Olá turma de epistemologia das Ciências Sociais como vocês estão Como tem passado espero que esse vídeo encontre todas e todos vocês bem bom o tema da nossa conversa hoje é dando continuidade à reflexão que a gente tem eh tratado ao longo desse primeiro módulo que é o que é Ciência final né então dentro daquela linha de discussão de Que bom para nos formarmos né n cientistas sociais a gente precisa primeiro passo primeiro de tudo a ter um bom entendimento do que que é Ciência né e o que que é ser um cientista e a partir
dali a gente pode complexificar um pouco mais para conversar sobre o que é ser cientista social O que é fazer ciência social nessa grande trajetória a gente vem discutindo alguns autores então a gente começou né Eh com aqueles grandes Marcos da epistemologia que vão fundar né ser os os pilares as bases da da ciência moderna depois a gente discutiu muito brevemente o Augusto conte e o Positivismo e qual que é o legado que o positivismo deixa para nosso entendimento a respeito da ciência né em seguida a gente discutiu a partir das reflexões de poper e
sua crítica a verdade científica então a gente viu no vídeo anterior como que é fundamental a contribuição do po que ao refletir né sobre a lógica da pesquisa científica traz centralidade ao lugar do erro então o pensamento científico é aquele pensamento que não é dogmático e aquele pensamento que pode ser testado e ao ser testado pode ser refutado E como que o erro nos aproxima mais de uma de uma ampliação do que o nosso conhecimento do que o acerto porque o erro é o que nos permite ter certeza ao descartar as opções bom e hoje
a gente chega em um outro autor que é contemporâneo do poper também que tá fazendo essa discussão da epistemologia Contemporânea do Século XX e que é completamente Central tem um legado imenso né paraas discussões sejam em Ciências Sociais sejam as discussões em sociologia da ciência mas para entendimento Mais amplo do que é a ciência Afinal que é o Thomas Kun Então hoje a gente vai discutir a ciência entre paradigma e revoluções a partir de uma obra a obra do C que é bastante Central que é essa obra aqui a estrutura das revoluções científicas bom então
para fazer essa discussão assim como nos encontros nos vídeos anteriores eu preparei uma apresentação Zinha para organizar e tentar me conter um pouco nas minhas divagações e tentar ficar um pouco mais eh sintética nesse vídeo eu vou compartilhar a tela portanto com essa apresentação e a partir d a gente vai conversando um pouquinho então eu vou compartilhar a tela está aqui a apresentação e eu vou colocar em tela inteira então tá então aqui começamos né a discutir a estrutura das revoluções científicas é um o título da obra que é uma obra completamente marcante pessoalmente para
mim quando eu conheci esse livro foi um divisor de águas Assim como para muitas outras pessoas eu espero que também seja para vocês bom então a primeira informação a respeito dessa obra estrutura das revoluções científicas é falar um pouquinho do seu autor então a estrutura das revoluções científicas foi um livro escrito pelo Thomas Kun Thomas Kun nasceu nos Estados Unidos e viveu entre 1922 em 1996 vocês lembram né que eu falei que o poer viveu praticamente eh todo o século 20 né ou comum a gente pode dizer quase a mesma coisa eles foram realmente bastante
contemporâneos né e o Kun ele é interessante e isso assim tem vários aspectos da biografia do C que podem ser trazidos como elementos interessantes pra gente refletir como vocês sabem atrás de toda ã bibliografia tem uma biografia né atrás de toda a obra a gente consegue captar algumas coisas que são marcas das trajetórias pessoais das pessoas que escreve no caso do Thomas Kun não é diferente e o Kun é o que é interessante dele paraesse momento muito rápido que eu quero destacar é o fato de que ele era um físico então eh a ele desenvolveu
uma carreira de físico de pesquisador um físico de laboratório fazendo seus experimentos etc e a doando como físico e assim como a maior parte dos cientistas e acontece aqui no Brasil também com a maior parte dos cientistas o que acontece a pessoa tem a formação científica faz iniciação científica né durante a graduação depois faz o mestrado faz o doutorado então toda uma formação para atuar na pesquisa e quando atinge um determinado eh uma determinada titulação um determinado reconhecimento entre os pares a pessoa faz um concurso né ou passa por um processo de contratação e o
que que vira professor Então a gente tem uma carreira científica para depois se tornar Professor ou professora não aconteceu diferente com Thomas Kun foi exatamente isso eh que foi assim que se inciou a trajetória dele só que quando ele se tornou Professor então Eh na dentro as disciplinas que ele tinha que ministrar foi dado a ele foi atribuído a ele ministrar a disciplina de História da ciência ele era um físico prático né ele fazia experimentos em física fazia discussão física teórica e começou a dar aula de história da ciência ao preparar suas aulas de história
da ciência o que que ele se depara com uma versão bastante simplificada nos manuais né nos livros texto a respeito de como que funciona a ciência e ele vai lendo aquilo fala gente mas não é assim se a gente ensina desse jeito as pessoas vão ter uma visão completamente enganosa sobre como a ciência funciona E aí motivado por isso por esse diagnóstico então da insuficiência dos manuais a respeito da prática científica ele resolve escrever a estrutura das revoluções científicas ele resolve escrever esse livro Então a partir da prática pedagógica dele né ele começa a se
dar conta de como estava sendo veiculada uma versão bastante distorcida de como a ciência funciona e resolveu discutir como que a ciência funciona e apresentar então o seu modelo epistemológico né bom e em que ano a estrutura das revoluções científicas é publicada esse livro El ele é publicado pela primeira vez em 1962 e isso traz também pra gente uma série de elementos importantes de contexto para ficar e apenas no que mais salta os olhos bom pensem o que que estava acontecendo o que que você sabem que estava acontecendo em 1962 nos Estados Unidos que que
vem a mente de vocês eu imagino que muitas questões né de ordem cultural política né ideológica estavam sendo travadas ao longo desse período mas eu destaco aqui dois aspectos que são fundamentais pra gente entender eh alguns elementos desse do livro publicado pelo cum O primeiro é que em 1962 a física era a ciência exemplar era aquilo que era tomado como O protótipo da eh do do conhecimento científico Ou seja aquele conhecimento que é estabelecido a partir de leis a forma como funciona a física era considerada a forma h padrão de como deve funcionar a ciência
e ainda que poucas pessoas soubessem muito dif física a maior parte das pessoas conhecia a importância da física sabia que física era algo que estava eh diretamente envolvida nas maiores transformações recentes naquele período da humanidade eh Lembrando aqui isso a gente vai discutir um pouco em outro vídeo que no início eh deste século né No início de 1900 1900 na primeira década de 1900 a gente teve grandes transformações na física que foram transformações que transbordaram o campo disciplinar restrito da física e começaram a pautar mesmo reflexões a respeito da sociedade eu tô aqui falando sobretudo
não apenas mas sobretudo da teoria da relatividade da teoria geral da relatividade que começou então a a perturbar né em muitos sentidos a forma como a sociedade foram se desenvolvendo naquele período Além disso né e assim isso trazia né então muita potência muita capacidade de inovação e essa perspectiva de progresso constante mas também 1962 é um período em que já havia acontecido a a primeira e a segunda grandes guerras mundiais do século XX né Eh com isso com a Segunda Guerra Mundial principalmente havia se tornado muito Evidente o quanto que o desenvolvimento tecnológico desenvolvimento científico
por si só não necessariamente Traz algo de bom para a humanidade e que o desenvolvimento científico e tecnológico pode inclusive ser eh pode inclusive acarretar no fim da humanidade porque o mundo já tinha assistido à explosão das bombas atômicas como consequências diretas do conhecimento adquirido com a física exatamente né então havia ao mesmo tempo que uma inspiração muito grande né nessa capacidade transformadora na ciência havia um receio muito grande de que uma ciência desmedida poderia levar a consequências bastante trágicas em 1962 as bombas já tinham sido explodidas né já tinham sido testadas já tinham mostrado
o seu potencial eh desastroso numa escala mundial mas não haviam sido superadas ao contrário o mundo né estava vivendo e sobretudo nos Estados Unidos estava Vivendo em plena guerra fria né Eh e com essa na Durante a Guerra Fria essa ameaça nuclear era uma ameaça constante né né então era comum por exemplo nas escolas Os estudantes eh ao longo do dia na escola tocar uma sirene e os estudantes toda a comunidade ter que fazer uma simulação de como fugir para um búnker como se esconder né enfim mais uma série de outros aspectos ou seja a
soma entre física e a física enquanto ciência modelo né e e que tava expandindo os seus seus braços suas consequências para a sociedade como um todo mas o contexto político da Guerra Fria fazia com que a ameaça nuclear fosse uma ameaça constante e isso H explicitava talvez de uma forma bastante Evidente como ciência é parte da sociedade Esse é um ponto que eu quero depois explorar mais para frente né desenvolver com vocês um pouco mais mas isso já fica presente a partir da do período de publicação né Então aquela separação de ciência é uma coisa
eh política é outra vida em sociedade a outra estava bastante embaçada né e ao contrário mostrando a sua fragilidade Então essas são algumas informações de contexto que já são bastante eh interessantes pra gente começar a entender os argumentos apresentados por Thomas C bom e nesse contexto então de de ameaça comunista né de guerra fria de pós Segunda grande Guerra com explosão de bombas atômicas com bombas nucleares com a física sendo considerada essa ciência modelo e essa ciência modelo tendo passado por grandes transformações Como por exemplo o desenvolvimento da teoria geral da relatividade que colocava em
cheque questionava né todos os pilares das leis pétreas da física mecânica da física clássica né É nesse contexto que o Kun então ao discutir a história da ciência paraos seus estudantes ele fala olha a história da ciência está sendo bastante simplificada as ciências não funcionam assim dessa forma linear da Tal Qual vem descritas ao contrário as ciências funcionam seguindo uma estrutura e essa estrutura é uma estrutura pautada pela revolução então e é muito interessante que o título do livro ele já resume de uma forma muito precisa o grande argumento e e aqui eu chamo atenção
para dois aspectos ele tá falando de estrutura e ele tá falando de revolução e tudo isso é precedido por um artigo a estrutura das revoluções científicas e aqui então vou pedir pra gente pausar um pouco o raciocínio desacelerar um pouco o raciocínio nesses dois termos então de TR pra frente revolução revolução hoje é uma ideia que é muito batida a gente fala de revolução de uma forma muito assim bom o a Carol concar saiu do BBB Pois foi uma revolução a no Twitter né ou ou enfim a gente usa a Revolução Por exemplo tem novos
refrigeradores que tem um conceito tem uma nova linha de refrigeradores e geladeiras que estão promovendo uma revolução agora o freezer fica embaixo e não em cima né então assim até desenvolvimento de produtos se usa ideias de revolução em 1962 não era bem assim revolução em meio né ameaça comunista tá para quem escreve a partid do Estados Unidos né como Thomas k estava escrevendo e naquele contexto de Guerra Fria a revolução era algo muito mais intenso muito mais eh grave né no sentido de uma intensidade de transformação muito profunda então o com quando ele tá falando
que a ciência é composta né E deve ser entendida por meio das suas revoluções ele tá falando um argumento muito eh intenso a respeito do quanto que a ciência se transforma e é sacudida em si mesma Mas se a gente pega o título o título tá falando de revoluções científicas e o que está no singular é a palavra estrutura então pra gente entender bem o argumento a gente não pode dissociar a ideia de revolução da ideia de estrutura a ideia de estrutura é a ideia Central mesmo é o fio condutor mesmo da obra e o
que que ele tá falando aí sim a estrutura das revoluções científicas Ou seja a ciência funciona eh evolui né avança por meio de revoluções E essas revoluções têm uma estrutura comum Elas têm uma arquitetura comum e aí ao longo de todo o livro ele vai apresentar Qual é essa estrutura das revoluções científicas e qual é a estrutura das revoluções científicas segundo o Thomas Kun bom ele apresenta e aqui eu tô fazendo um esquema né Muito simplificado dessa estrutura mas cada um desses pontos é uma categoria um conceito um argumento bastante importante pra gente entender essa
estrutura Qual que é a o o primeiro passo dessa estrutura e qual que é a primeira ideia e é uma ideia muito forte que ele apresenta bom a ciência do dia a dia ele vai dizer é o que a gente pode chamar a ciência normal que que é a ciência normal a ciência normal é a ciência é a prática é o nome que se pode dar a esse período de prática científica cotidiana em que as pessoas estão fazendo suas teses de doutorado em que os cientistas estão publicando artigos em que os grupos de pesquisa estão
se reunindo em que os congressos estão sendo debatidos e e basicamente ao longo do período de ciência normal a comunidade científica atua ah com em um sentido o sentido da resolução de quebra-cabeças ou seja as pessoas durante a sua prática eh de dia a dia enquanto cientista vão resolvendo quebra-cabeças apresentados pelas teorias vigentes e esses quebras-cabeças podem ser alinhavados entendidos consorciados dentro de um paradigma bom a ciência normal Então os cientistas vão atuando no sentido de resolver esses quebra-cabeças dentro de um determinado paradigma até que eles vão se dando conta e vão se deparando com
uma série de anomalias as anomalias são comportamentos eh na prática científica que não podem que não podem ser explicados dentro do paradigma vigentes que não podem ser explicados dentro com as perguntas e respostas que normalmente são feitas de modo geral uma anomalia acontece ali e ela é descartada depois acontece ali de novo e mais uma em outro lugar no mundo em outro laboratório e as anomalias vão se somando de tal forma que se entra numa crise dentro dessa comunidade científica se entra num momento em que o paradigma vigente não é mais capaz de se sustentar
de dar conta de responder a uma série de comportamentos anômalos que vão sendo eh identificados e é no meio de uma crise que Começam a surgir respostas e perguntas que são diferentes eh e alternativas e com confrontam e que estão completamente fora daquele paradigma até então vigente Quando essas explicações fora do paradigma começam a se articular e a ganhar uma coesão própria a ponto de poderem se torar se tornar um novo paradigma acontece a revolução então uma revolução científica é esse momento em que a partir de uma crise se constitui então um novo paradigma um
paradigma concorrente um paradigma que vai produzir perguntas e respostas bastante diferentes dentro de uma comunidade científica e que vai romper com o paradigma anterior claro que a melhor forma da gente entender isso é pensar Então qual é o efeito revolucionário da teoria da relatividade frente a teoria da física clássica a teoria da física newtoniana Isso é uma verdadeira revolução a partir desse momento de revolução a gente volta a ter uma fase de ciência normal ou seja a revolução ao apresentar um novo paradigma deixa em aberto uma série de perguntas sem resposta mas são perguntas que
não são perguntas revolucionárias não são perguntas que produzem explicações completamente novas São perguntas que vão servir para ir burilando lapidando aquilo H que foi apresentado por esse Paradigma e aí então a comunidade científica passa a atuar de novo em uma fase de ciência normal e vai tentar resolver esses quebra-cabeças dentro do estabelecimento de um novo paradigma que eu quero chamar e aí a gente volta a ter esse ciclo até ter uma nova revolução e assim sucessivamente então aqui eu quero chamar a atenção para vocês que a gente só consegue entender o lugar da evolução dentro
de uma estrutura né e que essa estrutura no argumento do Cum é formada por essas etapas ciência normal resolução de quebra-cabeça paradigma anomalia crise revolução e uma nova fase de ciência normal ciência normal é a ciência de todo dia então o que que é interessante essa afirmação sobre a ciência normal Pode parecer um pouco trivial mas na época foi completamente chocante porque o que ele tá falando é que a prática cotidiana dos cientistas não tem nada de eureca não tem nada de inovadora ele tá falando quando as pessoas leem artigos numa revista científica a gente
não tá no dia a dia a gente nunca vai encontrar ali algo completamente extraordinário não os artigos científicos eles são ciência normal algo quase intediante né porque tá só confirmando alguns aspectos das teorias eh atualmente vigentes já propostas ou tá só preench Endo com mais elementos empíricos algo que já se sabe ou está aplicando algo que foi discutido em um determinado contexto sendo aplicado em um novo contexto né e pensem no que vocês já viram quantos de vocês fazem iniciação científica as pesquisas que vocês estão vinculados elas não são exatamente extraordinárias Muito provavelmente elas estão
aplicando um conceito verificando o quanto que um conceito pode ser utilizado aqui ou ali fazendo testes comparativos estab Endo algum critérios mas são como afunilando né aparando as arestas das teorias vigentes para o c isso é o equivalente à resolução de quebra-cabeças o que que essa imagem de quebra-cabeças traz para você o que que é um quebra-cabeça né um quebra-cabeça é algo que nos dá trabalho né é algo que nos dá ali nos deixa entretido por um bom tempo mas é algo que tem um formato que é um formato pré-estabelecido ido né quando você ganha
compra enfim se depara com quebra-cabeça geralmente ele vem dentro de uma caixa né E essa caixa tem um desenho e esse desenho é o que vai guiar a forma como você vai encaixar as peças né então eu não posso pegar as peç as peças de um cabra cabeça e encaixar de uma forma que seja completamente original de repente fazer uma torre não eu preciso achar Qual a pecinha certa que se encaixa dentro de outra pecinha certa que está presente ainda que embaralhado naquele conjunto de peças que vem na minha caixa né então eu já tenho
os instrumentos previamente definidos Eu só preciso saber como eles se encaixam Mas além da gente ter os instrumentos eu tenho também a expectativa já definido eu quero fazer o desenho que tá na caixa né então se se o se o o quebra-cabeça é o quebra-cabeça de um castelo eu não vou montar um navinha autar né porque eu eu vou atender o quebra cabeça eu vou conseguir resolver o quebra-cabeça Se eu conseguir eh atingir aquilo que já tá previamente estabelecido essa imagem ela é muito boa pra gente entender a a ciência normal que o c tá
se referindo porque eh justamente dentro de um paradigma a gente já tem estabelecido Quais são os instrumentos possíveis e quais são os objetivos possíveis Ou seja no dia a dia da ciência vocês que estão fazendo e ele tá pensando em ciências duras exatas tá pensando na física Mas se a gente quiser transportar isso para Ciências Sociais né a gente vai descrever por exemplo as metodologias de uma pesquisa a gente não pode quase sempre é muito raro a gente ver alguém inventar uma metodologia totalmente nova por a gente já tem mais ou menos os instrumentos de
coleta de dados PR estabelecer vidas assim como a gente não vai inventar uma pergunta completamente nova não a pergunta ela tá dialogando com aquilo que já se sabe naquele campo teórico em um determinado tema Então tudo isso compõe o paradigma tal tal qual com apresentou né então é uma essa ideia de resolução de quebra-cabeças ela pode ser um pouco intediante pra gente entender tem gente que adora quebra cabeças né mas enfim tem é uma forma de entender o que que cum tá chamando dessa ciência normal dessa ciência do dia a dia e isso é interessante
porque nos mostra então o quanto que um paradigma define e eu tô repetindo porque é bem importante tanto as perguntas possíveis quanto as respostas possíveis até que isso começa a se tornar insuficiente né e quando isso começa a se tornar insuficiente a gente vai se aproximando de um estado de crise né na soma de anomalias e a crise vai nos levar à Revolução então alguns aspectos importantes a palavra chave o elemento Central aqui é entender esse conceito de paradigma paradigma é interessante porque na época em que Kun escreveu esse livro não era uma palavra muito
utilizada na língua inglesa era uma palavra que tinha sua sua trajetória né tinha sua etimologia lá nos gregos como tudo né Eh tinha algum uso mas era um uso bastante restrito e o com fez uso da palavra paradigma de uma forma bastante Ampla bastante vasta no texto inclusive alguns eh algumas pesquisas mostraram que ele usa mais de 100 vezes a palavra paradigma ao longo de todo o livro e às vezes de uma forma até um pouco difusa ele não estava muito preocupado em criar um conceito de paradigma mas de construir uma ideia e a força
desse livro foi tão grande esse livro se tornou uma explicação tão influente para se pensar a epistemologia das Ciências Sociais a ciência como um todo e como a gente sabe né ciência anda junto com entender a sociedade que paradigma hoje é uma uma um vocábulo muito corrente né Tem até um monte de meme que fala ah vamos levantar não adianta ficar deitado o dia todo como que a gente vai quebrar os paradigmas né assim então se tornou quase que um bordão essa ideia de quebra de paradigma mas veio muito a partir desse livro né dessa
discussão que ele faz desse momento chave que é a mudança de paradigma e ainda que apareçam várias definições Qual que é a ideia central de paradigma tal qual ele apresenta aqui o paradigma ele congrega realizações científicas universalmente reconhecidas que durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência então o que que é importante ressaltar aqui quando a gente tá falando de um parad a gente tá falando dessas realizações científicas que são estabelecidas são universalmente reconhecidas Ou seja que não são contestadas mas que não são também por isso eternas
ao contrário são que durante algum tempo né então são transitórias fornecem os problemas e fornecem as soluções modelares que modelares a nédia exemplar para uma comunidade de praticantes de uma ciência né então aqui a gente tem o fato de ser eh consensual né ela não é contestada ela é transitório um paradigma ele não é eterno ele dura um determinado momento ele traz em si as perguntas e o horizonte de respostas e são as respostas modelares são as ideias exemplares que são válidas e universalmente também no sentido de para qualquer pessoa no mundo Não elas são
universalmente reconhecidas dentro de uma comunid de praticantes de uma ciência então a teoria geral da relatividade ela é um paradigma dentro da da comunidade de físicos fora dessa comunidade pode ser bastante questionada as pessoas falam Ah mas será que isso funciona mesmo né um físico Nunca faria essa pergunta então em linhas Gerais Essa é a ideia central dessa noção de paradigma que o Kun traz pro centro da sua abordagem uma ideia que não tá no no na arquitetura do modelo dele mas que tá muito vinculada a noção de paradigma e que é bastante importante é
a noção de incomensurabilidade por com quando ele tá discutindo paradigma então ele tá né a gente tá falando fornece problemas e soluções modelares Durante algum tempo né bom um ele vai dizer então que o paradigma fornece as as problemas e e e soluções mas um paradigma a partir de um momento de crise ele é superado por outro paradigma não porque o paradigma subsequente se mostra mais verdadeiro que o paradigma anterior ele vai falar não não tem como se comprovar se demonstrar por evidências científicas que o paradigma seguinte é melhor do que o anterior porque o
paradigma seguinte vai ter problemas diferentes do que o paradigma anterior então se o paradigma ele eh demarca né o a a O Rol de perguntas e respostas possíveis a gente não consegue comparar dois paradigmas Porque eles fazem perguntas de categorias muito diferentes de ordens muito diferentes mal comparando seria como se eu me perguntasse bom essa porta ela é mais pesada ou é mais verde não tem como né então incomensurabilidade o que que significa essa palavra grande né mensurabilidade é a capacidade de produzir medida incomensurável é quando não há medidas compatíveis Então dentro de um paradigma
a gente tem medidas que são de ordens de grandeza que são muito diferentes então não tem como a gente simplesmente pegar um Paradigma e mostrar demonstrar que ele é melhor do que que outro a partir da comparação direta porque as as as os instrumentos de medida são muito diferentes porque a gente tá falando do rol de instrumentos possíveis de perguntas possíveis de novo né eu não posso falar se é mais pesada do que verde ou mais verde do que pesada porque a gente tá falando né de unidades de medida completamente diferentes bom se os paradigmas
são portanto diferentes o cum ele avança para dizer que quando há uma revolução científica há uma mudança de concepção de mundo ele afirma textualmente após uma revolução os cientistas trabalham em um mundo diferente tem algumas algumas passagens em que ele fala isso que eu acho muito interessante né Por exemplo na página 208 ele vai falar olha pode fazer com que nos sintamos tentados afirmar que após Copérnico os astrônomos passaram a viver em um mundo diferente deem um Google quem não lembra qual o que que é a revolução copernicana é bastante importante ou depois na página
210 ele vai falar nos incitará a dizer que após ter descoberto o oxigênio Lavoisier passou a trabalhar em um mundo diferente então ele tá dizendo que os cientistas quando eles se deparam com eh novas eh novos aspectos na forma de se relacionar com o mundo de fato eles passam a viver o mundo estar no mundo existir no mundo de uma forma muito diferente isso é bastante eh potente bastante intenso pra gente pensar essa relação E aí mais tarde a gente vai discutir em outro encontro a relação inclusive entre epistemologia e ontologia concordam se a gente
tá falando de epistemologia como uma forma de acesso ao mundo o que o Kun tá dizendo é que a se a gente acessa o mundo de um jeito diferente se a gente conhece o mundo de um jeito diferente podem existir entidades diferentes no mundo um mundo com gravidade é um mundo diferente de um mundo sem gravidade um mundo com oxigênio é um mundo sem é bem diferente de um mundo sem oxigênio o mundo com coronavírus é um mundo muito diferente de um mundo sem coronavírus na forma de quais são as existências possíveis e como que
a gente pode conviver com ele pensando de uma forma mais simples eh antes da epidemia do coronavírus aconteceu eu tive um diálogo com um amigo que foi bastante eh ilustrativo desse tipo de situação ele bom foi há mais tempo né ele tava fazendo era aniversário dele ele chamou para uma festa na casa dele e essa festa ele tinha recente se mudado para um apartamento que era um apartamento da mãe dele um apartamento muito antigo e esse apartamento muito antigo era todo acarpetado né tinha carpete em todos os cômodos e ele tava falando que ele cresceu
ali naquele apartamento que tinha carpete em todos os cômodos E aí na hora assim eu tenho renite e eu falei assim nossa para mim carpete é uma coisa muito difícil e ele começou a rir falou assim pois é na época a gente vivia aqui meus pais fumavam o dia inteiro hoje é algo completamente Impossível a gente pensar crianças vivendo ele tinha irmãos né tem irmãos crianças vivendo num ambiente cheio de carpete cheio de fumaça de cigarro eh eh impregnado cheio de poeira aí ele falou ele é de outra área não é né não é cientista
ele artista plástico e ele falou assim pois é naquela época não existiam os ácaros então a gente não sofria com isso de certa forma é a mesma ideia da ideia do com né um mundo em que a gente não conhece os zaros é um mundo em que não há lugar para exist da rinit por exemplo né então após uma revolução após o momento de em que há uma nova eh articulação de paradigma a gente passa a viver em um mundo diferente eu acho essa ideia muito interessante pra gente pensar a relação a epistemologia e ontologia
e já foi antecipado então aqui nesses trechos ali ao longo das páginas 200 pouco 210 que o Kun apresenta bom Quais são os outros elementos que aparecem ali né a ideia de anomalia né O que que é uma anomalia então uma anomalia são aqueles momentos em que os cientistas se deparam com por exemplo resultados experimentais que são contrários às expectativas simplificando muito digamos que eu sei lá coloco uma água para ferver eu espero que a água passe a ferver a 90º de repente há um dia a água não Ferveu a 90º que que eu vou
pensar bom o que que tá não correspondeu à minha expectativa que que o poper retoma vídeo passado né o encontro passado o que que o poper diria bom se não Ferveu a gente vai refutar aquela afirmação de aquela hipótese né aquele enunciado de que a água ferve a 90º o que que o vai dizer não é bem assim para se refutar uma uma hipótese Não é bem assim para se refutar um enunciado Não é bem assim para se refutar uma teoria né se água não ferv a 90º eu vou começar a tentar corrigir o Meu
experimento eu vou falar ah mas será que essa minha sei lá Será que essa chaleira que eu usei ela tá interferindo Será que bom se eu fizer em outras ambientes com outras pressões atmosféricas o que que vai acontecer a gente vai tentando hã coordenar a empiria fazer o mundo real corresponder às expectativas teóricas a anomalia É quando isso começa se tornar impossível Então não é uma vez que foi feito alguma coisa que não correspondeu à expectativas mas quando fazendo todos os ajustes continua não tendo um comportamento esperado depois em outro grupo em outro lugar continua
não tendo e depois e assim sucessivamente quando se vai é quando se vão somando então uma série de elementos que começam a tensionar o paradigma as explicações vigentes né isso ele fala não é da noite pro por dia né Eh e não é por exemplo digamos não é a Lorena fazendo a tese de doutorado dela aqui na Federal do Rio Grande do Sul que vai refutar a grande teoria da sociologia ambiental Mundial né primeiro que aí uma outra conversa que a gente vai ter é o quanto que as sociologias são as ciências sociais são paradigmáticas
ou não né mas em grande medida seria isso não é uma pesquisa em qualquer lugar do mundo que vai refutar uma hipótese Como dizia ou um enunciado uma teoria Como diria o poer mas é o somatório dessas dessas tensões né dessas eh desses momentos de não correspondência que vão produzindo anomalias né anomalia a própria palavra diz né aquilo que nega a normalidade aquilo que nega a ciência normal Nega essa prática cotidiana é a partir da soma dessas anomalias que a gente começa a ter a crise né e o que que é para crise para com
o momento de crise é o momento da pesquisa extraordinária é um momento em que a pesquisa não é normal no sentido de não ficar só aparando as arestas mas é quando ela pode ser de fato inovadora ou de fato transformadora de fato para usar um bordão né de algumas áreas atualmente é quando você pode pensar fora da Caixa Qual caixa a caixa do em que veio quebra-cabeça que é o a cabeça que a gente estava resolvendo na ciência normal Então os momentos de crise são os momentos de pesquisa extraordinária quando de fato pode podem surgir
aspectos inovadores e que podem culminar então numa nova revolução né num novo momento de transformação intensa e Total interna a uma comunidade científica mas lembrando sempre essa revolução não acontece do dia para noite e o paradigma subsequente não vai se demonstrar melhor ou mais correto do que o paradigma anterior ao contrário c vai falar Eh quem é mais provável né que consiga fazer a uma pesquisa extraordinária alguém jovem que tá começando a carreira agora e que tem muito pouco a perder apontando eh afirmações enunciados explicações completamente radicais e inovadoras um um pesquisador Sênior que já
tem toda uma carreira dele assentada em demonstrações que estão dentro do paradigma anterior o com vai dizer é mais fácil ele morrer do que ele se converter ao paradigma novo ele vai falar muitas vezes um novo paradigma só se estabelece quando a geração anterior já não é mais viva né e ele usa Justamente esse verbo um cientista pode ou não se conver ter a um paradigma novo e aí vocês vejam também o quanto que é eh polêmico né dizer uma palavra o que o cum Ele tá dizendo porque ele tá falando conversão é um verbo
que geralmente é associado a fenômenos de fé né é aquilo que a gente não pode explicar de uma forma objetiva né e ele vai usar essa palavra para falar para explicar um movimento interno à Ciência né porque ele falar bom se a gente não pode demonstrar que um paradigma é melhor do que o outro no fim das contas torna-se um ato de fé né e por isso é mais provável que os convertidos sejam os novos praticantes né ao dizer tudo isso o que o Kun tá apresentando é uma tese bastante original a respeito do Progresso
da ciência ele vai mais do que eh mais do que tudo ele vai afirmar que a ciência não progride de uma forma linear isso se choca frontalmente com quem com o argumento que a gente viu lá no primeiro vídeo do positivismo concordam o positivismo vai ter aquela ideia de que a ciência é feita a partir de tijolinho sobre tijolinho né eu aprendo um pouco coloco um tijolinho a partir disso que eu já sei eu acumulo mais um pouco coloco mais um tijolinho o cum vai falar assim cada revolução quebra todos os Muros E a gente
começa de outro ponto né então para Progresso da ciência não é contínuo ele não é linear ele é pautado por essas revoluções e portanto ele é episódico né a ciência não é essa linha reta essa explicação contínua né Eh que que se poderia imaginar de uma forma eh positivista por exemplo né então quando se começa um novo paradigma ele vai falar o novo paradigma pode não trazer nada do paradigma anterior ou vai trazer muito pouco ele vai puxar apenas alguns aspectos de novo é mais fácil da gente entender isso pensando nos exemplos da física né
E com isso a gente não pode falar de forma alguma numa ideia de continuidade numa ideia de sedimentação numa ideia de tijolinho por tijolinho ao dizer isso Ele tá dizendo que não que a ciência eh não produz verdades ele vai falar lá olha a verdade é algo que deve ser buscado mas ele é completamente contrário às explicações totalizadoras ou seja completamente contrária à aquela ideia de que a ciência pode chegar em cláusulas pétreas essa concepção de uma lei eternamente durável né agora tal qual de novo argumento positivista de que se que estaria pairando acima dos
contextos Acima das histórias da humanidade ele falar Não não nunca se vão ter explicações totalizadoras sobre como que funciona o mundo Ou seja a as ciências elas não vão descobrir a verdade do universo né Essa Ideia é uma ideia ficcional a gente vai descobrir né respostas para problemas historicamente situados né e problemas internos a determinadas comunidades de praticantes e nunca algo que possa transbordar como uma verdade Universal válida qualquer tempo para qualquer ciência né ao fazer tudo isso né somando-se então todos esses argumentos que ele apresenta e todas essas características o que com está eh
discutindo né e argumentando de uma forma muito consistente e muito original é colocar a ciência como um empreendimento humano ou seja a ciência ela é feita por pessoas né Ela é um praticado em comunidade e ela é eh ele ela é uma forma de conhecimento que tá sujeita então a essas características das sociedades aos seus contextos históricos aos seus contextos sociais a essas relações de poder né quando eu digo não é qualquer doutoranda que vai mudar um paradigma quando ele tá falando isso né ele tá falando que a ciência tá dentro dessas relações sociais ele
tá situando a ciência como um elemento interno às relações sociais e não algo que paira né Eh distinto de todas as outras formas de de conhecimento e de todas as outras formas do ser humano se relacionar a ciência é o empreendimento humano e é Central Portanto o lugar das Comunidades científicas para validar os paradigmas para identificar os momentos de crise para praticar ciência normal tudo isso só faz sentido em conjunto diferente daquela ideia né de uma lógica interna extremamente eh racional de como que funciona essa prática científica ao argumentar tudo isso O Thomas Kun de
uma forma não premeditada se tornou um dos Pioneiros desse Campo de estudos que é bastante amplo que é o campo dos estudos sociais em Ciência e Tecnologia né então com se tornou eh a discussão da estrutura das revoluções científicas e a abordagem mais Ampla proposta por cum se tornaram os pilares né da sociologia da Ciência da antropologia da Ciência da história da ciência né E mesmo da filosofia das ciências também né então ele eh Alguns biógrafos falam que ele rechaça um pouco esse lugar de pioneiro né da soci olia da ciência ele se colocava sempre
como um físico e no máximo um Historiador das ciências mas é inegável a contribuição que ele deu para esse novo campo de estudos para mostrar como bom ciência é uma forma de se compreender as relações eh sociais né e de se compreender como como a sociedade eh se faz e se refaz também por meio do conhecimento científico acho que esses são os aspectos mais centrais né da obra do Thomas Kun eu tenho certeza que vocês lendo vão encontrar muitos outros elementos interessantes sugiro também fazerem a leitura complementar que tá indicada e caso vocês tenham eh
alguma dúvida né Tem algum elemento que chamou mais atenção eu peço para vocês comentarem nos fóruns da disciplina e a gente conversar sobretudo trazerem as dúvidas de vocês no nosso plantão síncrono é isso conseguimos conversando abraços tchau tchau