[Música] neste segundo bloco do programa continuamos nossa conversa com a professora zoia prees o tema de hoje é a teoria histórico Cultural de vigotsky professora retomando a questão da linguagem da fala professora começou a falar no primeiro bloco A professora poderia falar qual a diferença entre linguagem e fala segundo o conceito de vigotski eh para mim o conceito fala né o fenômeno humano ele eh é importantíssimo e em muitas traduções inclusive num livro clássico importantíssimo também é o último livro que o vigotsky escreve que é pensamento e fala eh foi traduzido como linguagem eh por
que que eu defendo E por que que estudando a obra do vigot que a gente chega à conclusão que não é eh eh linguagem porque eu gosto que tá tratando do fenômeno vivo do fenômeno que se desenvolve né ele inclusive vai dizer que a fala ela não é não é um fenômeno apenas eh eh a criança não aprende a falar apenas quando ela pronuncia A primeira palavra a fala começa a se desenvolver desde que a criança nasce né e e já é uma forma de eh falar e a fala é um fenômeno eh de eh
relação o fenômeno que vai e estabelecer essa relação da criança né que vem ao ao mundo com aqueles que estão em volta dela aqueles aquelas pessoas com quem convive eh o vigotsky USA eh o fenômeno né fala em vários momentos do seu dos seus trabalhos para desenvolver Inclusive a lei geral de desenvolvimento humano que ele eh formula eh dizendo todo fenômeno eh psíquico ele emerge no desenvolvimento humano duas vezes primeiro no campo coletivo interrelacional que é E aí eu eu vou depois falar da fala isso fica muito mais claro e depois pro plano individual o
plano e interno então e ele usa o fenômeno da fala para mostrar isso então como é que a criança aprende a falar aprende a falar se comunicando se relacionando com os humanos que estão em volta dela com quem ela convive é um fenômeno que é é coletivo né ela percebe é um fenômeno que e elas ela percebe rapidamente que com esse fenômeno ela controla o o o comportamento do outro o outro controla o comportamento dela então a mãe quando chama a atenção ou a pessoa que tá com ela chama atenção para alguma coisa eh a
fala ela está eh presente então é um um um um fenômeno social coletivo eh ele depois posteriormente ele se vale eh do conceito de fala egocêntrica do piag mas ele Diverge do Pag porque o Pag diz que a fala egocêntrica vai desaparecer no processo de desenvolvimento mento e ele vai dizer não olha a fala egocêntrica que é aquela fala que a gente eh quando a criança descobre que ela fala e que ela se vale dessa fala para comportar para controlar o seu comportamento então é muito comum criança de 2 3 anos falando agora o se
referindo a si mesmo falando agora você vai fazer isso agora Joãozinho vai fazer aquilo Mariazinha vai fazer aquilo é a fala com ela mesmo É nesse momento de transição dessa fala social coletiva para uma fala com ela mesma que ela passa a a a a usar a fala para controlar o seu próprio comportamento né E que no processo de desenvolvimento vai desaguar numa fala interna que é o nosso pensamento verbal que é quando a gente eh fala a gente né a junção do pensamento e e da fala então por que que isso é é importante
primeiro para entender que que pensamento fala são processos diferentes e eles não nascem juntos né eles têm eh origens também né Eh diferenciadas eh e e vão formar depois uma função psicológica que é o pensamento verbal importantíssimo inclusive para a própria alfabetização da criança quando a gente começa a pensar eh sem eh precisar externalizar e eu tendo a concordar com vigos que obviamente que a fala egocêntrica ela não desaparece porque eh a gente consegue perceber em nós mesmo o quanto a gente às vezes se Vale da fala para eh chamar atenção pra gente eh pensar
no nosso próprio comportamento então é uma fala que no momento de desenvolvimento da criança Ela é importantíssima para essa transição dessa fala extremamente coletiva e social para uma fala mais interna agora não que essa fala interna não seja social tudo que eh vai virar eh vai est no domínio do próprio eh ser humano eh eh foi social antes já é social aproveitando que a professora acabou de falar sobre esse conceito de vigot em relação à linguagem e a fala como esse conceito implica no processo de alfabetização eh é interessante principalmente para professores alfabetizadores e professores
que trabalham com né a criança que tá sendo alfabetizada porque no no próprio início de de de processo a criança ela vai registrar é o que ela fala é a fala dela né aquilo que ela e isso é importante e nesse processo de e compreensão de significado que a criança atribui à sua própria eh fala então importância Como o próprio Freire diz pra gente que a leitura do mundo precede a leitura da palavra Eu acho que o o vigotski também traz uma uma ideia de que eh essa fala ela antecede a qualquer eh eh a
leitura ou até a aprendizagem do próprio código eh em si né então quando a criança eh vai aprender eh a fala dela é o Primeiro Registro é é a fala então ele vai dizer a fala escrita e a fala oral por isso que ele vai diferenciar agora em relação aos conceitos bigotes que sobre faix etária atividade guia desenvolvimento da criança como que esses conceitos podem alterar o entendimento atual no processo de formação da criança professora O O vigotsky ele no na obra dele ele tem inclusive uma obra que é o problema da idade e ele
não diferencia especificamente eh faixas etárias como faixas etárias rígidas por idade né Apesar dele em algum momento falar assim mais ou menos 1 ano 1 ano e meio sim mas ele vai diferenciar as faixas etárias muito mais pela atividade que vai guiar que é a atividade guia o desenvolvimento da criança numa determinada fase da vida então a atividade guia é um conceito importantíssimo e E se a gente for depois falar de de brincadeira isso vai é brincadeira de faz de conta principalmente não uma brincadeira qualquer porque existem vários outros tipos de brincadeira mas ele vai
distinguir eh as atividades de guia de cada eh período de uma fase específica e a a a mudança de uma atividade guia que vai guiar o desenvolvimento da criança né Eh para uma outra atividade guia eh se dá no momento de um conflito quando a criança vivencia um certo conflito uma certa ele vai chamar de crise né momentos de crise no seu desenvolvimento então um exemplo seria eh a atividade guia eh do bebê de uma criança até um ano um ano e pouco por exemplo e E aí a gente até a gente também out tava
numa Banca O que que é o bebê né até que idade é o bebê então Eh se a gente for pensar pelo que o o o vigotsky diz então a criança quando ela ela chega no primeiro no final do primeiro ano de vida a atividade guia dela até então era a a relação ativa com os adultos Ela depende maximamente do adulto esse adulto que carrega ela que brinca com ela que alimenta ela que troca fralda que mostra o mundo para ela né Então essa é uma atividade guia essa atividade guia que faz eh emergir a
neoformação que é exatamente a a a fala da criança nãoé a criança começa a falar um ano falar externa externalizar as primeiras palavras e ao mesmo tempo ela começa a andar ela começa a se movimentar sozinha pode ser com menos de um ano pode ser com um ano pode ser com um pouquinho mais de um ano isso depende de criança para criança mas ela vivencia um conflito enorme porque ao mesmo tempo que que ela quer uma Independência em relação a esse adulto que cuida dela e ela tá ganhando essa Independência até porque ela começa a
se movimentar sozinha ela ainda quer o adulto do lado dela que o adulto ainda eh tem o adulto ainda tá do lado dela ela precisa desse adulto para algumas coisas esse conflito faz com que eh surja né mude principalmente a situação social de desenvolvimento dela e faz eh surgir uma nova atividade que é quando ela começa a explorar os objetos ela mesmo consegue explorar os objetos e essa exploração dos objetos ele vai denominar de uma outra atividade guia e por que que é uma atividade guia quando ela começa a explorar sozinha esses objetos porque ela
além de aprender o significado direto social de cada objeto ela eh no processo de desenvolvimento aprende que esses objetos podem eh assumir outros eh papéis e aí quando ela descobre que por exemplo a cadeira ela pode ser um trem ela pode ser um ônibus ela pode ser eh qualquer outra coisa basta eh você inventar e imaginar ela leva para brincadeira e aí dessa eh atividade de exploração de objeto quando ela começa a a a imaginar né outras coisas surge uma outra atividade guia que é a brincadeira de faz de conta então são processos de conflito
sim e qual o conflito que surge quando eh a atividade de guia de exploração de objetos para a brincadeira de faz de conta essa transição Qual é o conflito quando a criança quer ser alguma coisa na vida real mas ela não pode pela condição social que a nossa sociedade atribui a ela Então ela quer ser mãe mas ela é criança ela não pode ser mãe o que que ela faz ela leva pra brincadeira de faz de conta o o o um equívoco que eu apontaria é você considerar que essa brincadeira simplesmente reproduz eh um um
a mãe então tem teorias psicológicas consideram que ela tá reproduzindo a mãe faz uma leitura de situações de contextos mas é pr Vig na verdade na brincadeira de faz de conta a criança reelabora criativamente aquilo que ela vivencia Então ela pode levar elementos que de repente Ela ouviu ela viu Ela leu alguém contou não Obrigatoriamente que esteja na realidade dela aproveitando que a professora acabou de falar sobre a questão da brincadeira percebe-se que nas traduções dos textos de vigotsky há uma preocupação em colocar em evidência os conceitos de brincadeira brinquedo e jogo professora zoia Qual
é a diferença entre esses conceitos segundo vigotski Pois é eh de novo a gente poderia recorrer a ao livro que eu já mencionei aqui que eu considero um livro hoje já ultrapassado que é o formação social da mente eu não recomendo a leitura desse livro e que eh traduz um texto dele que é a brincadeira no o papel da brincadeira no desenvolvimento psíquico da criança e foi traduzido como brinquedo né a gente pode até eh eu eu tenho conversas com algumas pessoas eh a gente no Brasil até Pode admitir Em algum momento que brinquedo seja
uma eh brincadeira por exemplo no nordeste do Brasil Às vezes isso pode equivaler mas eh tratando-se de uma atividade introduz-se um equívoco então Eh na grande maioria se compreende o brinquedo como um objeto criado para que a criança possa né eh brincar ou seja desenvolver uma atividade sim agora essa é uma é a relação entre brinquedo e brincadeira é brincadeira principalmente de faz de conta porque existem outros tipos de brincadeira então a brincadeira de faz de conta ela surge muito mais uma criança de 2 3 anos ela tem eh algumas características próprias e depois quando
ela vai na medida que ela vai se desenvolvendo é uma brincadeira que eh tem eh regras mas essas regras estão ocultas o que tá é muito mais presente na brincadeira de faz de conta é a situação imaginária Ou seja quando a criança imagina o que ela quer Eh ser e ela vai desempenhar um papel um né um um vai assumir um papel nessa brincadeira de faz de conta e eh Então essa brincadeira de faz de conta as regras elas estão presentes só que são regras ocultas mas é um campo eh ao mesmo tempo é um
campo de eh ele vai chamar a brincadeira de faz de conta de um campo de liberdade do desenvolvimento da criança mas também uma liberdade ilusória por quê Porque por mais que ela queira interpretar Eh sei lá né uma um personagem esse personagem tem regras a a a a a a seguir então a mãe tem um determinado eh comportamento que ela tem que eh seguir e o adulto tem que ficar apenas observando essa brincadeira de faz de conta então é muito comum professoras eu eu conversando com professoras sobre brincadeira de faz de conta e elas eh
ficarem eh surpresas Quando eu digo olha brincadeira de faz de conta é um campo da gente observar a criança a gente observar eh o desenvolvimento dela e não apenas relacionar como algo que ela tá reproduzindo mas é um campo muito rico de observação e eh inclusive Campo que depois alguns estudiosos vão chamar um campo de educação da própria vontade que é uma é um um um né um um fenômeno né do comportamento humano é importantíssimo né a dá vontade por quê Porque mesmo ela interpretando a mãe que ela quiser tem regras a cumprir regras sociais
desse comportamento o jogo é uma etapa superior da brincadeira de fase de conta é quando se inverte a relação eh situação imaginária e regras no jogo as regras são clar estão a estão em primeiro lugar então antes de você jogar você tem as regras e a situação imaginária tá em segundo plano Essa é a grande diferença da brincadeira de faz de conta para um jogo então a gente for eh dar um exemplo e é o exemplo inclusive que o vigot que dá é o xadrez você para sentar e jogar xadrez eh tem uma situação imaginária
assim mas antes vem as regras de como você vai jogar o vigotski vai atribuir um um papel importantíssimo da a brincadeira de faz de conta por conta dessa imaginação e uma imaginação que eh também vai fazer parte do processo do desenvolvimento da do pensamento abstrato que é de suma importância para o processo de alfabetização por exemplo professora e a a arte teatral como que ele gosta que ver a questão da arte teatral no desenvolvimento eh no desenvolvimento do processo criativo da criança eh ele tem um livro eh que chama imaginação e criação da infância que
eu traduzi foi lançado ele tá esgotado eh é um livro que eu considero eh primoroso e ele vai falar eh da do do do teatro eh paraa Criança e do Adolescente a ideia básica que ele vai defender é que eh o que importa eh não é o o que se cria né que a gente muitas vezes pensa assim eh o o resultado final é o teatro Qual é a peça que eles vão eh na verdade para ele importante é é que se crie que a criança tenha a possibilidade de criar e para ela criar ela
tem que experienciar ela tem que vivenciar ela tem que ter elementos para Que ela possa criar porque na ninguém cria do nada a gente sempre cria de nossas experiências a gente cria daquilo que a gente vivencia eh e uma uma eh assim um dado novo que é interessante eh no ano passado recentemente foi lançado o primeiro volume das obras completas do vigotsky e que eh esse volume nesse volume estão publicadas as resenhas teatrais dele que nunca tinha sido republicadas elas foram publicadas nos jornais da época lá desde eh 19 20 21 22 23 ele fazia
resenhas praticamente Eh toda semana para para os jornais e revistas da época e uma resenha é É sobre o teatro infantil e ele uma resenha é muito suscinta inclusive eu vou trazer amanhã no evento que tá tendo eh e ele vai Def defender a ideia de que o teatro não tem que ser para as crianças o teatro tem que ser das crianças ou seja o próprio processo de criação ele atribui atribui um papel importantíssimo ao próprio processo de de criação da própria arte né e o o vigotsky inclusive ele eh a trajetória dele como eh
psicólogo eh não é desde o início ele ele se forma em ele ele inicialmente ele é um crítico literário ele é um crítico de arte e totalmente mergulhado na na arte e e principalmente no teatro que ele leva pra cidade dele peças teatrais e tudo aproveitando que a professora acabou de falar que relação bigotes faz então entre a fantasia e a realidade professora Pois é nesse mesmo livro imaginação e criação ele vai eh trazer diferentes eh formas de relação eh entre imaginação fantasia que ele equivale fantasia e imaginação eh e realidade para mim a ideia
mais importante é que eh você não cria do nada né e uma questão que dá muita polêmica às vezes quando eu converso também com com estudante dou palestra é que ele vai defender que a criança é que a gente tem uma uma ideia de que a criança Ela é mais criativa que o adulto ele vai dizer isso é errado dizer isso porque eh Na verdade o adulto ele perde a capacidade de criar ele vai ele não se eh não se vale muitas vezes dessa possibilidade de se valer de todos os elementos que ele tem à
sua disposição depois de ter vivenciado e experienciado tantas coisas para poder criar combinar elementos e criar então você não cria eh do nada a criança ainda até pela própria experiência dela ela é muito pequena em relação àquilo que nós adultos vivenciamos então Eh ela não não eh não não é mais criativa que o adulto na verdade a gente teria que que no nosso processo de trabalho educativo com as crianças é possibilitar que ela se possa se valer né dessa eh dessa desse fenômeno humano e poder criar e desenvolver essa forma de imaginar e criar né
então a a a a relação imaginação e realidade é que eh a realidade ela nos serve para poder imaginar então ele dá exemplo por exemplo no nos contos infantis Russos existe um uma eh uma casa com patas de galinha então ele vai até discutir isso fala assim Bom ela é uma casa mas é uma casa com patas de galinha eh quem por bom se você pensar em casa e patas de galinha elas existem separadamente você pode pensar não existe pata de galinha mas alguém pegou juntou combinou elementos e inventou uma casa com patas de galinha
é uma casa de patas de galinha que uma bruxa vive na nessa casa e que é uma casa que fica no bosque E aí a a a imaginação eh humana ela é infinita né E ela tem toda toda relação com a realidade que tá colocada basta a gente se apropriar e e eh desenvolver essa possibilidade E aí entra a questão também de contar as histórias sim pras crianças Sim quanto mais ele vai dizer assim quanto mais a criança ouviu viu e vivenciou mais ela vai ter a possibilidade de criar mas nunca se esquecer que eh
chega um determinado momento que a técnica ela é eh importante então se a criança eh domina um um instrumento obviamente vai chegar um momento que ela vai precisar da técnica do instrumento ela pode até tocar Ela pode ter um ouvido absoluto né ou então alguém que que que ensinou ela tocar um violão de ouvido e tudo mas para para desenvolver a possibilidade ela criar né ou ela poder tocar por ela mesma então ela vai ter que ter se valer da técnica ele não exclui a importância da técnica no processo criador Ok professora a zoia no
próximo bloco vamos conversar sobre a teoria histórico cultural e a educação infantil voltamos já já [Música]