Primeira vez que a gente discute uma série aqui no Dirty Job. Spoiler. Mas ela fala uma coisa para ele numa hora que é uma frase assim pequena dela e eu vou repetir mais ou menos o que ela diz. Ela diz assim: "Você entende que ela está morta?" É, os roteiristas dessa série são que a gente estava conversando aqui, né? Tão de parabéns por várias coisas que daí a gente vai entrar no do ponto de vista do conteúdo, mas também do ponto de vista da forma. É uma série que não cria barriga. Imagina os meninos uma
sala de aula aprendendo que eles são tóxicos. O que vocês entendem por masculinidade, né? Como se alguém soubesse, é de fato responder essa pergunta. Ela vai caçar nele o que ele entende por masculinidade. Por quê? Porque tem uma tese por trás querendo ser provada pela psicóloga que é e por quase todo mundo que tá discutindo a série. E por quase todo mundo que tá discutindo a série, que espero que vocês percebam, não é o nosso fio condutor aqui. Uhum. Então é o que eu falei no começo e eu tenho repetido, esse povo de educação e
psicologia devia ir a público e dizer: "Nós não temos a mínima ideia do que está acontecendo. Confessa, porque não tem." É óbvio que o contexto importa muito na criação dos indivíduos, mas indivíduos ainda são em algum nível sujeitos razoavelmente autônomos que fazem escolhas e que, embora essas escolhas estejam misturadas com coisas, questões inconscientes, questões de contexto, há que se responsabilizar alguém ouáal culpado pelas coisas pelo ato. E a gente não sabe, não dá pr gente querer provar tese o tempo inteiro e falar: "Não, o menino não matou porque ele é mal, porque ele não tem
caráter, porque isso porque senão ninguém é culpado de nada. Eu posso querer ser estúpido e querer dizer que isso prova a masculinidade tóxica. Ou eu posso levar em conta que no fundo a gente não sabe. A gente pode achar que tá educando os filhos do mesmo jeito. A gente pode achar que tá educando os filhos do mesmo jeito e no entanto coisas saem diferentes. É exatamente. Sai diferentes. Quem tem filho e não é mentiroso sabe disso. Sai diferente. Mas a onipotência moderna que se traveste do conceito de ser progressista, certo? Não aceita. Olá, jobbers. Hoje
nós vamos para nosso quinto episódio da segunda temporada e a gente vai falar sobre uma série que tá fazendo bastante barulho, adolescência da Netflix. Tudo bem, Pondé? Tudo bem. E você, Gabi? Tudo bom. A gente mudou a pauta ontem para falar dessa série, porque realmente é porque tá todo mundo falando, né? Não. E ela ela tem méritos, né? Ela tem vários méritos. Sem dúvida que tem méritos. Eu, então é uma bom, acho que a essa altura, quando o podcast tá sendo lançado, vocês, a maioria já viu a série, até porque é uma minisérie, é uma
série relativamente curta, uma miniérie de 4 horas ambientada no interior da Inglaterra. Tanto é que a gente tem dificuldade, né, com o sotaque. O sutaque, pelo menos para mim, demorei um pouco a entender da onde que era aquele sotaque. Ela foi criada pelo Stephen Graham, que é a personagem que faz o Mr. Miller, que é o pai na história, o pai do menino. A série, eh, como o próprio produtor deu diversas entrevistas e contando, já dando spoiler, ela gira em torno de um assassinato. Um menino de 13 anos, o Jamie, assassina uma colega da sua
escola, a Kate, a facadas. E nos primeiros minutos da série, eh, a gente já sabe disso, porque a polícia entra, né, quando é que o pé no peito assim, destruindo a casa para pegar ele, porque ele é o principal suspeito de ter matado essa menina, a Kate. Esse começo é bem violento e eu queria trazer só antes da gente entrar no conteúdo, uma questão do ponto de vista da forma que eu achei muito interessante, que é o fato dele ter sido filmado em plano sequência. Que que é o plano sequência? Eh, vou fazer ju uma
faculdade de cinema nunca utilizada na vida, a não ser para pegar a graduação e conhecer o Pber, eh, para pegar o título de graduada, de cineasta que nunca fui. Cineasta, eh, e advogada que também nunca fui, embora não tenha terminado. Mas, eh, o plano sequência é quando não tem corte, então os quatro episódios são filmados de uma vez só. Isso é uma orquestração entre os atores, a equipe de produção. A equipe é gigantesca para fazer uma produção de série de filmes. São, sei lá, 100 pessoas no C. Basta olhar os créditos. Exatamente. Basta olhar os
créditos. Então, prestem atenção. Todos os episódios começam e terminam sem corte. Isso vai gera uma tensão, um nível de tensão, porque é uma câmera na mão e que vai acompanhando as personagens e vai indo. Então essa linguagem traz em presta muita muita, né, muita atenção, muita, muita maestria pra série do ponto de vista da forma. Isso eu achei legal. E outra coisa que eu achei legal também do ponto de vista da forma é que ela não se alonga. Os roteiristas dessa série são que a gente tava conversando aqui, né? Tão de parabéns por várias coisas
que daí a gente vai entrar no do ponto de vista do conteúdo, mas também do ponto de vista da forma. É uma série que não cria barriga. Em quatro episódios ela resolve. Ela não vai entrar na vida do menino, na infância do menino, os traumas que ele passou, entrar nos porquês, porque é isso que toda série faz hoje em dia. psicologiza a personagem até o último fio de cabelo dela para esticar a narrativa e para trazer para primeiro plano todos os traumas, exatamente como a pessoa viveu, para justificar por que ela agiu daquele jeito. Ela
entra, mas ela entra de uma maneira muito minimalista, sim, muito elegante, muito sofisticada. Então eu só queria começar fazendo esse elogio, né, do ponto de vista aqui da da linguagem e e de ser uma minisérie para daí sim, né, falar que ela traz muita coisa do comportamento contemporâneo, né, Pondé? É, não é à toa que ela tá fazendo tanto barulho, né? Ela tem alguns elementos. Primeiro, o tema da escola, o tema do adolescente, como diz o título da série, é do que as famílias podem ou não, ah, como recurso, recurso que tem ou não para
influenciar o comportamento dos seus filhos. Ah, ela toca, evidentemente, no tema das redes sociais junto aos jovens. Ela toca no tema da relação entre meninos e meninas. ah, toca no tema de que se os meninos são violentos ou não são violentos e o que fazer com isso. Então, e a série ela, isso é uma coisa que me chamou bastante atenção, ela toca em praticamente se eu não sei se todos também não tô aqui querendo esgotar nada, mas ela ela toca em vários temas que eu acabei de listar, alguns deles aqui, que são típicos do mundo
contemporâneo e que nosso mundo contemporâneo acredita plenamente que descobre e vai descobrir como fazer, o que resolver. Quando a impressão que eu tive ao ver a série, é uma impressão que vai se desdobrando, então para mim, é de que a é esse grupo conhecido como ciências humanas que impacta a educação, a psicologia, as ciências sociais, que analisa comportamento, que analisa política, papéis sociais, não tem a mínima ideia do que tá acontecendo no mundo. As escolas não têm a mínima ideia do que eles estão fazendo com os alunos. Os pais não têm a mínima ideia do
que eles estão fazendo com os filhos. E a melhor ideia disso tudo é que achar que tem que ter a ideia é muito recente na história da humanidade. Tem 250 anos, né? No máximo. É. Quem disse que deu tempo para saber o que a gente tá fazendo? A gente nunca soube o que tá fazendo. É. E agora a gente tem que fingir que a gente sabe o tempo inteiro. E é muito interessante, que eu tenho certeza, é que o debate público que tá correndo, né, sobre a série, ele provavelmente vai ser menor do que a
série. É, não, claro que envergadura, eu quero dizer menor. Já, a gente já deu, a gente tava conversando aqui um pouco antes, eu dei uma pequena pesquisada antes de preparar a pauta e de fato, né, eh, o tema que está sendo analisado a ESMO até o fim dos do último momento da série é a questão da masculinidade tóxica. Então, vejam como vocês estão criando seus filhos. Vocês estão criando seus filhos para serem homens. cujo ideal é a virilidade, uma certa masculinidade que não deveria ser mais estimulada quando muitas vezes não é como a gente vai
chegar em algum momento aqui da nossa discussão. Eu quero começar eh você me mandou um áudio, eu falei: "Pé, que que você acha que a gente tem que discutir?" Porque assim, tem muitas camadas que, né, na série que dão dá p dão pano pra manga. Eh, de fato os roteiristas são muito bons, então a gente poderia fazer muit muitos episódios. Eu falei: "Me dá um um fio condutor, pondé". Aí ele falou: "Bom, vamos começar pelos adultos que são todos abobados, né?" Ah, sim, com certeza. Por que que eles são abobados? Porque, por exemplo, em todo
o episódio sobre a escola, sobre a investigação da escola, chega a ser gritante como aqueles adultos. Quando eu digo adultos, eu quero dizer o policial, os professores, tá todo mundo ali, adulto, né? É, porque o resto é adolescente. Eh, eh, como eles são bobão, eles abordam os alunos assim, posso sentar aqui, né? Inclusive, quase como se o menino fosse um bobo, sem nenhuma autoridade. Não posso sentar aqui? Vai te aborrecer se eu abrir a boca? Posso respirar, né? E aqui a gente sabe que isso tem um racional, como se fala em filosofia, tem um fundamento
numa certa pedagogia, numa certa pedagogia que entende que o jovem, o adolescente é mais frágil do que uma casca de ovo, que você tem que fazer tudo que ele quer, que você tem sempre que falar 150 frases para poder dizer uma coisa para ele, você tem que dar 1000 voltas. E fica muito claro como aqueles jovens não têm nenhum respeito por aqueles adultos. Zero. Ele acha eles todos babacas, idiotas, que não sabem nem os códigos que eles usam, que eles são ridículos, dão risada deles. Quer dizer, e os professores berram, berram, berram. Então, é o
que eu falei no começo, e eu tenho repetido, esse povo de educação e psicologia devia ir a público e dizer: "Nós não temos a mínima ideia do que está acontecendo. Confessa, porque não tem. Não dá para confessar porque daí vai trabalhar como, né? Vai vender o quê? Então, então é aí que vai vender, ou seja, ou seja, ou seja, a questão no sentido que você coloca a pergunta é em que medida o mercado teria o nicho para alguém dizer algo que não seja enrolação? Tanto inter sobre esse assunto. Sobre esse assunto. Escola. Então, é um
É, então eu queria começar pela eu achava que era a diretora da escola. Depois em em tal momento, eu anotei aqui alguns umas frases deles pra gente comentar. Recebe os policiais. É a Mis Fore e eu achei que ela é ela, ela ela não sabe o que tá acontecendo, né? Ela não consegue nada assim. Ela parece uma pessoa amedrontada que vai e que leva e tá com medo da escola tomar um processo. É, exatamente. Ela tá preocupada com isso, é só isso. A imagem e se a escola vai tomar o processo. E lá pras tantas
e pronto. E lá pras tantas a gente descobre que ela é professora do fundamental um, né? Aqui no como a gente fala aqui no Brasil. Mas eu eu logo depois que acontece então essa essas Mess Fun More é a que recebe o inspetor e e a sargento Frank para levar nas salas para eles fazerem a investigação. Por quê? Porque eles não têm a arma do crime, eles não têm a faca. Então a faca é um elemento crucial para que eles consigam incriminar o menino. E eles não têm. Eles têm vídeo, eles têm foto, eles têm
as redes sociais, tem uma série de coisas, mas ainda fica um pouco em suspenso, né? Mesmo com o vídeo, mesmo com o vídeo, sério, é, a policial convence ele a aceitar, né, no final do segundo episódio a policial que tá um [ __ ] bódia, a menina policial convence a ele aceitar de que de fato eles tinham o suficiente, mas ele achava que não, precisava da faca. É, mas nós como espectadores, eu digo, a gente mesmo aquele vídeo que o o policial coloca, o inspetor coloca eh e que mostra para ele, pro pai, ele dando
as facadas, mesmo assim, ainda tem um um tico de dúvida. Eu, pelo menos ainda fiquei, será? Porque é muito contra podia ser o Ryan. É muito. É. É. Por quê? Porque ele tem o mesmo biotipo. Quando aparece o Ryan, quando ele corre, quando ele sai correndo, principalmente você fala: "Foi ele". Porque ele tem o Jam tem os dois amigos dele, né? O Tommy e o Ryan, que são próximos a ele ali. Então, pelo menos para mim, ficou ainda um tico de dúvida quase, acho que eu querendo uma esperança de não, não foi uma criança de
13 anos, não mata a outra facada, pelo amor de Deus. A gente também comentou, né, que é um pouco do roteiro do da pastoral americana. Sim, do Felipe Ros que a gente sempre cita aqui, porque eu ainda tô nesse livro com certeza. Essa discussão toda, Gabi, ela é uma discussão delicada, complexa, ã, é dura, ela é muito dura, ela é depressiva. É, e ela também é uma discussão que o modo como a gente trata o tema, a forma e tem que ser uma forma cuidadosa, porque, ah, daqui a pouco alguém vai dizer que não sei
quem, em que país tá usando a série para estimular a violência. É, não, exatamente. E já que a psicose é geral, mas é isso. A gente eh eu pelo menos fiquei com um esse pingo de dúvida que talvez fosse um pingo de esperança. Você confessa no final, né? Spoiler. É. Não, mas aí no final do final, né? A gente já tá no último episódio. Eu tô ainda no segundo, que é quando eles vão pra escola e tal, ou no primeiro, já não me lembro mais. Aí tem algumas falas, né? É, o terceiro é o da
psicóloga. É, e aí tem algumas falas que são, então, por exemplo, acontece isso e aí veio uma chuva, acontece isso ou assassinato, veio uma chuva de ligações de pais querendo o quê? Coloca detector de metal, coloca não sei o quê, coloca. E aí tem um diálogo entre dois professores que uma professora fala: "Ah, mas não seria interessante a gente chamar uma alguém, fazer uma sala de luto, fazer alguma coisa para esses alunos?" E esse professor fala: "Mas eu não sou nem assistente social e nem segurança". Quer dizer, que funções a escola tá abarcando nessa loucura
toda, né, de de parentalidade hoje em dia? Os pais querem que a escola abarque todas as funções, né? Exato. E assim, quando você pensa que os pais pedem detector de metais, é, e assistência pro luto, né? É, você sendo pai ou mãe, você até pode, você até pode acompanhar o raciocínio, né? Porque se algum aluno entrou com faca na escola, se você tivesse um detector de metais, não iria, o aluno não iria entrar com faca. É o mesmo raciocínio de que você tem que passar pelo pela segurança antes de entrar no avião. Sim, né? Ou
seja, é o mesmo raciocínio de que a escola se transformou num espaço tão perigoso quanto um avião, né? E que que os pais podem pedir se não for isso? Isso que significa a gente não ter a mínima ideia do que tá fazendo, que que eles podem pedir além disso. De um lado é então só que quando você olha a situação de cima assim no sentido você tá tentando, não é? Mas é fato, é fato. Mas a gente enlouqueceu em algum momento, em algum momento e isso precisa talvez ser avaliado como hipótese especulativa. É, você sabe
quando a gente lançou o episódio do Parentalidade Paranóica, é, um amigo meu veio e falou assim: "Gabi, você tem toda a razão com esse negócio da paranoia e a questão da sociedade, da informação, das redes sociais, da gente ficar sabendo das coisas o tempo inteiro, né? A gente falou isso no episódio que uma das causas dessa paranoia era o fato de que a gente é bombardeado por notícia ruim o tempo inteiro. É, você não pode mais acreditar, que é uma crença bem típica do mito do jornalismo, você não pode mais acreditar de forma ingênua que
ter informação faz bem. É exato, né? É assim, eu não, é com isso que eu quero dizer forma ingênua é assim, permanece no ar a ideia de que se você não tiver nenhuma informação é muito ruim, mas a simples assunção, como jornalistas assumem que é bom você ser informado e que isso vai produzir consciência crítica, isso é a mesma coisa que ele tá em Papai Noel. Exatamente. Mas exatamente. Então, a overdose de informação tampouco ela é boa e principalmente porque por conta dos algoritmos da rede, do modo de funcionamento das redes sociais, a gente tem
os famosos clickbaites. Então, o que vai dar mais visibilidade? O assassinato, o estupro, amiga dela fala isso, né? Ele vai virar um astro e ninguém vai lembrar dela. Ninguém vai lembrar dela. Exatamente. Então, eh, aí esse meu amigo comentou: "Você tem razão, Gabi. O meu filho vai eh pra escola de van e quando a morreu uma ou morreram acho que duas crianças que foram esquecidas em van no último ano, eu lembro disso." Ele falou: "Eu vi essa essa reportagem, tirei meu filho da van na hora, depois botei a cabeça no lugar, falei: "Imagina qual que
é a probabilidade e coloquei meu filho de novo na van?" Porque eu achei que eu tava ficando louco, mas ele é, eu acho que a exceção, a maioria de nós não consegue voltar, entra na paranoia e e é, mas também você pode levar em conta que às vezes você não consegue fazer o gerenciamento das atividades dos filhos. Ou você põe na van ou ele não vai pra escola. Não, porque você não tem como levar, senão você não trabalha, não faz isso, não faz aquilo. Exatamente. Mas assumindo que esse meu amigo pudesse ter a escolha que
ele tinha. Tanto é que durante um tempo ele tirou, ele falou ex o que você tá descrevendo como um sintoma social da parentalidade por conta da overdose do excesso de informação, sobretudo aquelas que geram cliques, que são as mais escandalosas, porque as mais low profile não geram clique, logo elas não sobem na timeline, logo ninguém vê, logo não gera sei de alguma maneira algum lucro para alguém em abstrato. Então ele voltou e falou assim: "Não, não, botei minha cabeça no lugar falando qual que é a probabilidade de isso acontecer. Não, não, não, meu filho vai
pra escola de vã porque eu não tô ficando maluco, não quero ficar maluco." Mas a maioria de nós não consegue ter essa essa essa volta, acaba colecionando paranóias, cada dia uma a mais, né? E não há nenhum sinal de que isso vai melhorar. Não há. Vai melhorar onte. Por exemplo, todo mundo fala mal das redes sociais agora e querem proibir as crianças de terem celular a partir até 16 anos, né, a ver o que isso vai acontecer, como que isso vai acontecer. Mas a verdade é que eh os jovens pensar um mundo de emprego, de
trabalho, que não passe por esse tipo de ferramenta, hoje em dia é impossível. Você lembra quando começou, né, que ainda se tentava fazer a divisão entre uma coisa pública, uma coisa privada, de modo que o trabalho ainda ficava no e-mail, o WhatsApp era coisa paraa família. Os que são mais workaholic tem dois celulares, o celular do trabalho para tentar minimamente gerenciar isso. É, é uma das cenas mais dramáticas quando você vê alguém se encontra com ela e a pessoa põe dois celulares em cima da mesa. Fa miserável. Ainda é dramático. Não, ainda é dramático, mas
é compreensível, sim, né? É uma mínima tentativa de deixa eu separar aqui o joio do trigo. Inclusive, falando até dessa sua crítica ao jornalismo de que mais informação significa mais consciência e com o modo como as redes sociais funcionam, que é isso, né? que faz barulho, o que é raivoso, o que é tóxico para usar a palavra da moda, engaja, sobe e aparece quando o resto não. Eu mesma tem dias que não tô muito legal que opto por nem abrir o jornal, que eu já sei mais ou menos o que eu vou, não tem uma
coisa tão de fé. Alguém gritou lá nos Estados Unidos e fez não sei o quê, o outro gritou de volta aqui no Brasil, mas você sabe que é bem diferente. Você fica uns três, quatro dias sem ver, você volta, tá tudo mais ou menos na mesma. Eu vejo muita gente escrever eh isso em jornal, né, que é basicamente onde eu tenho informação, mesmo que seja no celular, continua sendo marcas de jornais no Brasil ou ou fora do Brasil, mas assim pessoas falando não, porque eu decidi que esse mês eu não ia mexer no celular, eu
decidi que essa semana eu não ia mexer no celular, né? E aí eu percebi como ah eh é bom você ficar um dia sem mexer no celular. Mexer no celular nesse sentido, para além do do trabalho, né? para além do trabalho, apesar de que as redes sociais, como elas não têm borda, eu sempre lembro daquela frase do Pascal, que na realidade do Nicolau de Cusa, Nicolau de Cusa fala em relação a Deus, Pascal fala em relação ao universo. As redes sociais, ela é como um círculo cuja circunferência tá em toda parte e o centro em
parte alguma, né? Nicolá de Cosa fala isso em relação a Deus, Pascal fala isso em relação ao universo, né? Coisa meio panóptica. É uma coisa, não tem não tem centro, não tá em lugar nenhum, você não tem como pegar. Então, por definição, o que está no ambiente das redes sociais não tem borda, não tem limite, não tem contorno, as definições são vagas, mas o fato é na prática, por exemplo, eu tenho um jornal impresso e no celular, então a disposição da postura, do modo que você manuseia, do jeito que você lê o jornal impresso, não
produz produz o mesmo tipo de ansiedade que produz o jornal no iPad ou no celular com aquelas notificações o tempo inteiro voando na sua frente. Exatamente. Eu eu vou voltar a assinar o o papel. Não porque é cool, é mostrar que é cool. É nada mais cool do que tomar um café da manhã, uma padaria escolar. Levar um jornalzinho no braço, achando que você tá em Paris no século X. É isso aí. Você vê gente fazendo isso. Mas é isso hoje em dia, porque eu pego o celular, eu também leio o o jornal no celular,
só que eu leio um artigo, daí eu vou para o Instagram, daí eu volto pro WhatsApp, daí eu olho alguma coisa aqui, daí eu abro a folha de novo, aí eu vou pro meu e-mail porque chegou alguma coisa. Então é uma, é, não tem como. É, e isso dá ansiedade porque é estímulo, não tem e já começa, entende? Enquanto que a leitura ela precisa de um uma outra um outro rito. É, mas enfim, divagamos aqui. É, devagamos. Vamos voltar. Não, a gente divagou em cima desse universo onde essa série tá, sem falar em assassinatos. Sem
falar em assassinatos. Exatamente. Mas a gente falou mal, eh, entre aspas, dos adultos abobados, segundo você. Então, falamos da escola, então, como esse lugar que hoje em dia tem que suprir várias necessidades das crianças e dos pais para além da própria educação formal, a 2 + 2 é igual a 4. Você tem que ter psicóloga, você tem que ter eh coiso de arma, né? Eh, para identificar a arma, isso como eles estão pedindo aqui depois do assassinato. Detector de de metal, você tem que ter uma estrutura que vai muito além. assistente social do que era.
É, exatamente. Psicóloga, assistente social, que lá chama assistente social. A gente é que não tem muito bem essa figura, né? É. E e ou seja, extrapola muito, né, a questão do que era escola. Você lembra que na entrada da na entrada da escola tem alguma coisa assim, tem um arco-íris? Não, não. Na estrutura da escola tem uma espécie de pintura que é um arco-íris e é alguma coisa escrito assim do tipo você é uma diversidade de possibilidades. Alguma frase assim, né? É assim, do ponto de vista da vida real, isso é absolutamente mentiroso. Ninguém tem
uma diversidade de possibilidades, certo? Ninguém tem. Algumas pessoas têm mais do que outras. E do ponto de vista psicológico, se você tiver uma eh essa ideia de infinidade de possibilidades, é a confusão entre identidade e marca desodorante no supermercado. Você tem uma infinidade de marcas desodorante que você pode escolher. E é o que você dizia acerca da rede social não ter borda é a mesma coisa pro sujeito. Você não dá o mínimo contorno, você não dá o mínimo limite, você não, ele fica completamente perdido. Quando a gente fez, acho que um dos primeiros episódios que
a gente fez sobre ansiedade, acho que foi sobre ansiedade ou os idiotas chegaram, que em algum momento a gente fala a questão da autorrealização e fala essa questão de você pode ser o que você quiser e o quanto isso, ao invés de libertar aprisiona e adoece. E aí um dos nossos seguidores comentou essa frase, falou: "Não tem coisa que adoeça mais". Ele comentou de um jeito mais eh certeiro assim do que eu vou falar. Não me lembro exatamente o que ele falou, mas foi tipo isso. Não tem frase mais eh não é nem mentiroso. O
que que mentira é? Mas que seja mais prejudicial pra saúde mental do sujeito do que o fato de que você diga para ele que ele pode ser o que ele quiser. Deus me livre. Alguém tem que a gente volta na ideia de você ser um otimista, de você ser de uma geração que ainda fazia as coisas que tinham que ser feitas, porque é muito difícil você ter que escolher o tempo inteiro. Tudo é um drama. É um drama, porque na hora que você escolhe você é responsável. Então, a cada microescolha que você tá fazendo, você
é inteiramente responsável por ela. Quando você tem alguma coisa que meio que direciona, porque meio que tá, todo mundo faz assim, então deixa eu fazer, você tira um pouco, pelo menos um pouco dessa responsabilidade do seu ombro. É, se você passar da do imperativo de fazer mais do que duas ou três escolhas por dia, você já se fodeu, entendeu? Inu o almoço. É, é incluindo, se incluindo o cardápio do almoço. Ah, velho, se tem tal coisa, se não tem tal coisa. Sempre que eu vou num restaurante e vejo isso, esse espetáculo, eu tenho pena dos
garçons, né? Eles tem que ter um saco para esperar isso tudo, explicar isso tudo, né? E eu fico pensando como a gente não consegue enxergar que essa é uma espécie que evoluiu num ambiente onde não tinha muitas escolhas, não tinha zero. E de repente coloriram tudo, uma diversidade de escolhas, parque que você é o tal do parque temático, você escolhe tudo, escolhe tudo. A gente nem suporta isso, não suporta. É escandaloso o fato de que você tem que escolher o tempo inteiro. Parece uma coisa meio existencialista, mas ela é de fato um pouco. Não, não
tem como. E no final das contas, o quando que acontece é que de repente vem um fato como esse. Eu me refiro, voltando à série, em que o menino mata uma colega com facadas e você precisa de alguma forma avaliar a situação, identificar o culpado, né? trabalho normal do estado de dizer, pô, você não pode esfaquear ninguém, tá? Se você esfaquear, você vai preso, né? Isso tem que ser feito, né? Então, assim, aa isso que é, digamos assim, é o mínimo de contenção higiênica possível de comportamento moral, né? Dizer, você não pode esfaquear pessoas. Se
você esfaquear, é, tem uma cena, eu acho a psicóloga que a gente vai chegar lá do terceiro episódio, eu acho ela muito fraca, né? O menino parece infinitamente mais inteligente do que ela, né? Mas ela fala uma coisa para ele numa hora que é uma frase assim pequena dela e eu vou repetir mais ou menos o que ela diz. Ela diz assim: "Você entende que ela está morta? É que ela não vai voltar nunca mais?" A Kate, você entende que ela está morta? Quer dizer, isso parece uma obviidade, mas às vezes não é, principalmente não
foi na cabeça dele que esfaqueou ela, né? Exatamente, porque eh há que se responsabilizar alguém pela escolha de ter dado facadas em e melhor se for culpado, né? É, não, melhor que se for culpado, mas não dá para eh nesse momento você jogar pra figura do pai. Vamos adentrar então ao a psicóloga. A psicóloga. O episódio da psicóloga para mim é o ponto alto assim da da série da miséria, até porque eles estão num ambiente fechado. Aquela câmera, o plano sequência que vai girando em torno deles assim, uma criança atuando, porque dando um show de
atuação. Desde o começo ele é muito inteligente. Quando ele fala com o advogado, eh, o advogado fala que ele é muito inteligente, que ele fala que ele gosta de história. E ele cita um um historiador, acho que chama Brunel, não lembro, não é nem historiador, é um cara que inventou embarcação, que construiu embarcação. E o o advogado fala: "Nossa, como você é inteligente. Por que você gosta dele?" E ele fala: "Porque ele foi lá e fez o tal do homem de ação, né?" E aí, por que que eu falei isso? Porque no episódio com a
psicóloga, toda essa tensão dentro de uma sala, ela vai caçar nele o que ele entende por masculinidade. Por quê? Porque tem uma tese por trás querendo ser provada pela psicóloga, que é e por quase todo mundo que tá discutindo a série. E por quase todo mundo que tá discutindo a série, que espero que vocês percebam, não é o nosso fio condutor aqui. Uhum. que é provar que ele só matou a menina porque ele é fruto de um patriarcado, opressor, de uma família cujo pai era uma figura bruta. E aí ele se tornou bruto e logo
aí tem a questão do incelado celibatário, involuntário, involuntário. É, vai bater nessas questões de redes sociais também, que a gente já tratou em outros episódios aqui. Mas o que eu quero chamar a atenção que a gente dizia sobre a responsabilidade é isso. Eh, no limite, algumas leituras da série vão dizer: "Ele não é responsável, porque na verdade ele é fruto de uma masculinidade tóxica". Outro dia eu vi alguém, alguma feminista escrevendo, mas acho que não é nem uma questão do feminismo, acho que é a são as ciências humanas que são um problema. Você tá insistindo
porque é eu acho que são um problema. As ciências humanas elas mais atrapalham do que ajuda. É claro que um filósofo falando isso. Claro que é. É, mas e mas é claro que isso não é um juízo universal. Eu falo de forma hiperbólica, ou seja, eu exagero no argumento, né? Mas assim, eh, é, é que era uma coisa típica do Nelson Rodrigues, por exemplo, o tempo inteiro hiperbólico, né, nas afirmações, todo canal é magro, né? Essa é uma afirmação. É, é, é, essa coisa é hipérbole você, né? Então assim, mas eu acho que e trocando
a palavra feminista pelas ciências humanas, no sentido de identificar que eu acho que a a há, digamos assim, um complexo de fenômenos atuando nesse campo do pensamento, né? esse complexo de fenômenos atuando, um deles é são é a explicação da masculinidade tóxica que nos confunde, atrapalha inclusive porque se repete. Muito provavelmente alguém diria, provavelmente não, eu li, alguém disse, não há provavelmente que a gente precisa tratar as instituições e não os indivíduos, porque são as instituições que repetem e replicam a masculinidade tóxica. Quanto mais se falar de masculinidade tóxica, mais red pill, certo? Quanto mais
um, mais o outro, porque são fenômenos reativos um no outro. E a ideia de que você vai conseguir colocar todo mundo, homens no sentido, meninos. Imagina os meninos uma sala de aula aprendendo que eles são tóxicos. O que vocês entendem por masculinidade, né? como se alguém soubesse de fato responder essa pergunta. A gente tava acostumado que não sabia responder o que a mulher quer. O Freud avisou que ninguém sabe o que a mulher quer, né? Agora o que a gente vai conseguir acabar descobrindo é que ao contrário do que os homens sempre pensaram, os homens
também não sabem o que que é. E na hora que a gente chegar nisso, vai ser o caos total. É, vai ser a confusão total. Porque, digamos, a o precioso da vida subjetiva sempre teve associado à mulher, o caráter precioso da vida, o vocabulário, as vidas em vidas, a atenção, o cuidado, certo? Agora, isso pode ser visto como uma característica que atrasa a mulher, atrasa emancipação, certo? Você enquadrá-la dessa forma. E o que que é a masculinidade não tóxica? Exatamente. A masculinidade sensível. Que que é? Que que é? Como ela se materializa no dia? Ele
lava louça. É, então ele faz ele, ele comia e ele cozinha, ele cozinha. Ele a a e essas missionárias, que eu acho que elas são uma espécie de missionárias, essas missionárias deviam de repente conversar com mulheres que não são elas mesmas, com mulheres casadas, com grupo dela. É, então, e não só ficar falando entre elas, né? que nem quando eu escuto gente assim que fala assim: "Eu enquanto mulher ou eu enquanto brasileiro você sabe que não vai sair nada que preste não?" E eu acho que o pior é óbvio que o contexto importa muito na
criação dos indivíduos, mas indivíduos ainda são em algum nível sujeitos razoavelmente autônomos que fazem escolhas e que, embora essas escolhas estejam misturadas com coisas, questões inconscientes, questões de contexto, há que se responsabilizar alguém ouá culpado pelas coisas pelo ato. E a gente não sabe, não dá pra gente querer provar tese o tempo inteiro e falar: "Não, o menino não matou porque ele é mau, porque ele não tem caráter, porque isso porque senão ninguém é culpado de nada. Mas que que a série? A série apresenta a ideia de que, aliás, é repetido várias vezes na conversa
dele com a psicóloga, né, que ele fala: "Eu sou feio, né? Eu sou feio, né? Eh, aliás, se quando no final da conversa ela tivesse respondido para ele, quando ele pergunta, "Você gosta de mim?" Se ela tivesse respondido não ou sim, podia ser podia ser alguma coisa que somasse algo à história do moleque e não eu estou aqui profissionalmente para falar com você. Já é um absurdo ela perguntar para um menino de 13 anos o que você entende por masculinidade, né? Já é uma pergunta idiota. Num outro contexto seria dada como exemplo de alguém que
não sabe se comportar à mesa. Sim, né? Porque é uma pergunta idiota pro menino de 13 anos. Ela é idiota paraas pessoas mais velhas, quanto mais pro menino de 13 anos. Exatamente. A gente não consegue dar contorno para isso. Mas a gente, voltando o que estava falando, é assim, a gente não sabe a rota que vai do que acontece no meio, como já se falava no século XVI, na teoria do meio dos utilitaristas que o Devski cita, quer dizer do acontece no meio social, como isso chega no indivíduo. Essa relação a gente não sabe, certo?
A educação insiste em achar que ela sabe, repetindo frases e repetindo situações e modelos e gestos. Mas eu queria adentrar um tema que é bem importante na série e que tá sendo objeto muito dessa discussão da tal toxicidade, que é a tal a afirmação dele quando ele diz: "Eu sou feio", né? Que é bem importante. Ele fica perguntando para ela: "Você não me acha feio, sou feio." Quer dizer, eu não pego ninguém. É o que tá escrito embaixo disso daí. E o menino, o Ryan, quando ele tá conversando com o policial, ele pergunta pro policial
assim: "É verdade, é verdade que você era popular na escola?" Quer dizer, essa ideia do popular em escola é uma ideia fundamental. O ambiente entre adolescentes e crianças também, mas o assunto aqui é adolescentes. O ambiente entre adolescentes é uma barbária. É uma barbária, certo? É, todo mundo sabe disso. Os professores mentem, muitos deles, as pedagogas, as psicólogas acha que vão transformar todo mundo em anginho, que só vai amar um ao outro, né? Pois bem, ah, o Ryan quando tá conversando com o policial, que é o amigo dele, né, ele é verdade que você era
popular na escola, né? Ele insiste nessa pergunta, ele não consegue sair. O cara tenta mudar porque ele tenta mudar a roda, mas ele não sai. E ele, o policial acaba dizendo que sim, que ele era popular na escola. A próxima pergunta era: "Você tinha muita namorada?" Ele pegava as meninas, mas o seu filho não tem o rosto quadrado que nem o seu. É, não, porque o menino é tratado inclusive como como porco, né? Eles eles simulam sonho de porco quando fala no nome do menino do filho que sofre bullying, o filho do policial, mas ele
pergunta se ele pegava a menina. Sim. Se ele tinha namorado na escola. Ou seja, esse tipo de código é um tipo de código que é muito forte. Ele é muito forte. Certo? Não adianta que tentar dizer não, o você na quando você tá na escola, você não deve pensar nisso. Você não deve pensar nisso. Você tem que tirar isso da cabeça. Isso. Adolescentes cheios de hormônio. De hormônio. É, tira isso da cabeça. 13 anos. Então você tem a paixão com a qual o amigo dele fala com o policial. É verdade que você era popular na
escola, né? Quer dizer, pô, popular. Era aquele cara fodão que as meninas que daí vem a frase, 80% das mulheres querem os 20% dos homens. Ou seja, o dos homens vão dar em céu. É essa paranoia que sempre existiu, não foi a rede sociedade que criou essa paranoia sempre existiu, né? esse medo, tratar essa situação toda como uma situação que não é legítima e que é uma fragilidade do ambiente masculino. É óbvio, é uma hiper fragilidade. Mas uma das grandes formas de estupidez das ciências humanas é não ser capaz de identificar quais são as fragilidades
da identidade masculina. É burra para [ __ ] Não, ela quer fazer o homem ficar frágil, certo? quando na realidade o homem já tem um monte de fragilidade. É porque se você vai pegar o patriarcado, um dos sintomas dele, homem não pode chorar. Lembra que eu falei que um amigo virou para mim e falou: "Homem não pode ter dúvida". Eu falei: "Que bolha que você tá, meu? Porque como assim homem não pode ser, não pode ter dúvida?" É, não lembro porque é fraco. Eu falei aqui no episódio um amigo do Marco, porque é tido como
fraco. Porque é tido como? Eu falei: "Caramba, você tá assim num nossa senhora". Ele vai lá e faz másc. Exatamente. Que é o que o menino fala do homem de ação que tá no Dostoyevski, que tá, enfim, num que é o típico do burguês do 19. Permeia o imaginário masculino, o cara que faz, o cara da ação, o cara que tá na política, né? Tá na política. Exatamente. Tá, ele faz. Mas então aí voltando aí tem esse universo das redes sociais que o menino conta pra psicóloga que ele achou que como a Kate tava sofrendo
bullying, né? Ele ele repete: "Se's flat", né? Ela é assim, né? Ele fala do corpo da menina, né? Então assim, e ele achava que então, como ela tava sofrendo, sendo excluída, que ele tinha uma chance com ela, né? E aí ele dançou. feio, porque ela fala para ele, segundo ele, segundo o que ele narra, eh, da, inclusive das mensagens que, eh, ela não tava tão desesperada assim para sair com ele. É. E e o policial e a policial no final do episódio, depois que ele conversa com o filho dele na escola, eles descobrem que a
Kate fazia bullying com o menino, que é um mini, porque ali também eu tive a impressão de que talvez ou a esperança de que talvez não tivesse sido ele, tivesse sido outra pessoa, eh, que tivesse matado ou então que o jogo pudesse virar de alguma maneira, mas que ela aí ele decifra a coração laranja, os emojis e que fica os adultos são tem amor, não tem amor, eu vou sair com você, não vou sair com você. Os adultos não só são abobados, como eles são retratados como pessoas que não entendem absolutamente nada do que está
acontecendo naquela escola. Mas não entende mesmo. Não entende porque o comportamento mudou muito. A cada geração, até por conta da tecnologia, há uma aceleração da mudança também. Uhum. questões que a gente já abordou aqui. E tem outra coisa, eh, essa escola, você dizia, né, que os, eh, dos pedagogos, dos educadores que acham que vão eh melhorar tudo, os próprios eh professores e e os policiais quando chegam na escola falam: "Iso aqui é um curral, aqui fede." O professor fala: "Eu não sou". que quando o um outro professor fala: "Eu sou professor de história, eu não,
ele não é meu paciente, eu não tenho como saber. Essas crianças são umas pestes e e de fato a cada sala fala que cheira masturbação, né? A cada sala que eles entram para perguntar é uma pior que a outra. Assim, os moleques tá nem aí que teve um assassinato, continuou assim na agressividade, estão e esse detalhe parece que tá passando batido. É, no fundo só tem uma que é a Jad, que é amiga da menina que bate no raio e que quando a professora fala: "Você não quer conversar com uma psicóloga?" Ela fala: "O outra
de novo? Não, não quero. Obrigada, não quero conversar com mais uma psicóloga. Sai da da escola soza, fala, né? Ela era a única. Agora eu não tenho mais nenhuma amiga porque ela me aceita como eu sou, seja lá o que ela é ou como ela é. Ela não sabe e não precisa entrar nisso, né? Seja lá como eu for. Mas o fato é que essa questão do menino que não consegue eh sair com ela e ela nega é importante, porque a gente vive hoje no mundo ah de adultos abobados, né? de que entender, porque o
problema da discussão que acontece a partir de olha, vamos provar a tese, foi a masculinidade tóxica, vamos ensinar os meninos a chorar o tempo inteiro, vamos que nem alguém mandou para mim, que eu não lembro quem foi, um um tipo de exercício, sei lá, que homens fazem e ficam se abraçando pelado para entrar em contato com o erótico feminino. é para vomitar, não é só para conseguir, para vomitar. Ah, homens pelados se abraçam ah no exercício tipo experiência, né? E o objetivo é fazer com que os homens entrem em contato com o erótico feminino. Ah,
é, é normalmente é um workshop para tratar masculinidade, é um workshop. Antigamente se pensava que você se pensava que a forma de você entrar em contato com o erótico feminino era transando com uma mulher. É, é, tentando satisfazê-la de alguma maneira, tal. Então assim, e não os caras se você vê que na realidade é um vamos se fechar entre nós, vamos se fechar entre nós, ficar se abraçando. Ah, que cena né? Para entrar em contato com com erótico feminino num ambiente onde na realidade não tem mulher nenhuma. Isso com incenso, meia luz, tal, almofadas e
todo um Então, diante desse quadro, vamos radicalizar o discurso de que o único problema que acontece no mundo e na escola é porque existe masculinidade tóxica. O resultado é que isso gera mercado pros red, é, né, pros incelso de violência contra a mulher que é fal, eu não quero mudar. Eu tô sendo tratado aqui como se eu fosse um grande filha da pi da história. Então vou assumir. É, vou assumir que eu sou isso aí e vou com os piores. É. Então, ah, o e isso daí, quer dizer, os caras não vão simplesmente aceitar ser,
como é que é? Tutelado o tempo inteiro pelas missionárias, certo? Do gênero, né? Então assim, mas é importante frisar nesse ambiente saturado de debate ideológico, Gabi, que tentar entender as relações que uniam aquela aqueles adolescentes não significa justificar é o que aconteceu e não significa dizer que tudo bem. Ah, então tudo bem. A gente vai aqui contra a famosa frase do escritor Barzac. Compreender tudo não é perdoar tudo, é certo. Não é perdoar tudo, é tentar entender que ali sim havia uma relação violenta entre aqueles adolescentes envolvendo meninos e meninas e que a vida adolescente
em escola sempre foi uma barbárie. Mais para uns, sim. Menos para outros. Sim. Os que eram populares tinham sucesso, fosse meninas ou meninos se moviam melhor dentro da escola. E aqueles que não eram normalmente sofriam para [ __ ] né? E aí agora tem 150 pessoas por minuto dizendo: "Oi, eu sei como resolver o seu problema, que você não é popular, tá? Eu vou te ensinar como você anda, como você fala". Quando na realidade essa questão de ser popular ou não na escola é contingencial, é muito uma questão de temperamento, não é? Entendeu? Você você
é adolescente, você nem sabe direito como é o mundo. Você vai seguindo ali aquilo que que rola em você e uns ficam populares e os outros não. E e é assim, só vale os populares, como eles os dois meninos são obsecados por isso, de certa forma. O Jamie também é quando ele fala: "Eu sou feio, sou feio, elas não querem sair comigo, elas não querem saber de mim". Então os populares só valem porque eles são poucos. Se todos forem fossem populares, não valia mais. E eu eu queria voltar em dois pontos ainda que já tô
vendo aqui a Dafna me olhar com o nosso tempo pra gente encaminhar pro final discussão, que é então terminando o episódio com a psicóloga, o que fica claro é que as técnicas que ela emprega ali para tentar arrancar dele, ele fala uma uma hora, né, você quer o entendimento do meu entendimento, do seu entendimento, do meu entendimento, porque ele ser o maior sarro dela, né? Eu tô aqui para captar o o para entender o seu entendimento. E aí ele começa a multiplicar, né, entendimento. Exato. Ele é ele é muito inteligente, ele é eh sensível. Você
consegue perceber isso no diálogo, na forma como os diálogos dele e na atuação dele eh como foi desenhada, mas é isso, ela falha e ela falha miseravelmente porque ele tira sarro dela, porque ele olha para ela fala: "Ah, então você tá querendo provar que meu pai é o que?" Não, meu pai não fez nada, meu pai nunca bateu na minha mãe uma vez eu lembro de uma irrupção dele nervoso, mas quebrou um galpão, uma coisa ela pergunta: "Seu pai tem amigas? Como se o fato do pai não ter amiga mulher determinasse ele ser um expoente
da masculinidade tóxica ou não. Você acha que uma mulher de um cara vai ficar muito feliz se ele tiver muitas amigas? Para de mentir, [ __ ] Para de mentir. É por isso que eu falo que as ciências humanas são uma bosta. Para de mentir. Tem aquelas amigas que a gente tolera, que são muito antigas e tal, que a gente sabe, mas são duas ou três. Se não for bonita, ajuda. Ajuda, ajuda. Então, e mente-se o tempo inteiro sobre isso, né? E o moleque no final ele fala para ela assim: "Você tá com medo de
mim? Um menino de 13 anos. E quando ele sai da sala fazendo aquele show, a gente vê que o moleque é violento. Ele é violento. Ele dá dois rompantes, né? É, ele é violento, chuta a cadeira, né? Mas quando ele sai da sala sendo violento, o policial tem que segurar ele por trás, né, para tirar ele da sala. Ela tá, né, ela tá visivelmente alterada pelo que aconteceu e e supostamente essa é a profissão dela, né? Ela não está lá profissionalmente. Então, e é uma situação complicada. Aí o pior, a impressão que eu tenho é
que as faculdades de psicologia e o esse mundo psi, como eles falam entre eles, tá ficando cada vez pior, porque tá ficando cada vez mais político, mais ideológico. É porque você tá tentando provar tese o tempo inteiro. E de novo, isso não quer dizer que o contexto, o meio ambiente, a família não influenciem na subjetividade que tá sendo educada ali, numa criança, num adolesc. É óbvio que influencia, mas não não influenciou, mas não é 100% determinante. Às vezes você pode fazer tudo certo, dá errado. Às vezes você pode fazer tudo errado, dá certo, porque tem
um temperamento que vem de fábrica que tem. É, o que a gente não suporta, Gabi, é que seja arranhado a nossa onipotência tipicamente moderna, né? Porque a gente foi, a gente foi perdendo a vergonha na cara com relação à nossa obsessão de onipotência. Então a gente não suporta que, por exemplo, aquela cena final em que a menina, a irmã do J fala com o pai e a mãe, organiza-se, entre aspas, vamos ficar em casa, ele fala, vamos pedir comida, vamos ver o filme em casa. E ela se veste bonitinha porque era aniversário do pai e
não sei o quê. E ela sai que ela vai arrumar as coisas antes da mã e fala: "Não, você fica aqui porque é seu aniversário", né? As missionárias devem achar isso, a prova cabal de tudo. Eles falam como, olha só o que a gente fez, a filha. É. E mas foi a mesma coisa que a gente fez. A mãe fala com relação ao filho. Então eu posso querer ser estúpido e querer dizer que isso prova a masculinidade tóxica. Ou eu posso levar em conta que no fundo a gente não sabe. A gente pode achar que
tá educando os filhos do mesmo jeito. A gente pode achar que tá educando os filhos do mesmo jeito e no entanto coisas saem diferentes. É exatamente saem diferentes. Quem tem filho e não é mentiroso sabe disso. Sai diferente. Mas a onipotência moderna que se traveste do conceito de ser progressista, certo? Não aceita. É, esse era o último ponto que eu ia trazer, que eu até comentei nas minhas redes sociais no final de semana, que é a questão dos pais. Eu acho que nenhuma análise que eu vi, nenhum recorte levou em consideração esses pais, a tragédia
desses pais que tá nessa cena final que para mim é linda, em que eles começam, aliás, eu ouvi hoje da minha cabeleireira, como eu te contei, que no TikTok tava rodando a análise de que no último episódio ficar claro como o pai é um machista misógeno, porque a mãe não pôde expressar os seus sentimentos. Eu não vi nada disso. Eu vi uma família tentando superar o insuperável. né? Porque é insuperável. Um ano e pouco depois, né? Que passam sete meses, depois passa um ano no aniversário do pai tentando falar: "Não, vamos no cinema, vamos pedir
comer um um chinês, vamos comer uma pipoca, vamos fingir que a vida tá normal." Eles têm uma história de amor, os dois, eles contam no carro pra filha, a filha faz assim, aquela cara de nojo que filho faz quando pensa que os pais transavam, né? É exato. Exato. Então, é uma cena bonita de uma família que foi dilacerada. e que tá tentando mov, tá tentando seguir em frente. Então vamos comer, vamos no cinema, aniversário do papai e tal. Aí isso é cortado pelo menino que liga e aí que vem a pedrada só aí que a
gente, eu pelo menos ainda tinha a esperança de que não tivesse sido ele. Eu tinha, eu tinha, acho que é porque eu ando pensando nisso e tal, falou: "Não, não". E a pastoral americana também me fez muito mal. Mas enfim, eh, fico pensando, fico pensando, tão eles lá, o menino liga, dá parabéns pro pai e fala, né? vou eh alegar a culpabilidade e acaba com o programa deles. Eles voltam para casa e aí a terra devastada, o pai entra no quarto, a mãe fica, eles choram, mas ao mesmo tempo tentam mostrar uma razoável normalidade, porque
tem uma uma outra filha ainda. E aí essa filha vem e é uma princesa, dá uma demonstração de maturidade. Eles pensam em se mudar, em recomeçar. ficou até arrepiada de verdade, porque é muito, para mim, eu achei muito bonita, ela dá, ela fala: "Não, a gente não vai se mudar, ele é nosso, ele é nosso. Qualquer lugar que a gente for, se a gente for mudar, no começo vai ser bom e depois vai piorar." Vai piorar. E afinal de contas ele é nosso, o Jam é nosso. Ela ainda assume a corresponsabilidade junto com os pais
que estão se perguntando, obviamente, o que mais a gente poderia ter feito, o que que a gente poderia ter feito de diferente. E nessa hora meio que eles olham, falam, quase não acreditam que aquela filha veio da mesma criação do outro que virou assassino, que virou um assassino com 13 anos. E aí eu acho que a série é primorosa. Você sabe esse esse quarto episódio e último? Ele me lembra, principalmente nesse fechamento, ele me lembra um filme que ganhou Oscar, se não me engano, chamado Manchester a Beiramar. Sim. Maravilhoso. Certo. É o mesmo tipo de
tragédia. É, né? Aquela família que ele sai, ele tá meio bêbado, tava os amigos aí, a casa pega fogo porque ele põe não sei o que no lugar errado, né? Então assim, a cena final dele chorando na cama do menino, spoiler total, né? Com o ursinho na mão ali que ficava na cama do menino, né? Eu tô falando da série. Essa cena final é muito perto do Manchester a Beiramar. Quer dizer, essa tentativa e quando você vai em caixota na discussão das missionárias, que isso na realidade é eh masculinidade tóxica, você resolve tudo. É. E
não da tragédia, da contingência. Pensar, é isso que é o problema de quem pensa de forma ideológica para mudar o mundo e fazer ele melhor. Você não pensa. E aí você não consegue ver a beleza dessa última cena e fica falando, tá vendo? Na verdade, ele é um machista tóxico, bruto, que a mulher não pode mostrar os sentimentos. Eu não vi nada disso, não. Inclusive, porque ela fala, né? É. Exato. E ela inclusive fala que achava melhor o menino ter reconhecido que era culpado. Exatamente. E E eu acho, achei essa cena final assim, é espantosa
de bonita. Acabou, né? Não, ela tem que acabar. Bom, ainda que eu não quisesse ter acabado, acabou. Então, obrigada. Eh, espero que vocês tenham gostado dessa discussão. Foi bem legal. Gostei bastante. Primeira vez que a gente discute uma série aqui no Diry Job. E de novo, né, eu acho que a série é primorosa em vários aspectos. Espero o comentário de vocês e até a próxima. M.