A partir do dia 1° de setembro de 1939 o mundo nunca mais foi o mesmo. Isso porque, a Alemanha nazista, liderada por Adolf Hitler invadiu sua vizinha Polônia, iniciando o maior conflito armado de todos os tempos: a Segunda Guerra Mundial. Todos nós sabemos como essa história terminou mas o que talvez você não saiba é que o Brasil foi um personagem fundamental para o desenrolar do conflito.
Depois de também ser atacado pela Alemanha o nosso país não viu outra escolha que não fosse entrar de cabeça na guerra. Mas… pera, o Brasil foi atacado pela Alemanha? Como isso aconteceu?
O que nós fizemos de tão especial durante o conflito? E como o nosso país junto dos Aliados venceu a Alemanha Nazista de Adolf Hilter e a Itália Facista de Benito Mussolini? Hoje, no Investigando - Atlas.
Oi, eu sou o Tinôco já se inscreve no canal e no começo da década de 1930 o Brasil passava por um contexto político complicado– igual todos os outros momentos da nossa história. Isso porque, Getúlio Vargas se tornou presidente do nosso país após derrubar o governo do até então presidente Washington Luís dando início ao que ficou conhecido como a Era Vargas. Em 1937, com o intuito de se consolidar ainda mais no poder Vargas lançou uma nova Constituição concentrando em suas mãos o poder executivo e legislativo o que significa que, na prática, ele assumiu o controle tanto da administração do país quanto da criação e aprovação de leis.
Assim, Vargas instaurou o que ficou conhecido como Estado Novo deixando o poder ainda mais concentrado em suas mãos censurando a imprensa e reprimindo opositores políticos. Esse tipo de governo estava em moda na época principalmente com dois líderes europeus que você já deve ter ouvido falar: o primeiro se chama Benito Mussolini e o segundo, Adolf Hitler. Esse é um dos momentos mais controversos da história de Getúlio e do nosso país como um todo já que em diversos pontos esses governos se aproximaram bastante mas não podemos dizer que eles são a mesma coisa.
Durante essa década, a democracia liberal estava em crise e diversos países, não só o Brasil, a Alemanha ou a Itália adotaram estruturas mais autoritárias em seus governos. E agora só para você entender como estava o relacionamento entre Brasil e Alemanha na época: Em 1938, Vargas enviou uma carta para Hitler por conta da substituição do embaixador alemão no Brasil. Nela, é possível notar uma relação no mínimo curiosa já que ele começa dizendo “A sua Excelência e Senhor Adolf Hitler, Grande e Bom amigo” e termina a carta dizendo que “as relações de boa amizade, felizmente existente entre os dois países”.
No entanto, apesar dessa proximidade de Vargas com Hitler o presidente brasileiro também implementou diversas políticas sociais progressistas que iam contra os ideais alemães na época. Aqui, nós estamos em 1938 a gente nem tinha ideia, mas o mundo estava prestes a mudar para sempre. No dia 12 de março desse mesmo ano a Alemanha anexou política e militarmente a Áustria o que impactou profundamente a percepção tanto internacional quanto brasileira sobre o regime de Hitler.
Este foi um ponto de virada crucial que revelou as intenções expansionistas de Adolf e alertou as nações europeias sobre a crescente ameaça do regime nazista. Assim, a França e o Reino Unido fortalecem suas alianças e declaram apoio à Polônia em 1939 que se via cada vez mais ameaçada pela sua vizinha. Enquanto isso, no Brasil a anexação da Áustria teve tanto repercussões positivas quanto negativas.
Alguns viam a expansão alemã como uma restauração do orgulho nacional e um contrapeso ao comunismo. Enquanto outros viam esse episódio como um prelúdio para maiores agressões e uma ameaça à ordem internacional. O governo de Getúlio Vargas, por sua vez monitorava de perto tudo que estava acontecendo na Europa enquanto seguia mantendo uma política de neutralidade.
Naquela época, o Brasil tinha uma boa relação comercial com a Alemanha mas quando ela saiu metendo o louco e dominando outros países Vargas percebeu que isso poderia impactar nossas relações. Principalmente porque nós também tínhamos um grande alinhamento com os Estados Unidos e com outras potências do Ocidente que eram contra tudo isso que a Alemanha estava fazendo. Aqui, um dos traços mais marcantes da política externa varguista se mostra visível a chamada Equidistância Pragmática.
A ideia era manter uma neutralidade igual dos dois lados da guerra sem puxar sardinha para um lado ou para o outro simplesmente buscando aquilo que gerasse mais vantagem para os interesses nacionais brasileiros. Essa discussão só ganhou ainda mais força no dia 1° de setembro de 1939 quando os nazistas invadiram a Polônia. Vocês lembram que eu falei que o Reino Unido e a França tinham garantido apoio a ela?
Então, por isso, ele tiveram que cumprir suas obrigações de defesa e declararam guerra à Alemanha Nazista dando início à Segunda Guerra Mundial. Com isso, mais uma vez o Brasil tentou manter uma postura neutra buscando maximizar os benefícios econômicos e políticos enquanto evitava se comprometer diretamente com qualquer lado do conflito. Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial o Brasil manteve relações comerciais e diplomáticas com a Alemanha nazista e com a Itália fascista.
Tanto que Vargas seguiu enviando cartas para Hitler como da vez que ele o parabenizou pelo seu aniversário de 52 anos. O problema é que apenas três semanas após o envio dessa carta o governo brasileiro fechou um acordo comercial com os Estados Unidos que mudou de uma vez por todas a nossa relação com esse conflito. O acordo era muito simples: os Estados Unidos se comprometeram a comprar matérias-primas do Brasil.
Até aí, tudo bem. A gente estava se mantendo neutro, mantendo relações com todo mundo… até que no início de 1940 essa guerra que parecia bem contida na Europa começou a ganhar novos personagens. O Império Japonês entrou no Eixo ao lado da Alemanha e da Itália.
Assim como países da Oceania, da Europa e da África entraram para os Aliados, ao lado da França e do Reino Unido. E quando ninguém estava esperando, toma! O Japão que tinha acabado de entrar na brincadeira resolveu meter o louco e atacar a base americana de Pearl Harbour.
Assim, os Estados Unidos se viram obrigados a entrar de vez na guerra ao lado dos Aliados. Por conta disso, os norte-americanos começaram a pressionar o Brasil, perguntando: “Oh, você está com nós ou você está com eles? Você vai ficar aí fazendo relação com todo mundo ou vai escolher um lado?
” Para a logística norte-americana seria essencial o apoio do principal país sul-americano. E foi justamente por isso que eles deram uma recheada no acordo dando diversos incentivos para o Brasil aceitar essa aliança. Teve acordo comercial, fornecimento de armas, fornecimento de equipamento investimento na infraestrutura brasileira além do suporte na criação de duas empresas que iriam suprir os aliados com produtos nascendo a Vale do Rio Doce e o Banco de Crédito da Borracha.
Assim, o Brasil resolveu aceitar liberando os Aliados para usarem nossos portos, instalações aeronáuticas e aeroportos principalmente no Norte e no Nordeste do país visando estrategicamente a parte Norte da África. A posição geográfica do Brasil especialmente a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte seria essencial para facilitar as operações de transporte e logística no Atlântico Sul. Assim, no dia 2 de março de 1942 Vargas sancionou o decreto-lei 4142 transformando um antigo campo de pouso na Base Aérea de Natal.
E a leste, foi construída a base aérea dos Estados Unidos nomeada de Parnamirim Field. Essa base foi tão importante para a estratégia dos Aliados que ela ficou conhecida como o “Trampolim da Vitória” sendo utilizada extensivamente pelas forças aéreas dos Estados Unidos e de outros países aliados como um ponto vital de reabastecimento e um verdadeiro trampolim para as operações na África e na Europa fazendo com que Parnamirim rapidamente se tornasse uma das maiores e mais importantes bases aéreas dos Aliados no Hemisfério Sul. Só que o problema foi que o Getúlio tentou fazer tudo na encolha já que ele oficialmente ainda se declarava neutro no conflito global.
Até então estava tudo tranquilo para o Brasil a gente estava ali ajudando as tropas Aliadas, ganhando um dinheiro com isso da mesma forma que a gente estava mantendo relações com os países do Eixo e também ganhando dinheiro com isso. Mas é óbvio que isso não iria durar para sempre em algum momento os alemães iriam perceber que o Brasil estava fazendo eles de otário e… eles perceberam. Assim, entre fevereiro e agosto de 1942 a Alemanha fez uma série de ataques submarinos contra navios mercantes brasileiros resultando em centenas de mortos.
Nos dias seguintes aos ataques era possível ver corpos, objetos pessoais e malas que a maré levava para a areia das praias. As imagens estamparam os jornais da época o que gerou uma comoção nacional enorme. O que só foi amplificado pelo fato de que uma grande parte da população da época usava os navios para se locomover uma vez que as ferrovias não conectavam todas as regiões e o transporte aéreo não era bem desenvolvido.
Dessa forma, qualquer família brasileira que estivesse navegando naquela época corria o risco de ser atacada por submarinos alemães. Após esses ataques, várias manifestações violentas aconteceram ao redor de todo o país principalmente contra os imigrantes com nacionalidade dos países do eixo. Com o tempo, o choque inicial e o medo foram substituídos pela indignação geral.
No Rio de Janeiro, uma série de protestos e manifestações populares eclodiram exigindo uma retaliação contra os alemães. As passeatas ganharam ampla adesão popular chegando em todas as camadas da sociedade brasileira. Essa pressão caiu toda sobre os ombros de Getúlio Vargas que marcou uma reunião de emergência com seus ministros no Palácio Guanabara para decidir o que seria feito.
E após uma hora e meia de muita discussão a decisão foi tomada e agora, oficialmente o Brasil declarou guerra à Alemanha e ao Eixo. Com sua entrada no conflito o Brasil foi alvo de intensas atividades de espionagem e, por conta disso, as autoridades brasileiras passaram a suspeitar de muitos imigrantes não fluentes em português principalmente aqueles de nacionalidade japonesa, alemã ou italiana que passaram a ser referidos pela mídia como “súditos do Eixo”. É nesse período que o governo brasileiro passa a perseguir e proibir associações que tivessem símbolos relacionados a esses países.
Por exemplo, diversos clubes de futebol brasileiros tiveram que mudar de nome por conta disso. Dois dos maiores times do país chamavam Palestra Itália e mudaram seus nomes para Palmeiras em São Paulo e Cruzeiro em Belo Horizonte. Primeira citação do Cruzeiro, vão bora!
Pode botar um símbolo bem grande assim do Cruzeiro na tela. Pá! Cruzeiro Esporte Clube!
Só que essa situação não parou por aí não na verdade, ela chegou ao extremo com o Brasil criando diversas prisões chamadas de “campos de internamento” destinadas a estrangeiros suspeitos de “atividades anti-brasileiras” além de prisioneiros capturados nas tripulações de navios alemães. Enquanto isso, os Estados Unidos estavam trabalhando para estreitar seus laços com a América do Sul já que eles ainda tinham um certo receio do Brasil meter o louco e trocar de lado na guerra. Assim, eles enviaram o próprio presidente Franklin Delano Roosevelt para conversar com Getúlio Vargas na intenção de assegurar o apoio brasileiro no conflito.
Foi nessa visita em 1943 que os dois presidentes falaram sobre a aderência do Brasil à Carta do Atlântico que basicamente propõe um apoio automático a qualquer país do continente americano caso ele fosse atacado por uma potência extracontinental. O Brasil achou que seria uma boa e no dia 9 de abril do mesmo ano, ela foi oficializada. Mas agora você pode estar se perguntando: “Quando começa a porradaria?
Eu quero ver brasileiro saindo na mão com alemão nazista! ” Bom, nessa mesma reunião Vargas aproveitou para discutir com Roosevelt sobre a participação do Brasil no esforço de guerra na Europa e ambos os presidentes firmaram um acordo que levou à criação da Força Expedicionária Brasileira, conhecida como FEB. Esta tem como seu grande símbolo uma cobra fumando um cachimbo como resposta à todos aqueles que diziam que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar no conflito.
Inclusive, o próprio Walt Disney já desenhou essa cobra fumando em homenagem ao Brasil. Isso fez parte da chamada Política da Boa Vizinhança onde os Estados Unidos queriam passar a imagem de serem amiguinhos da América do Sul mesmo que, anos antes, eles estivessem diretamente envolvidos em ações autoritárias e se intrometido em assuntos nacionais de países latino-americanos. Foi nesse esforço de limpar sua própria imagem que o governo estadunidense pediu que Walt Disney produzisse algumas animações.
Assim, em 1943, é lançado o filme “Alô, amigos! ” com o Pato Donald vindo para América do Sul e conhecendo personagens locais como o Zé Carioca que é feito para simbolizar o Brasil. Agora, com todos esses acordos firmados além do Brasil manter a base de Parnamirim Field nós também iríamos enviar a Força Expedicionária Brasileira para lutar na Campanha da Itália… só que… tinha um problema.
Podemos dizer que nós não tínhamos, assim, os melhores equipamentos do mundo. Então, os soldados brasileiros precisaram passar por um grande treinamento com armamentos e uniformes fornecidos pelos Estados Unidos. E enquanto isso, o Brasil passou por um dos momentos mais controversos da sua história.
Isso porque, com o desenrolar da Segunda Guerra o Japão impediu que os países asiáticos fornecessem borracha para os Aliados. Assim, todos os olhos voltaram para a Amazônia com suas mais de 300 milhões de seringueiras capazes de produzir 800 mil toneladas de borracha por ano. Só que o problema é que havia um baixo número de pessoas que conseguiam trabalhar nesse local não conseguindo atingir a demanda necessária para sustentar uma guerra nesses padrões.
Os americanos se comprometeram a investir na produção, mas para isso o governo brasileiro precisaria recrutar e encaminhar trabalhadores para os seringais que ficaram conhecidos como “os soldados da borracha”. Só que porque isso foi controverso? Bom, porque o governo propagou enganosamente uma série de benefícios e recompensas para esses trabalhadores que jamais aconteceram.
A realidade nos seringais era completamente diferente da prometida. Assim, mais de 55 mil brasileiros foram enganados e se mantiveram em uma situação análoga à escravidão. Tudo que eles recebiam era cobrado inclusive o próprio transporte para chegar na Amazônia o que significa que, no momento em que seus pés pisaram no solo da região os trabalhadores já estavam devendo dinheiro para os donos das terras acumulando uma dívida interminável dia após dia.
Por conta disso, a maioria dos Soldados da Borracha morreram em decorrência das condições insalubres que viveram com doenças fatais como a malária, falta de uma alimentação adequada até ataques de animais selvagens. Anos depois, as famílias desses soldados que morreram na Amazônia tentaram entrar com uma ação contra o governo brasileiro pedindo a mesma indenização que os soldados que morreram na guerra receberam mas foi indeferido pela justiça. E mesmo aqueles que conseguiram sobreviver ficaram afundados em dívidas com os coroneis e não tinham dinheiro para voltar para suas famílias e suas terras.
E enquanto os soldados da borracha lutavam nessa batalha silenciosa em terras brasileiras os integrantes da FEB estavam terminando seus treinamentos nos EUA. Assim, depois de longos meses de preparação, o Brasil estava pronto. As primeiras divisões da FEB saíram do Rio de Janeiro em julho de 1944 e desembarcaram no porto de Nápoles no sul da Itália depois de 20 dias no mar.
Nesse momento, os Aliados já tinham conseguido controlar grande parte da Península Itálica. Inclusive, Benito Mussolini, maior líder do país já havia sido capturado e rendido. Só que essa prisão só durou dois meses já que as tropas alemãs conseguiram tomar o norte da Itália e resgatar o cara instaurando a República Social Italiana no dia 23 de setembro de 1943.
Essa nova república era basicamente um fantoche do estado alemão que era coordenado e manipulado por Adolf Hitler. Foi nesse contexto que a FEB desembarcou no território italiano onde seguiu para o norte do país. Ao todo, nosso exército foi composto por 25.
000 soldados os quais eram carinhosamente chamados de "pracinhas". Isso porque a palavra “praça” no contexto militar brasileiro se refere a oficiais de patentes mais baixas, como cabos e soldados. E como se não bastasse, eles ainda resolveram levar diversos instrumentos musicais para fazer uma rodinha de pagode no meio da segunda guerra mundial!
Enfim, depois de desembarcar em Nápoles a FEB seguiu pelas cidades de Roma, Livorno e Pisa até chegar na chamada Linha Gótica um local onde todos os soldados se vestiam de preto e ouviam rock’n roll… desculpa, essa foi previsível. Essa Linha Gótica era uma fortificação defensiva no norte da Itália, próxima de Florença construída pelos alemães para bloquear o avanço das forças aliadas. E foi lá que as tropas brasileiras travaram suas principais batalhas durante a Segunda Guerra.
Talvez, a operação mais notável do Brasil nesse conflito foi a chamada “Batalha de Monte Castello” que durou de novembro de 1944 até fevereiro de 1945. Monte Castello fica localizado na Cordilheira dos Apeninos e tem um valor estratégico crucial para os alemães devido a sua posição elevada que garantia uma bela vantagem defensiva. Sob o comando do General von Senger a Alemanha havia transformado Monte Castello em uma fortaleza quase inexpugnável.
Utilizando a vantagem do terreno montanhoso as forças alemãs estabeleceram uma série de fortificações defensivas incluindo trincheiras, bunkers e campos minados. A artilharia estava estrategicamente posicionada para cobrir as rotas de abordagem tornando qualquer avanço aliado extremamente difícil e perigoso. Além disso, o clima severo do inverno italiano com neve e temperaturas abaixo de zero adicionava uma camada extra de dificuldade para as tropas brasileiras.
Os Aliados, que incluíam a FEB e eram liderados pelo Quinto Exército dos Estados Unidos adotaram várias estratégias para tentar romper a defesa alemã mas tudo parecia dar errado. Eles tentaram uma, tentaram duas, tentaram três vezes, mas nada dava certo. Então, eles resolveram mudar de estratégia.
Assim, as tropas se reorganizaram para um planejamento mais cuidadoso. A partir de agora, eles usariam bombardeiros mais eficazes juntamente com táticas elaboradas de infiltração e análises de inteligência buscando decifrar os pontos fracos das defesas inimigas. O grande problema era que a posição alemã no Monte Castello era cercada por outros montes que também eram controlados por eles o que tornava praticamente impossível atingir o seu topo.
Mas foi por conta disso, que um ataque simultâneo foi coordenado. Os americanos atacaram o Monte della Torracia visando eliminar a posição defensiva alemã. Enquanto isso, as forças brasileiras seriam divididas em três.
O primeiro batalhão faria o assalto frontal. O segundo batalhão iria contornar o monte pela direita. Enquanto um terceiro batalhão ficaria de reserva pronto para interferir caso fosse necessário.
O objetivo era atingir o cume do Monte Castello às 18 horas mas nós tivemos um probleminha. Os americanos foram fortemente atacados e não conseguiram conquistar o Monte della Torracia o que significa que, durante toda a manhã os brasileiros foram alvejados com fogo inimigo que já tinham retalhado os Estados Unidos. Mesmo assim, os alemães não se ligaram na galera que estava dando a volta e conseguiram atingir o topo do Monte Castello.
Assim, eles atraíram a atenção dos alemães que se viraram para eles. Permitindo assim, que o primeiro batalhão fizesse um ataque frontal preciso e decisivo. Por fim, às 17h30, meia hora antes do previsto os pracinhas alcançaram o topo do Monte Castello no dia 21 de fevereiro de 1945 e puderam ajudar os americanos, que ainda não tinham alcançado o cume do Monte della Torraccia contribuindo profundamente para o enfraquecimento da Linha Gótica alemã.
Essa foi possivelmente a maior vitória dos soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Isso elevou a moral das tropas e fortaleceu sua reputação entre os aliados que puderam finalmente avançar no norte da Itália e abrir caminho para futuras operações que eventualmente levariam à rendição das forças do Eixo na região. Porém, essa vitória foi muito custosa para o Brasil com aproximadamente 450 soldados brasileiros mortos em combate além de milhares de feridos e doentes.
Além da FEB, a FAB, ou a Força Aérea Brasileira também desempenhou um papel fundamental na guerra. Destacando principalmente o 1º Grupo de Aviação de Caça que se tornou a unidade de elite da Força Aérea Brasileira. Entre novembro de 1944 e abril de 1945 esse grupo foi responsável pela destruição de 85% dos depósitos de munição 36% dos depósitos de combustível e 15% dos veículos motorizados inimigos em apenas seis meses, superando as expectativas tanto de seus aliados quanto de seus inimigos.
Além disso, os pilotos da FAB participaram de várias missões cruciais durante a Campanha da Itália muitas vezes enfrentando forte oposição antiaérea e condições climáticas adversas exigindo um alto grau de treinamento dos pilotos brasileiros. As missões incluíram ataques a posições defensivas inimigas, pontes, rodovias, ferrovias e depósitos de suprimentos contribuindo significativamente para a desorganização das linhas de abastecimento e comunicação alemãs. Com isso, as operações aéreas brasileiras foram fundamentais para o avanço das forças terrestres aliadas especialmente durante os ataques contra as linhas de defesa alemãs na região da cordilheira dos Apeninos e na Planície do Pó provocando um enorme estrago ao inimigo.
Nosso trabalho foi tão importante que nossos pilotos receberam a Citação Presidencial da Unidade dos Estados Unidos uma das mais altas honrarias concedidas por atos de heroísmo em combate. O Capitão Nero Moura, comandante do grupo e outros pilotos, como Tenente Rui Moreira Lima e Tenente Alberto Martins Torres destacaram-se por sua bravura e habilidade em combate tornando-se herois nacionais. Infelizmente, muitos pilotos foram derrubados durante os ataques e aqueles que foram capturados acabaram sendo levados para campos de concentração na Alemanha de onde foram resgatados posteriormente.
O cabo Waldemar Reinaldo Cerezoli, que ficou em missão por 381 dias passou 142 deles como prisioneiro de guerra em um campo de concentração alemão chamado Stalag VII-A em Moosburg, no sul da Alemanha. Felizmente ele sobreviveu e pôde voltar para o Brasil com o fim da guerra. Em seu diário que virou um livro intitulado “A dupla face da guerra: a FEB pelo olhar de um prisioneiro” ele relatou sobre o dia em que se renderam: “Era aproximadamente 11 horas da manhã, e eu já estava com fome e sede insuportáveis.
Subi para o andar superior e vi pela janela que o inimigo já tinha cercado a casa. (. .
. ) Enquanto tinha balas, atirei para matar. Vi perfeitamente uma granada entrar pela janela e cobri o rosto com o braço esperando a explosão.
Senti uma pancada na cabeça e desacordei por alguns segundos. Depois, vi meu braço ferido e senti sangue escorrer pela perna esquerda. Quis andar, mas não pude.
À meia-noite, de 8 de dezembro, tive a honra de desembarcar na Alemanha. Estávamos loucos de sede e, assim que descemos, começamos a comer neve. Entramos em forma e seguimos para o campo de concentração.
Foi a pior impressão da minha vida ver aquele cercado de arame onde eu ia entrar, mas não sabia se sairia. ” Por fim, em 28 de abril de 1945 com o colapso do Eixo cada vez mais próximo Mussolini tentou fugir para a Suíça mas foi capturado e executado por um grupo italiano anti-fascista perto do Lago Como. Enquanto isso, as tropas soviéticas já estavam invadindo a capital alemã na chamada Batalha de Berlim.
Com a derrota iminente e sem mais saída Adolf Hitler, líder do regime nazista, se suicidou em seu bunker no dia 30 de abril de 1945. Com a morte de Mussolini, o suicidio de Hitler e a rendição da Itália e da Alemanha a Segunda Guerra Mundial terminou oficialmente na maior parte da Europa no dia 8 de maio de 1945 conhecido como o Dia da Vitória Europeia. Muitos pilotos lembram que nesse dia eles estavam no meio de uma missão quando receberam a notícia pelo rádio de que a guerra havia terminado e que não precisariam mais realizar o ataque.
Após esses episódios, tanto a FEB quanto a FAB haviam cumprido sua missão e não tinham mais razões para continuar lutando. Assim, em junho de 1945 os soldados embarcaram no navio americano USS General M. C.
Meigs em Nápoles e chegaram ao cais da Praça Mauá no Rio de Janeiro em meados de julho. Ao desembarcarem, nossos soldados foram recebidos com grandes celebrações onde desfilaram em uma parada militar que contou com a presença de milhares de pessoas, além de autoridades políticas. A recepção calorosa refletiu o orgulho nacional pelo papel desempenhado pelos soldados na Segunda Guerra Mundial.
No entanto, após a euforia inicial muitos ex-combatentes enfrentaram dificuldades significativas para se reintegrarem à vida normal. Eles tiveram pouco ou nenhum apoio para se recuperar dos traumas da guerra muitos tiveram dificuldades de conseguir um emprego e a falta de reconhecimento contínuo do governo levaram vários ex-combatentes a desenvolver problemas psicológicos. Muitos se sentiram abandonados e não receberam o suporte necessário para uma transição suave de volta à sociedade tendo em vista que eles não foram formalmente reconhecidos como militares ou soldados de guerra e apenas retornaram à vida civil sem benefícios significativos ou pensões adequadas.
Inclusive, o fim da Era Vargas está diretamente ligado a isso já que a falta de valorização e estruturação por parte do governo empurrou os militares em uma campanha de pressão pela renúncia de Getúlio. No âmbito internacional, a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial fortaleceu significativamente suas relações com os Estados Unidos. Este relacionamento se consolidou ainda mais pós-guerra com o Brasil emergindo como um aliado estratégico dos estadunidenses na América Latina.
As bases aéreas e navais estabelecidas durante a guerra foram usadas para cooperação militar contínua e treinamento conjunto. Algumas dessas bases existem até hoje como a Base Aérea de Natal e a Base Aérea de Recife. No entanto, diversas outras foram desativadas ou convertidas para outros usos.
A contribuição do Brasil para a vitória aliada também ajudou a elevar o status do país no cenário internacional como um todo reforçando ainda mais seu papel como líder regional na América Latina e culminando na introdução da Carta das Nações Unidas à legislação brasileira por meio do Decreto n. º 19. 841 de 22 de outubro de 1945 assinado pelo presidente Getúlio Vargas.
Com isso, o Brasil reconheceu oficialmente os princípios, normas e obrigações estabelecidas pela Carta como parte integrante do seu sistema jurídico. Além disso, a experiência da FEB e as alianças formadas durante o conflito abriram caminho para futuras colaborações internacionais e para o envolvimento do Brasil em diversas operações de paz da ONU fundada pouco depois do fim da Segunda Guerra com o objetivo de prevenir futuros conflitos globais. Inclusive, o Brasil quase conseguiu uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, mas a gente teve alguns problemas.
Primeiro, a União Soviética disse que se o Brasil entrasse a Polônia teria que entrar também. Segundo, que essa questão seria uma “promessa” do Presidente Roosevelt que acabou falecendo antes da guerra acabar e assim o Brasil não teve seu “advogado” para entrar no Conselheiro de Segurança e acabou ficando de fora. Até hoje, o legado dos soldados da FEB é honrado em diversos memoriais e cerimônias no Brasil e na Itália.
Monumentos como o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro e o Monumento Votivo Militar Brasileiro, em Pistoia, na Itália celebram o sacrifício e a bravura dos soldados brasileiros na guerra. Além disso, existem lugares como o Espaço Cultural da FEB em Belo Horizonte ou o Museu da Casa da FEB no Rio de Janeiro que honram também os soldados que voltaram expondo itens trazidos por eles da guerra incluindo equipamentos, armas e trajes tanto dos Aliados quanto de Países do Eixo. Com tudo isso, é muito importante notar que o Brasil teve sim uma importância estratégica no conflito podendo fortalecer seus laços com os Estados Unidos e outras nações aliadas gerando um impacto profundo e duradouro na identidade e na posição internacional brasileira.
Por conta disso, o Brasil entra na seleta lista de países que jamais perdeu uma única guerra contribuindo e muito na luta contra o nazismo e contra o facismo ajudando, dessa forma, a mudar o mundo ao nosso redor para sempre. Bom, esse foi o vídeo, eu espero que você tenha gostado. Produzir esse tipo de conteúdo dá um trabalho enorme se você tem interesse em ajudar a gente em continuar produzindo você pode nos apoiar se tornando um membro aqui do canal.
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