Educação e empreendedorismo na análise de Silvio Meira

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Nesta entrevista conduzida por Humberto Dantas, o UM BRASIL conversa com Silvio Meira, professor ass...
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[Música] o Brasil é exemplo de tantos outros países do mundo e que só o mundo em geral tem passado por dificuldades expressivas no que diz respeito à legitimação da classe política sobretudo nas democracias representativas mas também do setor ou do poder público em geral professor o senhor trabalhou em organismos públicos universidade pública né e diferentes esferas de poder trabalhou em Ministérios eh como é que a gente consegue fazer com que o cidadão legitime uma iniciativa pública de inovação de empreendedorismo como convencer o cidadão de que o setor público é eficiente ou pode ser eficiente nas
suas iniciativas quando é de de mais de uma forma eh é simples eh assim absurdamente simples porque se a percepção cidadã for de que o poder público está verdadeira e sinceramente tentando resolver um problema que ele cidadão tem ou como visto pessoalmente né Cada um identifica esse problema ou como corpo a cidade identifica aquele problema a a parte vamos dizer de estabelecimento de políticas públicas para inovação empreendedorismo e mesmo para pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico tá estabelecida O problema é que em países como o Brasil nós não temos uma estratégia para tratar grandes problemas
nacionais Ah vamos pegar um exemplo nós temos um mega problema nacional que é o semiárido o semiárido do Nordeste por ex exemplo na parte onde eu tô eh no momento ele passa pela maior seca em 100 anos e a pelo menos 150 anos ele é uma pseudo prioridade desde a época de Dom Pedro I nós vamos resolver o problema da seca o problema da seca não se resolve o problema da seca você trata continuamente com um conjunto de políticas e estratégias Para viabilizar uma economia de semiárido como a Austrália tem como Israel tem como tantos
outros países TM Mas qual que o problema ao invés de estrategicamente se escolher resolver aquele problema no que é possível resolver com ciência com tecnologia com novos métodos e processos com educação com criatividade inovação e empreendedorismo fica se mitigando as consequências do problema AD de eterno consequentemente perde credibilidade Então quando você olha para a iniciativas de inovação Nesse contexto por exemplo de semiárido na Austrália para citar um país e para citar o outro que é Israel eles estão efetivamente tratando esse essa classe de problemas vamos dizer assim porque não é um problema só obviamente uma
rede de problemas conectados como política pública há décadas e com o total apoio da Cidadania que vê o esforço os erros os acertos e os resultados é simples assim agora o Brasil em particular não tem estratégia para nada nessa área a consequência disso é que a gente resolve por exemplo tipo a machinha de carnaval né o Brasil vai lançar foguete e daí né Ah então a gente quer ver balançar mesmo não tem jeito o Brasil vai lançar foguete e fica por isso e você procura o a gente tá resolvendo o que com isso e claro
que tá se tentando resolver alguma coisa mas falta explicitação estratégica que gere as políticas que gere as alianças o envolvimento os investimentos privados não existe inovação apenas como política unicamente pública em quase nenhum lugar do mundo é quase impossível fazer até porque é antieconômico na maioria dos casos mas aqui não a gente ao invés de tratar o problema a gente resolve por um lado fingir que ele não existe ou então mitigar as consequências da existência dele nesse sentido a gente costuma olhar muito para política públicas em geral emprestando a esse olhar uma visão E aí
com todo respeito ao meu ver limitada do ponto de vista de tem mais ou menos orçamento é mais ou menos prioritário pro governo não é uma visão muito limitada tendo em vista essa necessidade por exemplo que o senhor apontou de parcerias com com o setor privado ficar olhando só pro orçamento dizendo o governo investe pouco ou investe muito quer dizer a despeito de pouco ou muito não seria interessante também discutir bem ou mal e em que medida envolver outros agentes não é uma visão limitada não ela é burra mesmo é uma visão burra da realidade
porque principalmente em Estados periféricos e ou semip populistas ou populistas e como é o nosso e a nossa política as pessoas acham que a a relevância de algo se dá na estrutura do poder né né então se tem um ministério é porque é prioritário a gente tem exemplo de governo com mais de 30 Ministérios dos quais 25 pelo menos eram completamente relevantes não serviam para nada aqui aqui talvez seja parte da nossa conversa explicar Qual é a diferença entre importância e relevância né importância é o que eu e você achamos que é e estamos dando
a essa nossa conversa aqui relevância é a importância dessa conversa dada por terceiros que vão estar ali do outro lado vendo o que a gente tá falando e dizer esse negócio importa para mim eu entendi e tem um impacto na minha vida então a relevância externa aos atores sobretudo esses que decidem exatamente a importância dada por eles mesmos então No conserto do poder ter um ministério é importante mas é relevante porque só seria relevante voltando à nossa a pergunta anterior se houvesse uma estratégia dela fossem derivadas políticas e a partir daí fossem derivadas ações e
operações que levassem a pelo menos tentativa de resolver eh problemas reais quando a gente olha para os esforços nacionais eh de qualquer país para resolver grandes desafios e de novo esse aí nós voltamos ao problema do Brasil quais são os grandes desafios brasileiros desafios explicitados em programas eh primeiro de governo como na democracia representativa os candidatos deveriam ter depois na execução desses programas enquanto executivos em todos os níveis qual é o grande desafio das cidades qual é o grande desafio dos estados das mesor regiões Qual é o desafio dos ecossistemas Qual é o desafio do
país como um todo sem a gente explicitar esses desafios fica muito difícil você fazer uma conexão ou um conjunto de conexões que cria uma rede onde o estado ou seja ele Nacional Municipal eh Estadual digga o seguinte ó Eu tenho esse desafio aqui e eu vou investir dessa forma para criar primeiro a base de conhecimento pesquisa e desenvolvimento tá aí a base de disseminação de conhecimento educação tá aí eventualmente em todos os níveis fundamental médio superior pós-graduação depois eu vou incentivar processos de criatividade inovação e empreendedorismo que vão pegar a parte que não é pública
da solução desse problema daqui e v botar no mercado exemplo típico ah existe uma uma uma quase mitologia no Brasil sobre a capacidade de Israel de gerar empresas de alta tecnologia em especial de alta tecnologia de informação e comunicação Israel tem um problema extremamente bem definido de sobrevivência de segurança existe uma política pública para tratar isso com spinoff ou seja com efeitos colaterais na iniciativa privada que é o que eu não for usar que não for de ataque e defesa vai virar a tecnologia Civil para ser aplicada em várias coisas como resultado disso toda uma
rede de formação de empreendedores de criatividade de investidores de alguma forma se apossa desses resultados de primeira ordem que estão no vamos dizer assim mais ou menos no contexto e militar ou bélico ou de defesa que nome que a gente quiser dar para isso e pega os spinoffs dis se transforma em ações de inovação e empreendedorismo no mundo civil no no mundo normal de Business como resultado você tem quase um fluxo contínuo de criação de negócio de alta tecnologia em Israel Quando o senhor coloca que é necessário se planejar se pensar estrategicamente pesquisar aí o
senhor também falou em pós-graduação quer dizer são palavras muito afeitas à lógica acadêmica isso em que medida que a academia tem deve contribuir com isso e qual a crítica que poderia ser feita a uma academia sobretudo nas universidades públicas que parecem por vezes um pouco engessadas em excessos de burocracias em dificuldade de se tornar eficientes em algumas medidas em termos mais estratégicos como é que a gente pode envolver a academia nisso e qual o desafio para se vencer algumas Barreiras intra acadêmicas no mundo inteiro a academia burocrática se você for pensar bem a carreira acadêmica
é na hora que você estabelece que os professores têm estabilidade Isso é verdade para professores de certo grau de senioridade em em todo lugar do mundo seja em universidades de países Ultra capitalistas como os Estados Unidos ou ou estatais completamente estatais como a França a academia ela ela funciona num certo tempo ela tem e ela tem que ter esse tempo é o tempo de reflexão é o tempo de consideração é o tempo dos dos grandes projetos de de busca de longo prazo se não fosse a academia a gente provavelmente não não estaria refletindo eh sobre
a formação das galáxias porque não tem nenhuma não tem nenhum negócio Privado não é que esteja preocupado com Big Bang basicamente e obviamente num outro lado completamente oposto eu pelo menos não conheço nenhum Startup de filosofia então é de se esperar que a academia tem o seu timing mas é de se esperar também que a academia mais científica e tecnológica Ou seja a academia de ciência eh tecnologia engenharia matemática medicina biologia química essa essa academia ela tem uma conexão muito mais forte com o mercado porque senão ela fica fazendo tecnologia de prateleira tipo já fiz
tudo agora só falta alguém para botar no mercado certo mas você conversou com alguém que tava no mercado tem uma conexão tem uma interação quando a gente olha pros grandes centros geradores de novos negócios de tecnologia eh você vê que existe quase uma interpenetração entre o ambiente privado e e e de investimento de criação de novos negócios ou de negócios existentes e seus interesses nos desenvolvimentos a acima ou abaixo da sua cadeia de valor em particular ou talvez ao redor de sua rede de valor eh e essa coisa não existe eh no Brasil não existe
vamos dizer assim nos países periféricos a Academia Brasileira nas áreas mais que que que tem tem maior potencial de intervenção direta no mercado como efeito quase que imediato das suas descobertas elas ela se coloca quase no mesmo departamento vamos dizer assim da filosofia Eu sou professor universitário tô aqui e eu não preciso fazer nada mas a academia também não pode ser culpabilizada por isso ela sozinha por quê vamos voltar pro começo da nossa conversa o país não tem estratégia para nada e não Explicita Quais são os seus desafios isso me dá o direito como pesquisad
que sou de pesquisar o que eu quero o que eu quero e como eu não vejo nenhum direcionamento ou nenhuma priorização que seria resultado do direcionamento de para onde vão os Fundos públicos para resolver qualquer tipo de problema quando se trata de financiar a ciência a tecnologia ou pesquisa e desenvolvimento eu me sinto no direito e pesquisar o que eu quero nesse sentido questões ideológicas emia tem um um um um uma discussão ideológica muito forte né E por vezes finda se transformando num ambiente em que as ideias mais à esquerda sem demérito nenhum obviamente se
fazem mais presentes e mais defendidas isso para essa para esse nosso desafio que o senhor coloca é só um debate ou pode findar sendo uma barreira ou seja olhar o mercado quase que como um adversário ou como algo ruim ou como algo que não precisa ser ser enfrentado ou ou ou ou com o qual se não precisa dialogar eu acho que a a visão política em particular do do de de grupos de pesquisa ou de parte da academia como um todo um pouco mais à esquerda ou muito mais à esquerda Ah se a gente olhar
globalmente ela não tem ela não tem essa essa conotação do jeito que a gente podia dizer de atrapalhar o a o relacionamento entre a universidade e a sociedade em particular a economia talvez a gente pudesse arguir e que os os grupos de professores mais à esquerda no mundo inteiro estariam nos países nórdicos hoje e não na China Tá certo por mais domínio que o partido comunista da China e tenha sobre as Universidades E de resto sobre a China como um todo mas a eu vejo por exemplo nos grupos universitários chineses em todos os níveis de
todas as competências uma espécie de ultra capitalismo nós temos que acelerar o que que a gente tá fazendo aqui porque o mercado tá demandando isso imediatamente eh na China uhum certo enquanto na na nos países nórdicos por exemplo as pessoas estão pensando no longo prazo eh de como é que elas vão literalmente influir a talvez mais radicalmente nos processos de mudança social que leva um planeta mais equilibrado em múltiplos sentidos eh no sentido Ambiental de energia de a entos e assim por diante então eu não acho eu não acho que interfere em particular o que
eu acho que interfere a E aí sim é um isolamento da Universidade Seja lá qual for o viés ideológico seja lá em que país Ah nela mesma dela achar que ela existe porque existe no vácuo a necessidade de se fazer pesquisa é importante a gente a gente eh notar aqui no no nosso contexto brasileiro que a vasta maioria de toda a pesquisa feita no Brasil em todas as áreas é completamente irrelevante vamos voltar para aquela definição do começo importante é o que eu acho que deve ser feito relevante é o que os outros acham que
tem qualidade dentro do contexto que é feito então pra vasta maioria da da da aspas pesquisa que é feita e é publicada a partir do Brasil no Laboratórios brasileiros ela não é citada por absolutamente ninguém significa que ela é irrelevante se ela não é usada como resultado para fazer mudança na economia e na sociedade aqui ou em outro lugar e ao mesmo tempo ela não existe como referência a ser usada por outros pesquisadores no seu trabalho que é completamente ir relevante ela podia nem ser usada como referência pelos pesquisadores nos seus trabalhos mas ao mesmo
tempo ter um mega Impacto econômico social eu podia dizer olha tá aqui eu tô fazendo um troo aqui que não tem nenhuma relevância científica Mas tem uma relevância socioeconômica que não pode ser descartada eu gerei milhares de empregos eu gerei milhões de de reais em o milhões de reais de impacto econômico ou de mudei completamente como era que uma cidade funcionava em função do trabalho que o meu grupo aquele o outro grupo faz o problema que nós temos aí é que isolada em si mesma e talvez em si mesada com o mundo a academia não
participa dos processos de solução dos problemas do país E aí vira um debate completamente fora de contexto e até um certo ponto do ponto de vista do ambiente científico em si sem noção porque é claro que nós não temos os meios no Brasil para fazer ciência a par com por exemplo os top 20 centos americanos ou os top 10 centos Ingleses os top 5 centos franceses e assim por diante mas cria-se uma necessidade de que nós temos que ter o laboratório tal ou laboratório qual ou laboratório x ou y z única ente para acompanhar um
certo Progresso da Ciência sem que haja nenhuma estratégia sem que haja nenhuma decisão Alternativa de porque é que nós precisamos ter isso aí O resultado é que a gente tem ciência Vagalume quando sobra dinheiro a gente bota nela e aí depois morre aí depois Sobrou dinheiro vamos botar em ciência de novo e o resultado disso é que nós não fazemos nada que tem Impacto ou seja se a gente chegasse e dissesse por exemplo né para uma área que eu não sou dela e e e e posso dizer isso em público aqui porque não vão dizer
ó ele tá falando para botar os recurso na dele se a gente chegasse e dissesse ó nós só vamos investir nas áreas de interesse da Embrapa isso é a estratégia Nacional quem quiser fazer qualquer outra coisa mude de país talvez a gente tivesse muito melhor do ponto de vista de impacto científico na nossa realidade socioeconômica hoje do que nós estaríamos eh ou estamos ah fazendo o que a gente tá fazendo que bota um pouquinho em cada lugar e é efetivamente estratégico ou prioritário a gente fala de grandes questões né o mercado a economia falamos da
academia enfim Grandes Questões grandes agentes grandes players nesse nesse mundo pensar no cidadão no indivíduo lá na ponta O senhor falou em educação desde o ensino fundamental até a pós--graduação tem como formar um cidadão pra construção de uma cultura empreendedora e inov quer dizer tem valores a serem transmitidos por exemplo desde a escola em que esse cidadão passe a dialogar com essas questões de maneira absolutamente Central não ou não faz sentido faz sentido eu eu eu estou entre as pessoas que acham que a empreendedorismo não pode ser ensinado só pode ser aprendido não tem como
você inculcar em alguém uma mentalidade empreendedora as pessoas podem aprender dentro de um ambiente favorável ao empreendedorismo elas podem aprender a ser empreendedoras agora uma coisa é absolutamente fundamental nisso é o entendimento de que o processo de criação de empreendedores é o processo de criação de líderes Então a gente tem que antes de pensar em formar empreendedores formar líderes e dentro do processo de formação de líderes porque normalmente quando a gente pensa em formar líderes a gente tá pensando em formar pessoas capaz de liderar outros né ISO todo mundo acha que é isso mas para
você liderar outros primeiro você tem que liderar a si mesmo então qual é o primeiro princípio que envolve você formar um empreendedor é você criar um ambiente que cria ele ambiente oportunidades de aprendizado onde pessoas desde muito jovens vão aprender a carregar se próprias carregar no sentido de eu sou os principais suportes de mim mesmo e olhando lá no longo prazo mesmo você nunca vai montar uma empresa O que é um empreendedor o empreendedor é uma pessoa que empreende a si próprio a sua carreira o seu relacionamento no trabalho a formação das suas redes de
aí nós estamos falando de carreira e de negócios e não pessoais ou familiares ou outras não é então para fazer isso essa coisa básica de formar um líder de si mesmo uma pessoa capaz de empreender a si próprio a gente tem que mudar completamente o Brasil o Brasil é o país mais Tutelar do mundo não é as relações trabalhistas no Brasil são absolutamente tuteladas pelo Estado nos seus mínimos detalhes e com a combinação adicional de Que Nós criamos um funcionalismo público que do ponto de vista estrutural e das ações conjunturais de gestão desses funcionalismo público
ele para a visão de quase todo mundo ele tem menos responsabilidade e menos trabalho do que o funcionalismo privado e ganha mais e tem mais segurança do que ele na hora que você faz isso e você cria um ambiente onde a perspectiva de muita gente na universidade em todas as áreas então quando no nível eh de de de vamos dizer assim do fim da carreira de estudante na universidade eh número suficientemente grande de gente nas nos principais centros com as melhores competências e nós estamos falando de dezenas de por cento dos quase formados ou dos
formados entra numa carreira de concurseiro com o objetivo explícito de se tornar um funcionário público não porque tem necessariamente a vocação Mas porque é mais seguro porque ganha mais e quem sabe eu possa fazer menos quando a gente cria esse ambiente ele funciona ele existe e funciona em detrimento de todos os outros e principalmente do ambiente de empreendedorismo porque o líder é um cara que corre riscos um líder é um construtor de estratégias voltando pro começo da nossa conversa de novo o Brasil Talvez não tenha estratégias porque não tem gente suficiente com competência suficiente para
fazer escolhas arriscadas escolhas sempre são arriscadas é claro que existe o risco da manada de eu est andando junto com todo mundo mas eu tenho aquele desconto que se eu tiver com a manada todo mundo se deu bem ou se deu mal e eu não fiz nada para que isso acontecesse Mas cada vez mais no mundo contemporâ no mundo em rede onde cada um precisa empreender a si próprio nós precisamos urgentemente criar as oportunidades para que líderes se formem se eduquem quem cria o líder é o contexto onde ele existe é habilitar as pessoas para
fazer escolhas e tomar decisões sabendo que riscos estão correndo sem isso é impossível ter empreendedorismo efetivo de bom não vou dizer nem de alto impacto o Brasil não tem esse processo e nem os Lock de os lugares para formar esse pessoal hoje aqui e nem vai ter no curto prazo talvez porque isso seja uma verdadeira revolução cultural uma transformação cultural das mais expressivas agora que a gente pense na ideia da criação desses grandes líderes mas a sociedade culturalmente também precisa reconhecê-los Vamos pensar que um grande empreendedor sujeito que cria um negócio significativamente interessante instigante desafiador
que responda a significativos problemas ou altere lóg e seja reconhecido como tal esse sujeito muitas vezes precisa contratar sujeito precisa de pessoas trabalhando para ele eu preciso formar também esses indivíduos minimamente capazes de entenderem que o empregador não é do mal que o o emprego não é um emprego com essa lógica pública que o senhor tava colocando quer dizer isso também faz parte desse desafio E aí talvez complique de vez não não eu acho que já tá complicado fez porque veja o problema é que a a menos que a gente tenha um ambiente amplo e
restrito de formação de líderes de si próprios o líder Empresarial o líder inovador o líder político ele é um mero acaso do sistema E é isso que eu acho que a gente tem hoje no Brasil sem ter um número grande nacionalmente disperso e profundo Ou seja a tem que ir lá para um ensino é fundamental tem que passar pela estrutura das famílias tem que passar pelas estruturas dos negócios todos tem que passar pela estrutura do setor público das pessoas passarem a se sentir responsáveis o líder é um cara que se sente responsável por alguma coisa
ao se sentir responsável por alguma coisa ele tem que fazer escolhas né Às vezes a gente a gente homenageia no Brasil até na mídia e nacionalmente alguém que estava em algum lugar e tomou uma decisão de fazer o que era certo Contra forças muito maiores do que ele por exemplo isso aí devia ser só a norma esse cara não é um herói tomou tomou a decisão de fazer o que era certo porque isso devia ser absolutamente a norma ele seria um pouco mais herói E aí sim os líderes têm essas características de heroísmo se ele
tivesse resolvido sair da Norma para fazer uma coisa que era certa que era correta naquele contexto que era o que deveria ser feito mas não estava na Norma então tem muita coisa pra gente fazer no Brasil nós temos uma dificuldade ah quase que eh estrutural em todos os sentidos no país e ela parte da gente a refabricar inteiro o sistema educacional isso é um projeto de longo prazo não se modifica um sistema educacional em quro em 8 ou em 12 anos Isso é um um projeto de gerações em todos os lugares onde você mudou inteiramente
a característica do sistema educacional de um país como na Coreia Esse foi um projeto de décadas enquanto o Brasil não olhar para o seu sistema educacional como o maior problema que nós temos na sociedade brasileira como um todo enquanto não tiver uma política e uma estratégia de décadas para refazer esse sistema para criar a partir do que existe que é um sistema de penúria Total tanto conceitual como de execução criar um sistema de excelência e referência para outros países nós não vamos sair do lugar e isso vai levar décadas vencidas essas décadas desde que obviamente
a gente tenha o compromisso de fazer-lo né que para antes de enfrentar as décadas a gente precisa reconhecê-las né ou reconhecer o problema enfim isso eh o senhor o senhor tem dito em algumas em algumas declarações que a gente precisa perder o medo para empreender eu acho que faz todo sentido em relação a tudo que o senhor colou mas o brasileiro em geral em algumas pesquisas é dado como um povo empreendedor ou como um povo que que busca pelo menos entre aspas aí se virar existe uma diferença expressiva entre se virar e ser empreendedor quer
dizer e E aí como é que a gente resolve essa questão vários vários aspectos primeiro a o brasileiro é é sua larga maioria um empreendedor de necessidade não de oportunidade ou seja ele está empreendendo para sobreviver porque o contexto exige porque ele ou perdeu o emprego ou porque ele não tem acesso ao emprego porque não tem a formação e as habilidades e o conhecimento exigidos para aquele emprego então ele acaba empreendendo mas é um empreendedorismo de baixo Impacto é um empreendedorismo que por exemplo não gera trabalho na sua vasta maioria para outros é ali é
o indivíduo dois membros da família que fizeram aspas um negocinho para sobreviver Isso não é um empreendedorismo de oportunidade de quem tem o conhecimento que tem a habilidade quem tem a visão a capacidade analítica de olhar para uma brecha no mercado para um um buraco que tá lá para ser preenchido para uma fratura para um desatendimento que existe no mercado e dizer eu vou resolver esse problema daqui esse tipo de empreendedorismo empreendedorismo de oportunidade especialmente se ele for inovador e de crescimento empreendedor ou onde o crescimento é puxado pelo empreendedor e não pelo mercado aí
sim ele cria trabalho eventualmente muito trabalho ele cria alto impacto e É ele que vai pagar imposto em sua vasta maioria porque esse pequeno aqui de de necessidade ele na maioria das dos casos inclusive ele é completamente informal e se torna cada vez mais informal à medida que o ambiente se torna mais anti empreendedor porque ele não tem como se sustentar então o que que o qual que é na realidade o trans é como é que você forma ou como você cria as oportunidades de formar as pessoas os grupos inteiros grandes quantidades de pessoas que
t a capacidade de tratar empreendedorismo de oportunidade que é óbvio que é muito mais arriscado e exige muito mais conhecimento dedicação e muito mais aceitação de risco do que um empreendimento de necessidade Se eu colocar milho de pipoca no sol é capaz que um estore certo fica a sensação de que esse empreendedorismo de necessidade por vezes vira um cas de sucesso Vira lá uma pipoquinha é aí que tá a questão que o senhor coloca ou que o senhor chama de acaso quer dizer por não formar por não colocar o fogo a manteiga a panela tudo
direitinho por não criar o ambiente ideal é que fica parecendo que é casual vez por outra um um um açogue de uma cidade de interior se transforma no maior eh neg no maior negócio de proteína animal do mundo mas a gente não tem a estrutura para fazer isso o Brasil não tem a estrutura para fazer isso o ambiente ah das escolas em especial das escolas públicas e o ambiente das Universidades ele é completamente anti empreendedor tem mudanças isso tem mudado nos últimos 20 anos mas quando você entra numa Grande Escola Americana como MIT como Stanford
Harvard berkley Qualquer uma outra você vem empreenderismo em todo lado é literalmente como se o ambiente Universitário estivesse cercado de empresas que precisam competir em novos patamares que investidores que estão à procura de novos negócios de financiadores de quase todo tipo de projeto em quase todas as áreas que tá interessado em ver o mundo mudar e em particular ver o mundo mudar para melhor nós temos no momento só pra gente botar no contexto Aqui nós temos no momento nos Estados Unidos uma corrida espacial entre investidores privados não estão competindo com outros países el tem uma
corrida espacial entre eles com um deles pelo menos com o plano de colonizar Marte um plano que nemum outro país tem então como é que isso aconteceu aonde é que tá o conhecimento para fazer isso tá certo com vários desses investidores tem grupos de Tecnologia e Ciência e capacidade de fabricação hoje que tem veículos espaciais que só pra gente comparar aqui a NASA não tem mas isso não aconteceu porque alguém começou e botou uma sala em algum lugar e começou a desenhar a partir de Foguetão Tá certo se você começar a melhorar Foguetão você não
faz uma nave espacial reutilizado de jeito nenhum da mesma forma que você não chegou na lâmpada elétrica a partir da melhoria da vela Você podia melhorar a vela quando você quisesse você jamais chegaria num lâmpada elétrica e você não chegaria da lâmpada elétrica num foguete num satélite e assim por diante Então existe um ambiente inteiro que leva a a novos graus de de competitividade e de uma certa forma a gente tem que perder o medo disso mantendo o discurso dentro da mesma coisa do programa espacial a gente não precisa necessariamente para ter um programa espacial
brasileiro ter um programa espacial estatal brasileiro Você pode ter um programa espacial brasileiro ele é uma política e estratégia e ele pode ser feito com um número muito grande de Agentes que inclusive estão fora do Brasil eventualmente isso acontece no mundo inteiro hoje a gente precisa perder a ideia até para para ser mais empreendedor para ser mais criativo para ser mais inovador a gente per precisa perder a ideia de fronteiras tanto de fronteira do conhecimento em si onde as coisas são cada vez mais interpenetradas para resolver qualquer problema porque os problemas mudaram de grau de
complexidade nas últimas décadas mas a gente precisa perder a ideia da Fronteira de estado e não é só fazendo coisas com outros estados a fronteira de estado eu não tô falando da Fronteira geográfica eu tô falando da Fronteira estatal você diz Ah isso aqui é um projeto de estado certo mas talvez não dê e talvez não adiante tentar você resolver com uma máquina estatal para resolver aquele problema queria terminar fazendo uma provocação no sentido daquilo que nós Temos visto de ação do estado em relação a esses empreendedores de necessidade uma das questões que se tem
percebido como maior clareza é uma tentativa de se formalizar esses indivíduos eh nesse sentido isso é importante a criação por exemplo de questões como o microempreendedor individual e coisas dessa natureza isso é importante porque essa formalização é importante ou mais uma vez a gente cai na armadilha que o senhor colocou do Estado ficar tutelando e criando barreira ou seja e em que em que ponto a gente tá o estado brasileiro acerta nesse sentido as ações do sebrai as ações do governo federal enfim a gente acerta nesse nesse sentido basilar da vida em sociedade a gente
acerta muito eu acho que o sebrai acerta muito microempreendedor individual é um acerto mas nós ainda não estamos atacando o problema essencial da da grande complicação que é a sociedade brasileira ah o o o empreendedor brasileiro ele leva seis vezes mais tempo para pagar imposto se ele tiver decidido a pagar imposto ele leva seis vezes mais tempo do que o empreendedor ali do Chile não estamos nem falando de um país estamos falando de um país em condições semelhantes ch seis vezes mais tempo você no no Brasil a a o grau de complicação da relação entre
o empreendedor e o estado e isso vem por causa das nossas estruturas né de de como é que você cobra imposto como é que você paga e assim por diante o Brasil tem um imposto que é o IPI que é um imposto que não faz nenhum sentido todo mundo sabe disso e é ele que em parte criou o caos eh tarifário eh brasileiro e e e esse essa história de você ficar fazendo concessões cada vez mais complexas cada vez mais difíceis eh de administrar cada vez mais impregnadas por interesses de a de B ou de
C que levam a essa Esse regime de escândalos em quem a gente vive em que a gente vive então o O que que a gente devia fazer primeiro vamos dar uma simplificada geral no estado Tá certo tem estado demais com eh fragmentos demais e demais na vida de todo mundo sejam pessoas empresas Ou organizações se o estado se dedicasse a fazer um mega processo de simplificação dele próprio talvez essas essa fosse a a a o maior mais importante mais relevante em sumo a Inovação e empreendedorismo e competitividade das empresas brasileir porque para ser competitivo você
não precisa eh Tá pensando o tempo todo em inovação empreendedorismo e criatividade Não tem aquela competitividade básica por que que o produto brasileiro por exemplo o produto agrícola brasileiro ele é tão competitivo até a porta da fazenda e da porta da fazenda para chegar no mercado internacional ele perde competitividade em boa parte é por causa da ineficiência da ineficácia da complicação que é o estado brasileiro que tá Depois da porta da Fazenda inovação empreendedorismo e principalmente os mais significativos desafios em termos culturais um Brasil agradece muito essa conversa com Silvio Meira Silvio prazer muito obrigado
[Música] legal C
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