A Semana de Arte Moderna de 1922 | Contexto e Motivações | Paranoia ou Mistificação

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Oi e aí moçada em 2022 acontece o centenário de um dos eventos culturais mais importantes da história brasileira eu tô falando da Semana de Arte Moderna de 1922 evento que marcou o início do Modernismo no Brasil neste curso aqui do Se Liga dividido em três aulas nós vamos saber tudo que envolveu esse evento os personagens principais os fatos que antecederam a semana e também os seus reflexos e nessa primeira aula a gente vai saber um pouquinho do que aconteceu antes da semana de 22 se liga se liga antes da gente falar sobre a Semana de
Arte Moderna a gente precisa meio que saber o que que é ser moderno a palavra moderno vende modernos do latim que significa coisa atual referente aos dias em que nós vivemos mais claro que e do e moderno desse jeito né Por exemplo em termos históricos a idade moderna começou lá em 1453 e durou até a Revolução Francesa em 1789 esse período da história foi marcado por grandes novidades por grandes inovações o desenvolvimento da Engenharia Naval que acabou proporcionando as grandes navegações que por sua vez acabaram interferindo na exploração de novos continentes de novas terras no
mundo das Artes nós tivemos o renascimento que mudou totalmente a forma de pensar e ainda que vemos o iluminismo e várias outras correntes filosóficas tudo isso era muito novo era muito atual só que naqueles tempos né lá no passado mas dentro da literatura e de outras Artes que é o que nos interessa moderno significa muito mais do que uma coisa nova moderno para nós no sentido de ruptura já que todos os modernistas pregavam novidades mas essas novidades elas tinham um motivo tinham a intenção de romper com os padrões estéticos que já estavam Ali há muito
tempo estagnados praticamente desde o renascimento não acontecia nada de novo em termos de estilo literário ou estilos artísticos por exemplo se pegarmos uma pintura romântica do século 19 nós vamos perceber que ela tem muitos traços parecidos com as pinturas renascentistas E olha que uma EA outra Entre uma e outra existem aproximadamente 400 anos de distância as literaturas e as outras Artes também ainda eram muito apegadas as formas eruditas e uma linguagem também bastante formal o te afastar um pouco o público leitor Então o que os modernistas queriam era trazer elemento os povos que mudassem aquela
estética já tão ultrapassada fazendo assim uma coisa totalmente diferente é importante lembrar que a Semana de Arte Moderna não foi um botãozinho vermelho onde a galera apertava o play de repente o tudo ficou moder não as ideias modernistas Elas acabaram vindo se desenvolvendo já um pouco tempo antes mesmo da Semana de Arte Moderna por exemplo o compositor brasileiro Alberto Nepomuceno já lá na metade do século 19 fazia muitas experimentações com a música erudita Um Bom exemplo para gente ver é a música batuque dá só uma olhadinha no que que vai aparecer nesse vídeo é Oi
[Música] e aí vocês perceberam que no meio da orquestra tinha um cara tocando reco-reco pessoal o reco-reco já era um instrumento bastante conhecido das rodas de samba e também dos batuques africanos mas a presença dele dentro dos instrumentos oficiais de uma orquestra soava um tanto estranho mas na verdade era uma inovação uma proposta de juntar o erudito eo Popular trazendo então uma imagem mais moderna para a música que era produzido aqui no Brasil não é à toa que o Alberto Nepomuceno foi um dos inspiradores do Heitor villa-lobos E aí é se o brasileiro que também
é um dos participantes da Semana de Arte Moderna na literatura já tinha uma galera aqui no Brasil que tava inovando nas suas obras com relação ao que eles apresentavam tinha um pouquinho do clássico mas também tinha um pouquinho da Inovação essa galera ficou conhecido como os pré modernistas Por que faziam isso antes da Semana de Arte Moderna eu gosto de falar dos pré-modernistas Começando por Augusto dos Anjos Porque o Augusto dos Anjos escrevia sonetos ele era um poeta sonetista e o soneto vocês sabem é considerada a forma mais perfeita de poesia e segue um esquema
muito rigoroso são 14 versos que são divididos em quatro estrofes sendo que as duas primeiras estrofes tem que ter quatro versos chamadas quartetos e as duas últimas são tercetos ou seja tem apenas três versos é isso dentro de um rigorosíssimo esquema de rima e também de metrificação o Augusto dos Anjos seguia tudo isso à risca só que o tema dos sonetos dele esse era muito diferente do que a galera vinha produzindo nos últimos tempos naquela época quem dominava a literatura eram os parnasianos e os simbolistas essa galera utilizava-se do Soneto para falar de temas nobres
como o amor coragem bravura e heroísmo e ainda de temos espirituais temas ligados à nossa vida depois da morte enfim coisas muito nobres o Augusto dos Anjos pegava algumas palavras científicas e outras palavras meio mórbidas e acabava fazendo um poema que despertava no outro tipo de emoção nas pessoas era mesmo o nojo o asco uma coisa que a gente pode conferir um poema budismo moderno budismo moderno tome Doutor esta tesoura e corte minha singularíssima pessoa que importa a mim que a bicharia rua todo o meu coração depois da morte a um urubu pousou na minha
sorte e também das diatomáceas da Lagoa a criptógama cápsula seus broa ao contato de bronca dextra forte de Souza se portanto minha vida igualmente a uma célula caída na aberração de um óvulo infecundo mas o agregado abstrato da saudades fique batendo nas perpétuas Grades do último verso que eu fizer no mundo vocês perceberam que o cara fala dos bichos que vão roer o corpo dele depois da morte que o médico vai provocar cortando o cara com a tesoura a gente tem lá a criptógama cápsula seus bro explode criptógamas a planta né as diatomáceas da lagoa
que também é um termo científico para se referir a uma planta e tudo falando do fim da vida no último verso que eu fizer no mundo da aberração de um óvulo infecundo bastante complexo bastante asqueroso isso que ele faz né bom além do Augusto dos Anjos nós temos outros pré modernistas como é o caso do meu clides da Cunha que escreveu os Sertões que é praticamente um livro-reportagem onde ele narra os fatos da Guerra de Canudos porém fazendo uma análise daquelas pessoas como moradores de um Brasil diferente ele analisa a guerra por si só mas
ele organiza também ele Analisa também no livro A geografia da região do Sertão nordestino e também a figura do sertanejo nasce aí os primeiros traços do que viria a ser o regionalismo é explorado pelos modernistas além deles também a gente tem que falar de Lima Barreto um cara que produzir uma literatura bastante visceral e que era carregada de crítica social e de críticas aos políticos fazendo com que a sua obra acabasse inovando também na temática assim como Lima Barreto criticou os costumes sociais Monteiro Lobato foi outro que também apresentou grandes críticas Principalmente ao descaso que
o governo tinha com as populações do interior do Brasil principalmente do Vale do Paraíba o Monteiro Lobato apresentava esses personagens como pessoas abandonadas sem direito à saúde à alimentação e à educação tudo isso meio que ficou é condensado dentro da figura do personagem Jeca Tatu um dos mais famosos do Monteiro Lobato só que apesar Monteiro Lobato ter na sua obra algumas ideias o cara de modernismo ele não era muito a favor das ideias modernistas não mas a gente vai ver isso daqui a pouquinho ainda essa aula na Europa os primeiros Aires modernistas vieram com alguns
movimentos que traziam inovações muito grandes tanto que elas eram chamadas de vanguardas as vanguardas europeias Olha só se moderno significa uma coisa atual dos dias de hoje Vanguarda significa uma coisa à frente do seu tempo uma coisa meio do Futuro uma coisa que ainda está por vir então essas vanguardas Acabaram influenciando o modernismo Praticamente em todo o mundo inclusive aqui no Brasil vamos conhecer então as cinco principais vanguardas europeias o expressionismo foi o primeiro movimento artístico a pregar que a arte não precisava ser mimética ou seja as reproduções e não precisavam mostrar o mundo da
forma como ele é para eles era muito mais importante a subjetividade do que a realidade Então as obras expressionistas traziam figura geralmente deformadas figuras grotescas tudo isso com uma expressão muito assustadora além do uso de cores muito fortes e vibrantes Um Bom exemplo é o a pintura o grito de edvard munch que a gente percebe aquela pessoa aquela figura no meio de uma ponte desesperada e meio que isolada do mundo outra Vanguarda que tinha um jeito todo diferentão de representar a realidade era o cubismo os pintores cubistas eles usavam formas geométricas e angulosas para dar
mais atenção para suas obras e utilizavam-se muito de figuras tradicionais da cultura popular como por exemplo as máscaras africanas um ponto bastante curioso dentro do cubismo que acabou tendo reflexos também na literatura é a simultaneidade de fatos que acontecem ao mesmo tempo é como se fosse uma sobreposição de fato por exemplo nesta pintura les demoiselles d'avignon do Pablo Picasso a mulher que tá no canto inferior a gente não consegue saber se ela tá visto virada de frente ou de Costas Aparentemente o tronco dela o corpo dela está de costas e o rosto dela está voltado
para frente aliás esse rosto dessa mulher também lembra uma máscara africana já o surrealismo não queria nenhuma ligação com a realidade é por isso que os pintores surrealistas sempre representavam uma espécie de mundo dos sonhos um espaço totalmente diferente da realidade Nossa enquanto nós estamos acordados mas muito presente no nosso lado inconsciente por isso é que nós e muitas figuras oníricas como aqueles relógios derretidos da obra de Salvador Dalí é o mais subversiva das vanguardas europeias certamente foi O dadaísmo já que os dadaístas não viu necessidade de Nexo naquilo que eles representavam o principal objeto
que eles usavam a principal ferramenta da arte dadaísta era a utilização de objetos comuns do dia a dia re-significados dentro de uma obra de arte ou como uma obra de arte os exemplos que nós temos a história do mictório que é o circo locado de cabeça para baixo ou de uma posição diferente acabou se tornando uma fonte tanto que a obra se chama a fonte mas é na verdade um mictório ou então uma simples roda de bicicleta que colada colocada em cima de um banquinho de madeira vira uma outra coisa com significado totalmente diferente de
acordo com a visão de cada Ah e por fim o futurismo Vanguarda que era considerada anárquica e revolucionária os futuristas eles estavam muito ligados ali aquelas mudanças rápidas que estava acontecendo lá no início do século 20 novos países se formando guerras mundiais outras máquinas surgindo como automóvel o telégrafo o telefone tanta outra novidade tudo isso fazer com que o mundo fosse cada vez mais rápido por isso eles pregavam a velocidade a rapidez de movimentos e claro a superioridade da máquina dentro daquele contexto histórico todo que eles estavam desenvolvendo então na literatura era muito comum os
poetas futuristas utilizar incide onomatopéias que imitavam ronco de motores ou então buzinas e outras máquinas na pintura uma coisa curiosa como que eles utilizavam a velocidade neste quadro e o dinamismo de um carro de um automóvel nós podemos perceber até tem umas figuras que que parece um automóvel mas esse automóvel foi pintado em movimento por isso que nós vemos ele de formado É como se você estivesse numa rua e um carro passar sim alta velocidade você não vê direito Qual é o carro você só vê um borrão e aqui nesse quadro a gente tem a
representação então de um carro em movimento enquanto as vanguardas agitavam o mundo das Artes lá na Europa aqui no Brasil a cidade de São Paulo começava a ganhar Ares de grande metrópole com o fim do Império o Rio de Janeiro foi perdendo um pouco a influência principalmente porque a economia cafeeira estava em Franca expansão e claro criando muitas pessoas ricas e os Barões do Café e outras pessoas começaram então a construir grandes palacetes na capital ah e também foram instaladas as primeiras indústrias muito também por influência dessas elites agrárias para trabalhar nessas indústrias começaram a
vida pessoas de todos os lados camponeses é Imigrantes Operários enfim Gente Pobre todo lado assim a capital paulista ganhava seus Ares de Metrópole Incluindo aí as grandes desigualdades sociais muitos filhos das elites paulistanas passavam temporadas de estudos na Europa e lá tinha um contato com as expressões das vanguardas europeias de volta ao Brasil esses jovens de famílias ricas começavam a por em prática então aquelas novas Vertentes artísticas que estavam sendo utilizadas estavam sendo é muito difundidas lá na Europa só que aqui no Brasil a coisa era meio conservadora e por isso eu não gosto muito
dessas novas tendências que foram introduzidas aqui os adeptos as novas ideias modernistas eram chamados erroneamente aqui no Brasil de futuristas como pessoas que escrevem com pensamentos no futuro claro que isso era uma coisa uma denominação muito abrangente e um fato que era muito curioso é que os mesmos jornais né a mesma imprensa que criticava esses futuristas era também a imprensa que divulgava as obras dessa galera inovador aqui então o debate primeiro entre o modernismo ficava ali Entre uma e outra publicação dos vários jornais que circulavam na cidade de São Paulo só que em 1917 teve
uma crítica que foi pesada demais e ela saiu de um pré-modernista lembra que eu falei do Monteiro Lobato Então olha aí o Lobato criando treta na literatura brasileira e nem foi uma treta literária mas foi uma treta das artes plásticas acontece que no dia doze de dezembro de 1917 a pintora Anita Malfatti filha de uma família rica Paulistana que havia voltado da Europa totalmente influenciada pelo expressionismo lançou a sua exposição de pinturas modernas avião quadros ali como a boba O Homem Amarelo e a mulher de cabelos verdes mas o que impressionava mesmo que chamava a
atenção eram os traços grossos as figuras deformadas e também as cores que não representavam a realidade essas inovações não foram é muito aceitas pelas pessoas pela sociedade e pela crítica o Monteiro Lobato acabou escrevendo um texto que ficou conhecido como a paranoia ou mistificação olha só o que que ele falou da Anita Malfatti há duas espécies de artistas uma composta dos que vem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura a outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam na à luz de teorias efêmeras sob a sugestão estrábica de
escolas Rebeldes surgidas cai lá como furúnculos da cultura excessiva que o Monteiro Lobato não gostasse da estética das obras de Anita Malfatti tudo bem mas daí é chamar de furúnculo da cultura excessiva realmente foi muito pesada tanto que essa crítica acabou mobilizando todos os outros modernistas em torno da causa foi a partir dessa exposição e da crítica do Monteiro Lobato que eles se organizaram para divulgar de forma mais unificada as ideias modernistas e quem se tornou O Pulo dessa luta dessa divulgação mais intensiva foi justamente a Anita Malfatti outro artista outra figura que era muito
conceituada entre os modernistas era O Escultor italiano Victor becher e que se mudou para o Brasil na que imigrou para o Brasil em 1904 as esculturas de brecher e se situavam muito das estátuas e dos monumentos que haviam espalhado sair pela cidade de São Paulo naquela época tem até uma coisa muito curiosa uma historinha bastante curiosa que envolve uma das esculturas do becher e e o escritor Mário de Andrade o Victor preencher ele tem uma série de esculturas que recebeu o nome de cabeça de Cristo elas representavam Jesus Cristo cabisbaixo com traços orientais olhos puxados
nariz muito fino e o queixo pontudo anguloso além de trancinhas no cabelo e o Mário de Andrade adorou escultura e comprou uma das cabeças de Cristo e quando chegou em casa colocou ela lá em cima de um móvel de repente apareceu uma das Tias conservadoras do Mário de Andrade e ela começou a falar tanta coisa a xingar tanto A escultura a considerar aquilo uma blasfêmia uma aberração que o Mário de Andrade simplesmente entrou para o seu quarto e começou a escrever o livro Paulicéia desvairada justamente inspirado na reação absurda da sua tia Victor Brecheret também
participou do concurso que escolheria um monumento que seria erguido no bairro do Ipiranga próximo ao local onde Dom Pedro primeiro teria proclamada a Independência do Brasil nas comemorações do Centenário deste fato histórico o monumento projeto do preferência seria mais ou menos parecido com o monumento às bandeiras que fica próximo ao parque do e não era nos dias de hoje acontece que o projeto né do Vitor Teixeira não agradou nem os jurados nem a imprensa que também era consultado ali para definir o vencedor e assim escolheram O Escultor italiano é todo Ximenes para elaborar para fazer
o monumento do Ipiranga a escolha directory Ximenes para executar o monumento também tinha uma outra intenção é que ele por já ser conceituado no mundo afora atrairia a atenção internacional' para as comemorações do Centenário da Independência do Brasil e também para a cidade de São Paulo só que eu no monumento Claro feito nos moldes clássicos se a gente observar o monumento do Ipiranga ele obedece regras de simetria e também de muito equilíbrio entre as partes que compõem todo aquele conjunto as figuras humanas os representados com traços muito realistas e para deixar mais clássico ainda coisa
existem ainda algumas figuras que não fazem parte da nossa Cultura como é o caso dos leões que ficam lá vigiando né o topo das escadas do monumento isso para os modernistas era extremamente kafona então já que estavam é comemorando o centenário da Independência do Brasil com uma obra que não tinha nada a ver com os ideais modernistas os modernistas então resolveram fazer a sua comemoração do centenário da Independência do Brasil com o evento que iria representar a independência da arte brasileira com relação as Vertentes mais antigas aos modelos clássicos e fixos das Artes assim no
finalzinho de 1921 durante uma festa na casa do ricaço o Prado que era um grande Mecenas um grande incentivador da arte Modernista figuras como Mário de Andrade Oswald de Andrade Menotti del Picchia em vários outros modernistas definiram então a data da Semana de Arte Moderna aqui do Brasil mas isso é assunto para nossa próxima aula se liga e até lá
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