[Música] [Música] k todo encontro gera algo em nós todo dia algo nos toca nos contagia emoções afloram reações se manifestam é impossível não nos afetos Pois é impossível não interagir com o nosso entorno que nos constitui nos dá Contorno e nos molda que afetos nos paralisam e quais afetos nos movem o poder dos afetos umaos psicanalítica tema desta série do Café [Música] Filosófico Quantas coisas sentimos num Único dia de nossas vidas quantos afetos agradáveis ou Dolorosos o mundo nos provoca e quantas coisas escondemos sentir por medo de sofrer de demonstrar fragilidade de parecer inadequado o
que o mundo de diz que é certo sentirmos que afetos aprendemos a buscar e a desejar que afetos aprendemos que são os ideais e o que causa em nós essas tentativas de banir os afetos ditos negativos do Nosso repertório afetivo a filosofia de Espinosa nos ajuda a refletir sobre os afetos e a forma como nos afetamos e eu vou começar eh lendo um trechinho do prefácio da a parte três do livro de Espinosa o principal livro de Espinosa que é a ética ele diz assim as pessoas em geral atribuem aí agora aspas né atribuem a
causa da impotência e da inconstância dos seres humanos não a potência comum da natureza mas algum defeito da natureza humana a qual por isso deploram ridicularizam desprezam ou abominam e a aquele que for capaz de recriminar a impotência da mente humana de forma mais eloquente Será endeusado que que Espinosa tá criticando e que corresponde ao ao que a gente está mais acostumado assim no senso comum que normalmente é e é frequente é comum enfim é usual as pessoas em geral pensarem num nos nossos afetos como defeitos como se a gente devesse por algum motivo enfim
ser sem afetos Ou pelo menos sem afetos negativos e isso faz com que psicologicamente a gente tenha sempre a tendência de ter um modelo quer dizer na verdade para sentir dessa maneira a gente já tem consciente ou inconscientemente um modelo de que o ideal seria a gente não ter nunca nenhum afeto negativo Espinosa critica isso justamente por Espinosa ele quer mostrar que não existem sentimentos em algum lugar por exemplo o amor como ideia pura e cada um de nós a gente se aproxima ou se afasta ou participa mais ou participa menos do amor ideal ou
qualquer outro afeto ou para falar dos afetos ruins digamos né ah o ideal seria eu nunca sentir raiva ou eu nunca ficar triste mas isso não existe e fica claro a gente entender que não existe quando a gente entende a natureza dos afetos Então a primeira coisa é entender que afeto e aí o Espinosa ele usa o termo afeto eh de propósito Porque até então o que era usado era paixões emoções sentimentos então que a gente sente emoção o que nos move Paixão já tá ligado a Patos enfim à passividade ou a sofrimento e eh
Espinoza ele vai falar de afeto por quê Porque o que a gente sente é porque nós nos afetamos e é impossível não se afetar então a gente se afeta porque a gente interage com as coisas com o ambiente com o outro com as ideias com enfim e ao interagir Isso significa que a gente se afeta então não tem como não nos afetos e mais a gente só conhece porque se afeta Então a primeira coisa se existem e existem afetos ruins afetos tristes afetos enfim que nos fazem mal que não nos fazem bem a primeira coisa
é a gente entender primeiro que faz sentido que existam toda vez que a gente é contrariado ou para usar um termo de Espinosa que a nossa potência de ser de pensar e de agir é diminuída nessa interação com as coisas então a medida em que Justamente a gente idealiza uma possibilidade na verdade impossível de não se afetar ou não se afetar mal a gente cria um modelo mental meramente mental que vai servir como um parâmetro inalcançável pra gente e isso vai ter uma consequência afetiva a gente vai se afetar pior ainda porque além digamos da
contrariedade da dor da tristeza em questão ou mesmo de uma alegria ou de um afeto positivo mas que se a gente tiv essa idealização a gente vai achar que poderia ser ainda melhor ou vai ficar na dúvida se é ou não é o modelo ideal a gente vai evidentemente se afetar mal por esse tipo de reação de pensamento e pra gente entender ainda melhor essa assim como que a nossa mente funciona eu vou falar do que eu chamo de filosofia da mente em Espinosa que eu eu eu vejo eu leio eu percebo no livro dele
chamado tratado da emenda do intelecto falando mais simplesmente de uma reforma do pensamento então num certo sentido o que eu quero assim propor a vocês né apresentar e propor também que que a gente já Vá fazendo esse exercício é uma reforma do pensamento Espinoza ele diz que essa reforma do pensamento que ele propõe no Tratado da reforma do intelecto é necessária para entender bem o livro principal dele que é a ética tradicionalmente se pensou tanto pelas filosofias que em geral São metafísicas quanto eh pelas doutrinas religiosas que nós somos um corpo e Uma Mente ou
um corpo e um espírito um corpo e uma alma ou o corpo e a razão então essa dicotomia é o que a filosofia chama de Ontologia né é uma interpretação da ontologia como as coisas são aí no caso do ser humano Hum o que Espinosa e e não só ele mas ele como o grande autor da imanência ele vai perceber que não é assim que nós não somos um uma uma combinação de duas substâncias uma extensa e uma pensante que nós somos uma só unidade e mais que essa unidade é uma modificação da natureza como
um todo então nós somos o modo da substância única única que é o Real Espinosa ele vai usar o seguinte termo ele vai dizer assim nós somos um corpo e sua ideia quando ele coloca e sua ideia ele tá querendo dizer que nós somos um corpo pensante um corpo pensante Ou seja que não existe corpo sozinho corpo é sempre vivo mesmo quando a gente pensa matéria inorgânica en tá sempre combinação movimento então anima a Ânima é J igual desenho animado é que se move tá tudo sempre se combinando se movendo interagindo como que Espinosa define
afeto ele diz afeto é uma modificação do corpo e sua ideia como que ele define a mente ele vai dizer a mente é essa ideia do corpo e sua ideia então nós somos um corpo pensante o pensante é a mente então a mente é o quê dito no sentido contrário a ideia do corpo então nós somos uma coisa só um corpo pensante um corpo e sua ideia a mente é o quê é a ideia do corpo e a definição do afeto Como Eu mencionei é uma modificação do corpo a gente tá sempre interagindo e portanto
sempre se modificando uma modificação do corpo e sua ideia como não tem modificação do corpo sem ideia sem pensamento o que que Espinosa tá dizendo que nós somos um corpo afetivo e que ser um corpo pensante e ser um corpo afetivo é a mesma coisa e que Portanto o afeto é a nossa primeira ideia o afeto é o nosso primeiro pensamento então quando a gente se afeta a gente já está pensando e isso embora digamos possa parecer eh não familiar no entanto é uma experiência corriqueira cotidiana porque justamente digamos a gente vê um ouve uma
palestra vê um filme eu tá andando na rua acontece alguma coisa que a gente nem tá prestando atenção aí às vezes a gente modifica fica o o afeto passa a ficar de bom humor de mau humor e não tá percebendo por foi uma interação afetiva E se alguém pergunta não me fala do desse filme Ah por que que você tá assim ah nem sei eu tô assim nem percebi a gente não vai tentar justamente explicar E aí vai saindo justamente todo um um raciocínio que a gente fez que a a psicanálise vai vai chamar atenção
que é inconsciente e Eu discordo de Freud lacano é o inconsciente não é é somos nós é o nosso corpo e Su ideia o nosso corpo pensante que raciocina que pensa porque o afeto já é o pensamento então a gente pensa ao se afetar queiramos ou não ok aí a gente pode pensar sobre isso quando a gente pensa sobre isso a diz Espinosa a gente vai tomar essa ideia do corpo que é o pensamento do corpo que é o afeto essa ideia do corpo como objeto de pensamento Então a nossa mente produz uma ideia da
ideia do corpo aí é o pensamento reflexivo que pode ser mais ou menos consciente o inicot ele vai dizer nós somos não existe um corpo sozinho nós somos um psiques soma é igual corpo su ideia nós somos um psique soma Isso quer dizer o quê é um um soma materi um corpo né uma materialidade que é ao mesmo tempo psíquica e existe uma função do psoma que é pensar ae desse psiquismo aí ele vai chamar de mente então nos termos deic a mente é uma função do psoma é bem próximo né do que acabou de
apresentar nós somos um psoma ou seja o psiquismo é a elaboração imaginativa da atividade somática definição que o d ou seja a nossa mente está o tempo inteiro elaborando as nossas interações justamente porque a gente se afeta e e a gente tem o ser humano tem claramente essa função de pensar sobre isso que em Espinosa vai ser ideia da ideia ter ideias da ideia no próximo bloco quando eu me defendo dos meus próprios afetos da minha própria vida do que eu sinto o horizonte disso como modelo pra gente entender é a depressão para os filósofos
da corrente metafísica como descart haveria no ser humano a divisão entre a natureza do corpo e a da Alma um dualismo entre a nossa existência física e aquilo que de imaterial é em nós como os nossos pensamentos e sentimentos para Espinosa não há essa divisão nós somos a junção uma continuidade do nosso corpo com a nossa ideia desse corpo o psicanalista winc também considera que somos uma unidade psicossomática a natureza humana não é uma questão de corpo e mente e sim uma questão de psique e soma interrelacionados que em seu ponto culminante apresentam um ornamento
a mente em wiot ele vai dizer assim é muito importante para nossa saúde psíquica que a mente esteja integrada ao psique soma aí vamos passar para Espinosa Espinosa ele vai dizer quando eu me deparo com qualquer coisa mais ou menos consciente de que isso está acontecendo que me afete mais ou menos na minha mente eu associo imagens e ideias com o que eu já conheço acho que também é uma experiência comum que todos nós claramente temos associo imagens e ideias para reconhecer as coisas né isto é uma caneca caneta Isso é uma caneca Enfim então
eu associo o que é familiar e justamente o que que escapa ao familiar quando eu interajo com alguma coisa O que é Vivo ali naquele momento escapa justamente o atual o novo que Espinosa vai chamar a essência da coisa singular que essa Essência ela é atual ela tá acontecendo ali então é uma compreensão que não cabe numa representação Então como que eu entendo uma dissociação psíquica quando eu me deparo com um afeto eh desagradável quando eu me afeto diminuindo minha minha minha potência de agir quando eu me entristeço quando enfim de algum modo eh eu
me deparo com alguma dor e sinto alguma dor é é compreensível que como uma defesa psíquica de alguma maneira eu quero me afastar desse afeto que tá me fazendo mal a maneira assim mais digamos eh compreensível ou automática ou natural é eu para mim mesmo tipo um alto engano meio que fingir que eu não tô sentindo aquilo eu não quero pensar naquilo pensar naquilo me machuca Então por que que eu vou tocar na ferida E aí o o que que em geral as pessoas né a gente faz a gente associa aquilo a imagens de outras
experiências argumento de autoridade Espinosa diz experiência vaga ou seja falsos universais generalizações que que vão entre aspas explicar o que eu tô sentindo Só que essa explicação é uma maneira de não pensar no meu afeto singular é uma maneira de assim ah tô sentindo isso por tal coisa ou Ah esse esse afeto não é um afeto é um sentimento que existe Ok pronto não quero mais pensar nele só que é um afeto então a gente continua se afetando não compreendeu na na singularidade eu na minha dor naquele momento aquela dor singular quando eu associo então
a a imagens e ideias familiares para não compreender para não entrar em contato para não compreender o que eu tô sentindo eu tô tendo a forma metafísica de pensar eu tô pensando não o a realidade não o atual não o novo eu não tô conseguindo me abrir pro novo porque preventivamente defensivamente eu tô querendo encaixar o novo no já conhecido que eu me sinto seguro então eu não corro nenhum risco de me afetar pior ainda e tudo então já coloquei na caixinha lá do do da representação do que eu já conheço Tenho uma sensação de
controle não corro riscos afetivos em compensação eu me oto eu me fecho para que eu tô sentindo tanto para sentir alegrias quanto para sentir tristezas também porque se a gente não sente infelizmente funciona assim né Elas continuam são recalcadas continuam agindo então a forma metafísica de pensar é claramente uma defesa psíquica e uma maneira de não se P em contato com os nossos afetos E aí a gente pode Claro não se pô em contato com os afetos ruins mas o fato é que a gente não se P em contato também com os afetos bons em
uma carta enviada ao matemático jaes hadamar Einstein escreveu as palavras e a linguagem escrita ou falada não parecem desempenhar papel algum no mecanismo de meu pens penso as entidades psíquicas que servem como elementos de pensamento são certos signos e imagens tomado do ponto de vista psicológico esse jogo combinatório é a característica principal do pensamento produtivo antes que se Estabeleça um vínculo qualquer com uma construção lógica em palavras ou outros signos comunicáveis aos demais apenas numa segunda etapa as palavras ou outros signos convencionais devem ser desenterrados quando o jogo de associações já se estabeleceu suficientemente e
pode então ser reproduzido na mesma carta Einstein afirma ainda o que vocês chamam de consciência é apenas um caso limite que nunca se realiza completamente neste mesmo sentido o psicólogo Max ver Heimer conta que asem havia lhe dito Raramente eu penso com palavras um pensamento vem e somente depois eu posso tentar exprimi-la em palavras como assim né esse pensamento anterior à representação anterior à linguagem enfim eh e e não tem nada de estranho eu diria inclusive assim que mesmo as pessoas que estão estranhando o ain né nesses textos enfim e cada um de nós que
não tá habituado a a a a prestar atenção que é assim que a nossa mente funciona a mente funciona assim para todo mundo a gente sempre pensa queiramos ou não a gente pensa sem prestar atenção em que tá pensando a gente vê em várias experiências né enfim lá às vezes seja para o bem ou para mal questões aflitivas ou não que a gente encontra soluções n dizia que ele pensava melhor andando Quantas vezes a gente não encontra soluções dormindo justamente quando a a nossa nosso desejo de controle do pensamento sem a gente perceber Uma Mente
que não tá integrada ao psiques soma quer resolver tudo e aí fica o pensamento batendo na cabeça ansiedade que é um dos grandes males contemporâneos é claramente isso a mente não para e se a mente não para é o quê é a mente dissociada não para e quando ela para Ufa as ideias brotam a gente é criativo sem precisar ser uma originalidade social a gente é naturalmente espontaneamente cri justamente quando a gente se identifica com o psiques soma se identifica com o corpo e sua ideia com a ideia do corpo e deixa que a gente
pense Então não é assim e meu corpo está pensando não sou eu e não é exatamente o corpo o corpo pensante é o psiques soma se eu quiser ficar no controle na verdade não sou eu que tô no controle porque Justamente defensivamente a gente tá querendo controlar o que pensa o que não pensa encontrar soluções por um raciocínio dissociado como quem tá olhando pra coisa ao invés de sentir de Se permitir sentir enfim você vai ver um pô do sol se você for ver um pô do sol com um um modelo ideal na sua mente
Ah o pôr do sol tem que ser de tal maneira tá aí digamos tá meio nublado ou apareceu uma nuvem e foi diferente da imagem que você tinha e você se decepciona fica evidente né você tá simplesmente deixando de aquele pôr do sol que pode estar lindíssimo e cheio de de coisas maravilhosas mesmo que esteja diferente do modelo que você com o qual você chegou na experiência então essa abertura pro novo é a mesma coisa que abertura pro atual e isso é a criatividade que o winot chama criar o que já existe significa exatamente o
qu Você tem uma vivência que é sua daquele momento daquilo que tá de fato acontecendo que e que é uma maneira de entender que a gente tá falando o quê de imanência imanência E aí a gente chega para para um outro ponto que é justamente a gente pode falar isso que eu tô dizendo em termos de paradigma existe um paradigma grosso modo metafísico que pensa as coisas na representação dá para entender que que qual é digamos a pretensa utilidade ou a intenção de fazer isso eu penso tudo na representação que assim a minha relação com
o Real fica sendo uma relação mediada pela representação então não tenho sustos não tenho risco não tenho fortes emoções eu abro mão de alegrias intensas mas ao mesmo tempo evito também tristezas intensas é isso a metafísica como defesa psíquica é isso que tá em Platão que tá em descart que tá em Kant que tá em Hegel mas é mais do que um paradigma essa versão da metafísica é uma defesa psíquica num certo sentido ela é uma mentira porque quando eu me dissocio da ideia do corpo quando eu me defendo dos meus próprios afetos da minha
própria vida do que eu sinto o horizonte disso como modelo pra gente entender é a depressão por quê Porque Justamente eu me afasto da minha força tal usando o termo do inicot do meu conatus que é o termo Latino que Espinosa usa da minha potência de vida então para eu est em contato com a minha potência Opa eu preciso justamente aceitar essa compreensão dos afetos que não precisa gerar medo historicamente a própria ideia digamos do processo civilizatório foi uma ideia digamos uma metafísica posta em prática para se ter justamente todo um aparato Cultural de uma
sociedade que seria e e foi e é funcional a um custo psicológico terrível E no entanto individualmente mudando essa compreensão a gente pode entender que a gente pode viver seja em que contexto for Claro tem contextos que favorecem e contextos que não faem viver essa criatividade espontnea essa abertura pros nosos afetos e essa compreensão dos afetos no próximo bloco medida que o desejo aumenta Nossa pocia de agir a gente vivencia uma alegria medid em que oe ao é reprimido olha oego a gente sente nocia de ser e de agir diminuindo isso é a [Música] tristeza
como deveríamos gerenciar a nossa forma de sentir e de manifestar os nossos afetos ao longo dos séculos as sociedades vem criando leis e normas para regular essas formas de manifestá-los sobretudo aquilo que se entende como afetos ruins Kant em Sua obra Crítica da Razão prática afirma nosso eu embora seja inteiramente inadequado para a legislação Universal deve esforçar-se contudo por fazer valer de antemão as pretensões da moral a lei moral a única verdadeiramente objetiva exclui totalmente a influência do amor de si já Espinosa em um sentido oposto entende que aqueles que aprenderam a censurar os vícios
e se aplicam a conduzir os homens pelo medo de modo que fujam do mal não pretendem senão tornar os demais tão infelizes quanto eles próprios forte né olha mas para mim é muito cristalino e límpido basicamente o que que o c tá propondo ele tá dizendo assim é curioso porque ele menciona Espinosa né c é posterior Espinosa ele fala assim não faz sentido Espinosa propor assim como digamos uma um um da ética a felicidade o se afetar bem descante porque cada um se afeta bem de um jeito e a gente não tem controle sobre se
afetar bem cant ele quer buscar o quê um algo seguro que ele só vai encontrar onde na representação na dissociação na não integração entre essa ideia da ideia e a ideia do corpo entre o pensamento e o psiques soma então ele vai propor que existiria que não existe mas deveria existir uma ideia pura Uma Razão Pura e que a gente tem que se guiar por essa razão pura essa pura forma da Razão segundo Kant não vai fazer a gente ser feliz mas a gente está no caminho do certo eu não sei que que vocês estão
pensando a pergunta assim por que o caminho do certo ah porque é imutável em termos de Espinosa fica muito claro isso é pura imaginação é pura imaginação tem nada de razão é eu digo a metafísica que é a filosofia respeitada e se que se acha respeitosa e tá tá tá é filosof e filosophy Fiction igual tem science fiction philosophy Fiction porque não existe essa Razão Pura é claramente uma imaginação meramente uma idealização pura imaginação de como seria é legal né Se existisse uma Razão Pura aí aí que que o cant propõe não você não vai
ser feliz mas você vai ser digno de felicidade por quê que critério Eu acho assim tão pueril e quando eu digo pueril eu digo inclusive pensando em inicot o inicot ele vai mostrar que esse princípio metafísico dicotômico do certo errado bem ou mal faz sentido paraas crianças que a criança Meus filhos sempre foram assim também e eles querem que a gente simplifique eles querem simplificar para poder ter um pouco de controle sobre o que é certo e errado eu pros meus filhos às vezes eu falava não ó Tem que ver isso aí para papai tá
certo ou tá errado o inicot ele descreve exatamente isso num texto dele moral e educação Ou seja a filosofia meta física é imatura não conseguiu amadurecer que que é o amadurecimento segundo Espinosa é justamente você conseguir perceber a singularidade das coisas Espinosa diz eh não existe a humanidade ou o homem existe Fulano beltrano então que você faça por imaginação um ente de razão o homem isso tem que ter alguma função mas não a função de se defender das pessoas singulares é uma defesa psíquica isso que Kant descreve Olha que curioso e eu concordo com Freud
quando ele propõe o conceito de superg e mais de um superg castrador de um superg Cruel com o próprio ego com o próprio eu ele vai dizer o superg funciona o superg Entenda se o Cruel exigente funciona como imperativo categórico cantiano e o que que é esse superg na prática essa Instância interna que atrasa a vida de cada um de nós que não tem nenhum benefício E aí a gente passa para um outro ponto que é justamente que que eu quero dizer com não tem nenhum benefício qual seria o benefício de uma repressão qual seria
o benefício de um superg Cruel exigente castrador que tem como contrapartida um preço alto que é deprimir as pessoas fazer elas terem síndrome de impostor fazer elas se sentirem seguras fazer elas não se sentirem bem na própria pele fazer elas acharem que estão sempre com o diferente do que tão com a formação diferente do que tão com a história de vida diferente do que deveria com a mente diferente do que deveria é tudo o dever cantiano deveria ser outra coisa isso é em termos psíquicos usando os termos do Freud é essa Instância interna que a
gente acaba formando sobretudo quando enfim teve uma uma função paterna também exigente qual seria o benefício desse tipo de auto exigência de autocobrança seria evitar as pulsões Freud e Lacan erraram claramente nisso penso que a pulsão de morte originária evitar uma pulsão interna que é caótica que vai destruir a a a civilização as pessoas e cada um de nós então a gente tem que se autorre reprimir porque senão a gente vai ter um surto Psicótico a gente vai virar um um tarado sexual ou vai destruir as pessoas querer destruir o outro e não é isso
que acontece ao contrário com Espinosa o que acontece é a medida em que a gente reprime porque não é a pulsão malvadona à medida que a gente reprime a nossa força vital à medida que a gente reprime o o o o a nossa criatividade Aí sim a gente vai ter afetos reativos aí eu passo pro Ponto Central para diferenciar justamente os afetos ao invés de fazer uma dicotomia pulsões fazem mal eu tenho que reprimi-las o preço disso é eu deprimir e assim Opa se eu entendo que na origem não tem uma pulsão de morte não
tem uma pulsão selvagem bestial que na origem tem ao contrário uma potência de expansão que Espinosa chama de conatos uma força vital que é o termo que o inicot usa Opa aí eu vou compreender os meus afetos justamente para lidar melhor com eles e aí Espinosa propõe várias ferramentas conceituais eu eu uso esse termo para quê Porque é para cada um de nós entender o que entender Opa e começar a se observar sem medo ele vai falar os afetos primários são alegria tristeza e desejo desejo é o próprio apetite as coisas nos apetecem o bebê
nasce ele é curioso ele quer tocar nas coisas ele quer provar da vida é o apetite é o desejo E à medida em que o desejo é aumentado a medida em que o desejo aumenta a nossa potência de agir ele vai falar a gente vivencia uma alegria à medida em que o desejo ao contrário é reprimido olha o superg a gente o desejo é reprimido a gente se aut oprime a gente se oprime a gente sente a nossa potência de ser e de agir diminuindo isso é a tristeza segundo par conceitual afetos ativos e afetos
passivos os afetos passivos a tristeza é claramente um afeto passivo o que que define afeto passivo paraa Espinosa existe uma causa externa que eu respondo a ela ou seja eu sou reativo é um afeto reativo e essa e isso é um afeto passivo então a tristeza é necessariamente passiva porque se a minha potência de agir diminuiu que é o que me faz entristecer é por alguma causa externa alguma coisa me contrariou ainda que seja introjetado super gicamente eu esteja me auto contrariando e me autorre reprimindo a tristeza é um afeto passivo Mas e aí é
o x da questão existem alegrias passivas nem toda alegria é ativa no próximo bloco Espinosa diz assim a virtude não traz felicidade mas a felicidade inevitavelmente traz a virtude para Espinosa o afeto o sentimento é o resultado daquilo que o mundo nos provoca somos afetados logo existimos e no dicionário afetivo desse filósofo existem afetos que aumentam Nossa potência de existir causando alegria e afetos que diminuem Nossa potência causando tristeza para ele não deveríamos buscar o ideal dos afetos daquilo que imaginamos que seja o verdadeiro amor a verdadeira alegria por exemplo muito menos deveríamos desviar dos
afetos negativos a filosofia de Espinosa parece nos convocar para ampliar Nossa coragem de sentir inclusive o que não sabemos nomear e nos faz questionar Que riscos afetivos estamos dispostos a correr na tradição a gente tem Esse costume de contrapor alegria e tristeza acabou alegria é sempre boa né ou então prazer e dor prazer é sempre bom e no senso comum enfim as pessoas se vem encalacrada com certas questões Ah o prazer é sempre bom ah mas não é é bom mas não é bom porque a pessoa fica egoísta narcisista é evidente que o narcisista é
uma pessoa muito insegura tem uma uma frase da música do Jorge Benjor que eu cito com bastante frequência porque eu acho que deixa bem clara a questão eh que diz assim se malandro soubesse como é bom ser honesto seria honesto só de malandragem o egoísta ele não é egoísta ele não tá pensando nele mesmo se ele pensar nele mesmo ele vai parar de ser egoísta o invejoso também se ele fosse pensar nele mesmo ele não ia ser J por não tem vantagem nenhuma não tem vantagem nenhuma odiar tem inveja o que que é bom para
cada um de nós é se sentir potente é se sentir ativo se sentir criativo se sentir vivendo vivo Imagina assim você acorda acordei pô tô me sentindo super bem dormi bem Sei lá tá tô me sentindo bem Ah vou bater naquela pessoa ali vou chutar esse aqui isso não acontece não acontece a última proposição da ética do livro de esp a última ou seja ele fez a ética inteira para eh desembocar nela Espinosa diz assim a virtude não traz felicidade mas a felicidade inevitavelmente traz a virtude porque se você tá sentindo bem não tem por
você ficar com afetos tristes de ódio de raiva de Vingança ou seja uma alegria ativa então uma alegria Ativa é alegria que se explica pela minha própria potência isso não quer dizer que não é na interação com as coisas é é sempre na interação com as coisas mas vamos pensar assim quando eu tenho duas mãos encostadas assim qual é ativa Qual é passiva nemhuma nem outra é uma interação Então vamos pensar assim as nossas interações com as coisas com as pessoas com os acontecimentos Quando nessa interação a interação é uma causa transitiva ou seja desencadeia
um uma alegria que é aquela aquele encontro que tá desencadeando não é com outra pessoa não é com outro por do sol não é com outro ambiente aquele encontro atual singular Real desencadeia em mim uma alegria que se explica pela minha própria potência Isso é uma alegria ativa uma alegria passiva aí só para dar uma alegria passiva pode ser uma alegria à toa tipo uma diversão passa tempo um joguinho mais uma alegria passiva fica mais clara com as alegrias passivas diz Espinosa que são ruins por exemplo você é bem-sucedido numa vingança você é bem-sucedido Na
expressão do ódio olh como isso esclarece questões assim tradicionais da cultura e da civilização O que que a Espinosa tá dizendo Olha só todas essas esses Prazeres que as pessoas pensam Nossa a gente tem que controlar o prazer porque o prazer pode ser ruim e excessivo né são alegrias passivas a alegria ativa não tem excesso a alegria ativa ela pode ser intensa e nunca vai ser excessiva é bom que ela seja intensa e ela nunca vai ser excessiva porque justamente é uma expansão é um entusiasmo enteo Deus dentro Então essa diferença ela é crucial e
mais Espinosa ainda vai falar dos afetos bons e ruins que não é uma propriedade intrínseca do afeto é no contexto afetivo por exemplo uma tristeza pode ser boa quando diz Espinosa quando ela interrompe uma alegria passiva compulsiva excessiva e aí a gente tá na verdade com o afeto passivo fugindo da tristeza Até que em algum momento não dá mais ou acontece alguma coisa que a gente desmonta Opa essa tristeza que em si é sempre ruim naquele contexto ela foi boa porque ela nos tirou de uma compulsão de uma alegria Pass que tava impedindo as alegrias
ativas o desejo que surge da alegria é estimulado pelo próprio afeto de alegria ao contrário o desejo que surge da tristeza é refreado pelo próprio afeto da tristeza buscaremos entre dois males o menor a alegria do amor e o desejo podem ser excessivos e maus já a tristeza da dor se a alegria formar pode ser boa eu queria justamente fazer um pensar em voz alta aqui um pouco dessa psicodinâmica que a gente viu nesses trechos do Espinosa então um primeiro exercício assim rapidamente se a gente for pensar o amor Hum como que Espinosa define o
amor o amor é uma alegria ou seja um aumento da potência de agir concomitante a ideia de uma causa externa então ele não diz o amor é causado por um objeto externo ou por um outro ele diz é concomitante a ideia de uma causa externa isso explica tanto um amor afeto ativo quant o amor afeto passivo no amor afeto ativo Opa eu amo alguém ou me sinto amado por alguém porque na interação com aquela pessoa eu sinto a minha potência de agir aumentada OK agora se eu acho que o outro que é um um um
objeto uma pessoa P objeto no sentido psicanalítico né uma pessoa singular real que tá se compondo na interação comigo no dia a dia etc enfim nos encontros se eu acho que ele é a causa aí Digamos um luto vai ser muito mais forte ou mesmo talvez sentimentos né de um ciúme maior uma possessividade porque o outro não é a causa eficiente digamos não é a causa o outro ele é a causa transitiva no encontro com ele através dele uma potência que é minha se expande aí certamente os lutos são reais e e são necessários porque
uma outra relação vai ser uma outra um outro tudo porque não existe o amor o amor é o nome para uma maneira da gente se afetar Então vai ser uma outra coisa mas é diferente de não o outro é a causa sem o outro isso em qualquer situação né tal vez mais fácil assim na relação interpessoal bom um outro ponto sobre o o amor que eu acho importante mencionar também quando a gente pensa paixão aí tudo bem a palavra paixão tá falando Patos né afeto passivo e é fácil a gente embarcar nas palavras Espinosa diz
não vamos confundir palavras com coisas vamos tentar entender as coisas a palavra para expressar igual o aen avisou a gente lá no início a palavra é para expressar o pensamento o Real as interações afetivos o que importa é a ideia do corpo a ideia da ideia a gente adapta a gente aperfeiçoa o que importa é o que a gente tá vivenciando sentindo quando a gente usa o tempo paixão para mim claramente essa palavra encobre dois sentidos de paixão no sentido Patos Ok mas também do que a gente pode chamar como Eu mencionei de entusiasmo não
é à toa que a gente fala pô eu tô apaixonado pelo que eu tô fazendo tô apaixonado pelo processo criativo tô apaixonado por alguém e o o senso comum e não faltam filósofos e pensadores para repetir quanto mais recrimina né mais endeusado não é a toa que quando a gente fala a gente tá sentindo uma potência no senso comum é assim não mas essa potência é falsa verdadeiro é o amor do mundo das ideias Platônico ou é a a vida insensível que o cant propôs e incrível Faz o maior sucesso não na vida real real
a gente sente essa potência então é claro que na medida em que eu idealizo e me frustro com o real por conta de uma idealização aí a gente vai misturando paixão um afeto passivo entusiasmo afeto ativo Olha que interessante ter essas ferramentas para perceber justamente como em cada complexo afetivo a gente pode perceber os aspectos bons e cuidar deles e perceber opa o que que leva eles como que em que condições eu me sinto assim e os afetos ruins que muitas vezes não é tão difícil assim a gente parar de idealizar parar de comparar com
o modelo ideal de ter esse pensamento metafísico Então esse aqui é o exercício dessa psicodinâmica que Espinosa nos convida para falar ainda de alguns outros afetos importantes mas é importante falar de afeto ruim também porque quando a gente sente afeto ruim se a gente não tá habituado a entender um pouquinho da psicodinâmica dos afetos ruins a gente tenta assim não pensar e ele continua agindo então pensar no Afeto ruim é uma coisa boa diz Espinosa quando eu compreendo uma tristeza a compreensão é uma alegria ativa a gente tem essa experiência também tô me sentindo mal
não tô entendendo por quê Nossa comecei a entender aí a gente já né porque antes ficava aquele mistério Caramba já eu tô perdido passa eu começo a entender ah por isso que eu tô me sentindo mal e isso já dá uma recuperação desse conato dessa potência um afeto importante que eu penso também por exemplo é o ressentimento o ressentimento é justamente o quê uma mágoa Ok com as razões lá de se magoar que mais ou menos inconscientemente a pessoa cultiva não tem como isso ser bom pra pessoa niet ele tem essa frase né o ressentimento
prejudica muito mais ao ressentido do que ao alvo do ressentimento a a mesma coisa também que pode tá ligado ao ressentimento um cultivo do desejo de Vingança evidente que a pessoa quando se vinga ela não se dá por satisfeita porque a vingança é uma tristeza os afetos tristes são autodestrutivos Então a gente tem que elaborar isso por benefício próprio não é por altruísmo porque é bonzinho não para benefício próprio um outro que tá diretamente ligado ao tal do superg a culpa Isso é para nada culpa o inicot ele vai mostrar a culpa é a versão
quando deu errado no nosso psiquismo do que no sentido saudável é o concern em inglês o concernimento o zelo uma preocupação com os outros que vai tá ligado a ao desejo como afeto ativo em Espinosa Espinosa diz assim o desejo pode ser passivo né desejar coisas que não me fazem bem porque eu justamente estô com pensamento metafísico me comparando competindo enfim mas o desejo ativo ele vai dizer assim ele vai chamar de fortitude e vai dizer que tem dois aspectos da da fortitude um é a força do ânimo que é você se sentir potente e
o outro é a generosidade que ele vai falar que é o exemplo que eu dei né você acorda bem Você não vai sair batendo no no outro se você se sente se você sente a força do ânimo naturalmente não tem por você não ser Generoso e não precisa nem usar essa palavra então isso tudo diz respeito à nossa própria potência quando a gente consegue fazer as aos pouquinhos essa reforma do pensamento a gente se relaciona diferente com as coisas e se abre mais pra criatividade da própria vida inscreva-se no canal do Café Filosófico CPFL no
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