Mais um dia entrou paraa história financeira. A nota de crédito dos Estados Unidos acaba de ser rebaixada. Eu não tô falando do Brasil não, mas sim do governo americano, que pela primeira vez na história teve a sua nota rebaixada pela agência Moodes, que agora se junta as outras duas grandes agências de classificação de risco, que já haviam tirado a nota de triplo A do governo americano e rebaixado a Stan Impuls em 2011, a FIT em 2021 e agora finalmente a Moodes.
Então, as três principais agências de risco rebaixando a nota americana. E claro que essa notícia já fez os juros dispararem, especialmente os longos e não apenas nos Estados Unidos, mas também fora dele. A gente vai falar sobre isso porque é importante entender o que está acontecendo e o significado dessa decisão daqui paraa frente.
A situação fiscal americana que sim, ainda preocupa e isso que é um grande problema pro governo Trump e por seu plano econômico. Então eu queria começar até com a entrevista do secretário do tesouro, Scott Besset, porque ele vem sendo muito requisitado nos últimos dias. É quase que uma presença constante na mídia, dando entrevistas na TV, vem ao Twitter, na mídia, impressa coletivas, enfim.
E como a notícia saiu na sexta-feira à noite, os mercados já haviam fechado e somente ontem à noite, no domingo, que os juros começaram a disparar forte, o de 30 anos nos Estados Unidos chegou a mais de 5%. Vou mostrar alguns gráficos. E aí, no fim do dia, o secretário veio novamente concedendo entrevistas e comentando essa decisão.
E eu quero analisar um trecho curto da fala dele e aí depois eu prossigo. Então, vamos colocar aqui e já prossigo. Vamos lá.
is a lagging indicator. I think that's what everyone thinks of credit agencies. Larry summers and I don't agree on everything but he said that indicator and É verdade.
Concordo com ele que um diz que o indicador é atrasado, as agências são o indicador atrasado. de o próprio Larry Summers, que discorda bastante do Trump, já havia falado a mesma coisa quando a nota foi rebaixada lá em 2011 pela Standard Impulse. Mas convenhamos, não dá para minimizar, é algo importante, é histórico e como a gente vai ver aqui na decisão da Mes, eu quero ler alguns trechos, não é qualquer e decisão sem nenhum significado maior, tem um embasamento por trás, então é importante entender o que levou a essa mudança de risco dos Estados Unidos.
Mas deixa eu continuar porque eu também tenho uma parte importante do trecho da entrevista e depois eu acabo. É bem curtinho. Vamos lá.
6. 7% Agora ele falando que eles não chegaram nessa situação em 100 dias e que herdaram uma economia com profundo déficit do governo Biden. E aí realmente essa tendência que eu tenho visto assim consistentemente pelo Trump, pelos demais ministros e também pelo Besson, de colocar quase que todos os problemas no legado, na herança do Joe Biden, como se tudo aconteceu em 4 anos de governo, que também não é verdade.
O próprio governo Trump também durante o seu primeiro mandato deixou um déficit significativo. Isso antes da pandemia, deixa eu só relembrar este gráfico aqui, ó. 2016, déficit de 3%, 2017, 3.
4, 2018 3. 8 e 2019, antes da pandemia, 4,6% do PIB. Então, não é pouca coisa.
O Trump também teve o seu papel aqui de piorar as contas públicas dos Estados Unidos. Agora, a herança disso, a origem, ela é histórica, é mais do que o Biden, é mais do que o Trump. E é preciso fazer até o chamado, porque na segunda-feira, dia 26 de maio, às 20 horas, a gente vai estrear o novo documentário sobre o futuro do dólar, a crise da dívida americana aqui no YouTube.
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Então, siga o dinheiro, follow money. Vou deixar aqui o código QR. Agora voltando, é preciso sim colocar a nota, agora não a nota em cima, sim o texto que foi divulgado pela Moodes para justificar essa decisão.
E aqui temos ele dizendo o seguinte, ó. A Mood Ratings rebaixou o emissor de longo prazo do governo americano e as classificações não garantidas para a AA1 de AA, então tripul que era a principal e mudou a perspectiva para estável de negativa. Tava em negativa, rebaixou a nota e agora perspectiva estável.
E aí diz o seguinte, ó. As sucessivas administrações dos Estados Unidos e o Congresso não chegaram a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficites fiscais anuais e crescentes custos de juros. Não acreditamos que as reduções materiais plurianuais nos gastos e déficitos obrigatórios result atuais propostas fiscais em consideração.
Na próxima década esperamos déficites maiores à medida que os gastos com direitos aumentam, são os programas sociais americanos, enquanto a receita do governo permanece praticamente estável. Por sua vez, déficitos fiscais persistentes e grandes elevarão a dívida e a carga de juros do governo. O desempenho fiscal dos Estados Unidos provavelmente se deteriorará em relação ao seu próprio passado e em comparação com outros soberanos altamente cotados.
Então, vejam que a Mudes ela não tá olhando apenas para o passado que aconteceu, ela também está olhando prospectivamente, olhando que está na proposta do orçamento americano, que está tramitando agora no Congresso. Eu vou falar sobre isso também porque é uma das fontes de preocupação. Então, há um problema real de herança, de legado, mas de futuro.
Embora o Bessent fale que tem que conter o gasto, que é preciso conter o déficit e o próprio Trump também fale, na prática isso está mais no discurso do que ações concretas. E basta ver essa última peça legislativa do orçamento que foi proposto, está tramitando e que está prevendo déficites crescentes. Tem mais cortes de impostos, que é sempre bom, mas o lado do gasto, o spending, isso continua crescente e este é o problema.
E aí que eu vou trazer aqui alguns gráficos importantes. Esse aqui que mostra então comparando com 2024, tá? É cumulativo e 2025.
Vejam que chegando o mês de abril, o ano fiscal americano vai de setembro a outubro. Claro que Trump só assumiu no finalzinho de janeiro, mas enfim. O gasto aqui de fevereiro, de março e de abril foi bem relevante.
E temos agora um déficit que já passa de 1 trilhão em abril e que é maior do que havia em abril do ano passado. Então o déficit segue crescendo, não temos ainda uma projeção real de déficit. E aí as perspectivas que tem aqui até colocar mais um que tá na tela aqui, ó, esse pacote de dos republicanos que tramita na Câmara, mostrando aqui que se os cortes de impostos do Trump foram forem feitos permanentes, que essa é a proposta, o que pode impactar no défic nos próximos 10 anos é um impacto adicional de 5,2 trilhões de dólares.
Então vai aumentar ainda mais e se somar a um déficit que já ronda 2 trilhões ao ano. Aqui mais uma análise do comitê para o orçamento federal responsável, que também projeta que os déficits vão disparar por conta dessa proposta agora que está tramitando. Então, não há perspectiva de diminuição da dívida americana, o que me leva a outro problema e que era uma promessa e era uma esperança até que foi muito divulgada, que foi o doje, o Departamento de eficiência governamental liderado pelo Elon Musk.
E que eu preciso colocar aqui também na tela. Vamos lá. Aqui os savings, as economias atingidas até o momento pelo agora está em 170 bilhões de dólares, embora haja sim algumas auditorias desse número e que defendem a tese de que na prática é menos do que isso, alguns chegando até uma fração, um décimo disso.
Então é muito pouco. E aquilo que até o Will Musk tinha não se comprometido, mas tinha aventado, olha, a gente pode talvez cortar 2 trilhões do déficit, essa é a minha meta. Tá claro agora que tá muito distante o cortar a dívida pública americana e cortar o gasto do orçamento federal, especialmente aqueles que são previstos em lei e que então engessam o orçamento.
Isso vale pros Estados Unidos e vale pro também. É muito difícil. E como o governo americano e o Trump até o momento não quer encarar essa bronca, vai ser muito muito complicado reduzir o défic americano.
Então a gente pode dizer sim que o do até o momento está fracassando. Não vejo como isso vai mudar, porque o próprio Musk já praticamente abandonou o governo por questões empresariais, o a represária que teve contra a sua própria pessoa, as suas empresas, enfim, ele tá cada vez mais distante do governo. tão difícil conseguir alguma mudança.
E por conta disso tudo que a gente pode ver até agora sim eu coloco na tela as taxas de juros. Governo aqui tesouro americano, que hoje chegou até ultrapassar aqui 4. 57, então 4,57%.
Tesouro japonês de 10 anos também volta a subir 1,5%. Mas quando a gente analisa aqui, deixa eu até colocar a as taxas de toda a curva americana. Vejam só as mais longas, 20 anos chegou a ultrapassar hoje 506, 30 anos da mesma forma chegou a ultrapassar 504.
Cara, é muita coisa e não é apenas o governo americano. Aqui também agora as demais taxas de juros do planeta. Até dei um zoom out aqui de 14 anos.
Tesouro 10 nos Estados Unidos. Da Grã-Bretanha também aqui ultrapassa 5,40%. O do Japão já tinha comentado aqui 12,9% de 30 anos.
Aliás, agora quase 30 anos. Já vou falar mais do Japão porque é muito importante. França também quase 4%, Alemanha 3%.
Itália agora está em 4,4%. Espanha, tô colocando apenas o de 30 anos, tá? Espanha também aqui em 4,44%.
E por fim até a Grécia. Vejam só, a Grécia aqui, deixa eu até, ó, a Grécia está em 4,15%. está abaixo da Itália, abaixo do Reino Unido e abaixo dos Estados Unidos, a Grécia, quem diria.
Então, é um movimento global de disparada dos juros longos, porque a verdade é que todos os países estão muito endividados, alguns mais que outros, especialmente os soberanos, mas é um problema mundial. E desses países, sem dúvida que o grande elefante na sala é justamente o Japão. E por isso que preocupa quando nós observamos as taxas do tesouro japonês de 30 anos chegando em 3% e do tesouro de 40 anos chegando em 3,5%.
Primeiro pela magnitude, a violência desse movimento. Vejam só, saiu aqui de, no começo de abril, tava em 2,5%, tesouro de 40 anos, governo japonês. E agora 1 mês e meio depois vai para 13,5%.
Essa mudança de juros de 2,5 para 3,5% num título de 40 anos significa uma perda, uma queda no valor do título, no preço do título de mais de 30%. Quanto mais longa a duração do título, mais sensível é o preço à variações destes juros. E de 2,5 para 3,5 é uma mudança brutal.
Então não dá pra gente menosprezar o que está acontecendo, especialmente porque o tesouro do Japão é o pai, é o governo mais endividado, mais de 250% apenas a dívida pública. E também por outra informação muito importante que o tesouro do Japão, vamos lá aqui, ó, aliás, o Banco do Japão, que nos últimos anos vem até diminuindo as suas compras. Aqui era a compra do tesouro japonês, são as barras verticais.
pretas, era ele quem mais estava comprando, mas em 2024, 25 até vem reduzindo as suas compras. Porém, ainda assim, o Banco do Japão detém da dívida pública japonesa, mas a metade. Isso aqui é surreal.
Até nos Estados Unidos isso aqui é bem menos, é menos de 25% que o Fed tem da dívida pública que foi emitida. Então, no Japão não tem mais para quem vender. Cada vez está diminuindo o mercado e o quanto mais que o Banco do Japão pode imprimir, vai seguir imprimindo e comprando sem parar.
Em algum momento essa roda para de girar e o grande problema virá. O que será das taxas de juros? dispararão ainda mais o que farão.
E aqui a gente pode entrar no cenário que é mais complicado de possível repressão financeira em que os bancos centrais, os governos buscam meios alternativos para segurar taxas de juros. Mas eu não quero me aprofundar tanto nesse assunto, até porque a gente fala bastante no documentário, mas eu preciso trazer o que isso significa também pros próprios Estados Unidos, porque essa questão fiscal não é algo de agora, vem de décadas, mas vem se deteriorando e sem ainda uma luz no fim do túnel. E no curtíssimo prazo tem alguns complicadores, como por exemplo o teto de dívida americano, que ainda está limitando o a montanha de dívida está aqui em 36,1.
que é o máximo que o governo americano poderia emitir, 36 trilhões de dólares, cara, surreal. 36 trilhões de dólares e ele precisa ser novamente elevado. Então, essa batalha agora pela elevação ou suspensão do teto da dívida americana vai também ser travada no Congresso nas próximas semanas.
Isso pode trazer mais volatilidade. Não espero nenhuma nenhum resultado, a não ser nova elevação, como sempre o fazem, mas sempre traz turbulência, sempre trouxe e sempre vai trazer e dessa vez não vai ser diferente. O grande problema pro governo americano neste momento é que ele tem uma dívida gigantesca, mais de 120% do PIB, com um juro muito elevado.
Então, a curva toda está acima de 4% praticamente, os vértices menores um pouco menos, mas ainda assim é um patamar muito elevado e especialmente os juros mais longos que estão todos acima de 4% até agora que chegou em cinco. E a dívida que foi emitida nos últimos anos foi uma dívida de curto prazo. A Janethy Allen, que foi a secretária do tesouro antes do Bcent, ela priorizou dívida de curto prazo, até porque os juros estavam muito elevados.
Então, melhor emitir uma dívida de menor duração e quando for refinanciar ela, a gente consegue uns juros menores. O problema é que agora a dívida precisa ser refinanciada e os juros continuam nas alturas. Então, nesse patamar de juros, o Bcent escolher emitir uma dívida de 10, de 20, 30 anos, não vale a pena.
Travar agora um juro de 5% por 30 anos é muita coisa, é muito caro. E a despesa com juros no orçamento público já ultrapassou 1 trilhão de dólares, já ultrapassou o gasto com defesa. Então é um enorme problema.
E agora o que que o o governo vai fazer? O que que o Trump pode fazer? O que que o Fed pode fazer?
O Fed está reduzindo o seu balanço, não tá comprando uma dívida pública, pelo contrário, será que ele vai suspender essa redução do balanço e logo vai voltar a comprar dívida? É possível, só que se isso acontecer é mais turbulência à vista, mas algo precisa ser feito. E que coelhos o Trump pode tirar da cartola nesse momento?
Na última vez que foi em abril que os juros dispararam, foi mais por conta das tarifas de importação, toda a turbulência que houve. E por alguns dias de muita atenção e preocupação, incerteza, o governo veio atrás, anunciou a pausa de 90 dias para todos os países, a exceção de China. Agora veio a pausa pra China.
Então, no fronte guerra comercial, guerra tarifária, não tem muito o que fazer. ah, vai anunciar um novo acordo com a China, que também tá distante. O que que pode ser anunciado para aliviar os temores no mercado de dívida, no mercado de crédito e assim reduzir os juros?
É sim um momento histórico para qualquer um que gosta de macro e que acompanha os mercados e que se preocupa com o que tá acontecendo. É um dos momentos mais importantes da história financeira, história da dívida soberana, história dos mercados, história do dinheiro, talvez também, porque isso tem a ver com o próprio padrão dólar, a moeda americana, essa era de papel moeda inconversível. Enfim, importante seguir acompanhando eh o grande ciclo de endividamento dos países que nós estamos testemunhando há tantas décadas, que o Rayo também vem falando sobre, parece cada vez mais a gente chega próximo desse dia de, o dia do juízo final.
Exatamente. Quando será, como os países conseguirão lidar com isso, não sabemos, mas é um momento de cautela, de acompanhar, porque não se pode menosprezar. taxas de juros de longo prazo, acima de 4, de 4,5, de 5%, quando os países estão tão endividados como estão hoje.
Parece que os desenvolvidos estão virando emergentes e nós como emergentes já vimos no passado o que acontece quando a dívida estoura demais. Compartilhem esse vídeo, espero tenham gostado. Se inscreva no canal, ativem o sininho e quem não segue o dinheiro ainda, follow the money, nosso aplicativo definitivo com melhorar conteúdo de finanças, investimentos, economia e mercados.
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