Kabengele Munanga fala sobre História da Diáspora Africana

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EBC na Rede
O professor de antropologia, Kabengele Munanga, destaca a abrangência da obra que não vai contemplar...
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[Música] Bom dia a todas e a todos aos colegas da mesa professor a minha vos muito pobre Professor José Flávio Sra sariva Professor van Cleia Silva Santos eanda Lúcia PR minhas primeiras palavras são certamente de agradecimento ao Dr Von de fi representante da Unesco no Brasil a professora n Malino Gomes Coordenador Geral do programa aç afirmativo da UFMG pelo convite para participar desse lançamento da coleção completa da história geral da África em língua português acho que pessoa certas no lugar certo na representação da Unesco e no Ministério da Educação entenderam que esse momento era um
momento oportuno para editar essa coleção e colocá-la ao serviço da população brasileira dos educadores e dos estudiosos essa coleção não vai aproveitar apenas ao Brasil mas também a todos os países africanos de línguas de língua portuguesa como Angola Moçambique e nebal calbo verde e são também príncipe sem esquecer o próprio Portugal que colonizou o Brasil o professor Walter silvero a que ele desafiou por orich tempo para que essa obra possa nascer tão bela no tempo record eu trabalhei com ele como revisor a coleção e não acreditava que a obra possa sair até o fim do
ano recebia pressões da Unesco se tiver mentindo o professor ou Doutor venção pode me desmentir pressões do Ministério da Educação eu dizia para ele olha disse para ele que essa obra materialmente não vejo como sair esse ano isso aí tá aqui então se vocês me permitirem eu penso na Paula Sal [Aplausos] parae Bom eu fui escalonado nessa mesa para falar de Brasil África heranças históricas e perspectivas contemporâneas mas não vejo como especular sobre esse tema sem me remeter primeiramente ao conteúdo da própria coleção de certa forma nos revela a existência dessas heranças históricas que durante
muito tempo foram negadas aos africanos e a seus descendentes da diáspora grosso modo a coleção revela ao mundo que tudo que foi negado à África Isto é história civilização cultura religião Ciência Tecnologia filosofia relações internacionais intercâmbios comerciais etc que tudo isso existiu mais do que isso sendo a África ou besto da humanidade é a partir dela que a história da humanidade começa e nela se desenvolveram as grandes civilizações que marcaram a história da humanidade como a civilização egípcia evidentemente o tráfico negreiro em consequência a escravidão e depois a ocupação Colonial foram acontecimentos de grande envergadura
que mudaram a história original da África Mas isso não quer dizer que essa história não existiu antes ou começou apenas a partir do tráfico ou a partir da conferência de Berlin como a história de todos os povos a da África tem passado presente e continuidade porque essa história foi negada e quem a negou não foram os africanos vítima da negação foras acidentais por questões ideológicas e preconceituosas e até mesmo por ignorância que acabaram alienando a personalidade coletiva do próprio africano como a fizeram refrescando a memória lembrar-se o filósofo Hegel foi sem dúvida o primeiro Pensador
Nos Tempos Modernos a conceber e interpretar racionalmente a história como dimensão fundamental da existência do mundo em outros termos a a história pensada ao mesmo tempo como modo de ser e como consciência desse modo de ser é o fundamento da própria existência ser escrever Hegel não é outra coisa de ter sido hgo dividiu a África em três partes distintas a África setentrional aberta ao Mediterrâneo é ligado ligada à Europa o Egito que tira sua existência do nilho e destinado a a se tornar um centro de grande civilização autónoma e a África propriamente dita fechada em
torno de si e desinteressada à sua própria história essa África deita Negra Hegel vai excluir da totalidade histórica Universal e disse a respeito que o homem na África Negra vive no estado de barbar e seeria que o impede ainda para fazer parte integral da civilização a África por mais longe que se remonta a história ficou fechada sem relações com o resto do mundo em torno do seu oro de sua infância fora da história consciência sepultada na cor preta da noite na África Negra a unidade entre o homem Deus e natureza ainda não foi rompida ora
o homem só homem quando sabe distinguir o bem do mal o espírito africano é bem singular pois pratica a magia no lugar da religião e da consciência da existência num sexo superior absoluto pratico o feiticismo que faz com que eles colocam forças em quaisquer coisas que eles imaginam ter força sobre eles tais como as árvores pedras figuras e madeiras Além disso Eles comem carne humana partindo desses diferentes traços que determina o caráter dos negros heger conclui que a África é o mundo a histórico não desenvolvido inteiramente preso ao Espírito natural e por isso mesmo se
encontra ainda ao começo da história Universal e como se encontrava ainda ao começo da história Universal Isto é da história geral da humanidade a África foi rechaçada fora dela no esquema da leitura da evolução da história feita por reg a consciência da temporalidade é um dado imediato da consciência é a dimensão Temporal da existência humana que reg não neg expressamente a sociedade negra da África mas para ele esse nível qu sem valor porque a natureza orgânica não tem história viver na história e ter consciência de viver na história são duas coisas distintas e bem diferente
ter consciência de viver na história por regra O Privilégio próprio do homem que tem liberdade é isso a historicidade a apropriação da razão em sua determinação temporal e espacial em sua evolução histórica como uma totalidade cujo sentido é decifrável pela razão a historicidade não é reconhecida aos povos da África e també por regra porque entre Esses povos as coisas concretas os acontecimentos as Produções do Espírito não permitem captar o espírito que dirige a marcha racional do mundo por causa da magia e do feticismo dos sacrifícios humanos da falta do estado da maldade do clima da
inospitas dos lugares das terras seus solos regam Negra finalmente a África Negra as três formas de historiografia ou maneira de fazer a história por ele distinguidas a história original praticada por Heródoto do ses e César e cujo conteúdo é necessariamente limitado a história pensativa que transcende a atualidade na qual vive o historiador e que trata do passado mais equado como se fosse atual no espírito essa história dos historiadores se faz com materiais históricos daí a importância da metodologia da crítica na elaboração interpretação e exposição dos fatos históricos a história filosófica que pretende considerar filosoficamente a
história Universal colocando à luz a relação entre o pensamento e o fato histórico afinal é razão Helene assim o ocidente obediente ao Dogma heb deliano acreditou que a África não podia ser objeto de estudo historiográfico e inventou novas ciências capazes de aprender as sociedades primitivas africanas e não europeias em geral que ainda vivia entre o reino da Fatalidade e não do espírito da liberdade e do pod assim nasceram a etnografia simples descrição eh das etnias a etnolinguística estudo das línguas dos povos S escrita ET no história estud do passado da sociedade primitiva baseando-se principalmente na
tradição oral etnofilosofia estudo do sistema do sistema de pensamento e não de filosofia no sentido próprio do termo da sociedade sagem primitivas não civilizadas a etnomusicologia ramo da musicologia que estuda a música das sociedades primitivas logo nasceram outras ses séries lexicais tais como etnociência etnopsicologia etnobiologia etn geometria etnomatemática etc não ser p outos etnos vão nascer amanhã ego dominou por muito tempo o pensamento histórico do ocidente notadamente em sua abordagem histórica dos povos não europeus felizmente os historiadores contemporâneos renunciaram ao modelo da inteligibilidade heliana para analisar A TR da história em sua complexidade os trabalhos
Pioneiros do de la fse arur lavol ja tantos ilustr a ruptura com pensamento gan na filosofia da história as obras de Michel fou his de classi choses exess ruptura epistemológica com o pensamento rano a obra que sendo lançada rev também o esquema da filosofia regana provando que o privilégio do ser humano e ter consciência de viver na história não é reservado ao única humanidade europeia essa obra desin algo in contestado no passado negro africano que fui negado a África como B da humanidade relacionando-a na origem da própria história da humanidade como escreve chant di membro
do comitê Internacional e autor do Capítulo primeiro do volume 2 consagrada história da África antiga citação é incômodo o fato de quase a totalidade dos estudiosos contemporan paresser se recusar a relacionar a cultura africana com alguma origem antiga com alguma civilização antiga que fosse parecia essa cultura suspensa no ar acima do Abismo Negro do passado como um esboço abortado estranho ao resto do mundo a África reconhecida como Besta da humanidade e a civilização egípcia vinculado ao Sé negroa africano muda o esquema anterior fazendo da África o primeiro Marco da história da humanidade em consequência reinicia-se
a reor postulando um início e assinalando um fim ou melhor uma continuidade o passado está na pré-história da África que foi desenterrado no Egito que foi integrado nos grandes reinos africanos que foram reconhecidos contrariamente ao pensamento eh regaliano os outros volumes da coleção não são os únicos livros de boa qualidade sobre a história da ar tem si obras individuais de excelente qualidade algumas já traduzida em português o outro escritos por brasileiros como por exemplo a obra do embaixador Alberto cé Silva mas a coleção em seu conjunto dá uma orientação geral à história da África que
era condenada a permanecer como uma história parcelar Sea unidade feita de raros acontecimentos e dos povos sem passados em certo sentido errantes através do tempo até o seu desaparecimento por ex simpos enquanto se espera o surgimento efémero de outros povos que deixaria I por sua vez alguns vãos traços uma das significações dessa coleção está no fato de que a história na África pode agora ser chamada história da África as 13 áfricas no pensamento igano deixaram lugar a uma única África essa visão unitária da África rompe com a visão etnolog zante e monográfica para olhar a
a a cultura a história da África como um conjunto todos os volumes da coleção não deixam dúvida sobre a importância atribuída pela sociedade africana a seu passado crescimento e desenvolvimento como ilustrado pela arte pré-histórica eão das técnicas agrícolas e desenvolvimento da metalurgia pela invenção da civilização antigas como a egípcia que ocupa um lugar preeminente no início da história da África relações internacionais e difusão da tecnologia no contexto africano extensão das relações comerciais e intercâmbios culturais desenvolvimento dos reinos e Império entre o século e recente em envolvimentos africanos com o tráfico negreiro e suas consquências as
invasões internas na África do Sul e suas herica na África Central oriental o fim do tráfico os seus efeitos no comércio de escravos a ocupação europeia e resistência a resistência africana a Segunda Guerra Mundial e a invasão da Etiópia finalmente no último volume analisa-se notadamente as lutas políticas desde 1945 que levaram às independências o desenvolvimento do panafricanismo e o papel da África independente nos assuntos mundiais a relação com os países capitalistas socialistas e com os países em desenvolvimento com a ONU e a perspectivas da África rum ao Novo Milênio o vol o e de uma
grande importância para entender as dificuldades da África de hoje e seu desaf para os objetivos do milênio em toda a diáspora africana nas Américas foi colocada em dúvida a identidade dos afrodescendentes pois fizeram deles coletividades sem passadas que tinha até vergonha de suas origens africanas comparativamente com outros grupos étnicos os negros eram apresentados como des de um patrimônio cultural próprio porque seus ancestrais deportados da África chegaram nos sem trazer nada tendo em vista que eram oriundos de um continente povoado de tribo selvagem sanguinário como não puderam trazer nenhuma bagagem cultural legado por seus antepassados eles
não podiam consequentemente possuir um verdadeiro passado criador de valores apesar de alguns raros estudiosos especialistas considerarem com crítica reserve essas visões simplistas para a maioria esmagador das populações brancas das Américas tratava-se de evidências incontestáveis os ancestrais das Gerações anteriores dos escravizados viviam no mundo como no mundo dos animais tendo apenas a a preservação da da vida como o único bem precioso que podia transmitir a seus descendentes o resto isso é as técnicas de produção dos bens a ciência a arte a religião era pobre rudimentar viciado estático sem Progresso essas ordas e tribos vivia fora de
do circ histórico que at través do tempo ajudou a mudar as brilhantes civil ações trata--se como vocês vê de uma visão mítica Pois Enquanto se afirmava isso os aportes culturais e civilizadores africanos faziam parte do cotidiano das população das Américas eram percebidos ao olho no os mitos sabemos são conjunto sistemáticos de ideias construídos com objetivo e função de induzir confirmar e justificar os comportamentos pois afirmar que os afrodescendentes são descobrido de um verdadeiro passado histórico tem uma concepção mítica na medida em que eh racionaliza as atitudes de superioridade dos brancos e as condutas de discriminação
racial certamente a inexistência de uma herança cultural africana não era o único mito pelo qualificava a desigualdade das condições dos afrodescendentes o outro habitualmente utilizado é oito da inferioridade racial baseado nas características físicas dos negros e que seria associada a um equipamento intelectual afetivo diferente do dos brancos que os torna inferiores como se pode ver os mesmos comportamento de dominação e exploração econômica dos negros podem ser justificados tanto peloo de superioridade cultural dos brancos po tem um passado cultural criador quanto pelo mito de sua superioridade racial pois são mais inteligentes pois dois mitos se somam
para afirmar que o negro não tem passado cultural porque ele eles são racialmente inferiores algumas gerações que africanos sof descendente acabaram pela força da atensão psicológica sobre ele exercida introjetando e naturalizando esse retrato negativo Contra Eles forjado daí a alienação de sua humanidade muito bem analisado no clássico Pele Negra Máscaras Brancas de France fão daí também a baixa autoestima cuja persistência se observa até hoje precisou de tempo que as novas gerações de africanos e a descendente pudessem começar a reivindicar sua herança P africano que até então considerava como motivo de vergonha e não de Orgulho
e prío essa história de reivindicação e reconhecimento público da identidade africana é bastante coincida entre nós podemos acompanhá-las nos Estados Unidos através do panafricanismo na Europa através do movimento da negritude no Brasil através de colombis de ab M movento Unificado até chegar à lei 10639 hoje as coisas são bem diferentes Pois todos queram saber o que é essa herança africana que deve ser assumida e ensinada aos brasileiros de todas as cores daí a importância de fazer a ligação entre a história geral da África a história dos afrodescendentes na diáspora para captar A Essência dessa herança
africana a fim de entender sua resistência e sua importância na política de reconhecimento das diferenças e consequentemente na construção de uma pedagogia plural e antiracist no projeto original havia-se previsto desse volume dessa coleção um dos últimos versaria sobre a história da diáspora africana no mundo não sei se essa proposta deixou de existir mas na hipótese positivo creio eh no meu entender que um único volume não será suficiente Talvez possa precisar de mais uma coleção sobre a história da da diáspora com tantos volumes que precisar essa coleção contará o que o que a diferenciaria de todos
de toda a latura existente na historiografia diaspórica no Brasil com contribuições relevantes de jovens cientistas sociais educadores psicólogos filósofos historiadores historiadoras negr e negras emergentes Como diz um ditado repetido agora pelo representante do do Consulado Geral do do do Senegal hum eh enquanto os leões não tiveram seus historiadores a história da caça será contada sempre do ponto de vista dos Caçadores humanos que sempre serão os únicos vão gloriar obrigado
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