2. A mosca na garrafa | Podcast Crime e Castigo

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Rádio Novelo
Segundo episódio do podcast Crime e Castigo, uma série original da Rádio Novelo. Rafael perdeu a vid...
Video Transcript:
e no rádio novelo novelo e antes de começar eu queria dar um aviso aqui para os o vídeos essa série fala de violência e violência sexual então fica o alerta para quem é sensível a esses temas e eu recomendo claro que você não escute acompanhado de crianças essas vozes são da Paulo scarpim e da flora tão som de voo da Rádio novelo que estão fazendo esse paquete comigo eu no caso só Branca Viana e esse é o episódio 2 do Crime e Castigo então se você não ouviu o primeiro É bom voltar lá e a
Paulinha Flora tava no bioparque que é o zoológico do Rio de Janeiro que fica no bairro de São Cristóvão Mais especificamente na Quinta da Boa Vista e não faltam histórias daquele pedaço da cidade esse Parque já foi fazendo de Jesuíta casa de traficante de escravos depois abrigou a família real portuguesa fugindo do Napoleão em 1808 e ficou de herança para os imperadores do Brasil Dom Pedro primeiro e Dom Pedro Segundo hoje a quinta abriga tanto a mansão transformada em Museu Nacional aquele que pegou fogo em 2018 quanto o zoológico e em 2016 zoológico chegou a
ser interditado pelo Ibama por falta de condições para os animais e as aulas eram pequenas demais tinha bicho machucado e as instalações como um todo estavam bem precárias tem então o espaço passou por uma reforma e foi reaberto em 2021 com o nome de bioparque eu acho que ele nos viu que foi lá no começo de julho de dois mil e 21 que a Paulinha EA Flora combinaram de se encontrar com João Luiz Francisco da Silva tudo bem com você e ela tinha uma boa razão para marcar ele é a primeira vez que a gente
vem aqui é mesmo depois da reforma com mais espaço para cada animal e com menos Grades do que antes o Zoológico ainda causa mal-estar no João Luiz nunca tive uma boa relação com esse passo a tem gente que tá achando isso lindo um viver o gigante e assim esse som casados fazem dia nesse vídeo dele chega antes para mim é só um som de forma do que elas estão sentindo para mim é um lugar muito cheio de nuances assim traumáticas sabe quando ele começou e quando você vê que que seu filho numa semana passada assim
eu acho que eu não tentava não deixar transparecer isso porque eu tava com meu filho com meu sobrinho mas me deixa muito impressionado como o público a sociedade em si ela tá a sensação porém já lá seja animal ou seja a gente Seu filho sabe sabe no caso que ele já esteve preso lá meu filho não tem nem entendimento para isso né tem cinco anos não sabe ele não sabe porque o lugar também de muita dor né e causar um trauma muito intenso apesar do trauma o João Luiz se dispôs a contar para gente sobre
a experiência dele na prisão e a pena baseada na reclusão é parte tão fundamental do sistema judicial brasileiro e também da maior parte dos países do mundo que muitas vezes quando se pede por Justiça o complemento quase natural é pedir que alguém vá para trás das Grades da Prisão virou quase sinônimo de Justiça no episódio passado a gente contou a história do latrocínio do Alex shumaker Bastos e de como nesse caso a justiça e seguiu o script direitinho e os assassinos foram presos mas mesmo com os assassinos em Bangu não dá para dizer que a
mãe EA irmã do Alex ficaram satisfeitas porque nenhuma delas tem a ilusão de que aquela prisão vai reabilitar ninguém encarceramento é justiça até que ponto qual o preço de um criminoso precisa pagar para ficar quite com a sociedade Crime e Castigo um paquete original da Rádio novelo o Episódio 2 A Mosca na garrafa [Música] e o fantástico de hoje começa com uma cena que parece saída de um roteiro de novela esse áudio é de uma reportagem exibida pelo Fantástico da Rede Globo no dia treze de junho de 2010 na tela o que a gente vê
uma montagem dinâmica dessas de filme de ação e em uma festa de casamento no sítio viaturas aceleradas na estrada policiais correndo armados e pulando um muro oito pessoas no casamento foram presos o João Luiz foi uma delas Meu primo estava casando esse meu primo e a esposa dele com os quais nós trabalhávamos resolveram se casar e já estavam no processo de investigação né quando a gente começou a organizar o casamento e ele fez simplesmente permitiram para conseguirem fazer o que fizeram depois que o juiz de paz decretou que eles estavam casados para sempre a polícia
entrou em junto com a polícia a Rede Globo de Televisão além da entrevista no zoológico a gente fez uma outra entrevista com João Luiz no estúdio e nessa eu tava também os membros da família que tava nessa festa de sabia o que vocês tinham feito a entender ou não entenderam Qual foi a reação das outras pessoas os convidados a as pessoas ficaram perplexos sem saber Oi Gi e a maior parte dos nossos familiares não não sabiam de tudo que a gente fala estava fazendo a maior parte dos convidados não tinha ideia de como aquela festa
tinha sido financiada quer dizer não sabiam que o dinheiro tinha vindo dos crimes que o João Luiz os noivos e alguns amigos deles não davam cometendo nós sequestraram nos dados dos titulares de cartões de crédito ou não através do acesso ao sistema iPhone caso tenha que fizeram hackers eu acho que não chegava o nível de hacker eu acho que hacker está no nível tá no outro patamar como dizem por aí porque ele já sabem tem da imagem formada é mas a gente acessava através de senhas que nos eram passadas via mercado negro da internet mas
acessar vamos os sites que estão de posse dos dados dessas pessoas dados muito particulares e sequestravam exercício dados e nós passávamos pelas pessoas donas decifrados e conseguimos novos cartões segunda via os cartões nós conseguimos clonagem de canal não só isso é fraude com a colagem é uma outra coisa o que nós fazemos eram nos passar pelo chocolate basicamente entender que você tem de todos os dados de uma pessoa pode fazer passar por ela e procurou uma próximo exatamente não tenho essa Liga para o banco pede uma segunda uma segunda via um cartão adicional E aí
pede para entregar no seu endereço como não porque de alguma forma da informação que eles precisam para saber mais estavam a farinha não tem muito jeito para isso eu com certeza teria pegar na primeira a gente como toda correspondência ela tem um código de identificação nós monitorar vamos todo o trajeto da correspondência do quando ela chegava no centro de distribuição domiciliar que cada conjunto de bairros tem o seu nós iremos até a agência para retirar antes que ela fosse enviado para casa do cliente der para você chegar no correio fala olha eu vim buscar a
responder você chegar e dizer Olha eu tô com problema no meu condomínio Eu me mudei do endereço tal tô aqui para saber se tem alguma correspondência Porque para mim aqui é mais fácil de vir o porteiro lá não tá entregando enfim é área de risco assim você consegue com uma desculpa qualquer Por isso que a gente tá lotado né 71 você tem uma boa lábia e vocês fizeram isso com muitas pessoas é sempre que que esse creme ficou tão famoso que eu tenho um esquema muito grande valor era relativamente alto para crime quanto para crime
para que um pobre praticasse contra uma instituição financeira era alta quanto que você chega eles estimaram a gente nunca vai saber o certo me dizem estimaram que o filme gerou um prejuízo em torno de três milhões 4 milhões na verdade a polícia civil chegou a falar em cinco milhões de reais e esse crime ele foi altamente repercutido né pela mídia fez com que eles porque strass em uma operação midiática também né para explorar Aquelas imagens que eles poderiam pegar a todos nós em casa tranquilamente acho que foi pela espetacularização Sem dúvida alguma a percussão que
deu ir para de certa forma satisfação para uma sociedade que a polícia alérgica é altamente positivista que é a entrar seladora até no exemplo aqui e a gente em cima para as crianças que prender legal eu achei na verdade eu não sei se eu eu mentia Para mim mesmo sou de fato pensava aqui eu não achava que a gente tava fazendo algo tão grave e até hoje verdade eu acho que não era tão graça então várias vezes eu escuto falar de estelionato como saindo um crime sem vítima né eles chamam de crime com baixo potencial
ofensivo mas enfim tem algumas histórias que a gente ouve de gente aqui teve a vida estragada por um crime de estelionato porque junto o dinheiro muito tempo para conseguir fazer alguma coisa e acabou e nem perder esse dinheiro depois Às vezes o banco não reembolsam assim você pensa nessas pessoas que Possivelmente foram prejudicar não na época não na época não pensavam que eu estou pensava e aí eu costumo pensar até hoje em alguns momentos era que o clima era contra uma instituição financeira que se beneficia desse sistema lutador e que rouba das pessoas o tempo
todo então resumidamente grosseiramente falando a gente se colocava no lugar de ladrão que rouba ladrão é isso e a gente vinha lendo tanto sobre justiça restaurativa sobre a vítima conhecer o lado do ofensor e ofensor com esse celular da vítima que a Paulinha tá tentou arrancar-lhe do João Luiz alguma reflexão sobre os possíveis prejudicados pelo crime dele mas na verdade parece que a experiência dele na prisão só reafirmou a sensação dele é de injustiça né Ele trabalha com isso né desde que ele saiu da prisão ele tá terminando a faculdade de direito e ele é
fundador de uma ONG chamada eu sou eu sobre a reinserção de ex-detentos na sociedade até assim que a gente chegou nele quer dizer ele pensa e fala sobre essa experiência dele tempo todo é porque na conversa aqui que a gente teve um estojo com ele ele falou muito dessa ideia de que o estelionato é um crime sem vítima porque é uma vítima sem rosto né que a vítima seria na verdade o sistema financeiro que os bancos sejam os únicos prejudicados e ele acha que Justamente por isso porque os prejudicados seriam os bancos que são muito
poderosos que então ele foi julgado de uma maneira mais é do que deveria ter sido E aí a gente chegou numa parte da conversa que eu acho que é o centro do que a gente tá discutindo aqui hoje aqui é a prisão Qual que é a prisão hoje ela é legal porque a Constituição ela prever formas dessa pessoa está presa né Pode parecer Óbvio e repetir isso mas sim a Constituição do Brasil assegura ao preso o respeito à integridade física e moral dele o mas quando você chega naquele lugar é colocando o pé ali dentro
que você tem aquele susto que só quem passa por ali pode ter na verdade eu acho que todo mundo tá cansado de saber que as condições nos presídios brasileiros são péssimas a gente pegou só uma frase ou outra da lei de execução penal para contrapor ao que o João Luiz de escreveu da experiência dele por exemplo a lei diz que tem que ter salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração e insolação e condicionamento térmico adequado a existência humana em Células pmal um bilhão 30 pessoas nós tivemos sem nós tivemos e situações e que
nós tínhamos verdadeiros tapetes humanos se eu não tinha onde pisar ao chão e isso tudo com temperaturas altíssimas uma organização internacional que esteve numa das unidades onde eu estava que ele é um termômetro para dentro dessa unidade e naquela ocasião termômetro marcava 56° Celsius a mesma lei diz ainda que os presos têm direito a alimentação suficiente alimentação vinha na célula ou vocês tinham um refeitório refeições são feitas da célula o cardápio é diversificado mas vê se ele tá estragado quero ver tá mentindo se eu disser que o solo está contando a novidade para mim está
cansada de ver notícias sobre presídio superlotado sobre as condições insalubres mas é muito desconcertante ver que o estado não tá só privando as pessoas de liberdade Mas está submetendo essas pessoas é uma espécie de tortura aí a gente volta à pergunta lá é só dica é justiça o A Vingança porque reparação Definitivamente não é não tem nada que essa tortura traga de benefício para vítima né não não tem mas mesmo se a gente tirar essas condições insalubres a equação se a gente considerar só entre aspas né privação de liberdade por quê que é essa maneira
de uma ofensor ladrão assassino não estragar Natália você logo for por quê que é essa é a maneira dele que tá a dívida dele com a sociedade Aí talvez na sua melhor concepção a ideia reformista Iluminista da prisão objetivasse isso aqui de novo o Rafael mafei que já apareceu no primeiro episódio do Crime e Castigo Ele é professor de direito na São Francisco da USP estão as pessoas vão ser guardadas em locais onde elas vão receber apoio religioso estudo trabalho e vão ser transformadas de pessoas sem a integração produtiva na sociedade em pessoas que vão
aprender um ofício aprender disciplina recuperar os princípios Morais que perderam e serem reintegrados de maneira pacífica na sociedade a primeira penitenciária moderna no modelo que a gente conhece hoje com celas individuais para os presos ficarem isolados uns dos outros foi aberta em 1829 nos Estados Unidos a ideia por trás disso tá ali no nome penitenciária era para ser quase uma espécie de mosteiro onde as pessoas pudessem ficar quietinhos pagando Penitência com toda a estrutura para pensar bem no que fizeram e para se arrepender e mesmo naquela época tinha crítico dizendo que isso não passava de
uma forma mais sofisticada de tortura hoje isso soa para gente quase cínico né alguém que diga para nós Olha vou mandar você para prisão por 15 anos que a final da e você vai ter trabalho vai ter disciplina vai ter um para o religioso ou moral saúde assim por diante né prisão lugar onde as pessoas são expostas a sala doença e são cooptados pelo crime organizado hoje e é o debate que hoje existe é sobre a gente tentar identificar tudo bem né Tirando esse discurso que serviu para que a prisão se consolidasse 200 300 Anos
Atrás como uma proposta reformista que em tese melhoraria a situação das coisas Qual é Então na verdade o objetivo que a prisão hoje cumprir né Porque que a gente continua mandando as pessoas para prisão romper com esta lógica é algo muito difícil porque essa lógica responde no fundo a uma concepção moral muito básica que todos nós temos uma pessoa que causou uma enorme sofrimento a outra talvez Faça por merecer um enorme sofrimento ela própria né mas isso Qual o benefício que surja era seja para vítima alô para comunidade onde o crime aconteceu seja para todas
as outras pessoas indiretamente importadas por aquilo mas talvez fosse bom a gente parar e pensar um pouquinho sobre o porquê de o Estado está cometendo essas violências né Tem uma teoria mais antiga que a mais intuitiva essa retributiva ou seja alguém seis merda e precisa ter alguma resposta para isso assim mesmo que não sirva para nada e isso explica porque antigamente as pessoas castigavam animais por crimes castigavam objetos inanimados até quando eles causavam a morte de alguém então tipo assim caiu Não caiu uma pedra na cabeça de alguém vai castigar apenas e Castiga pedra você
infinito faz o que Qualquer um cara ele ele Esposende não eles confisca vão tipo assim era uma coisa séria não ficar mais hoje em dia a gente não funciona assim né o governo estado poder Olá seja aplica essas medidas esses castigos essas violências enfim para evitar que as pessoas cometam crimes essa teoria de prevenção e Retribuição e ela se aplica no geral tipo eu sei que você quer chegar Você cometeu um crime então eu não vou cometer um crime nenhum e também funciona no particular no nível do indivíduo e isso entra em Ação quando a
pessoa já fez merda aí você acha em três sentidos Você prende a pessoa para que ela não causa imaginando você prende para que sirva de exemplo para os outros não fazem a mesma coisa e você também tende a pessoa para que ela aprenda a não repetir o que fez mas toda aquela ideia de penitenciária faz sentido então para entender eu só que aí eu li um texto aqui meu que nunca mais saiu da minha cabeça tá cheio de academias seis mas quando você tira tudo isso parece meu pensamento de uma conheiro e eu seguinte a
gente é uma mosca preso na garrafa antes preguiçosa o caso a música é a gente e a garrafa é o que esse acadêmico Álvaro Pires chama de a indissociabilidade do crime da pena onça Calma vou ler aqui só mais um pouquinho quando na verdade é possível conceber a norma de comportamento por exemplo não matar como a única realmente imprescindível Ou seja a gente basicamente quer que as pessoas não matem né e não causem danos mas para isso não precisa necessariamente do castigo Ainda mais se aquele castigo não funciona a gente sabe que não funciona mas
todas as categorias que eu falei as medidas Gerais e individuais a retribuição tudo isso passa pela prisão ou no mínimo a ideia de castigo sem o punitivismo tá sempre aí mesmo em muitas entre as penas alternativas bom até confiscar a pedra né É tá confirma a pedra Entendi então quer dizer que a gente causando às vezes não consegue sair dessa garrafa né E essa ideia de garrafa e encha de garrafa gente acha que está fugindo na vidro transparente a gente não sai dessa jaula de vidro e falarem mosca bicho tem esse caso que os barriga
pesquisa para esse podcast teve uma ursa que tinha sido de um circo ela tava a metido numa jaula num camping camping eu acho que é uma coisa tipo você tá na floresta mas tem esse urso não só não sei lá já marcação ela era uma atração do canal eu acho que sim assim mas enfim era uma ideia péssima Ela acabou atacando duas pessoas e elas ficaram bem feridas e isso no Cazaquistão e aí as autoridades de cazaques decidiram transferir ela para uma prisão de gente previsão de gente é uma prisão masculina tá enfim aquela coisa
teve um dano as pessoas ficaram machucadas aí tem que reagir de algum jeito não faz sentido torturar ao matar o urso porque né gente está no século 20 e hoje não sabe que ela não fez por mal e ela nem sabe o que fez mas tem que proteger Oi e o engraçado que ela foi parar dentro de uma instituição que foi feita para as pessoas pensarem no que elas fizeram Mas você vai parar e pensar a Kátia é seu nome da ursa ela evidentemente não ia repetir para ela era mais uma jaula Mas enfim ironicamente
parece que a presença dela fez bem para os caras que estavam presos ali na penitenciária você vai querer os animais de terapia né pode ter ajudado na reabilitação e depois que ela foi embora eles fizeram até no status dela aí para onde que a Kátia não foi hoje que a Kátia foi quando ela saiu da prisão a última notícia que eu encontrei delas de 2019 E aí foi quando ela foi transferida para um zoológico que ela já tinha uma bruxinha ela já tinha ficado 15 anos presa o 15 anos aos que dela saiu de uma
prisão para ir para outra prisão de outra espécie para voltar para outra prisão aí não foi reabilitado Porque agora ela ficou 15 anos pensando no que ela fez ela deveria ter sido solta na Floresta né e voltado para a sociedade Lena se você já está gravando um podcast aqui você sabe o que que é aquele prédio ali atrás as ideias presente que não faz não faz parte daqui não vou Você novo é um presídio mentira eu não sabia que botar é um presídio ainda gente eu não sabia Tô chocada no mesmo terreno da Quinta da
Boa Vista além do Museu Nacional e do zoológico fica também galpão na quinta o prédio foi construído Originalmente para ser uma oficina mecânica do exército Mas acabou virando um depósito de presos e era esse o nome mesmo depósito de presos em 1967 virou oficialmente uma prisão E desde então tem o nome de presídio Evaristo de Moraes foi nesse galpão que o João Luiz passou parte da pena dele e dentro desse o galpão nós a Galerias são 10 células de um lado e das células do outro lado e ali habitam em torno de três mil presos
exatamente atrás do espaço onde fica o elefante só para não deixar passar o nome desse presídio atrás do elefante Evaristo de Moraes deve sua familiar para os ouvintes do Praia dos Ossos o presídio ganhou esse nome em homenagem ao pai do Evaristo de Moraes Filho o advogado da família da Ângela Diniz aliás uma das grandes mágoas do Evaristo filho foi nunca ter conseguido tirar o nome do pai do presídio ele dizia que não tinha forma pior de se homenagear um advogado criminalista ainda mais uma prisão que já foi notificada pela corte interamericana de direitos humanos
já foi pedido Inclusive a interdição total EA extinção desse espaço é verdade as denúncias sobre as condições não a Quinta da Boa Vista vende antes até dele homenagear o Evaristo pai eu encontrei duas notícias de Janeiro de 64 uma do jornal última hora que chama a prisão de campo de concentração da Quinta da Boa Vista e Inferno da quinta e tem um craque do diário carioca que diz enjaulados como bichos perigosos 812 homens a montou um se sobre o chão de cimento atrás de grades de Arame sem as menores condições de higiene bichos perigosos por
várias vezes eu fui acordado pelo elefante um um companheiro conseguiu fugir da regra ser engraçado né se não fosse trágico conseguiu fugir caiu na cela do leão caiu na jaula Olha só já tô confundindo os lugares que caiu na jaula do leão mas para piorar a piada nem um leão quis comer ele foi embora ele conseguiu fugir conseguiu fugir e caiu na jaula do leão é de lá e ele o que apareceu alguém e mandou de volta ele conseguiu fugir uau o nosso eu virei fã essa história era boa demais para ser verdade então a
gente foi checar preso consegue escapar da cadeia me a gente o Rael Policarpo no Rio de Janeiro nos traz as informações no meio da Fuga ele caiu na jaula de um elefante como é que isso é possível não foi o leão foi o elefante o mesmo elefante que acordava João Luiz e o Detento acabou sendo recapturado mas fato é que mesmo para quem cumprir a pena direitinho a reinserção na sociedade não é nada fácil o João Luiz contou um episódio de quando ele passou para o regime semiaberto nessa época ele saía para procurar emprego de
manhã e voltava para dormir na prisão um dia ele tava numa entrevista de emprego e se deu conta de que tinha perdido a carteira de motorista para essa vaga que ele tava tentando era desejável que ele pudesse dirigir ela então decidiu e eu bom dia para fazer um BO e poder pedir uma segunda via da carteira cheguei lá o policial que colocou meu nome no sistema para registrar a ocorrência disse para mim que eu tinha um mandado de prisão em seu desfavor E aí ele foi preso de novo e aí eu permaneci até as 11
horas da noite porque eu consegui um empréstimo de mil reais para poder pagar um advogado para me tirar daquela situação advogado teve que elaborar um habeas corpus entrarem com habeas corpus no regime de urgência para que eu pudesse ser liberado porque senão eu voltaria dentro de uma viatura de novo para o complexo de presídio de Bangu e nem sei quanto sairia Esse regime Nós saímos às 6:00 e temos que voltar até às 10:00 e é logo depois no tempo depois eu entrei com esse pedido de liberdade condicional quando chegou na mão do ministério público para
que eles opinassem eles me disseram que eu tinha um atraso na volta para cadeia o que configurava uma falta uma falta causada por um atraso provocado pelo próprio sistema o pedido para passar para Liberdade Condicional foi negado e o João Luiz continuam no semiaberto daí outro dia quando ele tava voltando por presídio o ônibus em que ele tava foi assaltado o motorista do ônibus me disse olha agora nós todos vamos para delegacia quando eu vi aquele falei meu amigo e você vai eu não eu não tenho né Marcelo ele foi levou seu celular eu vou
o seu dinheiro que faça bom proveito que eu não vou na Delegacia depois dessa experiência o João Luiz não quer nem saber de pisar numa delegacia de novo mesmo se foi ele a vítima todos esses traumas fazem os valores sentir que ele tá pagando mais do que devia pelo crime que ele cometeu agora é a sociedade que não tá kit com ele a sociedade é que ficou devendo aí acaba que nenhuma punição é a punição justa né todas as punições são você acha isso que a punição acaba sendo desproporcional primeiro que ninguém sai incólume desse
espaço de prisão Olá seja por 12 dias 3 meses 4 anos 10 anos 20 e ninguém sai Cola com alguma marca vai sair dali para o João Luiz quando uma pessoa é presa a prisão nunca mais abandona essa pessoa quer dizer se for assim toda prisão acaba sendo uma prisão perpétua mesmo que simbólica é o muita terapia eu que tenho acesso à terapia né eu tenho diminuído as minhas crises de ansiedade e eu não tinha antes da prisão eu tenho diminuído os meus pesadelos a partir da Terapia do tratamento de medicamentos que eu tive que
fazer uso alguns ansiolíticos eu pude ter uma vida minimamente normal e isso tudo produzido dentro desse ambiente prisional no Brasil não existe pena de prisão perpétua mas as marcas da prisão vão e diz para o resto da vida dele e a gente resistiu outras é a história do João Luiz aqui porque ela é a típica história de superação ele saiu da prisão e tá se formando em direito nem ele nega que tenha cometido o crime pelo qual foi preso mas o que mais tem são casos de presos sem provas prisões Provisórias que acabam se estendendo
para muito além do que prevê a lei ou por burocracia ou por descaso e enfim o João Luiz acabou saindo traumatizado por que ele foi submetido a uma pena de reclusão que é a segregação da sociedade para que Ele pudesse depois se reintegrar à sociedade só que na prática acabou sendo um pouco mais do que uma masmorra bom E se eu tivesse algum sistema mais compreensivo mais voltado para realmente reabilitar com pegada mais pedagógica então no Estatuto da Criança e do Adolescente esse sistema existe pelo menos no papel ali diz que a meta das medidas
socioeducativas é a responsabilização a reparação EA Integração Social do adolescente é tudo que a gente queria do sistema todo né incluindo os adultos e eu cheguei lá tô vendo o meu filho bombadão aquela cabeça raspada sabe aquela coisa assim um adolescente mas que só cava quando vi entendeu Então se isso acaba para mim que era a mãe dele o chocava Com certeza quando ele saía na rua o e qualquer pessoa fosse enxergar é é a transformação daquela pessoa que quando passa na rua você escolhe a boca não tô falando você não você tô falando com
você no sentido de um fim né que você esconde a bolsa isso tudo é construído sabe essa é a transformação para ser mais objetiva para você do bandido Preto sabe o Adolescente em questão é o Rafael da Silva Cunha e quem tá contando essa história é a mãe dele é meu nome é Mônica Cunha eu sou o co-fundadora do movimento moleque que já existe né 18 anos para entender a história dos dois a gente vai voltar alguns anos para trás a Mônica estava saindo de um divórcio e vamos que vamos vamos para luta A única
diferença que de dois era três ela teve que se virar com três meninos de dois casamentos em que os pais foram ausentes e tinha que Vou dar meu jeito e aí eu enfim volto a trabalhar na rua e supermercado várias coisas atendente e eles ficavam é isso mais velho mais uma vez aí na olhando olhando dois mas muito com a vizinha eu contava muito também a vizinha de frente do lado que me ajudou muito até mesmo por conta do Hilbert que era o menor fui Albert é o filho mais novo da Mônica enfim mas aí
nessa época né eu comecei a ter já alguns problemas com Rafael Rafael o filho do Meio Rafael já tinha oito né É por aí E é isso como tinha agora o outro pequeno o Marcos Vinícius não tinha tanto tempo para olhar mas o Rafael então e Marcus Vinicius é o filho mais velho tipo Rafael descia do prédio para brincar tá me entendendo com outros meninos não sei o que enfim isso ela falava com todo mundo então nós tínhamos uma comunidade que ela de frente para rua o papel se dava bem mesmo ele é lá os
meninos vão ficar tudo na rua né E aí o Rafael começou aí para o mercado né Tipo ele não furtavam a gente pegava um biscoito Comia né como é que eu soube disso um domingo tava de folga fui no mercado fazer compra vou com ele quando segurança não deixa ele entrar eu quase como não vai deixar meu fio dental há dez anos e aí o que o cara do mercado vem falar isso para mim que ele ia junto com outros meninos aí é seu filho casa que ele tem mano foi cobre só tá louco E
aí então ela não deixa ele se envolver todos os meninos não porque ele veio aqui ele não pega nada ele fica sempre na porta mas os outros pega ele come também de óbvio né aí meu filho dei uma surra nele louca queimei a mão dele dizendo que não queria filho ladrão você quer olha foi né gente enfim a conta dessa criação dessa cultura nessa coisa enraizadas dentro da gente a gente toma às vezes atitudes entendeu o que de fato não era para ser tomada não necessitava daquela atitude que eu tomei entendeu obviamente eu poderia ter
resolvido de uma outra forma totalmente a mãe também não entro numa de culpa não foi o que Naquele tempo era possível fazer e enfim a vida seguiu Mas é isso né ele ele sempre se deu com gregos vitorianos e não tô numa aqui de culpar o alber Não nada disso ele só era de fato diferente para tirar o Rafael daquele ambiente a Mônica decidiu então mudar com a família para outro bairro ela saiu de manhã com Rafael e com o Hilbert deixava os dois na escola e passava o dia fora cozinhando para um restaurante Enquanto
isso o Marcos Vinícius quero mais velho dava aula de jiu jitsu em escolas particulares e eu tô trabalhando tô tô até com um belo dia obviamente né mexendo notícia da dpca delegacia de proteção à criança adolescente que o meu filho havia sido detido É claro que eu fica desliguei o telefone se não me pertence mas quando a pessoa liga novamente dá o nome dele todo e dá o meu nome todo então só podia ser a Mônica saiu do trabalho e correu para a delegacia chegando lá Espera um pouco que vejo aquela cena grotesca que ele
chegando né Algemado a única coisa que a gente ficava que ele saiu de manhã e bermuda jeans porque blusa mochila todo o resto não tava com ele ele tava com as costas toda marcada pela botina do do policial pisou nele o rosto dele todo roxo errado porque ele ganhou um muito na cara Ele apanhou muito né e eu entrei em Pânico sim nessa época o Rafael tinha 15 anos aí o policial que estou com ele me desacatou e disse para mim que quando a gente faria bandido a gente não se incomodava de pare até lá
sementinha do mal é mas quando eles vinham para limpar Rua tirá-los da rua aí aparecia a família ele tinha mãe Tchan Pai tô dizendo que quando eu parei no que o médico falou para mim que ela consegue se masculino agora eu amei eu tava muito que quando ele nasceu o médico falou que ele era para mim tirando uma menina Ele ficou louco foi só depois dessa confusão que a Mônica Pode falar com o filho e que explicaram para ela o que estava acontecendo o Rafael tinha ido parar ali por uma tentativa de roubo de carro
foi a primeira vez mas e acontecer mais duas vezes e ele e sempre carro porque o meu filho sempre foi muito louco por carro para o veículo né enfim ele aprendeu a dirigir aos 13 anos eu ia trabalhar o vizinho maravilhoso que já não está mais nessa terra né para não ter o contrário tinha uma oficina ensinava ele dirigir olha que benção e ele aprendeu maravilhosamente bem entendeu Então ele quando entrou para a sua vida ou o forte dele e carro ele sempre foi muito disso é tão tudo dele tá ligado aquela sempre carros bons
o Rafael não andava escondido com os carros que ele pegava ele queria mostrar para todo mundo que tava de carro e que ele sabia de gengibre botava as meninas botar os meninos enfim era uma festa não estou justificando e nem romantizando que acontecia entendeu no começo de 2001 o Rafael passou pela primeira medida socioeducativa foram 45 dias de internação numa instituição para menores infratores na Ilha do Governador e mais um bom tempo de semiliberdade na Penha e ele começou a minha via crucis entendeu eu achava do que eu tinha vivido tudo servido nada o Rafael
passou quase um ano separado da mãe e dos irmãos no auge da adolescência que a gente sabe adolescente O que é a passagem da criança para um ou a outra etapa da vida enfim que aquilo tudo né tá sendo e não só pelos entendimento corpo tudo ele tava passando por esse processo no lugar que cara que humanidade não existia né que você era tratado enfim comum nada né Então meu filho ele cada vez e se perdendo mais quando a Mônica diz que o Rafael tava se perdendo ela tá falando da tal transformação dele porque muita
das vezes ele foi entendam bem que eu tô falando numa farra numa numa numa pilha do colega não é quem nunca viveu isso sabe pelo amor de Deus mas quando você chegar lá dentro que você convive com quem você convive eu não tô falando só dos outros meninos né Não eu tô falando das pessoas que deveriam de fato que são os educadores que são as pessoas que têm que delinear esse lugar né que tem que de fato e fazer cumprir as medidas socioeducativas essa fala né que não fazem bom então de uma coisa que os
meninos enfim eles acabam se entendendo como bandido se entendendo que aquilo que cometeu é o que tem que cometer sempre o porquê da onde você veio é o que é permitido e quem você é Esse é o que você tem que fazer para vida sabe Então esse é a pior coisa e é pior do que o ato infracional Enfim então que você tá dizendo que é uma espécie de reabilitação ao contrário Com certeza absoluta com certeza absoluta 1 Oi e aí se eu não tô contando uma história que já bastava só eu ver não eu
tô contando do que eu vivi O que foi na minha pele como é que você foi vendo isso No Rafael a poda de formação do meu filho ele foi mudando totalmente sabe e não só mudando fisicamente bombadão aquela cabeça raspada sabe aquela coisa assim um adolescente umas que só cava quando vi entendeu isso não é nascidos é construído tá eu tenho certeza absoluta porque aí esse menino não tem que voltar a conviver na sociedade e como a gente tem que fazer isso assim dessa forma é porque aí o que acontecer como foi com o seu
Rafael da Silva Cunha que esse era o nome do meu filho o corpo dele está estirado no chão por um policial ter assassinado ele e normalmente que assassinou não foi porque ele estava cometendo ato nenhum né mas ele já era conhecido pelos policiais e justifica Flora e não precisa explicação não precisa o clamor é porque ele era o bandido meu ele tinha envolvimento é um 2006 cinco anos depois da primeira entrada no sistema o Rafael foi abordado por policiais civis e morto ele estava desarmado quando eles assinar o meu filho se eu pudesse botar uma
arma eu ia para a 25ª matá-los mensagem para depor Crescer porque é isso que a gente pensa mesmo o ódio é muito dela e o ódio é muito grande até porque a ele era adolescente infrator Sim era assim Eu Nunca neguei isso só que aonde é que tá escrito que tem pena de morte no Brasil e não tem pena de morte Então ninguém pode sair matando a tá infrator pa a gente vai fazer isso também com os políticos que rouba a roubou pa matou como é que vai ser tão lá por aí a gente tinha
acabado de falar em prisão perpétua simbólica que foi o caso do João Luiz que ele conta que ele vai viver para sempre com os traumas da prisão mas a gente falou também das prisões não simbólicas das prisões Provisórias que vão se arrastando né e agora a Mônica falou dessa pena de morte fora-da-lei que é o que acontece na prática O que aconteceu com o filho dela pelo menos aí a Mônica fez um paralelo que a gente ouve muito do crime comum um crime do colarinho branco na de como eles são tratados de maneira diferente de
como colar em alguém o rótulo de bandido no caso do Rafael de adolescente infrator ou a cabeça vindo de justificativa para matar é todo sistema socioeducativo tem um vocabulário próprio não é prisão é apreensão uma criminosa infrator e tal mas e parece tão diferente enfim tem um levantamento recente de Janeiro de 21 21 que é do Ministério Público do Rio que mostra pra gente um pouco admissão disso que Eles olharam para as trajetórias dos jovens que passaram pelo sistema socioeducativo no rio entre 2008 e 2020 e doze por cento desse jovens morreram depois dessas passagens
então a taxa de mortalidade de sistema é doze por cento a gente sabe do que que essas pessoas eles sabem do que que essas pessoas morreram ou com que idade Os Morenos aí o estudo não diz assim quantos foram mortos pela polícia quando correndo de causas naturais e tal mas número muito alto em se tratanto de jovens e fim o número absoluto nesses 12 anos do estudo é 5192 jovens em média com 19 anos e é claro que não dá para o gênero exames a gente sabe o que esse carimbo de jovem infrator significa sem
e a justiça essa real não vou conseguir e como é que eu vou fazer vou dar um tiro na cabeça vamos jogar lá no sei da onde qual andar nós não posso primeiro que não posso porque tenho eu minha vida tenho mais dois filhos pelos meus neto então eu tive que compreender e buscar outros tipos de justiça para que eu possa continuar aqui vive em 2003 quando o Rafael ainda tava cumprindo medida socioeducativa a Mônica fundou o movimento moleque ele foi fundado por mim por uma outra mulher negra porque os nossos filhos estavam cumprindo medidas
sócio-educativas 12 adolescentes na época e aí nós vemos a necessidade de é isso Você repetitiva no sentido de dar voz não só os nossos filhos mas a todos os outros sobre tudo que acontecia dentro daquele lugar nessa tortura o sabe e eu não cumprimento das medidas socioeducativa que deveriam ser porque não favor é obrigatória lei é uma lei Nacional mas que não é cumprida para adolescentes que são negros favelados pobres esses adolescentes Eles não têm direito às medidas socioeducativas de fato de verdade o João Luiz também se encontrou no ativismo mais por uma razão um
pouco diferente da da Mônica aonde que ele fundou a tenta ajudar na reinserção de Detentos e esse trabalho Acabou ajudando na reiniciação do próprio João Luiz passei por força da necessidade eu tive que me inserir dentro desse contexto de defesa e garantia de direitos e falar a partir da minha vivência no sistema prisional isso uma necessidade mesmo porque a gente tá dentro de uma sociedade que ao passo que ela tem uma fixação por enjaula por encarcera ela não tem a mesma dedicação e ofereceu o Oi tá ouvi que o meio de atuação do ativismo na
militância no debate antiprisional era o meio também sobrevivência de conseguir algum recurso para levar para minha casa e da minimamente uma dignidade para minha família e aí depois disso O show começa a mergulhar nesse Campo aí imenso da garantia de direitos e defesa de direitos humanos eu entro na faculdade né que não é comum também para um ex-presidiário está dentro de uma universidade concluindo uma graduação do direito ouvindo João Leite falar sobre a Faculdade de Direito de como ele agora tá tendo contato com a justiça Penal de outro ponto de vista é me lembrei da
Olívia que perdeu o irmão no assalto e que queria poder conversar com os assassinos eu fiquei com vontade de voltar no assunto com João Luiz das vítimas do crime que ele cometeu Porque além das instituições financeiras tinha gente ali também né os donos dos cartões que ele roubou isso claro guardadas todas as proporções a diferença entre um assassinato e um crime de estelionato eu não conheci eu não conheci mas gostaria de ter conhecido por quê Porque eu acho que seria uma oportunidade da gente saber quem com quem foi que a gente Qual foi ofendido com
a nossa prática é o que essa pessoa imagino pensa de mim e o que ela vai pensar a partir do momento que me ver que me conhecer que eu vi de mim ou por que que eu fiz o que eu fiz o quê que eu passei depois do que eu fiz bom então eu não conheci mas eu tinha eu tinha essa curiosidade a gente fez essa mesma pergunta para Mônica ela teria vontade de falar com os policiais que mataram Rafael Cara eu acho que agora sim e agora sim tá me entendendo não vai ser assim
Acho que só tem um vivo porque eu tenho uma pergunta é sumir Tava indo tão bonitinho negócio não tinha chorado Então tava tudo bonitinho é uma inquietude branca de perguntar é porque foi criatura ele foi gerado por uma outra mulher por mais que eu sei que o sistema sei eu já tenho consciência e principalmente dos policiais e o sistema fazendo dele fazendo aqueles pessoas para matar Oi e o salvo dele somos hoje principalmente do jovem isso eu já tenho entendimento é mais cara e é isso se você é um matar Porque tu está numa troca
de tiro e o policial ele é preparado ele é ensinado Ah esses meninos são os abusados eles vão são ensinados tá bom sai um do exército aí vai que mora lá ensina um de mas mesmo assim cara junção sim mas não foi uma troca de tiro aí você dá um tiro uma outra pessoa cara a cara Oi e aí o sítio naquele momento naquele momento o meu filho não representava perigo pelas naquele momento e ele estava desarmado cara como é que tu dá um tiro de fuzil Então isso é uma coisa para mim que é
por isso que eu digo que hoje eu posso antes que eu não podia perguntar cara como é que é isso claro que ele não deve nem lembrar se eu tiver vivo outro ainda que eu nem tenho imagem não é óbvio né É é mas é isso sem sabe tu vê lá eu tive que chegar no hospital para fechar o olho do meu filho eu fui morreu de olho aberto sabe é desesperador se não gostar como é que ele consegue fazer isso e como é que consegue continuar a viver Leite mesmo não dá uma dor na
hora que tu Deitar a cabeça no travesseiro e eu só me interesso Pela estatística que eu mato por dia é isso mesmo é isso que é importante é isso que vai estar na minha medalha quantos corpos eu vou deixar no chão por dia que eu tenho certeza absoluta que ele foi criado ele foi gera ele foi amarrado a mãe o amor aí o desejou tem certeza como é que faz isso como é que é isso entendeu e a Mônica tem muitas perguntas para o policial que matou o filho dela assim como a Olívia tem perguntas
para os assaltantes que mataram o irmão dela para roubar um celular o que ouviu Praia dos Ossos até o final deve lembrar que a gente já tava com uma pulga atrás da orelha sobre a efetividade do processo penal desde então a gente leu e ouviu muita gente que pensa a justiça uma delas foi a Fernanda então meu nome é Fernanda Fonseca rosenblatt se eu sou professora de processo penal da Universidade Católica de Pernambuco e a gente vai atrás da Fernanda rosenblatt porque os textos dela era um especialmente Claros foi só na hora da entrevista que
a gente descobriu que a Fernanda tinha ouvido Praia dos Ossos de pesquisa da gente trabalha o Marco tem outra gente technology F E aí como você não Saram Praia dos Ossos agora começou o jeitinho que existem que eu vi vocês tem que ouvir vocês tem que ouvir tal e eu acho que vocês capital na narrativa da história de Ângela né esse silenciamento da vítima e silenciamento do próprio agressor né no caso de troca e a gente falou sobre a estratégia do Evandro Lins e Silva advogado dele e o doca disse para gente que ele fez
um milagre ele fez milagre porque ele é com Joana Joana ele ele conseguiu virar vem nós Você sabia que a defesa não é [Música] e é não tinha descontado querem gozar lasciva mais natural e como é que é velas junto nunca nunca no meia culpa o doca escreveu que a estratégia foi apresentada para ele antes do julgamento que ele se incomodou mas o Evandro disse que ia ter que ser assim e ele aceitou se ele tivesse discutido E ontem teste3 e aprovaram me entreguei a tentar posso ir e não merece isso mostrar a amostra não
podia mais fazer acender de quando Doca diz assim para vocês eu me incomodei com a tese de defesa encomendei mas ele não podia fazer nada né que o conflito tava Roubados pelo advogado dele ele não ele não tinha opinião a dar né eu confio advogado o advogado né toma conta a gente é treinado na faculdade de direito a roubar o conflito das partes então isso não importa não fale isso aqui não é interessante assim por diante acho que o que a Fernanda quer dizer com roubar o conflito é que depois que uma ofensa viram processo
criminal os advogados e os juízes os promotores etc tem mais espaço para falar e para deliberar sobre o caso do que a vítima e o ofensor Durante a entrevista Ela explicou que estava usando o conceito de conflitos como propriedade de um acadêmico norueguês chamado News Cristy nos preocupe não o que a gente vai colocar a referência lá no site da novela para resumir o que o Nils Christie escreve é que o conflito é uma propriedade da vítima e do agressor e quando o sistema penal entra na história eles sequestra o conflito para se a vítima
eo agressor saem da equação os profissionais vão lá toma um conflito E aí fica um jogo entre Juiz promotor de justiça e advogado e quem é efetivamente atingido pela aquele conflito tá de fora A gente precisa sair dessa abstração de estado é vítima ou a sociedade é a primeira vítima não a vítima é a pessoa que apanhou é a família dessa pessoa é a comunidade em patada é o filho e assim por diante no momento em que eu enxergo crime dessa forma diferente automaticamente eu tenho que mudar a forma como Responde ao Crime toca fica
15 anos Paraíso e tá tudo resolvido tem que nada está resolvido a necessidade da vida não é necessária e são como quem não é vítima acha que é entende que tem tem aquela vítima que quer punição e que não só a punição que a prisão certo mas não é a regra geral necessariamente Então essa presunção de que é a regra Geral de que nós somos evidentemente por entrevistas e de que é isso que a gente bucha quando a gente é vitimizado é uma falácia é difícil imaginar alguém que passou pelo que a Mônica Cunha passou
que passou pelo que mal se chamar que passou e essa pessoa não querer que o assassino do filho seja preso preso ou coisa pior Esse é o sentimento de Vingança assim mas é também o que está no cardápio é o que tem mas será que esse é o melhor jeito de fazer justiça eu só me lembro de sair do prédio assim Antonieta eu cheguei na praia conter para todo mundo que tinha acontecido a reação geral imediata foi uma reação de revolta de a gente tem que fazer alguma coisa obviamente que a primeira coisa que vem
à mente numa situação dessa é a polícia né Essa é a Valentina homem e ao contrário do que seria o senso comum ela não recorreu à polícia eu não achava e não acho que a solução para aquele problema para aquela situação que eu tinha vivido eram encarcera uma pessoa por seis anos que isso não ia mudar eu ia mudar o que tinha causado a origem do problema sim em vez disso a Valentina tentou buscar Justiça de outra forma e no próximo episódio de Crime e Castigo a gente vai saber o que aconteceu com a Valentina
esse a tentativa dela deu certo [Música] Crime e Castigo é uma série original da Rádio novelo realizada com recursos do Instituto Betty e já colar fer e da Opção deixando para ver quanto do adicional o nosso site é rádio novelo. Com.br/Crime e Castigo a idealização a pesquisa EA apresentação são minhas da flora tão são devo e da Paulo Oscar Pinto o roteiro é da Ludmila Naves e do Lucas Calmon e o André Emídio colaborou com a pesquisa a Juliana é Gere é a gerente de estratégia e a Marcele da rir é a nossa gerente de
produção Guilherme Alpendre é o nosso diretor executivo a produção é da Mari faria a secagem da Marcela Ramos a edição é do Luca Mendes a sonorização é da Júlia Mattos e da Paula scarpim EA mensagem é da pipoca saúde a música original é do Pedro Leal Davi a fé Cris Vasconcelos cuidou da coordenação de estratégias e as redes sociais e relacionamentos são da Bia Ribeiro e do Eduardo Wolff a identidade visual é da Elisa pessoa e o design gráfico é do Mateus Coutinho o nosso site foi desenvolvido pela Paula Carvalho e pela manda vedra a
gente gravou no estúdio Rastro e no estúdio carranca nossos transcritores para esse episódio foram Pedro guttmann Julio del Manto o Block todos os episódios de creme castigo já estão no ar [Música]
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