Quanto futuro temos - Ailton Krenak

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Filosofia em tempos sombrios
Nessa palestra o pensador imortal indígena, Ailton Krenak, faz uma reflexão interessante sobre o qua...
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H um ponto sem retorno da nossa fixação em tecnologias quanto futuro temos pela frente Olha a pergunta observe a armadilha seria como você botar uma armadilha botar comidinha lá dentro chamar os passarinhos e dizer para eles e aí quanto futuro quando aquela era pulca cair em cima dos passarinhos e esmagar eles o futuro será zero zero futuro eu tenho falado em alguns lugares aqui no Brasil fora do Brasil e tem hora que eu sinto que a minha fala Pode parecer assustadora para algumas pessoas mas agora a pouco eu ganhei um desenho de uma criança que
a mãe dele me deu ali e falou olha ele mandou te entregar se eu ainda ganho desenhos de criança Talvez o que eu falo só assuste os adultos a greta tumbe disse que os adultos Roubaram o futuro da geração dela a geração dela quando ela falou isso devia ter uns 15 16 17 10 12 anos quer dizer é uma faixa etária que vai desde os 10 anos até os 20 que sofreram um golpe do mundo adulto quem é o mundo adulto Será que o mundo adulto é o biden são aqueles Senhores da Guerra são os
caras que vende um dispositivo novo pra gente todo dia como se fosse sucril Inocente né De vez em quando dá um não sei se eu falo mais alto mais baixo pessoal do som vai cuidar disso né você é pitinho aí tecnologia o o que o que vamos experimentando o que vamos experimentando desde que foi revelado para todos nós cerca de 50 anos atrás que nós tínhamos alcançado uma condição de nosso futuro comum o nosso futuro comum é um relatório que foi trabalhado por uma comissão grande uma comissão de especialistas a comissão Brut e é por
causa do nome da senhora GR Brut ordenou essas esses pesquisas estudos eles disseram se a gente não parar tudo agora em 30 anos nós vamos perder a possibilidade de mudar qualquer dinâmica a gente vai se arrebentar ora teve a conferência do Rio de Janeiro imagina quantos de vocês já estavam aqui na terra quando teve a conferência do Rio de Janeiro todo mundo Uai mas vocês têm todo mundo 40 anos então Eh veja bem e as pessoas que eram capazes de entender o debate da conferência estão todos hoje com mais de 40 ela aconteceu em 92
e ela aconteceu num clima De euforia parece que nós tínhamos sido eleito como o melhor lugar do mundo para planejar futuros a gente embarcou nessa o programa das Nações Unidas para o meio ambiente começou a produzir os objetivos para o desenvolvimento do milênio aquelas ods uns governos nacionais regionais começaram a se esforçar para levar aquilo pra escola pra educação paraas empresas nesse movimento as corporações sacaram que podia fazer um grande negócio o negócio do clima e eles inventaram o mito da sustentabilidade desde a primeira vez que me disseram que uma garrafa podia ser sustentável eu
desconfiei daquilo depois um carro podia ser sustentável um avião tudo é sustentável aí eu ficava pensando e o Milan conera A Insustentável Leveza do Ser Eu pensei Será que tem um mundo paralelo onde essa gente das corporações dos negócios os gerentes os gerentes corporativos vivem que é separado do mundo das pessoas que precisam de oxigênio beber água comer um alimento que não adoece Será que a gente vive em Mundos Paralelos um pouco daquela ideia do livro ideias para de ao fim do mundo veio dessas reflexões do Óbvio se a gente continuasse com esse papo de
sustentabilidade corporativa e todas essas mitologias sobre os humanos cuidar do meio ambiente a gente estaria repetindo Uma Triste História que já foi costurada nas lendas nas fábulas onde a 200 300 500 anos se produzia história para criança dormir e agora a gente tava produzindo histórias pra humanidade dormir ficar idiota e consumir consumir tudo consumir tudo quanto é mercadoria um amigo meu Davi copenal e anom mame ele tem um livro bem monumental chamado a queda do céu um livrão mas esse livro ele é relevante não só pelo tanto de páginas que ele tem mas pelo furo
que ele faz na lógica na razão lógica do ocidente e chama Essa sociedade que nós estamos integrando de sociedade da mercadoria ele falou os brancos inventaram a sociedade da mercadoria nessa sociedade da mercadoria começa os humanos apropriando da vida como mercadoria até que eles começam a tratar uns aos outros como mercadoria são os humanos se transformando em mercadoria mercadoria de si mesmo como aquele oroboro que foi ilustrado ali fica comendo o próprio rabo Olha que tragédia nós que achávamos que a gente era Sapiens é isso que distinguia esses humanos esses humanos eram homos Sapiens Olha
que vaidade eh uma árvore não sabe nada um peixe Muito provavelmente também não saiba nem o que ele é não tem uma consciência de si uma pedra uma formiga quem sabe tudo somos nós o Sapiens homo s o homo sapiens foi fazendo esse cerco a vida até um ponto em que nós estamos aqui olhando uns pros outros e perguntando quanto futuro a gente tem pela frente é uma pergunta terrível porque essa pergunta mais do que expressar uma disposição pro conhecimento pro aprendizado aprendizagem ele revela uma insegurança Terrível em relação ao que vai acontecer imediatamente depois
tipo amanhã quanto futuro nós temos é uma pergunta terrível ela podia ser percebida como uma pergunta Generosa uma pergunta que já trouxesse em si eh as asos resolutivos da crise de paradigma da crise encaixada em vários sentidos Econômica ambiental isso que chamam de crise climática ela encaixa vários danos dentro do mesmo aparato Ora se a gente parasse todas as guerras no planeta todas e ficássemos 100 anos sem conflito bélico sem jogar míssil sem jogar droga veneno no nos oceanos petróleo se a gente parasse tudo isso gente nessas alturas do campeonato agora ia adiantar muito pouco
porque quem conhece o núcleo da terra a geociência os cientistas que estão de verdade querendo conhecer o organismo da terra já viram que o núcleo da terra é incandescente Será que alguém fica tranquilo dorme tranquilo sabendo que o núcleo de Gaia vale muitos vulcões mandando Brasa o que nós andamos aprontando aqui na superfície da do planeta é um atropelo tão absurdo como se a gente não tivesse conseguido com o século XX desenvolver nenhuma ciência para conhecer o planeta uma ciência pra gente conhecer o planeta as crianças pequenininha elas com a sua sensível experiência de alguém
que ainda não está totalmente encaixado aqui a antroposofia fala que até os primeiros 7 anos todo mundo é ainda [Música] meio anjo meio anjo ainda não aterrizou aí depois é que eles vão aterrizar e tal sai por aí tendo ideias essas esses seres pequenos que pousam aqui eles sabem tudo isso ao invés da gente aprender com eles a gente Chapa essas crianças de ideias preconcebidas de ideias formativas porque nós achamos que a gente vai ensinar as crianças a viver nesse mundo que a gente tá estragando a gente não tem sequer a humildade de perguntar pras
crianças se o pacote que nós estamos entregando de futuro para eles é o que eles pediram é isso que vocês pediram no ideias para ao fim do mundo eu atinei com uma observação de que a cada geração nós os adultos convencidos principalmente a parte da sociedade que tem poder de decisão aquilo que a gente chama de gestores governos passaram a administrar a vida de uma maneira tão irresponsável totalmente irresponsável que nós chegamos ao ponto de viver num mundo sem governo então eu podia cumprimentar cada um de nós e dizer nós estamos cuidando para que o
mundo ainda tenha essa qualidade que tem nós porque as pessoas que manipulam o poder não estão fazendo nada por isso eles estão simplesmente disputando o poder e como a gente tá fora a gente tá fora mesmo e a subhuman que eu menciono no livro Ela deve ter mais de 90% da população do planeta quer dizer se tem 8 bilhões a subhuman deve ser é quase assim 79 7999 quase os 8 bilhões todos sobra meia dúzia de pessoas que pode fazer um cilindro e mergulhar e procurar o titanique essas coisas outros fazem foguetes e vão mergulhar
também num Abismo cósmico caçar um um jeito de ficar em Marte de habitar outro planeta a ideia futurista ela nos impregnou nós estamos impregnados pela ideia futurista o futuro é uma ficção então talvez a gente devesse fazer um exercício de distanciamento do que é ficção e do que é possibilidade real do mundo de vez em quando vocês vão escutar que um grupo de meninos criaram uma Startup e desenvolveram uma coisa que eles vão jogar nos oceanos num balde enfiar o balde no oceano e aquele baldinho vai matar as bactérias vai colher os polímeros vai tirar
o lixo dos oceanos isso é ficção científica Imagina eu não tô desmentindo a confiança dos meninos eu estou questionando malandragem corporativa PR malandragem corporativa é muito bom Toda hora ter meninos inventando coisinhas para entreter a gente feito aquelas fábulas que eram contadas para manter as crianças botar as crianças para dormir hoje isso que se chama ciência dedica a maior parte do seu tempo para contar histórias para fazer a gente dormir enquanto Eles comem o mundo se a gente pensar juntos Qual foi o último evento que a ciência anunciou pra gente que foi recepcionado como uma
coisa Universal boa vai ser difícil a gente ir além da vacina e uns outros nos outros trequinhos ora tudo que a ciência dos humanos consegue fazer trequinhos é melhor as crianças então tomar conta do mundo e terem um poder de verdade de limitar o poder dos adultos eu não tô fazendo uma provocação assim sobre eh a coisa geracional dizer que as crianças são melhores do que os nossos avós do que tudo que a gente já fez mas Nesse quesito futuro eles têm muito mais o que perder do que nós se a gente fosse pensar uma
ética planetária quem tem o direito de escolher o futuro são as crianças não são os adultos os adultos tinham que calar a boca os adultos só estão fazendo aqueles adultos aqui gente são os adultos que mandam tá são os adultos que dão acesso a fala que dão acesso à representatividade que dão acesso à circulação Inclusive a circulação de ideias é o mundo adulto que controla essa catraca não são as crianças imagina então nós estamos passando por uma espécie assim citando o diaspórico né lembrando do negro bispo e outros colegas nós estamos numa encruzilhada e na
encruzilhada pode acontecer qualquer coisa Inclusive a gente se salvar seria nós nos salvarmos de nós mesmos uma compreensão equivocada da minha ideia da minha pregação podia sugerir que eu tô propondo que a gente pegue os caras mais rico do mundo enfie eles numa cápsula e mande eles para longe do planeta mas aí eles vão dizer Esse cara tá pregando terrorismo ele é tão simpático e vem aqui E propõe aparecer com os bilionários do planeta tomara que não tenha nenhum bilionário ouvindo a gente e futuro ancestral seria o terceiro movimento daquelas experimentação que eu fiz de
observar o ocidente a lógica do ocidente a racionalidade do ocidente e quando eu mexi bem o Balaio eu achei uma coisa lá dentro que era o futuro prospectivo o futuro flecha o futuro que vai para algum lugar futuro presente aí eu pensei vamos olhar se existe outra perspectiva de mundo que não seja encaixada no futurismo eu sei que tem uma experiência na América principalmente na América do Norte que abre para um pensamento chamado afrofuturismo vocês já escutaram né gente afrofuturismo aí eu olhei eu falei bom qual a possibilidade dessa perspec ser plural qual a possibilidade
desse Futuro nos alcançar a todos independente da gente ser da diáspora Da gente ser europeu palestino grego ou Troiano e ficamos buscando nos mitos vocês sabem aquele trabalho maravilhoso que o levr já fez há muito tempo que é o de reunir quase que toda uma mitológica dos povos eh ameríndio né mas lá também tem os mitos de povos que não são americanos ali está eh tudo que nós podemos ser aí eu disse esa aí mas se tudo que nós podemos ser estão os nossos mitos ancestrais Por que que a gente não investiga os nossos mitos
ancestrais como uma guia pra gente imaginar futuro a primeira vez que eu atinei com a ideia de futuro ancestral eu nunca tinha visto essa palavra em lugar nenhum vocês já tinham visto pensem bem futuro ancestral ele é o título desse livrinho que depois de pôr em questão a ideia da humanidade da governança do mundo das superestruturas da ideia de que a vida tem que ser útil que o tempo é dinheiro essa ideia da vida útil ela encerra um pensamento escandaloso porque ele sugere que cada um de nós tem uma utilidade uma duração então uma mulher
um homem sei lá de 40 50 anos 80 70 Então essa ideia ela foi aplicada na seleção das pessoas pro mundo do trabalho nos últimos 80 anos um engenheiro um médico chegava aos 50 anos de idade tendo pesadelo que falava assim vou ser demitido vou perder o meu cargo e infartava logo e morria Então essa apavorante lógica que estabelece a utilidade da vida ela decidiu quantos de nós podia ser jogado fora descartados feito lâmpadas feito pilhas feito coisas mercadoria quando copenal yamame fala que nós somos a civilização da mercadoria ele tá denunciando isso de lá
do lugar que ele enxerga de dentro da floresta ele é um chamom ele não olha a aparência das coisas ele olha por dentro e faz muito tempo que ele viu que a sociedade ocidental é uma farsa que todos esses valores do ocidente já foram gastos a ponto dele assistir na Europa brancos morrendo de frio nas calçadas dos edifícios incríveis com aquelas marquises fantásticas e ele olhava a contradição entre o tamanho do prédio e aquelas pessoas morrendo jogada nas Beiras das Calçadas E ele disse mas eu pensei que os brancos não faziam isso com eles mesmo
eu pensei que eles iam pra Floresta matava os índios iam pra África arrancava os nativos de lá para botar para escravo mas eu não imaginava que eles fossem tão cruéis para fazer isso com outro branco então é uma revelação que ele percebeu que a maioria das pessoas que somos nós aqui plural não pensa nisso quando a gente vê um corpo negro um corpo indígena um corpo branco europeu sofrendo flagelo a gente não distingue uma coisa da outra a gente acha que é só uma pessoa que tá ali dentro dessa ideia de valores eh totalmente degradados
que a gente alcançou uma pessoa é uma pessoa uma pessoa não vale nada porque se valesse a gente não estava assistindo a destruição material do mundo levando consigo milhões de crianças de de qualquer cor sem nem parar para pensar se é palestino judeu indígena preto branco no importa a nossa Fúria de comer o mundo agora ela inclui moer a nós mesmos comer a nós mesmos futuro ancestral talvez pudesse ser nesse encontro nosso uma espécie assim de pílula de vida eh eu me lembro que antigamente tinha um Placebo que era uma balinha de açúcar uma balinha
que é o meu patia preparava depois botava na água e ativava e depois tomava sempre me fez muito bem fez bem também para minha avó para quem viveu antes de mim essas pílulas inhas elas curaram muita gente deram ânimo a muita gente para continuar vivendo quando o mundo ainda era uma imensa esfera azul que cabia todos nós e eu fico imaginando que a ideia do futuro ancestral do ponto de vista epistêmico do ponto de vista filosófico ela podia nos ajudar feito uma pílula de vida pra gente escapar do futurismo que seria mais ou menos como
você evitar de ir na farmácia comprar um químico e fazer um chá a maior parte das vezes que a gente recorre ao futurismo da Indústria Farmacêutica a gente podia escapar dele tomando um chá Agora nós estamos descobrindo que com o sofrimento mental muitas pessoas estão recorrendo as plantas como uma um auxílio imediato diante da dor da dor da do sofrimento mental mas também dos distúrbios de Alzheimer e de outras fissuras que só seria possível num mundo triturado como esse que nós estamos compartilhando as plantas assim como os fungos Os cogumelos e alguns outros organismos vivos
estão colaborando com os humanos para ver se os humanos [Música] saem dessa distopia futurista que é resolver o problema com mais problema resolver o problema com mais problema é o que a indústria Química Farmacêutica faz até o ponto dela se confundir com a outra indústria a bélica o pacote que nos Ameaça é a indústria que conjuga cada vez mais remédio e cada vez mais arma é a mesma indústria são os mesmos caras e a gente nunca vai ser convidado para participar dessa academia a gente pode ser chamado para aquelas que não tem muita decisão sobre
o futurismo Eu Na verdade nesse encontro com vocês me inspirei a dizer que o futurismo é a droga que o pós-capitalismo criou para nos acalmar no planeta inteiro futurismo Então se o futurismo é a droga mais poderosa que tá no mundo hoje talvez a gente devesse fazer uma viagem para além das nossas eh ideias constituídas a da Razão da lógica da objetividade tudo e começasse a escutar outros seres escutar as plantas por exemplo escutar um pássaro escutar aquelas vozes que a gente nunca escutou porque nós somos humanos demais nós somos vítimas do especismo humano O
que é o especismo humano é o Sapiens desprezar a vida em todos os outros organismos e achar que a vida se configura nessa forma antropocêntrica não importa de que raça etnia você seja você é vítima do especismo humano a melhor maneira de provar isso com você é que se você tiver atravessando uma trilha e passar uma formiga você esmaga ela você não espera ela passar se tiver passando qualquer outro bichinho menor do que você você pisa nele se você tiver dirigindo o carro e atravessar um animalzinho na sua frente para que que você vai parar
o carro você atropela ele mesmo que o Ibama te multa você atropela ele depois você paga multa se você tiver que devastar a floresta assentar fogo matar a vida selvagem que tá ali aplainar tudo aquilo e Plantar soja você faz isso porque é futuro o Agro é futurista além de ser pop né porque o papa também é pop Só que não é futurista então Eh pra gente brincar um pouquinho e não ficar uma fala tão disciplinada então Eh crua sobre a ideia do Futuro nos últimos livrinhos de vez em quando eu faço assim uma citação
eu falo do Flash Gordon eu falo de Guerra nas Estrelas eu falo de coisas como paraquedas coloridas Jetsons Quem se lembra dos Jetsons então tem história mais incongruente do que aquela mas todo mundo foi nessa eh essas ideias preconcebidas de Desejo de futuro talvez elas tenham deixado a gente nesse ponto que nós estamos agora como Se nós estivéssemos todo mundo assim meio que apavorado com que vai acontecer daqui a pouco amanhã o mês que vem o ano que vem porque a gente entrou numa narrativa futurista tem um conto do Guimarães Rosa nas primeiras histórias de
um senhor que já deve ter vivido quase 100 anos e Ele Decide que já viveu muito e ele deita e começa a receber visita e manda fazer broa biscoitinho e tal café e de tarde o pessoal chegava para comer broa comer biscoito tomar café e fazer companhia para ele porque ele tava indo embora tipo morrendo Mas ele não fez isso um dia uma semana ele fez isso por um período grande que os parentes dele que moravam muito longe aqui no Rio de Janeiro que era a capital do Brasil ou em outros lugares muito longe que
tinham que andar a cavalo para chegar lá chegavam para ele tipo assim vamos ver se ele morre né e ele não morria Na verdade ele tava fazendo um grande ritual de se despedir dessa experiência da duração da vida sem fazer o escândalo que nós todos faremos e fazemos de correr para uma UTI quando alguma coisa cena pra gente corre para uma UTI Enfia tudo quanto é tubo e fica esperando a Indústria Farmacêutica inventar uma droga bem legal pra gente continuar mais um tempo aqui nesse inferno astral porque na verdade é um inferno astral turma com
um barulho desse e a gente fica não vamos ficar mais um tempo aqui esse conto é muito interessante porque enquanto o sujeito faz as suas despedidas ele também faz uma viagem pela experiência dele de ter vivido vivido décadas teve fazenda igual aquele poema do drumon né tive gado tive Fazenda tive ouro né esse que nasceu em Itabira mas Itabira hoje é só um retrato na parede então quer dizer tem gente que faz essa viagem toda come o mundo fura o mundo quebra o mundo e depois um retrato na parede ele faz essa viagem do retrato
na parede e decepciona muitas pessoas que vão visitar ele porque as pessoas esperava que ele simplesmente morresse apesar de toda aquela mentira social de ir para lá se despedir aquele se despedir é como se fosse o último favor que a gente faz uns pros outros isso significa uma erosão da vida tão grande que nem os outros seres não humanos fariam Eu tava andando numa estrada uma vez num lugar sem luz elétrica e tal eu vi um carro atropelar um macaquinho ele desceu do barranco e foi atropelado a gente parou imediatamente para ver o que tinha
acontecido gente os parentes dele saíram do mato correram e foram lá tentar salvar ele chorando gritando dizendo Ei Gente vocês não estão vendo não ele vai morrer aqui olha aqui socorre ele essa qualidade da vida nos outros seres não humanos ela ainda é maravilhosa a gente deveria aprender com eles aprender com os primatas aprender com as formigas aprender com as árvores Mas a gente não vai parar para aprender com as formigas e com as árvores enquanto a gente não tiver comido a última Floresta aqueles garimpeiros dentro do território anom devastando envenenando drogando os rios aquilo
mostra como que nós já perdemos a noção de humanidade se é que a gente conseguiu eh experimentar em algum tempo a ideia do valor da vida a vida em si intrínseco não essa de quantos anos você vai AP entar Quantos anos você vai trabalhar valorando a vida das pessoas por quanto elas vão produzir essas ideias todas elas TM me animado eh como escritor como Pensador Mas elas TM me animado também como um sujeito uma pessoa para além dessa fantasia de ser um escritor a gente tem que ser uma pessoa se a gente conseguir ser uma
pessoa coletiva talvez a gente faça o movimento daquele macaquinho quando a gente vê alguém atropelado a gente larga tudo e socorre questionar o futurismo questionar o futurismo podia ser o melhor eh resultado Desse nosso encontro aqui se vocês saírem por aqui pelo menos questionando a ideia de futuro eu vou me sentir totalmente acolhido por vocês e essas Palmas e toda essa recepção não terá sido para alguém que representa alguma coisa mas para alguém que veio compartilhar ideias com vocês ideias que pode adiar o fim desse mundo desse mundo material mas que ele pode nos D
força para pensar como continuar sendo de alguma maneira humanos num mundo que não vai ter mais a capacidade de nos suprir com tudo que a gente aprendeu que a terra tem a gente aprendeu que a Terra é cheia de rios montanhas cachoeiras florestas oceanos e que os oceanos é cheio de peixes de tudo quanto é tamanho e baleias enormes que de vez em quando a gente vê uma delas saltando pulando e abrindo aquela imensa cratera no oceano a gente fica olhando abismado com a beleza dessa vida mas a gente ainda é comedor de vida a
gente não consegue pensar sobre isso se esse mundo puder continuar existindo mesmo com toda a sua erosão nós precisamos mudar para poder experimentar o que ainda resta E se a gente ficar acreditando em futuro futuro futuro daqui a pouco todos nós vamos entrar num consórcio para comprar uma viagem para Marte e eu acho que a Pâmela podia vir me ajudar com certeza por favor
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