Esta é a famosa rua torta em Gramado, e há alguns anos ela era somente uma rua que era torta, mas que hoje virou um verdadeiro ponto turístico. Isso porque a rua torta é um destino instagramável. Ela fica praticamente na entrada da cidade e tá sempre lotada de gente querendo registrar que a rua de fato é torta.
Gramado em si é uma cidade muito bonita, mas que em altas temporadas não possui a infraestrutura adequada para receber tantos turistas, e todas as atrações, restaurantes e ruas ficam estourando de tanta gente tirando fotos em tudo que é lugar, desde a igreja, até o fondue. E isso não é exclusividade de Gramado, já que pode ocorrer com quem faz uma viagem turística pra qualquer lugar hoje em dia. Esse fenômeno é o que chamamos de Efeito Instagram.
O universo perfeito das redes sociais, e principalmente o Instagram tem tido um impacto direto no que se chama hoje de turismo instagramável ao redor do mundo, algo que muitas vezes acaba em uma superlotação dos locais turísticos, além de gerar comportamentos e manias que estragam a experiência de todos os envolvidos. Nessa dinâmica, moradores locais, o meio ambiente, e até mesmo os próprios turistas saem muito prejudicados pelo fenômeno chamado de “overtourism”, ou turismo excessivo, em portugês. Mas o que tá por trás da expressão “instagramável”?
Como uma rede social pode definir os destinos mais procurados? E por que esse efeito acaba gerando decepção, frustração e estresse? Hoje é difícil encontrar uma paisagem bonita onde pessoas não estejam tirando selfies pensando exclusivamente em postar na rede social — ou então, até mesmo, lugares onde são criados espaços ditos “instagramáveis”, termo que é usado quando o local é perfeito pra uma foto.
E não por acaso, o turismo tem se beneficiado bastante dessa tendência, que cresce no mundo inteiro. Destinos turísticos, restaurantes e hotéis têm adaptado seus ambientes e suas rotinas pra se tornarem mais atrativos pros usuários do Instagram, que cada vez mais buscam destinos que sejam visualmente impactantes. Os influenciadores digitais, em especial, são os que mais contribuem pra que esse fenômeno se repita.
E não é difícil entender o porquê, eles são os exploradores dessa geração, que depois de ver uma postagem de um dos chamados influencers, saem à caça dos cenários perfeitos e instagramáveis, lotando lugares que antes eram pouco conhecidos ou, definitivamente, pouco populares. Um dos resultados dessa febre, é que hoje em dia mais pessoas morrem por tirar uma selfie do que por ataques a tubarões, e a triste realidade é que não faltam matérias para provar. A região de Wanaka, na Nova Zelândia, é um exemplo de como o Instagram pode impulsionar um local como destino turístico.
Agentes locais investiram em convidar influenciadores pra visitar a região no ano de 2015, o resultado foi 14% de aumento nas atividades turísticas do lugar. A agência de viagens norte-americana Expedia observou que metade dos turistas com menos de 40 anos de idade, usa a plataforma como inspiração na hora de programar uma viagem, e isso ocorre com mais frequência no Instagram do que em outros veículos de mídia, como a TV ou revistas. O Instagram se destaca mais do que o próprio Google quando o assunto é pesquisa por viagens.
Os usuários pesquisam os destinos mais relevantes e inspiradores por meio das hashtags. Além de procurar belas paisagens, os turistas querem descobrir o que fazer em cada lugar que visitam. Bares, baladas, restaurantes e atrações diversas são descobertas por meio da rede social, a tendência é que aqueles que não aparecem por lá, não entram nem na lista de destinos turísticos.
Mas além de influenciar no destino e até nos lugares que os turistas visitam ou escolhem pra comer e se hospedar, o Instagram também influencia nas fotos e até nas roupas que essas pessoas usam. Um dos exemplos dessa influência da rede social no comportamento das pessoas é o destino turístico Trolltunga, localizado na Noruega. É bem comum ver fotos de turistas sentados numa pedra pontuda que existe na beira de um precipício.
A ideia que o lugar e a foto passam pra qualquer um é de uma imensidão azul e, aparentemente, deserta. Mas o que os cliques geralmente não mostram é a fila de espera gigantesca que as pessoas enfrentam, todas as manhãs, pra conseguir reproduzir a icônica foto, que ironicamente tenta passar a ideia de paz e tranquilidade. Mas não são só as fotos que parecem iguais: o estilo de roupas também se repete.
Na ilha de Santorini, na Grécia, existe um “dress code” ou, em tradução literal, “código de roupa” pra ser usado pelos turistas. Com a chegada do verão, os blogueiros do Instagram lotam as ruas estreitas entre os edifícios brancos e azuis, em busca de fotos em paisagens “instagramáveis”, e na maioria das vezes, eles usam branco. É comum ver pessoas em Santorini usando branco ou cores claras, mas ao contrário do que alguns podem imaginar, essa não é uma regra do local, mas sim uma tendência criada pelos influenciadores de viagens.
Essa padronização das viagens pode gerar alguns efeitos adversos. O primeiro e mais claro deles é a sensação de que as experiências são iguais pra todos, o que na prática está longe de ser verdade. O segundo efeito colateral é a superlotação desses locais turísticos, numa busca incessante por fotos perfeitas.
O turismo incentivado pelo Instagram pode afetar negativamente as pessoas, assim como tem afetado a natureza e a dinâmica desses locais – que antes podiam ser reconhecidos como lugares tranquilos, mas que foram invadidos por multidões em busca de validação dos seus seguidores. E essa multidão vem causando um grande problema tanto para quem visita, como para quem mora no local, o que tem gerado uma grande mudança no turismo ao redor do mundo. Em diversas regiões do mundo, o turismo desempenha o papel de uma atividade econômica fundamental.
Ele não apenas cria empregos e impulsiona a renda, mas também estimula o crescimento da produção de bens e serviços, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico local e nacional. Por outro lado, um problema crescente associado ao turismo tem causado preocupações generalizadas: o overtourism. A tradução literal desse termo é "turismo excessivo”, no entanto, ele implica uma série de desafios que vão além do simples aumento do número de turistas.
O efeito se manifesta em uma variedade de comportamentos excessivos que os visitantes podem exibir ao explorar destinos específicos. De acordo com um relatório da Organização Mundial do Turismo, o overtourism é o impacto geral do turismo em um destino, ou em parte dele, que influencia excessivamente de maneira negativa a percepção de qualidade de vida dos cidadãos locais e até mesmo a qualidade das experiências dos próprios visitantes. Em outras palavras, é quando o excesso de turismo prejudica tanto a vida dos moradores locais, quanto a própria experiência turística.
Esse problema tem se tornado visível em muitas cidades da Europa, que estão sendo diretamente impactadas pelo número de visitantes que recebem todos os meses, gerando uma série de desafios para as comunidades locais. A cidade de Veneza, no norte da Itália, é um clássico exemplo dos problemas trazidos pelo turismo excessivo. Desde a década de 50, a cidade perdeu cerca de 125 mil habitantes, e agora tem pouco menos de 50 mil.
E por lá, as consequências da evasão dos moradores está em todos os lugares: o comércio de rua como mercearias e as tradicionais bancas de jornal vem desaparecendo, os cinemas da cidade caíram de 20 pra apenas 2. Além disso, o preço dos aluguéis é exorbitante e não há alternativas de trabalho pros mais jovens, o que acaba forçando essas pessoas a buscarem os grandes centros. Veneza caminha a passos largos pra se tornar uma espécie de cidade-museu, onde a população residente é predominantemente idosa, e há uma escassez de novos moradores dispostos a se estabelecer na cidade.
A menos que ações significativas sejam tomadas, as estimativas sugerem que, até 2030, a cidade não terá mais residentes permanentes, e definitivamente será tomada pelos turistas. Além de afetar a dinâmica das cidades e a vida dos residentes fixos, o overtourism também é um problema pra natureza, principalmente em locais de grande valor ambiental e paisagístico. O governo da Tailândia, precisou tomar medidas drásticas pra evitar que a natureza entrasse em colapso por causa do turismo desenfreado por lá.
Uma das ilhas mais famosas do país, a Maya Bay, conhecida pelo filme “A praia” dos anos 2000, com o ator Leonardo Dicaprio, ficou totalmente fechada para turistas por dois anos pra tentar recuperar os danos causados ao meio ambiente, principalmente nos recifes de corais da região, que foram praticamente dizimados. Cerca de 5 mil turistas eram recebidos diariamente na ilha, que se tornou uma verdadeira febre no Instagram entre influenciadores e diversas pessoas, por sua paisagem paradisíaca, e principalmente pela popularidade do filme. Mas a busca incessante por locais “instagramáveis” e por visitar locais que, muitas vezes, podem até ser superestimados — seja pela quantidade de pessoas ou pela propaganda exagerada — pode levar o viajante à frustração.
O fato é que no Instagram, todos os destinos parecem perfeitos e únicos, mas as aparências normalmente enganam, então, qual é o verdadeiro preço disso? Não é de hoje que o Instagram dita tendências e quer nos dizer o que vestir, o que comer e até mesmo pra onde ir. O ato de viajar, que deveria ser um momento de descanso e pausa da rotina estressante e agitada, tornou-se uma verdadeira competição de quem tira a melhor foto ou quem vai pro melhor destino.
Nos feeds dos influencers de viagens, milhares de fotos em locais paradisíacos ou que parecem ter saído de um filme, nos enchem os olhos e a vontade de passar pelos mesmos locais. A realidade é que as falsas representações da realidade que o Instagram cria faz com que todo destino turístico pareça ideal, mas o que pode estar por trás de uma foto é uma experiência não tão agradável assim. O simples uso de filtros criou uma verdadeira distorção da vivência real.
Lugares superlotados e pessoas querendo fotografar tudo a todo instante é a nova realidade de muitos locais turísticos que antes eram considerados tranquilos. E mesmo parecendo inofensiva, a nova cultura de registrar todos os momentos pra postar em redes sociais já afeta o comportamento humano e até mesmo a memória. É fato que, historicamente, o ser humano sempre dependeu de dispositivos externos pra fazer o registro de algo, seja fazendo pinturas nas paredes das cavernas, um desenho ou um retrato de alguém.
Mas, com a facilidade atual de registrar tudo com um clique, não somos mais obrigados a “exercitar” as memórias que acumulamos em nossa mente. Um estudo publicado pela revista periódica Science afirma que usar o celular pra fotografar ao invés de prestar atenção ou realmente estar presente no momento, nos faz ter uma memória superficial do que foi vivido, ou seja, provavelmente ela não ficará guardada por muito tempo. Claro, esse comportamento não afeta apenas a memória, mas também a própria experiência de viagem.
Se preocupar excessivamente com as fotos pro Instagram pode impedir muitas pessoas de realmente vivenciar suas viagens. Afinal, o mesmo lugar pode proporcionar diversas atrações e experiências que vão muito além do que pode ser capturado em uma única foto. Quando as pessoas estão constantemente buscando o ângulo perfeito, a iluminação ideal e o cenário mais instagramável para suas fotos, elas podem perder a oportunidade de se conectar com o ambiente, a cultura local e até mesmo consigo mesmas.
A pressão para criar conteúdo atraente pras redes sociais pode tirar o foco do verdadeiro propósito de viajar. Você pode até achar o Instagram uma ótima rede social pra compartilhar fotos e mostrar aos amigos os lugares que conhecemos, mas é preciso tomar cuidado pra que a busca excessiva por aprovação e validação não afete o modo como interagimos com os locais e até mesmo com outras pessoas. No Coliseu, em Roma, um dos pontos turísticos mais conhecidos do mundo, com um valor histórico imensurável e considerado patrimônio mundial pela UNESCO, um turista achou que seria boa ideia gravar seu nome em uma das paredes do monumento milenar, enquanto gravava pras redes sociais.
Depois de cair na mídia, ele disse que não sabia do valor histórico do local. Existe até uma página no Instagram, chamada “Influencers in the wild”, dedicada a mostrar as ideias idiotas por trás de vídeos e fotos ridículas de influenciadores em poses bizarras. O turismo não deixa de ser uma atividade prazerosa e que trás inúmeros ganhos pras regiões em que ele se instaura, mas é fundamental adotar uma conduta responsável e sustentável pra evitar transtornos — e o mais importante: não se espelhar totalmente no que o Instagram mostra.
O que você acha desse efeito que o Instagram tem nas cidades e no turismo? Comenta aqui abaixo e da uma olhada no que o pessoal tá falando sobre isso. Agora, Se você quiser entender o que eu chamo de Algoritmo Humano e como você pode usar ele pra levar um canal no youtube de 0 a 100 mil inscritos, confere uma aula grátis no primeiro link da descrição, ou apontando a câmera do seu celular pro QR code que tá na tela antes que essa aula saia do ar.
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