Olá, minha gente! É mais uma vez que venho aqui para dar algumas respostas às provocações que recentemente temos recebido como católico do Pastor Nicodemos. Eu queria dizer inicialmente o seguinte: eu não estou fazendo nenhum ataque, estou apenas tentando defender-me de ataques que me parecem, inclusive, assim, um pouco anacrônicos, porque a gente via isso entre pastores na década de 80.
Mas, hoje em dia, todo mundo estuda e já sabe que as coisas não são assim. Mas é interessante responder, porque assim conseguimos entender um pouco melhor a mente anticatólica que está sendo fomentada por esse tipo de discurso. Aqui, esse vídeo que nós vamos agora de alguma maneira assistir e ao qual eu pretendo dar algumas respostas é antigo; já tem 2 anos que foi gravado, porém explica muita coisa e voltou a circular um pouco mais recentemente, então merece um pouquinho a nossa atenção.
Vamos lá! O tema é a conversão de evangélicos ao catolicismo, algo que tem ganhado atenção recentemente no meio da mídia evangélica em todo o mundo. Eu gostaria de trazer alguns pontos a respeito desse assunto, que tem preocupado várias pessoas.
Então, começa aqui. Ele vai falar sobre esse fenômeno da conversão de protestantes ao catolicismo e vai falar que esse fenômeno tem preocupado muitas pessoas. Ele disse aqui, né?
Por que é importante esse introito do Pastor Nicodemos? Porque isso explica um pouco, digamos assim, a angústia dele, essa necessidade que ele tem agora, nos últimos tempos, de entrar na onda de um anticatolicismo beligerante, truculento, incapaz de fazer um esforço para compreender o nosso modo de pensar. Ou seja, a preocupação de fundo aqui é o fenômeno de que há evangélicos protestantes se tornando católicos.
Primeiro, quando falamos de conversão de evangélicos ao catolicismo, não estamos usando a palavra "conversão" no sentido bíblico de novo nascimento, de transformação interior de vida, mas simplesmente uma adesão formal à Igreja Católica Romana de alguém que antes formalmente estava ligado a uma igreja evangélica. Então, quando falamos em conversão, é que essa pessoa que se declarava evangélica antes agora passa a se identificar como católico romano. Esse é um fenômeno que tem acontecido aqui no Brasil e não somente aqui, mas em outros países também.
Então, ele começa fazendo uma distinção sobre a palavra "conversão", dizendo que ele não está utilizando a palavra "conversão" no sentido bíblico, dando a entender que, na verdade, se tornar católico não é se converter. No fundo, é converter, né? Na perspectiva dele é isso.
E é uma pena que ele encare as coisas desse modo. A primeira coisa que eu quero esclarecer é que isso aqui não é uma coisa que está acontecendo somente entre presbiterianos, como às vezes a gente descobre nas redes sociais essa informação, né? Como se os presbiterianos estivessem se tornando católicos.
Mas isso aí não é verdade! Apenas para citar um exemplo mais conhecido, no ano passado, o conhecido teólogo batista e pastor Peter Cuft abandonou a Igreja Batista para se tornar membro da Igreja Católica. E aqui mesmo, no nosso Brasil, no ano passado, causou muita repercussão o fato de um pastor da Assembleia de Deus ter se tornado católico também.
Então, não é exatamente correto, justo, eu diria até honesto, dizer que são os presbiterianos que estão se tornando católicos, porque as estatísticas estão aí e os exemplos estão aí para que as pessoas vejam. Olha, a primeira coisa que ele tenta, digamos assim, é exentar a Igreja Presbiteriana da qual ele faz parte, né? Mas a verdade mesmo é que, a despeito do que ele diz aqui, eu conheço diversos presbiterianos que, estudando mais profundamente o calvinismo professado pela igreja presbiteriana, percebem as incongruências tanto filosóficas quanto teológicas desse pensamento.
Quer dizer, quando você mergulha no calvinismo, descobre uma imagem de Deus um tanto complicada. Um Deus totalmente soberano, ele é soberano, sem dúvida nenhuma. O problema é que, digamos assim, a prerrogativa ou o atributo, melhor dizendo, da soberania não pode ser de tal modo priorizado que se torne, por assim dizer, o prevalente.
São Tomás fala disso em diversas passagens dos seus escritos. Me lembro agora, quando ele fala sobre a predestinação ou quando fala sobre a divina vontade. São Tomás diz que pretender que a bondade de Deus seja priorizada em função da sua sabedoria é algo blasfemo.
Por quê? Porque é claro: Deus é bom na mesma medida em que é sábio, e ele é onipotente na mesma medida em que é onisciente, que é onipresente, que é misericordioso. Então, isso realmente tem acontecido.
Muitos presbiterianos, por exemplo, leem as Institutas de Calvino e veem toda aquela redação pesada, muitas vezes carregada de raiva mesmo pela Igreja Católica etc. , e eles estão em crise. Isso tem acontecido, né?
É um demérito da Igreja Presbiteriana? Não, não creio que seja, mas a gente tem que olhar o fenômeno, entendê-lo, né? E tentar encontrar a melhor explicação para ele.
Mas é verdade: não são só presbiterianos que se tornaram católicos; tem acontecido também entre batistas, entre pentecostais. Mas o movimento que tem acontecido é mais ou menos assim: muitos pentecostais se tornam reformados e, começando a estudar os pais da Igreja, a doutrina cristã etc. , se deparam com a doutrina católica e se convertem ao catolicismo, né?
E é mais ou menos isso que aconteceu no chamado movimento de Oxford, no século XIX, em que vários membros da Igreja Anglicana, estudando melhor, perceberam a veracidade do catolicismo e se tornaram católicos. É mais ou menos isso que tem acontecido. Né, então?
Eh, até que ponto isso tudo pode, digamos assim, se confundir? Por exemplo, quanto à relação com uma igreja específica, eu acho que não; acho que é um fenômeno que transcende uma denominação, né? Mas que também tem acontecido no contexto dessa denominação, e me parece uma coisa perfeitamente normal.
Também é importante a gente lembrar que não é tanto quanto se pensa. O que acontece é que o catolicismo vem caindo em números a cada censo religioso que se faz aqui no Brasil, e os evangélicos vão galgando posições. Então, como parte do contra-ataque, aqui existe uma milícia digital.
Quando eu falo "milícia", é no sentido que existe uma organização digital de católicos bem atuantes nas redes sociais, que pegam, por exemplo, a conversão de um evangélico ao catolicismo e fazem o maior carnaval, publicam vídeo, destacam na internet, fazem festa, postam em tudo quanto é lugar possível. Enquanto nós, protestantes, recebemos muitos católicos na nossa igreja e a gente não fica fazendo esse tipo de divulgação, então parece que o número de conversões ao catolicismo é maior do que é na realidade. O catolicismo continua minguando no Brasil; a quantidade de católicos se convertendo ao evangelicalismo ainda é muito grande, e, portanto, a gente deve ficar atento a esse tipo de propaganda.
Bom, então ele toma outro fato, porque, de fato, é real isso que ele está dizendo, né? O número de evangélicos tem crescido exponencialmente no Brasil. Porém, essa não é uma questão apenas numérica; não é possível reduzir esse fenômeno a um fato numérico.
Explico por quê. Por exemplo, ele atribui certa celebre de conversões protestantes ao catolicismo à militância, né? Ele utiliza a palavra "milícia" digital dos católicos.
É verdade que, graças a Deus, os católicos são muito ativos no ambiente virtual. Os evangélicos também, no sentido que, às vezes, os evangélicos têm até mais recursos e são muito mais modernos no modo de lidar com a internet do que nós, às vezes, né? Nós temos situações aí em que estamos quase que na idade da pedra, do ponto de vista de um católico, utilizando meios muito, muito humildes para seu apostolado de internet.
Porém, não é bem verdade que isso se deve à celebridade dos influenciadores católicos; eu acho que isso se deve ao fato da qualidade dessas conversões. O que eu quero dizer é que o que tem acontecido é que católicos de IBGE, católicos que não são verdadeiramente católicos, têm se tornado evangélicos, mas também porque o evangelicalismo mudou muito nas últimas décadas. Ele se tornou uma espécie de cultura.
Então, por exemplo, você tem o movimento gospel, né? O movimento da música gospel que se tornou um fenômeno de massa. Eu já vi muitas pessoas que se tornaram evangélicas por identificação musical, por identificação cultural.
Depois, também é verdade que esse crescimento tem se dado muito em ambientes de pobreza. Em que sentido? No sentido de que as pessoas, às vezes estando nos bairros e desarraigadas da sua cultura originária, acabam encontrando numa comunidade pentecostal, por exemplo, um ambiente de família, um ambiente de relacionamento, e se tornam evangélicos, né?
Agora, conversões teológicas, e aqui que está o ponto, têm acontecido de lá para cá. Então, por exemplo, o pastor tal que começa a estudar, vai estudando, vai estudando, compreende e se torna católico. Filho do pastor tal, o chefe da denominação tal.
Isso tem acontecido com bastante frequência. As pessoas começam a estudar e percebem a inconsistência de algumas doutrinas e a consistência da doutrina católica. Portanto, eu não posso reduzir esse barulho a uma questão meramente quantitativa ou de militância virtual.
De fato, há uma diferença qualitativa expressiva; ou seja, os católicos, entre aspas, que se tornaram evangélicos são católicos de IBGE, na sua grande maioria, pessoas que não têm muita consciência teológica. Pelo contrário, os evangélicos que se têm tornado católicos têm se tornado católicos por razões não culturais apenas, mas por razões realmente teológicas de estudo. E eu acho isso uma coisa normal e tranquila; me parece que é um fato facilmente constatável.
Inclusive, os exemplos que ele mesmo deu são exemplos de pastores que se tornaram católicos. Ok, eu vou parar a análise do vídeo por aqui para não ficar um vídeo muito grande, mas vale a pena a gente continuar analisando essa fala do Pastor Nicodemos. Até o próximo vídeo!