O Livre Arbítrio não EXISTE?

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Ciência Todo Dia
Você sabe o que é livre arbítrio? No vídeo de hoje, eu vou te mostrar um experimento de Benjamin Lib...
Video Transcript:
Eu tenho aqui um experimento bem simples e você vai participar. Na minha frente eu tenho dois botões, o botão A e o botão B. Você precisa escolher um dos dois para apertar.
E por favor digita nos comentários qual botão você apertaria para a gente ver qual que ganha. 3, 2, 1. .
. Se por um acaso você ainda não souber qual botão apertar, não tem problema. Porque eu sei qual botão você vai apertar.
Sim, mesmo sem ver nos comentários, eu sei qual botão você decidiu apertar. Ou pelo menos eu saberia se eu estivesse observando as correntes elétricas no seu cérebro. Calma que eu explico.
O ano é 1983 e o neurocientista Benjamin Libat convidou você pra ser uma das cobaias do seu novo experimento. iluminada com um monitor de tubo mostrando uma bolinha girando em algo que lembra um relógio. Você senta numa cadeira levemente reclinada e uma série de eletrodos são colocados na sua cabeça.
Tudo o que você precisa fazer é acompanhar a bolinha se movendo na tela e, quando você sentir vontade, fazer um movimento abrupto com os seus dedos ou pulso. E só mais uma coisa, você vai precisar memorizar qual era a posição da bola na tela quando você decidiu fazer o movimento. A ideia desse experimento era registrar o momento em que o seu cérebro toma a decisão e com isso estudar a evolução dos sinais elétricos antes de a decisão ser tomada.
O experimento original foi feito com 6 pessoas, e os resultados são debatidos até hoje. Quando eles foram analisados, parecia existir um sinal indicando que a cobaia moveria os de ela sentir que decidiu mover os dedos. Colocando isso de outra forma, apenas olhando para os sinais elétricos do cérebro do voluntário, os cientistas sabiam que ele moveria os dedos antes do próprio voluntário se dar conta disso.
E o mesmo era verdade tanto para os voluntários que foram instruídos a planejarem o movimento, quanto para os voluntários instruídos a serem espontâneos. que uma ação na verdade tinha três momentos. Primeiro, a preparação inconsciente, em que o voluntário sem saber já tinha decidido uma ação.
Segundo, o momento em que a intenção aparecia na consciência, quando o voluntário se tornava consciente de que ele queria fazer a ação. E por fim, o terceiro e último momento em que a ação era realizada. O resultado mais impactante desse experimento era o de que, mesmo antes de alguém tomar uma decisão, o cérebro, de maneira inconsciente, já tinha aquela decisão tomada.
Entre 0,2 e 0,5 segundos antes, pra ser preciso. O experimento de Libat e variações deles foram replicados inúmeras vezes desde então, com alguns até chegando a ampliar a diferença de tempo entre a preparação inconsciente e o momento em que nos damos conta em até 10 segundos. Ou seja, os cientistas sabiam qual decisão o voluntário tomaria 10 segundos antes do próprio voluntário.
Para alguns cientistas e filósofos, como o psicólogo Daniel Wegner, o experimento de Libet mostra que o livre-arbítrio não existe. E essa é uma afirmação extremamente pesada. O que isso quer dizer na prática é que a voz na sua cabeça nunca decide nada.
Você apenas se torna consciente das decisões que o seu cérebro fez por você de forma inconsciente. Você não decide nada. É o seu cérebro que está no comando e ele não pede a sua opinião.
Se isso for verdade, quando eu pedi pra você escolher apertar um dos dois botões, tudo que aconteceu na sua mente foi uma ilusão. Em teoria, se eu repetisse o experimento, você faria sempre a mesma escolha. Mas aqui as coisas começam a ficar.
. . mais complicadas.
O experimento de Libet parece provar que livre-arbítrio não existe. Mas só parece. Porque essa não é a única conclusão possível do experimento.
Nós ainda podemos preservar o livre-arbítrio se assumimos que a tomada de decisão e entender conscientemente que você tomou uma decisão são dois momentos diferentes. Durante o momento de preparação, antes mesmo que você se dê conta de que tomou uma decisão, a sua mente fez uma escolha livre, que provavelmente foi moldada por uma identidade que você construiu no decorrer da vida. Essa interpretação também é consistente com o resultado do experimento, até porque ele não é universalmente aceito na ciência como o experimento que prova que o livre-arbítrio não existe.
O que prova isso é todo o resto da ciência. O que eu quero apresentar agora é baseado na tese do neurocientista Robert Sapolsky no seu livro Determined, que infelizmente ainda não tem versão brasileira. A ideia é que se nós olharmos para o nosso conhecimento atual de biologia e de neurociência, a ideia de livre-arbítrio não parece ser uma ideia tão boa.
A posição cientificamente consistente é de que livre-arbítrio não existe. E são os defensores da ideia de livre-arbítrio que têm a responsabilidade de explicar como o livre-arbítrio conseguiria existir, dado que nós sabemos hoje sobre a mente e o cérebro. E só pra deixar claro, o que o Sapolsky defende no livroese de que o livre-arbítrio não existe é a mais provável.
Mas o que levou um dos maiores neurocientistas da nossa geração a não acreditar no livre-arbítrio? Nós podemos responder isso voltando ao começo do vídeo e descrevendo em detalhes neurológicos por que você escolheu o botão A ou o botão B. Você foi apresentado a uma possível escolha através de uma série de estímulos auditivos e visuais.
Essas informações foram processadas pelos seus órgãos sensoriais e transformadas em sinais elétricos transmitidos para o seu cérebro. E esses sinais elétricos novos alteraram o estado do seu cérebro, ou quais neurônios estão ou não sendo disparados. O estímulo gerado pelo vídeo muda o estado da sua mente, gerando um efeito em cascata de neurônios acionando outros neurônios até que um conjunto de sinais gera ação.
Eu vou comentar que eu decidi apertar o botão B e me inscrever no canal. Essa decisão final foi um resultado do estímulo do vídeo, mais o estado prévio do seu cérebro. Então, se o livre-arbítrio existe, em algum ponto desse processo você deve ter feito uma escolha livre.
Mas a física e a biologia determinam precisamente como o vídeo vai ser transformado em sinais elétricos e como esses sinais elétricos vão afetar o seu cérebro. E todo esse processo é, pelo menos em teoria, perfeitamente determinístico. Mas o que significa ser perfeitamente determinístico?
Imagine que toda a história do universo fosse que nem uma trilha de dominós, um caindo depois do outro. Toda escolha, decisão ou evento acontece exatamente como nós esperamos. Um dominó caindo faz o próximo ser derrubado e não tem como fugir disso.
Nós nunca vamos ver o próximo dominó sair voando ou desviar da trilha. Todo efeito tem uma causa e tudo está interligado. E mais!
Se você soubesse tudo sobre cada átomo do universo nesse exato instante, você seria capaz de prever tudo que vai acontecer. Ou seja, se o livre-arbítrio existe, a sua escolha livre não aconteceu no processo de receber o estímulo, quando o dominó caiu sobre você. Se o livre-arbítrio existe, essa liberdade está em quem nós somos antes de receber um estímulo.
O estímulo só provoca uma decisão livre, tomada por quem nós somos, que é o nosso estado mental prévio. E pronto, aqui tudo foi pro ralo de vez. O que determina o seu estado mental atual?
Estímulos passados. Nós temos evidências de que não entendemos de verdade por que nós pensamos como pensamos. Muitas das coisas que afetam as decisões que nós tomamos nem sequer passam pela nossa consciência.
Por exemplo, juízes que passam anos sendo treinados para serem objetivos e imparciais dão penas mais severas se eles estiverem com fome. Pessoas religiosas, quando passam na frente de uma igreja, tendem nem notar de forma consciente que estão fazendo isso. Até conversas desconexas que nós temos no dia a dia podem influenciar nossas decisões.
Em um estudo, um grupo de voluntários americanos foi questionado sobre marcas de sabão em pó. Quando os voluntários, antes da pergunta, ouviam o som de água ou tinham uma conversa sobre mar e oceano, o número maior lembrava da marca Tide, que em inglês significa maré. E mais, eles simplesmente não conseguiam conectar a conversa sobre o oceano ao resultado deles terem pensado na marca que tem um nome conectado ao oceano.
Ou seja, quando psicólogos conseguem controlar variáveis, eles são muito bons em induzir reações específicas a estímulos específicos. É possível induzir escolhas específicas simplesmente preparando cuidadosamente o estado mental dos voluntários. E os voluntários nem sequer notam que a indução aconteceu.
E nós podemos aplicar essa lógica pra sua vida inteira. Você escolheu o botão A, em parte porque você almoçou mal, em parte porque ano passado você comprou um carro vermelho, e em parte porque os seus pais não eram bons em escolher presentes de natal quando você era criança. E em parte por todo o resto da história da sua vida.
O seu estado mental antes da escolha parece perfeitamente determinado pelos estímulos prévios que você teve no decorrer de toda a vida. Estímulos dos quais você não tinha nenhum controle direto. Então como o livre-arbítrio pode ser livre se ele depende de variáveis que estão fora do nosso controle.
Inclusive, só deixa eu fazer uma rápida pausa nessa discussão muito pesada só pra dizer que essas camisetas que eu uso nos vídeos são da minha loja, a Loos. E a gente faz todas elas com temáticas científicas, tentando sempre fazer umas camisetas muito daoras que realmente invistam no cérebro de quem usa. Marqueteiro profissional.
Eu só queria lembrar vocês que se vocês quiserem comprar essas camisetas, vocês têm desconto por assistirem o Ciência Todo Dia, e eu ficaria muito agradecido se vocês pudessem, pelo menos, passar no nosso site pra olhar as camisetas que a gente tem. É só vocês usarem o cupom CIENCIATODODIA, tudo junto, que vocês têm 15% de desconto na próxima compra de vocês. E agora sim, vamos voltar pra crise existencial, porque esse vídeo vai muito fundo.
E aqui vai um exemplo assustador. Uma das ferramentas mais bem-sucedidas em estudar a correlação entre comportamentos antissociais, como violência, é a nota ACE, a sigla em inglês para Experiências Adversas na Infância. A nota ACE vai de 0 a 10, com um ponto adicionado para cada uma de 10 possíveis adversidades consideradas pela tabela de risco.
E para cada um ponto que você tiver na sua nota ACE, as chances de você desenvolver comportamentos antissociais aumentam em 35%. Ou seja, se dois gêmeos idênticos foram separados no nascimento e um deles crescer em um lar com nota ACE0 e o outro enfrentar todas as dificuldades possíveis com nota CE10, o segundo gêmeo tem 20 vezes mais chances de desenvolver comportamentos antissociais. E isso é o resultado das condições enfrentadas durante a infância.
E são coisas que uma criança não tem controle de jeito nenhum. Tanto nosso estado mental quanto a nossa identidade parecem extremamente influenciadas por fatores que não controlamos. E na maior parte das vezes, nós nem percebemos.
E isso vai mais pra trás ainda. Talvez não de maneira tão importante quanto os estímulos pessoais da sua vida, mas o seu estado mental é, pelo menos em parte, determinado pelo seu DNA, que por sua vez é determinado pela história evolutiva da sua árvore familiar desde o surgimento da vida na Terra. O seu DNA é parte do que te molda, e ele foi selecionado por bilhões de anos de evolução para incentivar alguns comportamentos e reprimir outros, porque no fim, o objetivo da vida é continuar viva.
Basicamente, toda ciência que nós conhecemos parece determinística e explica efeitos que seguem causas com regras determinadas. Então, por que nós pensamos que a nossa mente é diferente? Talvez toda escolha que você pense que fez já estava perfeitamente determinada pelo conjunto de eventos do seu passado, e do passado da vida na Terra.
Se o livre-arbítrio não existe nos estímulos presentes, então como que ele pode surgir do acúmulo de estímulos passados? E pelo menos na visão do Sapolsky, essa é a pergunta que alguém que quer provar que livre-arbítrio existe precisa responder satisfatoriamente. Onde exatamente que a nossa mente quebra a cadeia de causa e efeito.
Qual o fenômeno natural que nos dá liberdade? Existem três respostas populares baseadas em ciências sobre a origem do livre-arbítrio. Eu vou começar pela pior e ir para a melhor.
A primeira é o livre-arbítrio quântico. Ela é a ideia de que algum efeito desconhecido permite que o nosso cérebro quebre a cadeia de causa e efeito usando probabilidades que a mecânica quântica. E sim, é verdade que no mundo quântico fenômenos naturais são probabilísticos, ou em outras palavras, não são precisamente determinados.
Por exemplo, se você jogar um elétron em direção a duas fendas, tem 50% de chance de ele passar por cada fenda. E você não consegue prever com total certeza qual vai ser o caminho do elétron. Inclusive é por isso que é um péssimo motivo comer elétrons, eles têm spin.
Mas usar isso pra defender o livre-arbítrio é uma ideia bem ruim. Primeiro, a mecânica quântica costuma só funcionar nas menores escalas da natureza, e é muito improvável que efeitos quânticos sejam significativos no funcionamento do nosso cérebro. E apesar de a mecânica quântica ter elementos probabilísticos, isso não quer dizer que regras rígidas e bem estabelecidas.
Tanto que pode ou não pode, quanto as probabilidades de acontecer são perfeitamente determinadas pelas leis da física. Se o seu cérebro for quântico, isso não faz ele ter nível de arbítrio, só gera um determinismo condicional. Voltando para os exemplos dos botões do começo do vídeo, vamos supor que existia 30% de chance de você escolher o botão A e 70% de chance de você escolher o botão B.
E isso, novamente, baseado no comportamento quântico do seu cérebro. Qual botão você escolheu foi determinado por um colapso aleatório das probabilidades quânticas? Que é um evento perfeitamente aleatório, sobre o qual você não tem controle nenhum.
Sim, a sua escolha pode não estar perfeitamente determinada. Mas ainda assim você não estava no volante da sua mente fazendo essa escolha. Então além de você não ter escolha, a sua identidade é o resultado de acontecimentos quânticos aleatórios, ao invés de ser o resultado da sua história particular.
Nesse caso, a sua identidade seria tão aleatória quanto uma mega cena com trilhões de números. E isso explica muitas pessoas que eu conheço. E é pra evitar essa identidade aleatória que alguns defensores do livre-arbítrio quântico apelam pra ideia de que talvez animais tenham algum mecanismo pra manipular a probabilidade quântica.
E honestamente, isso é um pensamento mágico. É desprovido de qualquer base científica. Ah, eu agora sou quântico.
Pfff. O que nos leva a uma segunda tentativa de resgatar o livre-arbítrio? Apelar para a teoria do caos.
A teoria do caos parece conter a aleatoriedade que nós precisamos para recuperar o livre-arbítrio. A base dela é que em sistemas suficientemente complicados, é impossível de prever como esse sistema vai evoluir no futuro a partir das condições iniciais. Então, como a nossa mente é complexa e está em um estado de caos, o resultado de novos estímulos não está perfeitamente determinado.
E é aqui que você tem a oportunidade de fazer uma escolha livre. O problema é que tudo o que eu acabei de falar é uma interpretação errada da teoria do caos. Mas resumindo, o caos só é imprevisível na prática, porque a teoria do caos é uma teoria perfeitamente determinística, que é exatamente do que nós queremos fugir.
Se você quer saber mais, eu tenho um vídeo só sobre o caos. E por fim, a terceira e última tentativa de recuperar o livre-arbítrio desse vídeo é através da emergência. E não, não no sentido de alerta.
A ideia de emergência é que, quando coisas simples se somam, elas podem dar origem a fenômenos novos, que não parecem conectados com os componentes básicos do sistema. Ou seja, o resultado final é maior do que a soma das partes. Ele emerge da soma de tudo.
Talvez um dos jeitos mais fáceis de enxergar essa ideia é pensar em um cardume. Imagine que você saiba tudo o que é possível sobre um único peixe. Você sabe o que ele gosta de comer, como ele nada e como ele reage a ser atacado por um tubarão, que provavelmente é fugindo o mais rápido possível.
Mas mesmo sabendo de tudo, ainda seria impossível de prever como um cardume com centenas de peixes se comportaria ao ver um tubarão. E de fato, na vida real, o jeito que um cardume se comporta não parece ser o resultado direto da soma do comportamento de cada peixe. Algo novo surge.
E esse algo novo surge por causa da relação complicada entre cada peixe, mas só quando eles estão juntos. E aplicando essa ideia para o nosso cérebro, por mais que cada componente dele seja perfeitamente determinístico, talvez é quando nós somamos todas as partes que surge algo que rompa com o determinismo e nos dê algum tipo de liberdade verdadeira. Como exatamente isso acontece é algo que os defensores dessa possibilidade não são muito bons em responder.
Mas como eu falei, se nós estamos em busca de uma ideia razoável pra recuperar o livre-arbítrio, provavelmente é essa. E mesmo assim ela não é perfeita. Mesmo sabendo o que eu sei de um peixe individual, eu não consigo prever como que um cardume vai se comportar ou ser atacado por um tubarão.
Mas eu posso prever coisas que o cardume não vai fazer quando for atacado por um tubarão, que é jogar truco ou sair voando e disparar raio laser pelos olhos. Pode parecer um exemplo bobo, mas isso tem um significado profundo. Por mais que as partes não determinem o todo, elas de alguma forma limitam o todo.
Então, se o livre-arbítrio surge da complexidade, assim como o comportamento de um cardume surge através da soma dos comportamentos individuais de cada peixe, ele surge de forma limitada. E aí nós temos uma nova pergunta pra responder. Uau!
O quão limitado é o nosso livre-arbítrio? A verdade é que não existe nenhum refúgio científico pra uma ideia de um livre-arbítrio completo. Ao que parece, ou nós abrimos mão de um mundo determinístico, ou nós não temos livre-arbítrio.
O problema é que ninguém quer pensar assim. Mesmo dentro de espaços de ciência e filosofia, a posição mais comum é acreditar que sim, a ciência é determinística, mas que de alguma forma o livre-arbítrio existe mesmo em um mundo determinístico. Essa posição é conhecida como compatibilismo, e em resumo ela defende que a ciência determinística é, de alguma forma, compatível com sermos indivíduos realmente livres.
Mas o compatibilismo não é uma posição fácil de defender. Provavelmente ela é a forma de pensar mais desafiadora nesse debate, porque ela aponta para uma questão crucial. Nós, enquanto seres humanos, queremos nos sentir livres.
Nós queremos acreditar em livre-arbítrio porque a alternativa é assustadora. Nós não queremos ser apenas robôs biológicos reagindo a estímulos de acordo com regras bem determinadas, sendo apenas passageiros de um filme que mente pra gente a todo momento nos fazendo acreditar que nós estamos no controle. Nós gostamos de pensar que somos capazes de escolher a direção que a nossa vida vai tomar.
Tanto é que alguns dos defensores mais ferrenhos do livre-arbítrio têm um argumento moral para defender a ideia. Se o livre-arbítrio não existe, então não faz sentido responsabilizar pessoas pelas suas ações. E isso vale tanto para punições ou recompensas que nós damos para indivíduos na nossa sociedade.
rico, pobre, criminoso ou bondoso, é puramente sorte. Um assassino em série nunca pode escolher não cometer assassinatos, então seguindo a lógica, não faria sentido prender ele. Ou seja, a ideia de livre-arbítrio ser ilusório é tão assustadora que algumas pessoas apelam para argumentos morais, tentando levantar medo contra as consequências de pensar que livre-arbítrio não existe, atacando não a ideia, e sim as implicações dela.
Mas essas tentativas de defender o livre-arbítrio com moral não são bons argumentos. Se você pegar uma doença infecciosa grave, você ainda vai ser isolado no hospital em nome do bem-estar dos outros pacientes. Da mesma forma, mesmo que livre-arbítrio não exista, ainda faz sentido prender um assassino em série pra evitar mais assassinatos, mesmo que o assassino não tenha escolha sobre as suas ações.
A defesa moral do livre-arbítrio aponta pra uma coisa crucial. Nós temos medo. .
. de não sermos livres. Se o livre-arbítrio não existe, o nosso orgulho pelas nossas conquistas é injustificado.
E a raiva que nós temos daqueles que nos machucam também é uma ilusão. Por outro lado, é muito difícil de pensar dessa forma. A nossa sociedade e biologia nos condicionam a classificar pessoas e julgar as ações, nossas e dos outros.
E ao que tudo indica, nós não conseguimos fugir desses comportamentos. Existe um medo de que a ausência do livre-arbítrio abra o precedente para uma sociedade sem qualquer tipo de moral ou responsabilidade. Nosso sistema jurídico é baseado na ideia de que pessoas são responsáveis pelas suas ações.
Mas se livre-arbítrio não existe, punir por qualquer razão é errado. Porque no fim, ninguém é tão responsável assim pelas suas ações. Questionar o livre-arbítrio gera uma série de debates bem complicados sobre moral, individualidade, dever social, crime e castigo.
Mas eu espero que esse vídeo tenha guiado a nossa discussão um pouco mais. Mas e você? Qual é a sua opinião sobre o livre-arbítrio?
Escreve aqui nos comentários. Eu estou curioso pra saber a opinião de vocês. Muito obrigado e até a próxima.
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