PRETUGUÊS, DE LELIA GONZALEZ: PASSADO E PRESENTE | JANA VISCARDI

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Jana Viscardi
Pretuguês foi um termo empregado por Lelia Gonzalez para pensar o português falado no Brasil. Vejamo...
Video Transcript:
o pretuguês Você conhece já ouviu falar e se você acabou de chegar nesse canal não vejo nave de carne Sou eu mesmo Antônio proprietário de cima desses passa vocês vão todas todas e todos muito bem-vindas bem-vindos e bem-vindos você pode me encontrar nas diferentes redes sociais pode Patrocinar produção desse conteúdo aqui o que é bem importante através do apoia-se/Jana viscardi e pode também Compartilhar esse conteúdo com outras pessoas para gente falar de português a gente tem que falar de lélia Gonzalez e para falar de levar um Sales eu escolhi trazer aqui uma situação dela de
um texto que ela escreveu em 1984 que se chama racismo e sexismo na cultura brasileira em que ela vai dizer assim é engraçado como eles gozam a gente quando a gente diz que é Flamengo chamam a gente ignorante dizendo que a gente fala errado e de repente ignoram que a presença desse R no lugar do L nada mais é que a marca linguística de um idioma africano no qual e inexiste afinal quem que é o ignorante ao mesmo tempo acha o maior barato a fala digita brasileira que corta os erres dos infinitivos verbais que condensa
você em ser o está entrar e por aí a fora não sacam que estão falando pretuguês como você pode perceber através dessa situação a lélia tá falando aqui de elementos da língua e ela tá atribuindo essas marcas que ela observa na língua o que ela vai chamar de pretuguês lele a gente ela é filósofa ela é historiadora uma ativista esse eu tô usando o e não era é porque a força dela é claro reverberam no presente porque ela é uma figura muito importante uma pensadora muito importante não só sobre o Brasil mas sobre também a
América Latina sobre elementos que tem a ver Oi sa aquela ações entre a África diferentes países africanos e os diferentes países da América envolvidos nessa relação que acontece a partir do processo de escravização dos diferentes povos africanos ela falava diferentes línguas ela lecionou ela foi candidata a deputada ela foi assessora da Benedita da Silva ela participou ativamente na formação do movimento negro Unificado ela participou também do surgimento da fundação do PT ela foi do PDT ela tem uma importância fundamental para a Organização das mulheres negras e por pensamento em torno de questões muito renegados dentro
do feminismo majoritariamente branco e portanto ela tem um papel fundamental das ideias sobre o Brasil eu deixo aqui em baixo uma série de links falando sobre lélia Gonzalez é bem links com os trabalhos dela para você poder acessá-los diretamente ele é luz e ampliar o seu conhecimento não só sobre Nélia sobre aquilo que ela disse mas também sobre nosso país e América Latina Como eu disse nesse trecho ela tá falando sobre alguns fenômenos linguísticos ela fala sobre o Flamingo que as pessoas tiram sarro disso mas ela fala também sobre o seu invés de você do
tá invés de estar e ela atribui a essas transformações da língua a influência africana nessas manifestações E aí aqui a gente já pode então e para essa definição que ela mesma da do pretuguês e ela vai dizer assim para gente o pretuguês nada mais é do que marca de africanização do português falado no Brasil e ela disse isso em um artigo que ela escreveu em 1988 e que é chamado a categoria política Cultural de amefricanidade não eu não entendi errado ela não tá falando africanidade tão pouco está falando de americanidade ela tá falando de amefricanidade
o conceito de América é um conceito muito importante para a lélia Gonzalez para o pensamento de lélia Gonzalez para a gente pensar o Brasil e quando ela está falando dessas marcas importantes já fica nização na nossa língua nessa língua que seria o pretuguês essa língua afro-brasileira ela diz uma coisa que eu considero muito interessante é importante porque a gente vai ver reverberar evidentemente nos estudos linguísticos sobre essa língua portuguesa ou essa língua afro-brasileira então deixa só o que ela vai dizer para a gente desnecessário dizer o quanto tudo isso ou seja essas marcas de africanização
é encoberto pelo véu ideológico do branqueamento é recalcado pô as ações eurocêntricas do tipo cultura popular folclore nacional que minimizam a importância da contribuição Negra e eu tô fazendo esse trecho porque como eu disse essa reflexão que traz lélia Gonzalez sobre a maneira como você vai falar da influência dos diferentes e as diferentes culturas dos países africanos na nossa cultura e também na nossa língua é dessa maneira é que chama de cultura popular de folclore popular e curiosamente a gente vai encontrar isso também nos estudos linguísticos sobre o pretuguês e muitas dessas pesquisas que vão
falar sobre o português Popular não me se o não os estudos essas reflexões propostas pela filósofo e Historiador a lélia Gonzalez a professora Fernanda Cerqueira lá da Universidade Federal da Bahia vai nos dizer que levam Sales é a precursora é quem vai trazer essa reflexão sobre as marcas de africanização na nossa língua e você observou naquela situação do começo que ela vai falar sobre o Flamengo no caso de Flamengo e Flamengo o que a gente tem em linguística é algo que é chamado de rotacismo o rotacismo é um fenômeno Bem antigo em português e veja
que não invalida esse apontamento Oi Sales Mas é interessante para a gente pensar Justamente a complexidade os diferentes fatores que podem estar envolvidos em elementos que ocorrem em uma dada língua é interessante observar que Camões lá em 1500 usava o termo flecha ao invés de flecha então lixão o que vai aparecer em diferentes momentos da história e aquilo chamou atenção para você no estudo que também vai ficar destacado aqui embaixo devia Antonino em que ela vai falar sobre como se discute essa língua afro-brasileira a que se atribuem algumas transformações dessa língua afro-brasileira no caso por
exemplo do rotacismo a pessoas que vão dizer que esse é um processo natural das línguas e que portanto não necessariamente teriam a ver com o contato entre a língua portuguesa vinda dos portugueses de Portugal e dos escravos o que estavam forçados nesse processo de escravização mas há também outras formas de pensar e de teorizar sobre essas transformações e uma delas justamente busca compreender as relações entre essas línguas que se puseram em contato o Brasil é um país de proporções gigantescas é um país que teve nessa sua formação digamos assim um conjunto muito grande de comunidades
diferentes e de portanto de línguas diferentes você tinha diferentes línguas autóctones ou seja línguas indígenas o que foram Claro dizimados por esses exploradores se é que este é um bom termo Além disso além dessas línguas que foram Muitas delas dizimados mas outras tantas seguiram assistindo a gente tinha também as línguas desses povos que viveram nesse processo de escravização no Brasil e que vinham de diferentes lugares da África de diferentes países falavam portanto línguas diferentes o que acontecia a partir dessas dessas interações e que é algo que muitas vezes hoje só pode ser recuperado através daquilo
que se vê na língua falada hoje porque muitas dessas interações aconteceram através da oralidade na escrita é o interesse né de pesquisa e de muita gente que quer entender justamente como se deu a interação entre essas línguas a falar de processos aí de línguas crioulas ou de línguas criou lizantes ou e é através então da observação desses de diferentes comunidades de falantes que tem uma história com Esses povos escravizados que viveram no Brasil que se vai buscar responder essas questões e aqui já importante deixar claro que é evidente que há uma diferença muito grande nesse
Brasil que era um brassins entre aquilo que era uma Norma padrão a tentativa de reprodução ou de manutenção dessa língua portuguesa vinda de Portugal e aquilo que era produzido aquilo que era fruto da interação dessas pessoas marginalizadas escravizados e que viviam em condições muitíssimo diferentes do que esses indivíduos que tentavam reproduzir em manter uma dada Norma na língua que tinha uma aproximação maior com quem e essa língua portuguesa de Portugal e Espanha Impacto importante maneira como a língua portuguesa no Brasil se desenvolve e este é um tema de reflexão de muitos pesquisadores justamente nessa tentativa
de entender aquilo que é a influência dessas diferentes línguas nos processos de estrutura da língua de mudança variação e mudança da língua portuguesa falada no Brasil e escrita no Brasil porque essa influência não se dá apenas na acolhida de vocabulários de diferentes línguas diferentes países africanos porque essa influência Evidente ela está presente mas não é a única forma de influência e foi isso o que lélia Gonzalez nos trouxe ao falar sobre o pretuguês e a gente vai venha diferentes pesquisadores mesmo que não falem sobre lélia tentando buscar a entender o que que é essa influência
se a essa se houve em algum momento ou se ainda a essa língua ou línguas crioulas que são essas formações de uma língua a partir de diferentes línguas que entram em contato e não se fala nenhuma delas se fala uma outra coisa porque essas pessoas que estão em contato se comunicam usando partes digamos assim das suas línguas mais formando uma outra língua veja o é um capítulo à parte e muito importante que a gente vai falar com detalhe no outro vídeo não aqui então esse é um comentário muito breve que merecem mais atenção essa explicação
minha tá muito simples a gente precisa falar melhor sobre isso e a gente vai falar no outro vídeo e nesse processo de tentar entender essa influência alguns pesquisadores brasileiros como Antonino luckesi vão falar em transmissão linguiça o celular e como é que definir o que seria essa transmissão transmissão linguística irregular que uma das maneiras de explicar essa questão que eu tô tentando abordar com vocês aqui de olho nessa situação a transmissão linguística irregular é um conceito Mais amplo do que o de pedido de indenização crioulização pois engloba tanto os processos de mudança proveniente do contato
entre línguas através dos quais uma determinada língua sofre alterações muito profundas na sua estrutura do que resulta o surgimento de uma língua nova determinar denominada pedir ou quanto os processos Nos quais uma língua sobe alterações decorrentes do contato com outras línguas tem que essas alterações cheguem a configurar a emergência de uma nova língua então esses pesquisadores dentre os quais o pezinho Antonino Como eu disse antes vão falar em transmissão linguística irregular porque a língua portuguesa não sofre transformações e é profundas na sua estrutura Mas isso não impede que haja transformações se são impactados justamente pelo
contato com essas outras várias línguas a partir desses povos que estiveram aí em contato e aí aqui eu quero trazer um outro exemplo para agregar a essa discussão ou essas observações feitas pela lélia Gonzalez lá na década de 80 o estudo feito por Fernanda Cerqueira em que ela vai discutir o pretuguês pensando o hip hop no Brasil as letras das músicas que apresentam por exemplo trechos que dizem os manos os parça o que que a gente tem quando se fala em os humanos e os parça a gente tem aí uma concordância que acontece no artigo
os mas a contar sino substantivo Veja essa concordância é uma concordância presente em português do Brasil ela é recorrente em português do Brasil e portanto ela interessa aos hinduístas que querem pensar a Língua Portuguesa no presente mas também a sua história quando a Fernanda Cerqueira vai trazer essa discussão é interessante observar que o texto dela tá aqui embaixo o interessante observar as referências que ela traz para falar para gente desse pretuguês na atualidade e ela vai trazer um texto de Bell hooks que disco tia lá o inglês os diferentes Ingleses digamos assim e vai falar
o quanto essa língua que é a língua do dominador ela acaba se tornando essa língua emancipatória na medida em que ela é tomada por aquele que foi antes dominado e ela é a cada no lugar de expressão da própria identidade e do empoderamento e análise que a Fernanda Cerqueira vai fazer professora da UFBA é justamente do quanto esse uso dessa forma de concordância é um pretuguês e é o português que mostra a força dessa identidade por indivíduos que estão fazendo uso desse recurso não porque não têm escolaridade porque essa é uma maneira de explicar o
uso dessa forma de concordância né mas porque Sim estão ali reforçando elementos da sua identidade Então veja que o pretuguês sobre o qual lélia Gonzalez falou ao longo da sua trajetória de pensadora da realidade brasileira e da história brasileira é a língua que temos hoje tá aí marcado em diferentes elementos presentes nessa nossa língua e a gente vai chamar de língua portuguesa mas que pode ser chamada também de português e que vai ser chamada também de língua afro-brasileira à por alguns pesquisadores e essa língua afro-brasileira que se refere em vários processadores ela vai ser estudada
como no estudo de Antonino em diferentes comunidades por exemplo no caso de um menino da Bahia em que você tem que se Analisa diferentes pessoas dessas comunidades de diferentes faixas etárias e se observa as diferenças nas Produções linguísticas desses indivíduos em função da faixa etária e em função da maior proximidade com o contato com esse pretuguês através das Gerações e do maiores isolamento com o lugar dessa norma padrão eu queria trazer para vocês hoje essa discussão sobre o pretuguês e que pode também ser observada no livro o professor Gabriel o racismo linguístico porque essa influência
essa marca de africanização da nossa língua e que a gente também pode pensar na marca ao topo autóctone você já marca das línguas indígenas é nessa língua que se fala no Brasil no brasileiro a gente pode dizer assim também o quanto elas são importantes e o quanto há para ser estudado decifrado e compreendido dessas interações que aconteceram essas marcas elas são potência na nossa língua como aquilo que a gente vê por exemplo no estudo da Fernanda Cerqueira sobre o caso do hip-hop no Brasil não é o único mas é um exemplo emblemático e importante é
a minha sugestão no final agora desse desse vídeo é que você leia Leia lélia Gonzalez e lê e meia essas pesquisadoras e pesquisadores que eu trouxe para vocês aqui embaixo eu vou finalizar com a citação do texto da professora Cerqueira que se chama o pretuguês como comunidade de prática concordância nominal e identidade racial ela diz assim fazer uso de variantes linguísticas outrora estigmatizados revela conforme aponta Cerqueira 2016 estilo construção de uma pessoa na social política consciência das desigualdades raciais e econômicas brasileiras e consequentemente em apropriação do fenômeno de não marcação de concordância nominal de número
indeterminado sintagmas como um elemento emancipatório mucs2008 produzindo em seu uso novos sentidos oportunos para condições de ir é um tom a língua e ela é muito mais que a norma padrão da língua é riqueza de variações e de possibilidades que tem a ver com essas marcas que tem a ver com uma história do Brasil que é marcada por violências mais que na voz e vez desses falantes vai sendo re significada através desses movimentos esse e não cima temas e fatore os que se dão tão bem através da língua um abração para todo mundo que tá
do outro lado e tchau tchau
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