Percursos da Arte na Educação - Ingrid Dormien Koudela

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Ação Educativa
O vídeo Percursos da Arte na Educação é tributário de uma experiência iniciada em 2008 na Universida...
Video Transcript:
[Música] [Música] [Música] [Música] eu fui aluna da primeira turma da do departamento de artes cênicas da ECA Isso foi em 68 e me formei em crítica e dramaturgia teatral fiz um curso teórico sobre teatro que foi o primeiro curso que abriu na eca aí foi aberto o curso de licenciatura em em arte dramática na época e fui professora de arte gramática me formei na época era educação artística logo passou pela lei 5692 eu peguei essa passagem ainda entre uma disciplina que até então se chamava arte dramática que era ministrada na nas escolas de aplicação nos
pluricurriculares nas escolas vocacionais então eu tenho muito orgulho tenho até registrado em Carteira de Trabalho como professora de arte dramática e aí quando veio assim como 692 essa mudança não foi tão brusca eu ainda peguei alguns anos de uma situação muito privilegiada onde a gente tinha turmas divididas paraas aulas de artes plásticas e de arte dramática 2 horas de aula e com um foco muito claro nas disciplinas Passei mais de 20 anos ministrando aula em escola pública dentro dessa disciplina Depois virou educação física aí eu passei já já já dava aula na departamento de artes
cênicas numa Área Nova numa área que tinha pouca tradição acadêmica no Brasil e onde foi acontecendo a construção de um processo teórico e prático que foi iniciado pela Maria Alice Vergueiro e eu me vi assim as voltas com uma área Pioneira ainda muito jovem e aí eu me lembro bem que ainda fiz curso com fan abramovic com Joana Lopes tudo que havia de curso sobre piag tudo que havia de curso eu corri atrás tanto na universidade como fora dela procurando os pioneiros nessa área alga Reverbel Ilo enfim havia um um um campo de atuação nessa
área de teatro na educação desde aquele tempo não era uma área destituída mas uma bibliografia muito empírica então aí começou uma pesquisa teórica inicialmente a partir do piag com cursos que nós organizamos no departamento lembro que foi professora desse curso a Fulvia Rosenberg foi uma fundamentação importante a tradução de obras por exemplo da viola spoling a pesquisa sobre o Peter Slade que depois foi trad ido pela Tatiana Bin né o jogo dramático infantil a referência de quando a gente fala em teatro tá na psicogênese na criança e tá na ontogênese também na própria manifestação na
qual se inicia o teatro no ritual Né desde os gregos então para trazer esse conceito do jogo simbólico de uma forma mais concreta Eu trouxe um poema de um poeta Gaúcho que é o Mário Quintana com o qual eu gosto de iniciar as minhas aulas para colocar o foco naquilo que é o princípio do que a gente tá falando que é a criança e é o jogo simbólico mentira a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer mentiras Lili vive no mundo do faz de conta faz de conta que são avião Zum depois aterrou
em pique virou o trem tuque tuque tuque tuque tuque entrou pelo túnel chispando mas debaixo da mesa havia bandidos pum pum pum pum o trem descarrilhou e o mocinho meu Deus onde é que está o mocinho no auge da confusão levaram Lili para a cama a força e o trem ficou tristemente iado no chão Fazendo de Conta que era mesmo uma lata de sardinha eu acho que através desse poema fica bem claro aquele princípio pro Qual o piag aponta que é a questão da função simbólica que é a nossa capacidade de representar aquilo que tá
ausente que é o que nos distingue por exemplo dos animais então o animal se aquilo que ele se aquela presença ele não tá cheirando pegando se o objeto desaparece da sua frente o objeto Deixa de existir enquanto que nós somos capazes de invocar uma ausência entender a psicogênese é em primeiro lugar aprender a observar aprender a observar a criança não que a partir daí vá se transformar a atividade dramática num lefer e deixar essa criança abandonada ao seu Bel prazer mas eu acho que tem que haver uma relação dialógica entre o professor e essa criança
a gente tá falando até aqui de educação [Música] [Música] infantil jogo simbólico da Lil é uma manifestação dessa estrutura da Inteligência simbólica da primeira infância acho que é importante também apontar que o modelo não é o o o espetáculo de teatro que tá lá na cala casa de espetáculo que tá pronto mas o modelo é esse processo de desenvolvimento que tem a sua psicogênese na criança e que vai se desenvolver gradativamente né o piag vai classificar os jogos em jogos sensório motores jogos simbólicos e jogos de regras Então por volta dos 7 8 anos esse
jogo da Lili se transforma ela vai aprender a reversibilidade de pensamento Então ela é capaz de dizer um mais um são do 2 Men 1 são um Então ela é capaz também de se colocar no lugar do outro então são eh são são fundamentos teóricos pra gente apontar que esse jogo simbólico muitas vezes chamado de jogo dramático é que o jogo dramático tem tantos tantas definições e tantos definidores que a gente sempre precisa perguntar segundo Quem então eu prefiro o termo jogo simbólico que eu acho que ele é mais preciso e mais científico Quando é
introduzido o jogo de regras precisa haver um respeito um acordo de grupo sobre como a criança vai interagir é o início da socialização né então aparece o jogo de regras e aí eu gostaria de apontar para uma imagem do Peter brugel com a qual eu gosto muito de trabalhar que chama-se children's Place onde ele faz um uma um um levantamento de jogos de regras numa praça pública no início do renascimento e fazendo uma matica com a plateia que eu agora vou ter que imaginar com você né a gente percebe que nós ainda identificamos muitos desses
jogos de regras que são as amarelinhas as a as brincadeiras de de de de pique as brincadeiras de Pegador a mãe da rua os três saquinhos inicialmente o que eu procurava nesses jogos de regras é o repertório do professor do professor e nosso nós Ainda temos uma memória desse patrimônio de cultura oral e é uma coisa assim que eu venho percebendo que de uns talvez de uns 10 anos para cá esse jogo essa memória tá cada vez menos presente pras pessoas o Mário de Andrade que colheu esses materiais por todo o Brasil em danças dramáticas
do Brasil ele dizia do jeito que as coisas vão indo o sinal é de morte e o que a gente vê é esse patrimônio cultural ameaçado condenado ao desaparecimento quando a gente trabalha com com essa imagem a gente pode também historicizar essa imagem faz parte do estranhamento historicizar então a gente quando tem a imagem a gente tem uma imagem de 1530 e a gente pode se reportar para o tempo de hoje e a partir dessa relação o olhar para o tempo histórico presente se transformam eu queria me remeter a um uma uma citação agora do
brecht para definir esse conceito de estranhamento estranhar um processo ou caráter significa inicialmente retirar desse processo ou caráter aquilo que é evidente conhecido manifesto e provocar espanto E curiosidade diante dele então a gente pode se perguntar quem era essas crianças como elas brincavam como elas estão vestidas porque elas não têm uma expressão eh psicológica porque as as imagens do brugel São imagens que não trazem interioridades psicológicas mas ele faz um inventário de uma situação que onde ele aponta para uma uma situação cultural do seu tempo não é então essa me interessa esse e vir no
tempo da história um segundo passo mais específico em brecht se deferencia pelo fato de chamar atenção para processos históricos estranhar significa pois historicizar representar processos e pessoas como históricos Portanto transitórios o mesmo pode acontecer com contemporâneos também as suas atitudes podem ser representadas como porais históricas transitórias eu acredito que o olhar sobre a história desse meu aluno se alarga ele passa pode vir a enxergar o seu próprio tempo com outro olhar historicizando também a contemporaneidade e eu vejo assim que esse momento da descrição da imagem é um momento muito rico porque a na verdade assim
o jogo teatral O jogo é o princípio e dentro desse jogo pode ser introduzida uma imagem como essas que eu tô citando do brugel ou pode ser introduzido um texto mas não necessariamente um texto dramático então eu tô querendo fugir um pouco daquela visão tradicional de teatro que sempre partiu da literatura dramática Então se trazia um texto se Lia um texto se entendia um texto se dividia o papel os papéis depois a divisão de papéis se ensaiava para depois acontecer a grande estreia diante de uma plateia Então esse conceito de teatro a meu ver para
um um objetivos de ordem pedagógica ele não me serve então o jogo tem um caráter eminentemente performático e me interessa no aluno não que ele recite um texto mas que ele jogue que ele brinque que esse jogo da Lili seja desenvolvido né até no ensino fundamental e até a adolescência e que o teatro seja entendido como um jogo esse teatro pode ser um teatro de cenas improvisadas que nascem do próprio jogo ou pode ser um teatro no qual é introduzido é introduzida nesse fazer teatral uma apreciação da imagem ou do texto isso é previsto pelo
próprio bre ele propõe que as os textos das peças didáticas sejam modificados pelos atuantes através da imitação crítica então toda imitação pra brecht não é uma cópia mas na medida em que eu me confronto com o original eu tô imitando mas eu tô introduzindo uma ação crítica se eu olho para uma imagem como a do children's Plays hoje o meu olhar não é o mesmo de um contemporâneo do brugal é evidente que eu tô fazendo uma sequência de mediações e o meu olhar é um olhar histórico então é a partir daí que também o texto
é um texto que é submetido a uma visão crítica então não se trata de fazer um teatro escolar né de uma estética escolar mas de introduzir nesse processo de jogo que vão mobilizar uma consciência e uma percepção uma percepção inclusive corporal que é muito importante não esquecer que a gente ao falar de teatro tá trabalhando com gestos tá trabalhando com atitudes tá trabalhando com a corporeidade então é o tornar física essa [Música] imagem [Música] eu fiz um percurso aí de piag brecht querendo trazer a psicogênese mas eh quer dizer é um trabalho que foi evoluindo
Mas onde nenhuma das partes foi perdida porque antes se dividia né o bacharelado é aquele aluno que se forma ator que se forma como diretor ou encenador o outro que se forma como crítico e o outro lado é a licenciatura onde o aluno vai fazer eh disciplinas pedagógicas onde ele tem uma prática de ensino em escolas muitas vezes de qualidade relativa né e o que se busca cada vez mais é propiciar a esse professor em formação que ele passe por uma experiência de encenação que não necessariamente tem que ser a grande encenação com estreia no
teatro municipal da cidade mas que ele possa vivenciar sim uma estreia que ele Trabalhe com a questão do Artesanato que é a construção do figurino que é a questão da construção da cenografia que é a questão de se deparar eh com a construção no coletivo de de de de apropriação de um texto ou de uma imagem enfim de uma estética acho Por um lado importante ter esse processo de encenação que ele chegue ao seu termo que ele não aconteça até apenas numa estreia mas que haja um tempo de apresentações para que esse aluno Viva o
teatro no seu processo de formação muitos alunos só cai a ficha depois que estreou porque esse processo de construção no que é necessário ao teatro é um processo muitas vezes que não acontece de uma forma tão harmônica e maravilhosa que acontece através de conflitos de acordos em grupo de de de beco sem saída de retomadas de reinícios de de buscas de caminho enfim eh nenhum processo de construção é um processo que ocorre que como se ele fosse harmonioso o tempo [Música] [Música] inteiro essa construção de um grupo realizado num coletivo elas precisam também de formas
novas de apresentação não faz sentido trazer um experimento como esse através de uma relação frontal de palco e plateia Como é o espaço italiano então quer dizer eu acho que na Pedagogia do teatro a gente tá de certa forma sempre revolucionando os conceitos do teatro tradicional então numa escola voltando à questão da escola a gente vai buscar outros espaços eh corredores escadas pátios áreas verdes Árvores em todo lugar é possível fazer teatro em todo lugar é possível construir ou desconstruir o conceito de scenografia e construir um espaço que seja que que que revele a autonomia
daquele grupo que não necessariamente tem que imitar modelos antigos de encenação que talvez estejam inclusive fora do seu alcance é a desconstrução daquela ideia do teatrinho na escola que até as crianças pequenas vão fazer você pode travestir as crianças pequenas fantasiar elas vão adorar agora o que que elas estão aprendendo com isso acho que é essa a questão né então a Lili no seu jogo Ela tá aprendendo mas crianças fantasiadas se apresentando no Dia das Mães porque os pais querem ver as crianças bonitinhas e elas vão recitar versinhos que elas decoraram as crianças não estarão
aprendendo nada com isso elas estarão no máximo fazendo um esforço sobre humano para agradar os pais e os professores e desenvolvendo uma atitude que eu considero inclusive perniciosa pro tio que é aquela atitude da criança que se mostra que quer virar o centro das atenções aí os mais sainos são os que se saem melhor os mais tímidos não tem nem coragem de aparecer porque ficam vermelhos ficam envergonhados quer dizer é reverter esse conceito de teatro com o professor Isso é uma batalha como a gente pode denominar essa área Na verdade eu acho que os as
denominações são Anes né porque elas trazem resquícios de história nas suas afirmações né então quando a gente nomeia por exemplo teatro educação era barra era ifen era em alemão houve uma época em que eram reticências né teatro reticências pedagogia reticências peça didática e hoje a gente chama de pedagogia do teatro justamente para englobar essa esse aluno que é um aluno em forma em que tá fazendo desenvolvendo pesquisas a nível acadêmico E essas pesquisas não podem ser submetidas a uma camisa de força mesmo que seja a escola eu não posso colocar todos os alunos fazendo pesquisa
pensando a escola brasileira eles podem pensar também num numa grande angular teórica mais Ampla ou elas podem eles podem estar pesquisando questões que são de uma Praxis que precisa ser aprofundada naquele momento então Pedagogia do teatro é um termo abrangente que não nega o teatro na educação que poderia ser uma parte digamos assim ou a escola ou o ensino do teatro na escola como uma parte da pedagogia do teatro [Música] [Música] [Música] [Música] p [Música] m
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