HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA SOBRE A ESCRAVIDÃO | ONHB Formações: África e Cultura Afro-Brasileira

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Olimpíada Nacional em História do Brasil
Último vídeo da primeira temporada da nova série do canal da Olimpíada Nacional em História do Brasi...
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e essa aula trata da historiografia brasileira sobre a escravidão no Brasil e as suas relações com a história da África se nós fizermos um balanço da historiografia brasileira ou seja do modo como os historiadores brasileiros que estudaram e interpretaram a história da escravidão no Brasil nós podemos perceber quatro momentos marcantes um balanço do que Abarca os últimos 70 anos o primeiro momento é marcado pela obra do Gilberto Freyre casa-grande e Senzala que foi publicada em 1933 o Gilberto Freyre quer uma formação Ampla de historiador sociólogo e antropólogo ele focaliza o universo dos Engenhos e olha
as relações que se estabeleceram entre brancos e negros entre os senhores que moravam na casa grande e na senzala o seu objetivo é estudar a família a formação da sociedade brasileira a partir da família e é uma visão de integração e de Harmonia apesar das diferenças sociais é uma obra muito importante porque ela está dialogando com uma maneira de entender a história do negro no Brasil EA história da escravidão muito é permeada pelo racismo E ele disse não é uma questão de raça Não há uma questão de inferioridade mas sim de integração entre culturas diferentes
ele tem uma visão altamente positiva da contribuição dos negros e dos índios para formação da sociedade brasileira a uma frase importante que sintetiza a ideia desse livro eu vou ler diz todo brasileiro traz na alma e no corpo a sombra do indígena e do negro e essa harmonia que tá a sintetizada numa ideia que se tornou e depois a partir do trabalho dele da democracia racial no Brasil e da ideia de que o Brasil é um povo essencialmente miscigenado o segundo momento está associado nos anos 60 1960 o grupo de sociólogos que estão praticamente fundando
a sociologia crítica no Brasil liderados pelo florestan Fernandes é que se chama a escola de São Paulo foi chamado Depois dessa forma nesse naquele momento eles não se era florestan Fernandes e os seus alunos alunos importantes como Otavio Ianni Fernando Henrique Cardoso Emilia viotti da Costa Paula baby entre outros a obra principal a eu creio é a de florestan Fernandes que foi publicado em 1963 que se chama a integração do negro na sociedade de classes essa é uma obra muito importante porque ela focaliza assim os alunos então alunos focaliza um momento muito importante que a
transição do mundo escravista para o mundo capitalista é de certa maneira o final do século 19 eo começo do século 20 o momento da Abolição da escravidão e qual é a ideia principal do florestan Fernandes é que a escravidão a Nicki lavar o escravo e com ele o homem que estava escravizado não havia ali cultura não havia família não havia alternativas a e essa [Música] destituição de Cultura num conceito que ele chama de anomia social quer dizer de marginalidade social fazia com que o negro não conseguisse se integrar na sociedade moderna então a ideia da
escravidão como um momento de Aniquilação total da figura do escravo um momento a violência a uma frase famosa do livro escrito pelo Fernando Henrique Cardoso escravidão e capitalismo no Brasil meridional que diz o seguinte o escravo se alto representava e era representado pelos homens livres como um ser incapaz de ação autonômica ou seja ele estava completamente aniquilado pela escravidão em capaz de ter projetos próprios em capaz de ter uma cultura em capaz de ação as únicas ações dele seriam fugir ou se matar ou matar o seu senhor pelo crime e pela Aniquilação completa é que
ele se expressava não havia saída na escravidão E essa era uma reação importante porque ela é servia de base para denunciar o racismo no Brasil elas eu punha frontalmente a ideia da democracia racial que vinha do e interiores baseada nas ideias no Gilberto Freyre Esse é um diálogo importante e que marcou a historiografia brasileira nos anos sequentes um terceiro momento da historiografia brasileira sobre a escravidão está situado basicamente nos anos 70 ele decorre dessas denúncias contra o racismo e dessa ideia central da escola de São Paulo mas a profunda buscando as raízes econômicas os sistemas
as estruturas econômicas que geraram este mundo dessa forma é uma historiografia marcadamente marxista que está procurando grandes sínteses de grandes processos históricos e que vai se expressar em torno de conceitos interessante porque essa é uma historiografia e são estudos que se desenvolveram no momento da ditadura no Brasil então a discussão ela é toda cifrada de certa maneira É porque ela se desfaz conceitualmente em torno de de conceitos de estruturas sistemas modos de produção É nesse momento a A grande preocupação é entender os mecanismos econômicos que fazem que movimentam a sociedade brasileira e que estruturam Essa
sociedade nela o escravo é alguma figura absolutamente fundamental mas ele não é entendido como uma pessoa com a gente com cultura já na esteira daquela ideia de uma like lamento completo na figura do escravo causada pela própria escravidão isso se acentua nos anos 70 de maneira em que é economia que ganha a primeira cena na explicação histórica não escravo no quarto momento a produção historiográfica se voltou para a figura do escravo e ele foi colocado no centro da cena era Prince o motivo para o estudo dos historiadores o que que os escravos pensavam da escravidão
como é que eles viviam aquele mundo a partir de que valores eles julgavam alguma coisa bom ruim ou pensavam sonhavam Como dizia um sonhador Quais os projetos que eles tinham para o futuro na a partir das condições em que eles viviam esses essas perguntas geraram estudos que não eram amplos para grandes períodos ou que procuravam fazer grandes sínteses históricas como no período anterior nos anos 70 ou nos anos 60 né esses estudos a partir dos anos 80 focalizaram temas específicos e nós podemos dar alguns exemplos interessantes é um bom um dos exemplos é o livro
do João José Reis rebelião escrava no Brasil é um livro que focaliza a rebelião dos Malês em 1835 na Bahia é uma das grandes que há bilhões se ela foi denunciada então ela de fato não aconteceu mas estava planejado e o grito dos escravos que saíram às ruas era morte aos brancos e mulatos então era uma coisa diferente porque que não era morte aos senhores Mas aos brancos e mulatos é preciso entender a situação da Bahia no século 19 para que se possa entender as quem validades entre os diferentes grupos os escravos que tinham chegados
da África ocidental é ver a sua cultura ver como diz que vai alisavam o que haviam nascido no Brasil e que controlavam setores do Comércio em com senhores então essa esse grito dos escravos ganha na um sentido no estudo do João José Reis João José Reis que permite a gente entender de um modo diferente a cultura dos escravos e o modo como eles reagiram diante da escravidão um outro livro importante é desse período é na senzala uma flor de Robert slenes esse livro é muito interessante porque o título dele já faz uma contraposição para uma
imagem que foi muito frequente nos anos 60 de que a escravidão havia sido tão forte a ponto de aniquilar a existência da família dos escravos e ele retorna a canção de um Viajante do século 19 que havia dito que na senzala numa crescia nenhuma flor com a metáfora da família não é E ele disse na senzala a uma flor Há muitas flores de certa maneira o que a gente conclui ao ler o livro dele então e a partir de que valores essa família ela era uma família como todas as outras como as nossas por exemplo
não são famílias que têm uma que bebem na esteira de toda a cultura africana sobretudo da África Central no caso dos escravos que vieram para o sudeste brasileiro nessa região entre Rio de Janeiro Minas São Paulo e há vários outros exemplos desse período o livro do Sidney chalub visões da Liberdade que trata exatamente disso qual era a visão que os escravos tinham da Liberdade o livro da Maria Helena Machado o plano eo pânico aqui também estuda revoltas do período da abolição e logo depois da abolição e o meu livro também Campos da violência que procura
estudar a como é que eram as relações dos Senhores com os escravos dos escravos entre si dentro dos Engenhos na região do Rio de Janeiro Esses são livros que colocam o escravo no centro o liberto no centro ao fazer isso essa historiografia ela descobre a África é porque eu tô dizendo o que descobre África porque evidentemente todo mundo sabe que ela fica existia lá muito e os historiadores já haviam estudado a África mas nesse período dos anos 60 dos anos 70 exatamente por conta dessa ênfase na economia a as perguntas sobre a cultura e sobre
as experiências sociais haviam ficado em segundo plano e o grande sistemas e os grandes sistemas econômicos haviam tomado a frente na hora que se colocam os escravos no centro é preciso saber da onde ele vem Quais são os valores como é que eles pensam e como é que nós vamos saber isso vendo a África indo para África de certa maneira atravessando o Atlântico e esses historiadores cada vez mais se preocuparam saber primeiro estudando o tráfico de escravos e descobrindo que os pontos de origem do tráfico e a na região da África central do Benin da
Nigéria ou na região de Angola na região do Congo eram traziam a exportavam gente né forçadamente para o Brasil que tinha um culturas diferentes e isso era muito importante na maneira como essas pessoas agiam e reagiam a escravidão a segunda coisa é perceber que os portos de origem eles são na verdade eles reúnem pessoas vindas de muitos lugares do interior da África então eles não são identidades africanas elas são identidades criadas no tráfico e que foram retomadas no nas Américas no novo mundo então o que é ser Angola ST saído de Luanda mas pode ter
vindo muito do interior Então os estudos Eles foram se diversificando cada vez mais para e se pudesse conhecer melhor as diferenças entre os africanos escravizados que foram forçadamente trazidos para o Brasil e como é que no Brasil ele se reuniram então outros elementos que foram muito importantes por exemplo estudo das irmandades as confrarias laicas que organizavam a vida religiosa no Brasil colonial e ao longo do século 19 e que congregavam em algumas delas como a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos algumas delas congregavam muitos africanos e seus descendentes que juntavam às vezes gente que na
África não estavam nem próximos geograficamente mas nas Américas assim no Brasil sim então esses estudos foram trazendo a África para dentro do Brasil e essa rede descoberta da África que acontece nos anos 80 a partir dos anos 80 no Brasil ela não é algo que acontece só nas universidades e este é um movimento que acontece na academia entre os historiadores mas que pertence a uma conjuntura muito mais Ampla eu acho que em primeiro lugar a gente deve lembrar que esse é o período do final da ditadura em que os movimentos sociais estão renascendo no Brasil
e se fortalecendo o movimento negro é bastante importante ele se fortalece sobretudo a partir de 78 de 1978 e ele tem um grande Impacto a também ele converge com isso que estava acontecendo entre os historiadores um outro elemento importante é o fortalecimento dos programas de pós-graduação o que vão se divertir ficando e vão abrindo Campos dentro da própria história e dentro da própria academia eu acho que há um diálogo entre movimentos sociais e academia a partir dos anos 80 e dos anos 90 que é importante para a gente pensar S redescobrimento da África é importante
também é que a gente tem em conta medidas que vão do ponto de vista do governo do legislativo e do executivo a criação das leis em 2013 2008 que promovem o ensino de história da África e da cultura afro-brasileira no ensino médio ela foi muito importante para as Universidades eu fiz a minha graduação em 1973 a1978 eu nunca tive um curso de África na minha graduação na minha formação ela foi feita e eu tive que se for e pesquisadora da escravidão e as bibliotecas para estudar a história da África para poder responder às perguntas que
a minha pesquisa me colocava e cada vez mais eu tô fazendo isso a cada pesquisa que eu faço hoje estou estudando Palmares por exemplo a história de Palmares eu preciso de conhecer muito a região do Congo e de Angola sobretudo de Angola para que eu possa entender aos modos de organização a dos escravos fugidos no século 17 e mais do que isso eu preciso entender também o modo como as autoridades coloniais se relacionavam com os escravos no Brasil e como eles se relacionavam com os africanos na África sem isso a história de Palmares fica pela
metade e eu acho que essa é uma um exemplo também dessas aberturas o importantes e que faz a gente pensar nos nossos heróis como zumbi e nas suas origens Essas são homens zumbi ganga zumba na zona são homens que nós conhecemos pelos nomes africanos e a gente nem sempre se dá conta disso as leis de 2013 2008 foram muito importantes também para academia foi a partir delas que academia se deu conta aqui era preciso também não só no ensino fundamental mas na universidade de cursos de história da África uma aula sobre esse mesmo assunto daqui
a dez anos certamente vai ter que ter mais tempo porque será necessário incluir a produção brasileira sobre história da África a universidade se abriu nesses últimos dez anos passou a ter cursos de história da África para formar professores para que possam e a legislação a nova legislação e tem produzido o trabalho muito importantes nessa área então hoje em dia é quase impossível estudar a história da escravidão no Brasil sem estudar a história da África e cada vez mais não só a história da África relacionada ao Brasil diretamente por causa da escravidão mas todas as áfricas
as muitas áfricas que fazem esse continente aqui é tão importante e que instiga os historiadores não só para conhecer a história o que aconteceu mas também que desafia em termos de metodologia e de teoria
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