OS ANIMES ESTRAGARAM OS MANGÁS? Dragon Ball ficou uma bost@!!!

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Quadrinhos na Sarjeta
DRAGON BALL, de Akira Toriyama, é mangá, anime, game, filme, brinquedo e tudo mais que você pode ima...
Video Transcript:
Drgon Ball, esse mangá, esse anime maravilhoso, fantástico, que também é ruim. Ele fica ruim. Depois fica uma bosta, na real.
Ok, talvez eu esteja exagerando, mas eu quero comentar hoje aqui com vocês o quanto que histórias muito boas podem se tornar bastante medíocres. E eu sei que vai ter surto, a nostalgia de muita gente aqui vai ficar à flor da pele, mas segura a minha mão, pessoa querida, e admita, Drgon Ball vai ficando uma merda. E eu vou ser bem franco, tá?
Mesmo considerando tudo isso, eu continuo gostando. Mas que fica um bife, que parece uma sola de sapato, isso fica. Que específico!
Aqui neste canal, a gente tem a tradição de separar essas grandes histórias em arcos. E Drgon Ball já merece uma playlist aqui no canal. Inclusive, digam nos comentários se vocês querem que eu faça.
Eu já falei das primeiras histórias, comentei sobre o treinamento do Goku e também do arco Red Ribbon. E aqui, agora, eu vou falar da saga de Piccolo. Quer dizer, um pouco mais do que isso, porque tem os torneios antes e depois.
Enfim, pra você que é neurótico e quer se localizar, eu vou falar do capítulo 113 a 194, que pega mais ou menos volume 10 ao 17 do mangá. E quanto ao anime, do episódio 84 ao 153. Publicado originalmente entre 1987 e 1988, esse grupo de histórias acabou ganhando adaptação quase que simultânea, saindo em forma de anime também entre 87 até 89.
Esse detalhe é importante, porque mostra que o mangá e o anime estavam ali batendo cabeça um correndo atrás do outro. Também tem um outro detalhe aqui que eu quero trazer, que parece que não tem nada a ver com essa análise, que é o lugar onde eu deixo vocês super curiosos, do tipo, por que este careca está falando isso? 1988 também é o ano em que encerra Hokuto no Ken.
Eu também ainda quero comentar aqui no canal, digam nos comentários se vocês querem. Pra quem não conhece a série, Hokuto no Ken é um icônico Battle Shounen, ou seja, um mangá para garotos de um monte de homens dando porrada um no outro. E que saia na mesma revista do Drgon Ball, a Weekly shounen Jump.
Vocês conseguiram ligar os pontos? Não? Então vamos lá.
Drgon Ball, pouco a pouco, foi se tornando um típico battle Shounen. Ele não começa assim, mas as lutas vão se tornando populares, icônicas, e chega uma hora que o Akira Toriyama, no estilo original Toriyama Akira, criador de Drgon Ball, cabe dizer, vai enfatizar só lutinha e poderzinho. E olha que curioso, quando a série dá uma guinada pra ficar basicamente só isso, é exatamente no período em que Hokuto no Ken encerra.
Ou seja, aparentemente, tem muito aqui de estratégia editorial, mas também de cansaço do próprio Akira Toriyama, que sempre reconheceu em entrevistas que ele não imaginava uma história tão longa. Aliás, tudo dá a entender que Drgon Ball era pra ser uma série curta, que tá sendo esticada, esticada, esticada até hoje. Se isso aqui fosse um choque de cultura, eu ia dizer Drgon Ball, o zumbi dos animes.
Tô pensando se eu vou usar esse título. Show! Só que eu tô falando, falando, falando, e você ainda não sacou onde é que eu quero chegar, né?
Porque também nem eu me entendi. O lance, galera, é que Drgon Ball é uma série muito rica, mas que conforme vai virando um battle shounen genérico, ou seja, uma história de luta e poderzinho em nome da luta e poderzinho, algo que conquistou uma legião de fãs, reconheço, mas conforme vai indo nessa direção, vai se tornando cada vez mais pobre, e abrindo mão do que fez Drgon Ball ser tão interessante. Mas eu fico imaginando você aí, que adora fazer ranking de poderzinho, de sei lá quem, dizendo o seguinte, Ah, cara, mas foi aí que ele ficou mais famoso ainda, o que que tu sabe?
Porém, o que eu quero mostrar aqui pra vocês é que Drgon Ball não se sustenta somente pelo elogio à neurose dessa galera que gosta de ficar rankeando lutador, e sim por tudo aquilo que havia sido construído antes. Ou seja, Drgon Ball só não descamba pra virar um negócio completamente sem identidade, porque as bases anteriores, que eram muito boas. Então eu vou comentar aqui nesse vídeo, esse conjunto de histórias, onde o grande vilão é Piccolo.
Vou retomar também as histórias anteriores, até pra poder fazer aqui uma comparação, e tentar provar porque que é a partir daqui que começa a decadência de Drgon Ball. Ainda que, tem coisas legais e vão continuar tendo. Mas antes de eu arregimentar o ódio da galera fã do menino com rabo de macaco, eu peço que você curta o vídeo se estiver curtindo, se inscreva caso esteja novo por aqui e compartilhe.
Esse canal consegue encrencar com obras que machucam a nostalgia das pessoas, porque tem apoiadores. E tem recompensas bem legais, como lives aqui comigo, grupo de estudo, grupo do Telegram, sorteio de tibi e conteúdo exclusivo. Eu vou deixar o link do nosso apoio na descrição do vídeo, no primeiro comentário fixado.
E cogite ser membro aqui no YouTube, por 6,90 ao mês e ter acesso a vídeos exclusivos. Mas vambora, primeiro deixa eu retomar aqui um pouco sobre o que é Drgon Ball, até pra quem não conhece direito a série, e pra quem conhece, relembrar. Conforme eu apontei nos vídeos anteriores, Drgon Ball, ele é uma série que apesar de muita gente conferir nele uma certa identidade, ela foi sendo construída aos poucos.
Aliás, essa é a vantagem de ficar analisando por arco, porque você vê realmente ali essa coisa quase de novela, ou seja, por meio da resposta do público, as coisas vão tomando formas diferentes. O primeiro arco de Drgon Ball, onde ali tá mais clara a paródia, porque afinal de contas, Toriyama aqui estava se baseando na Jornada ao Oeste, que é um romance mitológico escrito pelo chinês Wu Chengen. Pois bem, aqui nesse primeiro ponto, essa paródia serve acima de tudo pro humor.
Dá pra dizer que Drgon Ball começa, acima de tudo, como uma grande comédia de erros. Uma série de personagens se cruzando, se esbarrando, cometendo uma série de equívocos. O próprio Goku como protagonista é uma fonte eterna de equívoco, porque ele não sabe direito sobre si, ele não conhece direito seus próprios poderes.
Ele tem uma ingenuidade gigantesca. O próprio nome dele, que seria um trocadilho com Mente Vazia, é também Cabeça Oca. Então tudo é feito pra gente se divertir.
Inclusive tem um elemento muito forte nas primeiras histórias de Drgon Ball, que eu já falei aqui, e eu lembro que muita gente ficou irritada, que é o fato de que Drgon Ball começa como um quadrinho bastante erótico. Tem muita piadinha picante, algumas hoje bastante politicamente incorretas, tá? Porque tem coisas ali que são visivelmente abuso.
Que na época soava engraçadinho, e hoje no Japão isso é muito pouco tolerado. Contudo, mesmo com esses problemas, tudo somado acaba enriquecendo Drgon Ball. Os personagens se tornam interessantes.
Aliás, há todo um tempo pra desenvolver eles. Sejam eles nas suas qualidades, sejam eles nos seus defeitos. Outra coisa também que eu acho que o Toriyama faz muito bem é construir um cenário.
Dá pra ver que é uma fixação do autor. Em outras obras ele gosta muito de fazer isso também, que é operar uma espécie de montagem dos tempos. Ou seja, tem tecnologia de última geração com dinossauros.
Basicamente, aqui não há uma preocupação muito grande em situar as coisas. Do tipo, isso é no futuro, isso é no passado. É no futuro, é no passado, é tudo ao mesmo tempo.
E fica legal, sacou? Fica legal porque você compõe uma série de elementos, esses contrastes que acabam gerando uma imagem bacana. Em resumo, Toriyama é muito bom de criar universos.
E também de produzir personagens carismáticos. Conforme Drgon Ball, a série, foi crescendo, e os momentos de batalha foram ganhando mais ênfase, o Toriyama aqui, se mostrando como o grande autor que é, aproveitou essa deixa pra explorar o treinamento de Goku. Que é, inclusive, o segundo vídeo aqui que eu fiz no canal.
Que é muito bacana, e eu não vou me demorar aqui, vocês podem ver o vídeo que eu já fiz. Mas o lance aqui que interessa pra retomar a análise, é o quanto que o Toriyama aproveita muito dessa identificação com o público leitor. Porque, afinal, a gente tá falando de jovens que também estão na escola.
E, ao mesmo tempo, faz muita piada com a educação. Do quanto que o mestre Kami, o mestre do Goku, é um mestre que também não ensina muita coisa. Ou que tudo que ele ensina é não ensinar.
Enfim, de novo, humor. Só que agora, nessa saga de treinamento, onde, no fundo, cada personagem tá buscando a si mesmo. Nesse ponto também é que dá pra apontar certos vínculos religiosos.
Seja com o budismo chinês, com o taoísmo. Dito de outra forma, uma busca por iluminação que não se dá através da tutela do mestre. O caminho é de cada um, e a ação é buscada pela não-ação.
Contudo, nosso grande Akira Toriyama, desde o começo da série, já gostava de fazer também alguns comentários ácidos a respeito de política. A milícia dos coelhos, que aparece logo no começo da história do Drgon Ball, já diz muito. Inclusive, eu falei dessa milícia aqui num vídeo mais antigo.
Porém, vai ser no arco Red Ribbon que daí o Toriyama vai começar a esculhambar geral. E ali sobra pra todo mundo, tá? Ele tira sarro dos soviéticos, ele tira sarro dos americanos, ele tira sarro dos nazistas.
Basicamente, ele procura compor, nessa montagem dos tempos, agora, especificamente, uma montagem política, no qual todos os grupos lutam por algum tipo de poder. E cabe ao Goku, como aquele que tem o poder, recusar o controle. Essa é uma sacada bacana em torno do Goku.
Ele é o mais poderoso de todos, mas ele é aquele que não perde a ludicidade diante do poder. Pra ele, poder é brincadeira. Poder é uma disputa, esportiva.
E por mais que ele queira ser o mais poderoso, por mais que ele treine para isso, ele não quer, com isso, assumir o controle de nada. Até porque, nessa concepção, se ele, com esse poder, resolve controlar os outros, ele não tem mais brincadeira nenhuma. Sabe aquele slogan, importante não é vencer, importante é competir?
Pois bem, Goku leva isso à radicalidade. Por que eu tô retomando tudo isso, galera? Pra mostrar o quanto que a gente tem uma série de elementos muito ricos, e que, de repente, foda-se!
Sacou? Agora a gente vai entrar no momento, foda-se! Focando, então, especificamente no que eu quero analisar com vocês.
A gente começa a história no 22º Torneio. Pra quem não tá habituado com as histórias do Drgon Ball, os torneios são demarcadores importantes de tempo. E aqui já começa esse lance de trazer o torneio como o principal elemento da história.
Porque o arco anterior terminou se passando três anos antes, e pulou, e vamos pro torneio, e era isso. Nesse torneio, a gente vai conhecer alguns outros novos personagens que vão se tornar importantes. Como aqueles ligados à Escola Tsuru, um antigo rival do Mestre Kami.
E ali tem dois personagens que quem acompanha Drgon Ball vai lembrar. Que é Chaos, ou Chaos, eu até hoje não sei como é que se pronuncia direito. Eu só vi no mangá, não vi no anime.
Vamos lá, Chaos. Tá! E Ten Shin Han, que é quem ocupa aquele tropos típico de qualquer battle shounen, que é o adversário que, em algum momento, vai se tornar aliado.
Aliás, isso é um indicativo do quanto um battle shounen vai esticando a história. Ah, chegou um novo inimigo, aquele é o pior de todos. Mas depois ele vira aliado.
Por que ele virou aliado? Porque vai ter outro inimigo. Ah, e agora esse inimigo é o piorzão, agora chegou.
. . Não, não, não, ele vai virar também um aliado, porque depois tem um outro inimigo pior ainda.
Quanto mais tu vai esticando o negócio, mais os vilões anteriores vão ficando amigos. Claro, às vezes quebra esse tropos, mas no geral esse negócio é mantido. Mas voltando aqui pro 22º torneio, não dá pra ser injusto dizer que é a coisa mais previsível do mundo.
Mas assim, também tá longe de ser uma caixinha de surpresas. Talvez o mais surpreendente é o fato de que, a essa altura, o Goku já tá tão motherf*cker, que você imagina que ele vai ganhar a competição. E ele perde, por pouco, mas perde.
Pro Ten Shin Han. O que já começa a me soar um pouco agridoce nesse torneio, é o quanto todos os personagens são pouco explorados. Tem pouco desenvolvimento de bastidores, ou seja, a coisa fica mais na luta em si.
E tudo bem, Drgon Ball tem muita essa coisa de durante a luta os personagens irem falando, e se expressando, e as pessoas estão assistindo também, fazendo comentários. Mas mesmo nesse ponto, a coisa começa a ficar muito expositiva. Pra quem não tá acostumado com esse termo, quando a gente fala em expositivo, em um roteiro, a gente tá querendo dizer que aquela informação que a história precisa trazer, ela tá construindo da maneira mais bula de remédio possível.
Pra dar um exemplo, a história precisa nos dizer que o personagem X é irmão do Y. Tem milhares de maneiras pra você trazer essa informação pro público. A mais preguiçosa é aquela que a gente vê muitas vezes, até mesmo em novela.
Oi João, irmão de Pedro, como você está? E assim, Drgon Ball não tá muito longe disso não. Esse ponto aqui do torneio, tudo é mega exposto.
Os personagens expressam o que eles pensam. Eles também expressam o que eles pensam sobre outros personagens. Os poderes são descritos.
Os movimentos antecipados. E tudo em torno da luta, da luta, da luta, da luta. Tá pronto pra lutar?
Eu estou esperando. Vamos, lute. Lembra que eu falei pra vocês que a essa altura aqui, o anime e o mangá já tinham se alcançado?
Ninguém me tira da cabeça que muito da pobreza que começa a aparecer nesse momento, tem a ver com diferentes fatores. Um, Toriyama já que tava de saco cheio. Dois, a shounen Jump precisava manter esse público que adorava um battle shounen.
Três, uma sujeição do mangá ao anime. Porque vamos ser francos, pros animadores, batalhas, mirabolantes, é um negócio que dá pra se divertir muito. E se no mangá isso também pode ser legal?
Convêmos, ficar só nisso não é tão legal assim. Mas enfim, termina o 22º Torneio e daí vem o plot twist, quando as coisas ficam um pouco mais interessantes. Porque a lista dos grandes guerreiros foi roubada, e Kuririn, que é um personagem importante aqui, caso você não saiba, aparece morto.
Aliás, ele vai ser o primeiro de uma série de personagens importantes a morrer. Caso do Mestre Kami, do Chao, sei lá. Entre tantos outros que vão ser vitimados por quem?
Pelo grande vilão do momento, Piccolo. O Rei Demônio. Que foi tirado da sua prisão pelo Imperador Pilaf.
Que é o antagonista cômico do Goku desde as primeiras histórias de Drgon Ball, e que tá sempre atrás das esferas do dragão. De modo a consumar a sua dominação mundial. Só que aqui desta vez, Pilaf, sabendo que não consegue dar conta de Goku, resolve pedir uma ajudinha.
Algo que dá terrivelmente errado, porque é aquela coisa, né? Idiota quando invoca poderes que ele não sabe direito o que ele tá fazendo, é óbvio que vai dar merda. E Piccolo é mostrado como um homem cruel.
Aliás, é homem? É um bicho, é um demônio. É um ser das trevas.
Que também está atrás das esferas do dragão, pra que ele possa realizar um desejo específico. No caso, ser jovem. Pra quem não tem a menor ideia do que eu tô falando, e ainda assim tá aqui assistindo esse vídeo, guerreiro, você, é preciso reunir as sete esferas do dragão, pra invocar o dragão Shenlong, que por sua vez, realiza um desejo.
Que pode ser qualquer coisa. Então aqui nesse ponto, Drgon Ball meio que volta às origens. Aquela corrida por reunir as sete esferas do dragão, e impedir que o vilão faça um pedido monstruoso.
Aqui nesse ponto a história dá uma melhorada. Piccolo é um vilão grotesco, e no primeiro momento prende a nossa atenção. Inclusive a gente fica pensando muito, como é que ele vai ser derrotado.
Embora a gente já sabe, o Goku vai dar um pau nele, porque é isso que acontece sempre. Mas o como, realmente, como isso vai ser, acaba despertando nosso interesse. Só que de novo assim, vai não indo muito, saca?
Porque Piccolo consegue criar vilões, a partir de um processo bastante bizarro, que é de botar um ovo pela boca. E daí tá, você tem aqueles capangas monstros, que o Toriyama se diverte desenhando, e que realmente fica legal. Só que também eles são derrotados, relativamente rápido.
Depois o próprio Piccolo acaba esbarrando com o Goku, e também dá um cacete no nosso herói. Então vem aquele momento típico, onde o herói está ferido, percebe que não consegue lidar com o inimigo, e precisa de alguma maneira se aperfeiçoar. Precisa conseguir um novo poder para seguir em luta.
E é nesse ponto aqui, que essa saga do Rei Piccolo, que estava tomando forma. Pois bem, aí que ela desanda. Porque de novo, tudo começa aí no modo acaralha.
Eu gosto do momento, onde o Piccolo resolve se decretar o Rei do Mundo. A cena tem um tom de crueldade, de sadismo por parte do Piccolo. Então isso é legal para caracterizar ele como um vilão, bastante ameaçador e perigoso.
Inclusive essa gamificação do genocídio que ele faz, eu acho isso muito pesado. Porque basicamente ele sorteia para todas as pessoas do mundo, qual região ele vai destruir. Então pô, isso é bacana, mas também, de novo, é um negócio largado, e fica por aquilo ali mesmo, e não volta mais.
Pô, podia explorar mais isso, essa crueldade ligada ao jogo. Algo que, vamos ser francos, tá mais atual agora do que naquela época. Com a gamificação da violência hoje em dia, enfim.
Esse é um outro papo. Mas vocês lembram, né? Goku tomou uma sova do Piccolo, agora ele precisa de algum tipo de adicional, de algum poder a mais, pra conseguir vencer.
E aí galera, vem a coisa mais jogada. Porque ele tem que voltar na Terra Sagrada de Karin, que ele já tinha ido no Red Ribbon, pra lá conseguir se aperfeiçoar. Como ele já tinha feito outra vez.
Aí ele sobe aquela torre imensa, agora com a ajuda de um novo personagem, que é Yajirobe. E lá o grande Karin, que é um gatinho fofinho. Diz pra ele que tem a Super Água Divina, que é um veneno.
O Goku toma essa Super Água Divina, quase morre, mas fica bem. E é isso. Percebam como em termos de enredo, é.
. . Porra, o cara volta pro mesmo lugar que já tinha ido, pra fazer mais ou menos a mesma coisa que já tinha feito.
E pra sem nenhum esforço encontrar uma poção mágica, que tem um risco, mas a gente sabe que não vai matar o protagonista. E ele volta e tá super poderoso e deu. Sério, é o tipo de coisa assim, que você bola enquanto você tá, sei lá, cagando.
Ah tá, eu preciso que o personagem aqui fique forte do nada. Ah, vou botar ele no mesmo cenário que já tinha, porque daí não preciso desenhar um novo. E é que ele vai tomar uma poção mágica.
Pronto. E pra não ficar tão fácil, talvez mate ele. Mas não vai matar.
Porque é só talvez. E deu, pronto. Resolve, volta pra batalha.
E aí Goku vai lá, agora mega poderoso, dá um pau no Rei Piccolo, e pronto, salvou o mundo. Mesmo o fato do Rei Piccolo ter conseguido juntar as Esferas do Drgão e ter se tornado jovem, que tornaria ele ainda mais poderoso, isso não é suficiente pro Goku, que tomou ali o suco, e agora tá aesthetic. Aliás, esse também é um outro ponto, né?
A reunião das Esferas do Drgão. Na saga Red Ribbon, a reunião das Esferas do Drgão, tem todo o simbolismo de caracterizar o quanto que o Goku é bom. Porque ele reunindo essas Esferas, e tendo o poder de pedir qualquer coisa, ele pede que o pai do indígena Uppa, Bora, seja ressuscitado.
Simplesmente porque ele recém conheceu essa família, e ele se afeiçoou a eles. Então mostram quanto que o Goku é, talvez, altruísta, ou talvez mesmo só alguém que ama demais a vida. De modo que quer a vida de todos, quer o bem de todos.
Mas pra ele, bom, pra ele, tá bom o que ele tem. Já agora, enfrentando o Rei Piccolo, ok, de novo, o Goku quer as Esferas do Drgão apenas pra ressuscitar todas as pessoas que o próprio Rei matou. Mas de novo, não é uma decisão que seja um tanto crítica, ou seja, que demande uma escolha difícil.
Não, é quase que óbvio. Eu vou juntar aqui, vai ressuscitar, e pronto, a gente reseta e todo mal já era. É o que acontece, tá?
Era isso. Contudo, tem um gancho, e você disse, o quê? Agora talvez vinha um negócio ainda mais louco.
Porque o Rei Piccolo, antes de morrer, soltou um ovo pela boca, que é ele próprio. Sim, ele opera por reprodução assexuada. Mas Júnior, ou Piccolo Júnior, vai ser agora o próximo vilão de Goku.
E por sua vez, o próprio Goku agora vai ter um outro treinamento. Porque a partir ali da Torre de Karin, ele vai parar no plano celestial, e lá ele conhece Kami-sama, Deus. Acompanhado de Mr Popo, um personagem que hoje seria bastante, bastante criticado, por ser um estereótipo de Black Face.
O que é interessante, é que Kami-sama aqui, serve pra explicar um pouco a origem do próprio Piccolo. Ele, quando chegou na Terra, percebeu que não havia mais deuses. De modo que ele, pra se tornar um Deus, precisou expurgar todo o mal de si.
Esse mal que saiu dele, bem, acabou formando Piccolo. Daí que você tem aqui um arranjo mitológico legal. Da ideia de um Ying Yang, de um bem e mal radical, que estaria em um embate pelo destino da criação.
Daí que tudo isso serve também pra explicar o quanto que Piccolo acaba sendo um personagem muito monocromático. Ele é o mal puro, então ele é o grande antagonista de Goku. E que, vamos ser francos, poderia ter encerrado o Drgon Ball ali.
Só que assim ó, tudo isso é largado, essas informações até que são interessantes, mas, elipse de três anos de novo, e mais um torneio. Todo esse desenvolvimento, toda essa evolução dos personagens, foda-se de novo. Vamos pro vigésimo terceiro torneio.
Agora serve pra pelo menos mostrar que o Goku e companhias estão grandes. E reconheço, isso é legal, ver o personagem crescendo. Mas de novo, em termos de enredo, fica ainda mais arrastado.
Em torno da personagem Chichi, que vai se tornar a esposa do Goku, mãe de Gohan. Que aqui aparece com essa menininha casamenteira, que foi atrás do Goku, porque eles tinham combinado de casar e era isso. De novo, ok.
Pode funcionar a piada. Mas a maneira como isso é jogado, é mais uma vez, no modo foda-se. Porém tem outro aspecto aí, que talvez torne esse torneio bastante interessante.
Que agora o Piccolo Jr. É um competidor. E Goku agora é adulto, ficou lá treinando no plano celestial, então talvez ele esteja mais poderoso.
A gente quer ver os poderes dele. Pra piorar, tem um carinha sem noção ali, no meio desse torneio, que a gente descobre que é o próprio Kami-Sama encarnado. Então vai ter uma batalha de deuses com o Goku no meio.
E sim, é isso que rola. Só que do ponto de vista de quadrinhos, é só mais soco, linhas de ação, poderzinho e gritos sem noção. Repito, isso do ponto de vista de animação, pode ser muito interessante.
Ainda que pela repetição, começa também a deixar meio encebado. Mas enfim, isso é uma coisa muito já feita, pra pensar enquanto anime. Já enquanto mangá, fica meio que, ok.
Batalha épica, cada vez a coisa vai ganhando mais escala. Só que como vocês bem sabem, escala é um negócio que quando você força a barra demais, chega uma hora que a gente fica insensível. E aqui, perigosamente beira isso.
De modo que eu vou encurtar a história, tá gente? O Goku vence. Óbvio.
E faz isso numa operação delicada, tentando preservar Kami-Sama. Porque como um é o bem e o outro é o mal, se um morre, o outro também morre. Então o Goku aqui faz de tudo, pra inclusive preservar o próprio Piccolo.
E que como todo mundo bem sabe, é aquele típico adversário, que mais pra frente vai se tornar aliado. Todo esse conjunto de histórias, fecha aquele ciclo, que no anime depois vai ser chamado de Drgon Ball Z. Ou seja, uma nova fase do Drgon Ball.
No mangá não tem essa divisão, tá? A coisa é corrida. E esse é um detalhe importante, não é só uma mera curiosidade, porque o próximo arco, que vai ser o arco do vilão Vegeta, é basicamente um arco feito pra finalmente explicar o que é o Goku.
Porque ele é mais poderoso que os outros, ele não é exatamente humano, ele é um menino com rabo de macaco. Ainda que isso também não seja um detalhe tão importante, porque a gente vê uma série de seres antropomórficos, no mundo de Drgon Ball. Mas enfim, o que a gente vai ter a partir de agora, é uma explicação de o que é o Goku.
Eu não sei, nunca li a respeito, mas eu tenho pra mim que a ideia do Toriyama era já explorar esse 'o que é o Goku' no arco do Piccolo. Daí por decisão editorial, pra esticar a história, tiraram esse detalhe. E é por isso que ficou uma coisa tão vazia.
É só luta em poderzinho, e só isso mesmo. E como depois vai ser chamado de Drgon Ball Z, que é pra encerrar, ah, bom, agora vamos explorar mesmo aqui, quem é o Goku, vamos trazer os últimos grandes antagonistas dele, e fechar a história, certo? Não, a coisa vai ser esticada, esticada, esticada, esticada.
Notem, portanto, quanto que aqui essa lógica, que no fundo é puro capitalismo, acaba muitas vezes empobrecendo, produzindo uma decadência em uma história que era muito rica, que talvez tenha perdido o tempo de ter parado. Outro ponto aqui também importante chamar atenção é quanto que esse mercado transmidiático muitas vezes serve pra boicotar as produções originais. Isso é um negócio que eu vejo muito em super-heróis.
Veja, não é por nostalgia, juro, mas eu gosto muito mais de ler quadrinhos de super-heróis pré-tantos filmes de super-heróis. E eu não tô falando de quadrinhos da minha infância, tô falando de quadrinhos que até mesmo são anteriores à data em que eu nasci. Porém, me interessa esses quadrinhos que não tentam emular uma perspectiva cinematográfica, que não tenta ser já um pré-storyboard pra um filme futuro.
E é esse o ponto que eu acho que Drgon Ball também é que acaba empobrecido. Sim, ele como um mangá de sucesso, desde sempre já é pensado em alguma dose pra virar anime. Mas chega num ponto aqui que ele basicamente tá servindo agora apenas de alicerce pro anime.
Ele já assumiu que é um storyboard. E o enredo, bem, está sendo jogado de segundo canto. Porque o que tem que fazer é a porra só de um storyboard pra fazer umas imagens legais no anime, e era isso.
Tudo isso somado ao cansaço do autor, notem, portanto, como a gente tem uma sucessão de elementos que vão produzindo uma decadência de Drgon Ball. Que só não é completa, porque o que veio antes é muito bom. E mesmo as coisas virando só luta e poderzinho, ver aqueles personagens, ver sobretudo Goku se tornando adulto, se tornando pai, tudo isso, apesar de muitas vezes ser pouco explorado, ainda é muito legal.
Justamente porque a gente aprendeu a amar esses personagens. Como se fosse um velho conhecido, que hoje em dia a gente não sabe muito a respeito dele, mas pela memória, pelo carinho que a gente tinha quando ele era criança, pois bem, a gente ainda quer saber muito sobre essa pessoa. Estar ao lado dela ainda nos dá prazer.
Drgon Ball é uma série longa, tem uma série de derivados, eu não sei como é que você faz pra ler, se é que vai ler, depois dessa minha propaganda tão positiva aqui. Mas é aquela história, tá? Se você for atrás, vai em loja de quadrinhos, mas se for pela Amazon, usa o nosso link, que ajuda bastante.
E, sim, eu pretendo continuar falando de Drgon Ball. Diga aí nos comentários se vocês querem que eu siga agora no que seria o Drgon Ball Z. A ideia agora é fazer arcos por vilões, então o próximo seria Goku, Vegeta e companhia.
Sugeram também que outros mangás/anime, battle shounen, eu posso comentar aqui. E sim, eu tô devendo o Hokuto no Ken, uma hora vai rolar. Mas diga aí nos comentários se vocês também percebem esse caimento na história de Drgon Ball.
Do quanto que a coisa foi ficando cada vez mais. . .
Enfim, isso que eu procurei mostrar aqui. Às vezes sou eu que tô sendo chato, pode ser, é bem provável. Mas eu acho que não, vou sustentar o que eu tô falando, sei lá.
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