Esse é você. Uma pessoa cheia de sonhos e com muita vontade de fazer acontecer. O problema é que as coisas que você quer requerem muito esforço e dedicação, e isso te desgasta.
Por essa razão, você procrastina um dia aqui, outro ali, e quando menos percebe, já se passou 1 semana e você ainda nem começou o que se prometeu que faria. Você até tem força de vontade, só não sabe o porque ela não dura o quanto gostaria. Mas depois desse vídeo - que será baseado nos conhecimentos do Dr Andrew Huberman - esse problema vai acabar.
A partir de agora, eu gostaria de te apresentar um protocolo para que você consiga estabelecer uma conexão mais produtiva com suas tarefas e com o seu sistema de dopamina. Com ele, você poderá literalmente sintonizar o seu sistema de dopamina para a disciplina, o esforço e a motivação. Veja, trabalhar duro é algo desafiador e, na maioria das vezes, as pessoas não gostam de fazer isso.
Claro, algumas pessoas até gostam, mas muitas delas empregam essa dedicação intensa na perspectiva de alcançar um objetivo final. E, sim, é ótimo ter um objetivo ou uma recompensa final, seja ela financeira, social ou qualquer outra coisa. No entanto, temos que levar em conta que, devido à maneira como a dopamina influencia a nossa percepção do tempo, a ideia de trabalhar duro por uma recompensa futura pode não só tornar esse processo muito mais desafiador como também nos desencorajar a persistir nessa linha de esforço no futuro.
Bom, deixa eu te dar agora alguns exemplos disso que estou falando com base em dados e experimentos. Há algum tempo, em Stanford, foi conduzido um experimento bem conhecido com crianças da pré-escola e do jardim de infância que adoravam desenhar. Naquela ocasião, a atividade de desenhar era espontânea, pois ninguém estava forçando as crianças a isso.
No entanto, em determinado momento, os pesquisadores começaram a oferecer recompensas a essas crianças, e essas recompensas incluíam estrelas douradas ou alguma outra coisa que qualquer criança daquela idade consideraria gratificante. Por conta disso, quando essas recompensas foram retiradas, eles perceberam que aquelas crianças que antes gostavam de desenhar sem que ninguém pedisse, passaram a ter uma tendência muito menor de desenhar por conta própria. E isso, está relacionado ao que é chamado de "reforço intrínseco ou extrínseco".
O que acontece é que, quando recebemos recompensas, seja dos outros ou de nós mesmos, tendemos a associar menos prazer à atividade que provocou a recompensa. Sim, isso pode parecer contraintuitivo, mas é assim que os circuitos dopaminérgicos funcionam, e considerando o que se sabe sobre os picos e as linhas de base da dopamina, isso até que faz sentido, pois quando há um pico de dopamina causado por uma recompensa, isso diminui a linha de base da mesma. E a leitura que o nosso cérebro faz disso é que a atividade não foi realizada pelo simples prazer de realizar a atividade, mas sim pela recompensa que ela trás no final.
Isso não significa que todas as recompensas sejam ruins, mas é crucial compreender que a dopamina basicamente controla a nossa percepção do tempo. Isso porque o momento e a intensidade da dopamina que experimentamos determinam como dividimos o que é chamado de "percepção temporal". Por exemplo, quando nos dedicamos a uma atividade, seja ela o estudo, o trabalho ou o exercício físico, pensando na recompensa que virá ao final - como o troféu, o sorvete, o jantar, ou o que for - estamos na verdade prolongando o intervalo de tempo no qual analisamos ou percebemos essa experiência.
E como a recompensa só vem no final, começamos a desconectar os circuitos neurais de dopamina e recompensa que normalmente estariam ativos durante a atividade. Isso, ao longo do tempo, leva a uma diminuição gradativa do prazer que sentimos naquela atividade específica enquanto a realizamos. O que vai totalmente contra ao que é conhecido como "mentalidade de crescimento", que é um conceito desenvolvido pela pesquisadora Carol Dweck, no qual foi profundamente explicado em seu livro chamado "Mindset".
De forma grosseira, o conceito de mentalidade de crescimento se resume a manter uma busca incessante pela melhoria, pelo aprendizado e pelo prazer no próprio esforço. Esse tipo de atitude mental, inevitavelmente leva a resultados incríveis, tanto que já foi observado em diversos campos que as pessoas que têm uma mentalidade de crescimento, sejam elas crianças ou adultos, acabam performando muito melhor do que aquelas que não têm, pois elas são focadas no próprio esforço da atividade. E o melhor é que todos nós podemos cultivar essa mentalidade.
O mecanismo neural que impulsiona essa mentalidade envolve aprender a valorizar as recompensas do esforço e da ação, o que é algo difícil, pois requer o engajamento do componente pré-frontal do circuito mesolímbico. Ou seja, você precisa se convencer de que o esforço que está fazendo é algo bom e prazeroso, mesmo que no fundo você esteja agonizando com a dor do exercício ou da atividade. O Dr Andrew Huberman diz que Isso o faz lembrar do esforço que tinha que fazer para estudar na época da faculdade, pois era uma tremenda luta entre o desejo de se levantar da cadeira e ir fazer qualquer outra coisa, e a necessidade de estudar o que precisava, o que exigia que ele se forçasse o tempo todo a estudar.
Mas ele diz que o interessante é que, com o tempo, você descobre que é possível associar esse comportamento desafiador a uma liberação de dopamina. No entanto, se você se concentrar apenas no objetivo final, vai acabar eliminando completamente a sua capacidade de formar esses circuitos e de aproveitar o processo recompensador do esforço. Isso acontece devido à forma como a dopamina determina a nossa percepção do tempo.
Então, se você resolver se empenhar intensamente em alguma coisa, mas ter como foco apenas o objetivo final que vem depois desse esforço, vai acabar não só tirando menos proveito do processo como um todo, como também tornando a atividade mais dolorosa. Além disso, você se tornará menos eficiente, pois, se conseguisse acionar a liberação de dopamina durante o esforço, você teria acesso a todas as incríveis propriedades advindas da conversão de dopamina para epinefrina, como a de aumentar a nossa energia e a de aumentar a nossa concentração. Mas talvez pior do que isso, o que também acontece é que você acaba diminuindo sua capacidade de se dedicar à essa mesma atividade da próxima vez.
Isso significa que da próxima vez você vai precisar de duas vezes mais café. . .
três vezes mais de música agitada. . .
e quatro vezes mais de bebida energética e interação social só para conseguir sair de casa e fazer as suas atividades. Portanto, o que realmente pode ser benéfico e agir como um enorme amplificador para todas as tarefas que você tiver que executar, principalmente as mais difíceis, é parar de adicionar outras fontes de dopamina - tanto para começar, quanto para continuar um comportamento - e começar a associar subjetivamente a sensação de atrito e esforço à um sistema interno de recompensa. Entenda que isso não se trata de algo abstrato, mas sim de um sistema real que não só existe na sua mente, como já existe nas mentes humanas há centenas de milhares de anos.
Esse é um sistema que não é configurado para sentir prazer somente em coisas que são intrinsecamente prazerosas, como comida, sexo e conforto, pois felizmente, esse caminho de recompensa mesolímbico inclui o córtex pré-frontal. Assim, você pode se convencer de que um determinado comportamento desagradável é na realidade bom pra você, mas para isso você precisa dizer: "Eu sei que esse comportamento é doloroso, sei que é desgastante, mas ele é bom pra mim, pois me trás benefícios". E de tanto repetir isso para si mesmo, você conseguirá acessar a recompensa - ou seja, a liberação de dopamina - dentro do próprio esforço que estiver fazendo.
E o mais interessante é que isso começa a se tornar algo reflexivo para todos os tipos de esforços. Por outro lado, quando focamos apenas no troféu, na nota alta ou na vitória como recompensa, nós prejudicamos todo esse processo. Mas então, como fazemos para implementar isso na prática?
Bem, você deve fazer isso nos momentos de maior dificuldade. Nesses momentos, você precisa se convencer se lembrando de que o que está fazendo é algo realmente difícil e, por ser difícil, isso não só vai aumentar sua dopamina mais tarde como também aumentará a linha de base da mesma. Mas, além disso, é preciso se lembrar de que você está fazendo isso por escolha e porque realmente gosta.
E sim, eu sei que parece que você está se enganando, e de certa forma realmente está, mas tudo isso está dentro de uma verdade maior, que é a sua vontade de que aquilo seja menos doloroso, ou de que seja até prazeroso algumas vezes. Isso, por sua vez, é muito diferente de pensar naquela recompensa que te espera no final, como um delicioso milkshake de chocolate depois de completar uma maratona, ou qualquer outra coisa que represente uma grande recompensa pra você. No fundo, nós admiramos as pessoas que conseguem colocar em prática o que foi falado aqui.
Uma dessas pessoas é o David goggins, que é um cara que provavelmente muitos de vocês já conheçam, mas para quem não conhece, ele é um Ex Navy SEAL que tem uma história de vida incrível e que hoje usa de toda sua bagagem para inspirar as pessoas a transformarem o esforço em recompensa. Mas é claro, ele é só um dos muitos exemplos que existem por ai. Com base em nossa história evolutiva, não há como negar que admiramos aqueles que tiveram a disposição de sair, caçar, coletar e assumir os riscos, mesmo sendo algo exaustivo e eles sentindo a vontade de simplesmente descansar próximo de um riacho fresco em vez de seguir em frente.
Essa capacidade de acessar o prazer proveniente do esforço em nosso circuito dopaminérgico, é, sem dúvida, o aspecto mais poderoso da dopamina em nossa biologia. E a beleza disso tudo é que está ao alcance de cada um de nós, desde que saibamos o que fazer. E para te ajudar nisso, aqui vão mais 3 sugestões para facilitar esse processo.
1ª - Evite se premiar durante ou logo depois do esforço. Em vez disso, deixe que a sensação de realização e recompensa brote naturalmente de dentro de você enquanto se dedica ao esforço contínuo. 2ª - Crie rituais ou hábitos que reforcem a mentalidade de que "o esforço é a recompensa".
Por exemplo, ao concluir uma tarefa desafiadora, faça uma pausa para refletir sobre o esforço que você colocou nela e se sinta orgulhoso do trabalho que fez independentemente do resultado final, pois seu foco deve estar em celebrar o processo. e 3ª - lembre-se que transformar a sua relação com o esforço e o sistema de dopamina é um processo que leva tempo e prática. Portanto, não espere resultados imediatos.
Seja gentil consigo mesmo ao longo desse processo e esteja sempre pronto para ajustar e adaptar sua abordagem conforme for necessário.