no poder criativo que nasce dos palcos orquestras das Artes das ruas e dos museus na valorização das diversas identidades brasileiras e na preservação de memórias é valorizando a cultura que crescemos e evoluímos juntos Instituto Cultural Vale mobilidade é vida somos a CCR Nosso propósito é melhorar a vida das pessoas através da mobilidade pelo Instituto CCR apoiamos a cultura em nosso país valorizamos Os encontros valorizamos a [Música] vida eu sou um livro que você não deve julgar só pela capa porque sou feito com papel pólen natural desenvolvido pela Suzano em outras palavras seus olhos ficam mais
confortáveis e o planeta também [Música] ministério da cultura e Associação casaazul apresentam 2 flip festa literária internacional de Parati a flip conta com benefício da lei federal de incentivo à cultura pronac 2360 e possui acessibilidade para pessoas com deficiências física visual e auditiva tem Patrocínio master Instituto Cultural Vale Patrocínio ouro Itaú CCR e Suzano Patrocínio prata maqu móveis eletronuclear O Globo e e Sesc Patrocínio bronze sebrai e Globo livros parceria institucional Prefeitura de Parati Secretaria Estadual de turismo do Rio de Janeiro e Museu do território é uma concepção Associação casaazul realização ministério da cultura governo
federal Brasil união e construção Obrigada e boa mesa [Música] Us [Música] [Aplausos] [Música] [Música] [Música] flip o encontro da literatura com a cidade [Música] 1986 nós temos a tradição em paraati né Caiçara aí de pegar caranguejo né enchar a mão no buraco pegar caranguejo e eu e um amigo meu resolvemos ir na Jabaquara né lá no final da Jabaquara pegar caranguejo e quando a gente cai na lama a gente se transforma né vira um um outro ser vamos dizer E aí surgiu a ideia da gente fazer uma brincadeira de fazer um bloco chamar uns colegas
né E aí na verdade a primeira vez que o bloco da Lama Saiu em Parati foi em 1986 com oito pessoas e dali foi um sucesso muito rápido né porque na verdade a gente ficou completamente descaracterizado parecendo monstro ou aí já começou uma uma uma uma ideia de se fazer uma tribo né com esses Monstros aí na verdade a gente e acabou e fazendo a Tribo Da Lama né se chama o bloco da Lama mas na verdade uma tribo que representa uma tribo da pré-história né na verdade o bloco da Lama ele é um é
uma peça teatral que é apresentada no carnaval né onde as pessoas se transportam pro tempo da pré-história [Música] Então esse é uma é um patrimônio cultural da cidade dos Parati e os turistas são bem-vindos para participar com a [Música] gente flip o encontro da literatura com a cidade Bom dia para ti Chegamos na nossa última mesa eu tô muito feliz muito grata a vocês todos e vocês viram que eu fiquei fazendo pequenos agradecimentos homeopáticos ao longo da programação hoje eu vou demorar mas eu prometo que eu compenso o tempo da mesa para não roubar delas
mas é preciso agradecer infinitamente essa equipe aqui da Flip para eu não esquecer eu vou vou começar agradecendo os Parati que participaram desses filmes Como congá que é o fundador do bloco da Lama que tá aqui mas todo mundo os doceiros os as as profissões Parati que a gente fez desses vídeos inspirados num texto do João do Rio então em nome do congá que eu sei que tá por aí eu agradeço a todos os paraenses que participaram eh vou começar a falar rápido para não demorar tá eu queria primeiro agradecer ao Mauro Munhóz e a
l Calder por terem me feito esse convite que não é um convite é um presente pra vida eu tô feliz demais eu queria agradecer o Marcos cachada o Marco cachada que tá sempre com uma cara de preocupado e quando eu falo tá tudo bem ele tá tudo ótimo então é assim que a gente gosta de trabalhar a todos os autores que vieram aos mediadores a Belita e todo o pessoal da flipin que fez uma flipin maravilhosa eu ainda vou aprender muito com vocês eh a equipe de comunicação Matia o o o Alexandre Matias que tá
aí fazendo tudo registrando essa flip de um jeito lindíssimo aos técnicos Carlão e Bruce meus parceiros de samba aqui atrás para dar uma relaxada que foram sensacionais e a todos os técnicos aqui do auditório a babia Isabela Isabela recebeu todos os autores com maior carinho ao os anjos que acompanham os autores levam eles ensinam os caminhos e são muito queridos a equipe de arquitetos os designers os pintores que pintaram a mão essa tela aqui que tá bonita [Aplausos] demais a todo mundo que trabalha aqui dentro do auditório essas meninas meio comandadas pela Iara vocês que
estão comigo sempre sorrindo Muitíssimo obrigada os fotógrafos registram até me perdi os seguranças que cuidam da gente aqui os tradutores intérpretes que eu não canso de agradecer por serem incansáveis os intérpretes de libra que deixam a nossa flip mais acessível pessoal da limpeza que é sempre o primeiro a me dar bom dia ali na porta e que deixam tudo impecável os livreiros da Livraria da Flip que é comandada pela Travessa mas que fizeram uma livraria linda cheia o tempo todo super bonita que acompanha a programação e mais perto de mim o Thiago Neves a Beatriz
Vince A Gal que é uma musa Gal estrela que todo mundo que passa por aqui já conhece a Gabriela Toledo e a Ju vetor minha parceira sem quem eu não sou ninguém obrigada muito obrigada Tod bom vamos começar essa mesa para encerrar essa flip que foi incrível e essa mesa é uma celebração da invenção e da linguagem que essas três mulheres fazem na literatura eh para mediar eu queria chamar de di Couto que é apresentadora do Metrópolis na TV Cultura e criadora e apresentadora do programa mais preta na nova na Nova Brasil FM Didi [Música]
[Aplausos] muito bom dia a todos que bom estar aqui com vocês que bom ver esse auditório cheio Espero que na praça também esteja esse mesmo clima muita gente para ouvir para refletir pra gente falar de literatura tô muito feliz de estar aqui nessa mesa queria agradecer a toda a organização da Flip por mais uma vez me chamarem para que a gente possa falar e refletir sobre a literatura brasileira eu quero chamar as nossas convidadas quero que vocês recebam com muito carinho as convidadas dessa mesa que tem o tema invenção e linguagem por favor estamos esperando
por vocês Carla madeira Silvana tavano Mariana Salomão Carrara [Aplausos] [Aplausos] salve Nossa Só de ver já tá lindo já foi muito bem temos aqui escritoras que mexem com os nossos sentimentos com o nosso corpo com a nossa imaginação nós fomos fisgados fisgadas pelos enredos e mundos criados por elas o prazer da Leitura o poder de nos fazer entrar numa história isso elas fazem muito bem que inclusive fica até difícil a gente eh largar o livro interromper o fluxo de leitura ou por vezes fica difícil continuar porque nos falta ar né ou diante da beleza de
uma cena e da Lucidez com que elas conseguem trazer eh cen e p EAG pra gente como também uma paralisação por uma tragédia por uma tristeza por uma tragédia inclusive que determina o futuro dos personagens e faz muito que a gente se aproxime de nós mesmos bom a Carla madeira é autora de ficção brasileira mais lida no que elaia terado Anes idade fundadora de uma agência que já tem mais de 30 anos no mercado traz pra gente o seu primeiro romance em 2014 tudo é Rio e alcança um sucesso de público e crítica é autora
também de a natureza da mordida E véspera todos os livros na lista dos mais vendidos a Mariana Salomão Carraro escritora e defensora Pública também vou colocar roteirista também autora diz se Deus me Chamar não vou é sempre a hora da nossa morte amém esses nomes da Mariana os títulos são sempre maravilhosos não fossem as sílabas do sábado consagrado como o melhor Romance no ano passado pelo prêmio São Paulo de Literatura e o mais recente a árvore mais sozinha do mundo e completando essa nossa mesa a gente tem a Silvana tavano que é jornalista com muita
experiência nas redações e entrevistas é autora premiada de livros dedicados a crianças e jovens também o último sábado de Julho amanhece quieto foi o seu primeiro romance e ela lançou também agora acaba de lançar ressuscitar mamutes nós vamos eh falar um pouco sobre esses lançamentos e sobre o processo de escrita dessas nossas grandes autoras que estão aqui bom eu queria começar falando um pouco sobre a gente tá falando de ficção de autoras que estão construindo uma história e histórias instigantes pra gente e é claro que cada livro de vocês traz um caminho diferente em relação
ao processo de escrita mas eu queria saber eh de onde eh cada uma de vocês parte para para para esse exercício de invenção que vocês fazem sabe que fagulhas precisam acontecer para que essas criações nasçam que incômodos que alegrias eu quero eh começar eh talvez então com a vou direcionar pra Carla para que a gente eh comece pensar sobre isso que já disse inclusive que algumas vezes que os acontecimentos são um pouco dessa fagulha que você precisa para começar a escrever mas a gente quer saber mais sobre isso e e vou colocar ainda mais um
componente nessa pergunta para que a gente comece essa conversa então essa fagulha né desse processo de escrita e eh essa escrita ficcional que ao mesmo tempo deve ter um pouco de você Carla bem-vinda Obrigada Bom dia é uma alegria queria primeiro agradecer Ana Lima por essa por essa por esse encontro maravilhoso que a gente tem vivido aqui em Parati pela pelas escolhas que você fez pelas mesas que eu vi e e muito obrigado pelo convite né de est aqui com com esse auditório cheio é muito emocionante mesmo bom eu acho que é sempre é sempre
um pouco enigmático fragmentado como a gente eh como a gente começa uma história né às vezes é uma cena é uma memória é um é uma Faísca é um uma palavra eh eu começo meus livros muito sem saber nada a história vai vai se vai acontecendo a partir do momento em que eu topo escrever que eu topo ouvir que eu topo que eu me coloco disponível então eu sempre digo que o no meu caso quando eu escrevo eu sou um corpo que tá escutando né e mas eu percebo que é sempre a partir de um
acontecimento que é algum acontecimento alguma coisa que me que me coloca um monte de pergunta o que aconteceu antes o que vai acontecer depois esse acontecimento é que me mobiliza e que faz com que eu queira eh ouvir não é e quando você coloca a questão da ficção ou da não ficção o Oliver sax aquele neurologista ele diz o seguinte que por uma questão qualquer o nosso sistema nervoso não consegue inir eh a diferença entre uma experiência ficcional e uma experiência real a gente sente no mesmo lugar e eu acho que a gente escreve também
a partir do mesmo lugar que é um corpo afetado Então eu acho que a minha experiência de escrita começa nesse lugar também de ter um corpo afetado precisando encaminhar alguma coisa muito bem bom eh Mariana eh também pode falar pra gente um pouco dessa fagulha né você em muitos dos seus livros a gente percebe que você não tá escrevendo exatamente sobre o que você viveu né mas sobre o que você quer contar qual a sua fagulha Quais são as suas fagulhas para começar a escrever Mariana Bom dia gente muito feliz de estar aqui sempre venho
a flip mas sempre estive desse lado né então eh eu acho que a a ficção para mim tem uma lembrança do brincar da minha infância né Eu sempre fui cheia de enredos então de repente eu era uma caneta com o dinossaurinho e eu sentia tudo que essa caneta tinha que sentir né ela era fina ela era frágil o dinossauro era macio ele era de pelúcia e eu me entregava aquilo assim que eu aprendi a escrever ali Ainda bem criancinha isso se somou a um prazer estético né acho que eu descobri que o enredo que eu
fazia no chão eu poderia né fazer de um agregar a isso um outro prazer e me apaixonei e eu acho que eu sinto um acionar no cérebro parecido assim no mesmo lugar quando eu vou criar e é como a Carla né meu livro acontece no livro Uma frase vai puxando a outra até eu conhecer realmente o que eu o que eu estou falando né Se precisar alinhar depois mas é na na escrita e não necessariamente De um acontecimento mas de um personagem uma narradora normalmente né então tem os temas que nos assombram aí enfim os
meus tem tinha vinham sendo né maternidade luto morte amizade e esses temas ficam lá borbulhando até encontrar essa narradora que acho que o livro é sobre ela né normalmente ela que sustenta que ela é o livro e sobre a ficção né vou até roubar tua epígrafe Silvano tem uma epígrafe no meio da do livro dela que eu adoro inclusive uma frase da eu vira que eu sou muito fã que é justamente sobre isso né que que para você escrever você tem que ser muito sincera e e assim que você é o extremo da Sinceridade você
encontra a verdade que aí sim você fez ficção que é uma mentira então eu gosto muito desse joguinho dela porque essa entrega completa a verdade de uma pessoa que não não necessariamente existe né ou mesmo que seja uma pessoa existente mas dentro de um de uma linguagem de um léxico que você identifica como literário traz um potencial de de arrebatamento e de entrega que para mim é uma das razões pelas quais a gente existe né assim um dos prazeres de se estar vivo ler e no meu caso também escrever literatura sim Silvana você acabou e
de lançar um livro eh ressuscitar mamutes e eu eu parti do geral para com elas mas eu vou ser um pouco mais direta com você ficamente desse livro e até pra gente entender o seu processo você tava na pandemia né foi foi no meio da pandemia que você começa a escrever esse livro e tem a tal fagulha que eh essa esse documentário sobre esse ressuscitar esse possível ressuscitar dos mamutes isso eh aconteceu com você nesse livro e geralmente acontece assim a partir de de algo que você viu nem sempre né bom bom dia bom dia
bom dia eh é difícil tá aqui ver todo mundo a gente não pode não ficar nervoso se até a Carla fica nervosa né Todos estamos mas Bom dia muito obrigada por tudo obrigada por esse convite É uma honra enorme tá aqui obrigada Ana eh eu acho que cada livro começa de um jeito viu Adriana e pelo menos no meu caso às vezes é uma coisa que você viu uma coisa que você sentiu às vezes um sonho né vem de muitos lugares né uma frase que você ouve sem querer né Então essa fagulha eh o que
acontece que acho que tem em comum entre nós é que a fagulha tá sempre em volta né E qualquer coisa ela né eh no caso dos mamutes eu tenho uma fagulha que se chama tempo que é o meu tema desde sempre o tempo eh me provoca me inquieta me me me traz sempre muita as questões e durante a pandemia especificamente acho que foi aquele tempo maluco distópico que acho difícil alguém não ter pensado no tempo naquele momento né que não tinha domingo não tinha segunda-feira né era uma uma vida estranhamente suspensa dentro das casas para
quem pôde ficar dentro das casas e acontecendo de tudo lá fora né então uma sensação de impotência que de fato eu acho que a impotência que a gente sente o tempo todo diante do tempo né e a gente quer tentar escravizar esse tempo do relógio acreditar que tem passado presente e futuro para meio não sentir essa impotência eu acho né para ter algum tipo de controle que de fato não existe Então essa fagulha me persegue eh ela vive comigo ela tá em vários infantis e juvenis que de outras formas o tempo tá lá e quando
na pandemia Eh meu companheiro que tá aqui que eu jamais pararia para assistir um doent comentário desses mas esse tipo de assunto ele que me traz entre outros e ele falou vem ver isso tal assisti e fiquei muito intrigada porque eu achei assim tão distópico quanto tudo aquilo que a gente estava vivendo falei Como assim ressuscitar mamutes né e e ouvi fiquei muito curiosa e depois eu fui pro Google e comecei a pesquisar e de fato é assim muitas pesquisas né muitos cientistas em vários lugares do mundo que tão eh acredit and que a pesquisa
genética eh estão investindo em pesquisa genética para poder eh trazer de volta grandes animais da mega fauna que por serem enormes vão conseguir eh manter o permafrost ali né pisotear para que os gases venenosos não não saiam né e nos nos envenenam e os mamutes no caso Além disso iam fazer grandes cocôs e e e fertilizar muito a a tundra então e mamute é um bicho muito mítico né depois pesquisando eu descobri que Logo mais eles vão trazer o Dodô vão trazer não dizem que vão ressuscitar os dodôs né nas ilhas sempre com esse intuito
de de eh restabelecer a questão climática né Eh que eu acho que assim tá super atrasado já tinha que ter mamute andando aqui agora né então sei lá mas isso me despertou a ideia que veio muito forte para mim não foi exatamente os mamutes eh não foram exatamente os mamut foi a questão de buscar no passado uma solução pro Futuro né Eh e isso isso foi me me contaminando eh e eu fui escrevendo e pesquisando e escrevendo eram fragmentos sobre o tempo e E aí apareceu essa mãe Eh que a narradora conseguiu fazer nessa personagem
o tempo encarnar essa mãe de forma a colocar o que eu queria colocar em cena eu queria que eh experimentasse o que eu experimentava que é perceber que o passado presente futuro acontece o tempo todo a gente vive nesse simultâneo Eu Quis colocar isso no livro não sei se eu consegui mas conseguiu e essa mãe que acaba sendo [Aplausos] essa essa mãe que chega eh e toma esse espaço para falar do tempo essa essa narradora fala sobre essa mãe e é um processo de luto também né Eh é um processo de luto e essa narradora
a partir eh desse pensamento sobre o tempo e pensando sobre o luto dela reescreve a história da mãe e aí a gente volta para essa questão que a gente começou aqui né na ficção eh onde é eh O que é verdade o que o que é ficção O que é documental né e eu acho que assim posso falar só pegar com disso que você falou que não importa o que é Real o que não é real o que importa é o que a gente faz com com a realidade o que a ficção faz com a
realidade né sim sim acho que isso acho que tem eu acho que tem a ver também com essa equação com memória e esquecimento né O que que resta como verdade ou o que que resta como um uma uma memória eh que você não eh pegando um pouco do que a Mari falou né assim a ficção às vezes é uma verdade que não aconteceu mas tudo bem é alguma coisa que tá ali que te afetou né E que você transforma Aquilo em uma história ou em alguma coisa que você quer contar que precisa ser contada com
a linguagem né acho que é linguagem é a linguagem que vai trazer essa história e e as literária a linguagem literária ela dá uma desarmada na na gente né como leitores então a gente fica permeável uma vez que você pegou aquela camada de de estética né e de como as as frases estão você desarma seja pelo cômico seja pelo drama seja pelo mero né estratégia literária E aí o que vem né narrado seja uma história verdadeira ou não eh vai te tocar de uma outra forma né às vezes eu sinto até que é como se
você assim você vai ler um documento uma tese uma matéria sobre uma uma situação é você colocar o o o sachê de chá numa água fria vai você vai sentir vai vai sair vai atingir um pouquinho aí a literatura dá uma esquentada boa nessa água né para você né pegar de vez esse esse chazinho mesmo outro dia eu conversei com uma uma livreira de uma livraria de rua que é uma uma figura que eu gosto muito lá em Bel Horizonte e Eu Sempre converso com ela pergunto sobre os livros e ela me mostrou uns livros
ela virou para mim falou assim olha esse livro aqui o pensamento é bom mas falta sentir e eu achei muito legal ela falar isso assim porque tem a ver aí com isso né Mário assim o quanto você eh você vai precisar da linguagem vai precisar para para contar uma história eu sinto assim que em tudo é rio que tem uma uma história extremamente violenta o quanto você precisa de um pouco de linguagem poética para que a gente consiga olhar para aquele acontecimento nos outros livros como vespera a natureza mordida tem um pouco do humor ou
tem um pouco de invenção na linguagem um pouco de ludicidade na linguagem para que você dê conta de uma de um de olhar paraa sombra paraa tragédia para para porque que nós enquanto humanidade somos capazes Então você leva a literatura para um território que realmente não se trata do que aconteceu ou não aconteceu mas a possibilidade do acontecimento e eu acho que é aí que tá eh a força né a coisa que nos mobiliza e nos impacta ontem ouvindo aqui a mesa do Eduardo Lui ele falou Olha tem uma certa situação que eu vivo não
é que o outro vai conseguir viver mas o que tá posto é a possibilidade de que se consiga viver né então é por aí que eu acho que a literatura leva a gente eu queria aproveitar a coisa da linguagem que eu acho que a gente que escreve né e e a gente que lê também né todos nós eh é muito encantador o que a literatura faz quando a palavra acaba dando forma porque eu ainda não existe quando você eh consegue chegar na linguagem nas palavras eh que nomeiam o invisível né isso eu acho que quando
a gente entra no fluxo da escrita é a melhor parte da brincadeira né e isso é a linguagem que traz né sim bom eh antes de fazer a próxima pergunta eu queria dizer para vocês que vocês também podem fazer perguntas Eu tinha esquecido de abrir essa possibilidade para esse público tão grande que quer dialogar com as nossas autoras então vocês também podem fazer perguntas e a gente vai na medida do possível encaminhando para as autoras que estão aqui muito bem a gente tá eh embrenhada nesse processo da linguagem Então vamos falar dessas vozes que encontam
essas histórias dos livros de vocês e eu tô eh começando eh um pouco eh tentando fazer essa arquitetura da linguagem de vocês antes da gente entrar nos temas que são tão eh eh instigantes pra gente mas eu queria entender melhor mesmo é a a sobre a escolha dessas vozes que contam essas histórias né e e as conexões Inclusive a partir dessa escolha com o estilo e com o ritmo que vocês querem e e com a experiência que vocês querem proporcionar para pros leitores Mariana você nos seus eh em três os seus romances você tá ali
em primeira pessoa são as suas protagonistas mulheres são protagonistas maravilhosas e E aí a gente tá em contato com essas mulheres com a partir desse fluxo de pensamento dela elas muito próximo sabendo o que elas eh tão pensando sabendo o que elas estão eh sentindo isso é uma eh era uma marca da sua literatura é uma marca da sua literatura só que aí você chega com esse eh novo romance eh a árvore mais sozinha do mundo em que os narradores são eh uma árvore e os objetos que cercam uma família de agricultores gaúchos essa família
que trabalha no cultivo de de fumo então que objetos são esses é uma capa usada eh por essas pessoas eh na hora da aplicação do agrotóxico também uma caminhonete antiga que também fala sobre essa família um espelho português que tá dentro da casa e tem essa árvore também é interessante porque quando os a as ações acontecem do lado de fora da casa eh e e e nesse cenário dessa desse sítio dessa Fazenda a árvore Conta essa história pra gente mas a partir do momento que eh a gente entra dentro da casa o espelho começa a
contar essa história pra gente quando elas eh quando a família Sai e se desloca a caminhonete Conta essa história pra gente na na na na na plantação essa capa que Conta essa história pra gente então eu queria eh que você falasse um pouco da Escolha por esses objetos com contarem a a história dessa família e essa mudança para você deve ter sido bem instigante Ai obrigada pela pergunta eu acho que eu queria manter Justamente a primeira pessoa né então tem essa razão pragmática de literária mesmo da da Escolha desses narradores assim que me veio essa
notícia que era uma reportagem da Paula Sperb né jornalista Gaúcha que dizia epidemia de suicídios no Rio Grande do Sul então isso já veio primeiro Fiquei chocada como ser o humano e logo depois me interessei como escritora e fui entender esse sistema de produção que gera super endividamento e a contaminação por agrotóxico né E aí eu queria contar na primeira pessoa mas eu não queria que essas pessoas tivessem o domínio do que tá acontecendo porque eu me fiei também a a realidade nesse caso e São pessoas que estão trabalhando com isso sem a noção exata
de como é esse contrato e que juros como é que ele acumula né E nem o risco a saúde mental eles não t tão afastados da cidade então não estão entendendo que depressão química essa que tá cometendo essas pessoas A a média de suicídio é muito mais alta que a brasileira né por isso que eles estão associando a produção de tabaco e aí a ideia já me veio assim com os narradores que manteriam as digressões que eu gosto né e o fluxo do pensamento deles mas não humanos e aí como você falou né fica geográfico
que nem a eu vir vinha de novo gente obsecada ela falava bastante que o narrador não é uma pessoa ele é um lugar nesse caso acho que mais do que nunca porque eh quando tá na plantação ou a árvore ou a roupa estão dando conta e as Crianças correm para dentro de casa O espelho já assume ele tem uma visão muito mais íntima e as personalidades dos narradores são diferentes O espelho já mais cínico ele vê umas umas coisas muito mais próximas ele é pelo olhar dele que a gente vê por exemplo Despertar de sexualidade
de adolescente e ele vê de uma forma muito patética né então a gente vai e ao mesmo tempo a árvore ela tem uma devoção ao ser humano e a gente eu queria que a gente chegasse a a ser Devotos a essa família como ela né ela Aprecia a maciez da nossa carne e o gesto do nosso abraço que ela não tem e também não entende as intemperes como possível provocação do ser humano né Então ela tá lá eh se sentindo culpada dizendo eu não faço parte dessa atrocidade então também da gente conseguir ver por esses
olhos né Tem tem essa esse motivo pragmático e eu acho que já tava no sílabas eo não fossem as sílabas do sábado senti isso depois as pessoas mesmo me apontam porque a gestante fica viúva de repente e na hora que ela volta para casa ela fala que ela sente a dor dos móveis né os móveis o luto amadeirado enfim e que na verdade já era essa esse testemunho que os objetos que estão com a gente Há muitas décadas tem se ela entrava lá o móvel parecia falar para ela essa aí não é sua vida não
sua vida a gente lembra isso aqui é um simulacro né essa cadeira que ficou aqui mal posicionada ela é uma cadeira que tá achando que vai voltar alguém aqui aqui para sentar nela e se você tá pensando no no na sensação da cadeira você sabe que é uma pessoa que saiu de lá achando que ia sentar mil vezes nessa cadeira e não vai mais né então acho que essa inversão da dor de por onde ela vem também é bacana e uma coisa que me apontaram depois é uma terceira né sensação sobre esses objetos Me perguntaram
muito se eu tinha uma ligação com o pensamento indígena né de essa indiferenciação entre o ser humano e o mundo né o rio a cachoeira e eu não tinha mas eu acho que a minha meu pensamento Urbano na crise climática talvez tenha dado uma volta né E realmente é muito bom nesse momento que a gente seja tudo né ah eu sou a caminhonete Rural o lixo que ela vai ser se eu passo por um rio poluído eu sou essa poluição né Eu sou essa árvore que eu tô cuidando ou não cuidando né não se diferenciar
é um pensamento importante para se houver alguma coisa além de ressuscitar mamutes que a gente ainda possa fazer né mudar essa visão é importante eu até comprei uma ração nova de cachorro que era Natureba veio assim você é o que o seu cachorro come aí eu falou nossa que exagero Mas não é isso né se eu comprar uma ração que que que contamina que né depreda o meio ambiente eu sou essa ração né então ache eu achei que perceberam isso nos meus narradores eu curti a análise a Carla vai falar pra gente agora Carla você
também nos seus três livros você vai experimentando essas vozes e a partir também também dessas escolhas dos narradores eh a gente tem ritmos diferentes do livro e propostas diferentes que você traz pr pra gente como leitor então se eu tenho esse narrador em terceira pessoa mais onisciente que sabe de tudo que bom um pouco do seu primeiro livro né que tudo é Rio a gente vai entrando na vida de todas as pessoas a partir desse narrador nos outros livros A gente já tem uma seja a gente já tem uma narradora eh eh Duas narradoras né
se eh ali uma hora uma ou uma hora outra e você também vai instigando na gente quando você tá dentro de uma história você corta pra outra quando tá dentro de outra corta pra outra e a história vai vai se entrelaçando E então eu queria que você falasse um pouco de como essa escolha também e ajuda você a contar essa história e falando do seu livro novo porque você livro novo não o livro que você está escrevendo agora e e você já adiantou um pouco pra gente que esse livro vai ter mais vozes vai ter
uma polifonia a partir do que você já fez e do que você quer fazer eu queria que você falasse da da importância dessas escolhas né bom primeiro queria falar que o livro da M né assim é uma coisa impressionante o exercício de de encontrar a voz né porque você sei lá você pode investigar como é a voz voz de uma criança a voz você já ouviu e tal mas você encontrar a voz de um espelho de uma caminhonete de uma árvore porque a o espelho a camionete a árvore a capa eles eles precisam escolher palavras
eles precisam escolher eh estrutura de frase eles precisam ter uma personalidade uma tonalidade então assim é incrível realmente inos Obrigada eh [Música] eu acho que todo autor ele se vê às voltas com essa decisão como eu vou contar essa história porque talvez a grande coisa não seja exatamente eh contar alguma coisa que nunca foi contada mas contar de uma maneira que você tire uma certa poeira daquilo que você já viu acontecer que você sei lá dá uma restada no olhar né Eh uma balançada assim na capacidade de olhar para uma coisa que você já viu
outras vezes mas com frescor alguma coisa que você fala nossa isso em algum momento fez sentido isso me lembra a história né daquela pessoa que chega Ema e conta pro marido Nossa eu entendi isso isso isso porque ela acabou de encontrar com uma amiga aí o marido vira e fala assim tem séculos que eu te falo isso e você não ouvia aquilo né Então essa escolha do narrador tem um pouco a ver eh assim eu acho que talvez seja uma das principais decisões de um autor como eu vou contar essa história com que voz eu
vou contar essa história né de que ponto de vista e quando eu fiz estud Rio eu não tinha pretensão nenhuma de fazer um livro eh eu nunca tinha não foi uma coisa planejada vou ser uma escritora quero escrever um livro eu comecei muito ludicamente muito despretenciosamente a fazer um exercício de linguagem por puro gosto assim porque eh as linguagens artísticas me colocam num lugar de muito de muito prazer de muito gozo mesmo por mais que eu tenha uma grande angústia a ser encaminhada ten uma camada de de estar fazendo o que eu quero estar fazendo
e isso é sempre muito potente né e eu comecei então muito despretenciosamente e e sem conhecimento mesmo sem cono no sentido de um conhecimento formal de como se se como se faz um narrador eh esse narrador é onisciente ou não é onisciente foi foi muito intuitivo Mas tinha uma coisa nesse narrador que eu percebia com uma força muito grande que ele ia sendo contaminado pela pela personagem de repente vazava a voz da personagem no meio da narrativa e isso foi me interessando muito e então tudo é R seguiu mais ou menos isso quando eu terminei
primeiro Meu sentimento foi eu não vou escrever mais nada já falei tudo que eu precisava falar não quero mais escrever nada e comecei já a ser perturbada por uma por uma outra voz e pelo Desejo voltou o desejo da experiência da escrita e eu falei mas eu quero fazer uma coisa eu não quero repetir a experiência de tuder Rio Eu quero um novo desafio eu quero fazer de uma outra maneira e eu comecei a escrever uma história que é contada na primeira pessoa por uma psicanalista uma uma pessoa eh mais velha que tá num processo
de demência e para uma jovem jornalista e eu tinha para mim que essas vozes não podiam ser iguais que precisava existir uma diferença no jeito de falar de uma e de outra e isso foi um uma coisa muito desaf adora que eu tive muitas dúvidas se eu tava conseguindo porque a voz de uma senhora de 80 anos psicanalista Demenciano ela não era intuitiva para mim então ela me suava meio artificial eu senti uma coisa ali que que me incomodava então foi extremamente desafiador eh e eu também queria escrever um livro que ninguém quisesse grifar nada
Porque tuder já era muito poético e as pessoas tinham uma relação com com o poético ali muito forte eu falava não eu quero escrever e é muito legal que eu falo muito dos meus livros em alguns lugares e as pessoas falam Ah mas você fracassou eu ia dizer isso para você eu grifei desculpa e quando fui pra véspera ainda tive vontade de explorar uma outra maneira de contar a história porque eu tenho ali um narrador que só muito depois a gente percebe que ele tá implicado na história e a gente depois que a gente sabe
disso a gente não sabe ao certo se o que ele contou é era verdade ou era invenção se ele tava inventando porque Ele conta tudo baseado num acontecimento que chega a ele através de vários fragmentos de fotos de de coisas que ele viu então ele não sabe se ele eh a gente não sabe o que é verdade o que é mentira e El o livro termina com essa frase né Eh a a palavra permite todo tipo de realidade você conta o fim do livro não não mas não vai dar para ninguém saber nada mas é
isso né assim e a palavra ela permite todo tipo de realidade né sim e e esse e o exercício que você tá fazendo agora bom o exercício que eu tô fazendo agora é de uma polifonia e eu tenho várias vozes ali eh contando uma mesma história mas eu também tenho um narrador e eu tenho duas crianças e também que tão contando eu tenho feito algumas rodas de conversas com crianças para quando comecei tava contando a gente se encontrou ontem tá gente tudo aqui foi ensaiado tá eh e a gente então ficou conversando sobre essa roda
e e não vamos falar sobre o que nós conversamos é melhor não a gente pode começar a falar a gente vai começar a falar de menopausa daqui a pouco é foi um assunto que realmente chegou mundo na gente talvez a gente tenha nos próximos livros quem sabe não inspire vocês porque esse feminino no na e as personagens estão muito muito forte mas eu tava contando né que eu comecei a fazer umas escutas para para ouvir essas vozes né porque eh eu comecei a fazer algumas crianças na hora que eu fui ler eu falei não as
crianças essa criança aqui tá muito sabidona eu acho que que a criança não sabe tanta coisa e aí fiz duas rodas de conversa com crianças de 7 8 anos depois com criança de 11 anos 12 anos e aí falei gente tolinha né tolinha as crianças assim estão tão conversando sobre diversidade sobre racismo sobre elas têm noção de uma criança de 7 8 anos falando olha a classe média então assim realmente é vou ter que comer muito feijão eh eu vou eu vou passar pra gente é pra Silvana também eh entrar nessa conversa mas depois a
Mari pode falar um pouco sobre essa essa voz de uma criança porque o o primeiro livro dela a personagem principal tem 11 anos e uma Lucidez e um sofrimento mas eh eh Silvana eu tava eh prestando atenção aqui eh na Carla dizendo que em determinado momento a personagem quis falar a personagem quis falar e você e e e e um dos seus livros também a gente percebe isso não percebe a personagem eu só queria fazer um um parênteses antes eh porque como eu tenho muitos livros infantis e e para jovens eu tô muito acostumada assim
Naor de ter papo entre o o apontador e o lápis o prego e o quadro né então e é um exercício muito bom de fazer né você deixar de ser e tentar olhar pro mundo com os olhos de um apontador né ou de um lápis que tá morrendo de medo de ser apontado porque é a morte né para ele então eh a Literatura Infantil me trouxe muito né e conversar com criança é maravilhoso né agora mas tem uma dimensão diferente é Claro né claro dentro dessa dessa persp do objeto narrar dentro da Literatura Infantil com
certeza não e fora isso a criança conversar com criança faz você se reconectar com a sua criança também né E isso te fazer o ver o mundo de uma forma muito diferente com uma curiosidade que a gente vai perdendo conforme vai virando adulto né mais ainda perto da menopausa né vai piorando Olha o tema aí mas tem hora que sim a personagem quer falar né sim a personagem quer falar a gente eh tanto o último sábado de Julho amanhece quieto eh é um livro que fala um pouco é é dolorido né Tem uma é uma
dor é a vida e a morte no mesmo tempo a gente falando do tempo de novo é É sobre o tempo é sobre o tempo é o tempo que move a narrativa o tempo de um luto e o tempo de uma gestação é sempre o tempo eu descobri que tem vários infantis com o tempo eu já vi que é uma obsessão mesmo né Essa mulher grávida que perde o marido né é uma mulher grávida que é vira viúva e o livro fala um pouco desse processo dela só que não é exatamente ela narrando né ou
é ela um pouco assim distante só que em alguns momentos ela invade Nossa a história eu tinha que ter ter momentos em que ela pudesse falar e pôr essa dor escancarada mas se eu fizesse isso do começo ao enfim ia ficar insuportável porque era muita dor então na meu objetivo não era fazer as pessoas chorarem na primeira e última página não é por aí né Ia ficar talvez melodramático né não porque a dor dela era muito intensa então eu criei esse narrador eh muito colado nela né E que acompanha eh um um um uma voz
que tá sempre com ela e que vê tudo pelos olhos dela da perspectiva dela mas que tem alguma distância então essa pequeníssima distância que esse narrador tem da da personagem eh possibilita que nem tudo seja tão dramático né ele consegue e e para pensar esse narrador eh eu queria que fosse um homem a voz porque o narrador é um personagem a gente tem que construir esse personagem eh da mesma forma que um personagem que tem nome RG endereço dentro da história o narrador ele é invisível mas ele pro autor pro escritor ele tem que ter
casa RG tem que ter tudo né e eu queria que fosse um homem que tivesse com a Beatriz com a personagem uma relação não de homem e mulher amorosa nem sexual nem paterna porque ela já tem o pai na história eu queria que fosse um homem eh um homem com uma alma feminina um homem que olha para as mulheres com com com amor mas não amor eh de homem e mulher né com eh com compreensão e com muita delicadeza né Então tinha que ouvir essa voz para poder eh fazer ele acompanhar a história da Beatriz
com menos eh aconchegante mas não dando vazão a tudo que ela tava sentindo sim agora já em já em ressuscitar mamutes a gente tem já essa narradora mesmo né em primeira pessoa então é essa voz que eh que narra tudo pra gente só que eh pensando na linguagem a gente eh percebe uma uma uma uma narrativa híbrida de alguma forma ali né tem porque um pouco ensaística ou não a memória é invenção né É é invenção e ela volta muito híbrida porque a gente lembra do que não viveu a gente lembra do que a gente
desejou viver né é isso que acontece com essa narradora e é tão híbrida quanto vão ser on dia os mamutes se voltarem né que vão ser elefantes vão ser híbridos de elefante com mamut v ser os mam Fontes então a memória também é um mam fonte né e e e claro que tem muita coisa desta narradora com essa mãe muita é o que eu falei o que é verdade o que não é verdade e o que a gente faz com o que que a ficção faz com a verdade é outro outra outra coisa né mas
eh tem uma amiga que não por acaso é psicanal lista a Débora de Paula Souza que quando ela leu o livro ela me disse eh uma coisa que me impactou muito e que me fez pensar ela disse que o livro cutuca um coágulo aspas que é a frase dela o coágulo que é a mãe na nossa vida e de onde de onde decorrem todas as hemorragias eh porque é uma coisa muito sanguínea né e não é exatamente assim a frase dela é melhor mas sentido esse e me fez eh me impactou vso dela porque a
partir do do momento que eu comecei a ouvir as leituras receber as leituras dos das dos leitores né muitas mulheres que me falavam assim ah me vi ali minha mãe me vê minha avó vê minha filha quer dizer e o que eu achei mais legal de leitores homens né recebi muitas muitos retornos de elites vi a relação com a minha mãe senti muita saudade da minha mãe então eu achei muito legal e entendi a frase da Débora porque a mãe que tá ali é uma mãe multi né como bem disse a a a a Natália
que tá aqui que fez aquela orelha maravilhosa ela disse muito melhor do que eu tô dizendo fala do amor de todas as filhas por todas as mães né E essa mãe multi ancestral né que acabou casando tudo ali ela ela deixa pegadas eh na nossa vida ela deixa marcas né então ela é a mãe que vai reaparecendo no rosto da gente conforme o tempo passa né são as dores que atravessam gerações e que passam de mãe para filha para neta bisneta né então é isso sim tem uma pergunta aqui eh eh é eh para você
mesmo Silvana eu vou pegar aqui só pra gente continuar E aí depois eu passo pras nossas nossas outras autoras eh quem é É o Márcio ten uma seguinte dúvida no livro ressuscitar mamutes Quais personagens são reais e eu achei interessante isso porque a gente tá justamente mam mamute o que que eu falei os mamutes personagem real é o mam né sim só é isso eu queria que assim se eu puder dizer o grande personagem do livro é o tempo né é o protagonista do livro que também não é real então sim a você entrou nessa
eh numa questão muito interessante pra gente discutir agora que são o que é essa relação de entre mãe e filha que são as relações familiares que são as nossas heranças O que que a gente carrega com a gente a Carla eh nos livros dela mostra pra gente De onde veio esse personagem que família ele teve que Eh que que cotidianos que traumas eh você vai ali quase psicanaliticamente mostrando pra gente como ele eh chegou onde ele chegou as relações familiares para você Carla são importantes nessa na construção da sua história e é um é algo
que Você persegue Eu acho que eu não escapo uhum sabe assim eu acho que eu não escapo dessa eh essa para mim é a questão assim eu acho que essa esse primeiro lugar onde a gente chega no mundo essas relações de como a gente é tratado como a gente eh cuidado ou não cuidado eh como a gente como a gente é atravessado pelo amor nesses primeiros anos de vida né o o amor é é é sempre sobre o amor ou porque ele tá presente ou porque ele tá ausente né ou porque e ele ele foi
dessa ou daquela maneira que aconteceu né então eu acho que é sempre a gente vai de acordo com essa essa primeira experiência que aí eu tô falando da mãe Eh como a gente ouve lá o Eduardo Luiz falar da história dele desse lugar que ele chega no mundo e como is é determinante na na na literatura que ele faz e eu acho que somos todos filhos de nossas mães né nesse essa mãe que nos apresenta o mundo assim tô dizendo de uma função Não só de uma de uma De um acontecimento biológico né mas esse
esse primeiro lugar assim eu tenho uma questão com isso eh isso eu não consigo escapar desse lugar e eu acho que é sempre sobre isso eu acho que eu tô sempre passando a limpo essa essa mesma essa mesma questão não só desculpa desculpa ficou interrompendo desculpa né mas é que isso que você tá falando eu Faz pouco tempo que eu li uma uma frase da Rosa Monteiro que ela cita isaia Berlin num num livro eh para falar dos tipos de escritores que tem os orios e as raposas osos as raposas são escritores que estão sempre
pulando de por novas paisagens buscando histórias ela se identifica como Raposa e os íos são os escritores que estão sempre Enrolados em tornos do mesmo tema né e vejo aqui muitos or isos né só era isso mas eu acho que então eu acho que a partir dessa Coisa familiar assim a gente vai eh dando conta de enxergar eh como é que a gente como é que a gente vai lidando com as nossas potências de bem de mal sabe eu acho que a gente vai vai indo para esse lugar né o que que vai movendo a
gente e o que que vai fazendo a gente eh dar conta do real do que do que é do que tá colocado na vida né claro tô pensando aqui e bom tem tem muitas eh em todos os seus livros e alguns exemplos mas tô pensando nos dois irmãos Caim e Abel e como a gente acompanha a a relação desses irmãos que partem de um mesmo lugar mas que de alguma forma tem vidas totalmente ali diferentes e Sensações diferentes trazem também uma dimensão da da família mas também de quem é cada um né é e que
eu acho que ali né a gente tem algumas questões assim Acho que quando eu tinha terminado de escrever porque eu eu trabalhei com um mito assim com uma história que é a primeira história do do dos primeiros homens que nasceram de Adão e Eva né assim tá ali nessa nessa Matriz ocidental e era uma história que de alguma maneira me impressionava porque eu achava ela muito injusta eu achava assim uma sacanagem Deus aceitar a oferenda de um filho que era eh eh eh pastor ele aceita as premissas e não aceita as oferendas de outro filho
que é um agricultor e ele não aceita a colheita eu falava pô mas isso não faz sentido né ess Ach essa essa primeira história de rejeição e isso me impressionava e e e aí eu precisava entender como essa coisa acontecia eh foi um um desafio para mim porque é uma história conhecida já tinha sido trabalhada por um Saramago eh já tinha sido trabalhada por a leste do Éden né é uma referência que já foi muito trabalhada muito discutida mas por exemplo Saramago no livro dele Caim Ele toma uma decisão muito clara que Deus é péssimo
Deus é péssimo então ele constrói toda a história a partir dessa conclusão e eu queria me agarrar a premissa de Que Deus o conceito de Deus Deus é justo é justo porque é onisciente onipresente ele viu tudo ele sabe tudo ele sabe as razões de todo mundo né e mas como que você reconta essa história como é que eu que eu podia recontar essa história e eu achei no pentateuco uma uma fala que diz o seguinte aquele que ferir ou matar sem intenção de ferir ou matar será dado a ele um lugar aonde ir e
foi dado um lugar para Caim então eu me agarrei nisso aí e e acho uma coisa legal do do livro nessa nessa tentativa de repensar isso essa história de abandono eh é porque algumas pessoas dizem você fez uma inversão o Caim no livro é o é o o legal e o Abel é né porque na história bíblica o Caim que mata Abel e e eu fiquei pensando nisso e tava já terminando o livro por acaso eu abri um livro de Borges assim e aí é é um livro de uma coletânia três volumes do Borges eu
abro um ao acaso que tinha sido uma amiga minha foi lá em casa deixou ele fora do lugar eu tô falando olhando para ela porque ela tá ali ela deixou o livro fora do lugar eu abri o livro por acaso e encontro a frase houve uma morte só não se sabe se de Caim ou Abel isso me impactou muito muito e eu entendi assim que eu queria contar a história de Caim que ele teria uma função na minha história de mostrar que nem sempre é o outro que nos mata às vezes é a gente mesmo
[Aplausos] Sim tem uma questão que vai ajudar a gente a mergulhar eh nesse tema que é paraa Mariana mas que a Júlia que mandou a mensagem aqui pra gente diz que se as outras escritoras quiserem responder também ia ser muito legal eu acho também eh ela tá falando aqui Mariana eh sobre a morte como um tema recorrente na sua literatura né um tema recorrente dos seus romances e faz uma pergunta muito interessante como é que você acha que a possibilidade da linguagem e e a morte se associam e se para você qual seria a voz
da Morte uau é o o o tema da Morte tá realmente em todos os livros porque eu acho que tá no meu pensamento obsessivo realmente uma das narradoras eu não sei se é a sílabas ou sempre a hora Inclusive fala que uma das eh a maior talvez felicidade é o momento que você esquece que você morre você tá fazendo outra coisa tá correndo no parque não lembrou disso mas aí para você perceber essa felicidade é quando você lembrou que você morre Então ela ela não é perceptível uma felicidade que você não consegue fruir e eu
acho que eu vivo assim então Eh o se Deus me Chamar não vou que você comentou né que é a voz infantil uma das questões da Maria Carmen realmente é que ela observou eh essa morte de perto num num prédio né um um idoso faleceu e ficou sozinho morto uns dias e ela se apavorou com isso com a possibilidade de morrer a qualquer momento né também trabalha com loja de de geriátricos né ajuda os pais então ela tem esse contato com o envelhecimento e fica perdida nessas informações então uma criança com medo da morte uma
criança que não está em guerra né enfim uma criança vivendo a vida e pensando nisso e depois não é sempre a hora da nossa morte amém é a idosa que perdeu a memória ela não sabe o que aconteceu dos 30 vai em diante Então as lembranças como at Silvana tava falando ela constrói memórias nesse medo que ela teve a vida inteira né um medo terrível então ela vai lembrar a cada dia que ela acorda como foi que a filha dela morreu se é que ela teve essa filha então é nessa nesse despertar e narrar detalhadamente
o acidente doméstico alguma coisa que ela queria controlar e não conseguia controlar que ela vai revivendo esse possível luto e só tomando gancho mãe e filha né Eu acho que esse é um dos temas que a gente tem de mãe e filha que mais eu sinto esse poder da ficção de arrebatar porque nos nos clubes de leitura ou enfim me escrevem as mães ou as filhas dizendo que leram esse livro ou até mesmo sílabas e foram atrás de uma mãe ou de uma filha que elas não falavam Mais a relação estava rompida e esse livro
totalmente sobre isso teve uma que me falou tive seis filhos e nenhum fala comigo então ela tava com esse livro assim e aí ela mandou pra filha e a filha já tinha escrito de volta Então tava né começando E aí é claro teve uma outra menina também que falou não falo com a minha mãe não temos uma relação mas ao ler a cena dos sílabas em que a mãe toda atrapalhada com essa gravidez porque ficou enlutada não reconhece a gravidez que ela planejou e não se entrega ela passa o cremezinho noturno na neném e é
o único gesto que ela tem que ela sente que ela tá integral lá que ela não precisa da babá que ela tá fazendo de verdade e ela leu isso e ligou de madrugada pra mãe e retomaram uma um um diálogo e se eu tivesse planejado vou escrever um livro para reatar mães e filhas isso nunca ia acontecer então realmente é o poder da linguagem com a ficção que às vezes vai chegar num leitor que tá Pronto né para isso e são livros que falam de morte o tempo todo mas na verdade as pessoas enxergam muito
a a vida de quem na né ama obsecado pela vida o que a Aurora faz o tempo todo é negar que ela tenha que morrer né então acho que a gente vai exorcizando esse pensamento de morte para para viver mesmo né você acha [Aplausos] eh a possibilidade da linguagem e a morte se associam vocês eh também querem comentar essa essa pergunta aqui da Júlia Acho que sim eu fiquei pensando elara Gaspar a filósofa teve aqui na mesa que a Natália fez com ela e com a com a Marcela dant e lá pelas tantas se o
meu italiano não me trai ela disse que somos todos animais mas o animal homem o animal não o ser humano todos sentimos a vida pulsando no planeta como um animal Nós também sentimos só que diferente dos animais nós temos consciência da finitude e Isso muda tudo eh tudo na nossa vida a forma como a gente vive né tão diferente de dos animais né que não tem consciência da morte então acho que a consciência da Morte eh mesmo quem deixa o assunto para depois de amanhã e não quer pensar eh para mim não é assim eh
a morte é um tema eh porque tem a ver com o tempo né Eh eu acho que tá tudo enfronhar não tem como não pensar nisso então mas você não me perguntou nada disso mas vamos não mas mas estamos gostando do que você tá falando é não mas eu a morte é um tema eh mesmo nos livros para criança tem dois ou três livros que falam não diretamente da Morte assim eh tem um livro maravilhoso infantil sobre isso mas não é o meu caso fala de uma ausência de um vazio de uma saudade né porque
a morte pode ser o pai ou a mãe irem morar no exterior se separarem né o cachorrinho morrer né esse esse sentimento de vazio de perda do que do que não existe mais então é o jeito de falar sobre morte com os pequenos e com os grandes também né que pra gente continua sendo difícil lidar com isso eu lá no no véspera eh o na história do mito cim Abel outro dia me disseram Ah você inverteu eu falei não quem continua morrendo no livro é Abel mas essa morte da perda de aderência né você perder
aderência com a vida você perder o interesse na vida e então este eu acho que também é uma maneira de exercitar esse pensamento da relação com a morte mas teve um caso rapidamente Contando um caso eh de uma leitora que tava lendo a natureza da mordida e ela mandou uma mensagem e na hora que eu fui ouvi a mensagem ela dizia o seguinte assassina ela tava furiosa com a cena de morte do livro e ela mandou essa mensagem né então eh é isso Você exercitar este esse poder né da vida e da morte é uma
grande aventura pro autor né sim temos também né Eh nos livros eh de vocês eh essa uma tragédia em em alguns dos livros uma tragédia que muda eh tudo que faz com que a a rota seja eh revista né tem essa Tem essa possibilidade e tem eh uma uma violência nisso tudo se a gente pensar eh nos o primeiro romance por exemplo a gente eh tem dentro de um casal ali né esse esse esse casal eh tem uma relação eh de amor e de ciúmes e é algo muito ali embrenhado os dois e e ele
eu tô aqui com medo de dar spoiler é difícil falar dos livros da Carla não é para quem não quem já leu tudo a quem já leu esse tudo aí a gente ver se pode dar pode falar então pronto Minha gente é estamos num clube de leitura estamos num clube de leitura Então adorei Não faça esse teste comigo tá ai bom eh então [Aplausos] PR Ai obrigada esse teste me liberta aqui agora então a gente tem situações violência doméstica acontecendo a gente tem uma eh uma mulher né Eh sofrendo com a violência doméstica só que
o seu narrador olha para todos esses personagens de uma forma eh até um tanto eu vou dizer até afetuosa e tem uma pergunta aqui de uma de uma pessoa que tá aqui que pensa um pouco sobre isso é a Carla e ela diz o seguinte Carla é você que louca é Adriana é que eu vi Adriana eu pensei que era eu a louca a ficção ficção Estamos aqui no na história da ficção Adriana pergunta paraa Carla eh Carla qual que foi sua reação e o seu sentimento quanto a uma crítica eh sobre uma romantização da
violência doméstica bom Adriana me perguntando Sim essa é uma polêmica de tudo é Rio né é uma uma grande é uma grande questão e e é uma ocasião de conversar um pouco sobre isso eh a grande A grande questão em tuder rio que acontece uma violência e depois de vários vários acontecimentos depois de 7 anos depois do tempo depois de uma série de coisas acontece o perdão e o perdão é alguma coisa que a gente precisa eh sempre combinar do que que a gente tá falando quando a gente fala de perdão porque perdão não é
esquecimento perdão não não é dar um tapinha nas costas e falar tá tudo bem não é isso que é perdão né perdão de alguma maneira é uma certa contabilidade entre memória e esquecimento você vai lembrar o suficiente para aquilo não se repetir e esquecer o suficiente para não atualizar a dor então talvez talvez seja a única chance que a pessoa agredida tem de sair das mãos do agressor é uma camada às vezes que a justiça não alcança porque às vezes não há pena suficiente não há possibilidade suficiente de restaurar uma uma agressão então o perdão
vai atuar numa camada eh muito importante da vítima que é sair do domínio do ódio acho que é um pouco isso não sei se respondia Adriana então não acho que é romantização eu acho que é a possibilidade da gente pensar que Somos imperfeitos e diante dessa condição de imperfeição é importante a gente incluir não a impunidade mas o perdão na nossa lógica eh Mariana eh você também eh fala Eh você já falou que fala dessa dessa questão da Morte e você e a Silvana tem algo que vocês compartilham e que é muito curioso que uma
sinopse curta do do livro de vocês poderia dizer a gente poderia dizer ué elas estão falando da mesma coisa não vamos escapar Mariana esse assunto num sábado ontem a gente combinou que ela não ia falar isso é falaram vocês não vai falar sobre isso não mas eu acho interessante vocês bom vocês já leram primeiro caso de de coincidência literária tem muitos tem muitos mas eu queria inclusive que vocês falassem um pouco sobre essas Coincidências eh sobre essa coincidência especificamente eu tô falando no caso eh da sinopse curta uma mulher eh grávida que vai falar para
o seu marido que que está grávida é um período eh diferente na vida desse casal e ela não consegue falar porque o marido morre e é sábado e é sábado e tá no título das duas tá no título as duas incrível falando sobre isso era meu primeiro romance e ela já tinha vários romances de sucesso Imaginem como eu fiquei quando eu vi verdade Ah não fora fora e essa essa sensação e talvez um certo incômodo eh vocês depois leram o livro Uma da uma da outra e entenderam as diferenças é muito diferente muito diferente esse
MTE Inicial e depois você vai para outro meu me para um lado d outro são enredos muito eu não sei se a Silvana também STI isso talvez o sábado tenha a ver com além de tudo a pessoa perdeu a vida e um final de semana aquela sensação que tava tudo lindo ia começar esse fim de semana e ele morre no começo então e tem o Chico boar que morreu na contramão atrapalhando sabro talvez fique no nosso Imaginário brasileiro isso conduziu e As duas devem ter pensado nisso no qual é o máximo do rompimento da felicidade
e de um plano um projeto de gestação é você sequer conseguir compartilhar essa notícia antes né então acho que essas são as semelhanças do start né e eu também gosto de livro que não é sobre o que vai acontecer mas sobre o que aconteceu como você disse n acontece a tragédia Inicial e dali diante é o que como a vida vai ser nova que os móveis estão julgando não estão aceitando enfim a narradora não aceita e eu acho que o meu como o outro também ele vai para um outro lado Além Do Luto e da
Maternidade que as duas vão ter que enfrentar mais solo que é o das outras famílias que é um tema que eu gosto muito de falar e eu lembro a palestra da Brigite vassalo aqui né na a mesa dela com a Geni é maravilhosa eh sobre as outras famílias que a gente não não valoriza tanto como a conjugal né Então dessa tragédia surge uma amizade muito Improvável com a outra viúva do acidente que a narradora não aceita ela culpabiliza mas que vai criar essa criança junto com ela né e isso vai evoluindo e é sobre isso
e não é sempre a hora da nossa morte amém nesse esquecimento também tá isso né Se vocês estão vai vamos você tá com 40 30 anos e você acorda com 70 e poucos lembrando só o que você viveu até aqui a sua impressão é que essa sua grande amiga que às vezes tá aqui ou tá lá é a sua grande amiga até hoje essa mulher Nossa criei muitas memórias com ela até lá então a Aurora acorda nessa impressão e pode ser que esse vínculo por não ser o conjugal se dispersou você não cuidou e eu
acho que ele não ele é uma família se Deus me Chamar não vou também tem uma família né poliafetiva e diferente e tal então acho que eu gosto de falar muito disso e o direito não acolhe isso também né então por exemplo se eu tenho uma grande amiga que mora com se eu tenho uma grande amiga que mora comigo e eu quero por exemplo ou ou fazer uma fertilização ou adotar com como amigo como projeto de amiga ou amigos uma criança não há essa possibilidade porque o estado quer saber se eu tenho um vínculo afetivo
sexual com essa pessoa e eu sou defensora pública o que eu mais sei é de divórcio catastrófico né então assim não tem eh motivo né Para que você queira que a família tenha um laço conjugal necessariamente ou tenha tido para que divorcia isso seja ainda família Então acho que a amizade é um grande tema meu eu esse livro acaba indo para esse lado né apesar da da morte de um cônjuge Do Luto prolongado que ela tem a respeito disso e a essa maternidade dela vai ficar ligada a essa Associação com essa nova família né que
ela que ela ganhou com essa tragédia os livros são muito diferentes né porque o da Mariana passa quantos anos 10 anos mar passa é tem o tempo também né que você também gosta de falar o tempo de 10 anos do é eu acho lindo como partir de parte dessa sinopse curta tão parecida e e deságua para algo tão É parece exercício de oficina descrita escrev um livro de gão tema umot aí você aí sai duas coisas completamente diferentes mas foi um pouco traumático né tem a Mar levantou essa relação entre e a amizade eh das
mulheres né entre a amizade feminina a outros vínculos você não falou exatamente da amizade entre as mulheres mas outros vínculos outras famílias mas nos livros A gente também percebe que é algo que eh chama a atenção de vocês e é algo que tá na literatura de vocês essa essa possibilidade da troca entre as mulheres delas estarem juntas de terem os atritos de ter essas fricções né Por que que interessa isso a vocês porque isso é vida real né a rede de afeto entre mulheres é muito grande eu acho que todo mundo sente isso né as
amizades entre mulheres os homens aqui que me desculpem mas eu tenho um filho homem e um marido e eles eles tecem as amizades deles não são são diferentes do jeito como a gente constrói as amizades entre mulheres né as conversa é outra eh eles se expõem menos se contam menos E aí por conta disso talvez eles se ajudem menos na hora que precisa né e as mulheres tem essa rede mais Eh mais bem trançada né que a gente vai construindo ao longo da vida ten amigas de 30 anos 40 anos e de uma semana que
já parece que são mais 30 anos né De amizade então eh eu acho que a amizade entre mulheres dos livros escritos por mulheres eh vai aparecer em algum momento seja já lá qual foi o livro é e o legal que a gente tava sexta-feira lá eh late mais alto que daqui eu não te escuto desejo a todas as inimigas me da longa eu pensei domingo eu tô lá sororidade né adoro mulheres Amizade mas é muito isso porque são na verdade não tem porque hierarquizar é isso que eu não não compreendo né porque que ai plano
de saúde é o cônjuge Por que que a gente tem que ter um vínculo só o principal né e poderíamos estar pensando o tempo todo nos vínculos eu acho que tem também falando de violência doméstica uma das violências possíveis e muito mais comuns é o homem tentar isolar essa mulher né Mesmo que seja Sutil ela vai ficando cada vez com menos sensação de que ela tem um mundo para além dele e isso é uma isso indo para um lado extremo né mas também é uma tendência Nossa então falar dessa reforçar essas amizades seja mostrando no
livro que elas se esgarça seja mostrando a potência da da da relação mesmo como família é uma um prazer mesmo que eu tenho Ah é na natureza eh da mordida a gente tem a a Olívia e a Biá né Aham essa amizade entre essas duas conflituosa também não só é é ali tem um encontro muito ao acaso e acaba que acontece quase que um processo de análise né Elas se aproximam e a e como a Bea tá perdendo a memória tá demenci a Olívia conta conta conta conta várias vezes a sua história para Bá e
na medida que ela vai repetindo essa história que eu acho que é muito do que o processo de análise faz né ela começa a a a ter pequenos vazamentos assim de pequenas pequenas coisas que vão ganhando significado Mas tem uma amizade na natureza que é a amizade de Olívia e Rita Ah sim e que é uma amizade que passa por um rompimento e que é extremamente doloroso eh e é muito impressionante a quantidade de pessoas que me escrevem dizendo eu vivi isso com uma amiga a dor que é um rompimento amoroso eh entre amigas Imagino
que entre amigos eh eh mas essa dor de perder uma amizade sem saber exatamente onde você perdeu e que aconteceu a falta que isso faz não é horrível né às vezes não sabe o que o que eu disse de errado o que sempre a minha tendência Pelo menos é achar que eu fiz alguma bobagem né E porque às vezes Tem amizades que se se desfazem assim de uma forma muito inexplicável né a pior é quando é só o tempo mesmo porque você não cuidou e o tempo foi né É E eu acho que tem uma
questão interessante na história de Olívia que uma uma leitora uma vez me falou que eu achei muito legal que é você contar a história de mulheres completamente descolada da questão do homem bom eu já matei os dois na entrada nada [Aplausos] bem e eu botei um homem no meio para atrapalhar mas não no lugar que normalmente se coloca mas eh eh Mas é interessante esse exercício né dessa amizade que ela é revestida de algum nível de Desejo de um nível de admiração e e e de conflitos também né a Beatriz vai vai aguentar esse luto
essa gravidez em luto cercada de amigas e algumas amigas que são umas desculpa umas pente uma uma pentelha né que ela acaba até e tem mas é uma é uma amizade que persiste no tempo pelo afeto não pela afinidade que também isso acontece Você às vezes tem um afeto que continua te ligando aquela pessoa né mas já a vida dela foi para um lado tatua pro outro né ela volta no bolso você jamais mas tem o [Risadas] afeto e como diz o Caetano né quem há Dear de negar que ela lhe é superior né A
Amizade em relação ao amor muito bem e estamos aqui encaminhando pro final obrigada é uma atenção quando a gente fala essa frase Vocês não falam bem eh com uma pergunta aqui do Igor Caracas para todas vocês em tempos de desinformação e intensos ataques à verdade e à Ciência como a ficção ajuda a humanidade a lidar com a realidade e aí é a gente escreve ficção Talvez para fugir da realidade né que hoje em dia tá barra pesada né mas eu acho que ajuda a refletir né E numa realidade que ontem a gente tava conversando sobre
isso a realidade hoje é a realidade da pós-verdade a gente não encontra Chaves eh no real para explicar o que acontece muitas vezes né uma realidade muito agressiva violenta e com com com questões que a gente se sente muito impotente então eu acho que os enredos as histórias dos personagens talvez iluminem mesmo ajudem a a sentir a refletir a despertar eh para Essa realidade que a gente precisa fazer alguma coisa com ela né senão não tá indo bem né não tá dando bom é é muito o que a gente estava dizendo né porque com o
enredo literário a gente alcança mesmo a verdade daquela personagem que é isso o mundo nossa nossa existência e eu vir vinha também falava que que escrever eh não vai mostrar não vai mudar necessariamente o presente mas vai espelhar o futuro então de certa forma nós vamos visualizando isso e sensivelmente né porque é muito diferente por exemplo a matéria da Paula é linda e e e contundente Então as pessoas estão se matando no no Rio Grande do Sul Porque estão contaminadas de agrotóxico mas é diferente você chegar lá a partir de uma família inteira e um
homem gradualmente ficando sem energia e aí as pessoas e né Elas se envolvem completamente é a diferença entre saber e sentir acho que a a ficção vai nos levar assim uma vez que você sente uma verdade você tá muito mais predisposto a a mudá-la ou enfim a encará-la né é eu acho acho que tem um uma coisa que o Milan kundera fala que que é muito para mim tem uma ressonância muito forte que é eh a a o romance a literatura eh ele não tem que examinar a realidade ele tem que meio que apalpar a
existência no sentido de experimentar as possibilidades do que nós somos capazes né O que que nós somos capazes Então acho que na hora que a gente exercita isso na literatura Eu acho que isso nos de alguma maneira nos coloca diante do Real com alguma musculatura né com alguma capacidade de compreender elaborar encaminhar esse real então é muito mais um exercício do eh do que nós somos capazes né do que propriamente de ir lá e e examinar a realidade ou retratar a realidade é muito mais está diante das imensas possibilidades que que a nossa condição humana
e traz pra gente né Muito obrigada Essa foi a mesa invenção e linguagem muito obrigada Carla madeira Silvana tavano Mariana Salomão Carara [Aplausos] [Música]