é interessante mostrar que existe sim eu não concordaria que o DSK faz isso apenas como sadismo pur e simples mas o mal é esse carunchado na obra D com um Requinte de crueldade que ah às vezes torna o Marquez de sad que é um autor exato que é um autor que o DSK leu e Leu muito bem mas que realmente torna o marqus de sad alguém alguém que seria um jardim de infância digamos [Risadas] [Música] assim oi pessoal começa agora o Quem Somos Nós o programa para quem tem prazer em conhecer se você tiver interesse
em ouvir todas as séries de conversas que a gente já fez nos últimos 3 anos e pouco com temas completamente diferentes mas sempre sobre a natureza humana acesse quem somos nos.com.br ou Baixe no podcast E ouça quando quiser já séries mais recentes Você assiste também no YouTube hoje nós vamos continuar a série sobre grandes textos do ocidente com o Último Romance de fodor é um tratado sobre a alma humana os irmãos karamazov aqui com a gente o escritor professor e mestre de teoria literária pela fefel que é Faculdade de Filosofia letras e ciências humanas da
USP Flávio Ricardo [Música] vassoler quem é você Meu nome é Flávio Ricardo vassoler eu sou eu eu fiz doutorado em teoria literária pela Universidade de São Paulo com estágio doutoral junto à northwestern University que fica ali em evanston nos Estados Unidos uma cidade ao norte de Chicago então eu vim estudando daev que há aproximadamente 11 anos é um escritor e é o escritor com que mais fala dentro de mim por toda a pletora de questões em termos filosóficos existenciais sociais e políticos então eu sou um estudioso da obra do dostoyevski e estabeleço venho estabelecendo relações
entre o dostoyevski a teoria literária por exemplo por meio do do crítico Russo mel bartin e vem estabelecendo também diálogos entre a obra de dostoyevski e a teoria crítica né assim chamada escola de Frankfurt sobretudo ali a partir das análises do teodor dorno O Pensador que seria ali um dos grandes expoentes da escola de Fran Então essa seria uma apresentação sucinta assim na minha TR Mas como que você chegou nele Olha é é um é uma é uma chegada peculiar a obra de D eu me lembro de que eu em 2001 quando eu tava fazendo
cursinho uma amiga minha nas escadarias ali de um cursinho na Paulista tava lendo Crime e Castigo eu comecei a conversar com ela ô Vânia que que você tá lendo que livro é esse e tal ela começou a me contar e no ano seguinte eu entrei eu comecei a cursar direito que é justamente o curso que o raskolnikov o protagonista do Crime e Castigo estudava até ter que largar a faculdade ali por problemas financeiros então tem uma atmosfera interessante da minha primeira aproximação Porque no momento em que eu tava entrando ali no curso de direito eu
tava lendo Crime e Castigo e o que me chamou atenção desde o princípio em DSK é essa noção de que a narrativa se conforma com uma série de questões termos políticos sociais filosóficos e depois quando eu fui estudar a literatura russa de forma mais aprofundada ali na iniciação científica no mestrado no doutorado eu pude perceber que essa conformação específica da literatura russa no século X século que os russos chamam de Zato Vie que é o século de ouro da literatura russa Mas é mesmo né Tem uma noção de que ah a censura fortíssima do tsar
não permitia que os círculos de debate pudessem eh trazer discussões abertas sobre economia política os rumos da sociedade então em grande medida a literatura russa tendia a congregar essas discussões nas trajetórias das suas obras e o DSK ao lado também do tal stoy para nós citarmos outro grande escritor Russo congregava de maneira muito forte todas essas discussões então eu que originariamente não era alguém que estudava literatura até então me via extremamente tomado pelas discussões sobre o socialismo pelas discussões sobre a existência ou a inexistência de Deus que é essa questão fundamental que perpassa toda a
obra D stevi então a minha aproximação se deu primeiramente de maneira ah pelo pela grande a tensão escatológica da obra dostoyevski porque é interessante ah comparada as Steves com outros autores que colocam as personagens numa temperatura digamos mais amena mais cotidiana das teves que tende a lançar as personagens num turbilhão de vivência então l o tempo todo é febril a leitura das então isso sempre me atraiu muito porque você é assim também olha Eh eu diria eu diria que D damente me parece que as pessoas se revelam mais tiram ali aquilo que nós poderíamos chamar
de Convenções ou máscaras do cotidiano atrás das quais as pessoas tendem a se esconder e most mais o que viriam a fazer em determinado momento em determinada situação quando são confrontadas ali com a noção de que é preciso desembocar uma ideia a radicalidade de uma ideia no caso por exemplo já que eu citei o Crime e Castigo o raskolnikov vive ali um contexto de morte iminente de Deus morte Histórica de Deus a gente tá ali no bojo do século X com Os questionamentos radicais do Darwin por exemplo a noção do criacionismo a gente também tá
no século do Nietzsche que seria um grande leitor de dostoevsky e o raskolnikov vai conceber então a possibilidade de Matar ou não matarás e o que que o DSK faz digamos em termos estruturais em termos escatológicos com essa personagem já que a personagem vai conceber um mundo sem Deus um mundo em que os valores éticos seriam totalmente arbitrários ele vai levar as últimas consequências o não o a a morte do não matarás a partir da idealização do assassínio esse tema que começa para nós falarmos ali das grandes obras das cevianas do período pós siberiano né
ele ficou ali por ter feito parte de um grupo socialista radical em fins da década de 40f foi condenado primeiro à morte e é muito interessante porque eu morei durante o mestrado Eu morei um ano na Rússia então eu estive lá em São Petersburgo e fui até a praça semav onde foi encenada a execução dos membros dos membros do Círculo petrachi entre os quais O dostoevsky que era que era um grupo de esquerda radical naquele momento isso e o Imperador encenou essa história toda para eles ficarem com medo de morrer não é isso até o
último momento eles não sab deixou até lá para car tá bom vai então e depois ele comou no último momento Essa pena e depois os membros do Círculo de Petra cheves Petra cheves era um dos integrantes desse círculo e os membros foram condenados a anos prolongados de trabalho forçado ali na Sibéria então quando eu me refiro a esse às obras pós siberianas Eu me refiro às obras que o dessa experiência e que o tornam e que o digamos o imortalizam o que que obras que o trazem até hoje então esse tema da morte de Deus
dos desdobramentos da morte de Deus pode ter uma primeira ilustração digamos com o raskolnikov e vai atingir depois de maneira eu diria ainda mais tensa a nossa obra obra sobre a qual a gente vai discutir que são os irmãos Caram aí então uma vez que raskolnikov concebe a morte de Deus ele quer pôr em prática a noção de saber se ele poderia tomar para si o gládio o poder de Deus diante das criaturas o poder de vida e morte então isso leva a concepção e a consecução de um dupla de um duplo homicídio É nesse
sentido que eu digo que o dfsk Opera escatológica ele é radical no no sentido ele leva até o fim as últimas consequências última consequência de um pensamento exatamente eu acho que essa é a parte que encanta todo qualquer um que se depara com uma obra dele que assim ele não para no meio do caminho né ele não faz acertos ele vai até o finalzinho para ver o que que aquilo significa eu não sei essa é a sensação que eu tenho que falar o bicho Não para né ele vai ver até onde a gente chegaria se
a gente tivesse aquela posição e isso me parece muito interessante porque se nós tivermos a oportunidade Depois de falar sobre isso é interessante que esse método DSK essa essa característica que um crítico norte-americano fundamental que escreveu cinco volumes de uma biografia que na verdade é uma biografia de dastes mas também uma radiografia de todo o contexto cultural literário e político da Rússia de então eu tô falando Tô me referindo ao crítico literário norte-americano Joseph Frank morreu recentemente morreu há 3 anos em 2003 se eu não tô equivocado os cinco volumes que ele escreveu foram publicados
no Brasil pela edusp essa também foi uma vertente que me fez ah ter muita proximidade com a obra do DSK por quê em determinado momento ali lá pelo ano de 2005 eu me deparei ali na faculdade de Filosofia eh eh da da da Faculdade de Filosofia da Usp eu me deparei com esses volumes do Joseph Frank comecei a lê-los os cinco Na verdade até então três haviam sido publicados Fui lendo e o Frank ia reconstruindo os pares de discussão DSK ali na Rússia de então a influência das literaturas inglesa alemã e francesa pra conformação da
obra DSK e mostrando a Gênese das ideias ali do DSK então para tentar responder essa pergunta por que me atrai tanto e por o que ele diz de mais fulcral sobre o ser humano é essa noção de que ao conceber uma ideia que obsede que que encarna praticamente uma personagem daí a noção de personagem ideia em dostoyevski ele leva as últimas consequências essa ideia com desdobramentos cênicos com ações e isso nos dá a oportunidade hoje de pensar com dast vski e tentar pensar para além de DSK o próprio método dele e aí será que se
nós levarmos as ideias ali que surgiram no século XIX e pensarmos com os desdobramentos da sociedade de hoje como é que nós veríamos a noção do assassínio eu vou falar depois então sobre o fato de que no crime castigo raskolnikov concebe o assassinato e o executa já nos irmãos karamazov nós temos entre os irmãos um ment que é o Ivan do parricídio e um Executor que é o filho bastardo o smir diakov e isso a meu ver isso eu venho trabalhando na minha pesquisa isso é uma metáfora interessante para nós percebermos os desdobramentos desse mundo
eivado de transpassado pela arbitrariedade por falta de valores universais sobre o que poderia redundar essa clivagem de uma nova classe que tava acendendo então DSK chamam de profeta Eu Deixaria esse termo do Profeta de lado e tentaria dizer o seguinte como o d tá tentando pensar o movimento da história movimento das ideias ele com a sua imaginação escatológica com a sua imaginação limítrofe levando sempre as últimas consequências das ideias t a imaginar em que determinadas determinadas ações políticas sociais vão resultar então interessante pensar quando nós hoje temos a possibilidade de ol ol exato o século
XX a União Soviética pensando Então o a a a as entre aspas as profecias Mas o que eu tenderia a dizer as projeções históricas de DSK É incrível como ele entreviu ali a possibilidade de da emancipação ser revertido em arbitrariedade em autoritarismo como ele viu a possibilidade de discursos utópicos serem revertidos em distopia em assassínio em massa em frieza ética em indiferença social então o DSK tem muito de um autor do século XX por exemplo é um autor radicado no sé X afecção é claro que todo o contexto faz sentido mas vou dar uma opinião
né sem nenhuma sem nenhum conhecimento igual ao seu mas assim me parece humano e não todas essas questões aí que ele coloca não acho que são questões da sociedade russa né me parem do ser humano que de alguma maneira tudo isso que você tá colocando não sei se você entende o que eu tô falando cloo e ele tem tinha uma percepção que eu não sei se é social Apesar dele ter uma vida social né assim envolvida politicamente mas acho que era uma percepção humana assim da alma humana de um jeito M Claro eu a leitura
para mim veem mais desse jeito tá tá tá né O que eu o que eu diria que D está pensando ah a existência aí eu acho que você tá trazendo essa questão da discussão da existência Mas ele também é um ele sempre correlacionou a existência a alma no e essa palavra é muito forte para ele justamente por sua vinculação religiosa Antes aqui da do início do nosso diálogo a gente estava conversando sobre qual seria né a influência religiosa emast a gente pode até eventualmente falar sobre isso falaremos ele sempre correlacionou ele sempre foi alguém pensando
o movimento da história Então as questões eternas do do humano ou seja Qual o sentido da existência Ah todas estão lá como é que nós poderíamos como é que nós poderíamos conceber uma existência com sentido se não há eternidade da alma se não há Deus essa talvez seja a questão basilar ali de toda a obra dees como é possível fund uma nova sociedade se é que é possível fundar uma nova sociedade uma sociedade emancipada sem eternidade sem a noção de que as ações dos seres humanos reverberam eticamente pela eternidade porque ele a gente pode falar
sobre isso também ele tende a ser bastante niilista bastante cético pessimista sobre o futuro dos dos seres humanos se não houver a possibilidade de daquilo que eu chamo de cicatrização do espírito de Ah vamos chamar aqui de reconciliação dos problemas humanos e históricos sem uma eternidade sem a possibilidade de o ser humano se religar se reencontrar com a transcendência com Deus e com a eternidade ele achava que isso era uma forma da gente se controlar se civilizar não é isso eu acho que e no final que a civilidade vê se era isso sem Deus ou
sem essa transcendência ser bestas feras fazendo qualquer coisa essa é uma dimensão essa é uma dimensão muito importante no pensamento dele que por exemplo se nós ligarmos aqui falar da tradição histórica do Brasil ao catolicismo ligaria a noção de transcendência a punibilidade do inferno digamos assim a punibilidade de transcendência essa é uma vertente importante mas por exemplo para citar um texto que não é tão conhecido pelo público em geral mas me parece m importante na trajetória does que é um conto que ele escreveu em 1877 chamado sonho de um homem ridículo nesse conto a personagem
né o homem ridículo que ele não é nomeado então ele fica assim como o homem do subsolo do memória subsolido de 1864 também não é nomeado essa personagem eh tá à beira do suicídio ele leva as últimas consequências a noção de que não há sentido algum na vida e isso esse is é um ponto interessante para nós pensarmos a morte de Deus se nós imaginarmos Deus como um cristal como um todo que é arremessado pela história e se estilhaça várias possibilidades eh de de de desdobramento fenomênico vão se dar uma delas como nós já comentamos
é esse assassínio essa afronta em relação ao antigo pai o assassínio dest vai desdobrar isso em vários sentidos daí essa noção do camilho de que ele fica escandindo ao mesmo tempo o assassínio a extor a pedofilia a a o parricídio Como é o tema fundamental dos irmãos karamazov e o suicídio então o homem ridículo No começo ali de o sonho de homem ridículo vai dizer qualquer tipo de tergiversação com o suicídio é afirmar uma vida que se não se não possui sentido em si mesma se não se não prolonga nossa existência eh não faz sentido
algum e nesse e nesse ponto o suicídio é o desdobramento mais coerente natural diante da nossa finitude diante da nossa obsolescência o Ivan karamazov para nós entrarmos ali no ele ele se posiciona assim ele é ateu né não é isso Ivan essa é uma questão espinhosa também eu trago várias questões ali mas o Ivan vai dizer o seguinte até os 30 anos bom aí eu faço o parêntese na época do Ivan a gente não tinha subterfúgio de alguns Laboratórios para alegrar a vida durante mais tempo né então ele diz até os 30 anos até a
virilidade da Juventude valeria a pena haveria a possibilidade de afirmar a vida afirmar o prazer afirmar o o edonismo para além da dor e da falta completa de sentido depois disso a vida iria para uma para uma queda inequívoca mas o homem ridículo acha que isso eh é uma estupidez porque que a vida é transpassada de Sofrimento os momentos de gozo de felicidade são completamente efêmeros e ele percebe em si que tudo lhe é indiferente ele vai cometer o suicídio por que que eu tô dizendo isso porque para além da noção de eternidade como punibilidade
como a noção de que ah se eu cometer uma falta eu vou ser punido o homem Ridículo ele vai se suicidar em sonho e nesse sonho ele vai fazer uma viagem Trans ental para aquilo que nós poderíamos chamar de o duplo do planeta terra e vai perceber uma noção de sentido de reconciliação com os com aquele povo que vivia no duplo da terra de bondade de Irmandade e justiça que tá hermanada a noção de punibilidade de Justiça ética mas tá por outro lado mostra uma outra faceta daquilo que seria a transcendência pro dostoevsky a noção
da Bondade a noção de sentido de Reencontro não mas com a faceta do que é bom então esses dois polos são muito importantes PR compreensão do em geral Nós pensamos até pela tradição digamos Católica do Brasil aqui nessa noção debilidade de inferno mas pensando também E a obra dele é transpassada por isso com uma no de que para nós retomarmos uma passagem do Cristo ali do Sermão da Montanha bem-aventurados os que têm Sede de Justiça porque o seu clamor será atendido Essa justiça é uma noção de de eh punibilidade mas também a noção do perdão
a noção de que Carrasco e vítima poderiam conviver de que a vítima poderia perdoar a seu Carrasco você rapidamente você conta a história rapidamente só para quem ainda não não leu a obra né isso rapidamente a gente conta a história e depois a gente vai destrinchando ela os irmãos carazo ah representam a última obra doski ele não pode tem quantos anos ele então ele morreu com 60 anos então foram noos últimos 2 TR anos de vida em que ele pode se dedicar de maneira contumaza ali a escrita dos irmãos carazo e é peculiar esse dado
biográfico eu tive ali em São Petersburgo no Museu da steev a caso onde Ele viveu onde ele escreveu então os irmãos Caram D sempre foi acossado por dívidas por situação financeira muito instável Diferentemente por exemplo do turgenev e do tsto que tinham origens muito remediadas exatamente mas esse momento final da vida dele vai morrer com 60 anos ele nasce em 1821 e morre em 1881 né ele era acho que é de conhecimento Mais amplo mas ele era cometido por epilepsia teve uma saúde muito frágil ao longo da vida a epilepsia é um tema fundamental da
obra dele dos irmãos Caram também exato lá no idiota a gente mencionou o idiota o príncipe mishkin é é acossado por ataques de epilepsia E ele enquanto escreve os irmãos Caram esse livro vai sendo publicado em capítulos nas naquelas chamadas revistas grossas das revistas ali literárias da Rússia ele vai escrevendo ele já tem uma situação Sera melhor em comparação com o o restante da carreira dele exatamente del então eu tive ali né no museu eh São Petersburgo foi bem emocionante para mim como alguém que gosta muito da do DSK da obra dele e eu entrei
ali na sala em que ele escreveu ele se dedicava boa parte do dos últimos anos praticamente o dia dele era tomado pela escrita dos irmãos karamazov e como nós poderíamos sintetizar assim grosso modo a história da da família karamazov mas num sentido bem da stevano Por que eu digo isso porque Diferentemente daquela história ã por exemplo se nós compararmos com Ana carien do tal stoy que pega uma genealogia e vai transpassando ao longo do tempo é uma Saga da família não é o caso né ex o DSK é um escritor radicalmente sincrônico ou seja ele
faz um corte temporal e já Aressa a família no turbilhão dos conflitos a família Caram mas o verbo karamat diz respeito a macular tisnar sujar tem uma série de acepções A família é completamente e fraturada né é uma família tipicamente da stevana o pai o fodar pavlovic karamazov é um bufão é um orí é um beberrão ele é alguém que seria a última pessoa a representar o exemplo de um pai mas é justamente pai do alosa karamazov do Dimitri karamazov desse Ivan karamazov segundo das tfs teria sido só maior Criação em termos de personagem e
tem um filho bastardo que é o SM o smir diakov que inclusive vai ser quem executa o parricídio mas ele não ele não admite que esse filho é bastardo é isso o pai essa na história fica meio assim f não sei se é pode ser que seja n é is questão muito tensa porque como eu disse era um beberrão e num determinado momento eles estavam numa bebedeira ali e eles fazem uma aposta com a pobre mãe do smov uma aposta sobre se ele teria coragem de copular de de de fazer sexo com aquela mulher que
tinha problemas mentais inclusive e tal então o smir diakov mierd em russo tem a ver com a origem do termo até eh Peço desculpa pela V falar aqui merda e tudo mais mau cheiro o o smir ja acov é cagado no mundo ele é é ele é parido por um ato de estupro por uma aposta viu então ele é filho Ah ele é filho da da ele é filho da da quebra da infração do estupro isso traz o matis muito forte de uma geração porque o Esme de acov é alguém que tem a muita capacidade
intelectual Como por exemplo o Ivan que vai ser o irmão que vai conceber intelectualmente o parricídio só que Diferentemente do Ivan isso é muito interessante em termos metafóricos o Ivan teria algo a perder o Ivan teria um lastro social o Ivan teria seria filho de uma tradição o Ivan concebe o parricídio mas não vai executá-lo ele não evita que o parricídio aconteça permite que aconteça exatamente vamos voltar lá vamos lá que a gente tá passando na frente então ele vai tem é o pai que é um malucão exato exato Parece que deu o golpe na
mãe né para ficar com a grana e tal não sei o que lá tem os filhos três que ele admite um é e um que ele não ele usa né mas não admite ou tá lá ele fala ah você tá por aí é meio smerd kov me isso e tá constituído essa família cada um tem uma personalidade muito clara né cada um desses eu diria por exemplo o Dimitri é a personagem mais mundana é aquele é aquele que eh desperta o ardor das mulheres é o conquistador é o ardente jogador e muito próximo então na
disputa por uma mulher ali com o fodar pavlovic com o seu pai o o Ivan também faz parte dessa disputa a gente tá falando ali dessa mulher fortíssima na obra deev que é a grenka lá no idiota só para fazer um aporte as mulheres na obra D Steves tem uma personalidade muito forte a gente pode citar por exemplo a prostituta Lisa no memória do subsolo a Sônia marmeladova no Crime e Castigo Anastasia filipov no idiota são mulheres muito fortes de personalidade muito forte e que vivenciam a possibilidade ou a impossibilidade do amor muitas vezes como
a completa perda de si a abnegação no caso da Sônia por exemplo a snia vai se irmanar o raskolnikov quando ela descobre que ele é um duplo homicida então ela vai acompanhá-lo até a Sibéria Anastasia filipova ali do idiota é uma das mulheres tidas como as mais como uma das mais belas da obra do que el é uma descrição no quando mishkin o protagonista do idiota se depara com o retrato da Anastasia a descrição é belíssima pungente e Anastasia a não e a gr Chica também é boa muito bonita Anastasia sofreu uma série de abusos
e ela não consegue mais amar alguém sem mutilar a si mesma eu tô fazendo esse aporte das mulheres para chegar porque a grúa tem a grúa tem muito de nastasia também essa noção de que o amor tem muito do Patos e da automutilação Então ela fica oscilando ela joga né ela J uma grande jogadora pai exato entre o pai e os irmãos Então ela seria para usar um termo aqui duro uma moeda de de troca mas ela também sabe manipular ela é manipulada e sabe manipular cois então tem uma reciprocidade aí desse jogo o Dimitri
tem essa característica então mais mundana o aliocha é um monge né ele a primeira parte ali dos irmãos karamazov se dá em grande medida no Monastério Onde tá o staret szima onde é o vamos dizer assim o preceptor Espiritual do alios até a sua morte o alios essa figura ã de suma bondade é o bonzinho né e o Ivan por sua vez é esse grande intelectual esse grande parricida não só no sentido da morte do pai do pai da terra mas da morte do pai do no céu digamos assim então é uma personagem sumamente complexa
racional Teoricamente Teoricamente que vai ter exato que vai ter esse grande diálogo ou nós poderíamos falar de um monólogo dialogado com o aliocha nesses dois nesses dois capítulos que Eu mencionei a revolta e o grande inquisidor para fechar esse preâmbulo sobre a obra Vale frisar que os irmãos D concebeu os irmãos karamazov como o primeiro livro de uma série que viria a se chamar a vida de um grande pecador e a e o os irmãos caras como diz o Prólogo do próprio autor se centra em função do aliocha esse ele seria o protagonista e o
DSK teria tentaria ver como se daria a vida do ala saindo então do Monastério e indo pro mundo porque essa questão é fundamental bom se a dúvida se a época tá tá enviando Deus pro exílio Qual é a possibilidade de reconciliar os homens e mulheres em meio a esse mundo e supostamente o aliocha deixaria então a posição do Monastério do monge do religioso para aderir a Ah não aconteceu não aconteceu porque o morreu exatamente mas se nós nos se nós nos lembrarmos ali da conversa do momento final ali no capítulo do grande inquisidor em que
o Ivan e o aliocha estão discutindo o Ivan diz quero encontrar você daqui a 10 anos quero encontrar você para ver quais foram os desdobramentos de sua vida daev então não pode concluir essa grande obra né esse esse ciclo da vida de um grande pecad mas grosso modo ess essa seriam essa seria a tensão na família e o tema fundamental ali que fez com que o Freud por exemplo dissesse que os irmãos caramu representaria o o mais importante romance da da história da literatura Universal o tema fundamental é justamente como nós dissemos mas agora pontuamos
com especificidade o tema do parricídio né Essa questão sobre a morte do pai as tensões entre Pais e Filhos e aí eu volto a colocar essa noção se o Ivan tem um lastro social um lastro de pertencimento O smir diakov que é o parido cagado mais uma vez não teria Nada a Perder seria fruto de uma geração vindouro uma geração que tava tomando força em termos políticos e sociais e que poderia tentar fazer tábula rasa para nós usarmos um termo muito muito caro aos revolucionários franceses da geração anterior zera tudo exato pra construção do novo
mundo nada perder pro o novo homem o novo mundo as novas novo tudo esse novo que o DSK veria não teria base para exato não teria base para acontecer esse novo teria que lidar com as contradições humanas que perpassam a história e fazem parte da identidade dos homens e das mulheres então o que o que ele coloca e é muito forte é isso assim não existe essa história né de zerar tudo então haverá um novo homem um novo momento que eu acho que essa isso ele matou a pau né ele acertou perfeitamente não existe essa
história né somos assim nós temos naturezas assim a gente tava falando também antes de começar a gravar que uma pessoa me perguntou ah com quem que você se identifica Qual dos filhos eu falei com todos Tá certo com todos a gente é um pedaço de tudo aquilo e tal a gente não é uma coisa só Claro ou seja um monte de contradições né que a gente tem e que não existe essa ideia de que virá o novo soterrar o velho e o novo construirá alguma coisa já que a gente O novo vem do velho né
Eh essa essa questão cels que você tá fazendo é uma questão totalmente fundamental pro DSK ele eu não diria que ele não não concebesse a mudança dos seres humanos porém ele usa um termo várias vezes ao longo da sua obra já ali por exemplo numa obra de 1862 chamada notas de inverno sobre impressões de verão ele vai falar sobre a noção de que a inteligência revolucionária esses eh membros da Inteligência revolucionária que seriam os pais da geração do Lenin do Stalin e do Trotsky que viriam a fazer então a revolução de outubro de 1917 ano
que vem a gente completa então 100 anos um século da consecução dessa revolução DSK diria esses grandes arquitetos da nova sociedade estão projetando um homem por meio de uma planilha logarítmica por meio de uma planilha abstrata que não dialoga com as contradições reais que forjaram os homens perfeito Então as mudanças ele usa esse termo no notas de inverno sobre pressões de Verão as mudanças se vierem vem com muito mais lentidão do que as planas as possam conceber e precisam estar na carne e no sangue dos homens e mulheres isso leva sustenta para usar para fazer
um paralelismo com uma categoria do sociólogo francês o Pierre B ele fala da noção de hábitos da noção daquilo que nós tomamos como natural mas que na verdade não é natural é a mediação histórico social das nossas ações e aí o destes que poderia refletir então Eh pensemos pensemos nesse exemplo a Rússia você mencionou a questão da existência das questões eternas e eu poderia fazer uma localização da Rússia então a Rússia ali no século XIX E continuaria isso até 1917 Era um país com bases feudais em e em comparação com a Europa ocidental um país
atrasado economicamente apesar de quantitativamente ter o maior proletariado da Europa dado a sua grande população o Marx por exemplo né o grande teórico do socialismo não apostava que a Rússia fosse fazer a revolução mas curiosamente ao fim da sua vida se propôs a aprender o Russo porque percebeu que a inteligência revolucionária ali poderia num primeiro momento capitanear a revolução a na mesmo na mesmo ela ocorrendo na periferia do capitalismo ele ele morre dizendo que era fundamental que a Revolução se espraiar pro para pro centro do capitalismo mas começou a Perceber que a Rússia poderia capitanear
essa revolução então é interessante perceber o seguinte a Rússia tem o atraso em termos sociais em termos econômicos mas vai estabelecer a Vanguarda ali do daquilo que nós poderíamos chamar de tradição revolucionária e o que que isso implica a Europa naquilo que o Marx viria chamar de período de acumulação primitiva dos capitais esses 400 anos que das Grand navegações até a gente tá falando al do século X até a Revolução Industrial a Europa teve 400 300 anos de maturação desse processo com o horror da es bom aí o Brasil é colocado no sistema mundo por
meio da da questão Colonial então a Europa tem 300 anos para maturar esse processo a Rússia como que entra na siranda moderna do do do da da do sistema mundo dá um salto é dá um salto terrível sem a noção de Ética do trabalho nas pessoas porque imagine a ética do trabalho a noção de um trabalho regrado capitalista ela vai se dando com muita violência na Europa com a expulsão dos Camponeses ali dos das suas das suas regiões rurais pra cidade e a Rússia is acontece num ímpeto aí o DSK por exemplo pensaria como é
que esse processo de modernização de deificação de endeusamento essa vida da riqueza da materialidade em que isso redundaria como é que esses novos dirigentes lidariam com um ser humano que não é essa massinha de modelar que eles poderiam conceber que arbitrariedades teriam que ser cometidas para que esse processo viesse à tona porque se nós compararmos autores que falam que esse processo da União Soviética seria a modernização radical da Rússia entrada da Rússia na modernidade aquilo que aconteceu digamos em 300 anos na Europa ocidental então colocando Estados Unidos nesse processo na Rússia viria acontecer e na
China também questão de décadas e aí esses campos de concentração essas esses terrores que estão ali previstos digamos na obra de DSK em grande medida saltari aos olhos então deev tá pensando então concordo com você nesse sentido sobre as características atrozes que poderiam acontecer quando os homens tivessem que ser moldados a revelia contra suas características mas digamos naturalizadas digamos assimu no século XIX com a ideia da morte de Deus né Darvin etc a ideia de que a gente poderia se refazer né é uma ideia adolescente você deve ter passado em algum momento por esse período
eu também passei né achar que a gente consegue simplesmente limpar tudo tirar tudo e se refazer e se reconstruir e tal não sei o que lá existiu essa ideia mesmo Clara de que a gente poderia refazer a humanidade porque agora tava na nossa mão não tinha mais Deus não tinha mais ninguém somos nós e a gente consegue fazer tudo a ideia então da revolução do corte vamos dizer assim e acho que a experiência do século XX várias experiências não só experiência socialista né porque senão parece que a gente tá só dizendo que deu errado a
experiência a experiência do século XX mostrou que esses cortes eles não funcionam no final né não funciona o que eu digo é eles não chegam nos objetivos por a melhor que seja por mais bem intencionados que chegam ele não vai o corte gera mais sofrimento do que existia antes e que o que é necessário mesmo é um processo isso não quer dizer que tenha que ser lento isso não quer dizer mas é um processo que não pode ser contra a velocidade que eu não sei qual é humana e não é a velocidade da mente humana
que é isso tava falando a gente não consegue mudar radicalmente então não pode ser contra o processo da sociedade de mudança que acontece que é verdadeiro que mas é que a gente não determina será assim agora e todos seremos bons e bacanas essa essa sua colocação C Você me parece muito importante você pegou ali a digamos a essência de uma série de argumentos dostoevsky essa tentativa de ruptura isso é importante a gente estava enfatizando então a a ruptura à esquerda mas o DSK por exemplo também pode ser tido em vários momentos da sua obra como
alguém que se nós pensarmos no século XX fazia críticas à esquerda e à direita ao capitalismo e ao socialismo ele via por exemplo nesses ele via nesses materialistas na inteligência evolucionária um ímpeto pela saciedade material do homem que rebaixava em grande medida as pulsões espirituais as pulsões de elevação a noção da beleza porque ele percebia que uma sociedade voltada paraa matéria pros bens para pro consumo imediato já não cultuar uma noção de tempo de contemplação de vinculação com o belo belo para ele que tava ligado ah o Russo tem um termo aí eu me remeto
etimologicamente tem o termo cassivi que é o termo Belo que se vincula a noção do vermelho então tem a praça vermelha chamada krasnaya plad krasnaya Cras e crí e tem o mesmo radical Esse vermelho tá vinculado à cor ali do kremlin a cor da estrela que tá sobre o kremlin que representa uma ideia de religiosidade uma vinculação ali com valores da ortodoxia o belo não era só o estético mas era também o ético Então nesse sentido ele percebia que uma sociedade voltada apenas para si mesma por instante já paraa finitude se desvincular desses valores de
contemplação do Belo e nesse sentido com uma democracia de massas com uma sociedade utilitária rebaixaria em enorme medida os valores rebaixaria a inteligência socialmente partilhada faria com que houvesse uma idiotia socialmente compartilhada dos valores e isso é uma crítica uma projeção por exemplo para aquilo já que eu falei no começo aqui da nossa discussão sobre a escola de Frankfurt para aquilo que o adorne horkheimer Né o teu Adorador e o Max horkheimer os dois pensadores alemães ali da escola de FR chamariam de indústria cultural então é interessante pensar que se o DSK tá falando sobre
experiências políticas que potencialmente autoritárias dada essa persistência do homem que não é simplesmente uma massa de modelar mas permanece com identidades que foram forjadas foram construídas ao longo da história que essa experiência política de transformação utópica se ela tende a ser revertida em distopia A Outra Face da moeda desse processo de ã vinculação com a finitude vinculação com materi o mais comezinho tende a fazer com que os valores eternos as questões eternas a vivência do tempo seja não qualitativa mas quantitativa por Excelência E aí ele já previa um rebaixamento perde o sentido perde um rebaixamento
das discussões uma perda de potencialidade das das grandes questões porque o homem radicado no instante já não tende a pensar sobre o sentido sobre o porquê de estar aqui e as personagens que nesse sentido nessa medida São personagens Ah eu diria distantes dos da do do do das tensões da nossa época por do homem colocado nessa nossa época voltado pra reprodução da sua vida aqui as personagens das teves querem trazer consciência e não embotamento de consciência e vinculação com o momento presente essas personagens estão continuamente tentando ressignificar O Mundo É por isso que a leitura
DSK me parece nesse sentido descompassada com a nossa época nessa medida porque ela clama ah pelas perguntas eternas que você mencionou o que que a gente tá fazendo aqui a morte é a finitude é a morte é a a é a queda da espada de damocles é é o fim de tudo mesmo se há alguma coisa para alind da Morte O que é que poderia acontecer como é que seria possível haver o perdão é a questão do Ivan caramu por Excelência é possível que a vítima perdoe ao Carrasco são questões que nos remetem à existência
a transcendência aos valores totais e ele previa aí para a gente falou da crítica política agora a gente tá falando da crítica ética e estética digamos assim ele previa uma massificação uma padronização dos valores um rebaixamento das discussões que parece ter muito sentido aqui na nossa que tá acontecendo exatamente Então nesse sentido da é mais uma projeção escatol dele pensar as ideias levad à últimas consequências em que a concepção de um ser humano que se satisfaz com a forragem do estômago em que se transforma para usar um termo ali do memória subsolo em uma tecla
de piano em que esse ser humano reduzido a uma engrenagem de um sistema mecânico ã em que esse ser humano vai em que ele vai pensar se é que vai refletir exatamente pensar então eh Essas são balizas importantes aí pra gente pensar ah com as grandes questões que o DSK movimenta tá vou voltar no vou voltar no livro especificamente Claro eh tentando então alinhavar ainda um pouco da história tem os irmãos um joga bebe curte come todas as mulheres certo o outro é um intelectual ou metido a intelectual podemos chamar assim tal a a bateu
blá o outro é um padre e o outro é o bastardo né não é isso e o pai é um um babaca né Vamos chamar assim agora e eles posso fazer um parentes clo deve a figura do pai é ela ela é muito sintética para falar desse sensualismo de que eu tava dizendo eu tava falando agora desse materialismo voltado pros bens pra mercadoria o pai por sua vez é a Encarnação de uma outra Face desse materialismo que é a sensualidade é o prazer ele diz eu vou ele diz são palavras do fodar pavlovich karamazov eu
vou me locupletar eu vou eh viver o restante dos meus anos com gin e ad devaci dão com a o álcool e as mulheres Essa é a minha vida então o legado do pai isso é uma não é qualquer pessoa dentro do romance tá fazendo isso é o pai uhum is historicamente falar sobre pai na tradição ali judaico-cristã é remeter a noção de Deus então o pai é alguém sem valor faz eu vou curtir dane-se né ex ou seja e dane-se vocês também perfeitamente então que a gente tem a a colocação corriqueira A maçã não
cai muito longe da árvore no caso do Ivan e do Dimitri e do smir de acob parece que não no caso do aliocha realmente caiu lá rolou rolou exatamente então o pai é essa quebra dos laços é essa quebra da da paternidade se nós pensarmos por exemplo ele não se importa com os filhos de verdade se nós pensarmos na Aliança do pai do do Criador com as criaturas né da da criação da como a a o o religar do Criador com as criaturas a gente fala de uma aliança e o o pai karamazov é alguém
que rompe essa possibilidade parece ter sido eh vou usar mais um termo aqui ter ejaculado e esse ter sido o ato de paternidade dele e aí a vinculação dos filhos com o pai é uma vinculação que nós poderíamos chamar de eminentemente hesi é uma luta encarniçada é uma noção pecuniária eu quero espólio dinheiro é sobre dinheiro dinheiro mul o monge não né O Monge é bonzinho ele é bonzinho O Monge e aí se a gente se eu puder levar a a história pro diabo vamos levar ali pro diálogo da da Revolta e do grande inquisidor
claro que são esse diálogo a gente começa a ler os irmãos karamazov e já começa a Esperar Quando é que o Ivan vai debater essa questão sobre a existência de Deus ou sobre a inexistência de Deus com alios a gente espera e esse debate eh desde desde o começo do livro E aí nesse ambiente que aparece várias e várias vezes na obra daev que é a taverna uhum se nós eu eu vou me remetendo aos romances porque faço até um parêntese aqui eu tendo a estudar a obra de dostoyevski para além da fronteira dos livros
eu já disse aqui que ele fica escandindo um tema e é impressionante como as personagens dostoyevski das mais diversas obras parecem continuar diálogos que aconteciam em outras obras então quando a gente fala que quase todo quase todo grande autor no final é isso né se a gente pensar por exemplo no Crime e Castigo o raskolnikov encontra o marmeladov que é o pai da Sônia né o marmeladov era ali o bufão bêbado tal que bebia com o dinheiro da prostituição da filha então imaginemos a a a a culpa noção de culpa de dor moral do pai
que sustenta o seu vício com a com a prosti da filha que por sua vez sustenta a casa como um todo ali então eles vão dialogar numa Taverna e é um diálogo sumamente escatológico ali que acontece com aqueles vapores etílicos aquela aquela atmosfera mais lúgubre mais escura aí eu faço até um parênteses a gente aqui no Brasil né um país tropical a gente tem a noção do boutiquim de da ocupação da calçada diferente né Moscou e eu cheguei a pegar lá menos cinco Moscou é realmente uma terra do subsolo você não pode abrir uma porta
você não vai abrir uma porta no inverno dando pra rua então é aí que você desce né os bares vamos dizer assim as tavernas são aquelas tavernas que você desce uma escada e tem aquela porta espessa E aí você vai abrir e não vai ser atingido por uma lufada de ar ali a men 30 Men 35 então eles vão se encontrar nessa Taverna eu gosto muito dessa descrição porque é o Zom Zom Zoom das conversas é o choque das bolas de bilhar num ambiente extremamente mundano e o DSK era alguém que trazia essas grandes Abstrações
elas não eram despidas de carnalidade elas não estavam distante do mundo não precisava ser num lugar no no pico da montanha digamos assim tava acontecendo ali e então os dois se encontram eles se encontram em determinado momento da obra A gente espera esse embate a noção do do parricídio de que ele de que o parricídio pode acontecer tá pululando o Ivan já havia concebido o Dimitri Caram tá disputando a grenka com o pai ameaça chega a ameaçar o pai que vai matá-lo e tudo mais e então os dois se encontram nessa Taverna que Eu mencionei
E aí vem à tona esses esses que para mim são os capítulos mais fundamentais E aí eu vou tentar mostrar é uma noção polêmica mas eu gosto dessas polêmicas eu gosto de trazer a tona essas contradições traga o seu olhar por isso que você falou O Ivan é um ateu eu diria que sim mas diria que ele abre eventualmente a possibilidade para uma outra reflexão sobre Deus vou tentar falar sobre isso aqui não vai eles começo a conversar então vem o capítulo a revolta E aí eu diria que o Ivan como que faz Terra arrasada
da possibilidade de uma teologia ã fundada a a partir de um Deus bom que se vinculasse ao sofrimento a atroz no mundo como é possível sustentar como alguém bom produz coisas ruins né como algo bom essa questão que transpassa a história Daia permite coisas ruins e aí O Ivan vai eh isso é muito importante na obra do dastes que o DSK eu falei que era alguém mundano que se aproximava do mundo um dos métodos de Concepção do DSK Era sim bebê das notícias dos jornais ele ia aos tribunais ele assistia os julgamentos a gente vai
ter até nos irmãos 200 páginas de um longo julgamento ali do Dimitri karamazov né que é acusado do assassinato mas não é ele não fez teria assassinado digamos assim se o esir acov não tivesse concretizar ação exatamente então o Ivan ele vai achar nos anais russos ali uma história completamente atroz eh eu vou pegar a segunda história que ele vai narrar ali porque ele vai falar por exemplo da Guerra ah nos balcans da Guerra dos turcos e vai mostrar E aí eu faço um parênteses dostoevsky Infelizmente ah eu digo infelizmente porque eu não vou obviamente
saudar as tendências filofascista ou Ah protofascista que havendo D Steves eu explico porque eu tô usando o termo fascista a minha orientadora ali do doutorado a professora Susan mcreynolds que é docente do departamento de línguas e literaturas slavas da northwestern tá para escrever um livro tá tá acabando um livro dizendo que há fortes tendências que poderiam mostrar um DSK sobretudo na no seu diário de um escritor aí eu faço um parêntese dentro do parêntese o diário do escritor é um é são é uma foi publicado nos Estados Unidos como uma série de dois livros e
a editora Edra começou a publicar O Diário de um escritor aqui no Brasil das Steves que teve uma atividade jornalista durante muitos anos Ele foi editor das revistas Ah vemia que em russo quer dizer tempo e sa vremi quer dizer contemporâneo e ele trazia textos de intervenção político histórico sociais nesses textos Diferentemente das obras que eu considero muito mais dialéticas muito mais antitéticas mais contrit ex não com uma tendência unívoca muitas vezes nesses textos ele ele tem o tom do panfleto e assume percepções extremamente nacionalistas imperialistas antissemitas de tal maneira que a a Susa M
rinos tende a ver o daves como um dos primeiros autores a forjar uma tradição protofascista ali na Europa Então ess é eu eu discordaria em Toto dessa tese pelas obras pelas obras exatamente eu nem acho que no Diário do escritor Essa é a única voz eu não não diria que é a única voz mas que mas que esses cara faz que essas tendências estão presentes ali estão então voltando lá pros dois capítulos exatamente então o que que acontece dasaev cria sempre refletindo a partir dos fatos daquilo que tá acontecendo aquilo que é pungente E por
que que eu tava falando do chauvinismo da squero porque ele vai citar a maldade dos turcos como se os Russos na sua s como se meu Deus do céu como se eles não cometessem barbaridades Então esse Matiz que acontece por exemplo no próprio nos irmãos Caram com os poloneses você pode reparar que quando os poloneses são citados tem uma tem uma característica pejorativa a a a o império Russo tem sempre tendeu a ver a Polônia que é um país de independência recentíssimo e que sempre tem um pedaço a ser utilizado quintal quintal exatamente um termo
ali do imperialismo é um quintal da Rússia então D cita um horror de que na guerra ali com Os turcos eles jogavam bebês diante de suas mães para cima e espetava os bebês em baioneta meu Deus do céu um negócio uma imagem tétrica e aí quando a gente acha que a gente chegou ao cume daquilo que é tétrico Ivan vai trazer mais um exemplo diante do monge ele vai falar o seguinte vai começar primeiro a gente tá falando aqui do capítulo a revolta Então antes de nós entrarmos no no grande inquisidor an chegar O Ivan
vai falar o seguinte muito bem voltemos ao tempo eh obscuro da servidão pensemos aqui num num grande senhor ali que era detentor de dezenas e dezenas de almas quando eu falo de almas né eu tô me remetendo pessoas ou aos servos né E aliás esse termo almas é importante na trajetória russa O nalai gogal que é um grande escritor Russo precursor do DSK né que influenciou bastante o DSK escreveu o livro almas mortas quando a gente cita então na tradição da da literatura russa ou na historicidade russa o termo almas a gente tá tá se
referindo aos servos que seriam filhos de Deus teriam almas mas que não mas que não seriam proprietários de seus próprios corpos então a gente tá no tempo ali obscuro da servidão em que o senhor faz o que quer é detentor ali das da vida e da morte do seu servos e num determinado momento o filho de um de um de um servo ali fere a pata do cachorro do Senhor e aí chega o momento de extravassa E aí oev que é um vai até o fim né como sempre é interessante mostrar que eh existe sim
eu não concordaria que o DSK faz isso apenas como sadismo pur e simples mas o mal é escara funch na obra do DSK com um Requinte de crueldade que ah às vezes torna o marqus de sad que é um autor exato que é um autor que o DSK leu e Leu muito bem mas que realmente torna o Marques de sad alguém alguém que seria estaria num jardim de infância digamos assim ã esse senhor quando fica sabendo que o seu galgo que o seu cachorro foi ferido na pata e fica sabendo ali que a criança sumiu
dentro da sua propriedade vai ali exercer todo o seu arbítrio de quem detém o poder de vida e morte sobre os seus servos faz um ccto de Cavalaria de funcionários capatazes e cachorros para pegar essa criança para buscá-la E aí comete as mais profundas barbaridades com essa criança E aí nessa perseguição e aí o Ivan ou seja da carnalidade da vida da dor real do mundo ou seja não é uma especulação abstrata uma especulação teológica cindida do mundo o Ivan olhando da mesma forma que nós estamos sentados aqui um em frente ao outro o Ivan
olha para ala inequivocamente em silêncio não consegue responder a isso O Ivan olha para ele e diz E aí como é que um Deus bom onisciente onipresente onipotente criador um Deus de Amor exatamente como é que nós poderíamos vincular esse Deus is ao mundo como é que seria possível sustentar Esse aspecto E aí é preciso lembrar eu antes de prosseguir eu me eu lembro de um aforismo que é atribuído ao Ivan ao longo da obra e que ele depois vai encarnar que seja assim que é o o famoso aforismo se Deus não existe tudo é
permitido o smer diakov que fica falando aqui fendo ISO tempo ã O Ivan vai dizer o seguinte eu não tô interessado aliocha eu não tô interessado em um Deus eh descolado da da do do mundo eu não consigo especular sobre do além mundo sobre o que haveria depois da dessa vida essa é uma razão que eu não entendo eu sou eu padeço da da da verv euclidiana ele até cita o Euclides né esse geômetra grego eu preciso desse mundo e é o sofrimento dessa criança que eu não consigo conceber me explica por favor dentro da
tradição do pecado original os pais que comeram do fruto ou seja que desenvolveram a racionalidade que tiveram a oportunidade para usar os termos aqui do Ivan de pecar de conhecer o que é o bem e o mal teriam complicidade na reprodução dessa maldade como um todo mas como é que essa criança inocente essa criança que não entende o que fez mal sabe o que é um cachorro mal sabe o que mal sabe o que é o pertencimento a propriedade Por que e a desproporção entre o mal do cachorro e o mal que foi feito a
ela também clo uma uma atrocidade sem fim como é que essa criança pode pagar por isso quando o Ivan concebe essa essa esse caráter trágico e tpico ele diz se a mãe se a mãe quiser perdoar ao Carrasco do ao Carrasco de seu filho se ela Seguindo os preceitos do Sermão da Montanha quiser oferecer A Outra Face A Outra Face ao Carrasco de seu filho ela não estará perdoando pelo Aliás ela não poderá tomar o lugar do filho no perdão ela perdoará o seu sofrimento de mãe mas uma vez que esse filho que essa vítima
que essa criança inocente não existe mais foi dizimada o perdão já não existe e nesse sentido a harmonia eterna é inequivocamente aporética quebrada saturada impossível de ser cicatrizada é aí que vem aquela imagem fundamental ali do ao final do capítulo a revolta quando Ivan diz a harmonia nesse mundo a harmonia em um mundo que comporta um Deus cúmplice sádico diante do teatro de miséria da humanidade não vale o bilhete de entrada e se é necessário aceitar o sofrimento de uma criança para compor o teatro do mundo eu solenemente devolvo o meu bilhete de entrada quando
a gente vê isso a gente se pergunta a gente começa a fazer uma série de perguntas difícil discordar né também é muito forte dentro da tradição católico protestante como é que a gente responderia ao Ivan como é que a gente conseguiria encontrar elementos para responder ao Ivan o Ivan tá tentando o que que eu diria que o Ivan tá fazendo ele faz Terra arrasada D possibilidade de uma teologia que reconcilie Deus e o mundo Deus e a história então é como se ele pudesse isolar Deus do mundo e aliás ele fala isso ele fala o
seguinte pro alosa eu não nego Deus posso até consentir que ele exista nego o mundo que ele criou e isso é capcioso por quê E aí eu começo a encaminhar essa minha resposta a essa noção do ateísmo do Ivan Antes de nós entrarmos ali no no no no grande inquisidor porque a gente não chegou ainda na lenda do grande inquisidor exato se Deus não existe e tudo tudo é permitido Deus poderia voltar a existir porque eu tô falando que tudo é permitido porque lembremos que Deus que o Ivan diz que eu não nego Deus nega
o mundo que ele criou E aí eu me pergunto e essa é uma das a gente tava conversando antes Essa é uma das questões que eu trago ali na Minha tese de doutorado sobre o dsky e se houvesse uma possibilidade outra de resposta para essas questões e se fosse possível tentar rearticular Deus e a história uma das coisas que sempre me intrigaram nessa discussão entre o Ivan e o aliosha é o fato de que ele o Ivan ensin continua que a criança após ser estraçalhada pelos cachorros não existe mais a despeito de a tradição judaico
cristã ou a tradição Cristã eminentemente falar da eternidade da alma por que que ali oxa fica em silêncio nesse sentido lembremos que no começo da Revolta o Ivan capios fala que não quer falar sobre o Além mundo mas toda a ética cristã é fundada no além mundo ela é fundada na noção de que a morte faz sentido dá sentido à vida porque existe a etern existe a eternidade exatamente Por que que o alocha silencia diante disso eu eu eu me pergunto e pergunto Trago essa pergunta para vocês porque em grande medida e aí concílios da
Igreja Católica trouxeram essa noção de fechamento em relação às investigações sobre o que se daria no alm mundo mistério a gente já tá chegando a palav pal do grande inquisidor ali mistério fé e mistério não é possível saber e não adianta discutir sobre isso e o que a lógica do Ivan tá trazendo é a noção de que sem conhecer isso não seria possível religar a história a Deus E lembremos mais uma vez de que ele diz que não nega Deus nega o mundo por ele criado o que é que me pareceu malandra ess essa coloca
dele sabe me parece Pode ser que eu esteja errado e você com certeza você tá mais certo do que eu mas me pareceu malandro assim f não nego Deus mas nego o mundo mas Deus sabe se lá se Então essa é uma espertinho essa é uma possibilidade que se vincula ao ateísmo e a gente fica perguntando o seguinte eu até vou retomar eu escrevi um ensaio foi publicado ali na revista Cult em abril de 2015 chamado patíbulo E perdão em que eu pego essa questão do Ivan que que eu digo e se o filho pudesse
perdoar a vítima aí você vai me dizer ué mas o filho Morreu Morreu Pois é mas de acordo com as premissas do cristianismo haveria a eternidade o prosseguimento então que que eu tô dizendo o Ivan ele vai trazer essa reflexão Ele vai tentar vai fazer tábula rasa de um tipo de reflexão teológica que a gente poderia chamar de católico ortodoxo Protestante e vai se perguntar o perdão não existe se aquela existência foi dizimada porque perdoar no lugar de alguém é perdoar o sofrimento da mãe e não o sofrimento da vítima Claro e aí eu tava
falando para você Celso antes da gente começar a conversar que o o DSK ah ali no século XIX o espiritismo tava falando do Espiritismo que é uma vertente que eu aproximo logicamente eu não digo que esse é o conteúdo da discussão do Ivan eu tô trazendo um aporte lógico do que existe al no espiritismo para que nós pensemos sobre essa questão em que medida o Ivan o dostoyevski frequenta alguns serões espíritas ali no século XIX ali na na Rússia do século XIX isso veio à tona e ele ficou sumamente impressionado Ah quem tiver interesse pode
buscar a revista dostoevsky studies que é estudos de daste vski que é a revista da sociedade internacional do daste vski congrega os artigos ali dos estudiosos doski ao redor do mundo o professor austríaco chamado Rudolf neuser publicou um artigo em 1993 na edição de 1993 falando sobre a forte influência que dast vski eh a forte impressão que o espiritismo que as noções do Espiritismo causaram ao DSK caus E aí a gente fica pensando o seguinte se a existência não fosse Concebida no momento do Nascimento ou seja de acordo com o espiritismo e não é só
o espiritismo tem tradições orientais do hinduísmo do budismo que falariam de outras vidas se a vida não fosse Concebida no momento do Nascimento E se o o o a vítima numa outra existência não só perdoar pudesse tivesse o ímpeto de perdoar O Carrasco mas se tornasse pai do carrasco se tornasse irmão do carrasco é o hinduísmo é o Karma a ideia de Karma é mais ou menos ex exatamente exata a noção de que você vai tentar cicatrizar ISO o Karma mudar o Karma infle o Karma curar reconciliar o Karma essa noção dá um tom diferente
para esse cinismo do Ivan em dizer que não nega Deus num sentido ateu estrito estrito é claro que não não negao o Deus nega o mundo não sobra nada para Deus ele fica Ah ensimesmado ele se torna uma um criador autista vol um criador sem criaturas nessa vertente que eu tô analisando aqui com tô tentando inocular digamos assim um germe outro aqui com você CS eu tô dizendo o seguinte o aliocha as premissas teológicas do aliocha são aporética são e porosas nesse sentido não há investigação sobre essas premissas daí o silêncio também em grande medida
agora se não nego Deus nego o mundo por ele criado Mas se for possível pensar de uma outra forma sobre a natureza do mal Se for possível ressignificar o mal Não como aí eu vou retomar Santo Agostinho não como uma substância como algo que existe mas como ausência do bem como algo que pode ser e ressignificado com uma com o perdão e no caso uma nova existência exato aliás uma série de existências existências pode haver poderia haver Vamos colocar aqui no futuro do pretérito poderia haver uma reconciliação de Deus com a história é por isso
que eu chamo na Minha tese o Ivan de ateu espiritual hum por dialeticamente contraditoriamente ele taca fogo digamos assim dentro de uma tradição judaico Cristão ort vamos chamar ortodoxo católico protestante para trazer novas premissas de reflexão eu lembro o aforismo Inicial ali se Deus não existe tudo é permitido Inclusive a ressignificação renascimento de Deus eu tô trazendo essas questões por quê Porque como eu já falei do sonho de um homem ridículo nessa narrativa Você tem uma incursão em relação à transcendência e ela é praticamente única na obra da steev porque nós poderíamos dizer tá Flávio
aqui você tá tangenciando as discussões teológicas a Você não tem uma incursão na transcendência nos irmãos carazo de fato não há Mas no sonho de homem ridículo nós temos isso e ele esse sonho de homem Liv foi escrito em 1877 e ou seja o d que ia morrer 4 anos depois não de maneira nenhuma é claro que você poderia me dizer Flávio é um sonho não claro mas aí é um recurso literário Claro Mas é interessante o seguinte sim é um recurso literário é um sonho mas após esse sonho a personagem que ia dar um
tiro na tempora direita espanta o revólver de uma só vez e vê a sua vida dotada de sentido ou seja é e não é só um sonho é uma uma ressignificação profunda Então o que eu tô dizendo aqui eu tô tentando trabalhar isso eu trabalho na Minha tese uma noção de que existem elementos lógicos na discussão teológica aí eu tô falando de um dast vski vinculado à tradição de discussão sobre o mal um DSK Então nesse caso próximo dos debates mais encarniçado sobre a natureza de Deus dos homens e do mal na história haveria possibilidade
de perdão se o filho na continuação de sua existência pudesse perdoar a vítima e pudesse conviver com ela e aí eu vou trazer um exemplo esse ensaio que eu citei que foi publicado na revista Cult ano passado em abril patíbulo e perdão que que aconteceu eu cito ali a cerimônia a a encenação de pena de morte dostoyevski e depois um amigo um amigo eu fico vidrado nessas nesses textos escatológicos por influência do bom e velho dostoyevski e um amigo me mandou uma reportagem de uma mãe iraniana em 2014 tava no cadafalso diante do assassino de
seu filho ou seja uma cena Daiana por Excelência pai e mãe no cadafalso Diante de Diante do assassino do filho que tava de pé sobre uma cadeira com a corda ao redor do pescoço PES ali no Irã né a gente tem a continuidade da pena de morte a gente poderia criticar o Irã mas os Estados Unidos boa parte dos Estados do Estados Unidos mantém a pen de morte que é é uma tensão enorme e os pais é uma uma coisa terrível os pais chutam a cadeira pro assassino do filho vir vir abaixo e estrebuchar é
uma coisa terrível e a gente tem plateia a Europa fazia isso inclusive fez isso durante séculos ali na Idade Média a mãe supostamente eu ponho esse supostamente porque isso foi veiculado e ela trouxe isso à tona essa cena poderia ter sido eh poderia ter saído diretamente de um ROM dos irmãos Caram de um romance daev a mãe teria sonhado com o filho o filho foi assassinado o rapaz que assassinou o filho chamava balau e foi uma questão ali que eles estavam eh estavam num bar estavam brigando discutindo e o o o balal acabou esfaqueando o
filho Dessa senhora supostamente maneira aleatória não queria feri-lo de morte ou de e intencionalmente bem você tá com uma fa que tá fazendo assim ex é uma questão alguma coisa você mais burata certo fazer aí a questão é que nesse sonho a mãe teria recebido um recado do filho e pensemos sempre tenhamos em mente aí a história do do do da da criança barbaramente assassinada por pelo pelo pelo Senhor e pelos seus cachorros e capangas esse filho teria vindo de algum lugar disse pra mãe que estava bem e disse pra mãe que não era não
não era possível não era não só preciso mas não era possível retaliar a mãe ficou com isso foi feita uma campanha enorme na mídia iraniana para que não houvesse a a a condenação capital enforcamento do do jovem que assassinou o filho Dessa senhora e na hora H na hora em que ela precisava chutar aquela cadeira em que o pai tava ali junto com com a sua esposa para então condenar de fato mediante a sentença capital vingar a morte olho por olho dente por dente segundo vão chamar aqui o evangelho segundo talião a mãe não só
Não chuta a cadeira como vai até lá tira a corda do pescoço do assassino do seu filho dá um tapa no rosto dele e diz não faça mais isso a mãe quando acontece isso a mãe do do rapaz que tá ali assistindo digamos como Maria diante de Cristo que tá sendo crucificado a mãe do rapaz que assassinou o jovem sobe até o cadafal todos se abraçam ali de forma muito tensa e fica uma noção eu trago nesse ensaio a noção de que com esse perdão mediado supostamente pelo espírito do filho não se trata apenas de
punir de dizer não faça mais isso ou seja você vai enfrentar uma dor do Inferno É como se ele tivesse que conviver com o que ele fez com a dor do que ele fez para crescer perdoar para para perdoar a si mesmo para tentar perdoar a si mesmo essa dimensão não é uma dimensão só da punição Infernal é uma dimensão de uma cicatrização de uma transformação de si e é essa transformação moral que o dostoevsky não enxergava nas utopias voltadas só para esse mundo Aham ele não percebia a possibilidade da Alma reconciliar suas fraturas em
apenas uma existência e sem uma ressonância ética da paraa eternidade então agora a gente tenta completar aquela chave inicial da questão política Por que que não se esgota A Utopia radicada apenas e estão exclusivamente aqui tão somente aqui não esgota a possibilidade de transformação Humana porque essa ação esse clamor da transformação do coração do homem e o DSK pensaria na citação do Cristo por exemplo lá onde está o seu tesouro ali reside o seu coração então essa noção do coração da da da moralidade eu não tô falando aqui de moralismo de de castração de de
de caga regra digamos assim out das interpretações moralista exatamente tô falando de reconciliação bondade justiça e justiça para além da punição justiça como perdão Então esse exemplo que me pareceu uma resposta ali pro Ivan aliás uma resposta do Ivan eu tô tentando pegar as premissas do Ivan e jogar o Ivan contra si próprio me parece que existe uma voz contraditória uma abertura para um pensamento ali no Ivan que faz com que nós tentemos pensar um exemplo eu eu quando eu criei esse texto eu utilizei como eu disse para você utilizei a escatologia do DSK para
pensar a partir de um exemplo concreto para discutir essa noção de perdão essa possibilidade de de cicatrização do Espírito digamos ass quando você pula pro outro capítulo O agora do inquisidor do grande inquisidor quando a gente vai para isso Onde o inquisidor o cara lá que ele cria essa situação são também um recurso literário né onde o inquisidor eh descobre o personagem de Cristo o Cristo voltou né na época da Inquisição século X a gente tá e o cara o chefe da Inquisição Não não é autor queimada mas podia ser porque é na Espanha Tá
certo exato se ali deveria ser né talvez fosse alguma coisa assim ele reconhece que Cristo voltou e fala o que que você tá fazendo aqui que você veio atrapalhar tudo no final é mas e e não final não o começo é mais ou menos exato percebamos que é interessante isso nós temos no capítulo a revolta então o Ivan e o aliosha e o aliosha eminentemente calado no segundo capítulo no capítulo sequencial nós temos o grande inquisidor també isso e Cristo calado Cristo que retorna eminentemente calado mas são dois tipos de de silêncio diferentes exato tem
a noção de que o aliocha nós sabemos bom os leitores aqueles que ainda não leram já vão saber mas vão chegar até lá tud tanto Cristo como aliocha vão beijar o o Cristo vai beijar a testa do grande inquisidor e o aliocha vai plagiar O Ivan vai dizer você está me plagiando meu você está pageando o meu Cristo o Cristo vai o o aliocha vai beijar a testa de seu irmão também eu não sei até que medida esse amor que é muito importante um exemplo mas que é contingente e que não acompanha essas reflexões que
o IV quer trazer à tona não sei em que medida isso cicatriza de fato essa aporia enorme essa esse questionamento Central sobre Deus mas a lenda do grande inquisidor aí sim eu diria forma esse capítulo forma as melhores páginas que eu já li até hoje Nossa Senhora aí e é boa a ideia até do ponto de vista literário is assim O Grande inquisidor Cristo volta e o cara fala está estragando tudo a igreja mais ou menos tô eu tô botando lá embaixo né a igreja pô você vem aqui para falar o quê que que você
tem de novo para falar você imaginar para para fazer um preâmbulo a esse capítulo bom a gente tem então os pressupostos da Revolta eu tentei fazer uma leitura polêmica aqui da Revolta mas nós temos aí uma terra arrasada em relação à tradição judaico cristã Judaica protestante católica e Ortodoxa é uma tensão enorme a noção do mal no mundo é Cristo retorna né ele passa pela multidão aí o tem Aquela aquele aquela virtuose daquela descrição maravilhosas das pessoas tentando tocar o manto de Cristo para Se Curar e assim e logo os os gorilas eclesiásticos amando do
nonagenário grande inquisidor ah prendem Cristo o levam a uma masmorra inquisitorial e no na madrugada ali o grande inquisidor irrompe e o diálogo vem à tona vamos imaginar o DSK ali na Sibéria só podendo ler a Bíblia e isso me parece interessante existem na Fortuna crítica do DSK existem estudos que tentam entender as marcações do DSK na Bíblia na Bíblia isso é muito rico porque essa Bíblia foi mantida que era o livro que ele podia aí eu digo é o livro que ele podia o que não significa que era o único que ele Lia porque
eu eu não sei em grau de corrupção Rússia e Brasil a isso duelo digitan que entravam ali outros livros e tudo mais de qualquer maneira oev oficialmente só tinha acesso à Bíblia ali e fez vários apontamentos sobretudo nos Evangelhos e uma passagem ah profundamente marcada é a passagem da da das três tentações no deserto que vão municiar ali que vão ser a base de todo do do grande inquisidor né do Evangelho ali de Mateus que que acontece DSK reflete sobre isso e é importante frisar que o grande inquisidor diz que as três tentações no deserto
sintetizam todo o movimento da história humana das suas contradições insolúveis Ah imaginemos diz o grande inquisidor imaginemos que elas fossem apagadas do do novo testamento e que para isso para reconstituir as fosse formada uma comissão dos maiores poetas dos maiores sábios filósofos teólogos e assim por diante para reconstituir essas três tentações essas três perguntas fundamentais que o diabo faz para Cristo no deserto Será que seria possível reconstituí-las tamanha perfeição com que sintetizam os dilemas da humanidade essa colocação do grande inquisidor que que acontece Cristo eh é batizado né por João Batista e vai passar por
uma quarentena no deserto e essa quarentena é muito simbólica porque as três tentações parecem torcer o tempo eu vou tentar mostrar isso aqui também fazer uma leitura dessas três tentações primeiro lugar me vem uma questão quando eu tava pensando sobre isso e vem uma questão fundamental a tradição digamos católico protestante ortodoxa tende a falar de Cristo como o filho de Deus ou como o Deus encarnado se pensemos se Cristo é Deus é a perfeição encarnada Por que que ele precisa ser tentado no deserto essa tentação é é impossível por excelência ele não vai ser ele
não vai cair na tentação uma vez que é perfeito Será que Cristo então é perfeito por si só ou por um movimento de evolução de aperfeiçoamento essa é uma questão que eu trago para nós pensarmos a noção de que haveria uma tentação real ele poderia cair na tentação né claro se ele já é perfeito por se S cairia então cairia para que exist podia ser uma tentativa van do diabo de desviar Deus porque já que ele era uma Encarnação tô tentando aqui Claro fazer o advogado diabo falar não vamos ver vamos tentar ué vamos ver
se o cara sai dessa E aí nós vamos ver se ele se desvia é Apesar de que digamos se Cristo é o Deus encarnado Ele já sabe o que vai acontecer também sabe mas ele permite por causa do livre arbítrio que é outra discussão grande ali ele permite que o diabo ente Aliás o livre arbítrio a gente vai falar já sobre isso a liberdade a gente pode chamar de livre arbitro aou liberdade é um dos fatores que contraditoriamente fazem com que o grande inquisidor elogie o Cristo elogie a possibilidade a liberdade que o Cristo trouxe
pra humanidade a gente vai falaria e critica não é isso Ah eu diria que critica mais a instituição do que propriamente ou a fraqueza humana Claro aí vai falar da fraqueza humana Liberdade segundo o que eu entendi de a liberdade faz com que a gente faça um monte de porcaria tá certo que a gente erre muito não é isso ele critica Cristo por permitir que a gente seja livre para fazer todas as besteiras Vamos eu vou segurar essa colocação que é muito interessante pra gente chegar ali as a pra gente caminhar pelas três tentações então
o grande inquisidor que é esse diálogo vamos dizer assim a gente tem uma moldura narrativa que é o diálogo maior entre o Ivan e o aliosha dentro desse diálogo maior nós temos um segundo diálogo como se fosse uma caixinha de Pandora aquela matrica russa vai Você tem uma mãezinha dentro da outra então dentro do Diálogo a gente tem o diálogo ou monólogo dialogado entre o Cristo e o grande inquisidor o grande inquisidor então vai se vai vai se focar nessa questão da da da da ida do Cristo ao deserto com as três tentações qual é
a primeira tentação então Cristo tá isolado no deserto e vai ser tentado o diabo olha as pedras né deserto um ambiente extremamente hostil efeito ele olha PR as pedras e fala is ISO tá em jejum Teoricamente exato tá passando fome e tal olha seria importante você filho de Deus ou Deus encarnado converter essas pedras em pães de tal maneira que a humanidade se Vie salva da privação que pela qual passa no sentido da sua alimentação da fome e da distribuição dos recursos porque todos então teriam abundância E aí Cristo traz ali uma uma colocação mas
não só de pão vive o homem mas de toda a palavra do senhor aí vamos pensar a gente já tá falando no âmbito metafórico Cristo no deserto 40 dias o o espírito aí tem várias traduções espírito do mal Satanás o diabo e assim por diante que humanidade é essa que momento é esse da humanidade em que Ah seria preciso animalescamente converter Pedras em pães a gente tá falando nesse momento mítico vamos tratar miticamente obviamente essas essas três tentações de um momento em que a humanidade pouco mais se reproduz pouco mais constitui em termos de poderio
do que uma série de tribos esparsas que mal conseguem produzir um excedente para se alimentar que que o diabo tá dizendo ali no primeiro momento vamos chamar de diabo aqui então do canhoto mefistófeles e assim por diante o tinhoso esolha escolha seu nome exatamente que que o diabo tá dizendo Olha uma das questões fundamentais da humanidade é a carência do estômago mas não só do estômago é a saciedade material no começo aqui da nossa Em outro momento da nossa conversa a gente estava falando dessa sensualidade dessa saciedade material o diabo está dizendo se você converter
as pedras em pães você elimina um grande suplício da humanidade e ela então se curvará então e é diante de que você vai ter a humanidade na sua Exatamente esse é o Primeiro Momento de poder Mas é interessante quando Cristo fala não só de pão vive o homem mas de toda a palavra do senhor que palavra aí a gente vai poderia interpretar estritamente a palavra noção de que e nós estamos vinculados ao texto bíblico à intervenção de Deus estrita que que eu tendo a pensar nesse sentido tô fazendo mais uma interpretação ali dessa grande lenda
do grande inquisidor a palavra nesse sentido seria a noção de que os homens relegados aos pães as pedras convertidas em pães primeiramente estariam ah infantilizados pelo milagre a gente tá falando da conversão de Pedras em pães então a gente não tá falando de homens e mulheres autônomos a gente tá falando de seres dependentes inequivocamente daquela distribuição primeiro infantilizados em função da saciedade mais primitiva das suas necessidades materiais e que viriam então a se prostrar diante desse ser mágico que converteria as pedras em pães é como se a humanidade fosse condenada a humanidade eu vou coloco
entre aspos a gente tá falando de do ponto desse ponto de vista desse primeiro momento histórico primitivo seriam seres inequivocamente condenados a se ajoelhar diante de um ttem e nesse sentido já que a gente falou da Liberdade Já a palavra de Deus teria a ver com uma liberdade que não condenasse os homens as mulheres as crianças os idosos assim por diante submissão a submissão e a materialidade mais comezinha a mais comezinha de todas Mas é por isso que ele fica bravo o inquisidor Porque Jesus não quis cair na tentação de poder em relação às pessoas
fala Pô você podia ter feito isso você ia se dar bem para caramba e você não fez você deixou você foi maior do que isso então isso tem uma Ode você perce perceba você já veja só você você foi maior do que isso Por quê essa liberdade é para para tirar os homens as mulheres eu não vou chamar de humanidade porque mas dessa condição heterônoma completamente dependente então Cristo tá trazendo uma lição segund maior dando a chance das pessoas serem mais do que aquilo que elas são as pessoas e os o próprio agrupamento humano como
história para além das Tribos dispersas a gente tá falando aqui já que a gente tá mencionando uma dimensão mítica esses 40 dias são 400 anos 4000 anos é uma síntese lembrem-se lembremos que ele fala de síntese da história humana lembremos das Tribos originais lembremos das Tribos judaicas conduzidas por Moisés do cativeiro do do do do cativeiro que Moisés era ali para não morrer nas mãos do faraó a sua a sua mãe o deixou no rio segundo a lenda né porque nem existiu tudo isso ex CL ele fe teria feito parte da aristocracia egípcia ali então
quando se descobriu O Judeu se rebelou em relação às Origens à suas supostas origens egípcias e comandou uma rebelião de escravos os judeus eram submetidos ali no cativeiro egípcio para comandar as tribos judaicas até a suposta Terra Prometida e tudo mais Então nesse momento esse momento heterônomo dependente da humanidade a primeira tentação diz respeito a a superação de uma condição animalesca primitiva dos homens voltados pra sociedade mais primitiva a fome a dependência em relação ao milagre ao tótem e assim por diante percebamos que neste momento da humanidade infelizmente muito dessa primeira tentação é atualíssima é
infelizmente mesmo exatamente então e percebamos que o grande inquisidor diz que essas três tentações sintetizam a história humana e as suas contradições então quando eu falo e quando eu falo que há um momento primitivo isso não significa que esse momento foi superado Claro ele pode estar eminentemente presente pres então nós temos a primeira dentação e a saída de Cristo e o demônio ali exasperado nervoso e o seu pai autoral grande inquisidor também apesar de como eu tava dizendo existia uma od nessa crítica a Cristo Por que você não entregou os homens a sua efetiva condição
porque a noção é de que deve haver mais deve haver um movimento homem pode ser mais do que isso exatamente aí tinhoso e ardiloso como ele só né O nosso cristoffel vai pensar numa outra dimensão da natureza humana ele vai pensar na dimensão ah da Tentação daquele que se isola da massa sobe ao penhasco digamos vai a um ponto ah sobreelevado E observa alhe a multidão mas já não se sente parte dela percebamos o seguinte nós estamos falando aqui de uma história de um tempo mítico nesse primeiro momento da primeira tentação então a gente tá
falando de uma série de seres que nem existem fora da eles nem existem fora da comunidade se os seres estão ah tentando lutar pela sobrevivência do Pão Mais comezinho e aí faço um parênteses naquele momento faz todo sentido a oração que o Cristo legou o pão nosso de cada dia nos dai hoje ou seja vejam que comunidade Ah tétrica que comunidade que pouco consegue se alimentar bom atualmente também a gente cont tem uma a fome ainda ainda permanece mas a gente tá falando ali nesse primeiro momento dessas tribos espas de uma de uma humanidade que
nem se forjou como Humanidade para além dessas localidades que mal conseguem sobreviver mas quando a gente chega ao segundo momento em que o demônio leva Cristo ali pro cume faz com que ele Contemple Olha tudo isso aí é se atire daqui porque está escrito que vão te socorrer né as palavras não são exatamente essas mas está escrito que o seu pai se você é filho de Deus você vai se dar bem no final exatamente mas vamos interpretar isso nesse momento a a contradição humana se dá com o suicídio mas com alguém que reconhece que pode
ser Senhor da própria vida e da própria morte a gente já não tá falando nesse tempo mítico histórico do momento primitivo da humanidade se passaram séculos e séculos para que a humanidade pudesse forjar na divisão do trabalho na no refinamento das atividades pessoas que se destacassem do todo sacerdotes intelecto intelectuais vamos usar com calma essa essa palavra obviamente mas que pudessem refletir sobre a história humana sobre a humanidade para além de ficar quebrando pedra ou fazendo caa e coleta então interessante é muito criativo é muito engenhoso da parte do dostoevsky pensar essas três tentações como
uma síntese Histórica de momentos diversos e variados da humanidade a gente tá falando aqui de uma trajetória de transformação da humanidade então percebamos que entre o momento primeiro e o momento segundo há uma enorme contradição uma enorme um enorme distanciamento e complexificação dos processos históricos sociais da humanidade significa que o momento um acabou não não entendi mas significa que o momento dois salta exatamente E aí o Cristo fala não mas Jesus vai bem nessa porque ele também fala não tentará está escrito que não tentará o teu deus o que que é interessante esse esse Cristo
que não salta que não se suicida ele se vê an ele é levado pelo pelo demônio à distância dos povos que ele consegue observar mas se ele se o demônio quer que ele aniquile sua vida e ao mesmo tempo tente ao senhor a solidão já foi formada essa solidão que não vê mais reciprocidade entre mim e o todo isso é algo profundamente atual nas nossas crises de depressão depressão socialmente prescrita de uma forma que não h vinculação mais parece que eu vivo em mim e não consigo me comunicar com os demais veja que esse é
um tema fundamental ali da obra do steev mas o Cristo diz não tentará teu Deus não tentará Ou seja o não suicídio que também não é a afronta em relação ao criador é uma tentativa de fazer com que esse esse espírito se reconcilie com a totalidade com os povos e ao mesmo tempo ele fala Se eu entrar na sua de tentar provar que eu sou poderoso eu deixei de ser Deus nesse mesmo momento Se eu tentar provar para você a partir do meu suicídio né se eu me lançar eu deixo de ser Deus porque eu
nãoo provar você nada eu sou acima disso né ele foi esperto que ele não entrou no jogo se a gente pensar por exemplo que personagem deev como kirilov dos demônios ele vai dizer oo fundante do cristianismo é a emulação do seu próprio Deus na cruz o Ato fundante da religião do nada do niilismo é o meu próprio suicídio Então essa afronta é crucial em determinados momentos daev Mas percebamos uma coisa Sutil aqui esse ser que não se suicida e que também não tenta a Deus ele já não vai conseguir ter a mesma insciência inconsciência dos
seus ancestrais primitivos CL já não é possível que esse ser se integre à humanidade emb botando a sua própria razão percebamos que a gente chegou a um novo patamar a um novo momento de consciência da humanidade então o Cristo já não coincide com o Cristo anterior percebamos que se a gente pensar no bom e velho Heráclito de Éfeso o rio ganhou uma nova calagem aí a terceira margem do rio fez com que esse rio se se cons substancie ele não pode voltar paraas mesmas águas porque a tentação a primeira tentação pressupunha um espírito próximo a
humanidade ali heterônoma dependente praticamente inconsciente sobre si mesma num segundo momento a gente já tem um espírito descolado do todo mas que conhece o que tá acontecendo mas não se identifica com as pessoas para ele voltar não dá mais é pensemos no Ivan como é que o Ivan o é uma imagem muito forte do Ivan como é que ele poderia voltar ao convívio de todos como é que ele poderia não só deixar de conceber o parricídio mas abraçar o seu pai é uma questão que desponta porque esse suicida é uma digamos uma imagem interessante pro
próprio Ivan Então percebamos essa distância e mais uma vez o Cristo sai com essa característica da Liberdade perceba uma liberdade que fala não abrirei mão não farei não o farei e não o farei com sentido de tentativa de resgate mais uma contradição que desponta e a gente chega na terceira a terceira e Última Tentação essa terceira e última torna O Suicida o o individualista o isolado o transforma em Júlio César O leva um a um cume ainda maior e traz uma outra contradição encarniçada ali da humanidade no bojo da vaidade então a gente passa da
primeira com a noção do estômago da sensualidade da do materialismo mais comezinho a segunda que a rebeldia vamos usar a palavra do Ivan a revolta contra o estado de coisas contra o fato de que eu não me identifico mais com os demais não quero mais fazer parte da comunidade humana mas a terceira não é não fazer parte é fazer com que a comunidade humana de fato se ajoel diante de mim poder é fazer com que por exemplo eu sempre me Rem tá isso que me parece uma imagem sintética na capa do leviatan do filósofo inglês
Thomas Hobbes esse leviatan que é um monstro bíblico do velho testamento vocês vão falar sobre o velho testamento futuramente então tem o monstro bíblico do Leviatã na capa do Leviatã esse grande súdito hesi esse monarca absoluto quando nós olhamos essa capa mais de perto a gente vê que O Leviatã é formado pela somatória de todos e cada um dos seus súditos essa seria a imagem para mim mais acabar de se tomar o gládio de César e olhar a humanidade necessariamente de cima para baixo como se o homem tivesse de fato se tornado um Deus não
ele não vai mais abrir mão da sua vida porque a sua vida é o sim e o não é o Polegar para cima ou para baixo em relação a todos os demais todos os impérios todas as cidades todos os desejos em suma todas as a toda A fenomenologia do mundo pertenceria a esse César acabado é o ímpeto mais forte da vaidade e daquilo que o nietzche veria chamar de vontade de poder de vontade Indômita de exercício a máximo do poder e o Cristo mais uma vez vai bem denega vai muito vai muito bem denega essa
possibilidade e o inquisidor fala isso traz aí vem nas suas palavras isso traz angústia quinta essencial pro homem porque uma vez que o homem passa a ter o mínimo de consciência sobre si ele começa a buscar alguém diante de quem ele possa se ajoelhar ao fazer com que o homem não se atenha à suas três vamos chamar de três aqui mas a pletora a multiplicidade das suas contradições você fez com que o homem fosse dotado de uma liberdade que você chamou de livre arbítrio vamos chamar de livre arbítrio também para que ele se forj a
revelia do materialismo mais comezinho a revelia do isolamento e da Tentação do suicídio e a revelia do poder é o homem dotado de uma trajetória de autonomia de liberdade para tentar encontrar uma possibilidade para voltar a se irmanar com os demais esse é um tema muito importante do DSK E aí eu eu faço um parênteses breve que que é se voltar lá no sonho do homem ridículo o sonho que leva o homem ridículo do suicídio da beira do do do penhasco do suicídio paraa Reconciliação com com um povo idílico seria o retorno a idade de
ouro aquele mito grego que o dastes que vai aproximar do cristianismo com a noção do Éden aquele mito grego que faria com que as pessoas vivessem organicamente com ego vinculado aos demais essa é uma coisa que tá presente ali no sonho de homem ridículo e que essa liberdade do Cristo tentaria reconciliar o que o DSK tá trazendo isso tá presente também em notas de inverno sobre impressões de verão um livro que eu já trouxe aqui é a noção de que no Cristo em Jesus Cristo há concepção há o desenvolvimento de um ego que no limite
não se consubstancia não se forma com um ego individualista vaidoso e Auto autocentrado é um ego que no Ápice de sua força se estila e se doa para os demais então essa liberdade de que o ders vai falando é uma liberdade que se retroalimenta como solidariedade como irmandade como a tentativa de reconciliação com os demais essa é uma leitura que eu faço por quê que a gente tem a possibilidade lá no sonho de homem ridículo de retorno a um Éden paradisíaco mas isso aí eu tô me posicionando é algo complicado porque esse Éden paradisíaco é
um Éden de seres humanos muito próximos aos animais é um Éden de seres humanos da ignorância né o paraíso como o não conhecimento do bem e do Mal perfeito perfeito seria possível retornar Seria algo válido Seria algo eh importante seria algo que nós aceitaríamos dada dado o transcurso da hisa é uma uma questão forte mas é algo que tá presente na obra dosk de qualquer maneira a lenda do grande inquisidor e vej nesse terceiro momento a gente tem como que a consecução de uma grande civilização E aí eu falo o seguinte tentou escrever Celson um
ensaio chamado socialismo e cristianismo ao longo de sua vida ele dizia que a civilização é o momento vejam como ele tá pensando no movimento da história é por isso que lá na Minha tese eu vou falar em filosofia da história em DSK ele tá pensando um movimento da história de tal maneira que a civilização coincidiria com o socialismo mas como assim socialismo vejam aqui nesse momento socialismo capitalismo se aproximam socialismo para ele é o reino do ateísmo que poderia ser a mesma coisa do capitalismo a noção de uma de uma terra voltada sem Deus e
voltada para si mesma Deus Então nesse momento ele fala da civilização como a agudização do Ego e ele vai pensar como é que esse ego pode voltar a se integrar com todo com todo com a humanidade se não houver a transcendência se não houver a eternidade se não houver o perdão esse ego Vai Girar continuamente ao redor de si mesmo e vai acabar cometendo a multiplicidade de ação de ações que os romances das tanos vão narrar homicídio distorção pedofilia Ah mentira parricídio e assim por diante então quando ele fala PR a gente sintetizar quando ele
fala em César a gente chega ao Ápice de uma civilização a gente pode pensar inclusive na nossa época uhum em que essas essas três contradições se apresentam con jumin nessa terceira tentação nós temos as três os três momentos das Tentações tudo ao mesmo tempo embc e essa seria uma imagem sintética pra própria obra dostoyevski pro todo imagina imaginemos um sobrevoo panorâmico em relação à obra de dostoyevski e a gente tem nas várias personagens o sentido dessas contradições questõ Exato eu quero aproveitar esse momento para fechar né a gente vai ter que dava para ficar mais
5 horas aqui mas uma hora a gente tem que acabar né E vai ter que ser agora claro então no olhar de dostoyevski então que a gente pode colocar os irmãos krasov como a obra onde ele coloca basicamente todas as questões que ele passou a vida discutindo uhum quem ele acha que nós somos Quem Somos Nós humanos olha eh se nós então pegarmos como síntese imaginemos então que as três contradições do deserto seja uma radiografia um raio x o esqueleto a saturo a alma do que é humano DSK diria que o homem é a tentativa
de reconciliação com o mundo com a matéria com a a tentativa de Justiça terrena mas que não esgota o homem porque a justiça terrena não responde o clamor Por Justiça eterna pela noção de que a vida não se extingua aqui então quem somos nós somos seres buscando Justiça terrena buscando Justiça transcendental e ao mesmo tempo uma justiça que não seja apenas punibilidade como eu tava dizendo que seja perdão e reconciliação Crime e Castigo Ah patíbulo e perdão como eu citei aqui esses temas forjam o homem mostra que o que o homem o homem a mulher
que o ser humano é um é um ser eminentemente contraditório mas essa contradição em dostoyevski não precisa ser apenas o o mergulho sadomasoquista o mergulho malévolo no charco de si mesmo como acontece por exemplo com o homem do subsolo essa eh esse mergulho no mal no sofrimento pode ser uma purgação também como nos mostra por exemplo os o a o con o sonho de um homem ridículo nessa medida Ah é possível ler em dast vski um sadismo um masoquismo fortíssimos mas também o mal como uma travessia eu me remetia aqui a Santo Agostinho num determinado
momento falando do mal como ausência de bem ausência de consciência ignorância sobre o que seria o bem ainda seev que esses dois momentos um momento de mal como substância como algo do qual não se consegue sair e algo que inclusive traz prazer aquele que fica escarafunchando a própria ferida e lambendo do próprio pus essa imagem é muito forte pro DSK mas também seríamos aqueles aqueles seres que no diálogo com o outro na relação com o outro ou na tentativa de autoconhecimento e autor reconhecimento para tentar sair desse charco dessa lama tentaríamos atravessar esse esse deserto
vamos pegar aqui a imagem do do do do deserto do cristo para que esse mal fosse reconfigurado ressignificado como uma tentativa de reconciliação então eu poderia fechar citando uma um aforismo do Dimitri karamazov que supostamente que no no no julgamento é o é o réu ali que teria matado nós sabemos que não foi ele quem matou ele é inocente mas ele vai de dizer o seguinte Deus e o Diabo estão em luta e o campo de batalha é o coração do homem então isso me parece sintetizar sobre maneira essa trajetória que nós fizemos [Música] [Música]
aí [Música] C