na [Música] Boa noite a todas e todos estamos aqui mais uma noite dia 23 de Abril para continuar a nossa formação Nossa formação continuada nacional para os nossos conselheiros tutelares todos os nossos profissionais da rede de proteção da Infância e adolescência de todo o país nós queremos agradecer imensamente a todos que estão nos acompanhando ao longo desse curso que deu início aí no início do ano estamos muito felizes um curso preparado por muito carinho por todos aqueles envolvidos eu queria cumprimentar a todos os envolvidos a todos os integrantes na pessoa do Dr Cláudio agradecer o
espaço que é concedido eu sou romina Carvalho eu sou promotora de Justiça no Amazonas mulher negra com compõe o Ministério Público do Amazonas na condição de promotora infracional e coordenadora do Centro de Apoio operacional das promotorias de Justiça de infância e juventude É uma honra muito grande estar participando desse evento em outras vezes estive aí nos Bastidores e agora eu estou aqui vindo conhecer todos vocês é uma imensa satisfação alegria estar aqui na noite de hoje apresentando um tema tão importante eu quero cumprimentar Todas As queridas que estão nos Bastidores SUS Elma os nossos palestrantes
que já se fazem presentes Dr Murilo Melilo dout Inori que já se fazem presentes eh a Dra Lívia que logo vai estar conosco quero cumprimentar Maria Cristina dos bastidores e todos os demais colegas que estão no apoio eh e vamos ter uma noite muito proveitosa com um tema importantíssimo e muito aguardado por todos nós principalmente que somos aqui do Amazonas não é mesmo Inori hoje nós vamos tratar do tema diversidade e infância o atendimento a crianças e adolescentes pertencentes a povos originários e comunidades tradicionais a nossa dinâmica continua a mesma nós vamos ter a aí
uma lista que será disponibilizada onde vocês vão poder registrar a frequência de vocês eh essa lista Ela não fica logo no início então não fiquem assim ansiosos por por a a assinar esta lista vamos aproveitar as palestras E aí logo em seguida vai aparecer aí na tela em cima a lista para que vocês possam assinar e registrar a frequência em seguida eh nós vamos eh nós estaremos ouvindo os palestrantes por cada um por 30 minutos hoje nós temos três palestrantes então tema o tempo um pouquinho reduzido e todas as perguntas que estão sendo feitas no
nosso chat estão sendo ricamente e detidamente eh alinhadas Para que sejam perguntadas ao final a cada um então desde logo eu quero cumprimentar a todos dizer que este tema trazer o tema diversidade paraa infância e adolescência é fundamental crianças e adolescentes por sua natureza já são vulneráveis agora Imaginem pensarmos nas crianças e adolescentes negras indígenas trans deficientes Esses são invisíveis excluídos seja por falta de conhecimento normas políticas públicas é um verdadeiro abismo que se cria então a formação e o olhar de conselheiros tutelares atentos para este tema diversidade em seus atendimentos é crucial para garantir
a todas as crianças e os adolescentes Independente de sua origem cultura religião gênero ou orientação sexual os seus direitos e um amplo atendimento daí a importância da nossa noite de hoje dos nossos debates temos eh normas constitucionais compromissos internacionais assinados pelo Brasil e o eca que em seus 33 anos de existência grita os eh os desafios para enfrentarmos essa questão essa questão tão significativa na sociedade atual que é o racismo a opressão de gênero o capacitismo desigualdade social que afeta a vida não só dos adultos mas das crianças e adolescentes sobretudo inclusive na primeira infância
então é urgente que nós possamos assumir o exercício da Equidade racial posto que a discriminação é uma Dura realidade no cotidiano dessas crianças e se reflete em inúmeros nós sabemos que as violências os números os dados de violência Contra Eles são alarmantes são os negros os indígenas todos esses que Eu mencionei as minorias que mais sofrem violência policial mortalidade infantil desnutrição infantil gravidez precoce pobreza menstrual violências domésticas seja abuso psicológico físico sexual e também aqueles que se encontram em maior número no trabalho infantil urge então a formação de um conselho tutelar voltado para um atendimento
intercultural retirando essas crianças da invisibilidade que a nossa noite de hoje seja muito proveitosa e rica para explorarmos esse tema tão amplo pra nossa infância Nós já vamos passar já quero logo passar a palavra neste tema tão importante pra querida representante aqui do Amazonas está aqui do meu lado né aqui na minha terrinha hoje com dia de chuva não está calor aqui em Manaus o dia foi todo de chuva e temos aí a Inori canamari a Inori ela é a primeira advogada indígena da etnia canamari está como presidente da Comissão de Amparo e defesa dos
direitos dos povos indígenas da o bam vice-presidente da comissão especial de Amparo e defesa dos povos indígenas no Conselho Federal da OAB é ativista poetiza membra da alcama Academia de Letras e ciências e cultura da Amazônia e assessora jurídica da ogm organização geral dos mai Runas querida a palavra é sua Eh vamos a aproveitar ricamente esta noite de hoje tá sem áudio Boa noite a todos e a todas primeiramente Quero Agradecer o convite feito pela D romina Dra romina é uma promotora à frente do seu tempo aqui no Estado do Amazonas ela que vem abrindo
portas e praticando a inclusão real nos Espaços que é extremamente necessário e o cocar ele não é uma fantasia ele é uma identidade cultural de nós os povos indígena Isso deve ser respeitado Inclusive eu utilizo cocar nos espaços para demonstrar que nós pessoas indígenas mesmo que enfrentando um processo extremamente longo e doloroso estamos conseguindo ocupar espaços que anteriormente eram compostos exclusivamente por pessoas brancas e elitizadas como é o caso da advocacia e do sistema de Justiça bem é importante ressaltar que a palavra índio ela é uma palavra que jamais deve ser utilizada porque é uma
palavra pejorativa e aqui no Amazonas é muito utilizada quando se quer xingar uma pessoa quando se quer xingar uma pessoa se chama essa pessoa de índio como forma de dizer que essa pessoa é atrasada essa pessoa não consegue compreender as coisas e etc outra palavra que outro termo que geralmente é muito utilizado nos Espaços eh as pessoas se referirem a mim me perguntando de que tribo eu eu pertenço e eu não pertenço a nenhuma tribo eu pertenço a um povo a uma etnia a um grupo étnico a palavra tribo ela remete a pessoas atrasadas isso
Definitivamente não representa nós os povos indígenas bem eh eu tenho consciência social de que eu sou a primeira e única canamari na advocacia Porque eu tive um pouquinho de Privilégio eu pude estudar em uma época em que pessoas indígenas não eram aceitas nos Espaços sobretudo nas escolas então eu tenho uma consciência social de que eu não estou dando voz a nenhum povo e se potencializando essas vozes porque eu acredito que nós enquanto povos indígenas sempre tivemos vozes A diferença é que sempre tentaram nos silenciar e para falar sobre o estatuto do da Criança e do
Adolescente povos indígena nós precisamos eu sempre falo que o direito no meu ponto no meu humilde ponto de Vista enquanto mulher indígena advogada Ele deveria ser pluridimensional do ponto de vista jurídico sim observando as leis mas também do ponto de vista histórico eh observando que fomos invadidos que estamos aqui antes da chegada dos portugueses e que seguimos em uma luta incansável pela nossa existência e também do ponto de vista antropológico observando as especificidades de cada povo uma vez que só no Brasil somos 305 povos indígenas falando aí mais de 274 línguas indígenas o estado do
Amazonas por sua vez é o estado mais indígena no Brasil só na capital Manaus nós somos 28 povos falando mais de 25 línguas indígenas mas por onde passei eu sempre fui a única indígena nos espaços e eu sigo não escutando nenhuma dessas línguas eu não conheço no estado do zonas eh juízes indígenas defensores públicos indígenas Então isso é uma prova de que nós Ainda temos uma luta muito grande para chegarmos nesses espaços ou que no caso da advocacia Será que eu realmente sou a única advogada indígena no Estado do Amazonas ou eu sou a única
com coragem de auto me declarar indígena uma vez que o processo de colonização tanto do Brasil quanto do Estado do Amazonas ainda não terminou E aí para falar sobre o estatuto dos povos em eh sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente é importante falar também que nós temos a constituição federal de 1988 reservou os artigos 231 e 232 para falar sobre nós né E nós temos aí a convenção 169 da oit Organização Internacional do Trabalho resolução 287 do CNJ e a lei 6001 de 1973 estatuto do índio erroneamente chamada de índio Mas enfim está
ultrapassado precisa ser precisa ser renovado e lendo todos esses lendo o artigo 231 o 232 e o estatuto dos povos eh e o estatuto dos povos indígena eu percebo e na na realidade na prática atuando nos territórios em locais de difícil acesso aonde o estado brasileiro não chega mas chega as organizações chega as religiões e chegam os criminosos Eu percebo que essas leis elas não servem para nós porque elas foram pensadas a partir da cabeça do não indígena elas são ótimas pro pra Sociedade do não indígena mas para nós elas não servem porque ela não
respeita as especificidades dos povos indígenas e não reconhece a pluralidade como parte desse estado então Eh o sistema de justiça que é de recente contato com os povos indígenas ele deveria estar preparado com antropólogos com tradutores de línguas indígenas para poder atender a a essa pluralidade essa diversidade cultural e linguística que é tão bonita mas que infelizmente é vista de de forma negativa e aí quando se fala de crianças indígenas precisa também observar por isso a importância dos antropólogos o que é cultura para nós e o que é crime porque nós enquanto sociedade nós temos
os nossos métodos de punição nós temos a nossa própria organização e os crimes dentro da da da dos povos indígenas eles são punido é claro que dificilmente vai ser punido como é punido aqui fora retirando a liberdade porque a liberdade pelo menos pro meu povo canamari é algo de mais precioso que a pessoa tem então retirar a liberdade é retirar a vida dessa pessoa e precisa-se observar a parte cultural de entender que uma pessoa com 16 eh menor de idade em algumas culturas como no povo Denir que fica localizado no Rio Juruá entre o município
de tamarati Carauari e eirunepé Geralmente se casa entre 13 e 14 anos e não é crime porque é cultural então Eh precisa se observar a cultura e a especificidade e o estado brasileiro não está interessado nisso o estado brasileiro não está interessado em se adaptar a nós os povos indígena e quando eu falo isso eu chamo atenção nessa minha defesa do sistema de Justiça de recente contato para dizer que somente 2023 foi feito o primeiro contato do Poder Judiciário com os povos indígenas através da Ministra Rosa Weber que visitou uma aldeia indígena e depois disso
em 2023 houve a tradução da primeira constituição federal para uma língua que é unh Angatu que não é uma língua eh Originalmente indígena é uma língua como se fosse o Esperanto que foi criado para pelo Jesuíta para facilitar a nossa escravização certo e aí o eu tô falando tudo isso para questionar uma coisa será que realmente o Estado está interessado em reconhecer a nós os povos indígena uma vez que sequer o estatuto do indígena sequer os artigos 230 se que a constituição até 2023 estava traduzido para nós e há de se observar que nossa língua
nunca foi o português que o português foi uma língua imposta a nós e que portanto não há como eh nós povos indígenas com eh eh conhecermos a as leis do não indígena se não estão traduzir se não estão traduzidas para nós é importante eh eu sempre chamo a atenção para um judiciário humanizado não há esse cuidado e essa atenção com os povos indígenas em qualquer procedimento seja na delegacia por quê Porque as pessoas indígenas elas chegam nesses espaços as que ainda não estão integrado na sociedade muitas das vezes elas estão indo apenas sacar o bolso
família sair saindo da Aldeia para sacar o bolsa família e retornar paraa Aldeia elas não falam uma língua elas não estão integrado a Essa sociedade não indígena acontece um fato elas são levadas paraa delegacia elas sequer conseguem compreender o português ou se fazer compreender em português e mesmo assim elas são detidas e elas são processadas e são sentenciadas sem o respeito ao devido processo legal sem o respeito ao cont AD itria ampla defesa no sentido de que esta pessoa ela não vai ter uma defesa uma defesa específica ela vai ter uma defesa genérica porque o
defensor público não entende a língua dela e o coitado do Defensor Público ele não tem um tradutor que traduza o que essa pessoa realmente quer falar então Eh o caminho para para que nós possamos eh olhar para uma lei e perceber que ela [Aplausos] realmente nos serve é o sistema de Justiça entender que essas leis elas precisam nos respeitar respeitar a nossa diversidade cultural e a a nossa diversidade linguística e nos interiores do Estado do Amazonas é ainda mais triste por quê Porque o preconceito o racismo e a xenofobia Eles são muito fortes as pessoas
não reconhece a nós povos indígenas como pessoas e isso é uma realidade Então as pessoas não nos veem como pessoa e por exemplo no Vale do Javari quando ocorre algum caso com alguma criança indígena o Conselho Tutelar não sabe como cuidar disso e o Conselho Tutelar aciona as organizações indígenas e as organizações indígenas precisam eh tratar uhum da situação porque o sistema de Justiça delegacia Ministério Público defensoria e juízes não estão preparados para lidar com a diversidade cultural e linguística por favor só me avisa quando o meu tempo já tiver quase terminando pode deixar tá
E aí isso tudo criam Barreiras sociais além da dificuldade de acesso à justiça que nós temos nos casos em que pessoas indígenas quando elas são vítimas dificilmente nós teremos o sistema de Justiça ativo mas quando essas pessoas elas estão como ré no processo aí o estado ele consegue se manter presente se apresentar nos punindo de forma nos punindo né E aí eu trago a reflexão situações em que pessoas indígenas estiver tiveram como ré em processo principalmente em São Gabriel da Cachoeira menores de idades que foram levado ao cárcere e que no final do processo Ficou
comprovado e sendo que para pessoas indígenas o cárcere é uma medida excepcional mas infelizmente nos interiores do Amazonas não é tratado dessa forma o cárcere para pessoas indígenas eh é algo comum Geralmente as pessoas indígenas nesses interiores elas entram como vítimas nas delegacias e saem como ré no processo então nos interiores do Amazona especificamente São Gabriel da Cachoeira aonde já saiu um artigo e um livro sobre isso Onde pessoas indígenas quando vão eh são colocad em cárcere e no final do processo fica demonstrado que elas são inocentes e elas são colocadas em liberdade 90% dessas
pessoas cometem suicídio porque para nós os povos indígenas não é da nossa cultura repetindo a pena de prisão a pena de prisão para as pessoas indígenas é a mesma coisa de tirar a vida dessa pessoa e então Eh mais uma vez chamando atenção para a situação de o sistema de Justiça observar as nossas especificidades está preparado com tradutores das línguas indígenas com oplos para tentar eh violar o mínimo de direitos humanos dos povos indígenas né infelizmente o Brasil ele está Ele tem dificuldade de de reconhecer a nós os povos indígenas como parte desse país e
no Estado do Amazonas que é o estado em que eu me encontro infelizmente a violação contra os direitos humanos dos povos indígenas é algo muito comum e como eu falei o cárcere a prisão de pessoas indígenas é algo excepcional mais no Estado do Amazonas torna-se algo comum pessoas indígenas quando são presas inclusive foi dito isso agora sexta-feira dia 19 através de um relatório apresentada pela D Andre Jes de Medeiro que é uma juíza do tribunal de justiça que está apresentando o relatório de da quantidade de pessoas que se encontram em cárcere privado aqui no Estado
do Amazonas e ela questiona Por que que quando a pessoa indígena no processo Porque que o processo demora tanto a ser julgado pelo juiz e a minha e eu como indígena Eu percebo que essa falta de tradutores e de antropólogos E aí o meu questionamento é até onde o sistema de Justiça brasileiro vai intervir no nosso costume na nossa cultura sem criar prejuízos para nós porque como eu já falei nós temos os métodos de punição e muitas das vezes também ocorre dos crimes O que é considerado crime para vocês também é considerado crime para nós
e essa pessoa indígena Ela já foi processada e julgada pelo Cacique e aqui fora o Ministério Público Como já ocorreu oferece denúncia e como é o caso de Roraima do Denilson que foi processado e julgado o min pelo Cacique o Ministério Público ofereceu denúncia e o Tribunal de Justiça de Roraima não aceitou fundamentando que seria uma violência ao Bis enfim eh Infelizmente eu não tenho assim um dado positivo para falar sobre essa atuação do sistema de justiça em geral em nível Brasil e o beço dos povos indígenas é o Amazonas então todo e qualquer mudança
deve surgir daqui todo e qualquer mudança de melhorias de humanização do sistema de Justiça de aproximar O sistema de Justiça de nós os povos indígena eu defendo que o poder judiciário é de recente contato com os povos indígenas mas a a UAB também é de recente contato com os povos indígenas nós somos exceções em todos os espaços e nós precisamos ser escutado nós precisamos ser ouvido a a a convenção 169 da oit ela não po ir a a Constituição Federal o artigo 231 232 e o estatuto ele não pode ser mais só palavras bonitas escritas
ele precisa realmente funcionar usar o que de melhor nós podemos aproveitar para nós os povos indígenas uma vez que nós fomos invadidos e quando nós estamos em área urbana nós incomodamos a nossa presença incomoda e quando nós estamos nas aldeias Nós também incomodamos porque aí vem a história de que é muita terra para para pouco indígena e que nós não sabemos eh produzir nada então Eh o preconceito ao meu ver Enquanto mulher indígena ele é um dos maiores problemas porque quando não se conhece se tem preconceito então nós os povos indígenas nós precisamos ser conhecidos
por esse sistema de justiça que tem dificuldade de querer se aproximar de nós e de entender a nós os povos indígenas dout romina quanto tempo pode já se caminhar para se encerrar certo e aí eh eu costumo dizer que para a diversidade cultural e linguística Imaginem se o sistema de Justiça respeitasse a nós os povos indígenas começaria por traduzir a conversão 169 traduzir eh a resolução do CNJ 287 todas as outras resoluções e e leis que versam sobre nós de proteção a nós isso seria um primeiro passo importantíssimo e quando eu chamei a atenção para
a situação da Constituição Federal ter sido traduzida somente de 523 anos depois quando ela já havia sido traduzida para o espanhol para o inglês Isso é uma prova para mim de que sim existe um preconceito do sistema de Justiça as pessoas que compõem o sistema de Justiça são quase que exclusivamente com raríssimas exceções pessoas brancas privilegiadas elitizadas e classistas e elas não desejam uma inclusão Real em espaço algum nós seguimos sendo assassinados perseguidos invadidos ameaçados e infelizmente a sociedade não reconhece que esses crimes seguem ocorrendo e é isso muito obrigada estamos assim atentos a tudo
que você falou muitas perguntas foram feitas no chat mas nós vamos reservas para o final eh convidamos você a ficar conosco desse debate até o final para que possamos responder essas perguntas todas eh falando dessa necessidade de ouvir né você falou aí quer ser ouvida quer ser respeitada né a a necessidade desse atendimento quando for feito for feito de forma capacitada que a que que o o o conselheiro ou mesmo qualquer um do sistema de garantia esteja capacitado para para eh eh promover ao atendimento com tradutores com toda uma rede de proteção todo profissional ou
equipe multidisciplinar que seja responsável por aquele atendimento Mas então agora continuando o nosso evento né Nós nós vamos ter na noite de hoje a nossa na em continuidade a nós tivemos um um um não sei se já Estamos contando aqui com a presença da Dra Lívia Santana ah Maravilha Boa noite seja bem-vinda seja bem-vinda querida ao nosso curso a d Lívia Santana é promotora de Justiça do MP da Bahia Doutor em ciências jurídico-políticas pela faculdade de direito da Universidade de Lisboa e coautora do livro A justiça é uma mulher negra coleções coleção juristas negras e
autora do livro cotas raciais coleção feminismos plurais eh a palavra é sua dout Lívia Olá muito boa noite vocês me ouvem bem conseguem me ouvir perfeito primiro muito boa noite eu queria agradecer o convite para tratar de um tema tão importante na diversidade na infância eu atuo como promotora de Justiça da promotoria diplomática racismo intolerância religiosa defesa de comunidades tradicionais e cotas raciais de Salvador é a primeira promotoria de Justiça socializada do Brasil nessa temática e é uma experiência de 8 anos lidando com essas questões lidando com na verdade muitas vezes ausência de diversidade na
infância em alguns espaços eu falo como promotora de Justiça mulher negra antes de tudo que reside e atua na cidade de Salvador que é considerado da cidade mais Negra fora da África Salvador tem uma população de 84% de crianças pessoas negras né portanto são muitas crianças negras mas nós percebemos que por exemplo no ensino privado as crianças não conseguem conviver com a diversidade nós muito raramente temos diversidade nas escolas privadas e essa realidade em Salvador ela se repete em espaços considerados espaços de poder então a gente percebe onde estão as pessoas e portanto as crianças
e as famílias negras e onde elas não estão Quais são os espaços que elas acessam e os espaços que elas não acessam então esses elementos precisam ser de fato eh eh refletidos num encontro como esse quando se fala no atendimento de crianças que fazem parte de comunidades tradicionais e aqui falo especialmente das Comunidades Quilombolas e comunidades negras de um modo geral é muito importante pensar que as crianças negras num país que é estruturalmente racista como o nosso elas são e obrigadas a lidar com o racismo desde a ter infância crianças negras lidam com o racismo
já na primeira infância quando ainda não conseguem ninar esse fenômeno E aí tenho como experiência própria as minhas vivências como menina negra também muitas vezes me perguntam quando é que eu me descobri Negra e eu respondo que eu não me descobri não deu tempo de me descobrir Negra eu fui acusada né de ser negra e aí eu me lembro de um poema cantado que eu quero repetir aqui alguns trechos para vocês de Victória Santa Cruz um poema muito importante que se chama gritaram negra que é sobre entender De que modo é que as crianças negras
são e compelidas a lidar com essa realidade e o poema começa assim tinha 7 anos apenas apenas 7 anos que 7 anos não chegava nem a cinco e de repente umas vozes na rua gritaram-me negra negra negra de repente essas vozes gritavam Negra e eu respondi por acaso sou negra me diz sim Negra Que coisa é ser negra negra e eu não sabia a triste realidade que aquilo escondia né e é essa a resposta que eu costumo dar de não ter tido tempo de me descobrir Negra porque fui criada em famílias negras no seio de
famílias negras mas quando eu acessei o ambiente escolar os ambientes institucionais é que essa acusação começa a existir né Então as crianças negras não conseguem sequer nominar essa dor mas são obrigadas a conviver com elas e é muito doloroso aqui parafraseando a Neusa Santos né no livro tornar-se negro é muito doloroso tornarse uma pessoa negra mas é Libertador E essas crianças precisam ser orientadas nesse processo de tornar-se negras é um processo de fato e difícil denso mas que é necessário para que essas crianças possam elas próprias se libertarem e conseguirem ressignificar essa dor então eu
quero mencionar um trabalho muito importante aqui que é o trabalho da professora Ana Célia dos Santos sua pesquisa sobre a representação do negro no livro didático professora an Célia vai estudar livros didáticos de língua portuguesa e livros infantis e ela tem algumas conclusões importantíssimas sobre esses livros que eu quero compartilhar com vocês a primeira conclusão é de que esses livros não representavam mães negras não havia mães negras representadas nesses livros de língua portuguesa né que eram cidos à crianças eu tenho inclusive uma experiência pessoal da minha própria filha Ou seja eu não estaria representadas e
muitos dos livros didáticos seguem não representando mães negras ainda hoje minha filha mais velha hoje com 12 anos quando ela tinha 4 anos ela chegou da escola e a gente teve esse diálogo pela primeira vez eu não me lembro muito bem o contexto do Diálogo mas me lembro o resultado dele eu disse a minha filha que eu era uma mulher negra e ela começou a chorar copios ente ela chorava e eu que trabalho com essa temática H 8 anos pelo menos não sabia o que fazer né e eu perguntava para ela porque ela estava chorando
Filha você está chorando e ela me respondia mamãe eu não quero que você fique Negra até que ela chegou a a externar que pessoas negras não são especiais veja pessoas negras não são especiais Eu tenho convicção de que ela não ouviu isso exatamente mas ela viu ela percebeu as crianças absorvem muitos ambientes aos quais são submetidas né então dentre e esse período de tempo né de a minha filha chorar por me reconhecer uma mulher negra e hoje eh conseguir promover em casa e colaborar para que a escola também Produza um ambiente uma educação antiracista foi
um processo delicado e um processo longo e nós todos e todas temos uma responsabilidade um papel fundamental nessa educação antirracista além de não representar mães negras os livros didáticos infantis segundo a pesquisa da professora ané dos Santos eles representam as próprias crianças negras como sujas feias animaladas há inclusive uma uma uma imagem de um livro de alfabetização muito forte porque esse livro põe numa página MD E aí tem um macaco pulando de letra em letra né um livro de caligrafia as crianças sendo alfabetizadas tem um macaquinho pulando de letra em letra até alcançar um cacho
de bananas na página seguinte tem ND E aí Tem um menininho negro pulando de lro em letra Ou seja a comparação a animalização dessa criança negra tal qual o macaco da página anterior então os nossos livros didáticos infantis infelizmente ainda reproduzem esse tipo de imagem de estereótipo das crianças negras das pessoas negras eh no seu modo e na sua metodologia né no modo de apresentar a a as lições E se o livro didático que deve nos formar é o instrumento que vai reforçar esse estereótipo que vai dizer a própria criança negra que ela é feia
é suja é ignorante se assemelha a a um animal é animalizada na sociedade essa criança não quer ser o que ela é e a professora n sil vai trazer essa grande conclusão da pesquisa dela que é o sentimento de autore rejeição dessas crianças essas crianças vão desenvolver um sentimento de autor rejeição justamente por conta da forma como elas são representadas no livro de dáo infantil eu queria ver se eu tenho acesso e a compartilhar a tela você po acho que tá liberado né Vou compartilhar a tela rapidamente eu queria mostrar para vocês um vídeo que
traz ente essa percepção do que é esse sentimento de autor rejeição para crianças negras chama-se o teste das Bonecas eu gostaria que vocês dessem dois minutinhos de atenção a esse vídeo a ess essa altura esse tipo de PR devia ter uma passagem direta mas é assim né amanhã nós Bella questa qual quella Bella qual quella [Música] brutta e qual quella buona quale [Música] cattiva qual buona lei perché buona perché ha GLI occhi celesti quale e cattiva perché cattiva perché Tutto Tutto Nero e qual la bambola che ti somiglia di p [Música] [Música] [Música] [Música] Então
esse vídeo ele traz para nós Justamente a tradução em pal imagens né do que é esse sentimento de autor rejeição que crianças negras passam e quando nós falamos portanto em educação antirracista não é apenas sobre as crianças negras é sobre as crianças brancas também para que elas possam entender que elas não são o centro do mundo para que elas possam entender que embora vivamos na sociedade estruturalmente racista é preciso que todas as pessoas se engajem desde sempre nessa luta por igualdade racial que no fim das contas é uma luta por democracia nesse país nós não
podemos eh conseguir criar né formar crianças antirracistas se nós não temos profissionais da educação antirracistas essas crianças não convivem com a diversidade étnico-racial se essas crianças não são ensinadas sobre a verdadeira história desse país se essas crianças não compreendem que o Brasil não foi descoberto né que o Brasil foi um território invadido um território no qual havia pessoas foi promovido um verdadeiro genocídio dos povos indígenas povos originários se essas crianças não conhecem a história das pessoas negras para muito antes da escravização né porque nos nossos livros didáticos e essa pesquisa da professora Naca deixa isso
muito Evidente Nós aprendemos sobre as pessoas negras escravizadas apenas mas não nos ensinam que essas pessoas são ascendentes muitas vezes de reis e rainhas que a África foi besto da humanidade Besta da matemática da Medicina da metalurgia da filosofia não nos ensinam sobre isso e isso tudo cria fraturas muito severas nas subjetividades de crianças negras e também de crianças brancas então é importantíssimo a gente falar em epistemicídio em educação antirracista em decolonização do pensamento e do ensino E aí eh para não me estender e conseguir também dialogar com vocês é preciso lembrar dos ensinamentos de
Sueli Carneiro quando ela fala do epistemicídio o epistemicídio literalmente significaria o assassinato de saberes né porém Suel Carneiro vai nos explicar que esse assassinato de saberes esse epistemicídio ele não é eh não tem uma origem aleatória trata-se de um saber colonial de um saber alienígena que vai Lar saberes locais então é algumas consequências que tem vieses raciais e racistas são traduzidos por esse processo de epistemicídio primeiro segundo s carneiro a op de edificação de pessoas negras pessoas negras nas unidades de ensino na academia na formação de crianças acabam sendo sempre objeto de conhecimento objeto de
pesquisa e não sujeitos de conhecimento sujeitos de direitos inclusive segunda consequência importante que s carneiro nos traz o embranquecimento cultural e aqui eu trouxe alguns dados que nos demonstram que nós temos sim um ensino ainda Colonial um ensino que não dialoga com outros saberes não dialoga com a formação tão pluriversal que tem a sociedade brasileira e por fim como terceira consequência su Carneiro traz o fracasso e a evasão escolar E aí está o grande problema né se aquela criança é submetida a um sistema de ensino que aniquila o saberes de sua comunidade E aí eu
tenho que falar de comunidade quilombola de comunidade de terreiro de comunidades indígenas comunidades negras ribeirinhas marisqueiras né se essas comunidades elas são afastadas das unidades de ensino que não validam os seus saberes que são tão importantes que enriquecem tanto a nossa educação ou deveriam enriquecer tanto a nossa educação essas crianças se desinteressam por esse ensino isso provoca um círculo vicioso de fracasso e evasão escolar então é fundamental que nós tenhamos em mente a importância de uma educação antirracista e de um letramento antiracista de pessoas que trabalham com atendimento às crianças e suas famílias de eh
profissionais da Educação de profissionais do sistema de Justiça no fim das contas nós estamos ainda por conseguir implementar a lei 10639 de 2003 que determina a inclusão nos currículos oficiais de ensino da história e cultura africana e diaspórica né E também a 11645 de 2008 que determina a inclusão desses mesmos currículos oficiais de ensino da história indígena isso é fundamental para que nós possamos desde sempre promover uma educação que seja uma educação para a diversidade e as famílias também tem um papel fundamental nesse processo então agradeço pela escuta e fico à disposição para que nós
possamos trocar um pouco mais muito obrigada Nossa liia eu ficaria aqui ouvindo assim a noite inteira quero dizer que sou fã assim aqui do Amazonas Carlinha Leda são inúmeras promotoras de justiça aqui que com certeza queriam estar nesse momento te mandando um beijo do Amazonas eu sei que você já veio aqui já comeu o nosso tamba aqui né já provou das nossas delícias seja sempre muito bem-vinda e é assim é falando de diversidade falando dis que você falou a invisibilidade certamente é um fator que favorece essa violência essa violência nos ambientes dessas crianças e adolescentes
quando eles não têm voz quando eles não têm vez quando esses profissionais não são capacitados para poder atendê-los e entendê-los com na sua essência na Essência não só da sua identidade hoje mas do seu passado da sua história né Nós precisamos entender e Reconhecer essa diversidade não só da identidade atual mas da identidade Histórica de to de da essência de cada ser humano nós somos seres humanos cada um em sua essência plurais mas multipluralidade que precisa ser acessada pelos nossos profissionais por todos os profissionais não só pelos conselheiros tutelares claro que a noite hoje é
voltada a sensibilização dos conselheiros ao tema mas nós sabemos da importância do tema para todos os profissionais saúde educação nós do sistema sistema de Justiça todos devemos estar aí eh eh estarmos Unidos né Para dar voz a a às crianças e adolescentes negras indígenas das das eh eh quilombolas e também a voz as pessoas que estão ao seu redor aos líderes comunitários que estão ao seu redor então ficam aí essas as palavras e essa importância da educação antiracista já desde a primeira infância né Muito importante desde a primeira infância onde começam as violências as violências
sérias e graves então Eh Lívia fique à vontade se você precisar sair nós vamos continuar o nosso no curso e as nossas perguntas nós podemos fazer ao final caso você queira retornar para participar desse momento ao final agradecemos imensamente caso não possa também desde logo estamos muito gratos por ter concedido esse momento eu sei que a sua agenda é difícil mas nós estamos assim Encantados por ter tido essa oportunidade essa sua rica fala na noite de hoje obrigada Eu que agradeço querida uma honra poder compartilhar de uma trajetória poder ouvir também poder entender da importância
dessas temáticas que eu digo que não são nem temas né são questões centrais da nossa sociedade nós temos a raça ainda como fator principal determinante de desigualdade no nosso país então é fundamental que todas as pessoas assumam responsabilidades eu tô vendo aqui a a querida inari né importante se falar nisso eh os povos indígenas e as pessoas negras no Brasil nunca buscaram vingança o que eh a população indígena a população negra quer o Brasil é que as pessoas assumam que o estado assuma né que as instituições privadas assumam responsabilidade E aí quando nós falamos na
questão da branquitude romina é muito importante lembrar que branquitude não é uma escolha é uma posição social de Privilégio né E nós precisamos que todas as pessoas eh partam desse lugar do seu lugar seja esse lugar de grupo vulnerabilizar ou de Privilégio na branquitude para conseguirmos rodar essa engrenagem do racismo ao contrário todas e todos juntos e juntas eh Somos sim capazes de buscar Justiça nesse país uma justiça que seja Universal que respeite as pessoas como elas são que entendam a importância de um olhar interseccional né quando a gente fala da questão da infância é
muito importante entender ainda que essa dor não perpasse sua experiência que crianças negras indígenas que bolas tem uma outra experiência de Infância né uma uma experiência de modernização de marginalização muitas vezes num ambiente escolar de falta de afeto muitas vezes num ambiente de atendimento de falta de de toque de afeto de de de admiração mesmo então esse vídeo que eu mostrei eu não quero me alongar mas acho importante comentar isso e as crianças vão Recon ser no fim das contas isso é o imposto pelo racismo que tudo aquilo que está relacionado à dignidade à beleza
a respeitabilidade está associado às crianças brancas e não às crianças negras e quando elas são perguntadas Qual é a boneca que mais parece com elas que é a boneca que elas apontavam como sendo feia como sendo mar é a boneca Negra e aí não não é possível falar sobre isso não lembrar do discurso tão célebre importante de Malcom quando ele pergunta quem lhe ensinou a se odiar quem lhe ensinou a odiar a cor da sua pele a odiar os seus cabelos a odiar o seu nariz a sua boca mas ela odiar tanto que você se
odeia e odeia sua comunidade o racismo infelizmente ainda nos ensina isso cotidianamente então é importante que nós eh estejamos Unidos e Unidas para uma educação antiracista para um letramento racial antirracista e falo de todas as pessoas né nessa nessa função de responsabilidade coletiva muito obrigada mais uma vez obrigada vamos dar sequência então na nossa noite de hoje claro que para que tudo isso aconteça nós precisamos fortalecer os nossos conselheiros tutelares fortalecer eh as nossas fiscalizações as nossas atuações frente a a a aos conselhos tutelares para as que para que eles possam capacitados exercer seus papéis
de eh eh o papel principal da proteção né Nós temos os conselheiros tutelares aí como agentes de proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes E aí quando o o eca fala aí eh eh eh crianças e adolescentes inclui todas são as crianças e adolescentes negras são as crianças e adolescentes indígenas são as crianças e adolescentes quilombolas aí inclui a proteção de todas as crianças e para que isso aconteça nós precisamos de conselheiros capacitados fortalecidos e que possam exercer esse papel então que a noite de hoje sirva para esse debate para que nós possamos
debater e sensibilizar para esse debate e que nós possamos cada vez mais evoluir já que estamos tão distante de atingir ao ao um objetivo aí traçado a 33 anos pelo nosso eca e dando sequência nós vamos ouvir querido advogado Professor Dr Melilo Diniz advogado da UnB e analista político em Brasília Distrito Federal professor universitário e pesquisador possui graduação em relações internacionais na UnB Doutor em ciências jurídicas e sociais pós-doutor em garantias constitucionais consultor jurídico do Distrito Federal diretor do Instituto Brasileiro em direito e controle da administração pública atua em movimentos sociais e foi na comissão
de justiça e Pis da arquidiocese de de Brasília produz análises de conjuntura política e social para entidades movimentos grupos de interesses integra o grupo de análise de conjuntura do CNBB assessor da rede eclesial Pan Amazônica é diretor Nacional do movimento de combate a corrupção eleitoral advogado do Povo Caiapó do Instituto Cabu autor de vários artigos e livros A palavra é sua Professor muito boa noite eu queria agradecer romina as suas palavras queria dizer que eu tô muito contente de aqui com vocês todos que estão nos acompanhando virtualmente eu sei que há um grande esforço de
todos que estão envolvidos nessa organização Quero Agradecer o convite dizer também que tem uma alegria danada de est com a Inori somos colegas eh dentro da comissão da OAB que cuida do direito indígena eh dizer que também é uma alegria est com a Lívia eu sou S não sou soteropolitano porque nasci antes no Ceará viu L mas tenho uma alegria enorme de trabalhar desde 1992 com organizações do movimento negro especialmente com organizações do movimento negro ligado às eh casas matrizes e religiões afro brasileiras eh então Eh tenho tido essa história que um pouco com compartilhar
com com quem me escuta eh eu sou um um velho militante ou militante velho dos Direitos Humanos Como eu disse nasci no Ceará Tô há 50 anos em Brasília com 4 anos de experiência em Pernambuco Recife desses 4 anos dois deles a Universidade Católica de Salvador me convocava ali para trabalhar com assessoria jurídica Popular foi assim que eu comecei Lívia esse grande universo de contato com a Bahia vou com muita frequência tive eh eh em outubro novembro no encontro da OAB da comissão eh de eh temas eh negros e temas raciais da OAB da Bahia
elá um pouco eh explicar porque que eu tava tão dedicado ao mundo dos povos indígenas e aí tenho também cuidado eh nessa nesse universo que me deram de possibilidades T há 17 anos ligados eh ligado ao povo Caiapó meb cocr eh sou eh advogado de algumas organizações especialmente do Povo Caiapó eh E também algumas organizações de povos como os panará como os mundurucu como os chipia que estão na região da Amazônia especialmente no norte do Mato Grosso e no Pará cuido também de uma articulação em forma de rede que é a rede eclesial Pan amazônica
que envolve todos os setores da Igreja Católica sim CP mas quando eu fui convidado pela minha querida Alexandra boilen que é aí de Alagoas e que pediu que eu pudesse compartilhar algumas questões eu me lembrei da importância do tema da diversidade eu tenho escrito alguns temas relacionados à diversidade e esse universo da diversidade é um universo de muito debate muita discussão né e eu quero começar dizendo que Especialmente quando a gente pensa num país tão múltiplo diverso construído a partir de muitas tragédias Mas também de muitas lutas como é um país diverso aí nos dava
alguns dados né somos mais de 300 etnias falamos mais de 270 línguas indígenas né o próprio universo da realidade dos eh que foram escravizados e foram também eh trazidos desse modelo de uma diáspora africana pro Brasil que significou muita dor esses grupos não são idênticos eh você tem aí eh uma cultura Negra própria de Minas Gerais uma cultura Negra própria do Nordeste uma cultura Negra muito típica eh de Salvador e do reconcavo Então você tem aí todo um conjunto de eh realidades que são realidades que estão absolutamente colocadas nessa dimensão do que é diverso do
que é plural e quando a gente pensa em criança adolescente nesse universo muito mais não é eh os dados do do do IBGE de ficar no universo indígena indicam agora o Censo 2022 cerca de 1.700 eh indígenas não é no Brasil para ser preciso 1.693 300 e alguma coisa aponta-se aa é preliminar isso que mais de 40% dessa população seja formado por crianças e adolescentes especialmente crianças e debater esse universo ou seja o atendimento a crianças e adolescentes pertencentes a povos e originários e comunidades tradicionais pressupõe conhecer um pouquinho Essa realidade e conhecer um pouquinho
eu tava eh enquanto eh vou usar uma expressão do Ceará viu ROM enquanto pastor Ava a fala da Lívia e da Inori eu tava ali vendo os comentários também que eu sou danado de curioso E aí tinha gente perguntando quando eu não sei falar que a pessoa como eu não devo aí no ele nos ensinou um negócio muito importante não chama o amiguinho de índio não é nós somos povos indígenas aí a pessoa perguntava como é que eu faço quando eu for me dirigir a uma pessoa eu chamo de quê eu tava pensando com meus
botões chama pelo nome primeira forma de você se relacionar em sociedades eh estruturadas é chamar pelo nome eu mesmo tenho nome Caiapó meu nome Caiapó é quenti mecr anoti minha família Eh simbólica claro né dada pelos Caiapós pelo meu avô rauni meu tire e pela comunidade das terras indígenas baú e mecano E aí eh eu fui traduzir viu Lívia né eh e aí quando eu fui Traduzir eu disse e é o que esse nome quenti mecano é o nome da família qu Aí disseram olha iso é o nome de um guerreiro que já morreu mas
não tem uma tradução do português tem aí eu eles me disseram Pedra Grande né Aí eu falei por que que vocês se se me deram esse nome desse ancestral de vocês os Kap disseram não porque ele ele era doido aí a gente achou muito parecido com você e é nessa loucura que eu tenho insistido um pouco nessa construção de eh uma abordagem plural diversa de uma abordagem múltipla a partir de um campo que é o campo do direito que é o campo da política romina registrou aí que eu falo um pouco sobre política Cometa esse
esse ato de eh insanidade para discutir eh essa questão eu tô eh introduzindo isso porque quando a gente pensa nos conselhos tutelares E aí Eh estamos virtualmente hoje mas eu sei que tem encontros e tem ões feitas em muitos cantos eh desse país eh presencialmente quando a gente discute a a ideia do que é o Conselho Tutelar a gente tá discutindo em torno desse projeto de defesa das crianças e dos adolescentes mas sabemos também que temos uma grande dificuldade que é a construção de experiências e de relatos e de análises a e de experiências que
sejam apreendidas de forma pedagógica quando se trata da abordagem específica para os povos indígenas e para as comunidades tradicionais E aí muitas vezes com todo o carinho que eu tenho por esse trabalho eu estava na discussão do Estatuto da Criança adolescente antes de ser estatuto ou seja há 36 37 anos na elaboração dessa discussão dessa pauta Especialmente na cidade do Recife lá quando eu morei por 4 anos você percebe que muitas vezes há mais problemas que soluções a partir desse universo e aí é preciso muita cautela é preciso muita cautela tanto para os conselhos tutelares
como para os demais órgãos do Estado incluindo o ministério público o ministério público tem um papel fundamental porque trabalha de um lado para garantir eh a proteção integral das crianças e dos adolescentes Mas também romina você sabe disso melhor do que eu é a única instituição que está na Constituição Brasileira com o papel de ser defensor dos povos indígenas e isso a gente sabe que ele ele não representa Esses povos mas tem esse papel histórico Então eu queria situar alguns pontos para permitir o diálogo não vou me demorar muito porque a gente já bebeu aí
na fonte da Líbia e também na fonte da inoria mas um não há consenso no universo indígena sobre eh como se separa criança da idade adulta e mais do que isso esse personagem chamada adolescente que é o negócio muito mais próximo da civilização ocidental Especialmente na modernidade Então essa ideia de que há uma separação Idêntica nesse universo enorme de povos e de culturas é pura inventação de branco como diz os Sky apó de Cub o Cub inventa essas Modas E aí vai dando nisso então essa esse modelo que nós temos é um modelo que precisa
eh ser pensado quando tratamos com povos indígenas e também com comunidades não é a outra eh questão que não está eh estabelecida como um padrão é eh que eh Há uma variação de eh significados dentro de cada comunidade indígena de cada povo de cada tradição então por exemplo no universo canamari tem uma consequência no universo eh mundurucu não é tem outra consequência essa noção da criança tarefas não é e como se faz eu conheço bem algumas experiências ao longo desses anos vou a aldeias convivo como advogado eu não tenho outro papel que não seja advogado
e assessor dessas organizações agora em maio estarei na semana primeira semana de Maio em Santarém na quarta semana eh na terra indígena mecano na terra indígena Baú dos Caiapós em reunião e aí eu queria dizer que no caso dos povos indígenas tem um elemento Central para pensar políticas de proteção das crianças dos adolescentes que não é um problema dos conselhos tutelares mas é um problema da sociedade do estado brasileiro que não dá para falar de proteção e de direitos sem levar em consideração que a principal questão que hoje assola essas populações Esses povos essas comunidades
é a questão da terra da propriedade do acesso à Terra das demandas territoriais E para piorar com esse esse ataque histórico Talvez um ataque só não tão grave quanto o momento do contato desse desses povos espalhados pelo Brasil inteiro com eh os europeus que é essa história da construção de uma hipótese de um Marco temporal eu mandei um artigo hoje para eh a os jornais deve sair por hoje por amanhã onde eu digo e repito a frase que está eh no ATL no acampamento Terra livre que tá acontecendo aqui em Brasília passei hoje o dia
lá não é é sei que a Inori também tá por aqui né Inori não é não estou em Manaus olha virar no próximo virar no próximo inoria eu tenho certeza nãoé mas eh a gente eh tem o conceito de que o nosso Marco é ancestral sempre estivemos aqui então assim não dá para falar não dá para pensar não é tarefa dos conselhos tutelares mas como cidadania a gente tem que pensar nisso muito bem no campo do direito eu queria Então um pouco sair dessa questão das desigualdades e caminhar pro campo do direito para permitir que
a gente dialogue no campo do direito Tem situações de vulnerabilidade decorrentes da negligência histórica do estado e isso entretanto não pode servir para justificar por exemplo a retirada de crianças ou de adolescentes de seu ambiente familiar nos últimos anos em vários espaços da Amazônia no Pará eh no Maranhão na próprio no próprio Estado do Amazonas a sabe disso muita gente tem eh visto um debate público sobre o direito e os direitos das Comunidades indígenas e ao mesmo tempo a questão de como isso é afetado pela inserção de não indígenas que decidem violar não só esses
direitos como por exemplo modificar as estruturas familiares e essas estruturas fam Ares TM como principal objeto as crianças e os adolescentes que são dos vulneráveis os mais vulnerabilizados e aí a gente sabe como é que funciona isso a Constituição Federal nos artigos citados pela Inori não é e também em relação ao artigo 227 que trata da da da da prioridade absoluta criança adolescente o estatuto né o eca eh estabelecem um sistema de garantia de direitos do Quai do qual os conselhos tutelares são centrais e que eh tem uma necessidade de dialogar de maneira respeitosa de
boa fé e considerando as dimensões distintas chamadas interculturais de tal forma que se possibilite a efetiva proteção não é a proteção da boca para fora não é a proteção que está colocada no papel não é porque papel aceita tudo a gente precisa transformar o que tá no papel em luta com concreta e em forma concreta de resolução dessas questões e aí a gente sabe que a depender de cada povo mas todos eh de maneira absoluta tem no universo indígena especialmente um papel da criança eh como algo Central eu não conheço ao longo desses eh anos
que eu trabalho com povos indígenas e também não conheço quando eu trabalho com comunidades eh eh tradicionais uma delas que tem uma percepção de crianças e de adolescentes mas especialmente de crianças tão próxima do universo ocidental criança tem menor importância geralmente no universo ocidental na cultura europeia na cultura eh dominante no universo das Comunidades indígenas e também das Comunidades tradicionais as crianças t uma uma relevância do ponto de vista sociocultural que é impressiona Claro com as eh diferenças que eu já ressaltei quando falava da diversidade E aí eh Há uma outra expressão que eu queria
destacar que é a noção de família eh eu tenho acompanhado romina muitos casos no Pará especialmente de crianças que os pais morrem morrem muitas vezes pela pressão dos ilícitos pela quantidade de mercúrio que está cometendo toda a população indígena do norte do país por conta do garimpo ilegal e morre pai morre mãe essas crianças elas não são Órfã elas são filhas da mesma família que está reunida naquela comunidade então assim tem uma série de questões e aí essas crianças quando tem educação indígena quer dizer quando passa pelo processo de educação escolar indígena que é um
direito delas que é garantia também da legislação eh tem dificuldade de matrícula emiz sabe por quê Porque não tem registro não tem documento n é uma das grandes lutas quando eu vou eh nesses municípios do interior da Amazônia é ir no Cras é ir no cartório tentar regularizar e acho que os conselhos tutelares deveriam estar dentro disso mesmo sabendo que não isso não é o tema central a outra coisa que eu acho que a gente precisa pensar um pouquinho e aí já caminhando paraa conclusão é que eh Há que se debater sem nenhuma nenhuma tendência
de criar um universo novo mas um universo que já está presente sobre Qual é o tratamento mais adequado a crianças e adolescentes indígenas e ressaltar O que dizia Inori As instituições geralmente não estão Preparadas não tem alguém que fale a língua eu sou nesse meu universo indígena eu sou de uma língua mais rara do que o universo da canamari não é da Inori canamari que é um universo mais próximo da maior tradição o Caiapó o meben cocr ele é do tronco macr G que é um tronco menor não é eh das várias dos vários troncos
dos grandes troncos que tem de línguas indígenas nós estamos inclusive né cara eh eh ori Na década das línguas indígenas declaradas Pelas Nações Unidas ã em setembro de 2023 os Caiapós ofereceram pro estado brasileiro a tradução da convenção 169 na língua Caiapó meb cocr eu ajudei inclusive na articulação junto com o Supremo Tribunal Federal Ministério Público Federal e a organização internacional do trabalho a oit que produziu virou uma publicação que serve especialmente para eh Esses povos Caiapós Rina Então nesse universo a gente tem que preparar as instituições oferecer formação e muitas vezes o letramento é
oferecido pelos povos indígenas como foi nesse caso da convenção 169 que ajudou ali a ensinar os não Caiapós não indígenas como é que se fala por exemplo direito à consulta livre prévio informado que está na convenção 169 outra coisa é que eh é muito difícil para os povos indígenas a retirada de crianças e adolescentes das suas comunidades o mesmo problema de encarceramento que falava a Nori em relação aos aos adultos há que se discutir em relação às crianças e aos adolescentes E isso tem a ver com uma possibilidade que muitas vezes eu conheço casos assim
de uma tentativa de trair de uma realidade própria de uma comunidade de uma aldeia de uma convivência eh dentro de um um um um um povo indígena ou adolescente por alguma suposta violação que está eh dita na imputação ou de um conflito com a lei como eu prefiro então Eh tentam levar para uma instituição que não tá na aldeia que tá fora da Aldeia que ficam geralmente em áreas urbanas das cidades ou em cidades vizinhas muitas vezes quilômetros longe das terras indígenas e das famílias deixando essas crianças mais assustadas do que muitas vezes o que
se tem E aí as famílias não têm recursos para eh se deslocar então é importante que a gente trabalhe dentro de um critério não é e há eh no caso do Mato Grosso do Sul um recente eh sente assim em 2017 mapeamento qualificado de todos os casos de crianças e jovens indígenas em situação de acolhimento institucional e familiar na região de Dourados Mato Grosso do Sul eh esse relatório está exposto no conselho indigenista missionária é um trabalho com apoio do Conselho indigenista missionário eu quero já caminhar paraa conclusão para permitir que a gente eh possa
dialogar eu tenho a impressão que a gente precisa dar eh e ter muita alegria dar muito respeito e ter muita alegria ao trabalho Fantástico que é feito nos eh eh conselhos tutelares os profissionais e os estudantes e todo mundo que tá envolvido com esse sistema de garantia de direitos entretanto essas grandes conquistas precisam avançar Especialmente quando falamos de povos indígenas e de comunidades tradicionais comunidades eh de povos que não tem eh um reconhecimento pelo Direito estatal apesar de terem uma cultura jurídica ancestral e muito mais estruturada apesar de não formalizada nos termos que conhecemos do
que eh eh a gente possa imaginar do nosso pequeno mundo branco e aí eu quero destacar para concluir uma coisa que que é a necessidade de tanto conselhos tutelares profissionais e também do próprio Ministério Público de estabelecer relações de confiança com Esses povos eu tenho diversas experiências em que a Procuradores da República promotores e agentes públicos que gozam de confiança desses povos e dessas comunidades e ten diversas outras experiências onde essa confiança não foi alcançada ao invés de confiança a desconfiança e possíveis conflitos se transformam em confrontos Amanhã de manhã eu tô além do ATL
viu Inori tô cuidando daquelas pautas paralelas de nossos eh povos indígenas estô indo exatamente conversar com um querido membro do ministério público para discutir uma situação de desconfiança e de confronto que aconteceu recentemente que indica que há outros temas a serem tratados de todo modo eu quero dizer que é muito importante esse esforço feito queria parabenizar a romina em nome dela a todos que têm organizado esse debate esse diálogo e sugerir que a gente volte a aprofundar eh esse tipo de de diálogo porque eh não basta uma vez formação é transformação e pra gente transformar
a gente tem que se comprometer quero agradecer a paciência de vocês dizer que aprendi muito com a Lívia que teve que sair por conta das os seus compromissos agradecer muito a Inori minha vice-presidente não é lá da comissão de direito indígena da OAB Federal e ao mesmo tempo dizer que eh cada um de vocês é responsável por transformar as leis a constituição E também o estatuto da criança adolescente em realidade concreta para cada um dos povos indígenas e cada uma das Comunidades tradicionais esse pessoal que tem nenhum tipo de outra posição que não seja por
meio da luta por meio de uma história de combate muito a nos ensinar eu tenho aprendido muito mais do que eu tenho dado qualquer tipo de contribuição e esse aprendizado tem me dado a alegria de dizer que é loucura muitas vezes por isso que os meus Carapó me chamam de quenti e ao mesmo tempo é um desejo muito grande de transformar eh direitos em realidade Muito obrigado boa noite gratos estamos todos nós professor já com elogios aqui da da alandra tá no apoio dizendo que foi o melhor professor que ela já teve aí ao longo
dos estudos dela estamos assim imensamente contentes de ter a sua presença aqui conosco nesta noite como seu bem falou e é importante que deixemos aqui bem esclarecidos a todos que estão nos ouvindo nós estamos trazendo um debate para colocar luz trazer luz sobre o tema O importante aqui é sensibilizar e colocar luz sobre o tema Porque precisamos de conselheiros tutelares capacitados E para isso estamos trazendo um tema tão importante num curso de formação Nacional somos de um país por sua natureza diverso vivemos no Brasil Eu por exemplo eu moro aqui em Manaus né fiz a
minha identificação como uma mulher negra Mas eu sou parente da Inori também porque minha avó é da etnia mai Então sou indígena também e eu tenho de ser chamada por ela de parente também fico muito feliz por isso quero ter meu nome noi pois a gente vê isso aí então assim é uma felicidade enorme colocar luz sobre isso porque nós somos um Brasil diverso nós somos formados por todos esses povos e precisamos na hora de exercermos as nossas profissões termos um olhar atento a essas crianças a esses adolescentes que tem essa história que trazem consigo
essa essência então é muito importante que todos aqui creiam que há sim uma invisibilidade e uma exclusão dessa parcela tão sensível e inclusive maioria da população brasileira os negros são maioria da população brasileira mas que precisam ainda ser ser representados ter representatividade nos espaços de poder nós precisamos ser um país diverso mas ser um país de inclusão além da diversidade Nós precisamos trabalhar a inclusão temas que estão ali tão próximos e tão importantes para todos nós então assim eu creio que a noite de hoje ela vem para realmente trazer esse debate que está tendo aí
no chat mesmo quanto mais vocês falam ao a a final o debate é feito o chat é feito para vocês debaterem então que Tragam o debate Porque a noite de hoje é feita mesmo para trazer a participação de todos vocês para que vocês possam pensar sobre um tema tão importante paraa nossa infância né Eh é importante que vocês tenham esse conteúdo todo ficará gravado E vocês depois vão poder multiplicar também esse conteúdo com todos os conselheiros que não puderam assistir todos aqueles profissionais do sistema aí do do eh de garantias que não puderam assistir mas
que vocês vão poder multiplicar e vamos assim levando essa luz ao tema que claro não se esgota na noite de hoje nós vamos ter outra noite sobre o tema mas também com certeza essa outra noite não vai esgotar o tema essa aí de inúmeras capacitações para isso mas estamos firmes e vamos continuar na nossa luta diária Isso é uma luta diária para você ser reconhecido como sujeito Afinal aí desde o e as Crianças e os adolescentes elas foram eh trazidas a a a a categoria de sujeito a Lívia falou a Lívia como bem colocou o
o Melilo ela nos deixou mas trouxe aí um recado para todos nós se despediu agradeceu pela atenção de todos teve que sair se retirar porque está no evento deixou um recadinho Carinhoso para todos se colocando à disposição que na fala da Lívia ela trouxe um um um fato tão importante que ela diz que o indivíduo deve se reconhecer como sujeito de de direitos não se deve objetificar o indígena a criança negra devem ser reconhecidos como sujeitos de direito olha só a importância a potência da noite de hoje da fala de hoje que só pelo que
eu tô vendo aí no no no desenrolar das perguntas que nós vamos agora deixar essa fase final para as respostas eh já dá para ver do quanto que nos inspirou esse debate do quão importante foi o debate para os nossos conselheiros tutelares eh eu poderia começar aqui a a Inori tão perguntando se tem alguma previsão pra tradução do eca não tem o eca Para os Povos eh eh eh e por exemplo também eles perguntam o que modificaria na sua opinião o eca como poderia adaptar o eca para criança indígena bem o como eu já falei
precisa precisa pensar partir de nós respeitando a nossa cultura as nossas especificidades Porque o povo canamari a língua do povo canamari é canamari e do povo makima não é canamari Ou seja eu não entendo o que o povo makima fala a cultura do povo canamari é diferente da cultura maima é uma diversidade cultural linguística gigantesca mas que precisa ser respeitado Afinal estávamos aqui antes da chegada dos portugueses antes de sermos invadidos e seguimos não sendo conhecidos ótimo eh estão falando aqui também sobre acolhimento de crianças e adolescentes indígenas Você tem alguma fala sobre isso como
acontece no Amazonas trabalha nessa área olha eh a minha opinião é que depende como o Dr Diniz bem falou E aí eu falo pelos povos indígenas que eu trabalho eu trabalho com mais de 10 povos indígenas e uma particularidade dos povos indígena por isso a importância de um letramento racial um conhecimento histórico e antropológico das pessoas que trabalham com povos indígenas porque uma das nossas características é que não existe órfão nas aldeias Por que que não existe órfão porque eh se o pai e a mãe chegar a falecer essa criança sempre vai ter uma família
porque todo mundo é família e todo mundo cuida de todo mundo nada é meu e tudo e tudo é nosso é sobre isso então Eh esse acolhimento institucional seria numa hipótese de dessa criança não ter por exemplo no caso do zoal da ela que eu trabalhei com eles mas mesmo assim eles viajam em clã e um clã tem mais ou menos 15 a 20 pessoas Então essa criança nunca estaria sem o seu um parente ou um familiar para que ela fosse em último caso acolhida por uma família não indígena porque isso seria um impacto muito
grande então Eh eu acredito que é importante esse esse letramento racial primeiro e esse conhecimento histórico e antropológico sobre nós os povos indígenas nada deve ser pensado sem a nossa participação Quer fazer alguma contribuição Professor sobre o tema foi muito perguntada essa questão do acolhimento institucional das dos Adolescentes das crianças e adolescentes então eu quero eh analisar basicamente eh isso sobre dois aspectos um aspecto mais eh objetivo e aori já nos possibilitou aí compreender que eu a a ao lado do meu escritório Inori tem 96 eh araus recolhidos eh em Brasília por pela igreja católica
para permitir a reinserção deles eh por todo todas as condições Brasília tá muito longe a maioria tá ali em Roraima em em Manaus também tem muitos a araus e aqui ao lado do escritório tem 96 eh Guarus que estão submetidos a a maioria com crianças e eu me parece que essa ideia do clã da família veja eu não conheço Pode ser que exista Mas na minha experiência na Amazônia e no centro oeste mas também eh em algumas regiões do sul do país eu não conheço criança fora do espaço da família que a família não é
biológica a família é um espaço do bem querer é o espaço da tradição e da cultura eh eu eu tenho eh essa compreensão muito muito tranquila agora eu acho que esse debate eh romina eu queria destacar tem muitas perguntas que colocam a seguinte contraposição ora o eca e os direitos humanos eh da criança das crianças e dos adolescentes são temas universais como é que a gente faz para aplicar isso na prática no caso das Comunidades indígenas e das Comunidades tradicionais como por exemplo as comunidades negras as Comunidades Quilombolas eu queria destacar o seguinte a universalidade
dos Direitos Humanos é uma universalidade que se estabelece a partir de culturas e as culturas tem que ser consideradas respeitadas e mais do que isso tem que haver um diálogo intercultural entre modelos que estão colocados dentro de parâmetros chamados entre aspas universais mas se concretizam veja mesmo no mundo não indígena os direitos humanos T uma eh representação uma construção distinta uma criança que reside numa área eh específica de uma cidade de uma grande cidade tem uma condição muito diferente de quem vive numa eh Periferia E aí se você não olhar sobre Esse aspecto o trabalho
do Conselho Tutelar é meramente ilusório dentro de uma concepção de direitos humanos que não representa nem humano nem o direito então eu quero insistir que essas preocupações que se estabelecem como uma Regra geral essa Regra geral Só existe gente na prática o Conselho Tutelar não é substituto nem a a longa mão do Judiciário é outra coisa apesar de tá dentro de um sistema estatal construído a partir da contribuição da sociedade o papel é outro de proteção e a proteção se dá no concreto e não em torno de receitas é por isso que eu quero insistir
nisso para concluir romino que não se iluda achar que a gente aqui sabe a a a inor com muita eh transparência dizer eu entendo um pouco do meu universo e de outros povos que eu trabalho O mundo makushi é outro completamente diferente eu entendo o meu universo Caiapó o universo chavante é completamente diferente o universo bororo é completamente distinto e a gente sabe que há fenômenos que são comuns a exploração a opressão a pressão do ilícito mas há realidades especialmente as realidades do que se coloca como direito e como humano dentro de uma perspectiva que
tem que ser eh eh entendida como parte de uma conquista deles e eu quero dizer para vocês que o dia que o Conselho Tutelar de qualquer cidade compreender essa dimensão ele vai melhorar muito o atendimento muita proteção e muito a educação de cada Conselheiro porque se isso serve até para um velho como eu e para quem tá nos Conselhos tutelares com muito mais força muito mais gana muito mais capacidade de aprendizado do que esta vista que vos fala eu só gostaria de complementar e tudo que o senhor falou concordo eh trabalhei com eu fui trabalhadora
humanitária em organizações parceiras do Alto comissariado das Nações Unidas e justamente fui chamada para atuar com uaral da Venezuela porque porque eh não tinha um diálogo entre o saral e o aknu o zo Aral não estavam permitido a entrada do aknu e como indígena eu fui chamada para interceder e eu consegui estabelecer esse diálogo e logo depois me perguntaram o pessoal do o meu chefe no a comissariado qual o método que eu tinha utilizado e eu falei o método foi o diálogo porque o autto comissariado chegava impondo dizendo vamos fazer isso e ótimo e o
que eles propunham para o zo Aral era ótimo para migrantes e refugiados não indígenas mas Aral Eles não queriam e outra o cacique ele é uma liderança que deve ser respeitado você não chega na casa do outro emondo você chega conversando com o outro e tudo começou a se resolver inclusive situações que que frequentemente os zoar eram levado à Delegacia diminuiu tudo a partir de um diálogo quando o al comissariado da ONU começou a entender que precisava dialogar para minimizar os que precisava entender as especificidades do Povo Aral então é sobre isso Dr Diniz é
sobre eh entender as especificidades e o diálogo que é muito importante é não chegar julgando e impondo e sim tentando entender e compreender sobre o tema falando essa mesma língua do Diálogo tão importante tão fundamental sem o diálogo não há como construir irmos essa diversidade essa inclusão nós temos a resolução do cnmp 23 de 2021 onde ela reconhece a a própria resolução ela já reconhece oeito o reconhecimento jurídico de cosmovisões práticas e identidad sem essencialismos ou pré-definições outras palavras essa resolução ela já indica a atuação do ministério público para se afastar de pré-compreensões como vocês
bem estão colocando aqui então tudo isso já está bem detalhado na nossa forma de atuar através dessa resolução indicando aí o nosso conselho né vindo aí como Maestro regendo a atuação dos promotores de justiça para que Tragam essa e essa esse que essa análise esse esse olhar com diálogo um diálogo intercultural e que isso se também para atuação de todos que estão aí na nossa rede de proteção né que toda a rede de proteção tem esse olhar de diálogo de diálogo intercultural que possam conversar como eu falei quando o o conselheiro for atender que ele
possa compreender quem ele está atendendo Caso seja uma criança indígena que ele possa ter acesso a um tradutor caso ele não compreenda da da linguagem dela que ele possa ter acesso Inclusive a uma equipe uma equipe sim multidisciplinar que possa lhe trazer dados sobre aquela etnia muito importante também o contato com líderes comunitários então é muito é algo complexo é algo que requer avanços de políticas públicas de normas mas que nós devemos jogar luz sobre o tema assim e caminharmos na construção dessa sociedade eh com Equidade é isso que nós precisamos E aí vamos aqui
ó temos mais perguntas eh tem uma pergunta aqui importantíssima que eu acho não é uma pergunta é uma colocação importantíssima que os próprios conselheiros tutelares já devem ter já devem ser expressão de desta representatividade então nós já Deveríamos ter conselheiros tuais negros indígenas quilombolas é importante também eh termos representatividade no nosso Conselho Tutelar que o nosso Conselho Tutelar seja também plural que ele não seja também correspondendo só um um um uma parcela da sociedade alguém alué fez essa colocação no chat eu grifei porque considerei importantíssima aí tem outras discussões em relação à educação antiracista que
seria para pra D Lívia que nos teve que nos deixar E aí professor vamos ver aqui o professor Melilo para os povos indígenas a discriminação aonde essa organização entre as suas realidades como você vê também acontecendo ainda com crianças e adolescentes de classes de provas brancas Ele quer saber se tem ainda essa discriminação com com os povos indígenas e com os povos como são com os povos brancos a discriminação aonde há essa organização entre as suas realidades como vocês vem também acontecendo como há crianças de classes de povos brancas acho que ele quis dizer em
relação à classe social veja romina e eh o pessoal que tá colocando perguntas esse país é um país da discriminação se discrimina quase tudo porque ele se construiu a partir de privilégios e não de direitos a partir de relações pessoais e e não de instituições a partir de arbítrio e não de democracia a partir de ódio e não de solidariedade a partir de dor e não de alegria toda alegria toda a democracia toda a luta toda a resistência decorreu da capacidade de organização de mobilização e de eh incidência de povos de com idades e de
grupos veja dito isso eh eu tenho certeza que não é o Conselho Tutelar o único espaço conselho tutelado tem uma função que me parece primordial fundamental mas por exemplo não resolve os problemas das políticas públicas Conselho Tutelar por exemplo não consegue ainda resolver eu tenho certeza que no Amazonas também tá sí o caos da Saúde indígena o a saúde indígena hoje vive um drama enorme pela destruição que sofreu nos últimos anos e portanto até recuperar esse espaço né Eh eu eu estive hoje à tarde na Secretaria de Saúde indígena viu indori para discutir temas de
alguns Alguns eh algumas estruturas não é eh e eu quero dizer que isso acontece com o povos uníos acontece também com eh crianças das classes eh eh que estão eh nas periferias das cidades estão submetidos a esses preconceitos essa discriminação e essa opressão quanto quem tá eh no território indígena na terra indígena Quem tá na comunidade negra no grupo na comunidade quilombola então não tenho dúvida que estamos submetidos a um processo E aí eh como diz aí a Valéria de Oliveira vou aproveitar o movimento Nacional de meninos e meninas de rua do qual eu fui
a essor lá atrás é que conseguiu construir o eca e que portanto tem aí uma contribuição para entender que isso acontece em todos os cantos do país e aí a gente devia ter eh muita preocupação e muita ocupação para não permitir que isso tenha eh eh seja mais um retrato do nosso país né seja de criança indígena seja de criança que não seja indígena né talvez até aprender com Esses povos indígenas alguém dizia aqui que perdeu ficou órfão e ninguém adotou ninguém construiu né Eh os povos indígenas no mais das vezes naqueles que naqueles que
eu conheço isso não tem essa hipótese de acontecer criança não fica abandonada criança é colocada na família porque vou repetir a família tá dentro de um espaço social chamado espaço do bemquerer que acontece de maneira absolutamente e veja mesmo crianças brancas em algum alguns povos crianças que são deixadas elas são recolhidas no sentido positivo no sentido de de abraçadas pelas próprias comunidades indígenas isso acontece no Amazonas acontece no Pará Acontece muito no Mato Grosso no Mato Grosso do Sul eu gostaria só de por gentileza eh só fazer uma Mendo que eu julo importante quando eu
falo sobre ter sido privilegiada em poder ir à escola ter acesso à educação e ter um registro de nascimento e todas essas situações e eu pude ir à escola porque meu pai foi o primeiro Vereador indígena mesmo não não sabendo ler e escrever naquela época podia isso ocorrer né uma pessoa não saber só saber escrever o nome e sair candidato e se eleger enfim e um dos maiores problemas que nós temos é esse contato esse contato com o não indígena ele é muito agressivo e esse contato principalmente na escola eu passei muito por isso de
ser como diz a Dra Lívia acusada eu não fui eu não me reconhecia indígena eu fui acusada de ser indígena porque meu pai é indígena então na escola sempre falavam você não pode falar com ela porque o pai dela é indígena Então se o meu pai é indígena eu sou indígena então eu não eu passei a por todos os lugares que eu passei eu sempre fui a única indígena eh tentando sobreviver a esse ambiente totalmente hostil no estado mais indígena do Brasil o preconceito o racismo e a xenofobia ele é real e ele mata porque
ele não te dá oportunidade em espaço algum e mesmo nos Espaços em que se criam as cotas essas cotas nós pessoas indígenas e negras chegamos viu Dra romina Dr Diniz nesses espaços a luta é muito grande mas permanecer neles é ainda maior a luta porque as pessoas que estão nesses espaços não foram preparada para ver pessoas indígenas e negras nesses espaços ver a maioria minorizada porque nós indígenas nunca fomos minoria nós sempre fomos maiorias a diferença é que somos minorizados é sobre isso obrigada eles estão falando muito aqui também sobre a questão da FUNAI Porque
como vocês veem aí a necessidade da FUNAI estar junto nos atendimentos e muitas vezes se faz ausentes como vocês vem a participação da fun eu posso responder então Eh no meu povo canamari e nos povos indígenas que eu atuo frequentemente nos territórios quando como eu já falei eu salto os nós temos nós punimos os crimes na nossa sociedade não é da mesma forma que vocês punem aqui mas nós punimos e tem alguns crimes que são inaceitáveis na nossa sociedade também e quando isso ocorre o cacique ou o representante liga para Funai e pede para Funai
buscar a pessoa para ser julgada aqui fora pelo não indígena eh eu vejo a atuação da FUNAI eh a Funai também ainda não está preparada para lidar com tanta diversidade cultural e linguística Mas enfim eh não é um problema da FUNAI é um problema estatal o estado ele precisa né ver a pauta indígena a questão indígena como realmente importante e urgente e somente quando houver essa visão por parte do Estado nós teremos instituições e a própria Funai funcionando da forma que se se sonha né dessa forma que nós povos indígenas Gostaríamos como bem falou o
Dr Diniz a parte da saúde é algo que eu acredito que é em nível Nacional viu Doutor porque no Javari no estado Amazonas é um problema bem bem difícil e é isso só para colocar um tempero nisso eh eu creio que a gente tem eh retrocessos e avanços por exemplo enquanto estrutura do estado eh nós temos 1 ano e 4 meses que foi criado depois de 520 tantos anos eh o ministério dos povos indígenas ainda sem estrutura tá lá numa luta danada a ministra Soninha Guajajara que é do Maranhão que tem uma luta um povo
fantástico os Guajajaras um povo absolutamente como todos os povos não é de muita resistência isso é muito recente vejam 1 ano e 4 meses gente a Funai a Funai vem do serviço de proteção ao índio e foi virar a fundação dos povos indígenas também tem pouco tempo quando eu falo isso eu não tô dizendo que não tem problemas tem problemas enormes Porque toda a estrutura burocrática tem problemas enormes E aí eu não tenho dúvida que a gente tem que lutar para democratizar a Funai como é que a gente faz isso formando os funcionários e aumentando
a quantidade de povos indígenas dentro das estruturas da funa Porque apesar dela ser uma Fundação dos povos indígenas ela ainda é ocupada majoritariamente por não indígenas veja eu não tenho um discurso principista um discurso romântico mas a gente tem que alcançar algum grau de construção e de compreensão mas assim eh a Funai passou 4 anos com desvio de finalidade eu eh tive várias lideranças processadas pela Funai porque tava Lando lutando pelos direitos Dr Inori advogados foram eh ameaçados dentro da FUNAI em 2020 os Caiapós foram recebidos Depois de muita luta na funa aqui em Brasília
pela força nacional 60 policiais armados imagine a casa dos povos indígenas recebendo os indígenas com polícia e aí a gente compreende que há uma disputa de democracia e de eh construção de um caminho onde os povos indígenas ou o povo negro alguém dizia aí ao f a Dra romina o o os povos né o o universo negro é o universo majoritário da população apesar disso somos minorizados no caso dos povos indígenas quando aqui chegaram os europeus era um pouquin europeu com cerca se diz mais de 8 milhões que foram destruídos extintos genocídio então a gente
tinha que tratar os povos que resistiram que não é puderam estar ainda vivos com um cuidado enorme cada povo que desaparece o Brasil tem um movimento de diminuição povos isolados tinha que ser tratado com Total prioridade Porque sem isso a gente pode perder inclusive muito da contribuição cultural social e ética que esse povo pode nos oferecer são inúmeras as questões os debates tem algumas posições também individuais de cada um que está participando do nosso chat isso é importante porque vivemos num país democrático então é muito importante que as pessoas também falem e desenvolvam suas opiniões
nós estamos aqui como como bem colocamos né para trazer luz num tema tão importante tão diverso multiplicar ideias com todos aqueles que estejam aí entendendo o que nós estamos falando que nós estamos procurando esse diálogo intercultural isso não vai acontecer sem a participação de toda a rede de proteção não estamos aqui falando de um trabalho isolado do conselheiro tutelar mas um trabalho de toda a rede de proteção sabemos que isso só se faz com trabalho em rede eh estão falando estão falando aqui eh Inori sobre a questão da da dos ianomamis as crianças ianomamis foi
algo que chegou aí para todo o Brasil e que mostrou aí a a a questão aí da da desnutrição infantil de tudo que eles estavam vivenciando lá você acompanhou esse caso Qual é a sua perspectiva dessa situação a pergunta seria para mim desculpa sobre as crianças ianomamis bem o que eu acompanhei os ianomamis tem um um pequeno grupo que se encontra no Estado do Amazonas e essa situação foi referente aos ianomamis de Roraima a situação das Crianças yanomamis em Roraima o que me parece eu não trabalho com os zenom mames nunca trabalhei nem tive esse
contato Mas o que foi passado é que as crianças estão naquela numa região em que nós temos ali a presença de garimpeiros ilegais e os homens indígenas não podem sair para caçar porque se Eles saem As mulheres podem ser violentadas e as mulheres não podem ir até o roçado porque nessa ida elas podem ser violentada então acaba que fica todo mundo ali refente do medo e não se alimenta também além de do Estado ter esquecido porque os o estado brasileiro Eu costumo dizer que ele nunca reconheceu a nós os povos indígenas e essa inércia do
estado não é algo exclusivamente que ocorre só com os povos indígenas iom ianomamis e isso precisa ser falado e a situação do ianomami lógico eh eu imagino que o Conselho Tutelar não deve ter feito nenhuma visita institucional nas terras indígenas que essa denúncia não correu a partir do Conselho Tutelar porque esse tipo de trabalho de ir no território eu acredito que não é feito por pelo conselho tutelar é feito pelo Ministério Público certo aqui nós temos ainda perguntas variadas em relação à educação também a educação para história pra história que nós podemos fo eh antirracista
mas também nós podemos alongar e falar das da história da da nossa colonização como ela é contada né E que isso daí também nos traz uma perspectiva diferente então o que que vocês têm a falar também sobre isso eu posso eh oferecer uma visão minha eu creio que todos somos racistas em desconstrução exceto quem é e que está dentro do universo dos povos originários ou no universo eh do mundo negro e com as suas histórias mesmo assim alguns eh eh que resultam desses dois universos trazem com si esses elementos porque a questão me parece que
eh se dá dentro de uma que a gente precisa superar e essa superação pressupõe que a gente lute debata Se eduque para evitar que isso aconteça Então eu tenho eh a ponderação de que estamos diante da dificuldade enorme de e a gente precisa enfrentá-la com melhores e mais gente para que a gente pare de ter essas questões e veja conceitos tantos contra nordestino contra o pessoal da região norte né Inori contra eh mulheres que a gente precisa virar essa página da história Isso não combina com gente eh fina elegante e sincera Como diz a música
é a educação ela salva as pessoas em todos os aspectos só para complementar Eu costumo dizer que o preconceito ele vem desse desconhecimento e não não se pode amar aquilo que não se conhece e aí quando se conhece um pouquinho de nós é possível entender que nós somos pessoas também com direito ao respeito e a vivermos em paz que tudo que nós queremos é sermos reconhecido como pessoas e termos nossa dignidade Nossa pluralidade diversidade respeitada isso não é difícil basta a sociedade querer querer nos conhecer e no meu ponto de vista também só para complementar
e já finalizar essa resposta é interessante eu acho que eu percebo eu acho não eu percebo que já passou da hora de conhecer a nós os povos indígenas são 524 anos e parece que que foi ontem que fomos invadidos porque seguimos não sendo conhecidos é isso Oi voltei aqui voltei com vocês sim aqui em Manaus tá aqui em Manaus aqui onde eu tô Inori tá aquela chuvinha gostosa aqui que faz o sinal da Internet cair e a gente tá vivendo esse drama eu e que de vez em quando a gente cai volta mas vamos mantendo
aqui o nosso debate o nosso diálogo a nossa noite que está aí com bastante participação estamos aí com muita participação dos conselheiros tutelares Estão interessados nesse tema muitos elogiando dizendo que tiveram um aprendizado um enriquecimento uma potência de conhecimento com essa noite de hoje tão importante eu já me emocionei tanto ouvindo hoje aprendendo com vocês com a Dra Lívia quer dizer uma noite de aprendizado de potência uma noite assim que com essa chuva que tá aqui ao meu redor envolvente né Nós precisamos mesmo nos envolver neste n neste tema tão importante pra nossa sociedade Então
olha só vocês já nos assistiram na noite de hoje estão aí debatendo amplamente assinem lembrem de assinar nós vamos continuar a nossa formação ao longo aí desses dos próximos meses formação é importante para todos os profissionais é importantíssimo que todos nós façamos nossas formações continuadas daí o nome dessa dessa formação né formação continuada nessa formação continuada nós estamos todos aprendendo juntos aprendendo juntos sobre temas lançando luz sobre um debate tão importante a nossa formação continu Nacional vai continuar ao longo desse desse mês do próximo mas também cada Conselheiro continua individualmente sua formação nós temos agora
inor inúmeras lives que ficam gravadas de inúmeros professores onde você pode puxar um foco para um tema tão importante nós podemos aí ver a a o o o assistir Todo o material produzido por vocês nas lives é só nós consultarmos o material a nossa vai ficar gravada vocês podem aí ter acesso a essa Live depois vai ficar gravada para que possa ser multiplicado para todos eh as perguntas aqui passam por ao algumas perspectivas individuais alguns falando inclusive que não acreditam mas aí é um um um espaço democrático que não acreditam que crianças indígenas possam sofrer
discriminação outros dizem que outros dizendo aqui que como seria então para que que que as crianças indígenas fossem eh vítimas por exemplo de abuso in Nori como que Elas seriam eh ouvidas como que seria feito este eh eh essa escuta dessas crianças envolvidas com abuso sexual Sim antes de responder eu só vou ressaltar que eu sou eu sou uma pessoa indígena e que eu sofro preconceito até hoje né o preconceito ele é real ele existe sobretudo por eu ser a única pessoa indígena num espaço a advocacia não só advocacia Mas eu sempre estive nesse espaço
de privilégio de ter acesso à educaçãoo né Eu sou um caso concreto meus irmãos e todos os outros indígenas que eu conheço que estão aqui que estão nesses espaços ocupando espaço que não se declaram enquanto indígena porque tem medo de se declarar e sofrer racismo institucional ou qualquer outro tipo de racismo porque como eu falei e repito pessoa indígenas ainda não são tratadas ou vistas como pessoas a sociedade não está preparada para viver com a diversidade cultural e linguística e tão pouco o Estado está eh o estado deseja nos reconhecer como parte desse país o
preconceito só sabe que o que é o preconceito quem passa por ele quem vive ele então tentar eh diminuir o preconceito tentar minimizar e dizer que ele não existe ele existe ele é real e ele precisa ser falado justamente para que nós possamos diminuir isso eu tive diversos colegas que entraram comigo na universidade já em outros estados muitos Não terminaram a faculdade por conta do preconceito porque é muito difícil conseguir a nossa cultura é diferente da de vocês é todo um contexto de não ser aceito também naquele espaço e ter que tentar sobreviver em um
espaço hostil como a academia e como os espaços considerado para pessoas brancas e elitizadas classistas e racistas Mas enfim sobre os abusos sexuais como eu já falei eu ressalto os crimes nós temos crimes que ocorreem na sociedade na nossa sociedade que eles são punidos o crime de abuso sexual quando ele ocorre e eu vou responder enquanto canamari pelo meu povo canamari e pelos outros povos que eu atuo não por todos os povos porque como eu bem já falei são 305 povos cada um tem a sua cultura cada um unee de uma forma quando esse tipo
de crime ocorre geralmente a Funai é informada para que a polícia federal entre no território e traga a pessoa para ser julgado aqui fora mas eu acho que isso não não tem muito a ver com o trabalho do conselho tutelar porque o Conselho Tutelar não vai no território buscar essa criança ou buscar o o acusado eu acho que precisa se se atentar a especificidade a conhecer sobre os povos indígenas precisa ter letramento racial precisa se estudar mais precisa aumentar os requisitos para ser conselheiro tutelar como eu bem já falei no Conselho Nacional de direitos humanos
do Ministério Público precisa os promotores de justiça e como todos os outros servidores do sistema de Justiça precisa ter uma matéria sobre Quem Somos Nós os povos indígenas é inadmissível eu acho eu acredito que essa matéria sobre nós deveria ser ensinada desde a pré-escola hoje nós continuamos sendo chamad de índios por pessoas que trabalham no sistema de Justiça isso é inadmissível uma prova de que realmente não nos conhece quer complementar Professor eu só quero dizer que eh sempre vai ter algum grau de violência em qualquer sociedade humana ponto a forma de construir uma solução jurídica
ou pluri jurídica uma pluralidade de enfrentamento disso vai depender da maturidade de cada povo de cada organização e da do próprio sistema estatal de repressão da violência como aor comentou em algum alguns povos há um sistema de Justiça eu orientei uma tese de mestrado no Uruguai que comparava eh os processos de punição penais mas não indicava que eram temais estatais de povos da região sul chuas Uruguai e o pessoal Guarani na região do Rio Grande do Sul Então eu acho que a gente tem que ter um um um pé no freio porque veja eh eu
quero fazer uma pergunta qual é o grau de subnotificação da violência sexual contra crianças da classe média brasileira queem nem os sistema estatal que nem Conselho Tutelar que ninguém alcança Qual o tamanho disso é muito maior do que no caso dos povos indígenas e aí quando se coloca isso se coloca isso dentro de um campo mitológico Ah eu vi uma vez na Ilha do Marajó Quem geralmente explora na Ilha do Marajó eh sexualmente crianças e adolescentes somos nós brancos então eu quero dizer para vocês que na verdade é preciso relativizar isso é preciso dialogar sobre
isso sem preconceito e repito estabelecendo um diálogo intercultural de boa fé e de tentativa de compreensão a Nori fala o negócio eu acho que é muito forte ainda são chamados de índios é a pergunta que fizeram lá no começo como é que eu chamo índio ou indígena chama pelo nome gente Inori canamari ela tem nome importantíssima advogada né se a gente não compreende isso nós ainda estamos gente absolutamente perdidos nessa questão do respeito e da compreensão de quem nos constituiu os povos indígenas o povo negro são elementos fundantes do que somos como país como nação
como cultura e aí repito é preciso a gente e aí concluo viu Eh sabendo que todo mundo tem hora eh dizendo que a gente precisa dialogar mais e eu queria aproveitar viu romina para agradecer esse convite agradecer a todos que nos oportunizaram isso dizer que eu aprendi demais com vocês hoje não é e amanhã tô cedinho lá no ATL vou chegar lá no meu povo Caiapó viu Inori vou dizer olha ontem à noite ao invés de estar aqui com vocês eu tive uma outra aula excepcional e quero agradecer a cada um de vocês do que
tá assistindo do chat também a quem organizou Muitíssimo obrigado Parabéns Inori pela luta Você é um exemplo para todos nós obrigado pronto então o senhor já antecipou aí as suas conclusões finais os seus agradecimentos e eu faço mesmo passando a palavra para inor bem eh eu tenho um poema que se chama grito can que está no livro da desembargadora Cátia Junqueira e o poema ele começa assim ah se pelo menos eu pudesse ter sido registrada com o meu verdadeiro nome Inori e sobrenome que Anari meu país minha terra meu povo indígena canamari Ah se eu
soubesse que nada adiantaria que o preconceito ainda persistiriam ah se eu soubesse que minha cultura e especificidades indígenas seriam vistos de formas diferentes se seu olhar homem branco fosse mais inocente se eu não tivesse que ser forte a todo momento Nem dependesse da sorte para lutar pelo meu povo se antes do Espírito mal que me pinta o poceiro que sou mulher indígena canamari ou dos Espíritos da floresta que me guiam e que cultivo dentro de mim pelo mesmo motivo meus parentes e eu fôssemos apenas pessoas pessoas antes de indígenas se não tivéssemos que lutar pelo
direito de continuarmos existindo se eu não tivesse que gritar a cada tentativa de me silenciar invisibilizar e violarem ainda iria ter graça querer me eliminar homem branco por estar onde estou e se nós povos indígenas quiséssemos nos vingar ou vocês homens brancos pensam que nós não lembramos dos estupros de nossas parentes indígenas que iniciou em 1500 pelos portugueses holandeses e e que seguem sendo violentadas por madeireiros pescadores e garimpeiros e vocês ainda comemoram a ação porque o resultado dessa violência contra nosso povo foi a missena e vocês ainda acham que nós esquecemos das violações cometidas
pelos não indígenas contra nós os povos originários sobre as mulheres indígenas que tiveram seus corpos violados elas estavam sozinhas clamando aos espíritos da floresta proteção sim como como se não bastassem raptaram das Aldeias as crianças indígenas a pergunta que se faz agora é se essas crianças estão vivas ou mortas e elas as mulheres indígenas que tiveram seus corpos violados entre elas minha bisavó e avó não viram seus filhos crescerem foram sentenciadas após serem reiteradamente violadas sem ajuda sozinha minha bisavó e avó assim como outras mulheres indígenas sofreram pela falta de seus filhos e por mais
que elas suplicas aos não indígenas que trouxessem seus filhos de volta eles não os trouxeram e elas essas mulheres indígenas viveram um verdadeiro inferno de um julgamento eterno se nós os indígena não morremos por omissões violações assassinatos perseguições morremos em decorrência das invasões quando somos lembrados somos taxados como sem sem modos e preguiçosos na televisão mas ninguém lembra da invisibilidade do silenciamento histórico que sofrem as gerações somos indígenas com diplomas e sem oportunidade de inclusão Você sabe o que é preconceito homem branco eu sim Será que nós pessoas indígenas um dia teremos paz ou viveremos
sempre um caos o preconceito não me parou e suas mãos sujas de sangue inocente do meu povo jamais serão limpas meus parentes estão mortos na matéria mas vivos em nossa memória assim como nossas línguas que sobrevivem em nossos territórios venho aqui para lembrar que temos uma história que somos história em meio ao caos vamos encontrando a glória em meio a Tantas lutas vamos chegando à Vitória é que temos Nossa ancestralidade e força para continuarmos vivos eu me Basto e não tento me encaixar em seu espaço Branco e elitizado para chegar até aqui precisa ser muito
macho e você homem branco elitizado se acha Macho mas nunca viu rastro de anta tão pouco escutou esturro de onta se correr a onça te pega homem branco se ficar a cobra te come o que eu passei na vida homem branco você jamais saberá como é para viver na minha pele de mulher indígena tem que ser muito mas muito mulher é isso obrigado eu acho que responde a todas as perguntas linda e assim a arte termina falando expressando tudo que foi dito nessa noite tão profunda tão potente como mais uma vez eu quero ressaltar uma
noite que traz aí luz sobre um tema tão potente tão importante diversidade diversidade que tá sendo tema aí não só para o sistema de garantia de direitos para os profissionais que lidam aí no dia a dia do sistema de garantias de direitos mas até pras empresas Hoje em dia as em primam pela diversidade muito importante até do ponto de vista dos negócios do lucro então muito importante para toda a sociedade estar de olho de olhos atentos no ser humano em sua essência no ser humano como um ser único como um ser plural E aí nesse
fim o que dizer né sobre essa arte trazida pela Inori só agradecer a presença de Murilo a presença de louri zel que esteve aí conosco linda interpretando para nós a todas a Fábia Alessandra que estão aí no apoio a todos que estão nos assistindo os Conselheiros tutelares de todo esse nosso Brasil imenso aos profissionais do direito que estão nos assistindo do sistema de garantia que ests assistindo nós só temos agradecer dizer que foi uma noite potente enriquecedora para todos nós essa Live mais uma vez eu digo ficará gravada para que nós possamos multiplicar os conhecimentos
aqui adquiridos eh eu anotei também Inori uma frase para dizer ao final Claro que não vai concorrer aí com teu lindo poema mas eu quero deixar aqui também uma frase que diz assim que é fala muito também sobre a a a minha profissão a a minha jornada e trajetória e a de muitos conselheiros que estão nos assistindo no dia de hoje então minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la isso é de di Jamila Ribeiro então que fique aí esse essa frase e esse poema para
todos nós nessa noite de hoje obrigada mais uma vez a todos que nos assistiram a todos que estiveram conosco eh estaremos de volta na próxima terça-feira contamos com a presença de todos vocês na próxima terça-feira para mais um encontro logo logo vamos aí anunciar quem serão os palestrantes enviar o link sempre está lá na bio podem entrar e acessar o link um abraço e um beijo muito grande boa noite a todos m