o digníssimo presidente da academia Paulista de letras Dr José Renato nalini caras com freiras e confrades colhendo as autoridades queridas amigas e amigos amados familiares Boa noite hoje contra o ritual que a pandemia protelou chegou a data da minha posse na cadeira de nº 7 para o qual foi eleito em abril de 2021 entre o outono da eleição e o atual houve muitos acontecimentos planta rei meu galera acrílico panta rhei tudo flui no rio inexorável do tempo e quando escolhi estudar José de Anchieta no doutorado não supunha que sua figura estaria comigo até o simbólico
dia nove de junho de 2022 425 anos após sua morte e tudo parece interligado pelas tramas sutis da vida sou Historiador relembrou fatos pretéritos minha presença aqui é um ato afetivo de Gabriel Chalita depois da Generosa a lembrança do meu nome como candidato possível encontrei-me com o presidente para conhecer mais a instituição agradeço a ambos o acolhimento sou também devedor dos generosos votos de tantos aqui presentes aspiram a conviver com pessoas inteligentes e interessantes o meu primeiro ano na casa revela-me que o objetivo é válido e possível honram-me meus colegas com o carinho e atenção
é diferente da personagem Blanche de boa do Bonde chamado desejo não dependo da caridade de estranhos vivo do afeto de jeito conhecida e testada pela vida obrigado com freiras e confrades a enuncio agora outras afinidades eletivas Maria Adelaide Almeida Santos do Amaral Seu nome é quase um verso Alexandrino e como os meus ouvidos suas generosas palavras você é uma força da natureza uma mulher apaixonante hoje tem essa honra chamar ela de amiga Obrigado sua coerência restaura um pouco da minha crença na humanidade Oi Maria Adelaide houve em um Alpendre de Higienópolis festa do Chalita Seus
Louvores a Eça de Queirós e acompanhar seus elogios no discurso agora reproduz dentro de mim a sensação de Luiza do Primo Basílio que era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas como um corpo ressequido que se estira num banho tépido sentia um acréscimo de estima por si mesma e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante um de cada hora tem o seu encanto diferente cada passo conduzia a um Êxtase EA alma se cobria de um luxo radioso de sensações nosso microfone de uma
obrigado minha querida essa do Amaral nós somos um pouco mais do que um melífluo Basílio ou devaneio bovarista de Luiza mas comungamos das palavras Que proclamam que arte existe Porque a vida é insuficiente tudo parece interligado pelas tramas sutis do Fio da vida signo tear indicado do passado sou filho de Clio a musa da história a casa que me acolhe surgiu em 1909 minha cadeira tem por patrono José Bonifácio o moço sangue ilustre da família que marcou a independência do Brasil foi um talentoso orador abolicionista dele temos o primeiro livro de poesias e impresso em
São Paulo rosas egoicas e as palavras iniciais o autor pergunta fiel Augusto romântico O que é o passado senão um sepulcro O que é existência senão um cadáver cai um pois sobre a lousa que a esmaga rosas de um dia goivos de toda a vida É sim caro poeta passado é um sepulcro Todavia o monumento que sobre erguemos diz do presente dos nossos anelos de futuro os fatos lembrados são diálogos que reinventam nossa posição no mundo o passado é um país distante o passaporte sempre apresenta o rosto do portador a sétima cadeira foi iniciada pelo
poeta Mineiro José de Freitas Guimarães que acabaria advogando em Santos terra de origem dos Andradas e em 1954 assumiu no de Santana Paulista de Itirapina Historiador biografado pelo nosso brilhante confrade José de Souza Martins o Pedro Ferraz do Amaral foi Imortal seguinte era Paulista de Piracicaba e tradutor de mopasa estendal e Thomas ma Compartilhamos eu e Pedro do amor ao um rodo Ofício de escrever para o jornal O Estado de São Paulo eu chego enfim a minha antecessora imediata a Paulistana Anna Maria Martins coincidência era bisneta do patrono da cadeira José Bonifácio o moço Ana
foi tradutor escritor admirável de contos e personagem histórica da sociedade quatrocentona eu era jovem em São Leopoldo quando lhe na biblioteca municipal um livro de Agatha Christie traduzido por ela sem querer Ana Maria fez algo que num dia atrairia meu será o lugar que ela ocupava tudo parece interligado pelas tramas sutis do Fio da vida mulherão usada livre das formas e formas da sociedade foi capaz de fazer da sua vida um Manifesto a favor da liberdade e da capacidade de amar a quem desejasse e subscrevam final do discurso de posse de Ana Maria em 1992
há 30 anos e embora acha que o compromisso é essencial do escritório é para com a literatura considera que o intelectual não pode permanecer um misto e relação a fatos que haviam tem o ser humano ele imprimir para sua geração e para as posteriores seu testemunho sua visão e sua interpretação do tempo o escritor não pode calar-se e jamais pode ser calado Ana Maria o e ocupa agora o lugar dela nesta casa é cátedra tomada pela alta estirpe dos que me precederam clamo que nos desafiamos contra mediocridade polarizada que abala a nossa civilidade afrontando Inclusive
a noção de estado democrático de direito academia Paulista de letras foi e sempre será uma resistência ao arbítrio e aos devaneios de celerados autoritários repito a bela ideia de Ana Maria o escritor não pode calar-se e jamais ser calado vivemos dias aziagos eu só preciso de por gigantes e aninho em seus ombros na ambição de novos horizontes Ainda me sinto desolado pela perda recente da imensa Lygia Fagundes Telles com quem compartilhei um único momento ao vivo e centenas de horas como leitor apaixonado eu estou animado pela renovação recente de Assis tituição que incorpora mais mulheres
e quebra paradigmas para minha alegria especial elegemos djamila Ribeiro como digníssima sucessora de Lígia lembro que sob este teto temos lugar para ouvir rosas e boi vos igualmente um belo poema da Saudosa acadêmica Renata pallottini intitulado LGBT e viva a tolerância ativa apanágio da Democracia O passado é meu Ofício invoca meus pais Renato Jacir estariam aqui orgulhosos se o tempo não sei Face aos bons com ânsia voraz venho de um lar amoroso que estimulou a leitura esta foi e sempre será a minha herança mais sólida meus amados irmãos Rose e Renato e César seguimos uma
tradição muito afetiva que passa agora aos netos Oi querido pai Dr Renato carnal obrigado pela primeira lição de latim e francês pelas indicações da Língua Portuguesa e pelo amor que como Santo Agostinho recomendava teve como medida a inexistência do limite meu português querido pai ainda claudicano a prosódia e na análise sintática paciência preciso estudar mais porém prometo-lhe enquanto a minha língua existir e articulares eu louvarei o amor que recebi e o respeito ao saber é um agradecimento aos professores que me formaram e lembra as primeiras mestras no Colégio São José eu sou fruto da Dedicação
de educadores extraordinários querem um exemplo da aposta no futuro que implica ensinar eu estou aqui porque a Doutora Janice Theodoro acolheu-me e orientou me na USP eu sou fruto da esperança de muitos o novo meus Mestres Jesuítas os quais Deixaram um suco fundo na minha alma as aspirações de nasci anos reforçaram energia racional e retórica e lembro a profecia de Daniel aqueles que ensinam para a justiça brilharam como estrelas do céu tenho coração transbordante de gratidão nesta noite recebi mais do que dei confiaram em mim além do meu merecimento errei e crescer tornei-me professor por
ter sido aluno aos meus formadores minha devotada a gratidão e lembro-me de intermináveis pesquisas em arquivos no México e em Sevilha em Paris e no Brasil os documentos emocionava vão me até o ponto de chorar quando jovem as lágrimas eram de prazer epistemológico depois passaram a ser por causa da rinite excitada pela poeira das caixas eu fui feliz nas três universidades que me marcaram a Unisinos foi minha alma Mater a USP foi porta de um novo mundo sou particularmente grato aos colegas e alunos da Unicamp onde trabalhei por quase 25 anos aprendi muito e tive
alguns dos melhores momentos da minha existência lá em Barão Geraldo há como expressar a gratidão aos meus milhares de alunos alguns estão aqui hoje tornando os mestres e doutores de aula por 40 anos hoje centrou nas minhas moléculas a sala de aula definiu me emociona me quando o reencontro alguém que evoca a palavra mágica professor eu falei de pessoas chegou a lugar São Paulo comoção da minha vida que me trouxe títulos carreira fama amigos e um grande amor e no Planalto de Piratininga publiquei meu primeiro livro li certa feita que encontramos um lar de verdade
quando não conseguimos mais mudar de endereço eu fiz da Paulicéia desvairada meu refúgio aqui vivo EA que gostaria de acompanhar o inverno da minha biografia amo esta Urbe desde o primeiro instante nunca me esquecerei das minhas origens meridionais todavia não desejo estar em outro lugar minha casa é São Paulo a cidade dos diálogos tensos A taba indígena a vila Bandeirantes o Burgo de estudantes a Metrópole do café a cidade Fabril e o universo cosmopolita atual E aqui estamos senhoras e senhores na nossa cidade em ambiente refinado e logo mais abriremos caminho no meio do Arouche
entre pessoas em situação de rua na cidade em que vivemos Definitivamente não é fácil e nem sempre é justa é o sonho do jovem estudante Anchieta reunimos Generoso estuário aqui Os Filhos do Cacique Tibiriçá tomavam água então confiáveis do Tamanduateí do Tietê aos hídricos e sonoros topónimos indígenas sobrevieram fluxos do Tejo e do tibre algo do reino muito do Congo ondas nipônicas águas do Titicaca e sempre a presença Generosa e produtiva dos Imigrantes de todo o país especialmente dos nordestinos e o Paulinho processo de Andrade aqui processo que se enriquece com cada nova contribuição e
que a força de São Paulo seja argumento definitivo contra todo o racismo é divertido citar uma ideia de Roberto Pompeu de Toledo o Rio de Janeiro os a música Cidade Maravilhosa para um auto-elogio São Paulo tornou-se o informal uma lembrança do risco de atraso não posso ficar nem mais um minuto com você o que Abismo Dois belos mundos distintos para além da bolacha e do Biscoito Podemos até citar para quebrar a sisudez nosso querido José Simão Diz ele que o Paulistano tira férias para estressar o Brasil o que diferenças um contemplando O esplendor da Guanabara
outros Miranda o seu relógio em busca do trem que sai agora às 11horas não do cordo com o dizemos altaneiros ninguém manda em mim a não ser meu relógio o trem por Jaçanã em nosso Eterno Retorno falei do passado e do lugar apontei a graça de certos humores regionais chega o meu presente disposição pública os riscos são grandes a forma tem um pouco da fórmula da teoria do medalhão de Machado de Assis sucesso pode ser uma gramática desafiadora e a notoriedade ganha sua própria dinâmica e tende a negar oxigênio quando o incauto deslumbrado supõe estar
nas alturas as redes sociais são o sol que queima cera de todo o Ícaro pousada em o desejo beber a ideia lacaniana a Vanda Alex de Rambo eu é um do outro em São Paulo gestão muito sonhos que eu embalavam em silêncio conjuguei no Alex Paulistano alquimia dos meus contrários enfim Ramos São Paulo por ter amparado minha metamorfose Consciente e inconsciente amo como amálgama é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi e foste um difícil começo Sampa minha amada cidade é esfinge que decifra e devora eu falei do passado e do presente arrisco
Enfim no câmpus e disso do Futuro vamos usar ficção Profética num dia talvez alguém subir a esta Tribuna e falar água acadêmico Leandro karnal recentemente falecido que será os esperados louvores entretecidos como brocados de retórica Suponho que apanhará nos campos de centeio dos meus escassos méritos frases a SMU episódios anedóticos minha memória será Buri lada como preconiza o costume acadêmico assim começará uma nova carreira partir de um o caso tudo tem seu tempo a um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu de Salomão é natural o amanhecer sua é possível quando a noite perde
a batalha para jovem luz trata-se da ordem natural das coisas tudo tem seu tempo e sua hora e Suponho Narciso devaneio que meu nome será invocado em solenidade similar a que vivemos agora a genealogia da sétima cadeira ter avançado uma casa e o novo ator do xadrez acadêmicos celebrará as peças que já saíram do embate o jogo segue sempre torre Bispo cavalo e rainha vão todos para a mesma caixa dos peões eu queria assumir o posto de oráculo e afirmar ao chamado da minha sucessora ou sucessor de alguma forma exerceria mortalidade dizendo presente Sim prometo
como as bruxas de máquinas eu farei advertências sobre os riscos e possibilidades das ambições eu te vejo fazer Eco aos versos de Drummond de tudo fica um pouco um pouco do teu medo do teu asco dos gritos gagos seguindo o poeta de Itabira se de tudo fica um pouco porque não ficariam pouco de mim e quando a pessoa que tiver aqui eu vou casa do fundo do tártaro minha memória evanescente murmurar e Sutil e com voz etérea usando as palavras de alguém mais capaz Paulo Bomfim ao tomar posse nessa casa no ano do meu nascimento
1963 e aqui em Campos de Harold nossa fé e nossa causa nossa luta em nosso sangue Nossa quase nossa guerra Nosso Chão nosso amanhã nosso amor e nossa luz respondem em uma só voz presente sempre presente senão encerro com a voz de Paulo Bomfim e volto santo do dia José de Anchieta E como eu Ele veio de longe amou Esta terra o canarinho viu nascer eu aviso plena madura e o Poeta catequista estava refém uma guerra Colonial cercada de riscos em 1563 louva Virgem Maria nas areias de Peruíbe E latim celebra seu desejo que hoje
traduza de forma muito livre e Compartilho embaixo deste céu que é morada de todos viverem morrer um prazer Este é o meu grande desejo e sinto-me tomado pela Bruma intensa que rolando evocou a fraude como sentimento oceânico o que solução e o mundo sem bordas ou limites muitas urdiduras e Fios desconexos que aqui do Alto da Tribuna parecem fazer sentido agora olhando para este grupo vocês são toda minha vida em quase 60 anos ex minha biografia Diante de Mim cheguei com uma mala de livros e muitos sonhos ao terminal rodoviário Tietê lutei cresci ao ponto
de ter hoje universo karnal o Cruzeiro rubicão incontáveis vezes eu posso desejar mais Sim desejo meus amigos desejo estar aqui com vocês uma conquista usufruindo de forma solitária EA terra devastada de TS Elliot um sistema povoado de afetos e a visão final de Dante pois aqui desfruto com vocês do amor que move o sol e as outras estrelas Obrigada São Paulo obrigado essa casa que me acolhe Obrigado a todos que aqui vem não ter uma morte porque amo muito a vida sou Imortal hoje no sentido pleno da palavra vivo no coração doce me contemplam agora
são feliz entre vocês sou para sempre aqui como escrever o patrono da cadeira é certo que vos amo e basta em volta o poeta Anchieta viver e morrer com prazer e meio a tantos fios densos essenciais Obrigado meus queridos aqui presentes consegui amar estou feliz e tudo parece interligado pelas tramas sutis da vida Penélope Pode descansar da lida em vinda retornei a ítaca finalmente estou em casa muito obrigado E aí em casa né E aí