Luí estava na oficina mecânica do seu pai. Ela estava se despedindo, dizendo que ia para a faculdade, mas que de noite voltava para o jantar. “Tchau, pai”, disse Luí, dando um abraço em Roberto.
“Não se preocupe, estarei de volta para o jantar. ” Roberto sorriu, embora seus olhos demonstrassem uma preocupação constante. “Tome cuidado, minha filha, e lembre-se: se precisar de qualquer coisa, estou aqui.
” “Eu sei, pai, obrigada por tudo”, respondeu ela, acenando enquanto se afastava. Desde que sua esposa morreu, Roberto tinha o maior cuidado com Luí. Oito anos atrás, a mãe de Luí morreu de câncer, e desde então Roberto fez de tudo para cuidar o melhor possível da filha.
Ele passava horas intermináveis trabalhando para dar o melhor futuro possível a Luí. Ele a incentivou a focar nos estudos e, graças a isso, ela passou em uma das melhores universidades do país. Luí só conseguia estudar nesse local devido a uma bolsa de estudos e por suas notas excelentes.
Porém, isso atraía a atenção de certos alunos invejosos. Ela estava decidida a focar em seus estudos, mas na faculdade ela recebia ofensas de suas colegas com frequência. Maria e Raimunda eram duas patricinhas ricas que destratavam a todos, mas o alvo principal delas era Luí.
Elas frequentemente falavam de suas roupas, de sua aparência e da falta de dinheiro no corredor principal da universidade. Luí caminhava apressada, segurando vários livros, estava concentrada pensando na próxima aula quando ouviu risadas familiares atrás de si. “Olha só quem está aqui!
” exclamou Maria, com um tom sarcástico. Luí fechou os olhos por um segundo, respirando fundo antes de se virar. “Oi, Maria.
Oi, Raimunda”, disse ela, tentando manter a cordialidade. Raimunda deu uma risadinha, olhando Luí de cima a baixo. “Essa blusa é nova?
” perguntou ela, fingindo interesse. “Na verdade, não, já a tenho há algum tempo”, respondeu Luí, sem querer prolongar a conversa. Maria arqueou as sobrancelhas.
“Ah, claro. Deve ser difícil renovar o guarda-roupa. ” Luí sentiu o rosto esquentar, mas tentou não demonstrar.
“Estou satisfeita com o que tenho. ” “Que humilde da sua parte”, disse Raimunda, com um sorriso falso. “Mas sabe, talvez pudéssemos te ajudar.
Conhecemos algumas lojas que têm peças incríveis. ” “Obrigada, mas não preciso”, respondeu Luí, tentando se afastar. Maria colocou-se na frente dela, impedindo a passagem.
“Por que tanta pressa? Não quer socializar um pouco? ” “Tenho aula agora”, disse Luí, mantendo a calma.
“Com licença. ” “Sempre tão estudiosa”, comentou Maria, revirando os olhos. “Você acha mesmo que notas altas são tudo na vida?
” “Elas são importantes para mim”, respondeu Luí. Raimunda cruzou os braços. “Claro que são.
Afinal, sem elas, você não estaria aqui, não é mesmo? ” Maria sorriu maliciosamente. “Imagino como deve ser pressionante depender de uma bolsa.
Um erro, e adeus universidade. ” Luí sustentou o olhar. “Eu trabalho duro para merecer estar aqui, assim como todos deveriam trabalhar duro.
” “É para quem não tem outras opções”, disse Raimunda, balançando os cabelos. “Algumas pessoas já nascem com certas vantagens, e outras precisam conquistá-las. ” Retrucou Luí: “Agora, por favor, preciso ir.
” Maria soltou uma risada debochada. “Você é realmente engraçada. Sabe, talvez devesse se considerar um plano B.
Nunca se sabe quando as coisas podem dar errado. ” Luí sentiu a paciência se esgotando. “Agradeço a preocupação, mas estou confiante no meu caminho.
” Raimunda deu um passo à frente. “Confiança é boa, mas não paga as contas. Ou será que seu pai arrumou um emprego melhor?
” Luí estreitou os olhos. “Deixem meu pai fora disso. ” “Só estamos comentando”, disse Maria, fingindo inocência.
“Deve ser difícil para ele manter tudo sozinho. Nós poderíamos ajudar”, sugeriu Raimunda. “Conhecemos pessoas que contratam para serviços simples.
” Luí sentiu a raiva subir. “Não preciso da caridade de vocês. Agora, se me derem licença”, ela tentou passar novamente, mas Maria esticou o braço, bloqueando o caminho.
“Por que essa atitude? Estamos sendo amigáveis. ” “Amigáveis?
” Luí não pôde conter uma risada incrédula. “Vocês me insultam constantemente e acham que estão sendo amigáveis. ” Raimunda fingiu surpresa.
“Insultando? Imagina só, estamos preocupadas com você. ” “Preocupadas que eu possa superar vocês”, retrucou Luí.
Maria estreitou o olhar. “Cuidado com o que diz. Você não sabe com quem está lidando.
” Luí ergueu o queixo. “Sei exatamente com quem estou lidando: duas garotas inseguras que precisam menosprezar os outros para se sentirem melhor. ” O rosto de Raimunda ficou vermelho.
“Como ousa? ” Maria deu um passo ameaçador. “Talvez seja a hora de você aprender seu lugar.
” Antes que algo mais pudesse acontecer, um professor apareceu no final do corredor. “Está tudo bem aqui, senhoritas? ” perguntou ele, olhando de Maria e Raimunda para Luí.
As duas rapidamente recuaram. “Tudo ótimo, professor,” respondeu Maria, com um sorriso forçado. “Estávamos apenas conversando com nossa colega.
” Luí aproveitou a oportunidade. “Com licença, professor, estou um pouco atrasada para a aula. ” “Claro, vai em frente”, disse ele, abrindo o caminho enquanto se afastava.
Luí pôde sentir os olhares furiosos de Maria e Raimunda em suas costas. Seu coração batia acelerado, mas ela manteve a cabeça erguida. Ao entrar na sala, sentou-se ao lado de Ana, uma colega com quem às vezes estudava.
“Você está bem? ” sussurrou Ana, notando a expressão de Luí. “Sim, só coisas de sempre”, respondeu ela, tentando sorrir.
Ana assentiu, compreendendo sem precisar de detalhes. As horas seguintes passaram lentamente. Luí tentava se concentrar nas aulas, mas a atenção do encontro anterior ainda pairava sobre ela.
Sabia que Maria e Raimunda não desistiriam facilmente. No intervalo, enquanto estava na biblioteca, recebeu uma mensagem anônima no celular: “Cuidado por onde anda, pode tropeçar. ” Ela suspirou, sentindo o peso da situação.
Pensou em falar com alguém da administração, mas temia que isso só piorasse as coisas. Ao final do dia, enquanto guardava seus materiais na mochila, ouviu novamente as vozes das duas. “Achou que poderia nos evitar?
” perguntou Maria, encostando-se na porta da sala vazia. Raimunda fechou a porta atrás de si. “Precisamos terminar nossa conversa.
” Luísa respirou fundo. “O que vocês querem de mim? ” Maria aproximou-se.
Lentamente, já dissemos, queremos que saiba: qual é o seu lugar, e que lugar seria esse? Perguntou Luí, encarando-os. Raimunda sorriu friamente.
Certamente não é aqui, competindo conosco. Talvez devesse considerar outra universidade, uma mais adequada. Luí sentiu a determinação crescer dentro de si.
Não vou a lugar nenhum! Trabalhei duro para estar aqui e não vou deixar que vocês me intimidem. Maria soltou um riso sarcástico.
Corajosa, não é? Veremos quanto tempo essa coragem dura. Isso é uma ameaça?
Indagou Luí. Raimunda deu de ombros. Chame como quiser, estamos apenas avisando.
Antes que pudessem continuar, o som do sinal ecoou pelos corredores. — Preciso ir — disse Luí, movendo-se em direção à porta. Desta vez, as duas não impediram sua passagem, mas Maria lançou uma última frase.
— Lembre-se do que dissemos. Pode ser sua última chance. Luí saiu rapidamente, o coração acelerado enquanto caminhava em direção à saída, decidindo que não deixaria essas intimidações a abalarem.
Pensou em seu pai, em todo o esforço que ele fazia por ela. Não podia decepcioná-lo. Ao chegar em casa, encontrou Roberto preparando o jantar.
— Cheguei, pai — anunciou, tentando soar alegre. — Bem na hora! — exclamou ele.
— Como foi o dia? Ela sorriu, deixando os problemas de lado, ao menos por um momento. — Aprendi coisas novas e interessantes.
E você? — O de sempre — respondeu ele, servindo os pratos. — Mas sabe, cada dia é uma nova oportunidade.
Enquanto jantavam, Luí sentiu-se grata pelo apoio incondicional de seu pai. Decidiu que, independentemente dos obstáculos, continuaria lutando por seus sonhos. Apesar de ser ignorada pela maioria das pessoas da faculdade, Luí seguia em frente com a determinação de quem sabia o que queria.
Ela vivia imersa em estudos e trabalhos acadêmicos, mas era na música que encontrava alívio. Suas aulas de canto, realizadas depois da faculdade, eram um momento de escape e alegria. — Quem canta seus males espanta, e eu tenho muitos males para espantar — costumava dizer a si mesma, sorrindo enquanto caminhava para a Escola de Música.
Em uma dessas aulas, algo diferente aconteceu. Um homem que ela nunca tinha visto antes apareceu na sala. Encostado na parede do fundo, ele usava um terno discreto, mas bem cortado, e tinha uma expressão séria.
Observava todos os alunos atentamente, como se analisasse cada detalhe. O burburinho começou imediatamente. — Quem é ele?
— sussurrou uma aluna para outra. — Não sei, parece importante — respondeu a colega, tentando disfarçar sua curiosidade. Luí tentou ignorar a presença dele, concentrando-se em sua prática.
Quando chegou sua vez de cantar, respirou fundo e iniciou sua interpretação. Sua voz fluiu com naturalidade, preenchendo o ambiente com uma melodia suave e poderosa. Enquanto cantava, percebeu que o homem a olhava fixamente; ele não piscou nem desviou o olhar, o que a deixou um pouco desconfortável.
Assim que terminou, o silêncio na sala foi quebrado por aplausos de seus colegas. O homem misterioso, no entanto, não reagiu, apenas se levantou e caminhou até o professor, iniciando uma conversa em voz baixa. Luí não conseguia ouvir o que diziam, mas o professor ocasionalmente olhava em sua direção, o que aumentava sua curiosidade.
Poucos minutos depois, o professor aproximou-se dela, trazendo o homem consigo. — Luí, este é o Senhor Fábio — apresentou o professor. — Ele é um produtor musical e gostaria de falar com você.
— Olá, Luí, é um prazer conhecê-la — disse Fábio, estendendo a mão. — O prazer é meu — respondeu, apertando a mão dele, um pouco tímida. — Sua interpretação.
. . e você tem uma voz linda e muito talento — começou ele, com um tom sério.
— Já pensou em entrar no mundo da música de forma profissional? Luí ficou surpresa com a pergunta. — Não, nunca pensei nisso — respondeu ela, hesitante.
— Canto apenas como um hobby. — Bem, às vezes os hobbies podem se transformar em grandes carreiras — disse Fábio, sorrindo. — Gostaria que considerasse a possibilidade.
Aqui está meu cartão; pode me ligar quando quiser conversar mais sobre o assunto. Ele entregou-lhe um cartão branco com seu nome e contato. Luí o pegou, ainda processando o que havia acabado de acontecer.
Em casa, à noite, Luí contou ao pai, Roberto, sobre o encontro. Durante o jantar, ela mexia na comida, pensativa. — Pai, aconteceu algo estranho hoje na aula de canto — começou.
— O que foi, minha filha? — perguntou Roberto, erguendo os olhos do prato. — Um produtor musical assistiu à aula.
Ele falou comigo e disse que eu tenho talento, perguntou se eu gostaria de tentar uma carreira profissional. Roberto abriu um sorriso orgulhoso. — Isso é incrível!
Sempre soube que você tinha uma voz especial! — Mas eu nunca pensei nisso, pai. Não sei se é para mim — confessou ela.
— Por que não tentar? — sugeriu ele. — Se é algo que você gosta e tem talento.
Talvez seja uma oportunidade única, e quem sabe você pode até ganhar dinheiro com isso. Não precisa decidir agora, mas pense com carinho. No dia seguinte, após refletir bastante, Luí decidiu ligar para Fábio.
— Alô? — atendeu ele, com a voz calma. — Fábio, aqui é a Luísa, da aula de canto — disse ela, um pouco nervosa.
— Luísa! Que bom que ligou! — respondeu ele, com entusiasmo.
— Já tomou uma decisão? — Sim, gostaria de aceitar o convite e saber mais sobre como funciona. — Excelente!
Podemos conversar melhor na sua próxima aula. — Claro, estarei lá — confirmou Luí. Na aula seguinte, Fábio esperava por ela.
Após a prática, sentaram-se para discutir os detalhes. — Preciso ser honesto com você — começou Fábio. — O início não é glamoroso.
Você tocará em bares, restaurantes e eventos particulares, mas é uma ótima porta de entrada. Além disso, você poderá ganhar um dinheiro extra. Pensou em seu pai, que lutava duro para sustentá-la; a possibilidade de ajudá-lo pesou em sua decisão.
— Entendi. . .
acho que posso tentar — respondeu. Fábio sorriu. — Ótimo!
Vamos começar a planejar suas primeiras apresentações. Assim começou a vida musical de Luí. Ela passou a se apresentar em pequenos locais, como cafés e festas privadas.
Embora os lugares fossem modestos, cantar para outras pessoas enchia seu coração de alegria. Cada nota que ela entoava parecia reafirmar sua paixão pela música. Na faculdade, a notícia.
. . De que Luí, a aluna cantora, estava se apresentando na cidade, começou a circular.
Colegas que antes a ignoravam agora a abordavam nos corredores. "Luí, ouvi dizer que você está cantando em cafés. Isso é incrível!
" comentou uma colega. "Obrigada," respondeu Luí, surpresa com a mudança de atitude. Os elogios e a atenção eram novidade para ela; mas nem todos estavam felizes com seu sucesso.
Maria e Raimunda, conhecidas por sua arrogância e desdém, começaram a observá-la com olhares de desdém e inveja. "Então agora ela acha que é uma estrela," disse Maria, revirando os olhos. "Exatamente," concordou Raimunda.
"Cantando em lugares baratos e achando que é importante. " Certa tarde, as duas decidiram confrontá-la. "Luísa," chamou Maria, com um sorriso falso.
Luí virou-se, tentando manter a calma. "Oi Maria. O que foi?
" "Só queríamos parabenizá-la pelo sucesso," disse ela com sarcasmo. "Deve ser emocionante cantar para, sei lá, cinco pessoas. " Raimunda riu, concordando.
"E por quanto tempo você acha que isso vai durar? " provocou ela. "Não sei," respondeu Luí, firme.
"Mas estou feliz com o que estou fazendo. " Maria ergueu as sobrancelhas. "Felicidade não paga as contas.
" "Talvez não, mas minha música ajuda mais do que vocês imaginam," retrucou Luí, virando-se e saindo. Enquanto caminhava, ignorou as risadas das duas. Tinha coisas mais importantes em que pensar.
Luí estava apenas começando, e nada nem ninguém iria tirar o brilho que ela encontrava na música. O nome de Luí ficou cada vez mais conhecido pela cidade. Sua voz encantava o público, e agora pessoas influentes a chamavam para eventos particulares.
Em um desses eventos, após uma apresentação impecável, o reitor de sua faculdade se aproximou, com um sorriso admirado. "Luí, que apresentação incrível! " elogiou ele, estendendo a mão.
"Você realmente tem muito talento. " "Muito obrigada," respondeu Luí, apertando a mão dele com um sorriso tímido. "O ano está terminando e estamos organizando a festa de formatura da faculdade," continuou o reitor.
"Será um evento grande com alunos, professores, pais e convidados importantes. Estávamos pensando em ter uma apresentação especial, e acho que você seria perfeita para isso. O que acha?
" Os olhos de Luí se arregalaram de surpresa. "Nossa, eu ficaria muito feliz! Claro que aceito.
" "Excelente! Entrarei em contato com você para acertarmos os detalhes. Será uma honra tê-la conosco," disse o reitor, despedindo-se com outro aperto de mão.
Enquanto caminhava para casa naquela noite, Luí sentia uma mistura de alegria e preocupação. Pensamentos intrusivos começaram a invadir sua mente. "Será que vou conseguir?
É um evento tão grande, e se eu errar? Haverá tantas pessoas ricas, influentes. .
. não estou acostumada com isso. " Quando chegou em casa, encontrou seu pai, Roberto, sentado no sofá, com a mão nas costas e uma expressão de dor no rosto.
"Pai, o que aconteceu? " perguntou Luí, alarmada. "Ah, nada demais, minha filha, só umas dores nas costas.
Acho que andei pegando pesado na oficina hoje," respondeu ele, tentando disfarçar. Luí sentou-se ao lado dele, preocupada. "Você está trabalhando demais, pai.
Queria poder ajudar mais. " "E você já ajuda, Luí. Ver você conquistando seus sonhos é o que me dá forças todos os dias," disse ele, acariciando o cabelo da filha.
Luí hesitou por um momento, mas decidiu contar sobre o convite do reitor. "Hoje, depois de um evento, o reitor da minha faculdade me chamou para cantar na festa de formatura. Ele disse que seria um grande evento com muitas pessoas importantes.
" O rosto de Roberto se iluminou. "Isso é maravilhoso, Luísa! Eu sabia que seu talento iria te levar longe.
" Ela baixou os olhos, pensativa. "Estou com medo, pai. Será um palco enorme, com uma plateia cheia de alunos, pais, professores e essas pessoas.
Muitas delas são ricas. . .
não sei se vou conseguir. " Roberto segurou as mãos dela firmemente. "Minha filha, ouça bem o que vou te dizer: ninguém é melhor que ninguém.
Todos colocam as calças uma perna de cada vez, assim como nós. Você só precisa fazer o que já faz tão bem. Cante do coração, como sempre, e todos vão te amar.
" Luí sorriu emocionada e abraçou o pai. "Obrigada, pai. Você sempre sabe o que dizer.
" Nos dias seguintes, a expectativa pelo evento crescia. Alunos comentavam nos corredores e professores mencionavam a festa em sala de aula. Quando a notícia de que Luísa seria a principal atração chegou aos ouvidos de Raimunda e Maria, a reação foi imediata.
“O quê? Luísa vai cantar na festa de formatura? ” disse Raimunda, indignada, enquanto fiava distraidamente um caderno na biblioteca.
“Pois é, todo mundo só fala disso,” respondeu Maria, revirando os olhos. “Não entendo o que vêm nela, só porque canta umas musiquinhas. .
. isso não vai ficar assim,” murmurou Raimunda, com os olhos fixos na janela. No mesmo instante, um rapaz entrou na biblioteca.
Ele era alto, com cabelos bagunçados e um sorriso descontraído. Ao avistar Luí sentada sozinha em uma mesa, caminhou até ela. "Luí, oi," disse ele, puxando uma cadeira.
"Ouvi dizer que você vai cantar na festa de formatura. Isso é incrível! " Luí levantou o olhar, surpresa.
"Ah, oi. Obrigada! Estou um pouco nervosa, mas acho que vai ser uma experiência incrível.
" "Tenho certeza de que vai arrasar. Sua voz é incrível," disse ele, com um sorriso genuíno. Raimunda, observando a cena de longe, cerrava os punhos de raiva.
"Ele está falando com ela? " perguntou Maria, arqueando a sobrancelha. "Sim, ele está falando com ela.
O Lucas! O Lucas que eu estou interessada desde o semestre passado," respondeu Raimunda em um tom baixo, mas carregado de irritação. "Calma, Raimunda.
Ele só está sendo educado," disse Maria, tentando acalmá-la. "Educado demais para o meu gosto," rebateu Raimunda, levantando-se de repente. "Isso não vai ficar assim.
" Sem dizer mais nada, saiu da biblioteca. Enquanto isso, Lucas e Luí continuavam conversando. "Você já sabe o que vai cantar?
" perguntou Lucas, curioso. "Ainda não decidi. Quero escolher algo que combine com o evento e que toque as pessoas," respondeu Luí.
"Tenho certeza de que será incrível, qualquer que seja a escolha," disse ele. Ele, levantando-se, disse: "Bom, vou indo. Só queria te dar os parabéns pessoalmente".
"Obrigada, Lucas, foi muito gentil da sua parte", disse, sorrindo. Lucas acenou antes de sair, deixando Luí um pouco mais confiante. Ela voltou sua atenção aos livros, mas não pôde evitar pensar no que seu pai havia dito: "Ninguém é melhor que ninguém.
Talvez fosse hora de começar a acreditar nisso". Enquanto isso, Raimunda estava em casa, furiosa. Sentada em sua cama, encarava o teto com as palavras de Lucas e Luí ecoando em sua mente.
Ela balançou a cabeça, decidida: "Essa garota está indo longe demais. Isso termina na festa de formatura", disse para si mesma, com um sorriso frio no rosto. No dia da apresentação, o salão estava lotado.
A decoração era impecável, com luzes elegantes e mesas enfeitadas com arranjos de flores. Pessoas influentes da cidade, professores, alunos e suas famílias ocupavam os assentos, conversando animadamente. No palco, os preparativos estavam quase prontos; Luí estava nos bastidores, olhando para a cortina que escondia a multidão.
Seu coração batia acelerado, mas ela respirava fundo, tentando se lembrar das palavras do pai: "Ninguém é melhor que ninguém. Apenas faça o que você já faz e todos vão amar". Mesmo assim, algo a incomodava: Roberto ainda não havia chegado.
Enquanto isso, em casa, Roberto ajustava o terno que havia alugado. O tecido parecia estranho em seu corpo, algo fora do comum para alguém acostumado a macacões e ferramentas. Ele se olhou no espelho, ajeitou a gravata e sorriu: "É hoje, minha menina.
Vou estar lá para te aplaudir", disse a si mesmo, com orgulho. O terno havia custado caro, mas para ele valia cada centavo. Pegou as chaves e saiu em direção ao evento.
Quando estava prestes a entrar no estacionamento, de repente, parou ao ver um veículo, trocando olhares cúmplices: "Por favor, senhor, pode nos ajudar? ", chamou Raimunda, tentando parecer aflita. Roberto, sempre disposto a ajudar, aproximou-se.
"O que acontece? ", perguntou ele, analisando o carro. Roberto acenou com a cabeça.
"Bem, sou mecânico. Deixe-me dar uma olhada". Sem perceber as intenções delas, Roberto começou a inspecionar o motor.
Raimunda havia mexido em várias partes do carro, desconectando cabos de maneira aleatória para simular um problema. Enquanto Roberto tentava entender o que estava errado, Maria cochichou algo no ouvido de Raimunda, que correu até o porta-malas do carro e pegou um balde de tinta preta. "Pronto", sussurrou Maria.
"Agora", respondeu Raimunda, antes que Roberto pudesse reagir. Ele sentiu algo frio e pegajoso escorrer por suas costas. Ele se levantou abruptamente e viu as duas jogando o resto da tinta sobre ele.
"O que é isso? ", gritou, surpreso. Maria e Raimunda soltaram uma gargalhada e saíram correndo.
"Boa sorte na apresentação da sua filha, senhor mecânico! ", gritou Maria, sem olhar para trás. Roberto olhou para si mesmo, incrédulo: o terno alugado estava arruinado e ele estava completamente coberto de tinta preta.
Sabia que não poderia aparecer naquele estado. Chegando ao evento, Roberto entrou discretamente no banheiro para tentar se limpar. Usou papel toalha, água e sabão, mas a tinta não saía.
O terno estava perdido. Com o rosto desanimado, ele decidiu sair de fininho para não constranger Luí no palco. Luísa estava terminando sua última música.
Apesar de cantar lindamente, não conseguia parar de pensar no porquê de seu pai ainda não ter chegado. Quando terminou, os aplausos foram ensurdecedores, mas seu olhar logo encontrou Roberto. Ele estava tentando sair discretamente pela lateral do salão, com as roupas manchadas e os olhos baixos.
Ao mesmo tempo, viu Maria e Raimunda no fundo do salão, rindo e cochichando, apontando para seu pai. Em um instante, Luí entendeu tudo. Tomando coragem, ela voltou ao microfone.
"Antes de encerrar, tenho algo especial a dizer", começou, com a voz firme, mas cheia de emoção. O salão ficou em silêncio, com todos os olhares voltados para ela. "Esta noite é muito especial para mim, não apenas porque estou cantando para todos vocês, mas porque tenho a chance de fazer um agradecimento público a uma pessoa que é a razão de tudo isso".
Roberto parou no meio do salão, olhando para a filha, confuso. "Meu pai", continuou Luí, com a voz embargada. "Ele sempre foi o meu maior incentivador.
Desde que minha mãe se foi, ele trabalhou incansavelmente para me dar o melhor. Ele nunca desistiu, mesmo quando tudo parecia difícil". As palavras dela fizeram os olhos de Roberto encherem de lágrimas.
Ele tentou dar um passo para trás, mas Luí o chamou: "Pai, por favor, suba ao palco. Quero que todos saibam quem é o homem que mais admiro na vida". Roberto hesitou, olhando para as roupas sujas.
As pessoas ao redor o incentivaram, aplaudindo e acenando para ele ir. Finalmente, ele reuniu coragem e subiu. Quando ele chegou ao lado da filha, Luí segurou sua mão.
"Olhem para ele! Esse é o homem que fez tudo por mim. E hoje, duas pessoas aqui tentaram envergonhá-lo para me atingir, mas nada, nem ninguém pode mudar o orgulho que eu sinto pelo meu pai".
O salão ficou em silêncio absoluto enquanto Luí continuava. "Quero citar os nomes dessas pessoas: Maria e Raimunda. Elas o sujaram de tinta para tentar humilhar minha família, mas, ao contrário disso, só conseguiram mostrar o quanto meu pai é digno de admiração.
Porque, mesmo sujo por fora, ele é o homem mais limpo que eu conheço por dentro". Os aplausos começaram lentamente, mas logo todo o salão estava de pé. As pessoas ovacionavam Roberto e Luí.
Maria e Raimunda, que antes riam, agora estavam pálidas, tentando se esconder. Seus próprios familiares olhavam para elas com desaprovação. Uma mulher mais velha, que parecia ser a mãe de Maria, aproximou-se delas: "Vocês fizeram isso?
", perguntou, com a voz dura. "Justificar? Mãe, não foi—", Ass interrompeu a mãe.
"Vamos conversar em casa". Enquanto isso, no palco, Luí abraçava Roberto: "Obrigada por tudo, pai! Você é meu herói".
Roberto a apertou contra o peito, ainda emocionado: "Não, minha filha. Você é o meu maior orgulho". Continuou aplaudindo enquanto pai e filha desciam do palco, unidos como nunca.
Porém, logo em seguida, todos ouviram um barulho forte do lado de fora. O som de metal retorcido ecoou, cortando o clima de celebração. Os murmúrios curiosos logo se transformaram em murmurações preocupadas, e um grupo de pessoas correu para a entrada do evento.
— O que foi isso? — perguntou Luí, com o coração disparado. — Parece que houve um acidente — disse Roberto, ainda ao lado dela.
Pai e filha seguiram a multidão. Ao chegarem do lado de fora, a cena era impactante: um carro havia colidido violentamente contra uma árvore. Os faróis ainda estavam acesos e o capô estava totalmente amassado.
Dentro do carro, um jovem estava desacordado no volante. — É o Lucas! — alguém gritou, reconhecendo o rapaz.
Luí sentiu as pernas fraquejarem. — Lucas! — sussurrou, colocando a mão no peito.
A multidão se aglomerava, mas ninguém ousava se aproximar muito do veículo. Logo, um homem chamou a emergência pelo celular, enquanto outra pessoa tentava abrir a porta do carro. Lucas não estava usando o cinto de segurança, o que agravou o impacto.
Sangue escorria de sua testa, e ele permanecia imóvel. Raimunda, que estava entre os curiosos, congelou. Seus olhos estavam fixos na cena, e o pânico começava a tomar conta.
Ela sabia o que tinha feito; havia pedido o carro emprestado a Lucas sob o pretexto de buscar uma amiga, mas, na verdade, era para usá-lo como parte de seu plano contra Luí. No calor de sua raiva, mexeu em várias partes do veículo de forma descuidada, sem entender a gravidade do que estava fazendo. — Raimunda!
— murmurou Maria, que estava ao seu lado. — Você mexeu no carro dele! — Eu.
. . eu não sabia que ele ia dirigir!
Não era para isso acontecer! — sussurrou Raimunda, sua voz trêmula. — E o que você achou que ia acontecer, desajustar inteiro?
— Maria rebateu, começando a entrar em pânico também. Uma ambulância chegou rapidamente, acompanhada de uma viatura policial. Enquanto os paramédicos corriam para retirar Lucas do veículo, os policiais começaram a afastar os curiosos.
Raimunda começou a suar frio. — Maria, a gente tem que sair daqui! — sussurrou.
— Não dá, isso só vai levantar suspeitas! — respondeu Maria, olhando ao redor nervosamente. Quando os paramédicos retiraram Lucas do carro, ele ainda estava inconsciente, mas respirava.
Eles o colocaram em uma maca e o levaram para a ambulância. Enquanto isso, os policiais começaram a investigar a área, observando o estado do veículo. — Alguma coisa está estranha aqui — comentou um dos policiais.
— Parece que alguém mexeu nesse carro antes do acidente. Raimunda e Maria trocaram olhares. Elas sabiam que aquilo não acabaria bem.
No dia seguinte, a notícia do acidente já havia se espalhado. Lucas estava internado, mas os médicos disseram que ele estava fora de perigo, embora precisasse de alguns dias para se recuperar. Entretanto, a polícia havia começado uma investigação sobre o acidente.
Não demorou para que as câmeras de segurança da faculdade revelassem algo crucial: as imagens mostravam Raimunda e Maria mexendo no carro de Lucas antes do acidente. Quando a polícia chegou até elas, Raimunda tentou negar. — Não sei do que vocês estão falando — disse ela, cruzando os braços.
— As câmeras dizem outra coisa, senhorita — respondeu um dos policiais, mostrando uma foto retirada do vídeo. — Aqui está você mexendo no motor. Maria tentou intervir.
— Foi só uma brincadeira, não tínhamos intenção de machucar ninguém! — Mexer em um carro não é brincadeira, senhorita. Isso colocou a vida de alguém em risco — rebateu o policial.
Raimunda começou a chorar. — Eu. .
. eu não queria que isso acontecesse. Só estava com raiva, não era para ele dirigir o carro!
As confissões vieram aos poucos, e o caso ganhou repercussão. Apesar de os pais de Raimunda e Maria tentarem usar sua influência para abafar a história, a gravidade do acidente e as evidências tornaram impossível evitar as consequências. As duas foram expulsas da faculdade e enfrentaram um processo judicial.
No tribunal, o juiz decidiu que ambas deveriam cumprir um ano de prisão, uma sentença que poderia ser convertida em regime aberto, dependendo de seu comportamento. Apesar disso, o impacto do caso foi devastador para suas reputações e para suas famílias. Enquanto isso, Lucas começou a se recuperar no hospital.
Quando Luí foi visitá-lo, ele abriu um sorriso fraco ao vê-la. — Ei, cantora! — disse ele, com a voz rouca.
— Lucas! — exclamou Luí, aliviada. — Como você está?
— Meio dolorido, mas estou vivo. Pelo jeito, tenho que agradecer aos paramédicos — respondeu ele, tentando brincar. Luí sentou-se ao lado da cama.
— Você não faz ideia de como fiquei preocupada. Fiquei com medo de. .
. Ela parou, sua voz embargada. — Eu estou aqui, não precisa se preocupar mais — disse Lucas, segurando a mão dela.
Os dois passaram algum tempo conversando, e a amizade entre eles se fortaleceu ainda mais. Lucas era grato pelo apoio de Luí, e ela, por sua vez, sentia-se aliviada por vê-lo se recuperando bem. Os dias seguintes foram intensos para todos.
Luí continuava com suas apresentações, e sua carreira como cantora começava a ganhar mais espaço. O incidente com Lucas e a exposição de Raimunda e Maria marcaram a todos na faculdade. — Sabe, Luí, depois de tudo isso, acho que você é a pessoa mais forte que conheço — disse Lucas, enquanto tomavam um café no campus alguns dias depois de sua alta.
— Eu só tento lidar com as coisas como posso — respondeu ela, rindo. — Bem, parece que você é muito boa nisso. E a propósito, ainda quero ouvir você cantar na próxima apresentação.
Prometo estar na primeira fila, dessa vez com o cinto de segurança! — brincou ele. — E eu prometo cantar algo especial para você — respondeu Luí, sorrindo.
Após alguns meses, Luí recebeu um convite para cantar em um restaurante. Era um espaço conhecido na cidade por seu ambiente intimista e pela proximidade entre os artistas e o público, algo que Luí adorava. Chegando ao local, foi recebida por uma mulher elegante que se apresentou com um sorriso educado.
Boa noite. Você deve ser Luí, certo? Disse a mulher, estendendo a mão.
— Sim, sou eu. Muito prazer! — respondeu Luí, apertando a mão dela.
— O prazer é meu. Sou Clara, uma das sócias do restaurante e também mãe da Raimunda. Essas palavras fizeram Luí arregalar os olhos de surpresa; por um momento, não soube o que dizer.
Clara notou a reação e suspirou. — Imagino que isso seja inesperado, mas quero começar pedindo desculpas pelo que minha filha fez com você e seu pai. Sei que não apaga o que aconteceu, mas ainda estou tentando ensinar Raimunda a ser uma pessoa melhor.
Não é fácil; mesmo adulta, ela parece não ter juízo. Clara então olhou para uma garçonete que atendia a uma das mesas próximas. Para a surpresa de Luí, era Raimunda, usando um uniforme simples e um olhar abatido.
— Depois de tudo o que aconteceu, decidi que não sustentaria mais os caprichos dela. A única coisa que fiz foi oferecer a Raimunda este emprego aqui. Ela protestou, claro; queria ser gerente.
Mas deixei bem claro que ela precisaria começar de baixo, como qualquer outra pessoa. Luí permaneceu em silêncio por alguns segundos, absorvendo as informações. Quando olhou para Raimunda novamente, percebeu que havia algo diferente nela; o brilho arrogante que antes era tão evidente em seu olhar parecia ter desaparecido.
— Eu entendo. Obrigada por compartilhar isso comigo — disse Luí, educadamente. — Sei que ela ainda tem muito a aprender, mas espero que este seja um começo.
Completou Clara, antes de conduzir até o palco, posicionado. Após um breve ajuste no som, ela começou sua apresentação. A melodia suave e sua voz encantadora logo preencheram o ambiente, capturando a atenção de todos os presentes.
Enquanto cantava, notou Raimunda no fundo do salão, parando ocasionalmente para ouvir. Havia algo em sua expressão que parecia arrependimento ou talvez resignação. Quando Luí terminou, foi aplaudida calorosamente.
Após a apresentação, Clara aproximou-se novamente, sorrindo. — Você foi maravilhosa, Luí! Sua voz é realmente especial.
Por favor, chame seu pai. Tudo o que vocês pedirem esta noite será por conta da casa. — Nossa, muito obrigada!
Vou ligar para ele agora mesmo — respondeu Luí, pegando o celular. Pouco tempo depois, Roberto chegou ao restaurante, usando uma camisa simples, mas impecável. Clara o cumprimentou calorosamente.
— Olá, Roberto! Parabéns pela filha que você tem; é um talento raro! E tenho certeza de que o futuro dela será brilhante.
— Obrigado, faço o que posso, mas todo o mérito é dela — respondeu ele, orgulhoso. Enquanto os dois conversavam, Clara chamou Raimunda e lhe deu instruções firmes. — Raimunda, quero que você sirva a mesa de Luí e do pai dela esta noite.
O rosto de Raimunda ficou pálido, mas ela não protestou. Com passos hesitantes, pegou um bloco de anotações e aproximou-se da mesa onde Luí e Roberto já estavam sentados. — Boa noite — começou Raimunda, com a voz trêmula.
— Eu. . .
eu queria aproveitar esta oportunidade para pedir perdão a vocês dois. Sei que o que fiz foi imperdoável; fui imatura, cruel, e só espero que algum dia possam me perdoar. Roberto olhou para ela por um momento, com o rosto neutro.
— Raimunda, o que você fez foi muito grave. Você prejudicou muita gente, inclusive minha filha, e o Lucas. Não posso dizer que foi fácil esquecer aquilo.
Raimunda abaixou a cabeça. — Eu entendo e pedi perdão ao Lucas também. Ele disse que aceitava, mas deixou claro que não quer mais ter contato comigo.
Eu aceito isso, porque sei que errei. Luí observava a cena em silêncio, mas sentia que as palavras de Raimunda eram sinceras. — Raimunda — disse Luí —, finalmente eu acredito no perdão.
Não sou ninguém para guardar rancor, mas como meu pai disse, você prejudicou muitas pessoas. Espero que suas ações a partir de agora mostrem que você mudou. — Eu espero mudar — respondeu Raimunda, emocionada.
— Mais uma vez me desculpem. Roberto acenou com a cabeça. — Está bem; agora vamos seguir com nossa noite.
Raimunda respirou fundo, agradeceu e começou a anotar os pedidos. Durante o restante da noite, ela serviu a mesa de Luí e Roberto com atenção e respeito, parecendo realmente disposta a cumprir sua tarefa. Enquanto isso, Luí e seu pai aproveitaram o jantar.
Roberto fez questão de elogiar mais uma vez a apresentação da filha. — Você estava incrível, minha menina! Cada dia fico mais orgulhoso de você!
— Obrigada, pai! Só estou onde estou por causa do seu apoio — respondeu Luí, sorrindo. Clara também passou pela mesa algumas vezes, garantindo que tudo estava perfeito.
— Espero que vocês estejam gostando. É um prazer ter vocês aqui hoje. — Está tudo maravilhoso, Clara!
Obrigado por nos receber tão bem — disse Roberto. Quando a noite chegou ao fim, Luí e Roberto levantaram-se para ir embora. Antes de sair, Luí olhou para Raimunda, que ainda estava trabalhando.
— Boa noite, Raimunda. Espero que consiga aprender com tudo isso. Raimunda assentiu com um "olá".
— Boa noite, Luí. Obrigada por me ouvir. Com um último aceno, Luí e Roberto deixaram o restaurante.
Enquanto caminhavam de volta para casa, Luí sentiu que algo havia mudado naquela noite, talvez não apenas para Raimunda, mas também para ela. Era um lembrete de que, mesmo diante das dificuldades, a vida sempre trazia novos capítulos.