de boteco de um cara vestido de morcego... Curta o vídeo se estiver curtindo, se inscreva caso seja novo por aqui e compartilhe. Esse canal só existe graças aos apoiadores, são eles que
sustentam esses diálogos completamente desnecessários sobre Batman. Mas tem recompensas bem legais, como lives aqui comigo, grupo de estudo, grupo no Telegram, sorteio de gibi e conteúdo exclusivo. Vou deixar o link do nosso apoio na descrição do vídeo, no primeiro comentário fixado. E cogite ser membro também aqui pelo YouTube por R$6,90 ao mês e tenha acesso a vídeos e lives exclusivas. Mas vamos embora. Uma coisa que eu não vou fazer aqui nesse vídeo, eu até procurei levantar dados sobre se alguns episódios, quem era o roteirista, quem era o diretor, para ver se eu conseguia perceber uma
certa assinatura, mas pior que não, é bem misturado. Eu fiquei pensando se é um dos episódios que eu mais gostei da mesma galera, e não, é uma equipe grande. Inclusive, a gente reparou que são muitos roteiristas. Sim, inclusive alguns nomes conhecidos da galera dos quadrinhos, como Greg Rucka e Ed Brubaker, que não por acaso estão ali, são caras que escreveram algumas das histórias mais célebres do Batman, que é da série Gotham Central. Para quem não sabe, Gotham Central, que quando saiu pela primeira vez no Brasil foi traduzido como Gotham City Contra o Crime. Que é
ótimo o nome, ótimo. Apesar de ser uma referência a uma outra obra e por isso que trocaram. Que é aquela série Nova York Contra o Crime. Mas enfim, Gotham Central é uma história policial que o Batman é um coadjuvante. Ela é focada nos policiais de Gotham e saiu em uma época em nos quadrinhos o comissário Gordon tinha se aposentado. Então também não tem tanto Gordon. Daí que é bacana a gente aprofundar e conhecer mais uma série de personagens ali, como a Renee Montoya, o Bullock, o policial Corrigan, que também aparece nesse desenho. Enfim, é uma
história tipicamente policial, detetivesca. E esse é um ponto importante, porque dá para ver que em Batman Caped Crusader procuraram se manter assim. É, antes de tudo, não uma história de super-herói, embora tenha momentos tipicamente super-heróicos, mas é uma história de detetive. E por isso que a gente falou, bebe muito nas influências da época. Não só nos primeiros quadrinhos do Batman, de 1939, 1940 e 1942, mas também, ou até mais, nas revistas Pulp da década anterior, que eram revistas baratas, histórias bastante populares, que traziam crime, mistério, investigação. Inclusive, sempre bom lembrar, o Batman é uma maçaroca
de influências, e uma delas é o Sombra, que é um personagem bastante popular das Pulps, mas também é um personagem bastante popular do rádio. Você já viu o filme do Sombra? Não. E tem vontade? A gente pode assistir. Ela sabia que o som para quem fazia a voz dele na rádio era o Orson Welles? Isso eu sabia, porque você já tinha me falado. Imagina aquele vozeirão, né? Lembra um pouco o Batman feito pelo Márcio Seixas? Exatamente. Como eu estou com a língua frouxa hoje? Tem que fazer aquecimento para falar, entendeu? Faz o aquecimento. Inclusive, um
adendo, a série tem 10 episódios e foi renovada para a segunda temporada. Inclusive, disseram que se continuar tendo audiência, eles vão fazer terceira, quarta, sei lá. Tem gente até que está se perguntando por que está na Amazon e não na Max, que é da Warner e pai, é porque basicamente eles venderam. Licenciamento. E por mais que sejam só 10 episódios, está bem redondinho. Claro, tem várias pontas soltas, eles fazem um epílogo lá que eu até achei meio tosco, mas tem muita história ainda pela frente, mas dá para ver como uma série fechada. Deu para ver
que eles queriam fazer algo que, vai não renove, pelo menos a gente fez uma obra que... É, embora a série seja bastante episódica, cada um tem a sua historinha fechada e tal, existe entremeado uma história maior que se fecha nessa temporada. Outra coisa também que a gente pode comentar, pegando carona nisso, é o estilo do desenho, que realmente lembra muito a série dos anos 90. É aquele Batman do queixo quadrado, a cenografia lembra muito também, porque a série dos anos 90 é um pouco mais diferente na sua relação com os anos 40. Enquanto que essa
aqui procura se passar realmente nos anos 40 e ponto, Caped Crusader é nos anos 40, mais ou menos, pode ser final dos 30, ou até mesmo início dos 50. No caso do Batman dos anos 90, eles faziam umas coisas mais malucas. Eles cunharam, inclusive, um termo que era o Dark Déco, ou seja, pegando elementos da Art Déco, que era predominante nos anos 20, anos 30, até mesmo nos anos 40, mas trazendo para os dias de hoje, no caso dos anos 90. Por isso que na série dos anos 90 já é aquela coisa que eu achava
muito legal do Batman usando um computador, só que a imagem do computador era em preto e branco. Eu tinha uma brincadeira com retrofuturismo. Já agora não tem tanto, embora tenha alguns elementos ali que eu achei engraçados. Aquele momento do Batman com o Sumarino, eu achei demais. Eu sou meio ignorante nisso, mas Sumarino, assim, sei lá, já dava para pensar em submarinos tão ágeis, sei lá, um cara rico conseguiria ter um submarino nos anos 40. Eu estou achando que até para ricos é demais nos anos 40. O que você entende de submarinos, Thaís, muito a respeito
ou não? Ah, sim, com certeza. Eu sou uma especialista em náutica submarina. Eu trouxe aqui a Thais, doutora Campos em submarinos e submersões. Não vai ter essa resposta. Se você é um especialista em submarinos, comente aí, certamente tem vários aqui no canal. Você fica fazendo pouco caso, mas pode ter entusiastas de submarinos, ou seja, comenta aí, engaja que ajuda. Mas enfim, por ter esse estilo que lembra muito a série dos anos 90, aqui entrou para mim um pouco esse sabor agridoce da nostalgia. Bom, aqui eu já estou em uma sucessão de vídeos nesse canal falando
mal de nostalgia. Tem a abertura da série, que é muito bonita. A abertura é em preto e branco, ela traz várias imagens de Gotham, da parte escura de Gotham, uma imagem bastante granulada, cheia, com muito grão, bem carregado nisso e que evoca bastante um espírito noir. E eu fiquei pensando, por que a porra da animação inteira não é assim? - A animação toda sem preto e branco? - Eu acho. Podia ter culhão, sabe? As pessoas às vezes veem preto e branco simplesmente como não tem cor. Não, a partir do preto e branco, você pode trabalhar
contraste, pode trabalhar textura, pode trabalhar grão. Tem tanta coisa que dá para trabalhar no preto e branco. E eu fiquei com vontade de ver algo mais ousado, do ponto de vista estético mesmo. Eu achei que eles foram no seguro. É uma animação da DC, é uma animação boa, a gente está falando no geral bem, é uma boa série. Mas ainda assim é uma animação que em termos de cor é bem desbotada, ela está quase beirando o sépia. Mas ainda é jogar no seguro, eu achei pouco ousado, eu fiquei com vontade de ver uma coisa mais
estilizada. Eu não sei como trazer isso de uma maneira clara, mas eu ficava com vontade de ver uma animação... É para se basear no Batman dos anos 40, ok. Então traz também aquela sensação de textura velha de Gibi dos anos 40. Sabe se você pegar um impresso da época nos dias de hoje e vai estar aquelas cores desbotadas e o papel todo... Mas aí eles estavam querendo beber no sucesso da série dos anos 90, né? Pois é, por isso que eu estou dizendo. Tem aqui um elemento de nostalgia, tem um pouco desse retrogosto. E tem
um detalhe até que eu acho interessante, é que essa nostalgia me parece que ficou maior para nós aqui no Brasil até do que para os próprios americanos por causa da dublagem. Sim, eles trouxeram muitos dubladores da série dos anos 90, dentre eles, o Márcio Seixas, fazendo Batman novamente. E agora nós vamos ser cancelados porque a Thaís vai falar mal do Márcio Seixas. Fala mal. Ai, não me põe nesse lugar feio. Tu falou, agora fala para a câmera. Fala na cara do coitado do homem lá. O homem está fazendo seu trabalho. Fala mal do trabalho dele
agora. Aqui se faz, aqui se paga. Quando a gente estava assistindo, falou horrores. Eu não falei horrores, para com isso. Não, ela só criticou... Márcio Seixas é um senhor de idade e, com a idade, a voz vai perdendo muito da elasticidade. Acho que o Márcio Seixas ainda é um puta de um ator e que ele fez muito bem o trabalho enquanto Batman, mas quando passou para o Bruce Wayne, faltou a leveza. É isso. Eu também concordo, porque até mesmo pegando o próprio trabalho do Márcio Seixas nos anos 90, quando ele fazia o Bruce Wayne, ele
conseguia mudar bastante o tom, né? Sim, era uma voz, quando entrava o personagem do Bruce Wayne, era uma voz jovial. - E agora não. - Agora ele não consegue. Me parece que ele não consegue mais. Até porque é normal, gente. Conforme a gente vai ficando mais velho, a nossa voz tende a ficar mais grave. E o Marcio Seixas agora já era um homem com uma voz grave. Me parece que agora ele está com a voz muito grave. Aquele vozeirão dele, potente. Eu acho que o timbre dele não mudou tanto, porque obviamente ele passou a vida
inteira exercitando para preservar a voz dele, só que perdeu em elasticidade, assim, para conseguir modular de maneira diferente, de ter uma variação maior. Então é isso, quando ele vai para o Bruce Wayne, a gente acaba, sabe, a suspensão da descrença vai embora e a gente começa a entregar o trabalho de... Existe um dublador fazendo esse personagem? É, porque fica até engraçado, né? O Bruce Wayne fala igual o Batman, sabe? E ele interage com as mesmas pessoas, ainda mais que é uma voz muito grave. É uma voz muito marcante. Imagina, você acabou de ver o Batman
e fala que vai pegar você. Aí você fala que é o Batman e de repente vem o Bruce Wayne. Foi tudo bem, como é que vocês estão? Oh, te peguei. Mas enfim, a gente não está pegando no pé. Como o Batman ficou muito bom, mas Bruce Wayne... E isso é um detalhe interessante porque a equipe falou que a escolha do ator para fazer o Batman em inglês foi o... Hamish Linklater. Pois bem, disseram que ele foi escolhido nem tanto pelo Batman, mas pelo Bruce Wayne. Porque ele conseguia fazer essa modulação legal entre a voz de
um e a voz de outro. Embora agora, nesse sentido, eu vou dizer o seguinte, prefiro o Batman do Márcio Seixas. Eu não sei, eu não assisti a interpretação, eu não assisti em inglês para ver. Em inglês eu achei que daí é um cara forçando a voz. Aí começa a ficar meio ridículo, sabe? Oi, eu sou o Batman. Veio um comentário muito errado na cabeça agora. Fala, qualquer coisa a gente corta. Por que você está fazendo o Batman do Pit Bicha? - Homem com H, mano! Oi, eu sou o Batmaaaaaaan! Não, é que assim, quando alguém
tenta fazer uma voz grave forçada, sempre fica uma coisa ridícula. Muito machinho querendo "oi, como você..." Tá bom, eu não sei fazer. Sério, tu fica soando o Pit Bicha. Agora não vou ficar também comprando briga com o pessoal da dublagem, mas já teve um ou outro dublador que passou pelo Batman, em trabalhos bem pontuais. Cara, dá para ver que ficava um pouco isso, sabe? Eu estou fazendo de um jeito, está ficando parecido com o Tom Cavalcante, mas eu estou querendo mostrar que é aquela coisa de realmente querer impostar e a pessoa não tem técnica ou
não tem a voz. Às vezes a pessoa até tem a técnica, mas a voz vai até um pedaço. Eu fico uma coisa, eu quero mostrar que eu sou um cara muito perigoso e tal. Está desse jeito, em inglês está desse jeito. Eu vou falar agora como o Batman e eu vou pegar você e blá, blá, blá, blá. Imaginando se um criminoso realmente se deparasse com o Batman falando desse jeito e dizer: pô, pare de forçar essa voz, tu acha que vai me ameaçar? Ou então, tipo, tá precisando beber uma água. Só porque tá falando desse
jeito! Meu Deus, começou o cavernoso e tal. Já quando é o Marcio Seixas, é uma voz natural, tá vendo que é uma voz densa e não parece estar sendo forçada em nada, até porque de fato não está forçada, que vê qualquer entrevista com o Marcio Seixas, vê que aquela é a voz dele. Mas não teve só ele que voltou. Dos dubladores das antigas que eu notei, o mesmo dublador do Duas Caras, que era o cara que fazia... Eu não vou lembrar agora o nome dele. A mesma dubladora da Batgirl. Aliás, a dubladora da Batgirl, da
Bárbara Gordon, é a mesma já há muito tempo. É essa mesma voz que eu reconheço, que eu também não lembro o nome dela. E isso é doido. Quando a gente para para pensar, está falando para a Thaís assim... A gente está vivendo nos últimos décadas, isso é uma coisa nova, que é essa longevidade cada vez maior e da gente ver pessoas com 60, 70, 80 anos trabalhando. Eu não sei a idade desses dubladores todos, mas ao mesmo tempo não deixa de ser impressionante a gente ter os mesmos dubladores de 30 anos atrás, porque faz mais
de 30 anos que eles fizeram esse trabalho. Ajuda o fato de que dublador, se ele envelhece visualmente e a voz está preservada, ele pode continuar trabalhando de boa, né? Mas mesmo assim, antigamente as pessoas nem duravam 30 anos trabalhando. É isso que eu falo. A gente vive uma época que é muito surreal quanto que coisas de 30 anos a gente consegue resgatar. As pessoas ainda estão aí. Tu consegue, às vezes, fazer um episódio de uma série antiga com elenco original, está todo mundo aí, a série foi no ar há 30 anos, sei lá. Ou mesmo
quando às vezes tem um elenco grande, tem 20 pessoas, morreu um nesse processo, ou seja, está todo mundo ainda por aí, etc. Mas tudo isso que eu estou falando aqui não é necessariamente um elogio, ou seja, o problema não são as pessoas, os dubladores são todos excelentes, etc. O problema só é de forçar um pouco nessa nostalgia que eu acho que, no final das contas, não precisava. É uma série nova, com uma proposta nova, embora eles, estilisticamente, já sinalizem para o passado. Então, também, com isso, não estou criticando a escolha das vozes para dublagem. Embora,
também vale elogiar o dublador novo do Batman, que eu acho que também teria feito um bom papel. Duda Ribeiro, não é esse o nome dele? Mas ele fez só o Batman Lego ou ele está como o dublador do Batman mesmo? Ele está fazendo vários trabalhos com o Batman. Ele está excelente para o Batman atualmente. É, que é um cara muito bom também. E não se trata aqui de fazer cross, acho que tanto o Marcio Seixas quanto o Duda Ribeiro fazem Batmans diferentes, mas acho que são excelentes. É que eu tendo a achar que o trabalho
do Duda Ribeiro com o Batman está mais condizente com o que a gente tem de imaginário de Batman hoje. Sim, o Duda Ribeiro é o Batman do Robert Pattinson. É, e é isso também que eu acho legal de comentar, é que esse Batman dessa animação atual está muito parecido com o personagem que o Robert Pattinson desenvolveu no filme. Inclusive, o Matt Reeves, que é o diretor do The Batman... É o produtor executivo da animação. Embora sempre bom lembrar que às vezes o pessoal não sabe isso sobre cinema. Produtor executivo. O que é um produtor executivo?
Basicamente, é quem empresta prestígio. É um fiador. É quase um fiador se você vai alugar um apartamento, uma casa. Então, o Matt Reeves não quer dizer que com isso ele interviu e falou que tem que ser assim. É capaz de, inclusive, ele ter visto muito por cima o projeto. Basicamente, ele só emprestou nome. Mas é engraçado porque é sinal dos tempos. É assim, tipo, você vê que tem um Batman que é o Batman de hoje, assim. Mesmo que esse desenho seja nos anos 40, mesmo que seja uma outra equipe, é um Batman que é muito
sintonizado com o Batman do Robert Pattinson. E nem dá para dizer que eles tentaram se basear tanto assim no filme, porque esse projeto está pipocando ali dentro da Warner há muito tempo. Eles já tinham alguns desses roteiros mais ou menos escritos. Claro que eles podem ter feito alterações agora para fazer nesses últimos tempos, mas, repito, eu acho que é uma coisa mais de sinal dos tempos. Hoje existe um Batman que as pessoas estão querendo ver e daqui a pouco vai ser outro e tal. E que Batman é esse? Vale responder. Que Batman é esse? Esse
Batman de hoje, que a gente está vendo ser trabalhado, é um Batman muito mais melancólico. É um Batman que é bastante alienado e alienado não só em termos de classe, mas também alienado de si mesmo, de não se perceber e perceber as suas angústias e tal. Ele está muito focado... É um Batman muito obsessivo com relação à sua vingança, o trauma que ele viveu lá no passado. É inclusive um Batman que é muito... Foda-se para o dinheiro dele, porque tem inversões do Batman que basicamente ele está interessado em ter lucro porque ele entende que tendo
lucro ele tem dinheiro para... Sim, o Batman do Nolan vai nessa direção. Já o Batman do Robert Pattinson, assim como esse aí, é um cara que está torrando grana, ele nem está pensando muito se daqui 10 anos ele vai estar na miséria, foda-se ele estiver daqui 10 anos na miséria, ele está se matando nesse processo. É, como eu falei antes, tem essa cena do Batman com o Lucius Fox, o Lucius Fox vai prestar contas dos investimentos mas ele fala que não liga, só me deixa rico. Mas é, me deixa rico do tipo para eu gastar
mais e também não estou preocupado com aposentadoria. Aliás, ele fala que a única preocupação é aquele fundo que eu guardei e é para ele gastar com as coisas de Batman. Mas vamos falar dos outros personagens e, nisso, passamos pelas polêmicas. Primeiro, vamos falar dos coadjuvantes do núcleo Batman. Aliás, mais um ponto em comum com o Batman do Matt Reeves, o comissário Gordon é um homem negro, já seguindo uma tendência que a gente está tendo de atores ou versões negras do Comissário Gordon, o que, em partes, eu acho legal no filme do Matt Reeves, ali funciona
perfeito. Nessa série, eu fico me perguntando, e é uma ignorância minha, se a gente tinha policiais negros em posições de comando nos anos 40, eu não acho muito crível isso. Mas isso está sendo um movimento na cultura pop já um pouco mais amplo. Outras séries de época, outros filmes de época estão começando a trazer um casting mais diverso, independente da época que eles estão retratando. Tudo bem, eu entendo a importância política disso. Só que no caso do comissário Gordon, por ele ser um policial negro, eu acho que funcionaria ainda mais ele não ser o comissário.
A gente conseguiria acompanhar, inclusive, as dificuldades do sargento Gordon, do tenente Gordon, de ser um homem negro no meio de uma polícia que é muito branca e que está conseguindo conquistar posições, está conseguindo crescer. Quando ele já começa como comissário, eu fico sentindo falta de um background que podia ser muito legal. Mas esse componente do racismo e das brigas que as pessoas pretas passam para conseguir galgar posições profissionais e tal, isso não foi algo muito abraçado na série. E como o comissário Gordon é mostrado como um homem negro, a Bárbara Gordon também é mostrada como
uma mulher negra. Embora tenha essas coisas que agora eu estou vendo vocês fazerem muito, fizeram isso muito com a Mary Jane recentemente também. É uma mulher negra, mas de cabelo vermelho, para manter o elemento do cabelo vermelho, que também era típico nos quadrinhos e tal. Só que a principal mudança nem é tanto essa questão da cor da pele, e sim o fato de que agora a Barbara Gordon é uma defensora pública. E aí já começa, talvez, uma crítica que eu tenho para o nosso querido desenho Batman Caped Crusader, que é o fato de você pegar
personagens muito conhecidos e colocá-los em uma posição nova que você fica se perguntando por que não se criou um personagem novo. Você gostou da Barbara Gordon como defensora pública? Eu gostei daquela personagem, mas eu fico me perguntando quais serão os desenvolvimentos dessa personagem depois. Porque não adianta, quando a gente está falando de Batman, a gente está pensando em transmídia. A gente quer saber como é que aquele personagem vai ser abordado também em outras obras. Se é que vai. Mas enfim, ali naquele contexto dessa animação, eu achei que a personagem ficou muito legal. Eu gostei muito
de ter uma personagem forte que é uma defensora pública. É isso que eu sempre falo. O Batman, o pessoal fala que não tem mais o que contar com ele, por isso que eles ficam pegando os personagens já conhecidos e mudando a gênero, mudando a cor de pele, que tudo isso vai ter implicações na história. Ou muda a origem, muda a profissão, enfim, o pessoal fica fazendo uma espécie de multiverso forever. Só que eu acho que, mesmo dentro do cânone, tem muita coisa ainda para explorar. Ok, o Batman tem 85 anos, é difícil contar histórias novas
para um personagem que já foi tão contado, mas eu ainda acho que tem furos, tem buracos. A gente não tem um personagem forte da defensoria pública no universo do Batman. Qual é o personagem que existe? No canone mesmo, gibizinho ordinário do Batman. Qual é o defensor público ou a defensora pública, que é um personagem marcante ou que tem essa dinâmica muito boa que aparece na história. Porque aqui cabe comentar para você que não viu o Batman Caped Crusader. A personagem da Barbara Gordon, a defensora pública, serve muito para ser a contraparte do punitivismo do Batman
e isso é uma coisa muito foda e muito atual. Isso é uma discussão sobre Batman que não tinha décadas atrás. E o Batman, basicamente, aqui a gente vê como uma espécie de extraforça policial, que resolve tudo encarcerando, é bandido na cadeia, é doente mental no asilo Arkham. O Batman é aquele gárgula, aquele demônio que aparece na noite. Sim, bandido bom é bandido recluso, né? Exato, o próprio Batman é um signo de nenhuma saúde mental. O Batman é um cara que não se trata, que não se cuida, então a maneira que ele tem de lidar com
os problemas dos outros é trancafiando as pessoas, e nesse sentido a animação é boa, porque o Batman também se trancafia. Tudo bem, ele sai à noite, faz as coisas que ele faz, mas ele é um cara recluso também, ele escolheu a sua própria cela, a Batcaverna é a cela dele. Então ele carrega um punitivismo, que inclusive é um punitivismo talvez um pouco diferente daquelas pessoas que acham que a solução é só prisão, não, é porque de certa maneira o Bruce Wayne é a maneira como ele se vê e como ele vê os outros, enfim, tem
ali todo um problema psicológico da parte do trauma dele. Mas seja como for, isso estabelece uma dinâmica boa, caramba, tem uma outra personagem que é a Barbara Gordon ali na história, a defensora pública, que fala, olha, a gente tem que conseguir trazer essas pessoas de volta à sociedade, a gente tem que reabilitá-las, nem sempre prisão é a solução. Inclusive, é ela que serve, ao longo da série, com uma personagem que denuncia que o Harvey só prende pobre. Ela se incomoda com esse punitivismo do Batman, que parece que sempre recai mais nos capangas e tal. Ela
se incomoda com a violência policial. Inclusive, ela treta muito com o pai dela. Inclusive, tem uma cena em que ela e o Gordon acabam brigando, porque o Gordon fala que bandido não tem jeito. Bandido, a única solução que tem é prender e é isso. E ela fala que não, que tem bandido que tem condições de ser reabilitado, que todo mundo merece uma segunda chance. Só que essa história tem um final grudoso, como é típico das histórias noir, e aqui a série procura beber muito nessa estilística, que é a descoberta de que um dos bandidos que
ela defendeu mandou matar ela por achar que ela não defendeu ele com a vontade necessária, enfim. Achou que ela fez um trabalho porco. É, sendo que a coitada se esforçou. E tanto que quando ela vai bater de frente com ele, ela fala eu consegui a menor pena que era possível para o teu caso. E aí ele fala não, mas não foi suficiente. Mas ela fala que é o que a lei permite, sabe? E é legal isso, porque esse tipo de narrativa é típica daqueles detetives do cinema noir, que são homens que no final descobrem que
aquilo que eles entendem como certo e errado, eles não conseguem sustentar, porque o mundo é mais complicado. E eu gostei que isso foi deslocado para a Bárbara, para uma mulher, uma defensora pública. Eu acho que funcionou muito bem isso. Porém, por um lado, eu fico com um pézinho atrás, porque me veio uma certa insistência na person... Embora ela seja uma mulher forte, uma mulher empoderada, ainda assim, existe um componente de ingenuidade, porque ela acredita em segunda chances, quando, na verdade, a pessoa para quem ela tentou dar uma segunda chance foi lá e ferrou ela depois,
sabe? É, mas a série vai e volta, porque depois o Duas Caras também merece uma segunda chance, e no caso do Duas Caras, valia a pena dar uma segunda chance, foi ela que bancou isso, e ali é o Batman que vai para o lado dela, o Batman que vê que realmente não dá para ceder a esse punitivismo. Mas enfim, a gente está se adiantando, porque o arco do Duas Caras é a coroação, inclusive são os dois últimos episódios, é a coroação das ideias aqui apresentadas. Mas vamos com calma. O que eu queria voltar é... Mas
a Bárbara tinha que ser defensora pública? Esse é o ponto que aqui começa, talvez, e que vai se estender para outros personagens. É que aí eu acho que entra um pouco de uma questão da visão que os roteiristas tinham para essa personagem. A Bárbara Gordon pode ser uma grande pessoa sem estar na sombra do Batman. Sem precisar ser a Batgirl. É ok, mas eu ainda fico com a sensação de por que não é uma personagem nova? E eu sei a resposta, todo mundo sabe a resposta. Caso você não saiba a resposta, é a seguinte. Artistas,
roteiristas, etc., salvo contratos muito específicos, não são donos dos personagens que eles criam para DC ou para Marvel. Desde os anos 90, mais ou menos, quando começaram a surgir editoras que conseguiam dar dinheiro e dar abrigo para autores independentes, como a editora Image, como a Dark Horse, entre outras, desde aquela época cada vez mais artistas, roteiristas, etc., não querem criar vilões novos, não querem criar personagens novos. O fato de hoje os quadrinhos de super-heróis fazerem muita reciclagem tem a ver com o fato de que nenhum roteirista vai ser trouxa o suficiente de criar um personagem
para o qual ele ganharia por fazer qualquer outra coisa e depois esse personagem vai estrear um filme, vai ser um personagem bilionário e o cara não vai ganhar um centavo. Então eles ficam pensando: cara, eu vou guardar as minhas ideias mais originais para lançar um quadrinho que é meu, que depois pode virar uma série e tal e eu vou fazer a grana. Se, por um lado, às vezes a galera vê como uma agenda progressista, do tipo: olha que legal, estamos mudando os personagens e colocando eles assim, ou empoderando mais assim o assado, também tem outro
componente que é um tanto trágico, já que a gente puxou esse lado noir, ou seja, mesmo na vitória há uma derrota, que é a constatação de que tudo isso só está acontecendo porque os roteiristas não conseguem ser donos dos personagens, porque os artistas não conseguem ter propriedade sobre eles. Por isso que a gente vê isso. Em vez de criar uma defensora pública, que depois pode vir para os quadrinhos normais do Batman, ou seja, criar um personagem extremamente relevante, uma personagem nova, põe a Bárbara, porque é uma marca já consolidada, e é isso. E dane-se, é
azar. E, nesse sentido, eu fiquei com a mesma sensação em relação à Pinguim. Aliás, o primeiro episódio, que é o episódio da Pinguim, eu achei o pior episódio. Eu até achei curioso isso, uma série que é boa, que vai crescendo, mas o pior episódio é justamente o primeiro. - Você gostou? - Eu achei meio morno. Achei morno. - E da adaptação da Pinguina? - Eu achei que não acrescentou. E não é o problema de ser uma personagem mulher e tal. Eu só acho que isso, especificamente, não agregou ao personagem, não trouxe mais dramas pelo fato
de ser uma mulher agora. Eu até achei interessante eles trazeram uma espécie de Pinguim melindrosa. Caso você não saiba, melindrosa foi todo um estilo, uma moda típica dos anos 20, anos 30, dentro do universo feminino. Mulheres mais independentes, mais ousadas, também tinha toda uma questão de roupa, de estilo de cabelo, etc, de música, de dança. Então, ok até esse ponto, mas também teve o universo dos filhos, que é uma Pinguim com dois filhos, que ela, inclusive, é cruel com os filhos. E a coisa vai indo de tal maneira que o problema, para mim, sinceramente, sendo
bem honesto, não é o problema de ver o personagem de pinguim sendo mulher, tipo, meu Deus, transformaram em mulher. Não, dane-se, não é essa a questão. O lance é que chegou um ponto que eu falei, por que é o Pinguim? Eles botaram um guarda-chuva, um elemento outro de guarda-chuva ali para dizer que é o Pinguim. Mas podia ser qualquer outra personagem sem guarda-chuva e pinguins. E aí, reinsisto, mais uma vez isso, não é uma personagem nova porque os caras não querem criar personagens novos, porque não existem condições materiais que vão incentivar os artistas a criarem
personagens novos e, para a DC, isso está bom, porque eles também querem reciclar marca, então vamos reciclar a marca do Pinguim e é isso aí mesmo. Mas, poxa vida, pensando até mesmo no fato dessa série ter comparação com a de 1990, a de 1990 criou a Alequina, cara. Olha onde a Alequina está hoje. E já que falamos de Alequina, podemos falar dela, mas eu só queria falar mais uma coisa sobre a Pinguim. Se fosse o Oswald Cobblebott Drag Queen, eu acho que seria bem coerente com o próprio cânone dos quadrinhos. Porque se você pega o
pinguim lá do começo, o pinguim foi mostrado como um cara muito excêntrico. E essa excentricidade situada no contexto dos anos 40, associada com uma cultura drag, que nos anos 40 era visto como algo profundamente excêntrico, eu acho que combinaria. Agora o fato dele ser, pelo que mostra ali, uma mulher cis. Então o fato de ser uma mulher cisgênero, com filhos, aí eu já acho que é outra personagem, que podia ser muito legal, inclusive. Uma vilã melendrosa do Batman, uma mulher mais voluptuosa. Eu achei que funcionava tanto e não entendi por que é Pinguim. Vamos lá,
Arlequina, também é outra que foi muito, muito modificada nesse desenho novo e, enfim, já adianto, mesma crítica, é uma personagem nova, aliás, é uma personagem cruzada. Além de ela ser uma psicóloga muito ruim, ela é uma espécie de Robin Hood, o grande crime dela é que ela sequestra homens ricos de Gotham e ela faz torturas com eles para eles entregarem as suas fortunas para os pobres. Ela é uma espécie de psicanalista perversa, porque ela pega esses clichês da psicanálise, de que você precisa resolver uma série de problemas da primeira infância e tal, e daí ela
faz uma espécie de regressão com esses ricassos, ela deixa eles uns bebezões, mesmo assim, literalmente bebezões, eles começam a ficar dependentes dela e se vestem como bebês. E aí, a partir desse tipo de manipulação mental, que é um lugar que ela chama de cercadinho, muito curioso, ela vai fazendo com que esses recassos doem dinheiro. E dá a entender que não é tudo para doação, também vai um bom pedaço para ela. Claro, ela tem que colher os lucros do seu trabalho. Mas, como a gente já comentou, também fizeram ela com traços asiáticos, tiraram ela daquela coisa
da loirinha, magrinha, peituda e tal. E tudo isso eu acho excelente, exceto o fato de que por que é Arlequina, cara? E ela se vestir de Arlequina não acrescenta em nada para aquela persona que se criou ali. Se ela se vestisse como uma babá, se ela se vestisse como uma personagem nova teria funcionado muito melhor, teria funcionado extremamente melhor. Eu chuto, com base em nada, de que nas primeiras versões dos roteiros aqui dessa série animada, eles tinham como vilão o Hugo Strange. Cabe lembrar que o Hugo Strange, que inclusive aparece muito no Arkham City, no
game, é um vilão anterior ao Coringa. Dos vilões antigos do Batman, é o único que até hoje está aí. Inclusive, muitas vezes, de maneira errada, o pessoal puxando um chatGPT da vida, vai dizer que o primeiro vilão do Batman foi o Hugo Strange. Não, não foi. Mas dos vilões das antigas que até hoje estão aí, o primeiro é o Hugo Strange, sim. E o Hugo Estrange tem esse lance de ser o cientista maluco/psicólogo/psiquiatra do Batman. E aqui dá para ver que a Arlequina meio que ocupou esse espaço, ela é a Hugo Estranja. Só que eles
provém de criar uma personagem feminina, até para gerar também uma certa tensão sexual, que eu acho meio esquisita. Porque a Arlequina dá meio que em cima do Bruce, porque o Bruce Wayne tem que se consultar com ela. E aí eles queriam criar também isso com uma cena onde ela tenta investigar a psique do Bruce, mas ela é uma psicóloga muito ruim na animação. Detalhe, ela é uma psicóloga ruim, a gente falando, porque a animação quer mostrar que ela é uma psicóloga muito boa. Ali faltou para o pessoal do roteiro mesmo, ir atrás... Tipo, eles nunca
fizeram terapia na vida, né? Pessoal do roteiro aí, vamos fazer terapia também. Já os Robin Criança, que você achou? Todo mundo da mesma creche. Eu achei divertido pelo fan service, mas aí a gente pergunta, vai ter Robin nessa série daqui a pouco ou não? Eu acho que abre muita margem para questionamentos, para a gente se perguntar do que vai acontecer. Inclusive, a Bárbara Gordon já é uma defensora pública e tal, e os Robins são criancinhas ainda. Eu gostei, tem uma coisa, esse eu já fico no meio termo, porque eu gostei da sacada seguinte. Para quem
não conhece, tem personagem nos quadrinhos que é a Leslie Tompkins, que era uma antiga colega, ela é médica, antiga colega do Thomas Wayne, pai do Batman, então o Batman tem nela uma figura de tia, vamos dizer assim, em algumas histórias até quase que mãe, enquanto que o Alfred é um pai, a Leslie virou a mãe dele. Só que a Leslie foi totalmente para a caridade, ela é totalmente dedicada à caridade. Ela é uma médica que, inclusive, vive no limite da miséria, só é sustentada porque o Batman manda dinheiro para ela, porque os projetos sociais dela
não têm dinheiro nenhum. E aqui eles mostraram que ela cuida de um orfanato. E eu gostei da ideia de todos os Robins estarem lá no orfanato, está todo mundo lá. E é uma maneira interessante de você recontar a história, porque em vez do Batman ficar aliciando uma criança por vez de lugares diferentes, você diz assim, vem cá comigo, vem morrer aqui comigo. Em vez dele fazer isso, basicamente, os Robins são todos crianças de um orfanato que ele tem um vínculo muito próximo. E dá até para brincar com essa simultaneidade de Hobbs, como tem hoje nos
quadrinhos, que têm todos eles atuando ao mesmo tempo e tal. Enfim, eu acho que dá para fazer samba disso. Essa eu já achei interessante. Eu só espero que eles não venham botando todo mundo uniformizadinho, mini-exército de Robbins, porque vai ficar muito tosco Tu acha, é? É o que eu estava imaginando. Sério? Porém, os personagens que desses assim eu concordo que a mudança acrescentou foi a do Alfred, que a gente já falou aqui, que eles procuraram mostrar um personagem um tanto diferente, mas ainda é o Alfred, a gente consegue reconhecer o Alfred. Mas a mudança principal
foi mais voltada para a relação Batman e Alfred. E aqui vem um spoiler, mas é a melhor coisa do final. Você se sente realmente recompensado ao longo da história, porque uma das discussões muito fortes que tem aqui é essa relação Bruce e Alfred. E desse elitismo do Batman, que não consegue reconhecer no Alfred, basicamente uma figura paterna. Ou mesmo um parceiro, sabe, um igual ali que está ali no dia a dia com ele. É, exato. O Alfred não é um igual. E, de novo, mais uma vez o Batman do Robertinho. Eu estava revendo o The
Batman, porque eu vi poucas vezes, inclusive, poucas vezes. Umas 12, pouquinho. E tem aquela cena logo no começo do filme que eu gosto bastante, que é quando o Alfred vem... é a primeira aparição do Alfred no filme, ele vem meio que puxar ali a orelha do Batman e ele fala: tu não é meu pai. Cara, aquilo é muito cruel, sabe? Tipo, é escroto. É um Batman escroto. E eu acho importante o Batman ser escroto, mas um cara escroto não no sentido de isso mesmo e foda-se, ele está aprendendo. E a gente como público aprende junto
com os personagens. E ao longo da animação do Caped Crusader é exatamente isso, o Batman vai pouco a pouco reconhecendo no Alfred o igual e o final que lava a alma é quando, depois de uma série de coisas que o Batman passou e uma série de coisas que ele repensou, a gente também vai falar um pouco mais disso, é quando ele olha para o Alfred, que passou a série inteira chamando de Pennyworth, e ele se corrige. Cara, sério, isso ficou muito bacana. Isso ficou muito bacana porque tem a ver com esse Bruce Wayne/Batman que está
no processo de cura, tá ligado? Assim, tipo, nesse universo aí eu acho que quando ele terminar bem, de fato, ele vai pendurar aquela fantasia, mas ele está nesse processo de buscar uma cura interior e tal e passa por ele reconhecendo o Alfred, não mais somente um empregado, mas enfim, um amigo, um companheiro, uma figura paterna, sei lá. E tem o Duas Caras, que eu acho que é o personagem quase que sombra, no ponto de vista arquetípico na história, ou seja, é o outro Batman que o Batman olha para si e percebe que, talvez, as escolhas
dele estão indo para um caminho errado, ou seja, o Duas Caras servem para o Batman se olhar no espelho. Esse Harvey Dent é um cara bastante... Ele é um cara moralmente duvidoso, a gente começa assim... Ele é meio escrotão, a gente já começa de cara vendo ele como um cara meio escrotão. Ele não está muito ligado para a questão... para o aspecto social dos casos que ele pega ali enquanto promotor público. Ele se deixa também levar pelas influências políticas dele, para a campanha dele para prefeito, ou seja, se ele vai receber o apoio de um
ricaço que está processando uma outra pessoa, ele vai manipular a situação para poder beneficiar esse ricaço que está dando dinheiro para ele e tal. E ele também tem muita preocupação com a própria imagem. O fato deles terem feito na animação com a deformidade dele testado do outro lado, é que eles quiseram brincar com o seguinte, a personalidade moralmente ambígua é o rosto limpinho dele, é o rosto bonitinho, é aquela imagem sorridente de ídolo de jornal da época. E vai ser a partir da deformidade dele que vai começar a aflorar a consciência. Eu acho que isso
é a sacada, é uma das grandes sacadas, junto da relação Batman e Alfred, uma das grandes sacadas dessa animação, que é uma coisa muito diferenciada perante muitas outras histórias do Batman, é o fato de que, a partir da deformidade de duas caras, a gente tem o pesadelo da consciência. Sim, porque, na verdade, ele sempre foi o vilão. E esse pesadelo da consciência vai atormentar não só o próprio Duas Caras, mas o próprio Batman, que vai começar a ter que também adquirir consciência perante o que ele está fazendo. Por isso que esse triângulo-chave no final é
a Barbara Gordon, a defensora pública, que sempre foi essa chamada à consciência. Sim, vai ser a Barbara Gordon que vai pegar o caso do Harvey Dent e vai defender ele até o final. E Aí o Harvey Dent que a gente acompanha, quando ele vira o vilão Duas Caras, é um vilão que a brincadeira é o oposto que a gente costuma ver nos quadrinhos. Então é o lado ali que não está deformado e tal, falando coisas horríveis, e é o lado deformado que está sempre se questionando. Eu deveria estar fazendo isso? Nossa, eu sou uma pessoa
horrível e tal. Então, na verdade, ele meio que vira um vilão, porque ele não está conseguindo suportar a consciência de tudo que ele fez. Ele começa cada vez mais a pirar em um sentimento de culpa, misturado com vingança e uma série de outras coisas que ele não consegue processar, por isso que ele fica perdido em uma dualidade que é completamente insana. E é nesse ponto que o Batman se reconhece. Não é por acaso que uma das cenas finais também maravilhosas é quando o Batman pega a arma de fogo. Ali nasce o Duas Caras Batman, o
Batman pega uma arma de fogo, atira no bandido, a gente até pensa: caramba, vãom botar o Batman lá no início dos quadrinhos, que até usava a arma. Mas não, o Batman até dá tiro, mas ele dá tiro em volta do cara e joga a arma fora. Então, essa ideia de um Batman que sofre porque adquire uma consciência, isso é muito interessante. Essa é a parte que, até as falhas eventuais ao longo dessa animação, eu confesso que foda-se. Isso é creme de la creme dessa série. Inclusive, isso emenda com aquele questionamento, Batman bate só em pobre
e tal. Mas antes disso, eu só queria comentar uma coisa antes de a gente dar a resposta final desse vídeo, que é comentar uns outros vilões de escalão B ou C que ficaram muito interessantes. Porque, assim como a gente criticou o fato de pegar personagens já muito consolidados e mudá-los de tal maneira que vale a pena ter um personagem novo. Quando estamos pegando vilões de escalão B e C, aí vale a pena subverter eles, porque sempre foram personagens meio irrelevantes, então tem mais abertura para brincar. Sim, e já que eles não renderam na sua época,
tem espaço para melhoria, que é o caso do Fantasma Fidalgo. Sim, o Fantasma Fidalgo é um personagem que não é um vilão originalmente do Batman, mas acabou tendo muitas histórias com o Batman. Ele ficou mais conhecido da cultura pop por causa do desenho The Brave and the Bold, onde ele aparece várias vezes, e é um personagem que sempre destoa no universo do Batman, porque ele é um fantasma, ele é de fato um fantasma. Só que aqui na história ele é muito bom porque ele é um fantasma do século XVIII, ele é um imperialista, inclusive lutou
contra a independência dos Estados Unidos, e ele é profundamente racista, elitista, inclusive o modus operandi do crime dele é genial na história, né? Sim, ele só rouba de pobre e rouba de pobre para queimar e botar fora. Basicamente o que revolta ele é ver pobre com dinheiro, ele quer humilhar o pobre, o prazer dele é humilhar o pobre. Tem uma cena que ele invade o metrô e ele não rouba o Harvey Dent porque ele fala: tu é de outra estirpe. Ou seja, da elite de Gotham, ele não quer roubar, ele quer roubar do pobre e
ele rouba para botar fogo. Ele pega as economias que você tem, o seu pouquinho, só para queimar e te humilhar. Aí, inclusive, o Lucius Fox vai comprar a antiga mansão onde a família do fantasma Fidalgo residia. E ele aparece lá para assombrar e fala para o descendente dele que você vai vender a propriedade da família para isso? Ali a animação procurou ser sutil, mas basicamente ele está dizendo que você vai vender para esse homem negro, isso não é nem gente. Porque essa ideia do Fantasma Fidalgo ser um espectro branco aqui foi brincada até mesmo nessa
questão racial, ele é a encarnação da branquitude. Não é à toa que também aparece nesse episódio um personagem mais do universo do Constantine, que é o Papa Midnight, que é um mago negro e vai ser justamente esse cara que vai ser vingado do Fantasma Fidalgo. Inclusive, também é mostrado nesse episódio que a família do Alfred tem uma ascendência aristocrática e tal. Eu gostei desse detalhe, no sentido de mostrar que esse aristocratismo é muito performático na cabeça do próprio Batman. Porque, teoricamente, o Alfred já é um igual, se a gente for pensar só nessa lógica de
sangue azul. E isso serve para ir de encontro com algo que eu sempre falo aqui. O Batman se sente melhor que todo mundo, não só por causa da grana dele, mas é por causa das noias dele. No tanto que, mesmo diante de um cara como o Alfred, que é mostrado que também é um aristocrata como ele, etc., mas ele acha que ainda é inferior, ou que é uma pessoa de outro tipo. Acho que ele nem pensa que é inferior, é só não somos iguais, não somos amigos, não quero proximidade. Então o lugar é esse, o
meu é esse, não vamos também ser amigos não. Sim, tanto o Batman se acha superior que ele acha que ele é o único que consegue salvar Gotham. Inclusive, isso é uma coisa que eu sempre falo, um traço típico do aristocratismo é um senso de excepcionalidade, do tipo eu que tive uma boa educação, eu que tive uma boa formação, eu que sou inteligente, eu que vou salvar todo mundo. Se eu esquecer de salvar, às vezes seja só a manutenção dos seus próprios privilégios, sei lá. Mas essa excepcionalidade, vocês podem ver, isso é muito, muito presente no
Batman. Eu sempre comento, no Batman de 1989, o filme do Tim Burton, tem aquela fala que eu acho ótima, que é típica do excepcionalismo aristocrático, é quando a Vick Vale pergunta para o Michael Keaton: por que você vai segurar o Coringa? Chama a polícia. E ele responde: porque ninguém mais pode. Sabe, é muito? Só eu. Outra vilã também que aparece que é muito bacana, é a Natália Knight, a vilã noturna. E nos quadrinhos é um personagem dos anos 80, é basicamente uma vampira, só que com explicações pseudocientíficas. Ela tem um problema de pele, mas nos
quadrinhos ela chega a ter poder de teleporte. E no desenho, ela é mostrada como uma menina que tem uma espécie de doença, alguma coisa, e ela precisa ser alimentada da energia vital de outras pessoas. Então, obviamente, ela não é mais uma femme fatale, ela é uma menina de 11, 12 anos, por aí. E ela está em Gotham acompanhando um circo, e estão lá os Robbins e ela sequestra, um de cada vez e vai sugando a energia vital deles, mas eles não chegam a morrer, não se preocupem. O que eu acho bacana nessa nova caracterização, é
que o Batman já tem muita vilã femme fatale, ele não precisa de mais uma vilã gostosa, por quem o Batman se sente atraído. Já tem Mulher-Gato, já tem Tália, já tem Hera-Veneosa, a própria Arlequina. Então todas as vilãs do Batman já são assim. Então, eu achei muito legal que eles pegaram a Nathalia Knight, que sempre foi uma vilã escalão C, ninguém mais lembrava dela, deixaram ela mais jovem e fizeram dela um oponente físico para o Batman. E isso é uma sacada muito boa, por que o Batman vai dar um pau numa menina de 12 anos?
Só que ao mesmo tempo, ela tem super força, ela consegue dar um pau de volta no Batman. Inclusive essa história é muito bacana, porque o Batman ali começa a esbarrar justamente com esse despertar da consciência dele. Ok, eu resolvo tudo dando um soco, mas agora eu tenho uma criança superpoderosa, eu vou bater em uma criança, qual é o meu limite? Ela está fazendo coisa ruim, mas eu posso espancar uma criança? Será que eu posso chegar nesse ponto? E essa cena é boa. Tem tanto que ele consegue só dominar a Nathalia quando a Carrie reage para
ajudar e começa a dar estilingada na Nathalia para criar uma distração suficiente para o Batman conseguir fazer alguma coisa. Não é Cassie, é Carrie. Carrie? A gente está falando errado esse tempo todo? Carrie Kelly. Ok, desculpa, falei errado o vídeo inteiro. Não, é Carrie Kelly. - Falou Cassie? - Cassie. É Carrie Kelly. Em compensação, tiveram outros vilões escalão C que continuaram escalão C que eles mal exploraram, o Onomatopeia, que é um vilão criado pelo Kevin Smith, aqui ficou meio qualquer coisa, sei lá, meio... Na verdade, eu nem entendi direito que era o Onomatopeia. E dos
vilões clássicos que ficaram muito bons? A Thais gostou bastante da Mulher-Gato, né? Ela ficou muito divertida, porque ela é uma socialite falida, tiraram dela esse background de garota de programa, ou ex-stripper, enfim, mulher que sofreu na vida, sabe? E tipo, não que essa abordagem seja ruim, mas ver ela enquanto uma socialite falida nesse mundo de femme fatales ficou muito divertido. E ela serve como uma espécie de rima para o Batman, porque ela também tem a sua Alfred, que ela destrata horrores, que nem o Batman no começo da série destrata o próprio Alfred. E que no
final essa mulher trai ela, o que mostra também que o Alfred é muito legal para o Batman, porque o Alfred já podia ter traído o Batman há muito tempo, dizendo: tu é um escroto, não sei por que eu estou te aguentando até hoje, mas no final ele está lá junto. Ela é muito fútil, né? É, uma mulher gato profundamente fútil e eu gostei muito do uniforme, que é a referência também para o uniforme da época. Não, sim, mas faz todo sentido esse uniforme para ela, que é uma mulher super fútil. Tu consegue imaginar a mulher
gato do Batman Ano Um usando o uniforme daquele? Sim, não é nada prático, é saia. - É saia, é capa, é cabelo esvoçante. - Salto alto. - E gato móvel. - E o gato móvel, que eu achei do cacete. Aliás, isso é muito disso também. Ela olha para o Batman e fala: eu também posso ter essas coisas. Isso é legal. Eu vou ter um gato móvel. E tem o episódio do Cara de Barro, que é muito bom, embora eles jogarem no seguro. Basicamente, o que eles fizeram foi adaptar Detective Comics 40, que é a primeira
aparição do Cara de Barro. Caso você não saiba o Cara de Barro, nem sempre foi esse monstro, era simplesmente um ator que usava uma máscara, um ator que não conseguia bons papéis porque era considerado feio para a época, então ele só fazia vilão. E ele coloca uma máscara e começa a fazer uma série de crimes, então é uma história de mistério. Mas também é uma história muito neogótica, tem castelo, tem tudo. Aliás, esse é um ponto aqui interessante. Uma coisa que eu venho falando há um tempo também é que eu sinto falta do Batman voltar
para essa origem neogótica, para a gente ver essas coisas meio vampirescas, fantasmagóricas, não no sentido literal, mas sim no sentido alegórico. E o que parece é que, assim como a gente falou que tem um Batman que o pessoal está fazendo agora, que é o que apareceu no filme, que é o que apareceu nessa animação, etc., também eu percebo que está tendo aos poucos uma guinada na direção diferente daquilo que o Nolan acabou muito fazendo, que era o Batman realista. Cada vez mais eu vejo, assim, passo a passo, não é uma coisa também muito radical, que
é: vamos trazer o Batman Fantástico de novo, não é? Parem para pensar, a gente está falando de uma série que teve só 10 episódios. Nesses 10 episódios, teve um episódio contra um fantasma, teve um outro episódio contra uma menina vampiro, e tem muita especulação se esse The Batman 2 não vai nessa direção, vai dar uma guinada muito doida, o pessoal está achando que vai ser uma espécie de continuação a la Nolan, uma espécie de Nolanverso da Shopee, ou seja, tudo muito realista e tal. E talvez, eu aposto, eu torço por isso, não é que eu
aposto, eu torço nisso, que o Matt Reeves vai nos enganar e dizer assim o Batman Fantástico agora vai chegar. Não o Batman em si, porque o Batman ali do Robert Pattinson é muito pé no chão, mas imagina ele tendo que enfrentar... - Mas o mundo sobrenatural existe, né? - É, Exato. Imagina tendo que enfrentar isso. Ia ser muito bom, cara. E eu já falei, tem que ser o Cara de Barro no dois. Até para marketing isso é do cacete. Imagina todos os cartazes no cinema, fazerem uma série de sessões pré-estreia com tudo sujo de barro.
Tu sentar na cadeira do cinema com uma... Não é barro de verdade, está entendendo? Mas tu brinca essa estética marrom, tudo amarronzado, tudo sujo. E dava para fazer uma coisa meio termo como foi nessa animação, porque nessa animação eles fizeram o cara de barro original, que é o Basil Karlo, que usa uma máscara, mas não é, na verdade, uma máscara, é um produto estético que deforma o rosto. E daí, para a galera ter o fan service que quer o Cara de Barro monstro, aquela coisa gigantesca que depois consolidou, inclusive, no próprio desenho dos anos 90,
é para ser a batalha final, que é quando aquele negócio perde o controle, etc. Enfim, é um baita de um vilão que eu estou querendo ligar pessoalmente com o Matt Reeves e dizer que eu vou sequestrar os filhos dele se não for o Cara de Barro no The Batman 2. E para não dizer que a gente não falou de todos os vilões, faltou só falar do Firebug, que é tipo o Vagalume, mas é outro. - E quanto a ele, o que você tem a dizer? - Morreu e não faz falta. Agora vamos responder a pergunta
inicial. Batman só bate em pobre? Que Batman é esse? Como é que é? Acho que vocês já estão sacando onde a gente vai chegar. Tem uma coisa aqui de contexto histórico que é importante a gente trazer. Como eu disse, a série é baseada nos anos 40. Quando teve a revolução bolchevique em 1917, houve no decorrer dos anos 20 um certo pânico anticomunista nos Estados Unidos. Só que quando teve a crise de 1929, a crise econômica, grande depressão, socialismo entrou na moda. Esse socialismo não necessariamente coadunava com a União Soviética especificamente, mas socialismo passou a ser
uma palavra-chave seja para a direita, seja para a esquerda. Quem gosta de comer cocô com arame farpado adora dizer que o nazismo era de esquerda, porque era o Partido Nacional Socialista. Mas naquele momento, o socialismo era apropriado tanto pela direita quanto pela esquerda. Ser liberal naquele momento estava em baixa porque as pessoas estavam sofrendo muito por causa da crise econômica, então o liberalismo não estava sendo muito bem visto. Inclusive, no vídeo que eu fiz sobre o Superman socialista do Grant Morrison, eu explico isso. Eu estou mostrando esse papo porque nos anos 40 esse socialismo, um
tanto freestyle, digamos assim, era algo bem visto até mesmo por figuras da elite, mesmo que fosse uma visão romantizada, ou meio chique, ou meio politicamente incorreta para a época que seja, mas até mesmo entre figuras da elite isso surgia. A maior prova foi que quando teve as guinadas fascistas de extrema direita, essa galera muitas vezes colou junto, grandes indústrias colaram juntos porque realmente devemos pensar no social, mas no social fascista. Eu estou pujando tudo isso porque dá para ver que esse espírito, esse debate da época está um pouco aqui no Batman do Caped Crusader e
tentando estabelecer links com o que a gente discute hoje. Cada vez mais se questiona a existência de bilionários, se faz sentido a gente ter pessoas com tanto poder. Aliás, já estamos chegando no ponto de, daqui a pouco, ter trilionários e nós temos... Eu nem sei quanto é o cálculo atual, um terço, quase metade das pessoas passando necessidade no mundo. Enfim, é completamente desproporcional. E daí, obviamente, aqueles debates que às vezes são até meio medíocres em rede social. Ah, o Batman usa bate-pobre e tal, não sei o quê, mas que por trás disso talvez tenha um
debate que possa valer a pena, que é sobre essa ideia do herói bilionário, enfim, isso o Caped Crusader resolveu encarar de frente e fazendo justamente essas conexões entre décadas e entre mal-estares de época. Inclusive, o Bruce Wayne é tão canalha que ele chega a subornar Montoya, uma das detetives do Gordon, porque esse é o jeito que ele tem de descobrir se um policial é corrupto ou não. Isso é uma coisa muito cretina e até mesmo tanto alienada, porque, basicamente, o jeito que o Batman tem para descobrir se ele pode confiar em um policial é destruindo
a vida de um policial. Ele chega e fala, deixa eu ver se eu vou te subornar. Às vezes o cara está precisando de necessidade, está entendendo? Sei lá. Filho doente no hospital e não sei o quê. E ele está pouco se fudendo com isso, ele só quer saber se a pessoa é do bem para a missão louca que ele tem na cabeça. Então, imagina, é um Bruce Wayne que suborna e que faz isso para descobrir em quem o Batman pode confiar. Ou seja, conscientização social zero. E é uma figura de demoníaca que eu gosto disso,
porque é uma figura do diabo. Pensem que o Batman em cima de uma gárgula, olhando os vilões, é a imageria de um demônio vindo atrás dos nossos pecados. E aqui é um demônio que nos tenta à luz do dia, está entendendo? Vou botar um negócio aqui para você pecar. Mas mediante esses vários encontros com esses vários vilões que vão trazendo vários dilemas para ele, o Batman vai ganhando consciência disso tudo. É porque, pode ver, a série nesse ponto é bem escadinha. Aí tem a Alequina que rouba dos ricos. E aí o Batman pensa que ela
é uma vilã, mas o que ela estava fazendo não era necessariamente ruim. Vem o fantasma Fidalgo roubando de pobres e queimando esse dinheiro. Exibindo para o Batman todo um elitismo que o Batman começa a perceber do tipo, mas eu também sou meio assim. Tem a defensora pública, Barbara Gordon, que também puxa ele para uma consciência que ele não tinha. Por fim, vieram Duas Caras, o que eu chamo de um pesadelo de consciência demais. É aquela consciência que chega até a te mobilizar, tipo, meu Deus, eu não tinha me dado conta disso, o que eu faço
agora? Toda essa progressão vai culminar em uma cena que podemos abrir para interpretações. É quando o Batman joga o batirangue no chefão da cidade, o Rupert Thorne, chefão da máfia. Que, ao longo de toda a história, o Batman estava combatendo, mas sempre indiretamente. O Batman estava sempre indo atrás dos tentáculos do Rupert Thorne, ou seja, é aquela coisa mesmo de deixar o chefão da elite lá intocado, porque talvez seja complicado enfrentar ele de cara, então você vai meio que cortando as pernas e tal. Só que, nesse final, o Batman quer realmente se posicionar e botar
o pé na porta. Ele vai lá e joga um batirangue no Rupert Thorne, que estava lá no alto do seu apartamento de luxo, olhando o Gotham de cima e ele toma uma batirangada na orelha. Aliás, na orelha. E essa animação foi feita antes do Trump levar o tiro na orelha. O Batman termina mostrando para o elitista safado que você vai tomar na orelha. Mas, independentemente dessas ironias do destino, o que eu acho que essas cenas simbolizam muito, olhando para toda essa temporada, é o quanto o Batman agora parece que está, aos poucos, entendendo que a
elite criminosa de Gotham, na verdade, só é criminosa porque existe elite. Ou Seja, é um grupo de poucos tentando uma manutenção, a qualquer custo, de todos os privilégios que eles têm. E daí o Batman se torna uma espécie de câncer do próprio organismo que ele faz parte. Batman aqui termina sendo um grande tumor. Ele ainda também é dessa mesma elite, ele é um aristocrata. Ele não vai deixar de ser um aristocrata por completo, eu acho que não tem como isso acontecer, ele foi criado assim, é a maneira como ele pensa. Então ele tem seus limites
e me parece que é um Batman também que cada vez mais vai se tornando consciente das suas limitações, mas ele está operando pela destruição daquilo que ele faz parte. Ele está minando, ele está contaminando, ele está destruindo esse organismo que é a própria Gotham City. Então, respondendo, Batman só bate em pobre? A resposta é agora não, e ele vai atrás de você também, seu colecionador safado de criptomoeda. Está previsto uma segunda temporada, não sabemos quando, talvez ano que vem. E vamos ver se eles vão ter culhão de dar continuidade a essas questões todas que falamos
aqui, eu duvido. Acho que eles vão avançar um pouquinho mais, mas é sempre esse... É que depende muito de quem vai entrar no projeto e das influências negativas ou positivas que o projeto vai ter. Mas eu acho que também tem essa coisa Warner, eles vão dizer... E do que vai estar na moda quando eles estiverem escrevendo os roteiros e tal? É porque, vamos lá, essa consciência social que o Batman adquire aqui é porque está na moda. Se amanhã a moda é todo mundo ser fascista, o Batman vai virar fascista. Aí é capitalismo, galera. Não é
boa consciência da galera envolvida. E dado o contexto de hoje, eu falo que não vai radicalizar tanto porque é um Batman ainda. Eles querem fazer manutenção de marca, então eles não vão fazer um Batman assim tão questionador, inclusive, da sua própria existência, algo que coloque o personagem em cheque. Batman é um personagem que tem esse tipo de liberdade, tem tanta versão de Batman que o Batman seria o personagem para você fazer essas coisas mais extremas, principalmente em uma animação que nem é um dos carros-chefes deles. Mas ainda assim estão preocupados com a manutenção de marca,
mesmo que possamos fazer 500 Batman, eles não vão fazer um Batman gay. Hoje eles não fariam, duvido que fariam. Ah, mas um Batman que vai dialogar mais fundo, mais profundamente essas questões de ir contra uma elite, eu acho que tem um espaço e bastante. É porque é uns bundão, no final das contas é um bundão cheio de dinheiro. Eu questionei essa coisa do Batman gay, não que eu diga que tem que ter, mas por exemplo, são aqueles tabus. Tem alguns tabus em torno do Batman que dá para ver que mesmo que você faça 500 versões,
a galera não avança nessa direção. Pois é, mas Batman tem um componente homorótico tão forte, que seria legal ver uma história de, sei lá, ter algum vilão ou algum personagem que leve a história, mesmo que seja pontualmente, nessa direção de um Batman Bi. Olha, eu acho que quem fez isso de um jeito muito esquisito, é o lugar que a gente menos esperaria, foi o Batman Lego. Batman Lego é uma história muito de amor entre o Batman e o Coringa. E fica muito na cara. O pessoal agora falando, Deadpool e Wolverine, olha só. Cara, o Batman
Lego fez isso de uma maneira mil vezes mais madura antes. E esse era um filme para criança, olha só, para você ver como Deadpool versus Wolverine é um filme infantil para adulto. Porque o Batman Lego, que é realmente um filme infantil, conseguiu fazer isso. Você está misturando os vídeos. Esse já foi. Inclusive, vai lá assistir. E como falamos muito dessas relações de Caped Crusader com a série dos anos 90, cabe comentar que atualmente está saindo no Brasil episódios novos da série dos anos 90. São continuações diretas, só que em quadrinhos. Diz aí nos comentários se
vocês querem que eu comente essas histórias. E também, se você for comprar essas histórias, ou se for na Amazon, que você iria de qualquer forma, use o nosso link que ajuda bastante. E também digam nos comentários se vocês viram a série, se não viram, o que acharam. O que vocês esperam de uma segunda temporada? E também digam quem assistiu o que achou do epílogo, onde a gente tem uma resada muito marcante de um certo personagem que ninguém sabe quem é. Termina com... É muito misterioso isso. Não sei quem é, deve ser o Mariposa Assassina, o
Doutor Fósforos. - Doutor Fósforos é legal, cara. - Ele ia ser legal nesse universo. Professor Porco. Deu, chega de Batman, vão ver a série ou não vão ver, faz o que você quiser da sua vida, mas pare de repetir sociologismos de boteco, por mais que tenha muita coisa questionável no Batman, e essa é a graça do personagem, ele se questionava em vários níveis, sociologismo de boteco não é bom, seja para Batman, seja para Homem-Aranha, seja para Berserk, seja para Dragon Ball, para de falar bobagem no Twitter, embora isso é impossível, o Twitter é feito para
isso. No mais, segue a gente nas nossas outras redes sociais, TikTok, Twitter e Instagram. - Obrigado por assistir... - Valeu, pessoal!
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