Hoje você vai conhecer a história completa do livro de Lucas de uma forma que talvez nunca tenha visto, sem filtros e sem enrolação. Fique até o final e tenho certeza que a história desse poderoso livro vai mudar algo na sua vida. No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo sacerdotal de Abias. Isabel, sua mulher, também era descendente de Arão. Ambos eram justos, íntegros, irrepreensíveis diante de Deus, mas carregavam uma dor silenciosa. Isabel era estéril e ambos já haviam passado da idade de gerar filhos. Numa tarde comum de
serviço no templo, a sorte caiu sobre Zacarias. Era sua vez de entrar no lugar sagrado e oferecer incenso ao Senhor. Enquanto a multidão orava do lado de fora, ele se aproximou do altar, mas de repente algo extraordinário aconteceu. Um anjo do Senhor apareceu em pé à direita do altar. O coração de Zacarias disparou. Ele ficou paralisado de medo. O anjo falou: "Não temas, Zacarias. A tua oração foi ouvida. Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e tu o chamarás João. E não seria um menino qualquer. Ele seria grande diante do Senhor. Não beberia vinho,
nem bebida forte. Seria cheio do Espírito Santo desde o ventre. Converteria muitos filhos de Israel ao Senhor e andaria diante dele com o espírito e poder de Elias, preparando um povo para o Messias. Mas Zacarias, preso à lógica da idade e da esterilidade, hesitou. "Como saberei isso?", perguntou. "Sou velho e minha mulher também." O anjo então se apresentou. Eu sou Gabriel, que estou diante de Deus. Fui enviado para te falar estas boas novas, mas porque não creste, ficarás mudo até que isso se cumpra. O povo esperava lá fora, inquieto com a demora. Quando Zacarias saiu,
não podia falar. Tentava se comunicar por gestos e todos entenderam que ele havia tido uma visão. Os dias passaram. Zacarias voltou para casa e Isabel, sua esposa, concebeu. Por 5co meses, ela se recolheu, dizendo: "Foi assim que o Senhor me fez, tirando de sobre mim a minha vergonha entre os homens". No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel foi enviado novamente. Agora a Galileia, a uma cidade chamada Nazaré. Lá, em uma casa simples, morava uma jovem chamada Maria. Ela era virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, da casa de Davi.
Gabriel entrou e saudou Maria com palavras que a desconcertaram. Salve agraciada, o Senhor é contigo. Maria ficou confusa, perturbada, mas o anjo prosseguiu. Não temas. Achaste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus. Ele seria grande, chamado filho do Altíssimo. Deus lhe daria o trono de Davi, seu pai, e ele reinaria para sempre. O seu reino não teria fim. Maria, ainda sem compreender o impossível, perguntou: "Como se fará isso se não conheço homem algum?" E Gabriel respondeu: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do
Altíssimo te envolverá. Por isso, o que de ti nascer será santo, o filho de Deus." Como prova, ele mencionou Isabel, sua parenta idosa, que já estava no sexto mês da gravidez. Porque para Deus nada é impossível. Então Maria, com fé pura, disse: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo partiu. Logo depois, Maria foi às pressas até a casa de Zacarias, nas montanhas de Judá. Ao entrar e saudar Isabel, algo sobrenatural aconteceu. O bebê saltou no ventre de Isabel e ela foi cheia do Espírito Santo. Exclamou em
alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres. Bendito o fruto do teu ventre. Como me é dado que a mãe do meu Senhor venha a mim!" Maria então respondeu com um cântico que ecoaria pelos séculos. Sua alma engrandecia ao Senhor. Seu espírito se alegrava em Deus, seu Salvador. Ela exaltou o Deus que derruba poderosos e exalta os humildes, que farta os famintos e despede os ricos de mãos vazias, que lembra de suas promessas e cumpre sua aliança. Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois voltou para casa. Chegou o tempo do parto de
Isabel. Ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes celebraram com ela. No oitavo dia, ao circuncidarem o menino, quiseram dar-lhe o nome de Zacarias como o pai. Mas Isabel disse: "Não será chamado João". Questionaram-na e então perguntaram a Zacarias. Ele pediu uma tabuinha e escreveu: "O nome dele é João". Imediatamente sua boca se abriu. Ele falou louvando a Deus. Todos ao redor ficaram tomados de temor. A notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judeia. E todos que ouviam se perguntavam: "Que será pois este menino? Porque a mão do Senhor estava com
ele. Então, cheio do Espírito Santo, Zacarias profetizou, falou sobre o Deus que visitava e redimia seu povo, que levantava uma salvação da casa de Davi, e declarou que aquele menino seria chamado profeta do Altíssimo, que iria adiante do Senhor, preparando seus caminhos, dando conhecimento da salvação e do perdão dos pecados. E assim João crescia. fortalecido em espírito e viveu nos desertos até o dia em que, por fim, apareceria diante de Israel. Naqueles dias, o mundo estava sob o domínio de César Augusto, imperador de Roma. Com o poder de uma só palavra, ele decretou que todo
o império deveria ser recenciado, contado, controlado, registrado. Era o primeiro recenciamento feito quando era governador da Síria. E assim, cada um teve que viajar até a cidade de sua origem para ser registrado. José, um homem justo e descendente do rei Davi, partiu da cidade de Nazaré, na Galileia, e subiu até a Judeia, a cidade de Belém, também conhecida como a cidade de Davi. Levava consigo sua jovem esposa, Maria, que estava grávida. As estradas estavam cheias de viajantes e as hospedarias superlotadas. Em Belém não havia lugar para eles. E foi ali, longe do conforto, em meio
à simplicidade de uma estrebaria entre animais e palha, que o filho de Deus veio ao mundo. Maria deu à luz seu primogênito, envolveu o menino em faixas e o deitou numa manjedoura, um berço improvisado para o Rei dos Reis. Naquela mesma região, pastores vigiavam seus rebanhos durante a noite. Homens simples, acostumados com o silêncio e o frio dos campos. De repente, uma luz cortou a escuridão. Um anjo do Senhor apareceu e a glória de Deus os envolveu. Eles ficaram aterrorizados, mas o anjo lhes disse: "Não temais. Eis aqui vos trago boas novas de grande alegria
que será para todo o povo. Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E como sinal, o anjo anunciou: Encontrareis o menino envolto em faixas e deitado numa manjedoura. De repente, uma multidão celestial apareceu, um exército de anjos que louvava a Deus, dizendo: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem". Os céus se calaram. Os pastores, ainda atônitos, olharam uns para os outros e, sem hesitar, disseram: "Vamos até Belém e vejamos isso que aconteceu". Eles foram apressadamente e encontraram Maria, José e
o bebê, exatamente como o anjo dissera, deitado numa manjedoura. Os pastores contaram tudo o que haviam presenciado e todos os que ouviam ficavam maravilhados com suas palavras. Maria, porém, guardava tudo aquilo no coração, meditando em silêncio. Os pastores voltaram aos campos, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido. Oito dias depois, como mandava a lei, o menino foi circuncidado e lhe deram o nome de Jesus, como o anjo havia ordenado antes mesmo de ser concebido. Quando se completaram os dias da purificação de Maria, José e ela subiram a Jerusalém para
apresentar o menino ao Senhor, conforme a lei de Moisés exigia. Ofereceram um par de rolas ou dois pombinhos à oferta dos humildes. No templo havia um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava sobre ele e lhe havia sido revelado que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Naquele dia, guiado pelo Espírito, Simeão entrou no templo. Quando viu o menino Jesus, tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: "Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos
viram a tua salvação." José e Maria se admiravam com o que era dito sobre o menino. Simeão os abençoou e, olhando para Maria, profetizou: "Este menino será causa de queda e de elevação para muitos em Israel, um sinal que será contradito e uma espada traspassará a tua alma". Também estava ali uma profetisa chamada Ana, já idosa da tribo de Azer. Ela tinha vivido com seu marido 7 anos e, desde então, viúva, servia a Deus dia e noite com jejuns e orações. Ao ver o menino, deu graças a Deus e falava dele a todos os que
esperavam a redenção de Jerusalém. Quando cumpriram tudo conforme a lei do Senhor, José e Maria voltaram para a Galileia, a sua cidade de Nazaré, e o menino crescia, tornava-se forte, enchia-se de sabedoria e a graça de Deus estava sobre ele. Todos os anos, seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando Jesus completou 12 anos, foram como de costume. Após os dias da festa, voltaram para casa, mas sem perceber, deixaram Jesus para trás. Pensando que estivesse entre os companheiros da caravana, caminharam um dia inteiro. Quando se deram conta, voltaram desesperados a Jerusalém. Após
três dias de busca, encontraram-no templo. Sentado entre os doutores da lei, Jesus os ouvia e fazia perguntas. Todos se admiravam da sua inteligência e das respostas que dava. Maria, aliviada, mas aflita, disse: "Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura. E Jesus respondeu: "Por que me procuravais? Não sabiais que me convém cuidar dos negócios de meu pai?" Eles não compreenderam o que ele dissera, mas Jesus desceu com eles e voltou para Nazaré. Era submisso aos seus pais. E Maria continuava a guardar todas essas palavras em seu coração. Enquanto
isso, Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. O tempo avançou. Os dias obscuros do silêncio profético estavam para acabar. O mundo romano, forte e cruel, ainda dominava Israel. César Tibério estava no 15º ano do seu reinado. Pôcio Pilatos governava a Judeia. Herodes Antipas mandava na Galileia. E os filhos de Anás ocupavam em revezócio no templo. Religiosos corruptos dividiam o altar e os governantes estrangeiros impunham tributos ao povo que esperava pela promessa. Foi nesse cenário que a palavra de Deus rompeu o silêncio e desceu, não palácio, nem no templo, mas
no deserto. Lá estava João, filho de Zacarias, o mesmo que havia sido prometido antes de nascer. Agora, um homem feito, com roupas ásperas e voz firme. Ele vivia nas regiões áridas ao redor do Jordão. Sua missão era clara, preparar o caminho do Senhor. Ele não falava com palavras suaves. Sua pregação cortava como espada. Convocava todos ao arrependimento e batizava nas águas do rio Jordão para o perdão dos pecados. E cumpria-se o que estava escrito no livro do profeta Isaías. Voz do que clama no deserto, preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será
aterrado, todo monte será nivelado, os caminhos tortuosos serão retificados e os escabrosos aplainados, e toda a carne verá a salvação de Deus. As multidões iam até ele sedentas de algo novo, mas João não bajulava ninguém. Olhava para os rostos ansiosos e exclamava: "Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzam frutos dignos de arrependimento. Não digam: "Temos por pai a Abraão, porque Deus pode fazer surgir filhos de Abraão destas pedras." e advertia: "O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao
fogo." O povo tocado perguntava: "O que devemos fazer?" Então João respondia com simplicidade e verdade: "Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem. Quem tiver comida, faça o mesmo." Cobradores de impostos vieram e nós? perguntaram. João disse: "Não cobrem além do que vos é ordenado." Soldados se aproximaram. E nós o que faremos? João respondeu: "Não tomem nada à força. Não caluniem ninguém. Contente-se com o vosso salário. E as pessoas começavam a se perguntar se João não seria o próprio Messias, mas ele esclareceu sem se exaltar: "Eu vos batizo com água, mas vem aquele que
é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de desatar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Sua pá está em sua mão. Ele limpará sua eira, recolherá o trigo em seu celeiro e queimará a palha em fogo que nunca se apaga. Com muitas exortações e boas novas, João continuava a pregar ao povo. Mas a verdade tem preço. E João, como voz que não se cala, denunciou o pecado de Herodes Antipas, que havia tomado para si a mulher de seu irmão. Herodes não suportou a repreensão e, além de todos os
males que já cometera, lançou João no cárcere. Antes disso, porém, algo memorável havia acontecido. Entre as multidões que vinham se batizar, um homem se aproximou. Não era um homem comum, era Jesus de Nazaré. E quando foi batizado, algo sobrenatural aconteceu. Enquanto orava, o céu se abriu. O Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como uma pomba. E uma voz veio do céu clara e solene: "Tu és o meu filho amado, em ti me agrado." Era o início de um novo tempo. Lucas então registra a genealogia de Jesus, não apenas para mostrar sua linhagem real
por Davi, mas para revelar sua humanidade profunda. Ao contrário de Mateus, que começa por Abraão, Lucas vai até Adão, desde Jesus, o filho de José, ou como se pensava até o filho de Deus. Porque aquele que acabara de sair das águas não era apenas descendente de reis. Ele era o novo Adão, o filho eterno, o salvador de toda a humanidade. O céu havia se aberto no Jordão. A voz do Pai ecoara. O espírito havia descido, mas antes que Jesus pudesse iniciar sua missão, ele seria provado no deserto. Cheio do Espírito Santo, Jesus foi conduzido pelo
próprio Espírito ao ermo. Não era um passeio, era um confronto. Por 40 dias ele jejuou. Nenhuma comida, nenhum conforto. E durante todo esse tempo, o tentador o assediava. Quando a fome se tornou insuportável, Satanás escolheu o momento mais frágil para se revelar. Com palavras sutilmente afiadas, o diabo disse: "Se tu és o filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão". Mas Jesus não discutiu, não se justificou, apenas citou as Escrituras com firmeza: "Está escrito: "Nem só de pão viverá o homem". O inimigo então o levou a um lugar alto. Num instante mostrou-lhe
todos os reinos do mundo, a glória, o poder, os impérios. "Tudo isso te darei", disse o diabo, "porque me foi entregue e eu dou a quem quiser. Se pois me adorares, será tudo teu". Mas Jesus respondeu com autoridade: "Está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás." Por fim, o levou a Jerusalém, colocou-o no pináculo do templo e, com astúcia usou até mesmo as Escrituras: "Se tu és o filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: "Aos seus anjos dará ordens a teu respeito e eles te sustentarão nas mãos, para que
não tropeces em alguma pedra". Mas Jesus, com sabedoria e reverência, respondeu: "Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus". A Satanás não poôde resistir à verdade e, por um tempo retirou-se, mas não havia desistido. Jesus então retornou da provação no deserto. Agora, cheio do poder do Espírito, desceu para a Galileia. Sua fama se espalhava. Por onde passava, ensinava nas sinagogas e todos o admiravam. Ele chegou a Nazaré, a cidade onde fora criado. Era o sábado e Jesus entrou na sinagoga como de costume. Chamaram-no para ler. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Ele desenrolou o rolo
até encontrar o trecho onde estava escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar liberdade aos cativos. e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos e a anunciar o ano aceitável do Senhor. Jesus então fechou o livro, devolveu ao assistente e sentou-se. Todos os olhos estavam fixos nele. Então, com a calma de quem carrega a eternidade nos lábios, ele disse: "Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos". O silêncio foi quebrado por murmúrios. Primeiro de espanto, depois
de incredulidade. "Não é este o filho de José?", sussurravam. Jesus então expôs seus pensamentos. Sabia que duvidavam, sabia que queriam sinais e os confrontou com exemplos de profetas rejeitados em sua terra. Em verdade vos digo, nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. Mencionou Elias, que não foi enviado a nenhuma viúva de Israel, mas a uma estrangeira em Sarepta. E Eliseu, que curou apenas Naamã, o sírio. As palavras cortaram fundo, a multidão mudou de tom. A admiração virou ira. Tomados de fúria, levantaram-se, expulsaram-no da sinagoga, levaram-no até o alto de um monte com intenção de
lançá-lo no precipício. Mas Jesus, com autoridade e serenidade, passou por entre eles e seguiu seu caminho. Ele desceu até Cafarnaum, uma cidade da Galileia. Lá voltou a ensinar no sábado e as pessoas se maravilhavam com sua doutrina. Havia algo em suas palavras, autoridade viva. Numa dessas reuniões, um homem possesso por um espírito imundo gritou: "Ah, que temos contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és, o Santo de Deus". Mas Jesus o repreendeu. Cala-te e sai dele. O demônio lançou o homem por terra, mas saiu sem lhe causar dano. O espanto tomou
conta de todos. Que palavra é esta?", diziam: "Com autoridade e poder, ele ordena aos espíritos imundos e eles saem." E a fama de Jesus se espalhava cada vez mais. Saindo da sinagoga, foi à casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta. Suplicaram por ela. Jesus se inclinou, repreendeu a febre e ela a deixou. Imediatamente ela se levantou e passou a servi-los. Ao pôr do sol, a cidade inteira se reuniu. Trouxeram todos os doentes possessos aflitos. E ele, com suas próprias mãos, tocava um por um, curava todos e expulsava os demônios que gritavam:
"Tu és o Cristo, o filho de Deus!" Mas Jesus os repreendia, não permitia que falassem. Eles sabiam quem ele era, mas ainda não era o tempo de ser revelado. Pela manhã, retirou-se para um lugar deserto, mas o povo o buscava, insistia para que ficasse. Então ele lhes disse com propósito: "É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, porque para isso fui enviado." E assim Jesus continuou a pregar pelas sinagogas da Judeia, carregando consigo não apenas palavras, mas o poder do reino que havia chegado. O lago de Genesaré, também
conhecido como Mar da Galileia, era testemunha silenciosa das multidões que agora se apertavam para ouvir a voz de um homem diferente. Jesus estava à beira da água e a multidão crescia a cada passo. Eles não vinham por milagres ainda. Não. Eles vinham pela palavra. Dois barcos estavam ali ancorados à margem. Os pescadores haviam saído deles e lavavam suas redes com ar de cansaço. Um deles pertencia a Simão. Jesus entrou nesse barco, pediu que se afastasse um pouco da praia e dali, sentado, ensinava o povo. Mas quando terminou de falar, voltou-se a Simão, um homem de
mãos calejadas, alma realista e olhos marcados por uma noite infrutífera no mar. Vai para águas mais profundas e lançai as redes para pescar. Simão hesitou, mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei a rede. E assim o fez. Em instantes, as redes começaram a se encher. Mas não era uma pesca comum, era algo abundante, sobrenatural. As redes quase se rompiam. Chamaram os companheiros do outro barco, vieram e ambos os barcos se encheram tanto que quase afundaram. Simão Pedro, atônito, caiu de joelhos diante de Jesus e disse: "Senhor, afasta-te de
mim, porque sou um homem pecador". Mas Jesus olhou para ele com propósito e disse: "Não temas. De agora em diante serás pescador de homens". Quando chegaram à terra, Simão, Tiago e João, filhos de Zebedeu, deixaram tudo e o seguiram. Pouco tempo depois, Jesus encontrou um homem coberto de lepra. A doença o havia afastado da sociedade, condenado à solidão. Ao ver Jesus, ele se prostrou com o rosto em terra e suplicou: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me". Jesus estendeu a mão, tocou-o, um toque proibido por qualquer norma da época, mas um toque divino. Quero ser limpo. Imediatamente
a lepra o deixou. Jesus o instruiu a não contar a ninguém, mas que fosse ao sacerdote e oferecesse o sacrifício conforme Moisés ordenava. Era um testemunho silencioso, mas o milagre não podia ser escondido. As multidões começaram a se ajuntar. vinham de todos os lados para ouvir e serem curadas. Mas Jesus frequentemente se retirava para lugares solitários para orar. Num desses dias, enquanto ensinava, fariseus e doutores da lei haviam vindo de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e até de Jerusalém. A casa onde estavam ficou cheia, o poder do Senhor estava ali para curar. Foi
então que alguns homens chegaram carregando um paralítico numa maca. Queriam colocá-lo diante de Jesus, mas não havia como entrar. Então subiram ao telhado, abriram um espaço entre as vigas e por ali desceram o homem direto à presença do mestre. Jesus, vendo a fé deles, disse ao homem: "Homem, os teus pecados te são perdoados." Os escribas e fariseus começaram a murmurar: "Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão Deus?" Jesus conhecia seus pensamentos e perguntou: "O que é mais fácil dizer? Teus pecados estão perdoados ou levanta-te e anda?" Mas para que saibais que
o filho do homem tem autoridade para perdoar pecados na terra, voltou-se ao paralítico e ordenou: "Levanta-te, toma a tua maca e vai para casa". Imediatamente o homem se levantou diante de todos, pegou sua maca e foi para casa glorificando a Deus. Todos ficaram cheios de temor. Diziam: "Hoje vimos coisas extraordinárias. Mais adiante, Jesus viu um publicano sentado na coletoria. Seu nome era Levi, também conhecido como Mateus. Jesus olhou para ele e disse: "Segue-me". E ele se levantou, deixou tudo e o seguiu. Logo depois, Levi deu um grande banquete em sua casa e muitos publicanos e
pecadores estavam ali à mesa com Jesus. Os fariseus não suportaram a cena. Questionaram os discípulos: "Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?" Jesus ouviu e respondeu com clareza: "Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento." Então, questionaram sobre o jejum. Porque os discípulos de João e dos fariseus jejuam com frequência, mas os teus comem e bebem. E Jesus respondeu com uma imagem profunda: "Podeis fazer jejoar os convidados do noivo enquanto o noivo está com eles? Virão dias em que o noivo lhe será tirado
e então jejuarão. E concluiu com parábolas: Ninguém tira pedaço de veste nova para remendar uma velha, nem se coloca vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo arrebenta os odres e o vinho se derrama e os odres se perdem. Vinho novo deve ser posto em odres novos, e ninguém que bebe do vinho velho quer logo o novo, pois diz: "O velho é melhor". Jesus estava anunciando uma nova era e ela havia começado ali entre pescadores, paralíticos e pecadores com graça, verdade e poder. Era um sábado, o dia sagrado de descanso, mas para Jesus não
havia dia em que a graça ficasse em silêncio. Ele caminhava com seus discípulos pelos campos. Famintos, eles colhiam espigas com as mãos, debulhavam e comiam. Imediatamente os fariseus surgiram, os vigilantes da lei, prontos para apontar o dedo. Por que fazeis o que não é lícito ao sábado? Questionaram. Mas Jesus, com sabedoria superior à tradição, respondeu: "Não lestes o que fez Davi quando teve fome? Ele entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, que só aos sacerdotes era lícito comer, e os deu também aos seus companheiros." E então ele declarou algo ousado, revolucionário, verdadeiro.
O filho do homem é senhor do sábado. Num outro sábado, Jesus entrou na sinagoga. Ali havia um homem com a mão direita ressequida. Os fariseus e os escribas estavam à espreita esperando uma razão para acusá-lo. Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e chamou o homem ao centro. Levanta-te e fica de pé no meio. O homem se levantou. A sinagoga ficou em silêncio. Jesus olhou ao redor, olhos nos olhos, e perguntou: "É lícito no sábado fazer o bem ou o mal? Salvar a vida ou destruí-la?" Não houve resposta, só o peso da consciência. Então ele disse
ao homem: "Estende a tua mão". E ao estendê-la, a mão foi restaurada, são, a outra. Mas os líderes religiosos não se renderam. Pelo contrário, tomaram-se de furor e começaram a conspirar contra ele. Nos dias seguintes, Jesus se retirou para um monte. Passou a noite inteira em oração a Deus. Quando amanheceu, desceu e escolheu 12 homens entre seus discípulos, não apenas seguidores, mas apóstolos. Homens simples, de origens diversas, mas que seriam colunas do reino. Simão, a quem deu o nome de Pedro, André, seu irmão, Tiago e João, filhos do trovão. Felipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé,
Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, o que mais tarde o trairia. Jesus desceu com eles para uma planície. Uma multidão os aguardava. Gente de toda a Judeia, de Jerusalém, das cidades costeiras de Tiro e Sidom, vieram para ouvi-lo e para serem curados. Eram muitos sofredores, possessos, enfraquecidos e todos tentavam tocá-lo, porque dele saía poder, um poder que curava todos. Então, Jesus ergueu os olhos para os seus discípulos e ensinou: "Não como os mestres da lei, mas com autoridade do alto". Suas palavras viraram o mundo de cabeça para
baixo. Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós que agora chorais, porque havis de rir. Bem-aventurados sereis quando vos odiarem, quando vos expulsarem, injuriarem e rejeitarem vosso nome por causa do filho do homem. Regozijai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa no céu. Mas ele também proclamou: Ai de vós os ricos, porque tendes já a vossa consolação. Ai de vós que estais fartos agora, porque vireis a ter fome. Ai de vós que agora rides, porque lamentareis e chorareis. Ai de vós
quando todos vos louvarem, porque assim fizeram os pais deles aos falsos profetas. Jesus então ensinou um novo caminho, um caminho de amor radical. Amai os vossos inimigos. Fazei o bem aos que vos odeiam. Abençoai os que vos amaldiçoam. Orai pelos que vos caluniam. Se alguém te bater numa face, oferece a outra. Se alguém tomar tua capa, não impeças que leve também a túnica. Dá a todo o que te pedir, e como quiserdes que os homens vos façam, fazei vós também a eles. Ele falou de uma justiça que ultrapassava a dos religiosos. Se amais os que
vos amam, que mérito há nisso? Até os pecadores fazem isso. Sede misericordiosos, como também vosso pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condenis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e ser vos dado. Boa medida recalcada, sacudida e transbordante vos será dada. Jesus então contou parábolas profundas. Falou do cego, que não pode guiar outro cego. Ambos cairiam no buraco. Falou do discípulo que deve ser como o mestre e do perigo de querer tirar o cisco do olho alheio quando se tem uma trave no próprio. E concluiu com uma imagem que
atravessaria os séculos. O homem bom tira do bom tesouro do seu coração coisas boas. O mal tira do seu mau tesouro coisas más, porque a boca fala do que está cheio o coração. E então ele perguntou: "Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?" E como um mestre construtor, Jesus encerrou com um ensinamento eterno. Aquele que ouve minhas palavras e as pratica, é como o homem que constrói sua casa sobre a rocha. Cavou fundo, lançou alicerces. Quando veio a enchente e o rio bateu contra a casa, ela não se abalou,
porque estava bem edificada. Mas quem ouve e não pratica é como o homem que constrói sem alicerces sobre a areia. O rio bateu e a ruína daquela casa foi grande. Assim, Jesus não apenas curava corpos, ele reconstruía vidas com palavras que transformavam a alma. Depois de terminar suas palavras diante da multidão, Jesus desceu de onde estava. Não havia pressa, mas o tempo de milagres havia chegado. Ele entrou em Cafarnaum, uma cidade à beira do mar da Galileia, que se tornaria palco de fé viva e de graça revelada. Ali havia um centurião romano, um homem de
autoridade, acostumado a dar ordens e ser obedecido. Mas agora seu coração estava inquieto. Um de seus servos, a quem muito estimava, estava doente, à beira da morte. O centurião ouvira falar de Jesus, mas em vez de ir pessoalmente, enviou anciãos dos judeus para interceder por ele. Os anciãos vieram a Jesus com súplica e honra. Ele é digno de que lhe concedas isso. Ama o nosso povo e até construiu a sinagoga para nós. Jesus foi com eles. Quando já estavam perto da casa, o centurião enviou amigos com um recado. Senhor, não te incomodes, pois não sou
digno de que entres em minha casa. Por isso, nem me atrevi a ir até ti. Mas diz apenas uma palavra, e o meu servo será curado. Eu também sou homem sujeito à autoridade, com soldados sob meu comando. Digo a um: vai e ele vai. A outro: "Vem, e ele vem, e ao meu servo, faz isso e ele faz". Ao ouvir isso, Jesus se admirou, voltou-se para a multidão que o seguia e declarou: "Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé". E quando os que haviam sido enviados voltaram para casa, encontraram o servo completamente curado.
Pouco tempo depois, Jesus dirigiu-se a uma pequena cidade chamada Naim. Seus discípulos e uma grande multidão o acompanhavam. Ao se aproximarem da porta da cidade, viram outra multidão, mas esta, marcada pela dor, era um cortejo fúnebre. Um jovem havia morrido, era filho único e a mãe viúva. A tristeza era profunda, o desamparo absoluto. Quando Jesus viu aquela mulher, seu coração se moveu de compaixão. Ele não suportava ver o sofrimento em silêncio. "Não chores", disse. Aproximou-se do esquife, tocou-o. Os que carregavam pararam. E então, com autoridade divina e ternura incomparável, Jesus ordenou: "Jovem, eu te digo,
levanta-te". O que estava morto sentou-se e começou a falar, e Jesus o entregou à sua mãe. O espanto tomou conta de todos. Um temor reverente se espalhou. As pessoas glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta se levantou entre nós e também Deus visitou o seu povo. E essa notícia se espalhou por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas. Os discípulos de João Batista ouviram tudo isso e foram contar a ele. João, que agora estava preso, enviou dois de seus discípulos até Jesus com uma pergunta que ecoava do fundo da cela. És tu aquele que havia
de vir ou devemos esperar outro? Quando chegaram, disseram a Jesus o que João lhes mandara perguntar. E naquele momento, Jesus estava curando muitos de enfermidades, espíritos malignos e cegos. Então respondeu: "Voltem e relatem a João que vistes e ouvistes. Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e o evangelho é anunciado aos pobres. E bem-aventurado é aquele que não se escandaliza em mim". Quando os mensageiros partiram, Jesus se dirigiu à multidão para falar sobre João. O que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento,
um homem vestido com roupas finas? Os que se vestem assim estão nos palácios. Mas o que saístes a ver? Um profeta? Sim, e mais do que um profeta. E então Jesus revelou a grandeza de João Batista. Este é aquele de quem está escrito: "Eis que envio diante de ti o meu mensageiro, que preparará o teu caminho." Digo-vos, entre os nascidos de mulher não há maior do que João, mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. Ao ouvirem isso, o povo e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, pois haviam sido
batizados por João. Mas os fariseus e doutores da lei rejeitaram o propósito de Deus para si mesmos, pois não aceitaram o batismo de João. Então Jesus, com ironia santa, disse: "A quem pois compararei os homens desta geração? São como crianças que, sentadas nas praças, gritam umas para as outras. Tocamos flauta para vós e não dançastes. Cantamos lamentações e não chorastes. Pois veio João, que não comia pão, nem bebia vinho, e disseram: "Tem demônio. Veio o filho do homem que come e bebe, e dizem: Aí está um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores,
mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. E para que ninguém duvidasse da profundidade da graça, Jesus entrou na casa de um fariseu chamado Simão. Era um jantar, todos estavam à mesa. E então uma mulher entrou. Era conhecida na cidade, pecadora, indesejada por muitos. Mas ela levava algo precioso, um vaso de alabastro com perfume. Chorando, ajoelhou-se aos pés de Jesus. Suas lágrimas molhavam os pés do mestre. Com seus cabelos enxugava, beijava-os e os ungia com o perfume. Simão observava e pensava consigo: "Se este homem fosse profeta, saberia quem e que tipo de mulher
é essa, uma pecadora." Mas Jesus conhecia seus pensamentos e contou uma parábola: "Simão, tenho algo a te dizer. Diz: "Mestre, dois homens deviam a certo credor. Um devia 500 denários, o outro 50. Nenhum dos dois tinha como pagar. Então ele perdoou a ambos. Qual deles o amará mais?" Simão respondeu: "Aquele a quem mais se perdoou, suponho." "Julgaste bem", disse Jesus. E então se virou para a mulher. "Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés. Mas ela os lavou com lágrimas. Não me deste um beijo. Mas ela, desde que
entrei, não cessou de beijar meus pés. Não ungiste minha cabeça com óleo, mas ela ungiu meus pés com perfume. Por isso te digo, os muitos pecados dela lhe são perdoados, porque muito amou. Mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. E então, com voz firme e amorosa, disse à mulher: "Teus pecados estão perdoados". Os que estavam à mesa começaram a murmurar entre si: "Quem é este que até perdoa pecados?" Mas Jesus ignorou os sussurros e, olhando nos olhos da mulher, disse: "Tua fé te salvou. Vai em paz". Jesus não ficava parado. Depois de sair
da casa do fariseu, ele continuou a percorrer cidades e aldeias, proclamando e anunciando as boas novas do reino de Deus. Mas agora algo chamava a atenção. Ele não caminhava sozinho. Os 12 discípulos estavam com ele, mas também algumas mulheres. Mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e enfermidades. Entre elas, Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios. Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, e Susana. Elas o serviam com seus bens. O reino de Deus começava a quebrar paradigmas e incluía os esquecidos. Com a multidão crescendo cada vez mais, Jesus contou uma parábola
simples, profunda, eterna. Um semeador saiu a semear. Ao lançar a semente, parte caiu à beira do caminho. Foi pisada e as aves do céu a devoraram. Outra caiu sobre pedras. brotou, mas logo secou por não ter raiz. Outra caiu entre espinhos, cresceu, mas os espinhos a sufocaram e outra caiu em boa terra, cresceu e deu fruto a 100 por um. E então ele disse: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". Os discípulos intrigados perguntaram o significado e Jesus explicou: "A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros falo por parábolas, para
que vendo não vejam e ouvindo não entendam." A parábola era mais do que uma história rural, era uma chave espiritual. A semente é a palavra de Deus. Aqui caiu à beira do caminho representa os que ouvem, mas o diabo vem e tira a palavra do coração para que não creiam. A que caiu sobre pedras são os que ouvem e recebem com alegria, mas não tem raiz. Creem por um tempo e na provação caem. A que caiu entre espinhos são os que ouvem, mas os cuidados, riquezas e prazeres da vida o sufocam e não dão fruto.
Mas a que caiu em boa terra, esses com coração honesto e bom retém a palavra e dão fruto com perseverança. Jesus então advertiu: "Ninguém acende uma candeia para cobri-la com vaso ou colocá-la debaixo da cama. Coloca no velador para que os que entram vejam a luz, porque nada há encoberto que não venha a ser revelado. Portanto, atentai como ouvis. A quem tem mais será dado, e a quem não tem, até o que pensa ter lhe será tirado. Enquanto ele ensinava, sua mãe e seus irmãos chegaram. Queriam vê-lo, mas não conseguiam se aproximar por causa da
multidão. Alguém avisou: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora querendo falar contigo". Mas Jesus respondeu: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a pratic. Mais tarde, Jesus entrou num barco com seus discípulos. Vamos para o outro lado do lago", disse ele. E partiram. Enquanto navegavam, Jesus adormeceu, mas o tempo virou. Um vento forte caiu sobre o lago. As ondas se agitavam, o barco começava a encher. O desespero crescia. Os discípulos o despertaram. Mestre, mestre, estamos perecendo. Jesus levantou-se, repreendeu o vento e as ondas e houve bonança. Um
silêncio repentino dominou o mar. Então ele lhes perguntou: "Onde está a vossa fé?" Eles, temerosos e maravilhados, diziam uns aos outros: "Quem é este que até os ventos e a água manda e lhe obedecem?" Ao chegarem na região dos geracenos, Jesus mal pisou em terra e um homem possesso veio ao seu encontro. Estava tomado por demônios havia muito tempo. Não usava roupas, vivia entre os sepulcros. Ninguém conseguia prendê-lo, nem concorrentes. Ao ver Jesus, caiu por terra e gritou: "Que tenho contigo, Jesus, filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes." Jesus lhe perguntou: "Qual é
o teu nome?" Legião respondeu, pois muitos demônios haviam entrado nele. Os espíritos rogaram que não os enviasse para o abismo, mas para entrar numa manada de porcos que pastava ali perto. Jesus permitiu e logo os porcos se lançaram precipício abaixo e morreram afogados no lago. Os que cuidavam dos porcos fugiram e espalharam a notícia pela cidade e pelos campos. As pessoas vieram e encontraram o homem, agora vestido são e assentado aos pés de Jesus. Assustados, pediram que Jesus se retirasse. O homem que fora liberto rogou para ir com ele. Mas Jesus lhe disse: "Volta para
tua casa e conta tudo o que Deus fez por ti". E ele foi por toda a cidade proclamava o que Jesus havia feito. Ao voltar para o lado de cá, Jesus foi recebido por uma multidão. Então, um homem importante veio a seus pés. Era Jairo, chefe da sinagoga. Suava, tremia, clamava: "Minha filha única está à morte. Vem, rogo-te, e impõe-lhe as mãos". Jesus foi com ele, mas no caminho uma mulher, há 12 anos sofrendo com hemorragia, aproximou-se por trás. Ninguém conseguira curá-la, mas ela cria, tocou a orla das vestes de Jesus e imediatamente ficou curada.
Jesus parou. Quem me tocou? Pedro, confuso, disse: "Mestre, a multidão te aperta". Mas Jesus insistiu: "Alguém me tocou porque de mim saiu poder." A mulher tremendo se apresentou, contou tudo. Jesus a olhou com ternura e disse: "Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz". Enquanto ainda falava, alguém veio da casa de Jairo: "Não incomodes mais o mestre. A menina morreu." Mas Jesus ouviu e respondeu a Jairo: "Não temas, crê somente e ela será salva. Ao chegar a casa, não permitiu que ninguém entrasse, a não ser Pedro, João, Tiago e os pais da menina. Todos
choravam. Jesus disse: "Não choreis, ela não está morta, dorme." Ram-se dele, sabendo que havia morrido, mas Jesus tomou-a pela mão e disse: "Menina, levanta-te". O espírito dela voltou. Ela se levantou imediatamente e Jesus pediu que lhe dessem de comer. Os pais ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que havia acontecido. O tempo de apenas observar havia terminado. Chegar a hora dos 12 irem em missão. Jesus os chamou um a um. Simão, João, Tiago, Mateus, Bartolomeu, homens comuns, agora portadores de autoridade. Ele lhes deu poder sobre todos os demônios e para
curar doenças. Mas não apenas isso, deu-lhes a responsabilidade de proclamar o reino de Deus e curar os enfermos. E antes de partirem, Jesus os instruiu com palavras que testavam a fé: "Não leveis nada para o caminho, nem bordão, nem saco, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas em qualquer casa onde entrarem, fiquem ali até partirem, se não vos receberem, ao saírdes daquela cidade, sacudam o pó dos pés em testemunho contra eles." E eles foram de aldeia em aldeia, anunciando as boas novas e curando por toda parte. Enquanto isso, a fama de Jesus crescia como
fogo em palha seca. Chegou até os ouvidos de Herodes, o tetrarca. Uns diziam que João Batista havia ressuscitado, outros que Elias havia aparecido, ou ainda que algum antigo profeta havia voltado à vida. Herodes, confuso e perturbado, disse: "Eu mandei decapitar João. Quem é, pois este de quem ouço tais coisas?" E buscava ver Jesus. Os apóstolos voltaram e relataram a Jesus tudo o que haviam feito. Então, ele os levou para um lugar à parte, perto de Betsaída, para descansar. Mas o povo descobriu e as multidões o seguiram. Jesus não os afastou, recebeu-os, falou-lhes do reino de
Deus, curou os que precisavam. O dia começava a declinar e os discípulos estavam preocupados. Mestre, despede a multidão, que vão às aldeias e campos vizinhos procurar comida e pousada. Aqui é deserto. Mas Jesus respondeu: "Dai-lhes vós de comer. Havia apenas cinco pães e dois peixes. Para uma multidão de 5000 homens foram mulheres e crianças. Então Jesus disse: "Fazei-os assentar-se em grupos de 50". Todos obedeceram. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes. Ergueu os olhos aos céus, abençoou, partiu e deu aos discípulos para distribuírem. E todos comeram e se saciaram. E ainda recolheram 12
cestos cheios do que sobrou. Mais tarde, quando estavam a sós, Jesus olhou para os discípulos e perguntou: "Quem dizem as multidões que eu sou?" Eles responderam: "João Batista." Outros dizem: "Elias e outros que um dos antigos profetas ressuscitou. E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu com firmeza: "Tu és o Cristo de Deus." Jesus então ordenou que não dissessem isso a ninguém e pela primeira vez revelou o caminho da cruz. É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, e seja morto, mas ao terceiro
dia ressuscite. E disse mais: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz a cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la há. Mas quem perder a sua vida por minha causa, esse a salvará. O que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o filho do homem quando vier em glória. E então fez uma promessa: Alguns dos que aqui estão não experimentarão a morte até que vejam o reino de Deus.
Oito dias depois, Jesus levou Pedro, João e Tiago a um monte para orar. E ali algo extraordinário aconteceu. Enquanto orava, seu rosto se transfigurou. Suas vestes tornaram-se brilhantes como o relâmpago. E surgiram dois homens em glória, Moisés e Elias. Conversavam com ele sobre sua partida, que estava para se cumprir em Jerusalém. Pedro, sonolento, despertou e viu a cena gloriosa. Maravilhado, disse: "Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Mas enquanto falava, uma nuvem os envolveu e eles temeram. Da nuvem veio uma voz: "Este é o
meu filho, o escolhido. A ele ouvi." E quando a voz cessou, Jesus estava sozinho. Eles guardaram silêncio. E naqueles dias não contaram nada a ninguém. No dia seguinte, ao descerem do monte, uma grande multidão os esperava. Um homem da multidão gritou: "Mestre, rogo-te que olhes para o meu filho, pois é o meu único espírito o possui, grita subitamente, o lança por terra, espuma, range os dentes. Já roguei aos teus discípulos, mas não puderam expulsá-lo." Jesus respondeu com dor: "Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco?" aproximou-se do menino. O demônio o lançou por terra
violentamente, mas Jesus o repreendeu, curou o menino e o entregou ao Pai. Todos ficaram maravilhados com a grandeza de Deus. Enquanto admiravam tudo, Jesus disse aos discípulos: "Gravai bem estas palavras. O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens". Mas eles não compreendiam. Era um mistério oculto e tinham medo de perguntar. Pouco depois, os discípulos começaram a discutir entre si quem seria o maior. Jesus sabia o que pensavam. Chamou uma criança, colocou-a ao seu lado e disse: "Quem receber esta criança em meu nome, a mim me recebe, e quem me recebe recebe aquele que
me enviou. Pois aquele que for o menor entre vós todos, esse será grande. João então disse: "Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e o proibimos, porque não anda conosco." Mas Jesus respondeu: "Não o proibais. Quem não é contra vós é por vós." E quando o tempo se aproximava para ser levado ao céu, Jesus tomou a firme decisão de ir para Jerusalém. enviou mensageiros à frente que entraram numa aldeia de samaritanos para preparar tudo, mas os samaritanos não o receberam porque perceberam que ele ia para Jerusalém. Tiago e João, indignados, perguntaram: "Senhor, queres
que mandemos descer fogo do céu como Elias fez?" Mas Jesus os repreendeu: "Vós não sabeis de que espírito sois. O filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia. No caminho, alguém disse: "Senhor, eu te seguirei por onde quer que fores". Mas Jesus respondeu: "As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. A outro, ele disse: "Segue-me". Mas o homem respondeu: "Deixa-me primeiro sepultar meu pai". Jesus respondeu: "Deixa que os mortos sepultem os seus
mortos. Tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus". Outro ainda disse: "Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me despedir primeiro dos de casa." E Jesus respondeu: "Ninguém que lança a mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus. O ministério de Jesus não caminhava sozinho. Ele multiplicava passos, vozes e corações. Depois de enviar os 12, agora ele escolheu outros 70 discípulos. Homens comuns, sim, mas agora carregando uma missão divina. Jesus os enviou de dois em dois à sua frente, a cada cidade e lugar por onde ele mesmo haveria de passar.
Mas antes de irem, ele falou com sinceridade e urgência: "A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois ao Senhor da seara, que mande trabalhadores para a sua seara. Ide, eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos." E continuou: Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias. A ninguém saldeis pelo caminho. Em qualquer casa que entrarem, digam primeiro: Paz seja nesta casa. Se ali houver um filho da paz, a paz repousará sobre ele. Senão, voltará a vós. Permaneçam naquela casa, comam e bebam do que tiverem, pois o trabalhador é digno do seu
salário. E ao entrarem numa cidade que vos receber, comam o que vos for oferecido. Curem os enfermos que nela houver e anunciem: "É chegado a vós o reino de Deus". Mas Jesus também os advertiu: "Se não vos receberem, saí pelas ruas e digam: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei, o reino de Deus está próximo. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade." E então, com o coração ardente, Jesus lamentou por Corazim e Bertsaída. Foram testemunhas de tantos milagres, mas
não se arrependeram. Se os mesmos feitos tivessem sido realizados em Tiro e Sidom, há muito teriam se arrependido com saco e cinza. Jesus declarou com autoridade: "Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita. E quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou." Os 70 foram e voltaram com alegria transbordante. Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome. Jesus respondeu com um brilho nos olhos: Eu vi a Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões e, sobretudo, o poder do inimigo. Nada
vos fará dano algum, mas não vos alegreis, porque os espíritos se vos submetem. Alegrai-vos antes, porque os vossos nomes estão escritos nos céus. Naquela mesma hora, Jesus exultou no Espírito Santo e orou: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te agradou". E então, voltando-se aos discípulos, disse em segredo: "Bem-aventurados os olhos que veem o que vedes, pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que
ouvisiram". Naquele momento, um intérprete da lei se levantou para pô-lo à prova. Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Jesus lhe devolveu a pergunta: "O que está escrito na lei? Como lê?" Ele respondeu: "Amarás ao Senhor, teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo, como a ti mesmo". Jesus disse: "Respondeste bem: "Faz isso e viverás". Mas querendo justificar-se, o homem insistiu: "E quem é o meu próximo?" Jesus então contou uma parábola que atravessaria séculos como um
espelho da consciência humana. Um homem descia de Jerusalém para Jericó. No caminho, caiu nas mãos de assaltantes. Foi espancado, roubado e deixado quase morto à beira da estrada. Passou por ali um sacerdote, viu o homem e passou de largo. Depois um levita viu-o e também passou. Mas então, um samaritano desprezado pelo povo judeu, chegou onde ele estava e, quando o viu, teve compaixão. Aproximou-se, tratou-lhe as feridas com azeite e vinho, colocou-o sobre seu animal, levou-o até uma hospedaria, cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse: "Cuida dele e o que gastares
a mais, eu te pagarei quando voltar. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem caído nas mãos dos salteadores?", perguntou Jesus. O intérprete da lei respondeu: "Aquele que usou de misericórdia para com ele." E Jesus concluiu: "Vai e faz da mesma forma". Mais tarde, Jesus entrou numa aldeia. Lá, uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã Maria que sentou-se aos pés de Jesus, ouvindo atentamente sua palavra. Mas Marta estava agitada, ocupada com muitos serviços. Aproximou-se e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha?
manda que me ajude. Jesus, com ternura e correção, respondeu: "Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas, mas uma só é necessária. E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada." Jesus havia se retirado para orar. Era algo que fazia com frequência, não por hábito, mas por intimidade com o Pai. Quando terminou, um dos discípulos, contemplando a profundidade daquele momento, se aproximou e pediu: "Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos." Jesus então respondeu: "Não com um sermão, mas com um modelo, um convite à comunhão com o Pai.
Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, da-nos cada dia o pão cotidiano, perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todo o que nos deve, e não nos deixes cair em tentação. Mas Jesus não parou na forma. Ele queria ensinar a persistência na oração e contou uma parábola. Qual de vós, tendo um amigo, irá procurá-lo à meia-noite e dirá: "Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e não tenho nada para lhe oferecer, e o outro responderá de dentro: "Não me incomodes.
A porta já está fechada e meus filhos estão comigo na cama. Não posso levantar-me para te dar. O digo-vos que ainda que não se levante por ser amigo, por causa da importunação, se levantará e lhe dará tudo o que precisar. Por isso vos digo, pedi e dar-sevos há. Buscai e encontrareis. Batei e abrir-se vos há. Porque todo o que pede recebe, o que busca encontra, e ao que bate se abrirá. E então Jesus comparou o coração do Pai ao de um Pai humano. Qual pai dentre vós? Se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma
pedra. Ou se pedir peixe, lhe dará uma serpente. Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião. Ora, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lhe o pedirem. Em seguida, Jesus expulsou um demônio de um homem mudo. Quando o demônio saiu, o homem falou: "As multidões se admiraram, mas outros murmuravam: "Ele expulsa os demônios por Beusebu, o príncipe dos demônios". Outros ainda pediam sinal do céu para testá-lo. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: "Todo reino dividido contra si mesmo será
destruído. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá subsistir o seu reino? Se eu expulso demônios por Beusebu, por quem os expulsam os vossos filhos?" E então ele declarou: "Mas se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, é porque o reino de Deus chegou até vós e comparou-se a um guerreiro vitorioso. Quando o valente guarda armado sua casa, em segurança está o que possui. Mas vindo outro mais valente do que ele, vence-o, tira-lhe a armadura e reparte os seus despojos." E então disse: "Quem não é por mim é contra mim. Quem comigo não
ajunta espalha". Jesus prosseguiu com uma advertência espiritual. Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontrando, diz: "Voltarei para minha casa de onde saí". E ao voltar acha a casa varrida e ornamentada. Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e entrando habitam ali. E o último estado desse homem torna-se pior que o primeiro. Enquanto ele dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e exclamou: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram." Mas Jesus respondeu:
"Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e aguardam. Vendo as multidões aumentarem, Jesus disse: "Esta é uma geração perversa. Pede um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal de Jonas. Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o será o filho do homem para esta geração. Ele então lembrou da rainha do sul, que veio de longe para ouvir a sabedoria de Salomão, e dos homens de Nínive, que se arrependeram com a pregação de Jonas, e afirmou: "Aqui está quem é maior do que Salomão. Aqui está quem é maior do
que Jonas." E então, como um farol que revela o caminho, Jesus disse: "Ninguém acende uma candeia e a põe em lugar oculto. A candeia do corpo são os olhos. Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso, mas se forem maus, o corpo estará em trevas. Cuida, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas." Ao terminar de falar, um fariseu o convidou para jantar. Jesus entrou e se assentou à mesa sem lavar as mãos, segundo o ritual dos judeus. E isso escandalizou o anfitrião. Mas Jesus, conhecendo o coração, disse: "Vós,
fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estais cheios de rapina e maldade, insensatos. Quem fez o exterior, não fez também o interior. Antes dai esmola do que possuís e tudo vos será limpo. E então proferiu aos proféticos. Ai de vós, fariseus, que dais o dízimo da hortelã e ignorais o juízo e o amor de Deus. Ai de vós, que amais os primeiros assentos nas sinagogas. Ai de vós que sois como sepulcros invisíveis, sobre os quais os homens andam sem saber. Um dos doutores da lei, sentindo-se atingido, disse: "Mestre, falando assim,
nos ofendes também." E Jesus não recuou. Pelo contrário, ai de vós também intérpretes da lei. Sobrecarregais os homens com fardos difíceis de levar, e vós mesmos não tocais nesses fardos com um só dedo. Vós edificais os túmulos dos profetas, mas vossos pais foram os que os mataram. Ele continuou com dor. Desde o sangue de Abel até o de Zacarias será cobrada desta geração. Ai de vós que tomastes a chave da ciência, não entrastes e impedistes os que queriam entrar. Ao sair dali, os escribas e fariseus começaram a pressioná-lo ainda mais. Armavam ciladas, interrogavam com sutileza,
esperando pegá-lo em alguma palavra. Mas Jesus não recuava. A luz havia chegado e as trevas começavam a estremecer. As multidões aumentavam. Tantas pessoas se ajuntavam em torno de Jesus que começavam a se atropelar umas às outras. Era como se o povo tivesse fome, não de pão, mas da verdade. E Jesus, olhando primeiro para os seus discípulos, começou a falar: "Mas não com voz branda, e sim com palavras afiadas como espada. Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia". Ele não denunciava apenas comportamentos, mas o coração por trás deles. Nada há encoberto que não venha
a ser revelado, nem oculto que não venha a ser conhecido. E então advertiu: "Tudo o que disserdes nas trevas será ouvido à luz, e o que falardes ao ouvido nos aposentos será proclamado dos telhados." Mas também confortou. Não temais os que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. Temei antes aquele que depois de matar tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse temei. Mas logo em seguida revelou o cuidado divino. Não se vendem cinco passarinhos por dois aces. Contudo, nenhum deles está esquecido diante de Deus. Até os cabelos da vossa
cabeça estão todos contados. Não temais. Mais valeis vós do que muitos passarinhos. E então uma declaração eterna. Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado. E completou: Todo aquele que disser uma palavra contra o filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Sabendo que os seus seriam perseguidos, Jesus os consolou. Quando vos levarem às sinagogas perante os magistrados e autoridades, não vos preocupeis como ou o que aveis de
responder. O Espírito Santo vos ensinará naquela hora o que deveis dizer. Mas no meio do ensino, um homem da multidão interrompeu: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança." Jesus o corrigiu com firmeza. Homem, quem me pôs por juiz ou repartidor entre vós? E então aproveitou para dar uma advertência profunda. Acautelai-vos da avareza, porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui. E contou uma parábola. Havia um homem rico, cujas terras produziram com abundância. Ele pensava consigo: "O que farei? Não tenho onde guardar minha colheita." Então disse: "Farei
isto, derrubarei meus celeiros, edificarei outros maiores e ali recolherei todo o meu trigo e os meus bens e direi à minha alma: "Tens em depósito muitos bens para muitos anos. Descansa, come, bebe e folga". Mas Deus lhe disse: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus. Voltando-se aos discípulos, Jesus os ensinou sobre a verdadeira confiança. Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que havis de comer, nem pelo corpo quanto ao queis de
vestir. A vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos não semeiam nem colhem. Não tem despensa nem celeiro, e Deus os alimenta. Quanto mais valeis vós do que as aves? E completou: Quem de vós, com ansiedade pode acrescentar um côvado à sua estatura? Se nem o mínimo podeis, porque andais ansiosos pelo resto? E então apontou para as flores dos campos: Considerai os lírios como crescem, não trabalham nem fiam. E contudo, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Se Deus assim veste
a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? E concluiu: "Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não temais, pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. E então lançou um chamado radical. Vendei o que tendes, dai esmolas, fazei para vós bolsas que não envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe. Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Jesus então falou sobre vigilância. Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias.
Sede como homens que esperam o seu Senhor voltar das bodas, para que quando ele vier e bater logo possam abrir-lhe. E prometeu: Bem-aventurados aqueles servos que o Senhor quando vier achar vigiando. Em verdade vos digo que se cingirá, os fará reclinar à mesa e chegando-se os servirá. e advertiu: "Se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não permitiria que fosse arrombada. Estai vós também preparados, porque o filho do homem virá à hora em que não pensais." Pedro então perguntou: "Senhor, dizes essa parábola para nós ou também para todos?" E Jesus respondeu
com uma nova imagem: "Quem é pois o mordomo fiel e prudente a quem o Senhor confiará os seus servos para dar-lhes a ração a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem o Senhor quando vier achar fazendo assim. Mas se aquele servo disser: "Meu Senhor tarda em vir" e começar a espancar os servos e a comer e beber e embriagar-se, o Senhor daquele servo virá num dia inesperado e o punirá severamente. E então disse com solenidade: "A quem muito foi dado, muito lhe será exigido e a quem muito se confiou, mais ainda se pedirá". Jesus então
falou da divisão que sua presença causaria. Penseis que vim trazer paz à terra? Não, mas divisão, porque daqui em diante cinco numa casa estarão divididos, três contra dois e dois contra três. Estarão divididos pai contra filho, mãe contra filha. E concluiu com um apelo direto: "Sabeis discernir o aspecto do céu e da terra? Como não sabeis discernir este tempo? Porque também não julgais por vós mesmos o que é justo? E advertiu, enquanto estás a caminho com o teu adversário até o juiz, trata de reconciliar-te com ele, para que não sejas entregue ao oficial de justiça
e lançado na prisão. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o último centavo. As multidões cercavam Jesus. As perguntas surgiam com inquietação e os temas não eram leves. Um grupo falou sobre os galileus que Pilatos havia matado, misturando seu sangue com os sacrifícios. Era uma tragédia recente, um choque nacional. Jesus não ignorou o assunto, mas como sempre foi além da superfície. Pensais que esses galus foram mais pecadores que todos os outros por terem sofrido isso? Não vos digo, mas se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. E então ele mesmo trouxe outro exemplo. E aqueles
18 sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, pensais que eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não vos digo, mas se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Jesus então contou uma parábola simples, mas cheia de juízo. Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha, veio procurar fruto nela e não achou. disse então ao viticultor: "Faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corta-a, porque ocupa ainda a terra inutilmente." Mas o viticultor respondeu: "Senhor, deixa-a ainda este ano até que eu cave ao redor e a esterque.
Se der fruto, ficará, senão depois a cortarás." Era um chamado ao arrependimento antes que o tempo se esgotasse. Num sábado, Jesus estava ensinando numa das sinagogas e ali estava uma mulher encurvada, doente havia 18 anos. Um espírito de enfermidade a mantinha dobrada. Ela não conseguia se endireitar de modo algum. Quando Jesus a viu, chamou-a à frente e disse: "Mulher, estás livre da tua enfermidade". Ele impôs as mãos e imediatamente ela se endireitou e glorificava a Deus. Mas nem todos se alegraram. O chefe da sinagoga, indignado por Jesus ter curado no sábado, disse à multidão: "Seis
dias há em que se deve trabalhar. Vinde nesses dias para serdes curados e não no sábado." Mas Jesus respondeu com indignação santa: Hipócritas, cada um de vós não solta da manjedoura o boi ou o jumento no sábado para levá-lo a beber? E não convinha soltar desta prisão no sábado esta filha de Abraão, a qual há 18 anos Satanás mantinha presa. Ao dizer isso, todos os seus adversários se envergonharam e o povo se alegrava por todos os feitos gloriosos que ele realizava. Então Jesus disse: "Aqui é semelhante o reino de Deus com que o compararei. É
semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou no seu jardim. Cresceu e se fez árvore, e as aves do céu se aninharam nos seus ramos. E continuou: "Com que compararei o reino de Deus? é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até que tudo ficou levedado. A jornada de Jesus prosseguia. Ele ensinava de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, a caminho de Jerusalém. Alguém lhe perguntou: "Senhor, são poucos os que se salvam?" E Jesus respondeu com um alerta: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos,
vos digo, procurarão entrar e não conseguirão." Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, e começardes a bater, dizendo: "Senhor, abre-nos", ele vos responderá: "Não sei de onde sois." E argumentarão: "Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas." Mas ele dirá: "Não sei de onde sois. Apartai-vos de mim, todos vós que praticais iniquidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus e vós lançados fora." E então profetizou: "Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e assentar-seão
à mesa no reino de Deus. E eis que há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos. Naquele momento, alguns fariseus se aproximaram com um aviso: "Sai e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te". Mas Jesus respondeu com coragem: "Ide e dizei àela raposa: Eis que expulso demônios e realizo curas hoje e amanhã, e no terceiro dia terminarei." Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte, porque não se pode que um profeta pereça fora de Jerusalém. E então, com o coração pesado, Jesus lamentou sobre a cidade santa: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te são enviados. Quantas vezes quis eu reunir teus filhos, como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das asas, e não o quiseste. Eis que a vossa casa vos é deixada deserta, e em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: "Bendito o que vem em nome do Senhor". Era sábado. Jesus mais uma vez estava à mesa, mas desta vez na casa de um dos principais fariseus. E todos ali o observavam atentamente, esperando, talvez, por um deslize, uma palavra fora do lugar. Mas quem falava com autoridade
não temia olhos inquisidores. Diante dele, colocaram um homem hidrópico, inchado por uma doença grave. Era um teste. Jesus olhou para os intérpretes da lei e fariseus e fez uma pergunta direta. É lícito curar no sábado ou não? Eles ficaram em silêncio. Então Jesus, sem hesitar, tomou o homem, o curou e o despediu. E, voltando-se aos seus acusadores, disse: "Qual de vós, se o filho ou mesmo o boi cair num poço, não o tirará imediatamente, mesmo que seja em dia de sábado?" Mais uma vez, não tiveram resposta. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares
à mesa, Jesus contou uma parábola. Quando fores convidado para um casamento, não te assentes no primeiro lugar, para que não aconteça de alguém mais importante que tu também ter sido convidado. E quem te convidou venha dizer: "Dá o lugar a este e sejas então envergonhado ao tomar o último lugar. Mas quando fores convidado, vai e assenta-te no último lugar, para que quando vier quem te convidou, diga: "Amigo, sobe mais alto, então serás honrado na presença de todos. Porque todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado. E voltando-se para o
anfitrião, Jesus lhe deu um conselho inesperado. Quando deres um banquete, não chames teus amigos, irmãos, parentes ou vizinhos ricos, para que também não te retribuam e sejas recompensado. Mas quando fizeres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos, e serás bem-aventurado, porque eles não têm com que te retribuir, e a tua recompensa te será dada na ressurreição dos justos. Um dos que estavam à mesa, ao ouvir essas palavras, disse: "Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus." E Jesus respondeu com uma parábola que ecoa até hoje. Um certo homem deu
uma grande ceia e convidou a muitos. Na hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: "Vinde, porque tudo já está preparado". Mas um a um, começaram a se desculpar. O primeiro disse: "Comprei um campo e preciso ir vê-lo." Outro disse: "Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los e outro ainda. Casei-me e por isso não posso ir." Voltando, o servo contou tudo ao seu senhor. Então o dono da casa, irado, disse: "Sai depressa pelas ruas e bec da cidade e traze aqui os pobres, aleijados, mancos e cegos. E o servo disse: "Senhor, está
feito como ordenaste e ainda há lugar". Então o Senhor disse: "Sai pelos caminhos e cercas e obriga-os a entrar para que a minha casa se encha, porque vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará da minha ceia". Pouco depois, uma grande multidão seguia Jesus, mas ele não estava interessado em popularidade superficial. Ele se virou e disse algo que gelaria muitos corações. Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua
cruz e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. E então, como um construtor que calcula antes de começar, Jesus deu dois exemplos. Qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro para calcular os gastos e ver se tem como terminá-la, para que depois de lançar os alicerces, não possa acabá-la? E todos zombem dele, dizendo: "Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual rei indo à guerra contra outro rei não consulta primeiro se com 10.000 pode enfrentar? Quem vem contra ele com 20.000? Se não puder, manda uma embaixada enquanto
o outro ainda está longe, pedindo condições de paz. Assim, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. E Jesus concluiu com uma advertência profunda. O sal é bom, mas se o sal perder o sabor, com que será temperado? Não serve nem para a terra, nem para o monturo. Lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Jesus estava cercado, mas não pelos poderosos, nem pelos religiosos. Publicanos e pecadores vinham até ele, sedentos, quebrados, desprezados pela elite de Israel. Eles se achegavam, porque em Jesus havia verdade e misericórdia. Mas os
fariseus e escribas murmuravam entre si. Este recebe pecadores e come eles. Então, como quem desenha o céu na terra, Jesus contou três parábolas, três retratos do amor do Pai, três respostas ao escândalo da graça. A primeira foi sobre uma ovelha. Qual de vós, tendo 100 ovelhas e perdendo uma, não deixa as 99 no deserto e vai após a que se perdeu até encontrá-la? E quando a encontra, não a repreende. Coloca-a sobre os ombros com alegria. Chega em casa e chama os amigos e vizinhos, dizendo: "Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha perdida." E então Jesus
declarou: "Assimá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por 99 justos que não necessitam de arrependimento." A segunda parábola era sobre uma moeda. Ou qual mulher que tendo 10 dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e busca com diligência até encontrá-la. Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas. Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido. E Jesus disse: "Assim há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende." Mas então Jesus contou uma terceira parábola: a mais profunda, a mais
completa, a mais humana, a parábola de um pai e dois filhos. Um certo homem tinha dois filhos e o mais moço disse ao Pai: "Pai, dá-me a parte da herança que me cabe". E ele repartiu os bens entre ambos. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou tudo, partiu para uma terra distante e ali desperdiçou os bens, vivendo dissolutamente. Depois que tudo se foi, sobreveio uma grande fome naquela terra e ele começou a passar necessidade. Foi trabalhar com um dos cidadãos do lugar, que o enviou para o campo para cuidar de porcos. E ele desejava
comer as alfarroubas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Então ele caiu em si e disse consigo mesmo: "Quantos trabalhadores de meu pai tm pão com fartura e eu aqui morro de fome? Levantar-me ei, irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. Faz-me como um dos teus empregados. E levantando-se, foi ao encontro de seu pai. Mas quando ainda estava longe, o pai o viu e se moveu de íntima compaixão. Correu, lançou-se ao pescoço do filho e
o beijou repetidamente. O filho, entre lágrimas, disse: "Pai, pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho." Mas o pai não o deixou terminar. chamou os servos. Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés. Trazei o bezerro cevado, matai-o, comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu. Tinha se perdido e foi achado. E começaram a festejar, mas nem todos estavam alegres. O filho mais velho que voltava do campo ouviu a música e a dança, chamou um servo e
perguntou o que estava acontecendo. E o servo disse: "Teu irmão voltou e teu pai matou o bezerro cevado porque o recebeu s." Mas o irmão mais velho ficou indignado e não quis entrar. Então o Pai saiu e insistia com ele, mas ele respondeu: "Há tantos anos te sirvo sem nunca transgredir um só mandamento teu, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com meus amigos. Mas vindo esse teu filho, que desperdiçou os bens com meretrizes, mataste para ele o bezerro cevado." E o Pai respondeu com amor: "Filho, tu sempre estás comigo e tudo o que
tenho é teu. Mas era necessário alegrar-nos e regozijar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. Jesus acabara de falar sobre o Pai que perdoa e celebra a volta do filho perdido. Mas agora ele se volta aos seus discípulos e fala sobre outro tipo de Senhor. Não um pai misericordioso, mas um patrão exigente e um servo esperto. Havia um homem rico que tinha um administrador e este foi acusado de desperdiçar os bens do seu senhor. Chamado para prestar contas, o administrador soube que seria demitido. Desesperado, pensou consigo: "O que farei?
Cavar? Não posso. Mendigar? Tenho vergonha. Ah, já sei. Quando for afastado da administração, vou garantir que tenha quem me receba em suas casas. E então, um a um, chamou os devedores do seu senhor. Ao primeiro, quanto deves ao meu Senhor, sem medidas de azeite. Toma tua conta, escreve 50 ao segundo, e tu 100 medidas de trigo. Escreve 80. E o Senhor louvou o administrador infiel por ter agido com astúcia. E Jesus concluiu: "Porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." E ensinou com profundidade: "Fazei amigos com
as riquezas da injustiça, para que quando estas vos faltarem vos recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito. E quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? Se no que é de outrem não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso? E então uma afirmação definitiva. Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir
a Deus e as riquezas. Os fariseus que amavam o dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Mas ele respondeu com firmeza: "Vós sois os que vos justificais diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, é abominação diante de Deus". E então Jesus fez uma ponte entre os tempos. A lei e os profetas duraram até João. Desde então, o reino de Deus é anunciado e todo homem se esforça por entrar nele. É mais fácil o céu e a terra passarem do que cair um só traço da
lei. E no meio disso, Jesus lança uma verdade desconcertante. Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra adultera. E o que casa com a repudiada pelo marido também adultera. Então Jesus contou uma história que atravessou os séculos. Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo e vivia todos os dias no luxo e banquetes. Havia também um mendigo chamado Lázaro, cheio de feridas, que jazia à porta do rico. Desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães vinham lamber-lhe as feridas. Morreram ambos. O rico foi sepultado.
Lázaro foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. No inferno, em tormentos, o rico ergueu os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro ao seu lado. E então gritou: "Pai Abraão, tem misericórdia de mim. Manda Lázaro que mole a ponta do dedo na água e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama". Mas Abraão respondeu: "Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas males. Agora ele é consolado e tu atormentado. E além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de forma que ninguém pode passar daqui para aí,
nem daí para cá." O rico desesperado implorou: "Rogo-te então que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Que ele lhes dê testemunho para que não venham também para este lugar de tormento." Abraão respondeu: "Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam." Mas ele insistiu: "Não, pai Abraão, se algum dos mortos for até eles, arrepender-seão"ão. E Abraão respondeu com palavras eternas: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que algum dos mortos ressuscite. Jesus continuava sua caminhada rumo a Jerusalém. A cada passo, multidões o cercavam e
os discípulos o seguiam atentos. Mas agora Jesus falou de algo mais profundo do que milagres. O perigo do escândalo, a beleza do perdão e o poder da fé. Ele começou dizendo: "É inevitável que venham os escândalos, mas ai daquele por quem vierem. Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos." E então, com o tom de quem instrui soldados para a batalha da alma, disse: "Olhai por vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o. E se se arrepender, perdoa-lhe. Se
pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes vier ter contigo, dizendo: "Arrependo-me, perdoa-lhe". Os discípulos, ao ouvirem isso, perceberam o peso do que estavam sendo chamados a viver. Então disseram: "Senhor, aumenta-nos a fé". Mas Jesus respondeu com uma imagem tão poderosa quanto simples: "Se tivésseis fé como um grão de mostarda, poderiais dizer a esta a moreoreira: "Aranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria". E para ensinar que a obediência não gera mérito, mas é dever, Jesus contou: "Qual de vós, tendo um servo que lavra ou apacenta o gado, lhe dirá quando
ele voltar do campo: "Vem já e assenta-te à mesa?" Não lhe dirá antes: "Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me até que eu coma e beba, e depois comerás tu. Porventura agradecerá ao servo por haver feito o que lhe foi mandado? Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: "Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer". E então o cenário muda. Jesus caminhava entre a Galileia e a Samaria, atravessava aldeias. Quando à distância, 10 leprosos gritaram: "Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós". Eles não podiam se aproximar. Eram rejeitados, impuros pela
lei, esquecidos pelo povo. Jesus os viu e disse: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes." Eles obedeceram e enquanto iam foram purificados. A lepra desapareceu no caminho. Mas um deles, ao ver-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus com o rosto em terra. e deu-lhe graças, e era samaritano. Jesus, surpreso, perguntou: "Não foram 10 os curados? Onde estão os outros nove? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?" E então disse ao homem: "Levanta-te e vai. A tua fé te salvou". Pouco depois, os fariseus o questionaram:
"Quando virá o reino de Deus?" Jesus respondeu com algo que muitos não esperavam ouvir. O reino de Deus não vem com aparência exterior, nem dirão: "Ei aqui ou eio ali, pois o reino de Deus está dentro de vós." E então, voltando-se para os discípulos, falou sobre o tempo que viria e sobre os dias do filho do homem. Virá tempo em que desejareis ver um dos dias do filho do homem e não o vereis. E vos dirão: Ei-o aqui ou ei-lo ali. Não vades nem os cigais, pois como o relâmpago que fuzila de uma extremidade do
céu à outra, assim será também o filho do homem no seu dia. Mas Jesus revelou que antes disso ele deveria sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. E então trouxe à memória os dias antigos. Como foi nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento até o dia em que Noé entrou na arca e veio o dilúvio e destruiu a todos. E continuou semelhantemente, como foi nos dias de Ló. Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, edificavam. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma,
choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar. E então, com voz de alerta, disse: "Naquele dia, quem estiver no telhado e os seus bens dentro de casa, não desça para tirá-los, e igualmente o que estiver no campo não volte atrás". E então, com uma frase cortante e memorável, Jesus disse: "Lembrai-vos da mulher de Ló e concluiu com um princípio eterno. Quem procurar salvar a sua vida, perdê-la há. E quem a perder, preservá-la há." E então, com uma visão escatológica, Jesus descreveu: "Naquela
noite estarão dois numa cama. Um será tomado e o outro deixado. Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada e a outra deixada. Dois estarão no campo, um será tomado e o outro deixado. Os discípulos perguntaram: "Onde, Senhor?" E Jesus respondeu com uma frase enigmática, mas cheia de juízo. Onde estiver o corpo, ali se ajuntarão as águias. Jesus sabia que os corações facilmente se cansavam, que a fé vacilava diante da espera. Por isso, ele contou uma parábola para mostrar que se deve orar sempre, sem desfalecer. Havia numa cidade um juiz que não temia a Deus,
nem respeitava homem algum. E naquela mesma cidade, uma viúva vinha continuamente dizer: "Faz-me justiça contra o meu adversário". Por muito tempo ele não quis atendê-la, mas depois disse consigo: "Ainda que não temo a Deus, nem respeito homem algum, todavia, como esta viúva me importuna, farei justiça para que ela não me enfade com suas constantes súplicas". E então Jesus concluiu: "Ouvi o que diz o juiz injusto, e Deus não fará justiça aos seus escolhidos que clamam a ele dia e noite, ainda que pareça demorado em atendê-los. Digo-vos, depressa lhes fará justiça. Contudo, quando o filho do
homem vier, porventura achará fé na terra?" Depois, Jesus contou outra parábola. Agora, para os que confiavam em si mesmos, achando-se justos, e desprezavam os outros, dois homens subiram ao templo para orar. Um era fariseu, o outro publicano. O fariseu, em pé orava consigo mesmo: "Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto possuo." Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu. batia no peito, dizendo: "Ó
Deus, tem misericórdia de mim, pecador". E então Jesus declarou: "Digo-vos que este desceu justificado para sua casa e não aquele, porque todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado." Logo em seguida, trouxeram crianças para que Jesus as tocasse, mas os discípulos, talvez pensando em protegê-lo ou preservar a reverência, as repreenderam. Mas Jesus, ao ver aquilo, os interrompeu: "Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus". Em verdade vos digo, quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira
nenhuma entrará nele." E tomando-as nos braços, abençoou-as. Em meio a esses encontros, um certo homem de posição se aproximou com uma pergunta direta: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Jesus respondeu: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Conheces os mandamentos? Não adulterarás, não matarás, não furtarás. Não dirás falso testemunho. Honra teu pai e tua mãe. O homem respondeu: "Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude." Jesus olhou para ele e viu o que faltava. Ainda te falta uma coisa. Vende tudo quanto tens. Distribui entre os pobres
e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me. Mas ao ouvir isso, o homem se entristeceu porque era muito rico. E Jesus disse: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." Os que ouviam disseram: "Então, quem poderá salvar-se?" Jesus respondeu: "O que é impossível aos homens é possível a Deus". Pedro então lembrou: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos." E Jesus garantiu: "Em verdade vos digo, ninguém há que tenha deixado casa,
ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba neste tempo muitas vezes mais, e no mundo vindouro a vida eterna". Jesus então chamou os 12 à parte. Sabia o que os aguardava. Com voz firme revelou: Eis que subimos para Jerusalém e se cumprirá tudo o que está escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem. Será entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado, cuspido. Depois de o açoitarem, matarão, mas ao terceiro dia ressuscitará. Mas eles nada compreenderam. Essas palavras estavam ocultas aos seus olhos. Eles não entendiam o que era dito.
Ao se aproximarem de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ao ouvir o barulho da multidão, perguntou o que era aquilo. Disseram: "É Jesus de Nazaré que passa". Então o cego gritou: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. Os que iam à frente o repreendiam, mandando que se calasse, mas ele clamava ainda mais alto: "Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" Jesus parou, mandou que o trouxessem e quando chegou perguntou: "Que queres que te faça?" Ele respondeu: "Senhor, que eu veja." Jesus disse: "Vê, a tua fé te salvou". E imediatamente
ele recuperou a visão e seguia Jesus. glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus. Jesus estava a caminho de Jerusalém. A cruz o aguardava, mas antes Jericó seria palco de um dos encontros mais surpreendentes de seu ministério. Havia ali um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos, rico, pequeno em estatura, mas grande em sede por algo que o dinheiro não comprava. Ao saber que Jesus passava, tentou vê-lo, mas a multidão o impedia. Então ele correu adiante e subiu numa figueira brava, só para conseguir enxergar aquele de quem tantos falavam. Quando Jesus
chegou ao lugar, olhou para cima e disse: "Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa". Zaqueu desceu apressadamente e o recebeu com alegria. Mas como sempre os murmúrios surgiram. Ele entrou para se hospedar na casa de um pecador. Zaqueu, porém, se colocou diante do Senhor e disse com sinceridade: "Senhor, dou aos pobres a metade dos meus bens e se em alguma coisa defraudei alguém, devolverei quatro vezes mais." E Jesus respondeu: "Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o filho do homem veio buscar e salvar o
que se havia perdido." Vendo que muitos ainda pensavam que o reino de Deus se manifestaria imediatamente, Jesus contou uma parábola. Era a última antes de entrar em Jerusalém. Um homem nobre partiu para uma terra distante, a fim de receber para si um reino e depois voltar. Antes de partir, chamou 10 servos e lhes entregou 10 minas, que representavam uma quantia de dinheiro significativa da época. O homem disse aos servos: "Negociai até que eu volte". Mas os cidadãos o odiavam e mandaram uma mensagem: "Não queremos que este homem reine sobre nós". Quando ele voltou, já como
rei, mandou chamar os servos para saber o que haviam feito. O primeiro veio e disse: "Senhor, a tua mina rendeu 10". O rei respondeu: "Muito bem, servo bom, porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre 10 cidades." O segundo disse: "Senhor, tua mina rendeu cinco". O rei respondeu: "Também tu governas sobre cinco cidades." Mas o terceiro disse: "Senhor, aqui está tua mina, que guardei num lenço. Tive medo de ti, porque és homem rigoroso, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não puseste." O rei respondeu: "Servo mau, com tua própria boca te condeno. Se sabias
que sou rigoroso, por que não puseste meu dinheiro no banco? para que ao voltar o recebesse com juros. E ordenou: "Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem 10". E quando protestaram, ele respondeu: "A todo o que tem, mais se lhe dará, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. E quanto aqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os diante de mim". Dito isso, Jesus prosseguiu para Jerusalém. Estava próximo de Betfagé e Betânia, no monte chamado das oliveiras. Ali enviou dois de seus discípulos com
uma missão específica: "Ide à aldeia adiante, ali encontrareis preso um jumentinho que nunca foi montado. Soltai-o e trazei-o. Se alguém perguntar por o soltais, direis: O Senhor precisa dele". Eles foram, encontraram tudo como Jesus dissera, e trouxeram o animal. Colocaram seus mantos sobre o jumentinho e fizeram Jesus montar. Enquanto ele descia ao monte das oliveiras, uma multidão de discípulos começou a louvar a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto. Bendito o rei que vem em nome do Senhor. Paz no céu e glória nas alturas. Mas alguns fariseus no meio da multidão
disseram: "Mestre, repreende os teus discípulos". Jesus respondeu: "Digo-vos que se estes se calarem, as próprias pedras clamarão." Ao se aproximar e ver Jerusalém, Jesus chorou sobre ela. Sim. O rei chorou e disse: "Ah, se tu conhecesses, ao menos neste teu dia, o que te poderia trazer a paz, mas agora isso está oculto aos teus olhos, porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão por todos os lados, e te derribarão a ti e a teus filhos dentro de ti, e não deixarão pedra sobre pedra, porque
não reconheceste o tempo da tua visitação. E então Jesus entrou no templo, mas não viu reverência, viu comércio. Começou a expulsar os que vendiam ali, dizendo: "Está escrito: A minha casa será casa de oração, mas vós a fizestes covil de salteadores. que todos os dias ensinava no templo, mas os principais sacerdotes, escribas e os líderes do povo procuravam matá-lo. Contudo, não sabiam como fazer isso, porque todo o povo ficava fascinado ao ouvir Jesus. Jesus agora ensinava publicamente no templo. Era o centro de Jerusalém, o coração da religião judaica. Ali, entre colunas, altares e olhares desconfiados,
ele proclamava o Evangelho com ousadia, mas os dias eram tensos e a oposição não descansava. Então, os principais sacerdotes, escribas e anciãos, se aproximaram com uma pergunta armada: "Dize-nos com que autoridade fazes estas coisas ou quem te deu tal autoridade?" Jesus, conhecendo seus corações, respondeu com outra pergunta: "Também vos farei uma pergunta: O batismo de João era do céu ou dos homens?" Eles se entreolharam. Sabiam que qualquer resposta os colocaria em apuros. Se dissessem do céu, Jesus perguntaria porque não creram. Se dissessem dos homens, o povo os apedrejaria, porque todos reconheciam João como profeta. Então
disseram: "Não sabemos". E Jesus replicou: "Então também eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas." Mas Jesus não recuou. Pelo contrário, contou uma parábola, um espelho que revelava o coração dos líderes religiosos. Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a a lavradores e ausentou-se por longo tempo. Na época da colheita, enviou um servo para que recebessem do fruto, mas os lavradores o espancaram e o mandaram de volta sem nada. O dono enviou um segundo servo, também foi espancado, enviou um terceiro e o feriram gravemente. Então disse consigo: "Enviarei o meu filho amado, talvez o respeitem."
Mas os lavradores, ao verem o filho, disseram: "Este é o herdeiro. Matemo-lo para que a herança seja nossa." E o lançaram fora da vinha e o mataram. Jesus olhou para os líderes e perguntou: "Que lhes fará pois o dono da vinha?" E respondeu: "Virá, destruirá aqueles lavradores e dará a vinha a outros". Ao ouvirem isso, disseram: "Tal jamais aconteça." Mas Jesus fixou neles o olhar e disse: "Então, que quer dizer isto que está escrito? A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra angular. Todo o que cair sobre essa pedra será despedaçado,
e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó. Naquele instante, os principais sacerdotes e escribas quiseram prendê-lo, mas temiam o povo, pois entenderam que ele falava deles naquela parábola. Mas os inimigos de Jesus não desistiam. Enviaram espiões disfarçados de justos para pegá-lo em alguma palavra e assim entregá-lo às autoridades romanas. Eles se aproximaram com falsos elogios. Mestre, sabemos que falas e ensinas corretamente e não te deixas influenciar por ninguém. Dize-nos, pois, é lícito dar tributo a César ou não? Era uma armadilha. Se dissesse sim, desagradaria aos judeus. Se dissesse não, seria acusado de rebelião
contra Roma. Mas Jesus, com sabedoria celestial, pediu: "Mostrai-me um denário, de quem é a imagem e a inscrição?" "De César, disseram." Então ele disse: "Dai, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." e não puderam apanhá-lo em nenhuma palavra diante do povo. Admirados com sua resposta, calaram-se. Então chegaram os saduceus, grupo que não cria na ressurreição. Eles propuseram um caso absurdo. Mestre, Moisés nos deixou a lei de que se um homem morrer sem filhos, o irmão deve casar com a viúva para dar descendência. Havia sete irmãos. O
primeiro casou e morreu sem filhos. o segundo, o terceiro, até o sétimo. Todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher. Na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Jesus respondeu: "Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que forem dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos, nem se casam, nem são dados em casamento, pois já não podem morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição." E lembrou-lhes algo que já sabiam, mas não compreendiam. Na passagem da sarsa, Moisés
chamou ao Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, porque para ele todos vivem. Alguns escribas surpreendidos disseram: "Mestre, respondeste bem." E não ousaram mais interrogá-lo. Então, foi Jesus quem fez a pergunta: Como dizem que o Cristo é filho de Davi? Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: "Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. A logo, se Davi o chama Senhor, como é ele seu filho?" Ao dizer isso,
Jesus estava revelando algo profundo e muitas vezes ignorado. O Messias não seria apenas um descendente terreno de Davi, mas alguém muito maior. Ao citar o Salmo 110, um texto que os judeus reconheciam como messiânico, Jesus mostrava que Davi, inspirado por Deus, chamava o Messias de meu Senhor. Isso jamais aconteceria se o Messias fosse apenas um de seus filhos ou netos, pois na cultura judaica o Pai jamais chamaria o filho de Senhor. Jesus, ao fazer essa pergunta não apenas confundiu os líderes religiosos, mas também revelou sua própria identidade divina. Ele é o descendente de Davi segundo
a carne, mas é o Senhor eterno segundo o espírito. E diante de todos, Jesus advertiu com força: "Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, de receber saudações nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. Estes receberão maior condenação. O templo estava cheio. Os religiosos estavam armados com palavras, mas Jesus estava armado com a verdade. Cada resposta revelava o que estava escondido. Cada pergunta feria o orgulho e a cruz se aproximava. Enquanto os olhos
dos homens estavam voltados para o ouro, os olhos de Jesus estavam voltados para o coração. Ali, no templo em Jerusalém, Jesus observava: Os ricos lançavam suas ofertas nas arcas. Moedas cintavam, as vestes eram finas, o orgulho evidente. Mas então veio uma viúva pobre, sem ouro, sem reconhecimento, sem nada, exceto fé. Ela lançou duas pequenas moedas de cobre e Jesus, como quem via além do visível, disse: "Em verdade vos digo que esta viúva pobre lançou mais do que todos, pois todos deram do que lhe sobrava, mas ela da sua pobreza, deu tudo o que possuía para
viver". Alguns discípulos, ainda maravilhados com a arquitetura do templo, comentavam sobre as belas pedras e os dons dedicados a Deus. Mas Jesus, com os olhos voltados para o que viria, disse: "Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada". Surpresos, eles perguntaram: "Mestre, quando acontecerão essas coisas? E que sinal haverá de que estão para se cumprir? Jesus então iniciou um dos seus discursos mais solenes, uma profecia que atravessaria séculos. Vede, não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: "Sou eu e está próximo o tempo. Não os sigais. Quando ouvirdes falar
de guerras e sedições, não vos assusteis. É necessário que estas coisas aconteçam primeiro, mas o fim não será logo. E continuou: "Levantar-se há nação contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares, coisas espantosas e grandes sinais do céu." Mas então Jesus falou diretamente aos seus: "Antes de todas essas coisas vos lançarão as mãos, vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e à prisões, e sereis levados à presença de reis e governadores por causa do meu nome. Isso será uma oportunidade para vós testemunho. Sentai, pois, em vossos corações, que não vos
preocupeis com o queis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria, a que não poderão resistir, nem contradizer todos os vossos adversários. E então disse com dor: "Sereis entregues até por pais, irmãos, parentes e amigos, e matarão alguns de vós, e todos vos odiarão por causa do meu nome, mas nenhum fio de cabelo da vossa cabeça se perderá. Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas." Então Jesus olhou para o futuro de Jerusalém, e suas palavras tornaram-se profecia e lamento. Quando vir de Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está próxima à sua destruição. Então, os
que estiverem na Judeia fujam para os montes, os que estiverem dentro da cidade saiam, e os que estiverem nos campos não entrem nela, porque estes são dias de vingança para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias, porque haverá grande aflição sobre a terra e ira contra este povo. Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as nações. E Jerusalém será pisada pelos gentios até que os tempos deles se completem. E então Jesus ergueu a voz para anunciar os sinais do fim. Haverá
sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, angústia entre as nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas, homens desmaiando de terror pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo, pois os poderes dos céus serão abalados. E então verão o filho do homem vindo numa nuvem com poder e grande glória. Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças. Porque a vossa redenção está próxima. Então Jesus contou uma parábola. Vede a figueira e todas as árvores. Quando já brotam, sabeis por vós mesmos que o verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecerem essas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo. E declarou com solenidade: "Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo se cumpra. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão. E como quem avisa um sentinela no alto da muralha, Jesus alertou os seus: "Olhai por vós mesmos, para que não aconteça que os vossos corações se sobrecarreguem com glutonaria, embriaguez e cuidados da vida, e aquele dia vos surpreenda como um laço, pois ele virá sobre todos os que habitam na face da terra.
Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de escapar de todas estas coisas que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do Homem. Durante o dia, Jesus ensinava no templo, mas à noite se retirava para o monte das oliveiras, e todo o povo vinha de manhã cedo ao templo para ouvi-lo. As últimas luzes da liberdade ainda brilhavam. O rei já caminhava para o Calvário, mas até o último momento ele anunciava: "O reino está próximo". Era a véspera da Páscoa, o cheiro do cordeiro, o barulho das ruas,
os cânticos dos peregrinos. Mas algo pairava no ar, algo invisível e ainda assim real. Era o início do fim. Os principais sacerdotes e escribas conspiravam em segredo. Procuravam como prender Jesus sem alvoroço, pois temiam o povo. Mas o que eles tramavam em segredo? Satanás já preparava em silêncio e então entrou em Judas Iscariotes, um dos 12, um escolhido. Judas foi aos chefes dos sacerdotes e capitães da guarda, negociou, vendeu, traiu, combinaram um preço e ele começou a buscar oportunidade para entregar Jesus longe da multidão. Chegou o dia dos pães sem fermento. Era necessário preparar a
Páscoa. Jesus chamou Pedro e João: "Ide e preparai-nos a Páscoa para que a comamos". Eles perguntaram: "Onde queres que a preparemos?" Jesus respondeu: "Ao entrdes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água. Segui-o até a casa em que ele entrar, e direis ao dono da casa: O mestre pergunta: Onde é o aposento em que comerei a Páscoa com meus discípulos? Ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado. Ali preparai. E assim foi. E à noite Jesus reclinou-se à mesa com os 12. O clima era solene, mas havia amor em sua voz. Tenho desejado ansiosamente
comer convosco esta Páscoa antes que padeça, pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E tomando o cálice, deu graças. Tomai-o e reparti entre vós, pois vos digo que não beberei do fruto da videira até que venha o reino de Deus. E então tomou o pão, deu graças, partiu e deu-lhes, dizendo: "Isto é o meu corpo que por vós é dado. Fazei isto em memória de mim." Depois o cálice. Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue que por vós é derramado. Mas em meio à
ceia da salvação, Jesus revelou a traição. Contudo, eis que a mão do que me trai comigo à mesa. E todos olharam uns para os outros. Confusos, começaram a perguntar: "Quem seria dentre nós? O que faria isso?" Mas mesmo diante da traição, surgiu uma disputa entre eles. Quem era o maior? Jesus, com paciência que só o céu compreende, disse: "Os reis das nações dominam sobre elas, mas convosco não será assim. O maior entre vós seja como o menor, e quem governa como quem serve. Pois qual é maior? O que está à mesa ou o que serve?
Não é o que está à mesa, mas eu estou no meio de vós como quem serve. E então fez uma promessa. Vós sois os que permanecestes comigo nas minhas tentações, e eu vos designo um reino, assim como meu Pai me designou, para que comais e bebais a minha mesa no meu reino e vos assenteis em tronos, julgando as 12 tribos de Israel. Então Jesus olhou para Pedro e o avisou com ternura e dor: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo, mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça,
e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos". Pedro disse com ousadia: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão quanto para a morte. Mas Jesus, com pesar respondeu: "Pedro, eu te digo, o galo não cantará hoje antes que três vezes negues que me conheces". E então o tempo chegou. Jesus perguntou: "Quando vos enviei sem bolsa ao forge ou sandálias, faltou-vos alguma coisa?" Nada", disseram eles. Então Jesus disse: "Mas agora quem tem bolsa, leve-a e também o alforge, e quem não tem espada, venda a capa e compre uma, pois vos digo que importa que
se cumpra em mim o que está escrito, e com os malfeitores foi contado, porque o que está escrito de mim terá cumprimento." Eles disseram: "Senhor, eis aqui duas espadas". E Jesus respondeu: "Basta então saiu e foi, como de costume, ao monte das oliveiras, e os discípulos o seguiram. Ao chegar, disse-lhes: "Orai para que não entreis em tentação". E afastou-se cerca de um tiro de pedra. ajoelhou-se e orou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice, contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua". E apareceu-lhe um anjo do céu que o fortalecia, mas sua
angústia era tamanha, que seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam em terra. Levantando-se da oração, encontrou os discípulos dormindo de tristeza. "Por que dormis?", Disse ele, "Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação". Enquanto ainda falava, eis que chegou uma multidão. À frente vinha Judas. Aproximou-se de Jesus para beijá-lo. E Jesus disse: "Judas, com um beijo traz o filho do homem?" Então os discípulos perguntaram: "Senhor, feriremos a espada?" Um deles feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. Mas Jesus respondeu: "Deixai, basta." E tocando a orelha, o curou. Então disse
à multidão: Como a um ladrão saístes com espadas e paus. Estive convosco todos os dias no templo e não me prendestes, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas. Prenderam Jesus e o conduziram à casa do sumo sacerdote. Pedro o seguia de longe. No pátio, alguns acenderam fogo e se sentaram. Pedro sentou-se com eles. Uma criada o viu à luz do fogo e disse: "Este também estava com ele." Pedro negou: "Mulher, não o conheço". Pouco depois, outro disse: "Tu também és um deles". Pedro respondeu: "Homem não sou." E cerca de uma hora
depois ainda outro afirmou: "Certamente este também estava com ele, pois é galileu." E Pedro disse: "Homem, não sei o que dizes." E no mesmo instante o galo cantou. Jesus voltou o rosto e olhou para Pedro. E Pedro, lembrando-se das palavras do Senhor, saiu e chorou amargamente. Enquanto isso, os guardas zombavam de Jesus, espancavam-o, vendavam seus olhos e diziam: "Profetiza, quem te bateu?" E lançavam contra ele muitos outros insultos. Ao amanhecer, reuniu-se conselho dos anciãos, os principais sacerdotes e os escribas, e levaram Jesus ao sinédrio. Perguntaram: "És tu o Cristo?" Diz-no. E Jesus respondeu: "Se eu
vos disser, não acreditareis. Se vos perguntar, não me respondereis. Mas desde agora o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus". E todos perguntaram: "Logo tu és o filho de Deus?" Jesus respondeu: "Vós dizeis que eu sou". E então disseram: "Que necessidade temos ainda de testemunho? Pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca". Ao amanhecer, a trama já estava selada. O conselho dos anciãos, os principais sacerdotes e escribas, conduziram Jesus a Pilatos. Ali, diante do governador romano, apresentaram as acusações. Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar tributo a César
e dizendo ser ele mesmo o Cristo, o rei. Pilatos olhou para aquele homem calado, ensanguentado, firme, e perguntou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus respondeu: "Tu o dizes". Pilatos então se voltou aos acusadores. Nada acho contra este homem. Mas eles insistiam. Ele incita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia até aqui. Ao ouvir Galileia, Pilatos viu uma saída. Jesus era Galileu, então pertencia à jurisdição de Herodes, que naquele momento também estava em Jerusalém, e o enviou a Herodes. Herodes estava curioso, queria ver algum milagre, alguma façanha. Fez-lhe muitas perguntas, mas Jesus
não respondeu palavra alguma. Enquanto isso, os sacerdotes e escribas o acusavam com veemência. Herodes, com seus soldados, zombou de Jesus. Vestiram-no um manto esplêndido, como se fosse um rei de mentira, e o devolveram a Pilatos. Naquele dia, Herodes e Pilatos, que antes eram inimigos, tornaram-se amigos. Pilatos então reuniu os principais sacerdotes, magistrados e o povo e declarou: "Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas tendo-o interrogado, não achei nele culpa alguma, nem mesmo Herodes. Nada há que mereça morte, portanto, o soltarei após castigá-lo." Era costume libertar um preso na Páscoa. Pilatos esperava que o povo
pedisse por Jesus, mas a multidão gritou: "Fora com este! Solta-nos Barrabás! Barrabás, um homicida preso por sedição e assassinato. Pilatos ainda tentou: "Que mal fez este homem? Nada achei nele digno de morte. Castigá-lo ei e o soltarei." Mas eles gritavam cada vez mais: Crucifica-o, crucifica-o! E vencido pelos gritos, Pilatos entregou Jesus à vontade deles. Jesus foi entregue, Barrabás foi solto. O justo foi condenado, o culpado livre. Enquanto levavam Jesus, obrigaram Simão de Sirene, que voltava do campo, a carregar a cruz atrás dele. E uma grande multidão o seguia, inclusive mulheres que choravam e lamentavam. Mas
Jesus se voltou para elas e disse: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós mesmas e por vossos filhos, porque dias virão em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, os ventres que não geraram e os seios que não amamentaram. Então dirão aos montes: "Caí sobre nós!" e aos outiros. Cobrin-nos, porque se fazem isto ao madeiro verde que se fará ao seco. Chegaram ao lugar chamado Calvário. Ali crucificaram Jesus e com ele dois malfeitores, um à direita, outro à esquerda. E Jesus, enquanto pregos perfuravam suas mãos, orou: "Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que
fazem." E os soldados repartiram suas vestes, lançando sortes. O povo observava, os líderes zombavam. Salvou os outros. Salve-se a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o escolhido. Os soldados também o escarneciam. Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. E acima da cruz uma inscrição. Este é o rei dos judeus. Um dos criminosos crucificados também o insultava. Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós. Mas o outro do lado oposto o repreendeu. Nem ao menos temes a Deus estando sob a mesma condenação. Nós com justiça recebemos
o que merecemos. Mas este nenhum mal fez e disse a Jesus: "Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino". E Jesus respondeu: "Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso." Era quase a hora sexta, meio-dia, e houve trevas sobre toda a terra até a hora 3 da tarde. O sol escureceu, o véu do templo rasgou-se ao meio e Jesus, com voz forte clamou: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E dizendo isso, expirou. O centurião, ao ver o que se passava, glorificou a Deus. Verdadeiramente este homem era justo. E as multidões que
estavam ali, vendo tudo, voltaram batendo no peito. E todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o haviam seguido desde a Galileia, olhavam de longe. Havia ali um homem chamado José de Arimateia, membro do conselho, homem bom e justo, que esperava o reino de Deus. Ele foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Retirou o corpo, envolveu-o em um lençol de linho e o depositou num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda fora sepultado. Era o dia da preparação e o sábado estava para começar. As mulheres que tinham vindo com Jesus desde a
Galileia seguiram José, viram o sepulcro e como o corpo foi colocado. Voltando, prepararam aromas e bálsamos e no sábado descansaram conforme o mandamento. O céu se calou, a terra tremeu, o filho morreu, mas o sepulcro ainda não disse sua última palavra. Era o primeiro dia da semana, ainda de madrugada. A cidade de Jerusalém ainda dormia, mas algumas mulheres estavam a caminho do sepulcro. Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago e outras com elas. Vinham com aromas preparados, com o coração ainda ferido, com a esperança sepultada. Mas ao chegarem, viram que a pedra fora removida. entraram
e o corpo de Jesus não estava ali. Enquanto estavam perplexas, dois homens com vestes resplandescentes apareceram diante delas. Elas se prostraram cheias de temor, e os anjos disseram: "Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos do que vos disse, estando ainda na Galileia. Importa que o filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ao terceiro dia ressuscite. Elas se lembraram e sem perder tempo, voltaram para anunciar aos 11 e a todos os demais. Mas as palavras lhes pareciam como um delírio. Eles não
acreditaram. Pedro, porém, levantou-se e correu ao sepulcro. abaixou-se, viu apenas os lençóis, voltou para casa maravilhado com o que havia acontecido. Naquele mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, a uns 12 km de Jerusalém. Falavam sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, Jesus aproximou-se e caminhava com eles, mas os seus olhos estavam como que impedidos de reconhecê-lo. Ele lhes perguntou: "Que palavras são essas que trocais enquanto caminhais tão tristes?" Um deles, chamado Cleopas, respondeu: "És o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que aconteceu nestes dias?" Jesus perguntou: "Que
foi? Eles disseram: "O que aconteceu com Jesus de Nazaré, varão profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo? Nossos principais sacerdotes e autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem redimiria Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo também nos deixaram atônitos. Foram ao sepulcro de madrugada, não acharam o corpo e disseram que tiveram uma visão de anjos que afirmavam que ele está vivo. Então Jesus os repreendeu com ternura e firmeza, ó
nécios e tardios de coração para crer tudo o que os profetas disseram. Porventura, não era necessário que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória. E começando por Moisés e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as escrituras. Ao chegarem perto de Emaús, Jesus fez menção de seguir adiante, mas eles insistiram: "Fica conosco, pois já é tarde e o dia declina". E ele entrou para ficar com eles. Estando à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu e lhes deu. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram, mas ele
desapareceu de diante deles e disseram um ao outro: "Porventura não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos expunha as escrituras?" Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém. Lá encontraram os 11 e os outros reunidos e ouviram: "É verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão". Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho e como o haviam reconhecido ao partir o pão. Enquanto ainda falavam, Jesus apareceu no meio deles. "Paz seja convosco", disse ele. Mas eles ficaram assustados, pensando que viam um espírito. Jesus lhes disse: "Por que estais
perturbados? Por que surgem dúvidas no vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo. Tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E mostrou-lhes as mãos e os pés. E enquanto ainda não acreditavam por causa da alegria e da admiração, Jesus perguntou: "Tendes aqui algo para comer?" Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu diante deles. E então, com autoridade e ternura, Jesus abriu as mentes deles para entenderem as escrituras. Importava que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos ao terceiro dia
e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. e prometeu: "Eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai. Permanecei na cidade até que do alto sejais revestidos de poder." Levou-os até Betânia. Ali, erguendo as mãos, os abençoou. E, enquanto os abençoava, foi elevado ao céu. Eles o adoraram e voltaram a Jerusalém com grande alegria. E estavam sempre no templo louvando e bendizendo a Deus. O evangelho termina, mas a missão apenas começa. O túmulo ficou vazio, o céu foi
aberto e o rei vivo reina para sempre. E assim termina o Evangelho segundo Lucas, não com o silêncio de um túmulo, mas com a voz de um anjo, dizendo: "Ele não está aqui, mas ressuscitou, não com o fim de uma história, mas com o começo de uma missão que mudaria o mundo, não com uma despedida desesperada, mas com a promessa de poder do alto e a presença de um Cristo vivo." Neste evangelho vimos o nascimento do Salvador em um estábulo simples, e o Rei dos Reis sendo exaltado acima dos céus. Vimos cegos enxergando, mortos levantando,
leprosos sendo tocados e pecadores sendo restaurados. Vimos líderes religiosos se oporem e pecadores comuns se renderem. Mas acima de tudo vimos a fidelidade de Deus em carne e osso, Jesus, o Cristo, o filho do Altíssimo, que foi traído, julgado, crucificado e ao terceiro dia ressuscitou. Ele vive e por isso a nossa fé não é em vão. Se você chegou até aqui, você faz parte de um grupo raro, os que não apenas ouvem, mas permanecem até o fim. Foram 24 capítulos contados com zelo, estudo, oração e respeito absoluto pela palavra de Deus. Este vídeo levou tempo,
entrega e coração para ser produzido e tudo foi feito com um único propósito, edificar a sua fé. Por isso, se você assistiu até o final, comenta aqui embaixo: "Eu cheguei até o fim do livro de Lucas. Louvado seja Deus pela vida, morte e ressurreição de Jesus. Esse comentário mostra que você faz parte de um povo especial. Gente que não apenas consome conteúdo, mas que ama, honra e valoriza a palavra de Deus até o último minuto. Agora eu te convido, curta esse vídeo, compartilhe com alguém que precisa conhecer o verdadeiro Jesus e se inscreva no canal.
Cada curtida, cada compartilhamento é uma semente plantada na eternidade. Mas mais importante do que qualquer clique é que essa história gereformação. O Evangelho de Lucas não foi escrito para entreter, foi escrito para revelar a verdade que salva, cura, corrige, renova e liberta. nos mostra um salvador compassivo, um rei justo, um Deus presente e nos desafia a viver com fé, servir com humildade e perseverar com coragem. Então eu te faço um apelo. Siga Jesus de verdade, não apenas de palavras, mas com sua vida inteira. Arrependa-se, entregue seu coração, receba o perdão e viva com o propósito
eterno de glorificar aquele que venceu a morte. Se você ainda não fez isso, entregue sua vida a Jesus hoje mesmo. Aceite-o como seu único e suficiente Salvador. Essa história não foi contada só para te informar, mas para te transformar. Agora me diga, qual parte deste evangelho mais tocou seu coração? Qual cena, qual atitude, qual milagre te fez parar e refletir? Comenta aqui embaixo. Este foi o Evangelho de Lucas, capítulo por capítulo, do começo ao fim. E eu oro para que ele tenha edificado sua vida, assim como edificou a minha. Deus te abençoe e até o
próximo estudo, se ele permitir.