A presença real de Jesus na Eucaristia

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Padre Paulo Ricardo
"Esta presença chama-se 'real', não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por anto...
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No Resposta Católica de hoje gostaríamos de falar da presença real de Jesus na Eucaristia. Trata-se de uma pergunta dos nossos alunos que quer saber o que quer dizer realmente "presença real", porque Jesus está presente em todos os lugares, não está? E essa presença Dele é irreal?
Ora, se Jesus está em todos os lugares e essa presença é real, o que quer dizer presença real na Eucaristia? Pois bem, a resposta nos dá o Papa Paulo VI, na sua encíclica Mysterium Fidei, de 1965. No número 41, o Papa Paulo VI diz o seguinte: "Esta presença chama-se real não por exclusão, como se as outras não fossem reais, mas por excelência, porque é substancial, quer dizer, por ela está presente de fato Cristo completo, Deus e homem".
E aqui uma nota de rodapé, que nos remete ao decreto sobre a Eucaristia do Concílio de Trento que explica a transubstanciação. Ou seja, Jesus está ali presente substancialmente. Não somente enquanto Deus, mas também enquanto homem, ressuscitado e glorioso, completo.
Existe ali uma presença diferente e essa presença a Igreja chama de substancial. Bom, para entender essa linguagem, que foi a linguagem escolhida pelo Concílio de Trento, nós precisaríamos entender um pouquinho de filosofia. E filosofia aristotélica, ou seja, a Igreja usa uma linguagem própria de um filósofo da antiguidade porque é a melhor linguagem para nós expressarmos esse mistério.
E o próprio Papa Paulo VI deixa muito claro na encíclica Mysterium Fidei que nós não podemos dispensar essa linguagem e dizer assim: "Ah, é uma linguagem do passado, nós vamos modificá-la por uma linguagem mais moderna". Ele diz: "Não, não estamos autorizados a mudar essa linguagem porque ela é a linguagem apta para transmitir para as pessoas aquilo que dizia São Boaventura e essa citação está na encíclica que Jesus está presente na Eucaristia da mesma forma que Ele está presente no céu, ou seja, não somente enquanto Deus, mas também presente enquanto homem glorificado. Essa é uma realidade que nós cremos e como é que essa linguagem de transubstanciação, de substância, pode anos ajudar a ver isso?
Bom, nós precisamos, então, entender qual é a diferença entre substância e acidente, ok? Bom, primeiro: o que é substância? Substância é a identidade da coisa e o que é acidente?
É a aparência da coisa, por quê? Porque tudo aquilo que você vê é sempre acidente. Nós não temos acesso à substância.
É importante você saber disso. Que não é somente na Eucaristia que nós não temos acesso à substância, em coisa nenhuma a gente tem acesso à substância. Tudo que você vê, tudo que aquilo que você ouve, tudo isso que você apalpa, tudo isso é, de alguma forma, acidente.
E substância é a identidade. Deixa eu dar um exemplo bem claro: eu tenho 45 anos, não é? Outro dia, eu levei algumas visitas na casa dos meus pais e lá veio minha mãe com uma caixa de fotografias antigas e mostrou, então, uma criança rechonchuda, barrigudinho, pequeninho e disse: "Esse é o Padre Paulo".
Você olha pra aquilo, vê aquela criança e não identifica, não vê em nada, nenhum traço de Padre Paulo, por quê? Porque tá tudo mudado. Os acidentes são completamente diferentes.
Não tá a careca que você está acostumado, não tá a batina que você tá acostumado, não tá a altura que você tá acostumado, não tá a magreza que você está acostumado a ver. . .
Não, você vê uma pequena criança de fralda, gordo, sorridente, ali e você, aspas, crê que é o Padre Paulo porque os acidentes são completamente diferentes, mas substancialmente continua o mesmo, a identidade é a mesma, não é? Ou seja, os acidentes mudaram ao longo da história, mas a substância é a mesma. Então, essa experiência nós temos no dia a dia e a única forma que a gente tem para explicar de um jeito satisfatório que eu, que um dia já fui um ser com uma única célula na tuba uterina da minha mãe, hoje, sou este homem de 45 anos.
É o mesmo ser humano, aquele ser unicelular e agora essa pessoa adulta está aqui. São a mesma substância. Os acidentes completamente diferentes, não se identifica, não se vê nada, mas é a mesma substância.
A substância, portanto, é uma realidade metafísica, é algo que a gente vê que está lá, mas vê com os olhos da inteligência e não com os olhos dos sentidos. Pois bem, e o que é uma substância? Acidente já entendemos, é tudo que a gente tem acesso por fora.
A substância é a identidade. Quando você muda a substância, você muda a identidade. Por exemplo, quando você pega uma matéria como é a grama, o capim, a vaca vai lá e come o capim.
Ora, depois aquela matéria é transformada pela vaca por aquela fábrica que é o tubo digestivo e então aquilo que antes era capim transforma-se, por exemplo, em leite. Você, então, toma um copo de leite em casa, você não come capim, mas você toma leite. Mas por que que você é capaz de tomar leite e não comer capim?
Porque a vaca transubstanciou o capim, ou seja, mudou a substância, agora não é mais capim, agora é leite. Então, houve uma mudança de substância, então nós estamos falando aqui de dois exemplos. Um exemplo em que há mudanças.
Uma mudança que não foi substancia: Padre Paulo no útero da mãe é o Padre Paulo hoje. Mudou bastante, mas a substância é a mesma. E uma mudança em que a substância houve alteração: o capim se transformou em leite.
Num caso a substância continuou, no outro caso a substância mudou. O capim para o leite é uma transubstanciação. Mas o que acontece quando acontece uma transubstanciação na vida normal?
A substância muda? A aparência também muda. Muda a substância?
Mas mudam também os acidentes, muda também a aparência. A aparência de capim não tem mais aparência de capim, agora tem aparência de leite. Então, quando a gente tem uma transubstanciação no mundo real, concreto, no nosso dia a dia, no mundo corriqueiro, ordinário na nossa vida, nós temos uma mudança de substância com uma consecutiva mudança de aparência.
Na Eucaristia acontece algo interessante: os acidentes não mudam. A aparência é de pão, o gosto é de pão, o peso é de pão, o formato é de pão, tudo é de pão. A substância não é de pão: é Jesus.
Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Jesus inteiro. Jesus completo.
Jesus Deus e Homem ali presente. É uma forma de nós entrarmos em comunhão não somente com a segunda pessoa da Santíssima Trindade na sua divindade, mas entrarmos em comunhão também com o homem, ou seja, com Deus que se fez homem. Pois bem, lá no pão, na hóstia consagrada, eu não posso mais dizer que aquela hóstia é pão, por quê?
Porque a substância de pão foi embora, ficou somente o acidente. Então é por isso que eu tenho ali uma presença real. A presença de Jesus agora, nesse momento, nesse estúdio que eu estou aqui gravando é real também, mas não tenho aqui a presença eucarística, não há um sacrário aqui no estúdio.
Então, já que não há presença eucarística, Jesus está aqui presente por outros títulos, por exemplo: Jesus está presente aqui "por imensidade", a presença de Deus por imensidade quer dizer Ele enquanto Deus, criador do céu e da terra está aqui presente, mas não está aqui presente enquanto homem. A sua humanidade não está aqui. A presença de imensidade de Deus é diferente.
No entanto, existe de alguma forma a presença da humanidade de Cristo aqui. Como? Em mim, por quê?
Porque eu sou membro do Seu Corpo pelo batismo. Então existe uma presença de Cristo em mim e eu Nele através do batismo, mas esta presença não é uma presença de transubstanciação. Eu, quando sou batizado, a substância de Padre Paulo Ricardo continua lá.
Então poderia dizer que no batismo, na ordenação, também porque Jesus está presente em mim enquanto sacerdote, cabeça da Igreja através da ordenação. Jesus também está presente em mim enquanto ungido através da crisma. São vários títulos diferentes dessa presença de Cristo.
Eu posso dizer que essas presenças de Cristo através dos outros sacramentos se dão por consubstanciação, ou seja, são duas substâncias que estão lá junto. Ora, isto não acontece na Eucaristia, por quê? Porque isso foi condenado como heresia, é a heresia da empanação.
A heresia da empanação consiste no seguinte, em achar que a substância de pão continua lá e que Jesus está consubstancial, igualmente presente lá no pão. Era essa ideia de Lutero. Lutero acreditava que Jesus está presente na Eucaristia, mas o pão também está presente.
Nós não. Nós cremos profundamente na ausência do pão, na presença de Cristo. Então, o que diferencia a fé católica daquilo que é a opinião dos luteranos está no fato de que nós cremos não somente na presença de Cristo, numa densidade e numa realidade muito maior do que aquela que a de Lutero, porque cremos aqui que Jesus está realmente presente enquanto Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Mas também cremos numa ausência, a ausência do pão. Coisa que Lutero não cria. Ele cria na presença do pão.
Já os calvinistas, que são - é interessante como a gente trata protestante como se fosse tudo a mesma coisa, mas não é a mesma coisa - os calvinistas, dos quais descendem a maior parte dos protestantes brasileiros, porque dos calvinistas que vieram os presbiterianos e assim por diante e aí veio, vieram os pentecostais e companhia limitada. . .
Muito bem, dos calvinistas existe algo de mais grave ainda porque eles nem creem aquilo que Lutero cria. Lutero achava que pela fé da comunidade, a fé da comunidade produzia uma presença de Cristo que, para Lutero, era bastante real, que estava lá consubstancial ao pão. Já Calvino não, Calvino acha que é simplesmente um símbolo, ou seja, é uma presença simbólica de Cristo.
Tudo isso é heresia protestante. Nós, católicos, não temos esta fé. E o Papa Paulo VI publicou essa encíclica Mysterium Fidei exatamente para esclarecer isso.
Por quê? Porque alguns teólogos católicos estavam começando a namorar uma linguagem que tinha sabor protestante e conduzia ao protestantismo. O Papa Paulo VI não chegou a chamar esses teólogos de protestantes.
Na encíclica, ele ainda acha que eles, de alguma forma são teólogos bem intencionados, no entanto, ele diz, "cuidado ao mudar a linguagem", se vocês param de falar de transubstanciação e começam a falar de transignificação, de transfinalização, vocês estão lidando com algo muito perigoso porque nós precisamos continuar a crer naquilo que é a fé da Igreja. Esses teólogos, especificamente foram dois teólogos holandeses, um jesuíta chamado Schoonenberg e um outro, dominicano, chamado Schillebeeckx. Esses dois teólogos estavam por trás do famoso "Catecismo Holandês", uma versão de teologia liberal do Catecismo católico e expressava a fé católica sem afirmar os dogmas católicos com suficiente clareza, deixando sempre um espaço para uma interpretação protestante daquilo que é a nossa fé.
Então, aqui nós vemos uma coisa interessante e, com isso, eu concluo essa resposta católica que é o seguinte: nós nem sempre somos obrigados a dizer a verdade, por exemplo, existem verdades que eu posso omitir por pudor. eu posso, não sou obrigado a dizer tudo que está no meu coração para você, porém, existem algumas verdades que nós somos moralmente obrigados a dizer: a verdade sobre a Eucaristia é uma delas. Quando nós falamos da Eucaristia, precisamos dizer tudo o que nós cremos.
Se você, por ecumenismo, para não ferir as sensibilidades protestantes diz somente aquela parte da verdade eucarística que seria aceita por um protestante, você está cometendo um pecado de omissão, porque está omitindo a verdade da sua fé que é um dever, um dever professar diante daqueles que lhe perguntarem.
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