Período Operatório-Concreto

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Prof. Leandro Kruszielski
Aula sobre o Período Operatório-Concreto, da teoria da Epistemologia Genética de Jean Piaget. Catego...
Video Transcript:
Acompanhe o raciocínio comigo: Se Maria é mais velha do que Gabriel e Gabriel é mais novo que Enzo e Enzo é mais velho que Cláudia, considerando que Claudia tem oito anos de idade. . .
Será que ela conseguiria responder um problema dessa natureza? Eu sou professor Leandro e hoje nós vamos conversar sobre: período operatório-concreto! O Piaget quando definiu os períodos de desenvolvimento cognitivo, ele chamou os primeiros anos de período sensório-motor, depois período pré-operatório, justamente porque e a partir dos 6, 7 anos começam os períodos operatórios.
Aqueles em que a operação, ou seja, o raciocínio, a lógica, já começam acontecer com melhor qualidade. E são dois os períodos operatórios: O período operatório- concreto, que é o período que acontece ali, de 6, 7 anos até mais ou menos 11, 12 anos de idade e o período operatório-formal, que é aquele que acontece de 11, 12 anos em diante. Qual é a diferença entre esses dois períodos, operatório-concreto e operatório-formal?
Mesmo que em ambos as operações aconteçam adequadamente, existe uma necessidade do período operatório-concreto de que a criança esteja visualmente, auditivamente, enfim, perceptualmente embasada para que ela consiga fazer os seus raciocínios, as suas operações. Então, a criança com 7, 8 anos de idade já consegue ter um raciocínio lógico mais avançado, mas é preciso existir uma certa âncora concreta em que a criança possa se basear, que possa manipular, que possa mexer, que possa pegar e mais tarde, assim como a criança lá no sensório-motor passou de uma centração no próprio corpo pra uma descentração em relação ao ambiente, aqui ela vai deixar essa necessidade de estar no concreto e aos poucos vai ter um pensamento um pouco mais abstrato. A primeira grande operação que a criança que está no operatório-concreto consegue fazer é a categorização.
Na categorização ela vai trabalhar com três tipos de lógica: a seriação, a inferência transitiva e inclusão de classes. A seriação é a mais simples delas e já está presente, na verdade, desde antes desse período. Uma criança menor de 5, 6 anos de idade já consegue esse tipo de habilidade.
Essa habilidade é justamente colocar algo em série, algo em fila, em uma certa ordem. Por exemplo, você apresenta para criança é uma série de bastões de diferentes tamanhos. Uma criança pequena no pré-operatório, com uns 4 anos de idade, por exemplo, ela pode se basear pela parte de cima e ignorar a parte de baixo.
Mas uma criança no operatório-concreto vai pensar na base e vai olhar e vai colocar numa ordem correta todos os elementos que fazem parte daquela seriação. Então, ela vai entender que aquilo tem um tamanho, ela consegue fazer uma fila e consegue pensar nos menores e nos maiores. .
. Opa, vamos organizar direito aqui que eu já passei do operório-concreto. .
. . É isso.
Isso é seriação. São as capacidades de colocar em ordem. Isso não vale só para tamanho, por exemplo, pode ser para qualquer critério.
Por exemplo, você pode dar para criança outros bastões que agora sejam ou mais claros ou mais escuros e você perde pra criança odernar do mais escuro para um mais claro. Então, veja que agora não é o tamanho que vale, mas é a intensidade das cores. E aí a criança consegue ordenar corretamente do mais escuro para o mais claro.
O outro tipo de habilidade é chamado de inferência transitiva. Nesse termo do Piaget, ele refere-se a uma lógica em que você compara diferentes elementos. Por exemplo, eu tenho aqui, eu vou dizer que esse bloco amarelo é maior do que o bloco Azul.
Ok? O bloco amarelo é maior do que o bloco azul. Ao mesmo tempo, o bloco azul é maior que o bloco verde.
E aí eu pergunto: qual é o maior, o verde ou é o amarelo? Mesmo sem criança precisar comparar os dois, ela pode conseguir chegar na lógica que, sim, o amarelo é maior do que o verde. Mesmo sem os termos visto juntos, só comparando com elemento intermediário que era o azul.
Essa é a inferência transitiva que uma criança operatório-concreta já consegue realizar. E uma das habilidades mais importantes da categorização é justamente a inclusão de classes. Imagine que a criança está brincando com os seguintes brinquedos: Você tenha aqui o Homer Simpson, você tem a Ravena e você tem um gatinho e você tem um Minion meditando, você tem um Minion hippie, você tem um Minion pintor, você tem um Minion que toma banho, você tem o Minion do gelo, você tem o Minion que é rei, você tem o Minion violeiro.
. . Enfim, você tem quantos Minions aqui?
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 Minions. . .
mais a Ravena, mais o Homer Simpson. Nossa que loucura esse crossover, né? Já pensou?
! Mas aí você pode perguntar pra criança: "Tem mais super-heróis ou tem mais Minions? " Ela vai dizer: "Não, tem mais Minions, né?
Super-herói só tem uma e tem muitos Minions. " Aí você pergunta: "Tem mais Minions ou tem mais brinquedos? " Veja que essa é uma pergunta muito mais difícil porque visualmente você vê que tem muitos Minions, mas você precisa pensar em uma categoria maior.
Todos eles são brinquedos, inclusive o gatinho, inclusive o Homer Simpson, todos eles são brinquedos. Mas você vê mais Minions. Mas a resposta de uma criança operatório-concreta é: "Sim, tem mais brinquedos do que Minions.
" E uma criança no pré-operatório talvez diga: "Não, tem mais Minions, porque tá vendo muito mais Minions. " Então, é isso! Observando ela consegue pensar a partir daquilo que ela está observando.
Ela consegue fazer essa categoria incluindo essas séries. Um outro tipo de raciocínio que a criança tem a partir dessa idade e que vai acompanhar ela durante toda a vida é o raciocínio do tipo indutivo e o raciocínio do tipo dedutivo. O raciocínio indutivo é aquele que vai da parte para o todo, do particular para o geral.
Então, por exemplo, tenta imaginar a que veículo se referem essas partes: Eu falo: "volante" "roda" "motor" "cano de escape" Então você pode pensar num "carro" ou "caminhão". Se eu falar, por exemplo: "asa" "hélice" "roda". .
. "Ah, aí é um avião! " Ou "selim" "roda" "pedal" "corrente" "guidão" "Aí é uma bicicleta!
". Veja, é um raciocínio da parte para o todo. Ou então imagina que aqui dentro tem blocos coloridos.
Quais serão as cores que tem por aqui? Então eu vou lá e pego um. E a cor é: amarela.
Então vou pensar: "Hum, provavelmente todos os blocos aqui são amarelos ou pelo menos tem peças amarelas aqui. " Eu vou lá pegar o segundo é: amarelo. É, confirma.
Parece que todos os blocos são amarelos. Um terceiro: amarelo. Olha só, é amarelo.
"Ah, não, tem um bloco azul! " Pronto, agora eu mudo minha concepção: aqui dentro tem blocos azuis e blocos amarelos. Chego a uma conclusão de que, olhando as partes, eu deduzo sobre o todo do meu raciocínio inferencial.
Aqui tem blocos amarelos e blocos azuis. Já o raciocínio dedutivo é o contrário. Ele vai do todo para a parte.
Da regra para a especificidade . Do geral para o particular. Então vou pensar um veículo: o barco.
E aí você vai dizer o que que tem o barco. "O barco tem a proa. " "O barco tem a popa.
" "O barco tem o leme. " "Tem casco. .
. " Enfim, do todo eu vou para as partes. E no exemplo do pote eu vou ter uma regra: "Todas as peças que estão aqui dentro, todos os blocos que estão aqui dentro são vermelhos.
" Portanto eu não preciso nem verificar. . .
Eles, de fato, sim, são todos vermelhos. E outra operação bastante importante que caracteriza esse estágio é a conservação, que são justamente aquelas atividades que a criança pré-operatória não conseguia fazer. Conseguir pensar que o mesmo objeto se conserva apesar das transformações que acontecem perceptualmente.
Então, uma das provas piagetianas clássicas é aquela prova que você dá uma massinha para criança, pede para ela montar duas bolinhas de massinha. . .
E pergunta, por exemplo, a respeito do peso, vamos pensar em conservação de peso agora. Se você coloca essas duas massinhas, cada uma em cada balança qual das duas vai pesar mais? Independente da idade, a criança tende a dizer que as duas pesam a mesma coisa.
A diferença é que para uma criança que tá no operatório-concreto você vai pedir para ela que faça uma cobrinha enquanto que a outra você não mexe. E você pergunta agora: "Se eu peço para pesar, qual vai pesar mais? " A criança operatório-concreta vai dizer: "Os dois vão pesar igual.
" Enquanto que a criança pré-operatória vai dizer: "Não, essa aqui pesa mais, essa aqui é maior. " A grande diferença é que a criança operatória consegue ter um raciocínio que justifique a sua resposta. Por que elas vão pesar da mesma forma?
E, olha só, existem três tipos de raciocínio: Pode ser o raciocínio da reversibilidade. A criança pode dizer: "A porque se eu pegar essa massinha aqui e fazer uma bolinha de novo, ela vai voltar a ser o que era. " Ou seja, a reversibilidade, a possibilidade de sempre voltar.
Existe o outro raciocínio que é o raciocínio da compensação. A criança operatória diz: "Ah, tudo bem, esse aqui é mais comprido, mas ele é mais fino. Enquanto isso aqui é menos comprido mas é mais grosso.
" Então uma coisa compensa a outra. E o terceiro raciocínio é o raciocínio da identidade. A criança vai dizer: "É a mesma massinha!
" Quer seja nesse formato ou quer seja nesse outro formato, não se acrescentou nem se tirou massinha nenhuma. É a mesma massinha. Então não tem porque ela pesar menos ou pesar mais.
Será que não há outros tipos de raciocínio, outros avanços cognitivos que a criança tem a partir dos 7 anos de idade e que talvez vão até além daquilo que o Piaget descreveu e do que o Piaget estudou? Com certeza há. Mas, bom, isso é assunto para as nossas próximas conversas.
. . .
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