Lacan: uma linguagem para o real | Christian Dunker

329.08k views6395 WordsCopy TextShare
Café Filosófico CPFL
O século XXI descobriu a importância da linguagem como condição e meio de produção de sujeitos, rela...
Video Transcript:
[Música] a reflexão é uma arma muito potente para reconstruir as nossas subjetividade tentar interpretar os fenômenos históricos sociais estão diante dos nossos olhos o codis que a função da filosofia e desejo humano argumento da cana para fred indivíduo em um sentido forte do inter não existam que você não pode fazer segundos a abac é uma teórica política na área de música para falar da pluralidade dos reis palma decidiu ingressar no mundo olímpico o que grandes pensadores deste de outros tempos podem nos ajudar a interpretar os impasses que vivemos no século 21 [Música] a linguagem permeia
toda a nossa existência pela linguagem nos definimos nos constituímos através dela se estabelecem relações de afeto de poder de desejo mas será que toda gramática de uma língua seria suficiente para traduzir a complexa realidade do mundo que vivemos e de nossos processos psíquicos esta inquietude esta tensão entre o que é real o que a linguagem tenta capturar do real é questão fundamental na obra do psicanalista jacques lacan a psicanálise que havia sido sistematizada no campo da medicina ganhou o olhar da linguística coloca e assim revolucionou esse método de investigação tratamento que acontece com a linguagem
o que acontece com nossos modos de expressão com os nossos de modos de representação que vem junto com a linguagem que eles parecem insuficientes para dar conta do real a experiência do real um certo entendimento de que o real a gente não anda hoje não sabe exatamente onde ele começa onde termina do que ele é feito isso caracteriza a nossa subjetividade que caracteriza os nossos laços sociais nossas expectativas de de amor e desejo a gente tem um exemplo de como de como a nossa relação com a linguagem ela está super tida há um tempo todo
por o processo de violação de expectativas então a gente quer dizer uma coisa acaba dizendo outro a gente comece uma frase mundo o pensamento no meio do caminho a gente queria dizer algo e outro entende algo completamente diferente e recai sobre isso uma certa expectativa é uma uma teoria geral de que se a gente conseguisse a usar a linguagem se apropriadamente com códigos bem feitos muito nós conflito seria apaziguados bom na cama vai começar a sua revolução a sua reinvenção da psicanálise mostrando que isso não é bem verdade que no fundo esse pequeno problema chamado
linguagem e eln e justifica e redesenha aquilo que o fred tinha descoberto com a noção de inconsciente a gente fala inconsciente normalmente a essa idéia de que seria uma espécie de baú de de lugar outro às vezes metafísico que nos domina e que que impõe coisas a nós uma grande virada na psicanálise começa com lacan quando ele disse olha o lugar do inconsciente ao lugar da linguagem não se aqui a gente está numa troca de linguagem em consciência está aqui não está num outro mundo ele é no fundo um conjunto de efeitos e linguagem a
relação que a gente tem com a linguagem está baseada no que enfim há pouco experimentando anos que é o equívoco que é a limitação dos nossos modos expressivos no decorrer de um discurso intencional em que o sujeito se apresenta como querendo dizer alguma coisa produz-se algo que ultrapassa seu querer que se manifesta com um acidente o paradoxo ou até um escândalo lacan se torna um crítico dos nossos processos de individualização desde a modernidade a gente se entende como como efeito e produto de processos que nos formam como indivíduos indivíduos que seriam autônomos que seriam capazes
de estabelecer contratos contratos que gerem as nossas trocas nossas trocas simbólicas as nossas trocas sociais de tal maneira que a gente se entende assim espontaneamente soberano e senhor da linguagem eu que escolho as palavras que eu quero dizer agora eu que decido qual é o sentido do que o que eu vou dizer então que faz uma crítica e se desse entendimento nós como indivíduos dizendo o seguinte você acha que domina a linguagem mas é a linguagem que domina você a linguagem tem regras a linguagem tem leis a linguagem que impõe uma série de coisas que
você nem percebe também quando chegamos a esse mundo entramos numa espécie de conversa que já está em curso e somos obrigados a falar a língua daqueles que nos cercam a gente se torna então sujeito a partir do outro a gente não se cria como indivíduos assim é que nasce da cabeça né de zeus indivíduo aquilo que não se dividir aquilo que nos confere uma unidade uma identidade essencial contra essa idéia na cama argumentar que nós somos divididos porque somos seres de linguagem somos divididos somos divididos pela nossa relação de fala e discuta pela nossa relação
de discurso pela nossa relação descrita por tudo aquilo que vem junto com a linguagem que a gente não percebe porque a nossa condição na linguagem é uma condição de alienação nós estamos alienados a linguagem vivemos como peixes dentro de um aquário é é que é não se dão com não nos damos conta de que existe uma coisa chamada água porque estamos tão envolvidos nisso que ela determina as nossas ações o que podemos fazer os limites da nossa liberdade os limites da nossa vida sem que ao mesmo tempo a gente perceba que está acontecendo a alienação
tem duas dois sentidos principais num uma urgente de exteriorização e um sentido de incapacidade de reconhecimentos é justamente aí que ele vai dizer que o inconsciente estrutura como uma linguagem porque o inconsciente aparece ali onde minha própria linguagem se mostra estranha ali o sonho ali num ato falho ali na naquela brincadeira né no xx ali onde há um certo descompasso o que aparece um estranho que me habita um estranho que em geral eu nego não era isso que eu queria dizer não era isso que eu intencionava da câmara dizer não nesse estranho falar uma verdade
nesse estranho a uma espécie de revelação esse estranho ele pede por ser escutados e se a gente não escuta esse estranho ele cobra a sua parte ele começa a falar não mais em sonhos em pequenos deslizes mas em sintomas em formas agudas de sofrimento em impasses que dominam e que limitam a nossa vida o primeiro nível de alienação esse no qual a gente não percebe que somos estranhos à nossa própria linguagem e que somos produtores desse mundo organizado há modo de linguagem no segundo tempo a a linguagem ela vai operar no interior daquilo que caracterizaria
para o lacan a essência do homem a essência do homem para o bacana é uma essência vazia é uma essência feita por uma falta uma essência que é dada pelo que nós não temos o nome disso que nós não temos e que ao mesmo tempo nos governa é desejo o desejo humano ele é indissociável da linguagem vai argumentar lacan porquê porque ele é não é o desejo de objetos o desejo humano argumento lacan é o desejo de possuir o desejo do outro e isso que nos torna absolutamente assim condenados a uma loucura incurável seja o
que eu quero não é possuir o outro não é possuir o trabalho do outro não é possuir os dotes que o outro tem eu quero é que o outro queira e que o outro quem é o que ele queira o que eu quero é o desejo do ser humano é o desejo do outro bom mas se o inconsciente está estruturado com uma linguagem cedo lacan começa a perceber que há um paciente e que diz respeito ao fato de que nem tudo do desejo cabe na linguagem mas nem tudo a nossa experiência cabe na linguagem nem
tudo no nosso desejo cabe na linguagem uma boa relação uma relação rica uma relação intensa uma relação desejante é uma relação onde há algo que ainda não foi de nós é que e que progride é construindo formas de amar e construindo forma de desejar e criando os sonhos comuns a partir disso que não cessa de não ser dito e que tem uma característica muito importante não sei se vocês repararam né tem que ver com a repetição você recebe um paciente é ele conta da sua vida e no dia bom tem o pai tem a mãe
tenha tia e daí na segunda sessão você diz 'bom agora vamos ouvir mais e ele diz tem o pai tem a mãe ea tia e deucides legal entende mas e o mundo e finda tudo o que já se passou com vocês e seus desejos seus sonhos então doutor o problema é que tenha mãe que o pai tenha tia você diz mas caramba o que acontece com esta pessoa que ela não consegue sair nessas peças de repetição com 50 a sua vida e repetição da qual o lance queixa às vezes por mais que eu faça isso
que eu faço aquilo que o estúdio que eu me dedique que eu me controlo que eu me dirigi eu faço sempre os mesmos erros bom essa capacidade assim repetitiva da linguagem é esse ponto em que um desejo não se inscreve todo na linguagem placa vai dar um nome para isso o real real justamente se oponham outs tenciona ou ou é crítica a noção mais intuitiva que a gente tem de realidade isso que está diante dos nossos olhos é isso que tem uma aparência de coerência harmonia unidade lacan se pergunta de um dia que nós tiramos
que a realidade é assim tão organizada lembra a realidade de perto visou encontrar são disparates pessoas sendo assassinadas outras sendo excluídas as suas morrendo no mediterrâneo distratos maus tratos contratos e assim por diante ou seja a realidade vista assim de perto ela tem uma estrutura traje que ela tem uma estrutura disparatada mas nós não a sentimos dessa forma nós sentimos com uma totalidade coerente nós produzimos uma realidade organizada e dotada de sentidos contra isso contra esta alienação da cama argumentar que seria preciso entender a gênese dessa alienação qual é a lógica que produz o mundo
que é uma realidade coesa à nossa frente ele vai dizer mais ou menos o seguinte subtrairmos algo da realidade nós tiramos algo da realidade e quando a gente tira algo quando a gente é escamoteável traz pra pra uma zona não perceptível uma zona destituída de sentido aí sim é que a realidade se torna coesa e homogêneo uma hipótese sobre o real uma hipótese que faz com que é na experiência do tratamento nossos pacientes mas também na experiência política mas também na experiência das artes mas também na experiência amorosa mas também na experiência contínua cotidiana das
trocas sociais muito o sofrimento muito impasse decorre do que do retorno do que a gente excluiu da volta daqui é daquilo que a gente subtraiu da realidade ou seja há um retorno desse fragmento excluído que produza algo que contraria essa idéia de que nós somos os senhores e autores do nosso destino é que produz essa idéia de que algo que só sobrenatural que nos impõe uma espécie de de falta de sentido que se repete que caracteriza cada uma das nossas vidas no próximo bloco a neurose esse estado que é que a gente adora vamos dizer
assim é ingressado e desconhecimento do desejo [Música] a psicanálise de sigmund freud propõe a cura pela fala a fala revela sintomas alivia e produtos novos sentidos mais tarde o haka questiona se um vocabulário cheio de sentidos já pré determinados conseguiria exprimir a originalidade do nosso desejo a fala não serviria mais para ocultar o que pra revelar a nossa verdade que é num movimento surrealista de salvador dalí de andré breton que a psicanálise de lacan encontra é um movimento interessado em romper com os sentidos prontos para buscar a livre expressão do inconsciente onírico e do absurdo
pela cama uma das tarefas clínicas mais importantes e levar o paciente a se encontrar com a verdade do seu desejo e vai introduzir na psicanálise esse conceito ele vai dizer a psicanálise é uma experiência de linguagem a psicanálise é uma experiência que cura por uma relação de linguagem é uma experiência que a gente vai progressivamente se aproximando sendo convidado a dizer do que é feita a verdade do nosso desejo ea verdade não só a verdade não é o real a verdade é algo que tem que ver com a linguagem diz lado aristóteles dizer do que
é que é e do que não é que não é é verdade dizer do que é que não é e do que não é que é a falsidade quando entramos no universo da linguagem nós entramos também no universo da mentira a possibilidade de mentir a possibilidade de enganar o outro e de se enganar e de se enganar com relação ao seu próprio desejo e de enganar o outro em relação ao ao nosso próprio desejo eu que nos constitui enquanto seres divididos e eu que coloco uma tarefa ética para cada um de nós uma tarefa de
reconstituir a verdade do nosso desejo pergunta-se sobre os grandes momentos da vida e vocês vão ver que são momentos em que a gente tem que saber alguma coisa sobre a verdade do que queremos isso é tão difícil porque porque o nosso mundo ela está caracterizado por por máquinas por discursos que se apropriam do nosso desejo é desde desde a nossa família desde a nossas primeiras relações nos diz olha o que você quer é isso o que você quer é aquilo o que se espera de você aquilo outro ou seja os nossos ideais que são internalizados
a nossa relação com a lei nossos a nossas aspirações narcísicos quem queremos ser no fundo tudo isso coloca uma tarefa que nos exaure uma tarefa que parece assim é exequível que é responder essa pergunta tão simples tão cotidiana que é o que é que queremos qual é a raiz do nosso desejo é que vai dizer não confundir o desejo a vontade não confundir o desejo com metas com objetivos com planos que aliás são coisas que nós pomos a nossa vida freqüentemente para esquecer do nosso desejo é essa a atitude quer dizer exprime descreve o que
alfred chamou de neurose a neurose esse estado que é que a gente adora vamos dizer assim é ingressar de desconhecimento do desejo de esquecimento do desejo e argumento lacan isso vai vir junto com um certo modo de relação com a linguagem esquecer do que queremos é também se entregar a modos pré fábio fabricados de dizer porquê porque há um mundo onde as gramáticas denunciação os jeitos de encontrar o que se quer já estão todos produzidos já estão todos feitos disponíveis no mercado só que aí ela não é mais o seu jeito delas já a ela
ela vai se relacionar com conosco uma relação de na autenticidade de impostura desde falso estranhamento ou voltando para a linguagem de falação de vamos jogar conversa fora e jogar conversa fora juntos tudo bem é ótimo a gente entende que são uma espécie de pretexto para estar juntos no entanto é é uma palavra que não nos transforma é uma palavra que o que nos ocupa para fazer com que esqueçamos de nosso desejo o que acontece quando quando nos aprofundamos demasiadamente nessa relação o real volta cutucando aquela pessoa o real volta dizendo nos sintomas daquela pessoa que
existe algo que precisa ser dito que pede por ser dito qual é a intuição sensível que a gente pode ter no real a cama muito incisivo nesse ponto há o traço primeiro do real é a angústia angústia em todas as suas modalidades né a ansiedade embaraço emoção tem são as estréias chamem como vocês quiserem a realidade é composta a partir da subtração de alguma coisa da subtração nesse caso nesse exemplo da angústia lacan estudou geologia e começa então a estudar a produção dos pacientes internados e começa a perceber que há a separação entre um sintoma
delirante e a linguagem é uma separação muito tênue no fundo são sintomas e linguagem quando escreve uma tese justamente sobre uma paciente uma paciente que se sente muito perseguida e que ela tem um delírio e ele ela faz um estudo muito longo defende a sua tese e o que acontece aquilo que acontece quando a gente defende uma tese nada quem lê um choque quando isso acontece com ele e e e ninguém comenta todo mundo achava estranha essa história de psicanálise e tal a não ser que ele ficou muito espantado com isso uma única resenha feita
da tese de li num jornal chamado minotauro que o jornal dos surrealistas e quem é que fez a resenha salvador dalí placar vai visitar ele no hotel e ela está como mas para draco no nariz e da boca fica pensando ele fosse para dar pra ele e pra que eu comento que está com esparadrapos a isso portanto não vou fazer isso meu deus tenho uma conversação surrealista onde o objeto central da conversa assim não é mencionado o d'ale diz que que a tese dele é é uma espécie de confirmação sic a trica das idéias surrealistas
e começa a freqüentar os surrealistas e começa a acompanhar prevê lo a um retorno dali disso lá cantuta uma lição muito importante dessa experiência com os surrealistas está acontecendo aqui algo que é muito parecido com o que a gente quer e e que a gente faz na psicanálise que é uma espécie era assim que os socialistas definiu o movimento deles uma espécie de disciplina da linguagem de relação ética com a linguagem uma relação em que você pode radicalmente dizer o que quer e ouvir o que não quer quem é que está disposto a essa aventura
surrealista está a linguagem foi concedida ao homem para fazer dela o uso realize na medida em que ele é indispensável fazer se compreender ele consegue bem ou mal espreme si e assim assegurar o desempenho de algumas funções nas mais banais mas ele não deve se recusar a falar ou escrever de improviso sobre nada ouvir se ler se não tem outro efeito senão de suspender o cu não conta para mim compreender chega sempre me compreender e não só essa linguagem sem reservas que procura tornar sempre válida que me parece adaptar se a todas as circunstâncias da
vida não só essa linguagem não me desfalca nenhum dos meus recursos mas ainda e confere uma extraordinária lucidez justo no domínio onde eu menos esperava dela é muito interessante porque eles não dissociam a estética da política da ética o surrealismo não é só um movimento artístico é uma forma de vida será que a psicanálise não tem uma afinidade com isso e se tiver o que caracteriza o surreal à procura do surreal o surrealismo método o salvador dalí definir ao seu pensamento com o método paranóico crítico é a única diferença entre um paranóico leão diz o
salvador dalí é que eu sei que eu sou um paranóico o segredo é os outros moradores não sabem disso mas é usa então essa essa lógica da suspeita a suspeita vaga de que que a realidade não é realizado e que aquilo que estou vendo é tudo aquilo que eu digo sobre a realidade ádua verdade que eu consiga anunciar sobre ela é parcial problemática ou assine provisória método surrealista baseado numa espécie de duplicação da realidade dizer porque nós estamos sendo enganados não sei se vocês perceberam quando eu falei ah o que é a realidade eu sempre
destaquei que a realidade era uma coisa una ela aparece pra gente como uma como uma unidade o sul é surrealista vão dizer assim é aí que está o engano é aí que essa escolha e as coisas por isso se a gente quer ter acesso ao real a gente tem que duplicar realidade é a realidade um ea realidade 2 e quando a gente tem essa duplicação de poderia ficar assim procurando saber qual é a realidade verdadeira esta com aquela a da vida de vigília ou do sonho do trabalho ou do prazer da família ou dos amigos
qual é a realidade verdadeira e voltamos a idéia da cana que somos um sujeito dividido qual então é o real está presente a partir que se cria a partir desse dualismo o entre o que está entre uma coisa e outra o iac aquilo que é produzido pela divisão aquilo que é produzido pela dualização da realidade isso é levar lacan uma ideia muito muito forte muito clinicamente importante e que o real ele tem que ver então primeiro com angústia segundo com o ato o ato de reconhecimento do desejo o ato que faz com que a nossa
experiência ela possa de novo reconstituir de novo dá uma unidade mas vai ser uma unidade assim muito precária no tempo vai ser uma unidade que vai durar o tempo da criados durante aquele tempo a uma espécie de recuperação do experiente é um programa de recomposição da verdade do desejo uma resposta melhor afinal o que queremos mas também um programa de de contato de consequência que a gente pode dar para o real o real não precisa ser só uma coisa que nos submete nós podemos agir com o real isso acontece nessa nessa experiência ainda que que
efêmera do ato então a estrutura do real eu só que interessante é a estrutura do ato poético que o placar vai pegar e levar pra a psicanálise vai dizer assim como é que a psicanálise toca o réu a porque ela produz algo similar ao atlético no próximo bloco verdade real estão descompasso na verdade real estão uma espécie de antagonismo de detenção e é preciso respeitar esse antagonismo é preciso respeitar essa contradição [Música] digo sempre a verdade não toda porque dizer a toda não se consegue diz ela toda é impossível materialmente faltam as palavras justamente por
esse impossível que a verdade provém do real ela khan o real é sinônimo de impossível impossível de ser capturado compreendido e traduzido e por isso algumas atividades humanas que desempenhamos são também impossível segundo a teoria lacaniana viver a lidar constantemente com impossibilidades fundamentais a segunda figura fundamental dessa dessa conversa entre entre a linguagem eo real vai aparecer na teoria que o lacan traz pra gente do laço social as trocas sociais ele desenvolveu uma ideia muito contra intuitiva é é uma ideia que vai argumentar o seguinte e se arrasta o mesmo do da nossa da nossa
das nossas ligações fosse realizar uma espécie de pacto de é combinado para nos afastarmos do real para contornarmos real ou seja vamos juntar porque daí o real fica de fora é o que ela chama então de teoria do discurso como laço social né e olha todo laço social ela está organizado não é em torno de um impossível ela só extremamente esse encontro intuitivo a gente pensa que a gente então escolhe os nossos parceiros nossos amigos porque eles são assim mais ou menos parecidos com a gente vai ver isso é muito precário e muito limitado na
verdade os nossos laços eles são laços em torno de impossibilidades fundamentais em possibilidades e aí a gente chega não terceiro nome para o real né o real deslocam é o impossível o impossível de nomear o impossível de representar o impossível de incluir na nossa troca ele vai tomar isso do floyd no texto famoso texto mal estar na civilização onde o frade de seguinte existem algumas atividades humanas que se caracterizam pela sua impossibilidade por exemplo governar é que você tem x meios x recursos e você tem os interesses das pessoas que são os mais diversos por
mais que você se dedique você está diante de uma tarefa que é impossível problema é o que acontece quando a gente nega o impossível o que acontece quando a gente propõe a nós mesmos uma vida sem contar com o real aí o real se vinha por exemplo a gente pode dizer a a vida é tão caótica é tão complicada tem tanta gente no mundo que eu bem poderia construir assim um mundo à parte sobre um mundo com gente assim gente como eu porque aí não vai dar problema constrói um muro faz um condomínio apoia-la todas
aquelas que são iguais é daí você produzir olha só tem a realidade você produzir uma subtração na realidade ele é você acha que desta forma vai ser assim muito fácil governar experimentem ser síndico de um condomínio exponenciais em sentir a ferocidade nem que aparece no humano quando você propõe pra ele é uma vida onde não vai ter o real a segunda tarefa impossível educar vem uma criancinha linda você diz agora eu já aprendi tudo que fizeram de errado comigo eu já tenho uma lição perfeita agora eu vou fazer um certo e quanto mais dinheiro mais
louco isso porque o cara começa a achar que é mesmo capaz de fazer um massa plástica que é a criança que é que vai ser educado né a criança normal a criança que não vai sofrer a criança que não tem conflitos onde estudar estudar no pior não era infelicidade que faz parte da nossa existência trágica eu sou da em uma espécie de a mais e sofrimentos e uma canja chama de a mais de gozar não basta ter trocas e experimentará bom certo tipo muito peculiar de satisfação eu quero mais e eu quero tão mais quanto
mais é um mega o que existe uma coisa que está no fulcro que está no centro da educação que é impossível fazê lo e daí ela vai dizer assim olha aquilo que o frei descreveu como histeria na verdade é um tipo de laço social um laço social baseado na insatisfação permanente na no trabalho permanente de fazer o outro desejar é possível isso fazer o outro desejar copse quem deseja o outro mesmo que ela deseja a partir do nosso desejo o resultado é outra né a atividade impossível a essas três mais uma quarta muito importante a
posição do lacan ele vai dizer se que analisar é uma profissão impossível também e não se esqueçam disso porque senão vocês começam a produzir um super paciente é que vai ficar super mega curado que vai ficar tão logo quanto você quer de idéia porque é esquecer que o laço social que as nossas trocas estão organizados a partir de uma coisa que fica assim meio de fora é a partir disso que ele vai desenvolver uma teoria muito interessante sobre o que é o amor seja já que o nosso laço ele é tão atravessado por fracassos estruturais
isso explica porque se torna tão importante para nós uma espécie de consolo um uma espécie de de contentamento que vem a partir do momento em que conhecemos nossas fraquezas quando a gente ama o que acontece joelhos por isso que a gente defende tanto a gente eu passo que a depender bom na cama dizer sim um amor ele ele é uma aspiração de unidade veja só o amor ele tenta justamente fazer uma realidade uma bolha uma uma dupla onde nada mais falso de mais esta ilusão ela vai tão mais longe quanto mais ela seguir essa idéia
de que a maré dar o que você não tem um ao outro que não quer ou seja a mais um ato mas é um ato onde a gente dá isto incrível que a gente não tem isso só pode ser feito por meio dessa coisa chamada linguagem por isso a mar tem que ver com dizer mas não ela sabe que eu a amo eu restos eu nunca digo ela ela sabe não tem que dizer tem que dizer com todas as letras e tem que dizer com as suas letras tarefa uma tarefa que envolve dá aquilo que
você não tem a sua falta o seu vazio aquilo que você mesmo não consegue nomear e ao dar a outros é que não pediu talvez se volte alguma intuição sobre o que é feito e se esse objeto a última e mais a polêmica talvez versão de si é combate entre a linguagem o real vai aparecer uma formulação que que divide muitos psicanalistas uma formação muito difícil o final da obra do a cam onde ele vai abordar a sexualidade ele vai dizer assim se a análise toma linguagem com o ponto de partida radicalmente não é porque
eu estou vendo um corpo anatomicamente dotado disto e daquilo que estou diante de uma mulher ou que esteja havendo um corpo com aquela compleição e esteja diante de um homem a homem e mulher são também posições lugares de linguagem então eu posso ter um semblante homem mas o meu discurso é de mulher isso aumenta o que já estava assim meio complicados nem do outro lado a lado da mulher ele vai fazer uma das suas afirmações mais controversas ele vai dizer à mulher não existe a mulher a mulher como conjunto de todas elas como traço comum
que caracteriza a todas elas este objeto conceitual este grupo ea mulher isto não existe veja se é ou não isso não se aplica o outro lado o homem existe o homem é um ser que bom justamente a gente define por uma relação ao desejo relação à lei uma relação ao universo das trocas até então mas se a mulher não existe o que a gente tem porque eu estou vendo algumas né o que a gente tem é uma mulher e outra mulher e outra mulher e assim por diante de tal maneira que a gente não consegue
pegar os dois universos e juntá los numa única realidade não só a mulher então não existe como segundo anunciado polêmico da cam a relação sexual não existe cada qual está vamos assim uma relação com a sua fantasia e brigando com o outro porque o outro não veste a roupa que ela tinha feito sob medida pra ele na sua fantasia e tenta vencer e fica uma parte de fora essa parte sim tá apertando aqui a outra parece que não devia isso produz boa parte da comédia humana quando se trata da relação os sexos entre os gêneros
entre os modos e inscrição na nossa satisfação com a sexualidade no próximo bloco o que nós precisamos é uma universalidade sem transcendência e uma universalidade que contenha no seu interior uma fratura que ela seja uma não unidade [Música] além do divã a obra de jacques lacan nos ajuda a entender os problemas da sociedade de hoje por exemplo como se dão as relações nesse tempo de redes sociais nessa dimensão da virtualidade em que cada vez mais mergulhamos no momento em que o debate político é feito sobretudo a partir de ataques de violentas oposições lacan traz conhecimento
psicanalítico sobre a origem da autoridade do poder sobre essa constante hostilidade a gente vai começar a pergunta a camila que diz assim o que querem dizer os que despejam frases feitas na internet a respeito de assuntos que até pouco tempo não estavam acostumados ao debate como política o que querem dizer os que manifestam o desejo de exclusão violência e extermínio nessa nova linguagem das caixas de comentários nas redes dos sites à primeira vista é uma nova linguagem que está aí pra que a gente possa se entender mais para que a gente possa saber mais compartilhar
mais experiências para que a gente possa enfim nos tornar uma comunidade de destino mais unida o que que não obstante a gente viu quando começam a a participar desse universo pessoas que até então estavam muitas pessoas estavam excluídas pessoas que tavam fala do debate cuja opinião às vezes era opinião política era manifesta cada quatro anos de uma maneira vamos dizer assim muito opaca em relação a como funciona o nosso universo político por exemplo então a gente tenha um primeiro um primeiro problema que é o real com um ato com o ato de linguagem como ato
de entrar numa conversa de participar de um ambiente que ele é sentido como hostil trazendo me colocando em contato com uma das prejudicadas do real que é a diferença o outro esse aqui de quem o meu desejo depende ele é sumamente um diferente do que acontece com a linguagem virtual com acesso à linguagem virtual é que eu sou exposto nível de diferença que eu não eu não consigo tratar que eu não consiga elaborar que não consigo me situar nesse universo então aí a gente pode entender um conjunto de efeitos surpreendentes de violência de segregação de
ataque o outro que é um ataque vamos dizer assim a fantasia que que a gente faz do outro mas o ataque ele mesmo não é uma fantasia porque as palavras machucam porque a segregação tem efeitos no real o professor a próxima pergunta veio do josé alves que é o curador do módulo e a pergunta é se as relações horizontalizadas não podem ser concretizadas quais os limites desse discurso diante da nova demanda de representatividade no século 21 esse é um dos traços do nosso contemporâneo a gente vinha de uma sociedade organizada por um princípio de autoridade
que era o que vertical o pai e os filhos o chefe e os empregados e o nosso processo de socialização tava profundamente orientado para criar em cada um de nós se torne se um indivíduo o que significava isso aprenda a obedecer aprenda a se adaptar aprenda interioriza as regras e as leis que vão te colocar no interior de instituições que têm por sua vez uma estrutura vertical o que o céu está colocando é que isso aparentemente está sujeito a uma transformação os nossos laços eles a reconhecem cada vez menos princípios verticais de autoridade e lá
para a psicanálise é inaugurada pelo fred esse princípio organizador de nossas identifica ações verticais é o pai onde vamos assim cada um de nós aprendi a ser mulher um homem aprende a ser o que obedece o que manda bom ou aquele que tem uma relação vertical com o outro faz parte dessa verticalidade uma confiança num princípio chamado princípio da representação então o poder ele passa de um para o outro porque eu de lego ele pro outro e no final estarão lá em brasília porque porque eles nos representam tem algo errado com isso e tem algo
errado a gente poderia traduzir o que é um problema assim que tem um ruído de linguagem porque eu disse uma coisa na boca do caixa da eleição e está acontecendo outra lá né será um salto a 1 e até a alma não correspondência entre uma coisa e outra ou seja nós desejamos uma gramática que cada vez mais horizontal ou para alguns fraterno onde os nossos laços e elas tendem a ser baseados na criação baseados no compartilhamento baseados na produção de intimidades baseados em um outro tipo um outro modelo de liberdade lacan tem muito a dizer
sobre isso o termo em que o que a gente precisa para esse novo - relações de solidariedade de onde vai vir a solidariedade no fato de que a gente tem irmãos ea gente ama nossas mãos amo nossos irmãos ama assim só que pra isso lá quem inventou uma expressão que é amor ódio você ama e odeia e odeia ama a fraternidade não é um excelente princípio para imaginar isso o que a gente precisaria então o que nós precisamos é uma universalidade sem transcendência e uma universalidade que contenha no seu interior uma fratura que ela seja
uma não unidade e é exatamente isso que é bacana school e apresenta e defende na sua teoria da selecção tem que ver com a suposição homens e mulheres fazem um é lá que vai olhar o mito de andrógeno não é inscrito pelo platão em que me originalmente tínhamos quatro braços e quatro pernas e zeus se irrita com a orgulhar desse ser e manda um raio e daí esse raio divide os dois sexos que ficam no resto da vida a idéia de destino tentando fazer um de novo conforme o mito antigamente todos tinham uma cabeça duas
faces quatro braços quatro pernas e assim por diante os homens eram fortes e ambiciosos o que acabou despertando neles a vontade de tomar conta do link pra punir sua arrogância seus ordenou que fossem cortados ao meio depois de cortado cada indivíduo forma o seu gênero vive unicamente em busca daquele outro ser ir a restituir sua integralidade o desejo sexual e o anseio de convivência são expressões da incompletude original de uma natureza humana e que um dia já foi completa e feliz em ver e este mito é um mito assim interessante mas é ele é não
é um mito assimilável a psicanálise porque tudo o que o fred tudo que a nossa experiência concreta tudo o que a gente aprende escutando nossos pacientes nas suas relações e linguagem é tudo o que que a gente pode confirmar a partir disso ele que os dois sexos não são proporcionais e nem simétricos que a relação de cada um deles com o seu gozo é uma relação não comensurável seja não é positivo e negativo indy e ano entre homens e mulheres não se dá um mas não obstante existe universal então como como chamar esse nível tal
é universal fraturado universal dividido e que pode servir sim pra gente pensar nossas relações de forma mais horizontal - tendente a obediência e mais autorizadas no princípio de levar adiante a verdade do desejo de cada um mais reflexões no site facebook do instituto cpfl e no canal do café filosófico no youtube há a dificuldade de falar em primeira pessoa a dificuldade de dizer para o outro gosto de você me interesso por você quero tiver quero estar com você é algo que destrói vidas porque para muitos isso é impossível [Música] joel
Related Videos
Café Filosófico | Economia dos afetos e o fetiche neoliberal do desejo | 29/09/2024
49:29
Café Filosófico | Economia dos afetos e o ...
Café Filosófico CPFL
6,370 views
Freud: a sociopatologia da vida cotidiana | Renato Mezan
50:24
Freud: a sociopatologia da vida cotidiana ...
Café Filosófico CPFL
219,144 views
Christian Dunker: a família que vive e sobrevive - O Estranho Familiar com Vera Iaconelli | Ep.03
59:18
Christian Dunker: a família que vive e sob...
Casa do Saber
14,695 views
Lacan: uma linguagem para o real com Christian Dunker, psicanalista
1:39:08
Lacan: uma linguagem para o real com Chris...
instituto cpfl
76,609 views
A Transferência na Psicose
13:27
A Transferência na Psicose
Psicanálise no YouTube
3,423 views
Por que os AFETOS vêm antes das emoções?  | Christian Dunker | Falando nIsso
43:50
Por que os AFETOS vêm antes das emoções? ...
Christian Dunker
28,781 views
Afeto, psicanálise e política | Maria Rita Kehl e Vladimir Safatle
48:32
Afeto, psicanálise e política | Maria Rita...
Café Filosófico CPFL
93,016 views
Narcisismo, Édipo e o estádio do espelho | Christian Dunker | Falando nIsso 256
29:57
Narcisismo, Édipo e o estádio do espelho |...
Christian Dunker
146,543 views
Moda e Psicanálise | Christian Dunker | Falando nIsso
28:03
Moda e Psicanálise | Christian Dunker | Fa...
Christian Dunker
15,504 views
AFETOS, DESEJOS E ANGÚSTIA - Aulas com Christian Dunker
53:28
AFETOS, DESEJOS E ANGÚSTIA - Aulas com Chr...
Casa do Saber
27,851 views
Afeto, emoção e sentimento na psicanálise | Christian Dunker | Falando nIsso 146
17:41
Afeto, emoção e sentimento na psicanálise ...
Christian Dunker
356,988 views
TEORIA DOS DISCURSOS DE LACAN: EXPLICAÇÃO DIDÁTICA E COM EXEMPLOS | Dr. Lucas Nápoli
26:04
TEORIA DOS DISCURSOS DE LACAN: EXPLICAÇÃO ...
Psicanálise em Humanês - Lucas Nápoli
18,153 views
POR QUE LACAN? | CHRISTIAN DUNKER
7:18
POR QUE LACAN? | CHRISTIAN DUNKER
Casa do Saber
270,690 views
Um encontro com Lacan
52:55
Um encontro com Lacan
psicanaliselacaniana
379,678 views
15 sinais de que você está numa SEITA | Christian Dunker | Falando nIsso
37:05
15 sinais de que você está numa SEITA | Ch...
Christian Dunker
24,468 views
Vladimir Safatle: A lógica do condomínio | HD | Café Filosófico
1:44:21
Vladimir Safatle: A lógica do condomínio |...
TV Boitempo
82,423 views
Como ler Lacan? | Christian Dunker | Falando nIsso
43:19
Como ler Lacan? | Christian Dunker | Falan...
Christian Dunker
37,956 views
Curso Real, Simbólico e Imaginário no ensino de Jacques Lacan | Michele Roman Faria
1:18:48
Curso Real, Simbólico e Imaginário no ensi...
Michele Roman Faria
36,669 views
Aceleração e depressão | Maria Rita Kehl
47:27
Aceleração e depressão | Maria Rita Kehl
Café Filosófico CPFL
201,373 views
COMO APRENDER A ESCUTAR O OUTRO? | CHRISTIAN DUNKER
7:41
COMO APRENDER A ESCUTAR O OUTRO? | CHRISTI...
Casa do Saber
815,524 views
Copyright © 2024. Made with ♥ in London by YTScribe.com