Olá, pessoal! Desde o final de 2024 que tem havido muita divulgação na internet de um grande alinhamento planetário no início de 2025. Bem, aqui no Canal SerCiência você sabe que é o lugar para esclarecer as dúvidas e separar o joio do trigo, o que é fato e o que é fake.
Vamos ver então do que se trata de fato esse grande alinhamento do início de 2025! [Música] Vai então haver um grande alinhamento dos planetas em janeiro de 2025? Vai!
Esse é um fenômeno extraordinário? Não! E por que não?
Simplesmente porque os planetas estão sempre alinhados do ponto de vista de quem está na Terra, ou do ponto de vista de quem está em qualquer dos planetas do Sistema Solar. Vamos ver por quê. Esta é a visão que normalmente você tem do Sistema Solar de um ponto mais ou menos ao norte do plano da órbita da Terra em torno do Sol.
Vamos analisar o Sistema Solar a partir dessa perspectiva. E logo você já percebe de cara que não existe um alinhamento entre todos os planetas. Se nós nos afastarmos um pouco, vamos abarcar agora a órbita de Júpiter.
Você vê que também não há um alinhamento. Saturno está ali acima. Urano chegando agora.
E Netuno da mesma maneira. Entretanto, o que você percebe ao analisar essa figura (vamos nos aproximar de novo para facilitar) o que você percebe é que as órbitas ocorrem em planos, e esses planos são quase coincidentes uns com os outros. O que nós usamos como referência, claro, é o plano da órbita terrestre, chamado de eclíptica.
Vamos nos colocar agora do ponto de vista de alguém que está nesse plano. Para isso vamos nos movimentar de modo a ver o Sistema Solar. .
. Vamos nos aproximar um pouco. Aí você percebe melhor a órbita da Terra.
E agora nos colocando exatamente nesse plano. Para isso eu vou alinhar ali a órbita terrestre. Bom, pronto!
Aqui nós estamos vendo do ponto de vista de quem está na órbita terrestre, no plano da órbita terrestre. E aí você vê que os planetas estão alinhados. Vemos aqui Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.
Se nos afastarmos um pouco, vamos abranger agora a órbita de Júpiter. Ali aparecendo Saturno, também Urano, e Netuno apareceu aqui. Vai ficando difícil a distinção entre os vários planetas.
Mas você vê claramente que eles estão alinhados. Portanto, do ponto de vista de quem está em qualquer um dos planetas, os demais planetas do Sistema Solar parecerão alinhados, simplesmente porque orbitam todos quase exatamente no mesmo plano. Se tomarmos como referência o plano da órbita terrestre, a eclíptica, os planos das órbitas dos demais planetas são quase coincidentes com a eclíptica.
Agora, o que é que acontece em janeiro de 2025 que seria tão especial? Vamos ver. Mas para isso, vou mostrar para vocês um outro ponto de vista.
Como nós vivemos no Hemisfério Sul, é muito mais natural que nós vejamos o Sistema Solar a partir de um ponto situado ao sul do plano da órbita terrestre. Não é o que normalmente é mostrado, mas aqui no Canal SerCiência nós adotamos essa orientação: mostrar do ponto de vista de quem vive no Hemisfério Sul. Que se fosse observar o Sistema Solar sairia voando em uma nave a partir de um ponto do Hemisfério Sul e escolheria um ponto que facilitaria sua visão.
Vou mostrar para vocês daqui a pouco que ponto seria esse. Se nós fôssemos até ele, a nossa percepção seria essa que vocês vão perceber aqui agora, e que podemos completar nos afastando um pouco mais. Então este seria o ponto de vista em 5 de Janeiro de uma pessoa que saiu do Hemisfério Sul e voou em direção exatamente ao Polo Sul da Eclíptica, que é a interseção de uma perpendicular ao plano da órbita terrestre com a abóbada celeste.
Essa seria a visão. E vamos estudar o que acontece no dia 25 de janeiro. Um observador no Hemisfério Sul, olhando para o horizonte sul, veria esta imagem.
Você vê o ponto cardeal sul caracterizado aí abaixo, sudeste à esquerda, sudoeste à direita, e o ponto em destaque é o Polo Sul da Eclíptica visto no dia 21 de Janeiro de 2025 por volta de 20 horas. É para esse ponto que esse observador se dirigiria viajando 3 a 4 bilhões de quilômetros para ter essa visão que vocês veem aí agora, que seria a visão do Sistema Solar a partir de quem está ao sul do plano orbital terrestre, ao sul da eclíptica. Aqui nós estamos mostrando a direção do planeta Urano, e aqui do planeta Netuno, porque nós vamos nos aproximar dessa imagem, nós vamos diminuir essa distância, e vai desaparecer do nosso campo de visão a órbita primeiro de Netuno, ficando apenas a órbita de Urano.
E agora também a órbita de Urano saiu de visada, ficando até a órbita de Saturno. Mas nós preservamos as direções desses planetas mais distantes para entender melhor o que esse observador vai ver. Aqui nós passamos um uma linha que representa o horizonte do observador que está no Hemisfério Sul, contemplando este Sistema Solar.
No momento ele está com o Sol visível. À esquerda dessa linha nós temos o horizonte oeste, à direita, o leste. O que está acima dela está visível para esse observador.
O que está abaixo é o que está debaixo dos seus pés e debaixo da sua linha de Horizonte, ele não pode ver. Portanto, para esse observador nós estamos no final da tarde, por volta de 18 horas. Com a rotação da Terra em torno do seu eixo o tempo passa.
18:40 aproximadamente o Sol se põe, que é o que está acontecendo para ele aí agora. Um detalhe interessante é que por uma coincidência, agora em janeiro nós estamos próximos da oposição do planeta Marte. Se você observar bem você verá que o planeta Marte está quase na mesma linha em que estão o Sol e a Terra.
No momento em que essa posição é a mais próxima possível de uma linha, nós temos o que se chama de oposição de Marte. Então oposição é um alinhamento quase perfeito entre o Sol, a Terra e Marte, com a Terra no meio. É o melhor momento para observação de Marte, quando Marte está mais próximo da Terra.
E você veja que quando o Sol está se pondo, Marte está nascendo para esse observador. Isso é característico do planeta quando ele está em oposição. Mas esse é um detalhe, é uma coincidência, não é o foco da nossa observação, aqui, no grande alinhamento de janeiro, assim chamado.
Continua a rotação da Terra, então agora o Sol se pôs de fato, e vamos colocar agora aqui, numa posição aproximadamente às 20 horas, que é a que nós vamos focalizar no nosso vídeo. Aí você percebe o que caracteriza o tão falado grande alinhamento de janeiro. O que ocorre é que no céu noturno para esse observador estão visíveis todos os planetas, exceto Mercúrio.
que é a primeira órbita aí em torno do Sol. A segunda órbita, do planeta Vênus, já está acima portanto do horizonte e visível para esse observador. Depois os outros planetas como nós vamos observar para vocês.
Vamos aqui caracterizar a direção do planeta Marte, que é aquele que está visível mais ao leste, e a direção de Vênus e Saturno, que estão mais próximos do oeste. Entre essas duas linhas de visada você vê todos os planetas, com a exceção de Mercúrio, configurando um ângulo de 145º. Portanto essa é a característica do grande alinhamento de Janeiro de 2025.
Simplesmente nós temos os planetas visíveis em um ângulo de 145º, todos no céu noturno. Visíveis, com um detalhe. Urano, só de binóculo.
Netuno talvez até com um pequeno telescópio. Nem binóculos são suficientes, dependendo da visibilidade do céu. Essa é a visão do observador na Terra, neste horário, nesse dia.
Nós vamos destacar aqui ainda a posição de Urano, que não está nesse mapa por causa da sua não visibilidade a olho nu, e também a posição de Netuno. Aí você vê que para esse observador de fato os planetas parecem estar alinhados. Como nós observamos, sempre terão essa configuração de alinhamento, apenas aqui com a diferença de que estão 6 planetas aparecendo no céu noturno desse observador Um detalhe interessante é que Vênus e Saturno estão quase na mesma linha de visão.
De fato, de 17 para 18 de janeiro eles estarão o mais próximo possível em linha de visão, formando o que nós chamamos de conjunção, que é essa aproximação aparente máxima de dois objetos no céu. Dois ou mais. No caso, são dois objetos Vênus e Saturno.
Portanto, de 17 a 18 de janeiro você terá uma linda visão dos dois. De binóculos é muito bonito. Se você dispuser de um telescópio, melhor ainda.
Vamos aqui comparar agora essa observação do Sistema Solar fora dele, com a visão de quem está na Terra. Se você, considerando um observador terrestre, fizer o giro de visão desse observador do oeste pro leste de fato você veja que você passa primeiro por Vênus e Saturno, depois por Netuno, depois por Urano, depois por Júpiter, depois por Marte. De fato aqui você entende bem o que é que se vê no nosso céu, mas do ponto de vista de quem está fora do Sistema Solar.
Fica bem clara a configuração, deixando também claro para vocês que o que você vê no céu parece estar projetado numa abóbada , numa semiesfera, mas na verdade nós estamos vendo objetos que estão muito distantes uns dos outros mas que são observados sobre uma mesma linha porque estão todos se movimentando praticamente no mesmo plano, quase coincidentes com o plano da órbita terrestre em torno do Sol, a eclíptica. Nos anúncios espetaculosos que têm ocorrido na Internet, uma das coisas que se diz é que este é um evento muito raro, que se repete por exemplo uma vez a cada 180 milhões de anos. Bem, primeiro, veja o seguinte.
Cada configuração específica dos planetas do Sistema Solar só se repetirá novamente daqui muitos e muitos bilhões de anos. É um cálculo até difícil de fazer mas certamente passar-se-á um tempo maior do que aquele em que o Universo já existe antes que ocorra a repetição exata de uma configuração dos oito planetas do Sistema Solar. Pois bem, dito isto voltemos à pergunta: essa configuração é assim tão rara?
Ora, nem tanto assim! Basta nós voltarmos 6 meses, irmos até junho de 2024, para vermos uma configuração muito interessante que ocorreu, que tem vantagens e desvantagens em relação a essa, mas vale a pena mostrar para vocês para que fique claro que eventos como esse ocorrem com relativa frequência. Vamos ver.
Estamos no dia 3 de junho de 2024. Essa é a configuração do Sistema Solar do mesmo ponto de vista daquela pessoa que viajou cerca de 4 bilhões de quilômetros na direção do Polo Sul da Eclíptica. Vamos destacar as posições dos planetas mais distantes, Urano e Netuno.
Nos aproximamos um pouco. Vamos aproximar mais, destacando a posição de Júpiter e de Saturno, que vão sair do nosso campo de visão, e agora nós temos uma configuração até a órbita de Marte para mostrar melhor para vocês o que acontece de especial nesse dia. Horizonte do observador no Hemisfério Sul, à esquerda, oeste, à direita, leste.
Com a rotação da Terra você vê aí que nós estamos um pouco antes nascer do sol. Portanto aqui você está na madrugada, antes do nascer do Sol, diferente do evento de janeiro, em que você terá a configuração logo após o pôr do Sol. Aqui ela vem logo antes do nascer do Sol.
Girando mais um pouquinho, um pouco antes de o Sol nascer, você vê que para esse observador estão acima do horizonte no céu noturno todos os planetas, exceto Vênus. Essa é a primeira mudança que acontece em relação àquela situação anterior. Além de ser no final da noite um pouco antes de o Sol nascer.
E aqui você vai observar quais planetas estão visíveis. Você veja que nós temos Mercúrio, na primeira visão aí a partir da Terra. Mas mais baixo no horizonte você vê que nós temos Júpiter.
Depois nós temos o planeta Urano, aquele que só se vê de binóculo. Subindo ainda na sua visão você vai ter Netuno, Marte e Júpiter. Mas veja que eles estão configurando um ângulo menor do que 90 graus.
Portanto estão mais reunidos no céu, num ângulo menor do que aquele que ocorre em janeiro de 2025. A desvantagem é que com o prosseguimento da rotação da Terra você teria o nascer do Sol. Aí Vênus apareceria, mas já com o Sol no horizonte.
Por isso é que a visão de Vênus não é considerada nessa situação. Qual seria agora a visão do observador terrestre? Seria essa que vocês estão vendo aqui à direita.
Aí você percebe a mesma sequência, não vou repetir. É só você ir de leste para oeste que você verá a sequência de planetas mostrados. Urano e Netuno não são mostrados nessa linha, mas eles estão dentro dessa visão, que é uma reunião dos planetas num ângulo menor do que 90º, com a desvantagem neste caso da proximidade com a linha de visada do Sol, e portanto o brilho solar atrapalharia a visualização desses planetas, mas não impossibilitaria!
Portanto, com apenas 6 meses de retorno no tempo nós encontramos uma configuração planetária muito peculiar e que mereceria também atenção. Não foi destacada tanto por causa dessa proximidade com o Sol e também pelo fato de ela ser mais vantajosa para quem está no Hemisfério Sul, ao qual não se dá tanta atenção quanto às visualizações mais vantajosas do ponto de vista do Hemisfério Norte. O evento de Janeiro de 2025 é de fato muito bonito e vale a pena ser acompanhado, ocorrendo ao longo de todo o mês e não apenas no dia 25 conforme tem sido propalado na Internet.
Na verdade, o tempo todo o céu está dando um espetáculo, basta olhar! Para isso busque informações em sites e canais de confiança . Na medida do possível o Canal SerCiência trará para vocês informações importantes sobre fatos ocorrendo no nosso universo.
Neste canal, a ciência é a meta e a educação é o caminho! Além desse lema também procuramos seguir outro: o Sul é o meu norte! Com isso me despeço de vocês esperando encontrá-los proximamente em um novo vídeo.
Grande abraço!