Por que trabalhamos tanto e isso nunca vai acabar - PODCAST Não Ficção

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Atila Iamarino
https://www.youtube.com/channel/UCSTlOTcyUmzvhQi6F8lFi5w/join Use o cupom ATILA12 para 12% de desco...
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[Música] Você também tem a impressão de que as pessoas estão trabalhando cada vez mais para ganhar cada vez menos pelo menos em algumas áreas de onde vem essa precarização do trabalho será que isso é o resultado das máquinas tomando os nossos empregos ou é uma coisa cíclica que já foi melhor ou pior em outros momentos da história de onde vem a jornada de trabalho de 8 horas qual era o interesse que gerou uma redução das horas de trabalho para esse ponto e o que que aconteceu com as empresas que estavam parando essa jornada de 12
16 14 horas de trabalho e sendo obrigadas a ter uma jornada de 8 horas será que elas ficaram mais ou menos produtivas por conta disso O que que os luditas queriam quando estavam destruindo as máquinas será que eles queriam impedir o futuro ou garantir que essas máquinas iam ser usadas para dar melhores condições de trabalho para eles e transpondo isso paraa nossa vida moderna se a gente pegar o um país como os Estados Unidos hoje em dia onde as pessoas trabalham muito e também ganham muito Será que elas ganham muito de fato de onde vem
as condições de trabalho delas e o que que isso tem a ver com a história do movimento sindical no país tudo isso e várias questões da nossa vida de trabalho moderna a gente quer discutir aqui no não ficção com especialistas para trazer ciência pro dia a dia com quem estuda e entende disso o nosso especialista de hoje é o Rui Braga que é professor do departamento de sociologia da USP foi professor visitante na universidade da califia berkley e na Universidade Estadual da Pensilvânia às duas nos Estados Unidos coordenou o centro de estudos dos direitos da
Cidadania da USP e tá lançando a angústia do precariado trabalho e solidariedade no capitalismo racial que é um livro sobre a a classe trabalhadora americana tem muita coisa pra gente conversar vamos para um papo com ele para entender isso aí ah antes de partir pra nossa conversa aqui atrás eu vou lembrar que esse episódio do não ficção também tem o apoio da insider a marca de roupas funcionais feitas com tecnologia para serem a roupa de todo dia e durarem muito tempo na sua rotina aproveitando essas férias e o calor do verão bravo que a gente
tem segue mais um testemunho Meu da Tech t-shirt Com praia ou com criança ou carregando o filho no calor o tecido antiodor segue fresco e confortável no corpo e depois de um incidente com um tanque de areia de Praça cheio de poças depois da chuva eu posso atestar que a camiseta lava super bem e não desbota mesmo tendo tirar lama e areia de mãozinha suja agarrada no ombro e se você não precisa desse tamanho é extra grande como certa pessoa aqui tem várias outras cores bem mais claras para poder encarar o sol Então aproveita o
nosso cupom Atila 12 para ter 12% de desconto Rui Muito obrigado antes de tudo é um privilégio poder conversar com você por aqui tô fazendo uma série de descobertas tô usando o podcast de desculpa para aprender muita coisa É principalmente humanidades que é uma deficiência muito grande minha e eu tô fissurado nessa relação agora entre o começo da industrialização o começo de Capitalismo ou do sistema eh do da globalização e a relação que isso tem com o trabalho e com reflexos que a gente sente e vive até hoje e de como muita coisa que parece
novidade não é tanto assim em particular eu fiquei muito marcado com o movimento ludita no começo da revolução industrial porque eu eu assimilei muito aquele termo pejorativo de que ah quem não gosta de tecnologia é um ludita eh não quer uma uma automação não quer lidar com o celular ou qualquer coisa assim como se fosse alguém que avesso a uma nova tecnologia e recentemente fui ouvir o Blood in the machine que é um livro que reconta o o começo do movimento ludista e onde ele surge e vi que é o completo oposto assim que era
um pessoal que era eh que era um pessoal que queria sabotar um tipo específico de mecanização que precariza as condições de trabalho em certas indústrias em certos locais com máquinas específicas que era muito mais uma questão de não perder a autonomia de produzir o produto que se faz dentro da sua casa ou da sua condição de trabalho ou com emprego qualificado que paga bem eh e não deixar isso ser perdido para uma máquina que reduz aquele trabalho super elaborado a Passos tão simples que uma criança pode fazer e que eles punham literalmente uma criança fazendo
com 10 anos recebendo uma miséria trabalhando 16 horas por dia e eu não tinha noção do que que era a fábrica passar num orfanato levar uma carroça e soltar essas crianças no no maquinário que mói adulto eh é é é muito brutal esse movimento e então eu queria começar conversando com você sobre isso o que que é o ludismo como é que começa esse trabalho mais mecanizado nas fábricas o que que disso reflete até hoje e o que que fez fábricas pararem de usar crianças operando um maquinário desse tipo pagando essa miséria Claro não né
excelentes questões são são várias ah são vários problemas né do ponto de vista histórico quer dizer e eu vou acabar me referindo indo aqui ao caso né em inglês porque é o caso além de ser o pioneiro né Ele é o mais conhecido porque ele é mais estudado pela historiografia pelos historiadores que se debruçaram sobre essas transições enfim da manufatura paraa indústria Ah e naturalmente né despeito da gente saber eh que o ludismo ele foi um movimento eh digamos europeu ele não se ele não ele não se encontra eh localizado exclusivamente na Inglaterra você vai
encontrar ah por exemplo na na Alemanha em algumas regiões da Alemanha em especial na silésia você vai encontrar na França você vai encontrar em outros outros países você vai encontrar na eh em regiões de industrialização tradit no norte da Itália enfim em em todos os locais onde a a indústria moderna ela efetivamente se expande eh a partir desse processo mais eh brutal de absorção de mulheres e crianças né você vai encontrar formas de resistência Popular Operária enfim é contra aquilo que era considerado o abuso né Eh da indústria mas em em especial o o o
ludismo Né o movimento ludita Ah ele foi em larga medida dominado por antigos artesãos né E nesse ponto existem várias várias questões aqui que a gente pode trabalhar por exemplo Ah o fato de que eh esses artesãos eles domin avam técnicas eles eram qualificados eles tinham uma formação mais eh longa enfim eles tinham e consequentemente o seu trabalho ele tinha que ser mais bem remunerado né Por conta dessas características todas né Ah desculpa já já invadi a sua fala aqui mas para mim tem um paralelo muito grande com hoje em dia quem é programador que
essa pessoa que tem uma formação longa já entra ganhando um salário muito bom tem uma carreira bem definida e que por conta dessa demanda muito alta pelo que faz consegue entre aspas aí e exigir regalias né no sentido de boas condições de trabalho trabalha de onde quer pode trabalhar de casa fazer o seu horário é uma pessoa que por ter essa essa apropriação do trabalho dela tem autonomia de fazer isso da maneira que convém dentro de muitas limitações mas com muito mais e liberdade do que alguém tem que ir lá bater ponto e fazer um
trabalho mecanizado né Sem dúvida se se você tem isso hoje em dia como no passado né a mesma a mesma situação se você tem alguma ah qualidade Rara alguma qualificação escassa ah você tem mais poder né Ou seja você tem mais poder de barganha com o seu empregador com aquele que tá te contratando enfim E isso também acontecia no século XVI século XIX né a gente tá falando aí da do último quartel do século XVI primeiros 30 e poucos anos do século XIX né é tipo 1790 1830 40 por aí né mais ou menos Então
o que a gente verificava o que a historiografia mostra enfim a historiografia especializada mostra né Eh que esses trabalhadores ao contrário de serem aquilo que é um pouco a caricatura que se faz né ou seja eram pessoas bárbaras que atacavam as máquinas porque achavam que as máquinas aqui eram as responsáveis pela sua condição de degradação miséria etc etc na realidade não né a gente tá a gente tá lidando com H trabalhadores que eram mais qualificados inclusive do que aqueles trabalhadores que as máquinas estavam absorvendo né Uhum que eram trabalhadores vamos dizer assim ah pouco qualificados
porque a máquina passa a concentrar propriamente a inteligência produtiva né do processo de trabalho né Então nesse caso não nesse caso você tinha eh digamos eh Operários mais qualificados que eh reagiam ao uso que se fazia da máquina né E eles percebiam claramente que a máquina os os ameaçava na medida em que os eh desqualificava desqualificava os seus conhecimentos seus saberes enfim e naturalmente aumentava muito a intensidade do trabalho o ritmo do trabalho e alongava muito as jornadas também a a a razão para isso é muito clara é muito simples nãoé ou seja eh os
proprietários de máquinas de empresas enfim eles eh ao comprarem máquinas mais Poderosas e modernas isso aí acontece ao longo de toda a Revolução Industrial eles estão imobilizando mais capital e ao imobilizar Mais Capital ou seja ao colocar mais dinheiro H parado numa máquina eles têm que utilizar essa máquina pelo pelo máximo de tempo que eles puderem para poder efetivamente consumir o seu valor de uso e transferir o seu valor pro produto sem correr o risco que o competidor ou concorrente consiga adquirir ou inventar ou ou Enfim uma máquina mais produtiva do que a dele o
que desvalorizar o seu capital então para essa máquina se pagar o quanto antes quanto antes ele tem que colocar essa máquina 24 horas por dia o que for o que for 7 dias por semana 365 dias por ano porque aí ele diminui o risco de ter o seu capital desvalorizado pela competição pela competição pela concorrência com outros capitalistas com outros capitais né e a classe trabalhadora Nesse contexto né ela passa a ser uma espécie de objeto né antes ela era sujeito porque basicamente o processo produtivo dependia das suas qualificações né da sua força física inclusive
e a partir de Então passa a ser um processo dependente da máquina né O que os desqualifica e ao mesmo tempo abre a possibilidade por exemplo dos dos dos donos de de empresas dos industriais de contratarem mulheres crianças enfim E absorvendo essas mulheres e crianças desvalorizar o o vamos dizer assim o trabalho daqueles que eram os trabalhadores adultos masculinos eh que usualmente encontravam-se nas fábricas né Então existe um pouco essa noção preconceituosa né isso até hoje eu acredito né enfim eh de que esses trabalhadores eles reagiam De forma inconsciente né como se fosse uma Vingança
um at não aceitava o futuro né é eram contra o futuro contra a tecnologia contra o progresso né como se fossem reacionários contra o progresso e o que se verifica hoje em dia na historiografia é oo contrário dessa história seja aliás e se você for observar bem né Por exemplo em 1845 né o Marx o Carl Marx ele publica alguns artigos num jornal de emigrados alemães na França chamado forwards né e ele faz a cobertura jornalística de um levante de tecelões né na silésia né em Peters walden é uma cidade enfim onde tinha acontecido esse
tipo de de vamos dizer assim de agitação né de trabalhadores eh que invadem as fábricas e promovem quebra-quebras né E desculpa não é um quebra-quebra da fábrica é um quebra-quebra daquele equipamento em particular que o cara instalou e não tá pagando o que aquilo rende em salário nesse caso específico só para você ter uma ideia como isso é interessante o Max ele esperava que os trabalhadores entrassem nas fábricas e quebrassem as máquinas essa era a expectativa das pessoas só que que eles entravam nas fábricas e queimavam os livros Caixa ou seja eles não eles claramente
percebiam que o inimigo não era a máquina que o inimigo era a contabilidade capitalista que tava por trás da máquina percebe a relação de exploração não tava na máquina tava na contabilidade Ou seja no controle capitalista que se faz da máquina percebe Então isso que eh era algo enfim que alguém registrou ali em 1845 Ah é uma opinião eh que hoje está sendo corroborada pela historiografia ou seja historiografia especializada nitidamente vamos dizer assim resgatou não é ah o ludismo dessa eh esse espaço né de eu diria de desprezo né da posteridade enfim e hoje a
gente reconhece esses movimentos como sendo movimentos eh autênticos né os primeiros movimentos de classe operária ali final do 18v começo do século XIX ou seja de uma classe operária Industrial né que tá ali na transição ainda entre ser um artesão qualificado e tá sendo desqualificado pela máquina né que reage a esse processo essa reação ela é uma reação violenta porque o processo é violento ou seja eles estão sendo violentados tanto eles próprios quanto as suas famílias porque os seus filhos as suas esposas estão sendo enfim explorados barbaramente dentro literalmente moídos pelas máquinas Sem dúvida ah
em jornadas de trabalho longuíssima né 14 15 16 horas enfim a a própria história né da Lei Fabril na Inglaterra mostra enfim que as primeiras leis Fabril na Inglaterra por exemplo a lei Fabril de 1833 né A primeira lei Fabril foi de 1801 Mas enfim essa não teve vigência nenhuma a lei Fabril de 1833 eh reduzia a Jornada das crianças de 8 a 12 anos para 12 horas de trabalho São só 12 horas agora isso é um uma um grande salto da civilização percebe por quê Porque antes elas e ah como elas eh basicamente elas
assistiam o trabalho adulto ou seja elas auxiliavam o trabalho adulto então elas eram elas acompanhavam os trabalhadores adultos ao longo de toda a jornada de 16 17 às vezes 18 horas de trabalho então enfim como essa violência tava sendo imposta sobre essas famílias de trabalhadores os trabalhadores também reagiam de forma violenta ah desculpa eu eu cheguei a ver um relato que me marcou demais que era o o o dono do Orfanato ou responsável do Orfanato negociando com o cara da fábrica que eles espalhassem os corpos das Crianças em mais de um cemitério para não ficar
tão na cara que todos aquelas crianças que tinham saído do Orfanato tinham morrido é isso o movimento né de industrialização foi um movimento brutal né o Marx no no capital né enfim no no famoso Capítulo 8 sobre a jornada de trabalho o Marx chama com esse momento de 1770 a 1833 pra gente ficar numa numa data que é a promulgação da primeira lei Fabril ele chama esse momento de momento das orias do Capital ou seja o capital pede completamente a compostura percebe ele mostra revela né aquilo que no texto ele chama de um apetite desmedido
voraz de Lobisomen ele fala em sede vampiresca né né Por trabalho humano vivo né E essa sede eh enfim ela se repercutia né ela incidia sobre mulheres e crianças né mulheres jovens e crianças e uma coisa que me marcou para caramba nisso também na conversa com o Rafel Marques quando a gente fala sobre a relação entre café escravidão e gestão de trabalho que começa como gestão de trabalho escravo e depois vai pra gestão de trabalho Fabril isão de plantation né é a primeira forma capitalista da organização do trabalho obrigado eh é me marcou como também
tem um caminho de volta né como a fábrica que agora não usa mais lã de carneiro que não usa mais outras fibras que são boas para você trabalhar artesanalmente mas que engripa na Máquina estouram e começa a demandar algodão gera a necessidade da plantation que antes não fazia sentido existir e aí ela leva a necessidade daquele trabalho escravo moderno como se implantou como talvez a gente já tivesse aqui com plantil do açúcar descubro num próximo Episódio aqui sim mas no Café que vai alimentar o pessoal na fábrica e o algodão que vai alimentar os tecidos
da fábrica né então assim Pode ser que o modelo de gestão dos funcionários venha da plantation mas a plantation vem dessa necessidade Fabril Então ela também tá explorando gente na plantação lá né é uma relação Claro é uma relação ah íntima né entre de um lado a fábrica ou a formação né desse modelo desse modo de produção Industrial com todo um contexto todo um um vamos dizer assim um um um uma região do mundo né Eh que passa a abastecer esse sistema esse modo de produção de insumos matérias primas tudo aquilo que se precisava para
se produzir em escala Industrial enfim eh tecidos etc né então você tem ali um um sistema na verdade né E esse sistema ele eh ele não pode escapar do problema da escala como que você organiza o trabalho humano em larga escala percebe Então você tem que ter um controle muito sistemático muito entre aspas racional muito brutal porque uma coisa é você obrigar uma pessoa a trabalhar duas pessoas a trabalhar três pessoas a trabalhar outra coisa é você obrigar 500 pessoas a trabalhar 5000 pessoas a trabalhar 100.000 a gente chega ter uma Fox da vi 100.000
pessoas a trabalhar ou seja você tem que ter realmente um poder concentrado e uma vamos dizer assim uma violência né Eh muito forte para que essas pessoas eh trabalhem por exemplo no mesmo ritmo acompanh o ritmo da máquina trabalham no mesmo ritmo consigam efetivamente eh suportar jornadas muito longas e tudo aquilo que enfim eh vai contra né a nossa sei lá os nossos limites físicos e Morais humanos né então isso tudo é muito muito eh demandante né tanto de despotismo né poder a autocrático de um lado quanto de violência pura de outro né violência aberta
de outro né ah eu tô fazendo Essa paradinha aqui para você poder tomar um café e lembrar de assinar o nosso canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos do canal e para quem já se inscreveu curte o que vê aqui pense em se tornar um membro uma membra mandar um valor deais ou mandar um pix para contato @am marino.com.br esse tipo de apoio faz muita diferença pra gente antes de seguir nessa parte de dessa sistematização da industrialização me conta um pouco o que que acontece com a qualidade do que
é produzido o que que do que que a gente abre mão quando você tem essa troca do trabalho artesanal pelo trabalho Industrial Porque mesmo hoje para fazer um paralelo né O que me trouxe para esse assunto é a automação Hoje em Dia com inteligência artificial é o chat GPT os são dilemas parecidos até né você tem por exemplo os programas que geram imagens que os artistas criticam porque pegam um trabalho artesan deles hiper qualificado que levaram décadas para fazer e organizar você alimenta uma máquina com isso E aquele programa agora consegue reproduzir esse trabalho em
escala Insana mas que não tem a mesma qualidade do original mas que não é o ponto o ponto é ser barato e de repente uma imagem que custou uma fração de centavo para fazer mesmo se ela tiver seis dedos ela ainda é mais interessante para quem gerou do que uma foto que custou milhares para ser feita Então você abre mão do Bom pelo mediocre mais barato tem um paralelo no que sai da fábrica também desse nesse sentido sem dúvida você matou a charada quando você usou a palavra qualidade né ou seja o que que se
sacrifica né então assim pra gente observar do ponto de vista da história da formação da indústria né você tem que pensar em três momentos vamos colocar assim né um primeiro momento que tem a ver basicamente com as oficinas artesanais né ou seja com um tipo de trabalho Ah vamos dizer assim do Artesão do mestre artesão do Aprendiz que é um tipo de trabalho muito tradicional muito marcado pelo tradici aquilo que a gente costuma chamar de tradicionalismo econômico né tem as guildas né as famílias guildas exatamente as corporações as guildas as assinaturas as as vamos dizer
assim as características muito especiais né do desenho Enfim tudo aquilo que você bate o olho e você sabe da onde que veio da procedência porque você sabe você consegue identificar enfim que só aquela pessoa conseguiria ter aquele efeito conseguiria produzir aquele tipo de coisa por quê Porque os métodos eles eram controlados pelo segredo de ofício então você não abria eh por exemplo para qualquer pessoa enfim controlar Como produzir isso dessa forma nessa qualidade percebe o segredo do Ofício é o grande elemento que de alguma forma organiza o método de trabalho por quê Porque se você
depende do segredo você por exemplo não vai contratar qualquer pessoa quer dizer você tem que contratar alguém que você conheça e quem você conhece Ah você conhece o teu irmão teu tio teu sobrinho teu teu filho teu todos os Ferreira todos é as pessoas que eram próximas a você evidentemente todos os os os as as os as famílias Vamos colocar os laços eram consanguíneos né Por quê Porque você tem que manter o segredo você tem que eh não pode não pode abrir né isso fazia o que no final das contas entre outras coisas fazia com
que a formação fosse longa fazia com que você não tivesse muita elasticidade para absorver gente então a demanda podia aumentar mas pouco importa Porque no final das contas você não tem como prover você não tem como atender aquela demanda se aumentar porque os métodos são muito tradicionais você não tem como formar então em muitos em muitas corporações a transição de um um aprendiz para um para um artesão Durava uma década quer dizer imagina sim quer dizer é eu já ouvi falar que mestrado vem disso né que o trabalho de mestre examente trabalho de mestre demorava
5 se 7 8 anos e aí você entregava a obra né ou seja ainda tinha esse lado né Ou seja você você era testado porque você tinha que entregar a obra né então você tinha que saber fazer tudo você podia até eventualmente se especializar em algo que era também muito usual mas você tinha que saber fazer tudo né os o esse esse sentido do savoa Fer né você tem que saber fazer todo o produto você pode est produzindo carruagem pode estar produzindo Sei lá eu eh relógio você tem que saber fazer tudo isso demora muito
tempo né e isso faz com que evidentemente a a o mercado né seja muito limitado o mercado é mais ou menos o mercado daqueles que consomem esses produtos tradicionalmente ao longo de décadas e séculos ou seja não não dilata é como hoje você querer consumir um produto artesanal né exatamente um produto com procedência e definida é vai pegar um queijo Canastra lá de Minas os caras fazem aquele lote aquela produção só sai daquele lugar da aquele lugar porque tá delimitado por uma certa extensão do território isso aí não pode se estender porque o território tem
características muito próprias por quê Porque você busca a qualidade O problema é que você teve enfim a expansão ultramarina você teve a formação do Comércio mundial do mercado mundial e a a partir daí esse modelo esse método de de organização ele vai passar por uma flagrante transformação essa flagrante transformação é a manufatura Ou seja a decomposição daqueles ofícios daqueles saberes fazeres e a especialização e a divisão é a famosa divisão do trabalho divisão manufatureira do trabalho ou seja você pega o vamos dizer assim as as etapas né E vai definindo vai dividindo o tempo vai
atribuindo para indivíduos diferentes né cada etapa E vai transformando o gesto produtivo em algo muito elementar e vai recompondo né esse gestos a partir daquilo que seria o ótimo para se produzir em escala então A ideia é ganhar escala nãoé ainda assim eh a manufatura retinha né Muito do saber fazer dos ofícios dos conhecimentos de ofício por quê Porque elas a manufatura dependia praticamente que exclusivamente né na abilidade dos trabalhadores artesanais então o ritmo eh a força eh a qualidade isso tudo contava muito né ah tem uma a historiografia costuma dizer que o vamos dizer
assim a mano fatura ela era um sistema de trabalho Virtuoso apoiado na degradação do Trabalhador individual trabalhador parcial então a a virtuosidade era o a consequência da degradação desse desse trabalhador paral uma coisa implica na outra Sim era uma uma espécie de de de necessidade né de combinar uma coisa com a outra né enfim ah mas ainda assim você tinha ah nas manufaturas né você tinha a mão humana e a mão humana por exemplo para atingir um papel de parede para fazer um uma quantidade x de alfinetes para fazer uma quantidade x de cartas para
fazer a mão humana ela evidentemente ela é muito imperfeita no entanto ela tem uma qualidade que enfim é uma qualidade refinada né Ou seja a escala humana né a escala da da qualidade a o limite é o limite humano né a qualidade é humana então enfim ah era muito conhecido por exemplo quando a indústria chega na na indústria de produção de papel de parede né então os papéis de parede mais refinados mais sofisticados mais eh e bem desenhados mais finos eram feitos pelas pessoas eram impressos pelas pessoas e os papéis de parede que eram os
papéis de parede eh rudes os papetes de parede robustos enfim que eram mais baratos eram feitos pelas máquinas por quê Por conta dessa dessa dessa diferença ainda é o a Ferrari a Mercedes hoje que foi feito à mão tem assinatura do Mecânico versus o Com certeza se você for observar né os principalmente hoje em dia né Vamos pensar assim a a o a produção de bens de luxo ela é basicamente uma produção artesanal ainda que assistida uhum por tecnologias de ponta uhum isso também acontece porque não é uma coisa só né do da habilidade do
do do do Produtor Ah mas é artesanal nesse sentido né Ou seja você produz num nível de qualidade que é um nível de qualidade que a expertise humana consegue alcançar ainda que assistida por tecnologias e instrumentos de trabalho e coisas do gênero não é to que por exemplo você falou por exemplo Ferrari né Toda a indústria h de carros que é uma indústria de produção de massa é linha de montagem toda indústria de produção discreta de carros ou seja que produz pequenos lotes que são casos especiais é plataforma fixa sempre assim então você não tem
você não tem linha de montagem de Ferrari você percebe a montagem do carro é sempre a plataforma fixa por quê Porque são pessoas hiper qualificadas que vão montando devagarzinho o carro percebe Ah E no caso da do carro em lag escala é a linha de montagem então o carro passa porque enfim tem que ser rápido né e as pessoas vão acrescentando ali não tem muitos erros tem muito isso tem muito aquilo apesar dos controles de de qualidade estatística hoje em dia muito sofisticado mas o o o o Ponto Central é que você ten a qualidade
numa numa ponta e a quantidade na outra ponta né você deixa de ter a camiseta que foi feita para você e tem que achar o tamanho da sua camiseta que aquela fábrica já fez exatamente é você não demanda uma camiseta para você é a mesma coisa se você pega hoje né tem ainda é é tá ficando cada vez mais raro né mas por exemplo alfaiates que fazia um terno sob medida né Ah enfim é um preço você vai no shopping center numa loja comprar um terno você pode né mas aí você se adapta aquilo que
eles têm ou no estoque enfim e o afiat ele vai fazer o teno para você vai tirar suas medidas enfim mais ou menos essa mesma relação né não muda muito né mas o fato é que quando você transita da manufatura paraa indústria chamada indústria moderna a grande indústria o sistema de máquinas né aí o que você tem é uma uma vamos dizer assim uma ruptura com aquilo que seria o limite definido pela mão humana pela qualidade humana pela capacidade humana de transformar a matéria e atribuir forma útil a matéria agora você não tem mais esse
limite o limite é o limite da máquina né Então quer seja do ponto de vista daquilo que tá sendo produzido quer seja do ponto de vista daquilo que tá sendo consumido que é a força de trabalho humana né muda a escala E aí você não tem mais a vamos dizer assim eh a escala definida Pelas nossas necessidades humanas você tem agora uma escala definida pelas necessidades da acumulação capitalista de Valor Econômico então é uma outra coisa então é por isso que a quantidade conta tanto porque o valor econômico capitalista é pura quantidade né é quantidade
de tempo socialmente necessário a produção de alg então é a quantidade que conta é a escala que conta né E isso muda completamente a nossa relação por exemplo com a natureza muda completamente a nossa relação com outras pessoas muda com o nosso consumo enfim é uma microescala disso é um drama que a gente vive trabalhando com redes sociais por exemplo que é você tentar convencer marcas ou enfim quem for de que uma coisa escala outra coisa com quem você fala e o que você fala que ah pô eu faço um conteúdo de uma hora hiper
qualificado eu tô falando com esse número de pessoas mas é uma coisa outra coisa você falar com 100 milhões de pessoas de uma vez mas é o mesmo dilema claro seguindo nessa linha de vou aproveitar que você falou do da produção de carros que eu falei você falou eh eu tenho a impressão de que a gente tem esse começo brutal né essa fase eh sem amarras da industrialização explorando as pessoas mas como você diz a partir de 33 ou daí pra frente você começa a ver os direitos trabalhistas aparecendo mas ao mesmo tempo pelo menos
na minha cabeça é mais ou menos o período onde você começa a ter uma mecanização ainda maior da indústria e a coisa feita em uma escala que depois vai ter lá o fordismo com a linha de produção clássica mesmo e a produção moderna Me dá um pouco dessa transição e o que que acontece quando a gente tem o fordismo quando a gente tem os primeiros industrialistas falando não eu vou quantificar quantas horas você investe em cada passo seu e vou otimizar isso para que você faça muito mais por hora da para da da rosquinha que
eu quero fazer aqui para ela ficar ainda mais barata no final não sem dúvida a primeira parte da da questão é a um pouco a história da Lei Fabril né ou da legislação trabalhista Se você quiser né então ah o o que que motiva o que que impulsiona o que que tá por trás o que tá por trás é a resistência da sociedade em perceber que aquele tipo de modelo produtivo aquele tipo de processo de trabalho aquele tipo de sistema né que é o sistema da fábrica tava ameaçando a própria existência da sociedade então o
caso da Inglaterra por exemplo que é um caso conhecido né ah aristocracia eh fundiária era que controlava o estado né então ela a Rig não tinha nenhum interesse específico em atender ou aprovar leis fabz ou algo do estilo porque não comenia não tinha nada a ver com seu né no caso del era renda Terra quem mandava era a bancada Rural é quem mandava era bancado ruralista Sem dúvida nenhuma era os famosos Stories né os representantes políticos aristocratas e coisa do gênero para eles o que aconteceu nas fábricas era indiferente Mas deixou de ser indiferente num
certo momento por quê Porque a devastação que o sistema fabil produzia no meio Popular era tão grande que isso tava fazendo com que por exemplo o exército inglês ele se tornasse frágil na medida em que as pessoas estavam diminuindo de tamanho na medida em que as pessoas estavam se tornando eh enfim estavam tendo problemas físicos doenças etc etc O problema não é nem que o pessoal tá se lascando desse tanto é que começa a comprometer o que eu preciso dessas pessoas é claro imagina só o vamos imaginar né a Inglaterra a Gran Bretanha né como
um grande poder imperialista eles têm que ter exército e Marinha para fazer para ocupar por exemplo o sul da África enfrentar um exército do tchac aulo com 60.000 homens eh criados livres e se alimentando de carne bovina etc dormindo né dormindo e aí o do outro lado você tem um exército britânico em que a estatura média do soldado não chegava 1,40 M E aí você faz o quê que os caras só cresceram a base de pão e e geleia isso aonde chega a indústria no meio Popular isso aí devasta né devasta jornadas de e a
o problema das Mães quando vão paraas fábricas que se tornam desnaturadas é um problema gravíssimo porque se você tem filhos crianças como é que você vai manter essas crianças 1 2 3 anos dentro de casa se você e o seu marido estão trabalhando na fábrica quem é que vai cuidar então o que que faziam as mães elas davam láudano pras crianças elas pegavam um pelotinho de ópio disol via em em álcool entregava paraas crianças paraas crianças eh ficarem quietas em casa durante o dia dias que eram de 18 horas de trabalho então o que que
acontecia com essas crianças né tem aquela expressão famosa eram velhinhos liliputianos né Por quê Porque como o laudo elas não não não comiam não bebiam porque tira fome tira sede a pele ia ressecando ia ia ia quebrando né ficava quebradiça elas iam murchando iam iam desidratando e elas pareciam velhinhos só que elas tinham 1 2 3 anos velhinhos liliputianos né então assim era uma devastação social percebe e estas crianças é que eram recrutadas pelo exército eh britânico para fazer a guerra no Afeganistão para fazer a guerra na não é nem só quem foi empregado na
fábrica então é quem não a devastação é a devastação é da família trabalhadora né é uma uma devastação que que a cometia os Condados né enfim era uma questão de saúde pública literalmente ente uma questão de saúde pública elas se transformam numa questão de saúde pública gravíssima né então você tem vários médicos relatórios e assim por diante dando conta disso Olha as pessoas estão morrendo então a taxa de mortalidade aumentou muito isso aí tá comprometendo a cada ano nos Condados onde chega a indústria a estatura média das pessoas caem mas como é que como é
que pode acontecer não tem como né você tem que reagir a isso e aí o Parlamento reage de fato é claro que tem toda uma dinâmica política Thor e Wig etc mas o fato é que eles criam uma comissão de inspeção de fábrica né O parlamento cria uma comissão de inspeção de fábrica liderado liderado por um professor universitário um geólogo né de Edimburgo o Leonardo horner para ah avaliar estudar e dizer olha o que que tá acontecendo nas fábricas inglesas percebe e esses inspetores de fábrica são os primeiros né responsáveis por fazer com que as
leis que limitavam né a duração da jornada de trabalho a lei de 33 e fossem de fato de alguma forma respeitadas porque também os os os industriais não tinham você me respondeu uma pergunta que tinha ficado na minha cabeça porque nesse livro que tava discutindo o movimento ludita o livro termina com os caras sendo massacrados com leis atrás de leis que vão tornando cada vez um crime mais grave você invadir quebrar uma fábrica até chegar num pena de morte o que me marca muito como né quebrei uma máquina isso dá o direito pro estado de
matar 30 pessoas que estão envolvidas nisso o Onde você coloca a vida e o dinheiro aí na na balança a vida de quem o dinheiro de quem na balança o que posso tá sendo muito muito eh inocente mas acho muito marcante como eh o estado e a polícia aí serve para falar essas vidas valem muito menos do que aquela máquina e porque elas quebraram aquela máquina a gente vai matar tá todo mundo aqui mesmo e que sirva de exemplo essa é a história da criminalização da pobreza né obrigado e não sabia e e com esse
começo com essa né com Ah o movimento foi forte até aqui e de repente não era mais luditas versus Os seguranças da fábrica era luditas versus as forças armadas britânicas E aí não tem como eh eu me perguntava de onde vem os direitos trabalhistas aí por que que a jornada muda ou coisa assim você tá me dando exp ação muito coerente agora que não tem a ver com essa galera poder se mobilizar mas sim com precisamos de soldados mas na verdade na verdade verdadeira é claro que isso daí a historiografia pode ter assim detalhes de
um lado ou de outro mas se você pega a história da Lei Fabril inglesa 33 44 que que espande né a a limitação da jornada para para de crianças né para jovens e mulheres a 47 eh que estabelece o limite de 11 horas não teve uma forte participação mobilização dos próprios trabalhadores quer dizer existe ali um conjunto de eh eu diria pactos e acertos mas o protagonismo neste momento é do Parlamento através a da comissão de inspeção de fábrica então o protagonismo era dos setores médios profissionais profissionalizados por quê Porque a sociedade tava sendo duramente
atingida e os interesses nacionais imperialistas britânicos estavam sendo duramente ameaçados o que acontece de fato e aí entra uma discussão interessante é que na 1850 né ah aliás em 48 quando tem a a revolução de fevereiro de 48 na França e depois jornada de de48 na na França e depois revolução revoluções nacionais na Europa ameaça do jacobinismo e não sei o qu ah use o Parlamento enfim a aristocracia fundiária as as classes proprietárias britânicas elas entram em pânico porque eles morrem de medo do jacobinismo morrem de medo de agitação política e aí eles dão um
passo atrás os capitalistas os nom os industriais Eles simplesmente abolem as as leis Fabriz Eles simplesmente deixam de respeitar completamente em 4 8 49 50 em 50 sim você tem uma grande mobilização de classe trabalhadora que foi uma curiosamente foi uma mobilização sem lideranças porque o partido cartista que era o partido grosso modo associado da classe trabalhadora apesar de ser um partido de artesãos mais qualificados não tinh um enraizamento muito profundo porém eles localizavam os interesses de classe trabalhadora na época nos anos partido cartista é de 1831 se eu não me engano mas ele só
ganha tração mesmo na década de 40 ah o o partido CTI em 48 tinha sido todo todo dizimado colocado na cadeia então assim ah não tinha liderança né então foi um levante meio espontâneo né 1850 os inspetores de fábrica viraram pro Parlamento pros wigs né que eram representant da burguesia dizer olha eu avisei agora vai lá resolve você entendeu resolve você eu tentei agora que você aboliu a a lei fabil e tá explorando até o caroço voltou para pra década de antes da década de 30 então vai lá e resolve você quer dizer tem altos
e baixos Aí também tem não tem Idas e Vindas sem dúvida e nesse momento eles dão um um passo atrás e os diferentes setores né que eram objeto da da Lei Fabril eles aprovam em agosto né de de 50 no se de agosto de 50 a lei Fabril de 1850 que é a lei das 10 horas para crianças mulheres Olha que privilégio e jovens Só que tem uma particularidade que quando você generaliza as 10 horas os trabalhadores adultos eles não podem mais ser assistidos pelas crianças e pelas mulheres então na prática o trabalho deles também
é reduzido porque eles não têm muito o que fazer sem esse apoio de mulheres e e jovens e crianças Enfim então a lei das 10 horas é uma lei super importante assim ela prevalece a partir de então enfim ela é hostilizada mas ela ela tende a se a se estabelecer a gente tem que considerar hoje em dia isso pode parecer estranho mas a gente tem que considerar que a trajetória do século x20 é uma trajetória de contenção da jornada de trabalho não de expansão né anteriormente né de para citar alguns Marcos históricos mais famosos né
sei lá 1348 com 1349 desculpa com a promulgação do estatuto do Trabalhador 1601 com a lei dos Pobres 1727 isso todas essas leis eram leis de expansão da jornada de trabalho a partir de 33 a tendência de queda ou estabilização da jornada de trabalho então por exemplo o a a congregação dos trabalhadores nos Estados Unidos que é o congresso de de Baltimore em 1866 ela é a primeira vez na história humana que se reivindica 8 horas de de jornada de trabalho e 10 15 anos depois já era mais ou menos frequente em alguns estados americanos
a jorn de 44 horas semanais percebe nenhuma indústria quebrou em reduzir de Ao contrário ao contrário quando você não tem isso aí o os próprios industriais na década de 40 aqueles que foram obrigados a enfim eh respeitarem a lei pelos inspetores de fábrica né eles já percebiam que a produtividade aumenta porque se você não tem como ampliar a jornada ou seja fazer com que o trabalhador trabalhe sei lá 12 14 18 20 horas matando a sua força de trabalho tendo os custos de reposição de de trabalhadores você tem que investir em outro lado você tem
que investir aonde na produtividade das máquinas você tem que fazer com que o seu o seu negócio a sua indústria seja mais eficiente seja mais racional seja mais produtiva Então você começa a caçar os tempos mortos no meu caso depois que meu filho nasceu eu não tenho mais como ficar 8 horas para entregar alguma coisa fazendo alguma coisa de o menino dormiu vamos vamos vamos vamos vamos senta no computador e manda tudo fazo você tem que reorganizar o seu tempo percebe que você tem que fazer mais num período de tempo ou menor ou Enfim no
mesmo período de tempo você tem que tornar o seu tempo mais produtivo percebe Isso é uma fonte incrivelmente importante de inovação tecnológica então reduzir a jornada de trabalho aumentou produtividade e trouxe inovação muito muito é a principal uma das principais fontes de inovação até hoje quer dizer eh que a gente não se dá conta disso né mas por por exemp exemplo que para citar um exemplo que que o trabalho na informalidade ele é tão improdutivo no sentido de que você tem jornadas longuíssima Muito pequenas porque é um trabalho improdutivo porque ele não tá ele não
tem em si próprio em si mesmo ele não tem um impulso de busca de produtividade é ele não é viáveis mas os desdobramentos do ponto de vista de produtividade do trabalho eles têm muito a ver com esse constrangimento que a sociedade realiza né em conter essa ânsia né por tempo de trabalho em certos limites que são limites razoáveis né então quando você por isso que eu digo ah século XIX século XX foram séculos em que você observa a tentativa de conter a jornada de trabalho então 66 8 horas 10 15 anos dep depois já era
uma realidade jornada de 44 1 eh 19115 por exemplo o Uruguai foi o primeiro país por incrível que isso possa aparecer né os uruguaios foram o primeiro país eh da humanidade a colocar na lei né na Constituição a jornada de trabalho de 8 horas e na década de 30 você teve a promulgação do New di né em 38 você tem a no caso dos Estados Unidos né a jornada de trabalho de 40 horas a gente tá falando de jornada de trabalho de 40 horas o que dá sei lá 6 horas de trabalho por dia hoje
nós temos entregador de aplicativo fazendo 14 15 16 motorista de Uber fazendo 14 15 16 não não com a tecnologia da da da década de 30 com a tecnologia de 2023 percebe percebe o nível de retrocesso ah eu tô fazendo Essa paradinha aqui para você poder tomar um café e lembrar de assinar o nosso canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos do canal e para quem já se inscreveu curte o que vê aqui pense em se tornar um membro uma membra mandar o valor de maisis ou mandar um pix
para contato @a lamarino pcom.br esse tipo de apoio faz muita diferença pra gente deixa eu fazer esse salto Então vou pular o fordismo vou pular esse e meio todo Porque você tá me dizendo que com essa jornada de 8 horas muito da reivindicação dos luditas lá atrás era não só viável como interessante para todos que era falar não a gente não é contra mecanização de trabalho o que a gente quer é uma mecanização do trabalho que reduz a jornada aumente o aumente a produtividade e que não me obri a fazer agora meia camisa durante 16
horas mas sim as camisas que eu fazia antes em menos horas e aproveitar esse tempoo mim né você tá dizendo que isso é totalment possível pelo menos numa certa escala Já aconteceu a gente já foi nessa direção mas o que a gente tá vivendo agora é oo contrário é a jornada de trabalho só aumentando vou te dar uma uma notícia que que eu encontrei há dois dias atrás que para mim acendeu a luz que a gente precisava ter essa conversa que é uma uma Startup nos Estados Unidos que tá desenvolvendo quer desenvolver isso daí é
promessa não necessariamente vai virar uma coisa mas que a ideia existe já é o que me preocupa um aparelho que te ajuda a ter sonhos lúcidos para você controlar o que você faz no sonho até aí tem muita gente que queria voar fazend coisas e tal mas o pit dos caras o o argumento de venda porque devem investir na empresa deles é que você vai poder trabalhar no seu sonho uau você vai poder trabalhar no seu sono que agora você pode ter sonho lúcido e se você é um programador por exemplo você pode continuar nos
seus sonhos programando SA o o o Rafael Marquez chegou aqui e falou olha eu falei Qual que é a relação do consumo de cafeína da vida moderna a gente dormindo menos tomando agora o energético e não sei o qu ele falou o capitalismo tá entrando cada vez mais em qualquer horário disponível incluindo tirando o sono das pessoas eu tô vendo uma empresa agora que não quer tirar o sono é quer fazer com que as pessoas trabalhem no próprio sono né então assim jornada agora de 24 horas 24 horas é é o o o limite que
seria né que que era uma discussão de gas de passagem no século X 19 qual é o limite da jornada de trabalho né ou seja o quão por exemplo você compra força de trabalho paga o seu valor o quanto que você pode consumir essa força de trabalho né quem comprou pode consumir pelo tempo que ele achar que deve Qual é o limite bom o limite é o dia de 24 horas mas não dá né porque as pessoas T que dormir sei lá quanto dormir quanto tempo vamos conversar sobre isso é vamos falar sobre isso quant
quant tempo que você né quanto tempo que você realmente aproveita do seu sono e vamos supor que você precisa dormir apenas 5 horas por por dia vamos testar vamos testar então o resto você passa trabalhando agora nem essas 5 horas né ou seja de acordo com essa com essa empresa nem mais isso é uma coisa interessante porque eh esse impulso né por tempo de trabalho é algo que enfim impulsiona né enfim move né né o o acumulação desde sempre ah mas tem uma característica que é a tentativa sistemática de você romper com as barreiras orgânicas
né do trabalho sempre sempre essa tentativa de você romper o limite da força física o limite da força física do animal o limite da força do vento o limite da força da queda d'água enfim e aí você pega e inventa uma máquina combustão a carvão que tem sei lá carvão barato tem uma força 200 cavalos 200 cavalos e não sei o qu e você ganha escala e rompe com essa barreira orgânica né daquilo que era possível fazer agora o que você tá me dizendo é que essa barreira que é uma barreira orgânica psíquica né ela
tá sendo assediada assediada tá sendo por esse processo enfim de capitalização do sonho né Essa é uma tendência que eu não me espantaria Me fala por só pelas horas de trabalho já me parece que a gente tem um retrocesso né que você teve você você parou no século XX você falou século XIX e século XX foram séculos de redução da jornada de trabalho por que o 21 não é o que a gente tá vendo agora Teoricamente a gente tá caminhando para um para muito mais mecanização muito mais automação mais eficiência gestão e tudo que poderia
viabilizar uma jornada de trabalho ainda menor e tão quanto ou mais produtiva do que a jornada de trabalho de antes não foi a linha que a gente seguiu não porque desde a década de 70 ou se você pensa especificamente né sobre a relação com o trabalho né a a data seria o início dos anos 80 quando o governo Ronald Reagan Ah eu conto um pouco essa história no livro esse livro que eu tô lançando ah lancei em setembro né GO Setembro e que é a vamos dizer assim o capítulo final derradeiro de uma trilogia A
respeito da formação do precariado Global né O que que é o precariado precariado é essa classe eh que transita permanentemente entre por um lado ah o aumento da exploração econômica nas empresas eh nas fábricas e por outro lado a possibilidade efetiva de você ser excluído de você ser expropriado politicamente perder direitos enfim ah ser Eh vamos dizer assim deslocado pro subemprego paraa informalidade então é um setor da classe trabalhadora que tá o tempo todo transitando entre ser explorado economicamente e ser expropriado politicamente então é é um Aqua franja entre o ferro e o fogo é
aquela franja vamos dizer assim mais precária que ganha menos mais racializada H da classe trabalhadora que que ganham realmente muito pouco eh em torno de 1 1.5 salário mínimo hoje muito representado nos pelo por pelo setor de entregas por exemplo os os os Bike Boys os motoboys o pessoal de entrega de entrega de aplicativos que trabalha para aplicativos enfim mas no passado já foi por exemplo como lá atrás quando eu comecei a estudar eh o setor de calcenter né as teleoperadoras Enfim então é um pouco esse o o precariado né né E nesse livro que
é um livro focado nos Estados Unidos né eu conto um pouco a história num dos capítulos da greve dos controladores de voo nos Estados Unidos que era o sindicato mais importante mais poderoso mais Nacional enfim e um sindicato tão poderoso que podia não apenas eh paralisar a circulação de aviões nos Estados Unidos como no mundo todo porque para Estados Unidos para a Europa para Ásia para tudo enfim e de fato eles pararam e a greve do ptico foi uma greve de meses durou meses o sindicato foi totalmente destruído o Ronald Reagan decidiu demitir os 14.000
controladores de voo Ah o criminalizou ou seja Tô vendo um paralelo grande aí com Mas o que o que é interessante e é claro que isso existe todo um conjunto de detalhes da greve que é muito fascinante mas a conclusão a qual eu chego e outros estudiosos já haviam chegado antes de mim é que pela primeira vez de fato você teve uma associação entre governo e empresas para destruir completamente um sindicato no caso um sindicato super poderoso né Por quê Porque a greve do ptico foi a greve mais cara da história humana nossa ela implicou
prejuízos por conta do da paralisação dos do transporte aéreo enfim deic vagas e passageiros etc e tal que na época foi calculado em em em 2 Bilhões de Dólares o que daria hoje em termos de inflação e coisa do estilo alguma coisa em torno de 30 Bilhões de Dólares imagina uma greve que causa esse prejuízo né que seria numa escala aqui a paralisação por exemplo dos caminhoneiros mas geral mesmo fechando tudo exatamente e só que assim durando meses né 3S meses ou seja era uma uma situação crítica e cujo resultado foi a destruição do sindicato
então foi um momento em que o Estado o governo e as empresas se juntaram para destruir o sindicato e a partir daí começou uma coisa chamada neoliberalismo e o neoliberalismo tem essa característica ser esse componente é antis sindical é ante qualquer forma qualquer tipo de obstáculo né a liberdade de investimento qualquer tipo de obstáculo à liberdade de decidir como eu devo administrar minha empresa qualquer tipo de obstáculo que enfim te impeça de investir num certo local num certo enfim contratar quem você quiser da maneira como você quiser pagando o que você quiser ainda tá quinta
marcha Econômica Aí falar vamos embora exatamente E é exatamente isso que explica o fato de que por a gente não tá hoje discutindo por exemplo como passar de 8 para se de se para 5 horas de trabalho por dia se que é possível qu dias de de de seis para qu dias de trabalho porque não diminuir ter mais tempo livre tem mais tempo de lazer tem mais tempo pra família tem mais tempo Sei lá eu pras comunidades pras suas vidas pras suas seus interesses seus hobbies pros seus Ah e a gente tá discutindo jornadas de
14 15 16 horas de entregador de aplicativo é por isso que a gente tá tá falando isso porque você teve uma decisão de governos e empresas de vamos dizer assim se colocar numa postura completamente antissindical e quando você tem sindicatos na defensiva ou muito frágiles ou muito Eh vamos dizer assim eh muito eh criminalizados com enorme dificuldade de se organizar negociar o que quer que seja desigualdade aumenta muito ah as desigualdades de renda aumentam muito é um pouco a a trajetória né do capitalismo a partir da década de 80 90 enfim as desigualdades aumentam muito
a capacidade de barganha de poder né dos trabalhadores fica muito debilitado você tem ali uma um um vamos dizer assim um um aumento da desigualdade de poder né ah e consequentemente tudo aquilo que envolve a questão sindical controle sobre local de trabalho controle sobre condições de trabalho controle sobre negociação benefícios montantes salário etc etc tudo isso evapora né então você entra numa fase em que os trabalhadores estão sempre na defensiva correndo atrás e as empresas fazendo aquilo que elas querem fazer do jeito que elas querem fazer e isso tende a fazer com que a jornada
amplie muito e não apenas essa jornada de trabalho diária mas o tempo que se trabalha a longo da vida ou durante o ano por exemplo o fato de que você não tem férias e remuneradas o fato de que você não tem sei lá eu eh benefícios você não tem final de ano você não tem enfim nesse livro eu entrevistei uma trabalhadora do aat que ela trabalhava todos os dias da vida dela só parava no fim do ano ela não ela trabalha todos os dias de segunda a segunda enfim porque a renda era muito pequena porque
ela tinha que se virar com dois três empregos ela estoquista no final de semana né trabalh de fachineira enfim trabalha todos os dias para pagar o seguro de saúde dela da netinha dela Enfim então você gera essas perversões né você gera essas situações muito perversas que ameaçam exatamente a reprodução da sociedade das Comunidades das famílias enfim das pessoas e é um pouco essa a realidade que a gente tá é interessante porque eh a partir por exemplo ah existe um relatório né Eu sempre cita esse relatório um relatório famoso da oit ah do Drago zada caliste
e do Clemente Morano que são dois economistas um romeno e um italiano e eles publicaram em 2017 um relatório dando conta da das 111 reformas trabalhistas ocorridas no planeta terra entre 2011 e 2015 na corte bem específico é um corte específico por conta do desdobramento da crise de 2008 certo então era um pouco ah a partir da crise de 2008 você teve uma multiplicação em escala global de reformas da lei trabalhista em Em cent e tantos países 111 países Ah e era uma uma pressão que já vinha dos anos 2000 é uma pressão que eh
recua a entrada da China em 2001 na OMC quando a China entra o mundo do trabalho se transforma e a China pressiona para baixo o valor da força de trabalho em escala Global porque ela controla politicamente o o valor do Yuan enfim eu não sei qual é o a a moeda que eles usam internacionalmente Mas enfim ela controla politicamente o valor do Yuan então Ela derrubou comprimiu artificialmente politicamente o valor da força de trabalho em escala mundial que foi a forma que eles tiveram de trazer todo o trabalho para dentro do país né exatamente antes
de de falar dessa parte da entrada da China e o que isso faz com com a dinâmica de Salários o custo né da industrialização onde essa industrialização passa a acontecer que é quase toda na Ásia agora né quase que exclusivamente ainda na parte da sindicalização deixa eu contar um pouquinho da minha experiência nos Estados Unidos para te perguntar que partes dessas que tem a ver com esse fechamento dos sindicatos e essa perda de direito trabalhista porque a gente vê muitas pessoas falando sobre Ah o poder de compra do americano ou o salário e tudo mas
tendo feito T trabalhado lá por um tempo como como pesquisador então é um outro uma outra dinâmica né com bolsa do Brasil e tudo o que me chamou atenção e me marcou foi uma outra parte do do do como funciona a dinâmica do país então por exemplo você não tem sistema público de saúde e o sistema privado é insanamente caro eu cortei um dedo já falei isso num vídeo aqui Cortei a pontinha do dedo fazendo café da manhã sangrou tive que ir no hospital para cauterizar os caras foram lá com uma coisinha quente queimaram a
veia esse esse gesto foi 00 porque eu fui de táxi pro hospital que se eu tivesse pegado uma ambulância era mais 2500 tranquilo e era o hospital da Universidade que é um hospital barato o meu plano de saúde pagou isso mas porque eu era obrigado pela Universidade a ter um plano de saúde porque se não tivesse plano Eles já tiveram cas de uma aluna que ela chegou grávida ia fazer um análise de alguns dias teve uma complicação no parto teve que fazer um parto adiantado no hospital e ela saiu depois de três dias ou depois
de um tempo na UTI porque a criança nasceu alguma coisa assim uma dívida de meio milhão de dólares ela se faliu financeiramente uma canadense porque os poucos dias que ela passou no Estados Unidos envolveram uma internação e UTI E aí eu fui descobrir que o motivo de falência de 60% das famílias 40% das famílias é uma emergência de saúde e aí o que junta nisso ah você não tem você não tem plano de saúde a empresa te dá o plano de saúde porque não existe plano por fora ou é muito caro não tem sistema público
Então você tá na mão da empresa não pelo pelo salário Mas pelo plano de saúde porque se você precisar de um atendimento de saúde fora disso quebrou então se você não tá indo pelo salário pra empresa Você tá indo pelo pelo plano aí a empresa não tem aviso prévio então você pode um dia chegar para trabalhar como eu tive um amigo que foi trabalhava no restaurante ele chegou um dia o restaurante tava fechado ele descobriu que ele tinha sido emitido e acabou assim fechou é isso é não tem ônus né ex você recebeu seu salário
semana passada ess semana você não trabalhou você não vai receber e acabou aí e então se você quebra uma perna se você tem uma torção se você tem alguma coisa você não pode ir trabalhar você não vai ganhar exato você não tem né nada e todo o resto desencadeia aí a universidade que vai te dar uma formação que te despregar um tiquinho disso e aumenta a chance de você não precisar depender de sistema cresceu em custo 10 vezes mais do que a inflação média no país endividar pro resto da vida para poder não se endividar
no trabalho dessa forma CL é você se endivida com a universidade né se endivida com a universidade Universidade nos Estados Unidos hoje é um grande banco né e é isso né você faz o empréstimo e tenta investo dinheiro é empréstimo de dinheiro paga a mensalidade para ver se se paga é é e aí você tem aquele bifet de de remédio pra dor na farmácia que no começo eu ficava nossa como os caras são arrojados eles têm qualquer coisa e depois eu descobri que não se a sua perna não caiu você passa qualquer pomada creme não
sei o que toma 10 pías aí e segue trabalhando porque você não pode parar para ir num posto de saúde que não existe para cuidar daquela dor crônica que que que não sei o quê então assim quanto dessas coisas que para mim eram bizarras vem dessa perda de direito ou desse fechamento de Sindicatos por exemplo tem tudo toda a relação nesse livro eu conto um pouco né porque eu fiz pesquisa Ah nos Apalaches né numa pequena cidade chamada Tairon que é uma cidade rural no meio da Pensilvânia uma área bem Rural uma cidade que tem
uma curiosidade que é a a cidade da fábrica em atividade mais antiga dos Estados Unidos que é American eagle paper Mew né enfim então eu tive a oportunidade de entrevistar muitos trabalhadores e assim por diante e conta um pouco a história eh da da segunda para terceira onda de e epidemia de opioides porque você nos anos 2000 fal nos anos 90 anos 2000 você teve uma primeira onda de eh enfim analgésicos opioides ah que eram distribuídos em escala Industrial exatamente nos Apalaches nessas pequenas comunidades de trabalhadores pobres porque eles não têm plano de saúde eles
fazem trabalho braçal eles se acidentam com muita frequência com muita facilidade como não tem nenhuma regulação de jornada trabalho também muitos deles trabalham Como eu disse citando o exemplo da dessa trabalhadora do almate trabalham todos os dias não tem aposentadoria pública consequentemente tem que trabalhar até 70 anos 75 anos ela me dizia né eu tenho trabalho todos os dias eu trabalho em pé né eu faço faxina eu se eu não tomar analgésico eu não consigo terminar minha jornada as minhas infinitas né jornadas né e e ela tinha um filho que era dependente de heroína porque
ele ele trabalhava numa transportadora machucou as costas e não tinha plano de saúde não tinha dinheiro para para pagar uma uma cirurgia uma internação ele cuidou ali enquanto pode com oxc Contim e outros outros medicamentos os médicos pararam de prescrever quando perceberam que eles estavam e viciando essas pessoas né ah e ele desesperado mudou paraa heroína que é o outr opioide que sobrou ali que é o é aquela coisa de baixíssima qualidade mas que tava circulando porque hoje você tem também uma onda de uma inundação de de heroína nessas pequenas comunidades enfim você tem o
o tráfico a heroína não é produzida nos Estados Unidos a gente sabe bem disso enfim mas geralmente tem participação eh produção do México e cartéis e coisas do gênero Então você fica ali imerso numa rede de de contravenções e crimes e coisas do gênero Ah e agora você tem uma explosão do fentanil né que é um que que entrou nesse lugar que é um sei lá é uma droga sintética poderosíssima 100 vezes mais poderosa do que a morfina e não sei das quantas E essas pessoas elas H estão tendo a vida destruída E você tem
hoje por exemplo o dado que eu me lembro do ano passado 80.000 mortes de overdose por Fantan Ah não já é muito mais deve ser mais né é os dados enfim que eu não do ano passado de 2022 que eu me lembro mas no começo dos anos 2010 era 10.000 hoje sei lá 90 não sei quanto mas é o aumento é exponencial né E esse pessoal essas mortes né chamadas mortes por desespero temo tudo a ver com essa combinação perversa entre por um lado a mercantilização da Saúde como você lembrou bem não tem saúde pública
né então eles têm que se virar saúde é caríssima né ah o próprio sistema privado com os os como dizem os seguros saúde que são um pouco mais baratos você compra mas você não usa porque eles são impossíveis de serem usados Eles são de baixíssima qualidade ninguém aceita nunca paga as famílias elas entram em falência mesmo quando tem plano de saúde uhum porque é muito comum você ter aqueles arranjos de Ah o plano paga 80% você paga 20 ou você paga eu conheci gente que estava em alo escalando do Facebook com o melhor plano de
saúde que o negócio dava e o rebate que era o que tinha que pagar de volta pro melhor plano num parto era . mil era isso era incrivelmente alto as pessoas estão totalmente expostas né de um lado e por outro lado o trabalho precário o fato de que você não tem sindicatos por exemplo para negociar com as empresas o plano de saúde pros seus funcionários o fato de que você não tem controle sobre jornado de trabalho o fato de que você não tem nenhum benefício o fato que seu salário é tão baixo e nos Estados
Unidos salários dos trabalhadores subal é muito baixo Estados Unidos é é um país em que o salário mínimo nacional é 7.25 a hora dólar a hora isso aí coloca o trabalhador que trabalha 40 50 60 horas por semana na linha da miséria sempre 0.000 D por ano abaixo linha da miséria Ah sim que a gente pode transpor pro real e falar não mas pô são 150.000 custo de vi custos tem os outros custos né você tem outras coisas então assim você eh é é um vamos dizer assim eh é uma relação muito perversa e ela
se retroalimenta né Isso significa que você vai ter o sempre o pior dos Mundos Qual é a raiz disso a raiz disso é baixíssimo investimento público na área de saúde nós sabemos bem Quer dizer não não tem não tem o serviço público de saúde e por outro lado mas o porta-aviões deles é lindo pois é essa esse é um esse é o trade que os caras fizeram lá atrás né um pouco que muitos políticos dizem inclusive políticos progressistas e coisas e tal eles dizem Olha nós não temos um estado de bem-estar social porque nós tivemos
que funcionar como a polícia do mundo percebe E aí isso permitiu que a Europa tivesse um estado de bem-estar social só que nós não temos né O que é uma coisa engraçadíssima eu eu entrevistei H trabalhadores nos nos Estados Unidos enfim na Pensilvânia eh que eles serviam o exército ficavam 8 anos no exército só porque o exército tinha creche tinha hospital e paga a faculdade né paga a faculdade ou seja é uma situação em que sabe Ah e nessas regiões onde o estado é muito mal visto porque não oferece nada né cobra imposto não oferece
nada em troca Ah o exército é a instituição mais bem avaliada mais Eh vamos dier louvada pelas famílias prestigiada As pessoas sempre colocam uma Sei lá uma bandeira eh de uma das Armas né Depende sim tem aquele especial para quem serviu tem o ex vamos fazer bater palmas que a gente tem um um soldado retornando aqui no avião exatamente Por quê o exército é um mini estado de bem-estar O que que a gente tá falando no final das contas a gente tá falando de um mínimo de proteção mas não a proteção do indivíduo é uma
proteção coletiva uma proteção de um grupo né uma proteção de trabalhadores que efetivamente tão enfim absolutamente expostos A incerteza da vida caso não estejam ligados a essa instituição né e é a massa é a massa do trabalho nos Estados Unidos né enfim trabalhadores brancos e racializados quer dizer Desde que seja trabalho subalterno não tem apresentação o o setor privado né enfim o setor eh público é essa essa proporção é mais alta mas o setor privado 6% da força de trabalho do Estados Unos sindicalizada 6% então é é uma fração é muito pequena né quase desprezível
e e é muito setorizado né Tem setores onde muita gente sindicalizada e vários onde ninguém né ex Sem dúvida Exatamente é onde o sindicatos tradicionais estabelecidos eles investem em sindicalização El eles investem Ah no controle né da enfim e E você tem regiões inteiras do país né o sul dos Estados Unidos enfim o right to work States né tudo assim praticamente não tem não tem Sindicado com exceção do setor público então isso tudo contribui ou seja isso tudo contribui para essa situação de aumento da desigualdade aumento da desigualdade de renda né então se olha nos
Estados Unidos aquelas né pessoas ís Simas né E ao mesmo tempo uma massa despojada Desprovida de qualquer tipo de proteção qualquer tipo de direito qualquer tipo de benefício o o o pessoal ficou assustado com a a greve do setor da indústria cultural da da industrial de Hollywood né Ah e eu tava vendo os dados da guilda que foram publicados né pela pela pela guilda dos atores Ah é incrível como que a indústria cultural é desigual Uhum Então você tem pouquíssimos atores multimilionários e uma massa que não consegue pagar o seguro saúde que a guilda dos
atores oferece PR os atores quer dizer não tem condição de pagar não consegue fazer 22.000 por ano para pagar o seguro para ser apto e pagar seguro de saúde ali é essa questão de vida ou morte meso Essa é questão porque em algum momento você vai precisar Em algum momento você vai precisar pode não tá precisando agora mas sei lá no futuro por isso que é muito bom trabalhar nos Estados Unidos enquanto você tá naquela idade mais produtiva e com menor risco né Sem dúvida e não tem filhos e não tem outras coisas Ah eu
tô fazendo Essa paradinha aqui para você poder tomar um café e lembrar de assinar o nosso canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos do canal e para quem já se inscreveu curte o que vê aqui pense em se tornar um membro uma membra mandar o valor de maisis ou mandar um piic para contato @a amino.com.br esse tipo de apoio faz muita diferença pra gente e voltando então agora pra entrada da da da China na OMC Organização Mundial do Comércio né e antes disso assim a gente tá vivendo acho que
nos últimos 3 anos Estados Unidos e Reino Unido voltaram a ter uma redução da altura média das Crianças a gente sabe E o que você tava me descrevendo lá atrás do do do da fábrica exato né ah Putz os soldados estão chegando muito pequenos Estados Unidos e e e e Reino Unido em particular desde 2020 passar 2020 2019 2018 pré-pandemia e a pandemia exacerbou são os primeiros países ricos que tiveram a reversão da tendência das Crianças eh estarem maiores aos 4 aos 10 aos 15 eh a Amazon enfrenta problema em algumas regiões dos Estados Unidos
para conseguir mão de obra porque eles já c claram Por toda a mão de de obra regional no sentido de que todo mundo que era apto a trabalhar já entrou para trabalhar já trabalhou por alguns anos já saiu com contusão lesão problemas de saúde e agora eles não têm mais força de trabalho nova para entrar então são sei lá 100.000 funcionários Mas eles já passaram por 5 milhões de pessoas ocupando essas 100.000 vagas e não tem mais gente para entrar nesses lugares o que me parece muito a situação que você falou do do do dos
caras descobrindo lá no começo que né o o que massacra ou não quem tá trabalhando aí para eles isso no caso da Amazon pessoal que serve a as entregas que faz os trabalh os galpões para para fazer a logística então eu tô vendo você você você você conhece o Amazon Camper Force programa eu te conto não então assim eu tô vendo tendências modernas que refletem muito o que você me falou do do começo dessa industrialização Qual a relação entre essas coisas entre para nem entrar na automação ainda mas entre você ter essa pressão por um
salário menor jornadas maiores de trabalho e esse tipo de reflexo ah a relação é muito muito íntima né ah pega o o caso da Amazon né nesse livro eu entrevistei e os dois líderes do primeiro Sindicato da Amazon nos Estados Unidos né o Amazon Labor Union Ah o Chris smalls e o Derek Palmer né e eles foram bem sucedidos na campanha lá eles sindicalizar state Island um um armazém gigantesco enorme etc muito em função dos desdobramentos da pandemia Hum porque eles foram obrigado a trabalhar muito mais durante a pandemia tendo em vista o aumento das
compras entregas todo mundo em casa todo mundo casa ah e eles não tinham direito de se proteger contra o vírus ou seja tinha surtos de vírus dentro do Armazém as pessoas trabalham muito próximas umas à outras enfim circulam o tempo todo pelo Armazém como foi nos frigoríficos também né como foi nos frigoríficos exatamente E aí eles perceberam que olha bom tudo bem nós somos trabalhadores essenciais mas só pros outros né porque para nós a essencialidade desaparece porque a minha vida tá tá em risco ou seja e isso motivou tanto a demissão do Chris m quando
ele decide de reivindicar proteção paraa sua equipe Quanto depois o o o sucesso da campanha mesmo contra eh enfim os as políticas da empresa que enfim investiu né o Jeff bezos investiu pesado milhões e milhões milhões de dólares na campanha contra o sindicato mas perdeu e eles ganharam e a Amazon tem um tem um programa tinha eu não sei se eles ainda estão eh utilizando esse programa eles têm uma coisa chamada Amazon que Force que que é o Amazon Camper Force eles alugam eh estacionamentos próximos e dos armazéns isso principalmente no interior dos Estados Unidos
áreas eh que é muito fácil você ter estacionamentos próximos a ess grandes estacionamentos próximos a essas esses armazéns né ah pros sem teto que vivem ãs e poderem estacionar o carro nesses H estacionamentos não pagam nada do estacionamento eles podem viver ali durante sei lá um mês 2 meses 2 meses 3 meses Ah e trabalham sazonalmente nos armazéns por exemplo antes da black friday ou antes do Dia das Mães ou antes das festas natalinas enfim em certas em certos períodos do ano né que tem muita demanda de entregas a Amazon explora o trabalho dos sem
teto essa massa de trabalhador que enfim foi formada na crise de 2008 2009 2010 enfim que perderam suas casas e tiveram que enfim virar trabalhadores nômades morando em trilhas em Vans e coisas do gênero né morando no estacionamento do local de trabalho no estacionamento do local de trabalho então geralmente tem ali um sei lá eu um lugar um parque público em que a pessoa pode eh se limpar tomar um banho usar o banheiro coisa do do gênero fica alocado ele fica fica estacionado no estacionamento e trabalha eh 1 2 3 meses por ano eh pro
armazém da Amazon Essa é a situação que você tem num capitalismo totalmente desregulado né Eu vejo um paralelo com com o que eu vi no japão com eh primeiro que bom fui para lá eles têm uma semana de férias no ano que é a Golden Week lá e e é isso e quando a gente foi fui para para Tóquio mais algumas cidades com com a minha esposa a gente eh escolheu o hotel por preço e não pensou muito na região onde ia ficar E aí os hotéis mais baratos na época que a gente foi eram
hotéis que ficavam na Berri deles ou na sei lá na Faria Lima eram hotéis no centro econômico porque tem muita vaga não sei o qu e provavelmente a gente foi num período que não tinha muita demanda de de qu de hotel então longe ponto turístico e mais não fazia diferença porque você pega o metrô e tá em qualquer lugar e tá ótimo mas o o o Curioso é que quando eu tava voltando pro hotel nó 9 10 11 da noite o pessoal tava saindo dos escritórios para ir beber com o chefe Sim todo mundo de
uniforme todo mundo junto e o chefe vai beber vai todo mundo beber junto e só pode abandonar o posto quando o chefe o turno não acaba nunca né só quando o chefe casa só quando o chefe dá um um alô um ok exato E aí eu via esse já foi o primeiro susto assim você fala caramba 10 11 horas da noite O pessoal indo e bom o meu hotel ficava de frente pro prédio Você viu o prédio inteiro ocupado a indo o pessoal lá trabalhando 10 11 meia no E aí as pessoas saíam e bom
outras vezes a gente voltando mais tarde ainda você encontrava as pessoas chegando na praça o cara chegando de terno pegava o terno tirava o palitó dobrava botava do lado dele botava a maletinha fazia uma massagem no pé Ali para dar uma uma esfriada passava na na lojinha de conveniência comprava janta terminava de comer e dormir deitava para dormir ali no banquinho da praça para no outro dia 6 da manhã poder entrar e assim lotado de gente fazendo isso em praça shopping espaço e eh o mesmo grau de ocupação de rua que a gente vê no
centro de São Paulo com outro estilo de vida com outro não tô querendo comparar out sim a a a exposição das pessoas a a ao a vulnerabilidade delas mas em termos de de jornada de trabalho era ess a gente tem a gente tem que considerar que são são pessoas trabalhando normalmente isso não são não é a população de rua no sentido de que elas não são economicamente ativas né Não essas pessoas são economicamente ativas mas o salário não dá pro cara o a chance dele ter uma moradia perto isso é isso e São Paulo também
se você pegar os por exemplo pessoal que trabalha no centro né restaurantes bares etc Mas moram nas periferias mais longínquas da cidade muitas vezes eles preferem se durante a semana né Eh se ajeitarem ali enfim de alguma forma precária e Coisa e Tal perto do do que ter que voltar e voltar todo dia para casa né são trabalhadores com casa mas que mu Às vezes tem que dormir na rua ou enfim ah por conta disso né Por conta dessas distorções dessas contradições né que a gente vê entre trabalho e moradia salários muito baixos etc é
o exemplo que eu tava dando da da reforma da do relatório do ait né os 111 casos analisados a imensa esmagadora maioria era para tirar direitos e impedir a sindicalização ou seja para ampliar essa jornada para diminuir qualquer forma vamos dizer assim de proteção e ao mesmo tempo eh obrigar essas pessoas a trabalhar cada vez mais ou seja não é uma exclusividade Nossa Então essa precarização é esse é o ponto ah a gente tá vivendo na realidade uma onda mundial de flexibilização da lei trabalhista de ampliação da jornada de trabalho em larga medida como resultado
da entrada da China e da crise de 2008 que aí colocou essas demandas por reforma trabalhista no mundo todo no outro patamar enfim Só que tem uma peculiaridade né nessa situação toda é que esse processo esse movimento né de ampliar o feta em escala global de trabalho pras empresas né e mitigar a proteção eliminar direitos dificultar cada vez mais a ação de Sindicatos organizações de classe coisa do gênero encontra o processo de quarta Revolução Industrial plataformização do trabalho Inteligência Artificial enfim Ou seja você tem agora uma massa de gente disponível para trabalhar precisando trabalhar e
por outro lado uma enorme número de empresas ávidas por explorar essa essa massa com uma nova tecnologia Ou seja a partir de um novo patamar tecnológico não é à toa que eu quando comecei a estudar C center em 2004 né enfim até 2007 eh o call center era a porta de entrada da Juventude trabalhadora brasileira os os jovens entrantes né eles entravam pelo call center que apesar de ser um trabalho terceirizado 9999% era formal Hoje em dia a porta de entrada pro jovem no mercado de trabalho hoje no país é a entrega de aplicativo quer
dizer você percebe a diferença lá Não não que isso faça do trabalho do ccent é alguma coisa Glamurosa né atraente né Glamurosa não mas era trabalho formal algum nível de proteção algum nível de contato com sindicatos mesmo que os sindicatos fosse muito frágeis são muito frágeis nesse setor Mas enfim algum nível de proteção você tinha né hoje em dia não é totalmente diferente hoje em dia o jovem entra pelo aplicativo já naturalizou isso ou seja vai trabalhar com o aplicativo e a o projeto de vida por exemplo projeto de vida lá atrás da operadora de
call center era trabalhar no call center pegar a grana pagar uma faculdade particular noturna sair do call center e começar uma vida profissional dar um salto progredir né não conseguia Porque mesmo terminando a escola a faculdade coisa e tal a oferta de emprego era 1.5 salar MMO que é a mesma coisa que ela já tava recebendo no call center aí é uma questão da faculdade ter deixado de ser esse passo é na carreira né porque o mercado de trabalho brasileiro não oferecia esse emprego mais qualificado Esse salário melhor uhum percebe Então essa massa se você
pega de 2003 a 2010 quer dizer 90 e 3 94% do emprego no mercado formal de trabalho brasileiro pagava 1.5 salário mínimo ou seja É muito raro você ter boas oportunidades fora desse desse tipo de trabalho o volume de pessoas com graduação nesse período foi muito maior do que ess é até porque você teve uma ampliação das das redes particulares de de de de Universidade enfim Aí você olha hoje que que você tem com esse jovem que tá entrando pro aplicativo né se cara que é um Bike Boy Jovem ele quer entregar ganhar um dinheirinho
economizar dar entrada numa moto Fazer uma dívida num banco para financiar a moto para poder multiplicar as entregas dele ou seja ganhar mais e ficar na moto até ele aguentar ou passar pro carro e ou passar pro carro e aí virar motoria de aplicativo sem dúvida ou passar pro carro e virar motor de aplicativo aí você pensa bom mas é toda uma trajetória uma trajetória toda uma perspectiva de futuro toda uma imaginação futura que tá na informalidade e que vai trabalhar pro aplicativo sem nenhum tipo de direito sem nenhum tipo de Garantia sem sem nenhum
tipo de proteção e você fala bom é aposentadoria Ah nem penso em aposentar nem penso não penso em guardar dinheiro não tem como o que acontece se acidentar e não puder trabalhar né Essa essa é a pergunta e aí mas e o seguro desemprego e o seguro acidente moto é cara é arriscado super arriscado E daí E se você não puder trabalhar precisar Ah vou pro SUS ou seja o SUS aqui no brasil virou uma espécie de mola de amortecimento né desses Ah mas mesmo nos Estados Unidos com aquele sistema precário todo deles o o
vale refeição lá né o é o temp é o ticket o vale refeição o stamp Né o food stamp é o food stamp que é o o bolsa família del uh ele é um complemento salarial também né quer dizer você tem o estado pagando o salário pras empresas via aqui atendimento médico e bolsa família lá food stamp né Sem dúvida o o o quando eu entrevistei pessoal lá em Tairone eles iam fazer compra fora da cidade para para usar o o tenf na pensana chama tenf né o food chama temp eles pegavam o tenf Iam
em outra cidade para comprar para não passar vergonha de ter que encontrar alguém E a e aí vai todo mundo se encontrar no mercado da outra cidade mercado da outra cidade philipsburg e outros Exatamente é isso mesmo é uma tragédia sem dúvida e e e você vê alguma saída porque a gente já teve esses altos e baixos como você me contou mas quando a gente chega numa situação onde a saída entre a empresa pagar mais salário ou botar um robô fazendo aquilo é botar o robô você vê alguma saída em larga escala ou alguma reversão
dessa tendência de precarização acontecendo aa a o impulso da da empresa sempre vai ser colocar o robô Ah só que o capitalismo não pode viver de robô porque o robô não consome então ele precisa realizar o valor que tá contido nas mercadorias ou seja ele precis V valor aquilo que Ford falava de tem que pagar o salário PR gente comprar clo tem que pagar o salário porque senão você não vai ter é para quem vender também né enfim você não pode viver de crise em crise né de subconsumo quer dizer em algum momento você tem
que realizar essa massa de de de de Valor Econômico acumulado né então assim a do ponto de vista da empresa ela sempre vai mirar o robô por quê Porque ela tá no num sistema de competição com outras empresas as outras empresas estão Mirando robô Enfim então não tem como escapar disso Essa não é uma lógica que vá ser sei lá superada a partir da vontade das próprias empresas né e eu não tô aqui desmerecendo nenhum tipo de iniciativa de das próprias empresas e se tornarem mais éticas mais ecológicas mais humanas nada disso acho tudo isso
importante mas é que isso não vai resolver pelo menos na minha opinião você tá di você tá dizendo qual que é a tendência mais comum aparecer né ah não tenha dúvida a partir do momento em que tiver uma uma crise ou quer que seja essas empresas que hoje faturam mais elas podem se dar o luxo de serem mais éticas mais ecológicas mais sei lá eu mais Eh generosas mais diversas e promover políticas de diversidade isso tudo desaparece porque o cara tem que pagar enf o cara tem que investir o cara tem que realizar o cara
tem que pagar o dividendo tem que pagar o quer dizer não tem que fazer eles vão vão adotar as práticas mais selvagens imagináveis então eu não tô eu não tô aqui querendo desmerecer nada disso mas essa não é uma equação que se solucione no interior das empresa essa é uma equação que vai ter que se vai ter que envolver a sociedade como um todo a gente precisa saber bom afinal de contas que tipo de sociedade que a gente quer a gente quer ter uma sociedade em que as pessoas vão trabalhar 14 15 16 horas pro
aplicativo e não vai ter tempo para nada percebe além de se arriscar na rua e não vai ter condição Sei lá eu de sei lá acompanhar o seu filho crescer e cuidar da sua mãe ou do seu pai que tá passando por um perrengue de saúde ou de ser mais humano com o seu vizinho com a sua vizinha de ir na igreja no final de semana porque isso desaparece isso desaparece numa sociedade que trabalha 14 horas por dia quer dizer tem tem tempo e não tem disposição e um outro Rui que é o ruim murrieta
que é o antropólogo tava falando da consequência miserável mental e fisiológica de você perder toda essa infraestrutura ao seu redor todo esse Amparo de família instituições outros valores tempo para você e por aí vai é isso Exatamente isso é esse tipo de sociedade que a gente quer ter ou a gente quer ter uma sociedade em que controle minimamente né eh regule equilibre minimamente essas proporções de tempo social então que era a Grande reivindicação lá do do congresso de balmore 1866 ou seja Congregação dos trabalhadores americanos que que eles reivindicavam 8 horas de sono 8 horas
de família 8 horas de trabalho dia de 24 horas isso é tão absurdo assim quer dizer você ter 8 horas de sono 8 horas para cuidar da sua família 8 horas para trabalhar iso é tão absurdo não é né ou seja o ponto é essa equação ela só fecha se você tiver uma ampla coalisão engajada envolvida enfim mobilizada para conter ess essa monstruosidade que é enfim o apetite do do da acumulação por tempo de trabalho isso envolve os trabalhadores Sem dúvida nenhuma sindicatos etc Claro que sim mas a a Igor sindicato hoje é frágil no
mundo todo no mundo todo se você pega eh os países com mais de 50 milhões de pessoas H que nos últimos sei lá 30 40 anos produziram taxas de sind sindicalização mediram o número de trabalhadores sindicalizados você vai você vai perceber que em todos os casos uma única exceção que é o Brasil em todos os caso a taxa declinante todos Turquia Inglaterra Estados Unidos Rússia todos os casos cai a taxa de sindicalização não é uma questão eh que você vai reverter da noite pro dia porque a gente tá falando de 40 50 anos percebe e
o Brasil é exão porque as coisas são diferentes ou porque tá atrasado nessa não não na verdade é um é um problema de política pública o o governo brasileiro nos anos 2000 2010 Ah ele usou Ah o sindicalismo Rural como uma forma de você viabilizar a política de eh apoio ao produtor rural da da Agricultura Familiar Então você tinha que ser filiado a um sindicato para poder receber financiamento ou ajuda ou auxílio dizer enfim o apoio né do governo pra agricultura familiar para produção agricultura então isso distorceu um pouco a nossa mas também no nosso
caso é declinante é que você tem essa categoria que é que você tem esse esse essa particularidade que que desequilibra um pouco a a a percepção mas no nosso caso tá meio declinante em especial no setor privado até porque aumenta a informalidade diminui a taxa sindicalização o fato é que eh o sindicato não é a solução ele é parte da solu mas ele não é a solução o que você precisa fazer é uma ampla coalisão social que envolva governos ONGs sindicatos associações civis associações profissionais você precisa ter uma mobilização de amplos setores da sociedade para
tentar regular e para tentar vamos dizer assim legitimar políticas capazes de regular essa essa essa essa questão do do tempo de trabalho o eu não sei se você e eu e eu digo para você com algum nível de esperança respeito de não se uma pessoa otimista em relação a isso mas eu não sei se você chegou a a ver ficou bastante famosa uma foto publicação de uma foto do Joe biden num com o Megafone num num Piquete de greve foi me surpreendeu demais isso acontec eu falei o quê é em frente é uma fábrica da
estelantes enfim nos Estados Unidos e ao lado dele tava um um sujeito chamado shan que é o atual presidente do do do United aut workers né o sindicato dos trabalhadores da indústria automobilística nos Estados Unidos que ele é recém-eleito ele é o cara mais ele é o presidente mais radical da história do sindicalismo e dessa indústria enfim de montadoras etc nos Estados Unidos e o biden ao lado de uma linha de Piquete em favor dos trabalhadores da campanha do United out workers do U AW essa é a primeira vez na história dos Estados Unidos que
isso acontece Nunca na história dos Estados Unidos um presidente tinha ido para uma acho que não só dos Estados Unidos é o mundo é muito grande Sei lá eu acho que até talvez sei é o Lula talvez já não sei aí precisaria pegar eu não me lembro eu não me lembro mas é um momento muito único porque isso é a exceção da exceção por que isso porque mesmo o governo americano de um sujeito como o Joe biden que não é nenhum radical um sujeito de centro do partido Democrata enfim que adotou uma política uma agenda
um pouquinho mais de centro esquerda mas de qualquer maneira muito parecida digas de passagem com a agenda do Lula não é à toa que eles montaram aquela coalizão Global em torno da questão do trabalho justo não sei das coisas não vai dar em nada mas de qualquer maneira simbolicamente aponta para alguma coisa né mas o fato é que eh isso é muito isso é muito representativo O simbolismo é muito forte do quê De que a gente chegou num ponto em que não dá mais percebe a gente tem que mudar esse sistema não dá para simplesmente
deixar na mão das empresas e oferecer a elas a oportunidade ou a liberdade de fazer o que elas querem com os seus trabalhadores percebem a gente tem que regular essas coisas e a regulação não é contra as as empresas a regulação é a favor das empresas é a favor por exemplo de práticas mais modernas de gestão que motivem os trabalhadores que tenham efetivamente um exemplo que eu que eu te dou quer dizer pega pega a coisa do para ficar num exemplo banal assim pega a coisa da pandemia hoje você tem as empresas perceberam que o
Home Office ele é improdutivo durante a pandemia é existe um pouco essa essa história né E se você for observar enfim você vai perceber que durante a pandemia eles usaram e abusaram do Home Office porque por um lado tinha uma um corte de uma série de custos Né desde energia elétrica limpeza de prédios estacionamento até enfim uso de internet contas né de de internet que tudo foi jogado nas costas das pessoas né dos indivíduos né que pelo que eu vi passavam mais horas trabalhando e não menos exato É e esse esse é o pulo do
gato as pessoas com medo de serem mandadas embora trabalhavam mais então enfim ficavam 12 13 14 horas trabalhando dava conta de tudo etc etc só que agora a coisa reverteu enfim essa situação da pandemia passou a gente teve aí sei lá uma reacomodação dentro das empresas e e as pessoas também tiveram que recuperar suas vidas né ou seja antes estava todo mundo dentro de casa o pessoal que trabalhava em escritório tava todo mundo dentro de casa em em confinamento e coisa do gênero só que agora não agora voltou a escola da filha do filho agora
tem que enfim visitar um parente tem que fazer não sei o que tem que fazer não sei das quantas e o Home Office é conveniente porque você administra melhor o seu tempo né eu tenho a minha esposa trabalha em Home Office Ela prefere trabalhar em Home Office em São Paulo você deixa de gastar três qu horas no TR horas no trânsito Evidente é muito conveniente só que as empresas perceberam que a produtividade caiu eu nem sei se a produtividade Caiu porque é difícil medir isso mas sem dúvida nenhuma elas estão com um problema de produtividade
Então elas querem trazer de volta essa massa que tava em Home Office colocar porque elas têm mais condições de impor métodos supervisionar super entender exigir metas cumprimento etc etc etc ou seja de eh exigir mais desses desses eh trabalhadores desses profissionais né e na empresa é mais fácil de fazer esse controle é mais objetivo é mais transparente é mais claro fazer esse controle então eles perceberam isso só que entra num conflito um choque nãoé ou seja de um lado interesse da empresa to interesse interesse do do profissional do Trabalhador cara eh o melhor sistema é
o sistema híbrido percebe negocia faz sabe trabalha três qu dias na empresa mas deixa do TR dias fora ou seja o melhor sistema é o sistema híbrido é possível chegar nesse acordo e você vai perceber que a produtividade aumenta e não diminui os casos de sistema híbrido são mais bem sucedidos do que esses impostos né pelas empresas Aos aos seus entre aspas colaboradores muito mais bem sucedidos então é possível em benefício das empresas negociar essa jornada negociar essas relações percebe ah Só que essa não é a cultura Essa não é a a a vamos dizer
assim a prática usual aí pelo que você me falou das 8 horas de jornada também tem o dilema de quem começa primeiro né que é um dilema para mim que aparece que para mim é o maior dilema é é o dilema que joga mais em favor de regulamentação em qualquer área que é ah precisamos reduzir o açúcar nos alimentos Tá bom mas quem começa se eu tiro o açúcar do meu produto e ele é menos doce todo me todos me con Por isso que eu digo tem que ser a sociedade não pode seu indivíduo ou
empresa mundo tira ou ninguém tira é exatamente isso é exatamente isso é por isso que a gente precisa de uma repactuação social em torno da questão do trabalho a gente tem que ter sei lá uma outra forma de lidar com isso tudo a gente tem que estabelecer um pacto razoável percebe porque caso contrário a sociedade vai continuar sofrendo as famílias sofrendo as comunidades sofrendo e as empresas enfrentando problemas de produtividade porque enfim a forma mais simples de você aumentar a produtividade da sua empresa é engajar as pessoas no projeto que ela representa percebe caso contrário
elas vão fazer corpo mole vão ficar enfim fazendo cera Resistindo aqui ali enfim Talvez daqui uma década quando o exército americano descobrir que os recrutas estão chegando pequenos eles comecem a a se preocupar com isso preocupar é verdade pode ser pode vemcer ah eu tô fazendo Essa paradinha aqui para você poder tomar um café e lembrar de de assinar o nosso canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos do canal e para quem já se inscreveu curte o que vê aqui pense em se tornar um membro uma membra mandar o
valor deais ou mandar um pix para contato @a.com PBR esse tipo de apoio faz muita diferença pra gente e bom para quem quer saber mais sobre isso para quem curtiu a nossa discussão a nossa conversa que material que você me recomenda me fala das das suas outras obras O que mais você recomenda pra gente ler consumir e ver olha o em relação ao o precariado ou seja esses trabalhadores em situações precárias né de trabalho reprodução enfim sempre sempre pendulando ali entre a exploração econômica e expropriação política eu tenho essa essa trilogia que não era para
ser uma trilogia acabou se transformando né A primeira dela a política do precariado que sai em 2012 né que é um pouco a trajetória histórica do precariado brasileiro a formação fala um pouco sobre o precariado no fodismo Brasileiro né Fala um pouco sobre a transição dos anos 90 falo um pouco sobre a ascensão do Lula e acabo convergindo pra discussão eh do precariado nos anos 2000 que é o meu estudo do setor de call center né que é uma etnografia que eu fiz no setor de call center e o segundo de 2017 que é rebeldia
do precariado é uma pegada mais comparativa Brasil África do Sul e Portugal e enfim eu acabei continuei perseguindo né Essas nessas nesses países né pesquisando o s mas eh ampliando um pouco para discussões sobre mobilização de trabalhadores precários e pobres Enfim então fiz uma análise de movimento sociais que era aquela primeira metade dos anos 2010 muito marcado né Por grandes manifestações de rua Ah o gigante despertou o gigante despertou 2013 no Brasil mas também na África do Sul a mesma coisa 2011 2012 em Portugal os indignados portugueses os indignados espanhóis a crise na Grécia ocupai
Wall Street nos Estados Unidos ou seja aquela massa de gente jovem indo pra rua protestar enfim e essa massa precária precarizada muitas vezes organizando movimentos sociais enfim organizando associações stre exatamente primavera árabe tudo isso e eu dou um recot comparo Brasil África do Sul e Portugal né desenvolvo ali uma hipótese alternativa a teoria padrão que é da bever Silver né fori trabalho que é um texto muito bem sucedido de de organização do campo enfim sobre agitações trabalhistas ou seja eh os tipos né Eh de padrão que você tem de agitação trabalhista eh mundo afora enfim
e acabo descobrindo que eu preciso estudar um país do notte rico Ah enfim para tentar testar essas hipóteses que eu tava levantando nesses dois livros anteriores né E aí vou para os Estados Unidos para testar ess hipótese e acabo tentando enfim eh mostr Será que faz sentido né você ter um padrão de agitação alternativo né a partir de 2008 em diante a a teoria padrão quer dizer sem entrar muito em detalhes A trilogia é um pouco isso seja Brasil África do Sul Portugal Estados Unidos etnografias do trabalho trabalho no setor de serviço trabalho Operário enfim
e nessa pegada de tentar entender bom afinal de contas o que tá acontecendo né com essas fatias cada vez maiores né da classe trabalh que vão sendo submetidas a partir de 2008 em especial a esses processos de precarização das suas condições de vida quais os determinantes quais os interesses envolvidos né E como que os próprios trabalhadores pensam a sua experiência Nesse contexto E como eles ressignificam as suas identidades né que é um outro problema que a gente tem por exemplo se você pega o entregador de aplicativo motorista de Uba ele não se reconhece como trabalhador
ele é um empreendedor ele é um pequeno empresário mas não trabalhador apesar de trabalhar 14 horas por dia para uma empresa multinacional bigtech etc duas no caso do do Uber que é a empresa que faz a o aplicativo e a empresa dona do carro que a pessoa tá alugando né exatamente nesses casos também claro ou então no caso do entregador duas que é o banco que ele pegou o empréstimo para financiar a moto e o próprio aplicativo que mobiliza o seu trabalho Enfim então você tem essas explorações todas cruzadas sobrep ostas enfim e os trabalhadores
hoje como eu argumento né nos nos livros eles estão ressignificando as suas experiências coletivas eles estão negociando essas fronteiras entre bom Quem somos nós quem são eles ou seja contra quem eu me disponho contra quem eu luto contra quem ou com quem não é eu luto com quem eu me me envolvo isso tudo não é a mesma coisa por exemplo do fodismo mudou muito mudou radicalmente né então é uma tentativa de uma forma em quem eu voto né em quem eu voto Claro se você se você pegar o pessoal de entrega é assustadoramente bolsonarista né
isso tem a ver com essas ressignificações da sua experiência coletiva p e o assust duramente que você est falando é porque eh é uma gestão que trabalhou Tirando esse tipo de direito desse grupo de pessoas né é mais contraditório né não é isso é é super contraditório mas por outro lado faz sentido se você pensa enfim que sei lá esse discurso Lei Ordem pega imagina que você fez um empréstimo no banco para financiar uma moto para multiplicar sua a sua moto é o seu meio de produção imagina que você sei lá submetido à violência urbana
tem a sua moto roubada você tem a dívida no banco Você não tem o seu seu instrumento de trabalho percebe Então essa coisa de de de matar bandido na cabeça deles faz sentido apesar de muitas vezes na cabeça do ele é o bandido o entregador é o bandido percebe então assim é tudo muito louco né Muito contraditório enfim mas o fato é que você tem uma mudança né Essa mudança que eu tento mapear nessa trilogia nesses livros né que começou antes né lá nos anos 2000 com um texto um livro chamado infoproletários né que eu
que é um projeto que eu e Ricardo antes organizamos na época enfim quero um pouco pensar essas contradi das novas na época né das novas tecn da época e os seus impactos sobre os trabalhadores a organização do trabalho as formas de mobilização as as formas de solidariedade né A Ética do trabalho e coisa do gênero isso começou lá no começo dos anos 2000 porque tinha todo um Oba obra sobre as tecnologias de informação né o informacionalismo Manuel Castelo estava no al tava tudo tudo iria se resolver por conta das te teolog de informação a gente
fala não não é bem assim tem os dois lados tem um lado que é um lado meio degradante tem o uso dessas tecnologias e uma coisa que a sociologia do trabalho sempre procura destacar é isso quer dizer o problema não é a tecnologia a tecnologia é a solução para várias questões o problema é o uso que se faz dela né e o uso é social ou seja o uso é alguém enfim investir alguém comprou alguém controla alguém implementa alguém supervisiona alguém tem um né alguém dá um sentido pro uso daquela tecnologia e isso tudo precisa
ser tematizado problematizado por quê Porque faz sentido na lógica micro da empresa mas do ponto de vista macro isso produz um enorme desastre uma enorme crise socioprodutiva né em escala enfim a tá observando isso todo santo e abençoado dia né perfeito Obrigado R obrigado foi uma uma longa aula longa no sentido histórico de pegar do começo século 14 até aqui até ante onem É eu tô tô aproveitando demais aqui e tô impressionado com como tendências atuais refletem muito do passado sim é o o Ricardo que é esse meu amigo não Professor Don Camp Ele disse
que a plataformização do trabalho do trabalho lembra muito a protoforma do trabalho a forma primeira do trabalho lá atrás na Revolução Industrial ou seja lembra muito essa primeira forma e de fato lembra mesmo porque é esse trabalho despojado de qualquer tipo de benefício proteção garantia lei exposto a ao mercado totalmente mercantilizado e utilizado da forma mais brutal pelas empresas que detém as tecnologias mais modernas da sua época Então esse esse combo lembra muito a Revolução Industrial muito e os efeitos também né Ou seja a ameaça a reprodução das famílias das Comunidades enfim infelizmente é um
ciclo que a gente tá fechando né Mas por outro lado também quando a gente olha para trás a gente sabe que isso muda né a sociedade tem um momento em que ela diz não basta Vamos mudar essa história não não dá mais para ficar desse jeito quer dizer ainda que os interesses sejam os interesses militares perfeito Obrigadão Obrigadão R Adorei o pap agradeço agradeço também adorei o papo enfim Obrigado pelo convite e satisfação tá aqui espero que você tenha gostado dessa conversa eu para variar tive uma aula aqui Aprendi muita coisa não tinha noção dessa
relação entre o movimento sindical dos controladores de voo nos Estados Unidos e neoliberalismo e as condições de trabalho hoje em dia fiquei chocado sinceramente com a história das Crianças tendo que ficar em casa dopadas pros pais poderem trabalhar na indústria eh é um é um tipo de consequência bizarro que leva o exército a fazer pressão para uma redução de uma jornada de trabalho enfim comecei com alguns preconceitos com alguns conceitos esperando algumas respostas mas saí com várias outras que eu nem esperava por aqui espero que você tenha gostado e curtido também se você quer mais
conversas como essa aproveita se inscreve aqui no canal assim você recebe os próximos não ficção e os vídeos regulares que a gente faz por aqui e se você já recebe Já curte esses vídeos manda um apoio pra gente como membro como Valeu demais pix o que você puder fazer a gente agrade muito porque a gente depende desse tipo de apoio para poder trazer mais conversas como essa até uma [Música] próxima
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