[Música] Oi gente tudo bem com vocês eu sou a Lau Bach E você está no ânsia na fala e hoje a gente vai falar um pouquinho sobre o conto amor da Clarissa Lispector o primeiro texto que tá lá na lista da Unicamp dos livros de 2017 então se você vai prestar Unicamp eu espero que esse vídeo te ajude e se você não vai prestar espero que esse vídeo incentive você a se aventurar pela literatura da Clarice que é uma literatura maravilhosa enriquecedora e que com certeza você vai gostar Então vem comigo quando a gente fala
em clariss L Spector a gente fala de uma literatura muito específica uma literatura que é extremamente e profunda que causa um questionamento uma reflexão no leitor então a gente tá falando de uma literatura intimista de uma literatura que vai questionar o ser humano os sentimentos do ser humano e e vai fazer a gente sair daquele lugarzinho comum que a gente tá acostumada e colocar um pouquinho a nossa mão na consciência e refletir mesmo então é extremamente enriquecedor e é por isso que eu gosto tanto da Clarice então Independente de você ser um vestibulando é eu
recomendo demais a leitura desse conto então vou falar um pouquinho para vocês das principais características e que a gente pode apontar em relação às obras da Clarice nesse conto e contar um pouquinho sobre ele discutir fazer algumas alguns questionamentos aqui essa história vai falar pra gente sobre a Ana a Ana é uma dona de casa mãe e esposa Aparentemente a Ana tem uma vida extremamente tranquila uma vida boa uma vida que dentro do padrão que a gente conhece aqui da sociedade é uma vida confortável Então ela tem os seus filhos tem um casamento que parece
ser bom um apartamento que ela comprou recentemente que eles ainda estão pagando não é uma vida de fartura Mas é uma vida tranquila isso já começa já começa aí uma pequena um apontamento que eu gostaria de fazer normalmente nos contos da Clarice a gente não vai ter personagens extremamente grandiosos com uma Trama extremamente complexa né não normalmente toda essa reflexão e esse questionamento extremamente profundo que a que a leitura vai proporcionar pro leitor ele parte de situações aparentemente triviais Isso já é uma característica então a Ana aparentemente no começo do conto não é uma personagem
que vai fazer assim grandes e coisas ou Enfim então Já começamos daí sendo assim a gente tem então nossa personagem a nossa querida Ana dentro de um bondinho carregando as compras que ela tinha feito para um jantar que ia acontecer na entre a família dela no período da noite e a Ana nesse momento ela se encontra naquilo que narrador chama de um momento perigoso do dia isso já é importante já é um indicativo do que essa obra vai falar pra gente que que seria esse momento perigoso na vida da Ana Por que perigoso Então vamos
dar uma pensada sobre isso quem é a Ana até então A Ana é uma mulher né que tá sempre ali e ligada às suas ações diárias exercendo esse papel de mãe de dona de casa essa casa que ela cuida com tantos zelo e que é muito interessante a forma como o narrador fala pra gente dessa casa né parece que ele dá um pouco de características eh a casa que não são típicas eh de um ser inanimado então ele diz pra gente que a casa ela faz a função de se manter suja para que a Ana
tenha consiga exercer a sua função de mantê-la limpa então É bem interessante esses essas pequenas descrições que tem em relação à casa em relação à árvore que a Ana plantou que em alguns momentos ela o narrador vai dizer pra gente que é a estaria zombando dela então parece que é esses seres inanimados eles têm al umas características aí que não são muito comuns Mas enfim eh a gente vai ter então a Ana já tendo realizado todas as suas funções deixou essa casa limpa né que estava suja as crianças já estão na escola o marido tá
trabalhando ela já realizou as compras pro jantar e agora né Quem é Ana essa é a primeira pergunta que a gente deve fazer quem realmente é a Ana Porque até então a gente deu aqui uma a gente colocou ela dentro de um padrão né a mulher dona de casa mas será que a Ana é só isso e por que será que esse momento é perigoso esse momento que ela já fez tudo o que ela deveria fazer dentro da sua roupagem de dona de casa porque é aí que a Ana pode ser aquilo que talvez ela
realmente seja ou enfim ser qualquer coisa então Então esse é o momento perigoso é o momento que ela já não tem mais ações para preencher para ocupar né e a cabeça dela e que faz com que ela comece a refletir coisas e ter pensamentos que não são tão agradáveis dessa forma a gente vai conseguir apontar uma outra característica que é fundamental nas obras da Clarice que é a questão do momento epifânico que logo no começo da narrativa a gente vai eh tomar contato com esse momento Então ela tá lá nesse bondinho carregando suas compras quando
ela repara num cego mascando chiclete aí um aluno me perguntou né mas Laura que eu não entendi como assim O que que tem um cego mascando no chiclete é aí que tá o momento epifânico eu até coloquei aqui para falar para vocês é uma percepção súbita de algo da realidade A partir de algo banal então é a partir dessa desse olhar que ela direciona para o cego mas no chiclete que ela vai entrar num momento de reflexão e questionamento profundo vamos dar uma pensada nesse cego mascando chiclete então o cego ele está na escuridão fazendo
um movimento mecânico né sem refletir aquilo automático e ela enxerga no cego um próprio reflexo é o reflexo da existência da Ana então será que a Ana ela também não é cega e tá ali repetindo e repetindo todos os dias as suas os seus fazeres domésticos a sua função de mãe tudo muito automatizado sem reflexão sem colocar os desejos as vontades as prioridades da Ana Ana Mulher será que ela também não é cega né ela tá ali no automático como se tivesse apertado um botãozinho e ela tivesse indo tivesse indo sem refletir igual cego tá
ali na escuridão mascando seu chiclete a Ana também tá ali naquela escuridão praticando ações sem uma reflexão profunda simplesmente porque é o que cabe dentro do papel que ela ocupa naquele momento então dando continuidade a partir desse momento epifânico que é quando dá o né aquele estalo de opa Hei e ela fica tão assim isso é tão forte né ela que ela chega a dar um grito ela dá um grito e e o motorista dá né freia com tudo com bruscamente o bonde de modo que a sacolinha que ela tava carregando que era uma sacolinha
de tricô que ela mesma tinha feito e SOS ovos ela né com a freada aqui do Bonde esses ovos acabam se quebrando né e escorrendo ali entre os buraquinhos da da bolsinha de crochê e aí todo mundo olha para ela e ela fica assim né naquela coisa meio eufórica e todo mundo reparando e ela fica sem graça ela fica envergonhada né que a gente fica envergonhado quando a gente e faz alguma coisa que chama atenção das pessoas e enfim mas aí dai a pouco todo mundo volta ao normal e ela fica ali com aqueles ovos
né que estão escorrendo enfim joga fora fica só com aquela sujeira e até assim tudo na Clarice na nos textos da Clarice Eles não estão ali por acaso Então a gente tem um ovo né ovos na verdade não não só um mas o o ovo ele também tem uma simbologia de representar a fragilidade da vida né então isso também não tá ali por acaso em algumas análises mais profundas dizem que esse esse ovo representa também essa fragilidade da vida da Ana né que que de repente foi quebrada foi quebrada porque ela se deu conta de
que ela está numa Escuridão e a partir daí ela fica completamente perdida né sim não sabe nem onde ela tá direito passa o ponto dela e ela acaba descendo num lugar que ela nem sabe onde ela tá sabe de meu Deus o que eu estou fazendo e ela desce e ela acaba indo até o Jardim Botânico né porque esse essa história tá se passando no Rio de Janeiro e E aí ela entra no jardim e senta ali e começa a reparar é como se todo um novo mundo se abrisse aos para os olhos da Ana
Então ela começa a ter todos os sentidos muito aguçados então ela vê as cores com muita intensidade os aromas é então ela vai reparar na formiga ela vai reparar na árvore e aquilo tudo é ao mesmo tempo que dá uma sensação de Nossa que mundo é esse que que é isso que nossa que que eu tô fazendo ao mesmo tempo Dá um medo né dá uma mas espera aí a minha vida e agora que que eu tô fazendo então é uma coisa que ao mesmo tempo que é ou é ruim também porque ela fica perdida
ali e ela acaba né passando um tempo nesse jardim até que ela se dá conta de que já tá tarde já tá escurecendo as crianças vão chegar o marido vai chegar tem o jantar em família ela precisa est em casa então ela fica desesperada fica presa porque fecham os portões né do Jardim e ela pede desesperada né abre grita Então essa coisa do desespero mesmo que até a gente enquanto leitor fica desesperado E aí o o o guardinha lá vai falar não se dá conta que não tinha reparado que ela tava ali dentro Abre ela
fica desesperada para voltar PR casa e aí quando ela volta para casa ela ainda não saiu né de todos esses questionamentos que essa esse fim de tarde causou então quando ela chega em casa ela encontra o filho dela e ela dá um abraço muito apertado na criança n ela tá dentro dessa Euforia ainda desse medo dessa coisa e ela diz e uma coisa muito interessante pro filho que eu vou ler aqui para vocês então ela diz assim senti as costelas delicadas da criança entre os braços ouviu o seu choro assustado mamãe chamou o menino afastou
olhou aquele rosto seu coração crispou não deixe Mamã te esquecer disse e a criança mal sentiu o braço se afrouxar escapou e correu até a porta do quarto de onde olhou a mais segura era o pior olhar que jamais recebera E então a gente tem a sensação de que por um momento talvez ela tenha considerado né cogitado abandonar tudo inclusive as Crianças o marido porque ela diz né Não deixe que a mamãe te esqueça então é eh isso foi muito forte para ela por isso que eu falei esse momento epifânico ele traz uma reflexão extremamente
profunda e forte né E que incomoda mesmo a a nossa personagem Além disso ela fala pra criança o seguinte a vida é horrível disse li bai faminta então é como se ela tivesse tido essa consciência né de que as coisas eh aparentemente estão no seu lugar mas na verdade não estão muito lá no seu lugar então é é bem pesado eu achei essa parte do do filho ela diz assim também um pouco antes e por um instante a vida Sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver olha que coisa interessante gente
por um instante a vida Sadia que levar até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver e aí é a parte que eu falo para vocês né questionem sobre o os lugares que vocês ocupam também né será que a gente não é um pouco Ana né Será que a gente também não tá um pouco no automático Será que essa aparente normalidade que a nossa vida tem na verdade seja uma farça fica aí né Fica aí essa pulguinha atrás da orelha para vocês mas bom Dando continuidade então Eh acontece o jantar tudo tranquilo tudo dentro dos
conformes porém a Ana fica ali meio que sabe quando a pessoa não tá bem no lugar tá meio viajando um pouco aérea mas tudo acontece bem e tal as as pessoas vão embora as crianças vão dormir e aí ela tá ali na sala ainda nesse momento nesse questionamento nessa insegurança nesse medo nessa dúvida e ela escuta um estouro né que é o estouro do fogão que lá no comecinho da história a gente tem essa essa referência falando que o fogão tava meio esquisito tava funcionando muito bem aí ela fica assustadíssima vai na cozinha e o
marido dela tá lá tranquilamente fazendo alguma coisa no fogão e fala nossa Calma foi só o estouro do fogão e aí aquilo né dá um susto em ambos E aí num determinado momento ele fala não vem estende a mão para ela isso já é no finalzinho do conto fala vamos dormir então esse final é muito interessante eu vou ler também para vocês porque ele abre para determinados questionamentos num gesto que não era seu mas que pareceu natural segurou a mão da mulher levando-a consigo sem olhar para trás afastando-a do perigo de viver acabara esse a
Vertigem de bondade e se atravessava o amor e o seu inferno penteava se agora diante do espelho por um instante sem nenhum mundo no coração antes de se deitar como se apagasse uma vela soprou a pequena Flama do dia e aí eu pergunto para vocês Será que a Ana conseguiu apagar né conseguiu apagar tudo que aconteceu nesse dia e voltar aí seu o marido trouxe ela de volta então para essa normalidade para essa tranquilidade por essa segurança afastou então do perigo de viver ou será que a Ana vai continuar com esse questionamento ao longo aí
da sua existência cada um vai ter uma interpretação né a gente não o conto acaba aí mas olha só gente que coisa louca que é esse conto então assim se você é não for prestar Unicamp gente eu recomendo Leia esse conto Leia Clarissa de modo geral tá o laços de família tem ótimos contos felicidade clandestina tem ótimos contos assim como enfim a Clarice é fantástica é fantástica porque ela faz a gente pensar né Eu li esse conto e falei meu Deus quem é a Laura né e e enfim são diversos pontos aqui mas tem muitos
outros também se você tiver algum comentário escreve aqui embaixo conta para mim uma outra perspectiva um outro apontamento que você achou interessante mas e algumas das características que eu falei e essa compreensão né Saiu um pouco daquele senso comum Teve gente que leu o livro e falou assim Ah ela se apaixonou pelo cego Ai que mulher louca que que tem a ver E isso mas assim quando você olha com esse cuidado olha só do que a Clarissa tá falando né olha só essa essa literatura intimista indo lá no fundo no fundo no fundo dos nossos
sentimentos tirando a gente do lugar comum questionando a existência né então é como eu falei eh questionamento sobre a questão humana é uma característica então literatura intimista fatos do mundo externo que que vão influenciar a mente da protagonista narrativa Epifânia Enfim gente eh não sei quando eu falo de Clarissa eu fico assim meio abestada como se diz bom é isso espero que vocês tenham gostado Espero que tenha ajudado aí a galera que vai prestar Unicamp e se você gostou não deixe de se inscrever aqui no canal isso é importante para me ajudar para continuar com
esse trabalho então por favor se inscrevam divulguem para os amigos e é isso gente até semana que vem e um beijo tchau h