ENTREVISTA: EMICIDA ANALISA AMARELO | Spartakus Santiago

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spartakus
Eu e Emicida batemos um papo sobre masculinidade, saúde mental, antirracismo e todas as questões que...
Video Transcript:
e tem uma fala e para mim ela é absurda de [ __ ] quando ele diz eu ser [ __ ] não me faz menos homem que ninguém eu nunca tinha pensado nisso aí pessoal Santiago YouTube e hoje estamos aqui com ele um dos maiores nomes do rap nacional é uma das personalidades mais potentes do país eu tenho onde está aqui com Emicida para poder falar sobre Amarelo seu último álbum que é na verdade um projeto maior com podcast e até um documentário que estreia em breve EA Emicida tudo bem tudo bem meu parceiro Melhor
agora e contigo muito bem é um só eu estava falando aqui contigo vamos lá é a primeira coisa que eu queria te perguntar é ouvindo amarelo eu escuto um álbum que ele foge totalmente dos padrões do que se espera de um rap eu mesmo sinto um desafio muito grande nem conectar com o rappi porque eu vejo muitos artistas performando a masculinidade tóxica agressiva que me violenta como gay sabe me violentou a vida toda e aí você nesse disco decidi fazer uma isso que questiona o mal que faz parcerias com artistas lgbts com a Pablo com
a Maju ano passado eu morrer mas esse ano eu não morro e aí enfim diz que fala do amor como Elo que fala de afeto queria saber de você porque você acha que esse comportamento existe na cena do rap e como a gente pode mudar isso eu acho que esse comportamento existe porque ele infelizmente reproduz um comportamento que é muito aceito na nossa sociedade acho que a música rap ela tem uma força de denúncia de uma série de questões que são problemáticas da nossa sociedade mas quando a gente entra na pauta masculinidade a gente mal
arranha a superfície disso entendeu a gente poderia se aprofundar muito mais em geral o assunto ele é certa forma negligenciadas são lugar muito a lugar comum e muito seguro para onde a poesia da música rap vai mais é interessante pensar também que ao longo da história foram produzidos outros movimentos que também faziam contraponto a essa lógica né a gente pegar por exemplo é porque a grande referência do Amarelo uma das grandes referências um dos meus grupos de é por Favorito na vida é o de lá sou né relação com o seu disco esterilizar que é
o disco no qual a gente se inspirou para fazer Inclusive a capa do projeto né ele tem três criancinhas pretas norte-americana a gente tem três criancinhas indígenas uma oca aí não manda na maloca Yanomami aqui no norte do país a tipografia também a gente se inspirou nesse disco e o tem que se Rafa tido como uma espécie de anti gansa né não consigo por exemplo um rapper e que mora no panteão de nove entre dez rappers que é o tio pacto para que odiava esse disco né escreveu música contra o dela sou sabe porque essa
provocação do desse tipo de construção é uma provocação com a qual nenhum gênero lida bem porque embora ele seja extremamente questionador ele eu desço é questionado tu sabe quem tem que ele é questionado ele recorre a esta argumentação é a respeito das operações que sofrem mas a verdade é que o pressão nenhuma te dá o direito de ser um canário acordo as pessoas tá ligado mano então eu acho que a porta para a gente se alto questionar ela tá sempre aberta acho que é muito importante que a gente vira o espelho para nós mesmo a
cor não querendo transformar a gente somente Bandeira tá ligado que nós somos seres humanos mano a gente vai escorregar a gente vai errar a gente vai produzir coisas que no futuro a gente vai olhar e pensar poderia ter pensado melhor e colocado em sua argumentação jeito mais rico menos nocivo a outras pessoas mas eu acho que a gente poderia ser mais comum eu tenho alguns amigos que são gays e eu fico muito feliz quando eles mandam fotos deles há dez anos atrás no nosso shows porque eles ainda não tinham se assumido mas de alguma maneira
atmosfera daquele espetáculo era convidativo e segura para eles de maneira ele de lá e se sentir é representado por aqui então acho que é uma uma trajetória uma construção que a gente vai fazendo e nesse momento específico eu acho que é um momento interessante para que a gente intensifique algumas coisas evidencia algumas contradições e a partir dessas contrações a gente encontra essa bifurcação onde a gente vai para a gente quer continuar sendo superficial na tratativa desse do assunto ou a gente quer se aprofundar nisso aqui realmente construiu que a gente canta que está construindo saca
é as pessoas que equipamento que eu tenho me fiz gêneros musicais eles eles são permeadas por movimento antes gêneros musicais também né se você vê por exemplo contra o outro então o que eu tenho um dos maiores expoentes do jazz mas ele também teve a sua fase antes das que que é uma fase antes de e principalmente vinda de um dia exista né ele rompe com uma convenção tradicional do gênero e fala mano eu vou sugerir uma outra coisa ou outra forma de se relacionar com isso talvez ele esteja falando uma experiência aqui nesse sentido
pode ser a experiência anti-hep onde você disse a kalina uma tradição né porque por exemplo eu pensei muito nisso tô te falando isso que eu pensei muito nisso A há mais ou menos um mês atrás porque há mais ou menos um mês atrás a de sorte sábado e sorte uma revista da negrada dos Estados Unidos revista talvez a mais tradicional de rap do mercado americano ela postou uma matéria aonde ela ridicularizavam rapper que tinha dando a entender que ele tinha flertado com uma garota trança saco a gente tem ali o maior farol de comunicação dessa
cultura tá ligado que já cometeu outras escorregadas ao longo do tempo nas suas matérias Mas essa é só me tocou profundamente por causa do momento que a gente tá vivendo por causa das discussões que acontecem inclusive nos Estados Unidos e ter esse lugar como ponto cego de uma referência de comunicação me fez pensar muito na necessidade de dessacralizar esses lugares não questionáveis tá ligado mano eu acho que a gente precisa questionar esse tipo de coisa é Tô muito triste por isso me sinto triste que esse tipo de coisa não só aconteça mas também passe batido
e aí mais do que racional minha alma meu espírito humano meu coração ele sente a urgência de mostrar o quanto essa forma de ver o mundo arcaico e aí talvez seja por isso que sem pensar a Pablo vai parar dentro do disco sem pensar tipo assim não não foi uma coisa que vamos colocar a Pablo porque a Pablo é um artista LGBT não mano desde quando eu vi a Paulo lá no começo eu já tinha pensado Tipo poderia como a gente poderia contar uma história junto tá ligado mas por uma admiração artística sabia majuro é
muito [ __ ] que é uma jura entra no disco é por acaso de verdade eu fui no show da majur na casa de Francisca não tava tipo ah vou lá conhecer ela só ficou cheguei eu entrei na casa dela tava cantando eu fiquei assim é ela eu já levantar o riso também te quero o estado com talento sua voz assim você outra forma que você questiona essa masculinidade tóxica no seu disco é falando assim sobre o afeto porque o que acontece eu sinto que homens negros Ele tem dificuldade de falar sobre sobre suas emoções
não pedem Socorro acho que é frescura e aí é muitos acabam se suicidando e você história muito especial né amarelo é a cor da prevenção ao suicídio você tem um relatos de uma pessoa presta se suicidar no clipe da música na própria música Ismália na no poema que a Fernanda Montenegro na reunião suicídio então assim você acha que a gente cuidar da nossa saúde mental é uma forma da gente lutar contra o genocídio negro com certeza mano com certeza e a interessante você fala passar por esse ponto que por exemplo a gente acabou de trabalhar
junto com o dia de bola no livro dele na versão Nacional do livro dele da dublinense o meu livro no Brasil tem o nome de seja homem tá ligado de ebola faz um questionamento a respeito do de tudo que tem em torno dessa frase e eu aja como um homem seja homem Isso não é coisa de homem entendeu é meu parceiro essa frase ela esconde uma prisão porque a experiência masculina ela é extremamente Ampla existem vários tipos de ser um homem é a primeira vez que eu fui provocado a pensar no quão isso era amplo
foi lá lembra quanto tempo aquele Filme Madame Satã sim tem uma fala que para mim ela é absurdo de [ __ ] quando ele disse eu ser [ __ ] não me faz menos homem que ninguém eu nunca tinha pensado nisso tá ligado eu nunca tinha pensado tipo no meu conceito minúsculo de masculinidade na época que eu vi ele falar aquilo eu nunca tinha colocado as duas coisas na balança e precisar de uma de uma coisa não anula a outra entendeu a experiência masculina é Ampla e masculinidade a performance de uma forma com a masculinidade
entendida pela sociedade é uma performance aí O que é Estreita pequena torta a qual a maioria de nós e apresentado e a maioria de nós se torna refém dela é extremamente problemática entendeu no momento que os meninos e aí eu falo no geral não tô falando só dos homens pretos não os homens são os campeões nas taxas de suicídio se essa ideia de masculinidade oferece para nós poder domínio Liberdade beleza força Por que que a gente está nesse lugar do ranking no momento em que crianças começam a silenciar suas emoções a forma como se relaciona
com o mundo o número de suicídios no gênero masculino salta para cinco vezes mais do que no feminino o que essas crianças meninos esses meninos começam a perder o direito de pôr para fora Sua sensibilidade entendeu isso parece uma conquista para quem tá ligado Nova Conquista isso é andar na prancha para ligar você vai cair no mar e será devorado pelo tubarão e só que você tá gritando você é um campeão você vai dominar o mundo entendeu isso é tudo uma grande mentira e aí eu acho e a gente tá na era da informação irmão
Às vezes a gente se questiona se não era da ignorância também mas ele estava informação também né jantei na verdade eu acho que a gente tá na era do tumulto da informação que vem muita aí abre muito porque agora a gente tem duas opções gente sabe isso é isso agora tipo batendo 300 você fica meio perdido tipo carai mano e agora para onde eu vou eu recebo é uma última pergunta sobre o documentário né Eu falei para ele falei para carai também né come todas suas perguntas né [ __ ] não tem problema de ouvir
você incrível vai assim você é um cara que deu da Periferia um cara que passou fome ascender socialmente hoje eu empresário E aí no documentário que vai ser lançado em breve Amarelo tudo para ontem você consegue ocupar dois lugares bem eletizadas que é o teatro municipal e o Netflix para poder dar voz a nossa cultura preço essa nossa forma de dizer para todas as pessoas têm uma origem que nem a nossa que a gente precisa sim e o pai esse tipo de espaço assim como prisma de compõem a luz branca e muitas outras cores eu
gostaria de ver com por preconceito e muitas outras possibilidades Unidas na amarelas in Olá eu sou dado para cachorro eu não gostar de morrer mas pense o meu amor vamos passar na morrer mas a que horas eu vou aí se você acha que é desse jeito que a gente pode combater o racismo acendendo o sistema hackeando o sistema e eu acho que uma forma de atenção não anula a outra eu acho que é muito importante que a gente se Organize e eu sempre falo sobre isso é muito importante que a gente se Organize entendeu para
que a gente consiga elaborar protestos que sejam eficazes para fora de ar da relação com qualquer coisa de marca para fora da relação com qualquer coisa de empresa a gente trouxe organizar minha mãe com a sociedade civil está ligado enquanto pessoas que estão embaixo das mesmas Garras de opressão isso não tem a ver com campanha com influência com rede social com nada tem a ver com seres humanos que vão se levantar para construir um mundo melhor tá ligado por outro lado a gente entende que essa não é a única via pela coisas imaginárias são construídas
E aí no sentido de construir o Imaginário que propicia que as pessoas compreendam melhor o que é nossos direitos de existir aí eu acho que é fundamental que a gente também ocupe nos lugares por isso para mim é incrível poder tá no palco do Teatro Municipal Porque como conhecedor da história do teatro municipal eu e o quanto aquele ambiente também representou a inclusão sabe um ambiente que eu tanto admiro o ambiente que eu reverencio porque é de fato é uma conquista 800 de uma série de movimentos incríveis né sobretudo a semana de 22 que talvez
seja o mais famoso mas grandes nomes da arte da cultura passaram por aquele palco Então imagina que nesse momento a gente se provoca ser um gênero Não somente uma consequência de uma cultura norte-americana como foi a forma como se referiram a gente na maior parte da história quando a gente ocupam Teatro Municipal é o que a gente está dizendo é que existe um movimento cultural relevante daqui e que ele não começou agora tá ligado ele não começou agora ele é uma consequência das ideias das construções da existência de várias outras pessoas eu falo isso também
porque existem muitas pessoas sobretudo os mais jovens que eles acreditam que eles inventaram anti-racismo tá ligado mano e não conseguem se conectar de uma forma respeitosa com a geração que veio antes com as construções com a profundidade das Gerações que vieram antes porque essas pessoas tiveram que negociar muito mais com a sociedade brasileira eles não podiam ter um discurso tão afirmativo quanto o nosso eles não tinham essa liberdade agora de que vale todas as conquistas que a minha vitória não consegui compreender isso tá ligado que a minha atenção Não consegui compreender isso de que vale
a minha liberdade se ela também não anistiar todas as pessoas que morreu calado o silêncio dessas pessoas várias vezes fala mais sobre o contexto do que sobre elas mesmo então é por isso que eu acho fora fazer um documentário ocupando Municipal colocando isso no Netflix e vai jogar essa para 190 países tá ligado no momento onde a imagem do Brasil está extremamente deteriorado a claudeci bunda mole que tá na presidência tá ligado e a gente tem a oportunidade de dar uma chacoalhada nesse país mano e fala assim mano a a produzir um monte de coisa
[ __ ] só que a gente vacilou porque a gente deixou de vigiar nossa liberdade a gente não pode abaixar a guarda no que diz respeito a vigiar nossa liberdade mano quando a gente deixa de vigiar a liberdade o avanço a mediocridade toma conta é desse para dessa parada que a gente tá falando e agora a gente precisa mano silenciar mediocridade fazer a grandiosidade aflorar novamente o documentário mostra não sei qual foi a sua sensação quando você terminou de ver o filme mas para mim a sensação que eu fico é [ __ ] mano a
gente é gigante como a gente chegou nessa merda Vamos parar com essa [ __ ] agora tá ligado eu fiquei arrepiada de verdade até só de lembrar Fico arrepiado eu fiquei sem palavras quando terminou documentário muito obrigado a missiva de verdade por nos dessa aula de história preta de Cultura preta de ativismo preto eu acho que vai ter Impacto aí que vai ficar para as próximas gerações e muito obrigado pela entrevista tomara Deus te ouço então até mais e assista o documentário do Emicida no Netflix o amarelo tudo para ontem que tá incrível valeu valeu
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