O que você vê quando olha para mim? | Juliana Souza | TEDxSaoPaulo

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TEDx Talks
Juliana fala sobre a sua jornada de vida que levou ela a ser uma advogada bem sucedida. Juliana Sou...
Video Transcript:
[Música] [Aplausos] [Música] quando me convidaram para estar aqui com vocês e trazer uma ideia que merece ser espalhada eu fiquei em dúvida sobre o que dizer pois eu tenho muitas dessas ideias especialmente de madrugada bem ali na hora de dormir sabe parece que é aí que as melhores temam aparecer não é é assim como vocês também mas Brincadeiras à parte na real me vieram algumas dúvidas à cabeça do tipo como fazer caber em minutos palavras séculos de silêncios meus e de tantos e tantas de mim ou que fantasia Eu visto para me fazer digna de
ser escutada [Aplausos] Afinal no país que tem medo de vozes como a minha enunciar é sempre um ato de responsabilidade coletiva e descoberta individual falar e ser ouvida é quase sempre inédito categorias fechadas com o único exemplar Lar que representa toda a espécie já conheço o x já conheço o y já conheço o z logo já sei sobre você me lembrei que eu sou uma mulher negra o país em que a cor da pele chega primeiro me lembrei que eu parto de um desafio imenso que é competir com a história mas me lembrei também que
esse mesmo Brasil precisa se olhar no espelho da história e entender a partir daí que legado quer transmitir por isso eu estou aqui gente nos últimos 5 anos eu tenho andado demais conhecido muita gente eu sou uma pessoa bem relacionada mas o fato é que eu ouvi algumas coisas que me deixaram reflexiva eu ouvi que eu sou muito apressada e que eu tenho que aprender a respeitar o tempo das coisas eu ouvi também que sucesso grana fama credibilidade prestígio se constroem com muito trabalho e esforço individual mas o que tenho observado é que nas últimas
décadas as minhas mais velhas os meus ancestrais trabalharam muito comeram muito mal dormiram muito pouco e morreram muito cedo então eu me pergunto será que eu não tenho o mesmo motivo para ter pressa Eu sou Juliana Souza essa mulher negra linda que vos fala essa autoestima reconstruída diariamente se vocês procurarem por mim no Google vocês vão encontrar coisas como advogada de ex BBB ou a advogada do Bruno galasso da Giovan OB ou ainda a menina que fez uma live com a cantora Anita e atingiu 25 milhões e meio de views em 24 horas a idealizadora
da proposta que levou a primeira mulher negra a diretoria do maior Instituto de Ciências criminais da América Latina o IBC km em 26 anos de história a autora do livro torrente ancestral escrito em 10 dias ou melhor em 10 madrugadas com a minha casa em reforma advogada que criou o fundo Esperança Garcia de combate ao racismo e a homotransfobia Sim eu sou isso e algumas outras citas mas mas o título que eu mais me orgulho de entar é de ser a filha orgulhosa De uma dinastia de trabalhadoras domésticas filha de tercília Conceição tá ali as
mulheres que precisaram ser fortes para que hoje eu posso escolher não ser o tempo todo nos últimos anos nós somos incentivadas a inaugurar a empreender a estrear mas uma realidade de ausência e solidão que se apresenta agora de uma outra forma como quem diz te avisei para não tentar você já sabe qual é o seu lugar vou dar aqui um exemplo da minha infância aos 12 anos de idade o racismo me foi apresentado dentro da escola aluna aplicada que sempre fui a professora saiu da sala e pediu que eu copiasse na lose a lição PR
os demais colegas e lá fui eu Eis que entra na sala um garoto que estudava ao lado menino de pele parda reconhecido por ser um dos mais bagunceiros da escola ele entra Vem a mim protagonista aparentemente respeitada pelos demais colegas que copiam a lição em silêncio ele se aproxima de mim e diz ô menina seu cabelo tá faltando né Eu em choque respondo não não tá não e ele diz insiste Está sim sua mãe arranca o seu cabelo PR lavar panela naquele instante algo se modificou em mim para sempre faz uns 3 anos que eu
consigo falar sobre esse episódio Sem chorar e hoje quase 20 anos depois eu percebo que somos des incentivadas desde crianças pelo racismo pela discriminação pelo preconceito então Eu lhes pergunto Afinal na arena da abundância do protagonismo da referência cabem quantas de nós precisaremos estar ancoradas na armadura de guerreira toda vez que ousarmos desafiaram não lugar quem nos ajudará a iniciar não exigindo que acertemos a coreografia irretocavel já na estreia eu acredito que não estamos ancoradas na máxima de que o jardim do lado é mais verde é que desse lado de cá não pinga uma gota
faz séculos somos extensos Campos de terras férteis mais compelidas a improdutividade contra litros de tempo pausa adubo experimentação erro e acerto acolhidos na mesma medida onde não importa quando e se a colheita vem somos filhas ilegítimas de uma pátria que tem medo do que a nossa liberdade e genialidade podem produzir e mobilizar que nos relega aos bastidores a mercê da Sorte da memória ou do humor do aliado ou liderança da vez a quem devemos ser eternamente E extremamente gratos ressalvadas raras exceções o que vemos são alianças frágeis paridas na contradição da culpa e da agência
encontrando ali o Acorde entre caridade e responsab em que é complexo reconhecer o pleito de protagonismo para quem sempre foi objeto para fagar o ego aos 13 anos eu me mudei PR escola mais importante da minha vida o escadão da Paz extremo da grande São Paulo na cidade de tapevi casa mista parte madeira parte alvenaria chão de terra 132 degraus abaixo da linha da rua imersa portanto no subterrâneo da Resistência olha ser moradora de favela naquele contexto me ensinou algumas coisas antes de meu boletim estrelado da minha classificação para final da Olimpíada de Matemática representando
a escola de meu sonho de ser juíza de Meu Canto afinado de minha eleição como vice-presidente do Grêmio escolar além da cor da minha pele chegaria também o meu CEP isso determinaria quem eu era e até onde eu poderia chegar mas gente persistência é o meu sobrenome [Aplausos] e nos anos que se seguiram eu cortei os trilhos muitas vezes de barriga vazia mas com o coração e muitas vezes os olhos transbordando Esperança eu sou Vivi a rejeição e ausência de pertencimento e referência Na graduação muitas vezes a única aluna negra na sala durante semestres passei
de primeira na OAB desacreditada por essa mesma turma que recentemente me escreveu pelo LinkedIn vocês acreditam mas aí veio o outro não reprovada no último ano por uma professora que me perseguia eu precisava somente que ela antecipasse uma prova para mim o que ela não fez paraesta que vos fala mas fez para uma colega minha que foi pra Disney foi então a minha primeira defesa levei o caso ao conselho da faculdade resultado 7 a se a meu favor mas o meu pedido não foi aceito não foi deferido me deram tão somente a oportunidade de fazer
a prova aquela que eu pedi meses depois no ano seguinte resultado a primeira da família que acessa a universidade mas sem formatura no ano seguinte meses depois estudando sem quaisquer notícias da faculdade finalmente fiz a prova tirei oito enfim advogada grandes poderes grandes responsabilidades mas sem os honorários respondentes porém contudo todavia minha gente a sorte mudou a gira girou e eu já estou aqui falando com [Aplausos] vocês recentemente eu comprei um apartamento entre Pinheiros e Vizinho ao local em que minha mãe entrava exclusivamente pela porta de servios para limpar hoje nós que sempre moramos nos
fundos vemos do Déo andar da janela frontal o espolador mas a minha vista favorita é do solip recentemente eu estive na ONU em gen em Nova York levando a minha voz e o meu trabalho Seu Jorge que se tornou um colega recentemente me convidou para jantar na casa dele com meu companheiro eu me ousi e me atrevi a cantar Maria Rita que era uma grande referência na música se tornou uma amiga e abriu espaço para que eu vendesse os meus livros no show dela quando eu me dei conta disso gente eu eu parei de me
encolher para caber nos lugares e nas relações que me queriam menor pois lhes conveniente era D escassez de exemplos visíveis de possibilidades para pessoas como eu da ausência de oportunidades para pessoas como eu nasce um sonho individual de emancipação coletiva fundo então o Instituto desvelando Oris desvelar apresentar revelar Oris é uma palavra africana da língua ubai significa cabeça estamos falando portanto de um processo de tomada de consciência para todo e cada brasileiro transmissão de legado vontade de potência descobrir o poder da própria voz é algo extraordinário [Aplausos] experimentem [Aplausos] durante muito tempo eu estive nos
Bastidores construindo histórias e projetos dos quais eu muito me orgulho mas o que era imaginável aconteceu chegou a hora de também poder me mostrar Gente vou ficando por aqui mas a gente se encontra nas vielas nas nas telas nas redes no tribunal no palco a gente se encontra na vida pois eu aprendi melhor eu relembrei porque eu tinha certeza disso aos meus 10 anos de idade que aqui também é o meu lugar o nosso lugar obrigado [Música] [Aplausos] ah
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