Daniel Munduruku - Culturas indígenas (2018)

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Itaú Cultural
Escritor, professor e diretor-presidente do instituto UKA – a Casa dos Saberes Ancestrais, Daniel Mu...
Video Transcript:
[Música] eu sou daniel munduruku super decente é o povo munduruku do estado do pará onde tiver toda a minha infância e parte da minha adolescência e atualmente mora no estado de são paulo já há alguns anos mas é precisamente na cidade de lorena quer no interior no vale do paraíba que de são paulo tendo nascido e vivido dentro de uma comunidade indígena na minha infância principalmente é pude experimentar uma modelo de vida um jeito de viver que em muito diferem claro da do jeito da cidade né agentina numa aldeia sempre tem uma liberdade muito grande
porque o território que meu povo vive um território é relativamente grande ea gente sempre tinha a oportunidade de ficar muito à vontade nele nem correr subir na árvore nadar no rio nem brincar de caçar pequenos animais e tudo mas tudo uma uma uma vida digamos muito muito simples e muito livre né ao mesmo tempo liberdade é a possibilidade de eu ser o mesmo né de de poder é de poder expressar o que eu sou a através do meu corpo principalmente mas também através da minha vida das minhas crenças das minhas atitudes das das coisas que
o que eu que eu aprendo é disso tudo me me torna uma uma pessoa livre é claro que a liberdade não tem nada a ver com o espaço tem tudo a ver apenas com o espaço físico é tem a ver também com uma compreensão de liberdade interna de modo que alguém e vivendo num pequeno num pequeno espaço também pode ser livre é uma é uma atitude interior ué eu sempre foi um um jovem uma criança eo jovem muito curioso né e tinha uma vontade muito grande de aprender mais e conhecer mais é claro que quando
me tornei um adulto me no meu povo a gente se torna adulto por volta dos 15 anos é eu tinha a possibilidade de ficar lá permanecer lá em casa' fazer uma família e tive a oportunidade de tê-lo de quanto dar continuidade à minha formação é é uma formação escolar e foi isso que eu decidi fazer né na verdade continuar meus estudos isso é meu obrigou a deixar a minha região a minha aldeia ir para um centro maior pra freqüenta a escola e posteriormente com um centro ainda maior até que eu cheguei em são paulo é
pra concluir a minha faculdade e enfim e começar uma vida profissional né eu nunca fui um leitor muito muito ferroso na minha eu nascido dentro de uma comunidade em que nós não tínhamos acesso a livros e literatura claro que eu me acostumei a viver muito muito fantasiosamente não é criando as minhas histórias né na minha cabeça procurando encontrar espaço na minha cabeça pra produzir essas histórias quando eu tive acesso aos livros quando fui para a escola portanto é eu também não gostava de ler porque a leitura da escola é uma leitura muito chato muito enfadonha
muito obrigatória isso acaba gerando um dia conforto no leitor né então eu era um grande leitor nunca fui e talvez nem seja até hoje o grande eleitor que o que eu gostaria de ser né mas é por força da minha formação eu tive que ter esse contato com com a literatura é por força da minha escolha profissional de ser um professor eu tive que entrar em contato com as crianças e jovens por conta disso eu me vi obrigado a a ale mais né a estudar mais e posteriormente a descobrir que além de usar os livros
pra educar o dia também conta histórias para as pessoas então eu comecei a acontecer um contador de histórias eu quis levá um pouco do conhecimento do meu povo através da contação de história e posteriormente ao descobrir que essa história podiam ser escritas então aí nasceu basicamente o escritor é basicamente a pessoa que o que eu sou hoje assim na produção literária eu sempre leio para me tornar uma pessoa melhor eu busco as minhas leituras o meu critério de escolher as leituras que eu faço é um pouco esse de algum nó que aquele livro aquele objeto
ele e ele vai me ajudar a me tornar um ser humano melhor é portanto são quase sempre são leituras que tem a ver com com formação intelectual tem a ver com formação sentimental é do espírito da gente e quando eu escrevo eu busco a mesma coisa as pessoas né eu gosto e quero procurar cantos de na cabeça das pessoas no coração das pessoas para que a mensagem que eu transmito ali de paz de encontro de compartilhamento de pertencimento que isso possa caber no do coração e na mente das pessoas e elas criam uma consciência melhor
de de de pertencimento esse planeta o planeta que a gente vive nossa casa comum a nossa canoa sei lá como quiserem chamar mas o fato é que a gente está nele nesse lugar nós não estamos em outro e é nesse lugar que a gente tem que procurar ser feliz eu sou um dos primeiros escritores indígenas que têm no brasil é que escreveu para além do seu povo né é alguém escreveu pra pra cidade com as crianças urbanas assim é portanto quando a gente é pioneiro a gente às vezes se sente sozinho né obviamente que eu
não sou o primeiro escritor indígena mas é os que escreveram antes de mim eles tinham muito uma uma produção voltada pra dentro da comunidade internamente eram textos bonitos e tudo bem muito bem feito mas tinham muito uma pegada pra dentro interna eu como como educador é criado dentro da da urbanidade da cidade é eu pensei fazer algo para as crianças da cidade por isso eu fiz esse caminho nesse sentido é mais do que pertenceu a uma geração eu fui criador de geração é de uma geração de de jovens escritores indígenas que hoje nós somos mais
de 30 autores e muitos deles nasceram a partir dessa desse trabalho de informação mesmo porque a escrita para nós é muito nova se pensar que nós temos escolas indígenas só 30 anos efetivamente né e de 30 anos pra cá que começaram a surgir os 20 anos para começar a surgir escritores é pensando na sociedade brasileira como um todo então eu claro podendo uma geração porque eu sou de 1964 na geração do golpe militar foi educado dentro dessa dessa realidade não é muito pouco no nome tornei mais um nessa vida de gado né é que eu
consegui da dar um salto diz graças claro aos meus avós meus pais mas também graças ao movimento indígena graças à atuação da igreja católica graças a muitas outras instituições que foram influenciados foram criando uma uma consciência crítica dentro dentro de mim e dentro de uma geração eu costumo dizer que eu nasci índio por uma uma por uma bênção do universo né mas quando eu eu quis atuar na sociedade escolher professor néné e por entender que o professor é aquele que professa uma crença no ser humano e eu na minha atuação humana me a atuação profissional
eu tenho é procurado alertar as pessoas para isso né que eu acredito eu acredito na possibilidade de a gente ser humano de fato de verdade não apenas no discurso mas na na atitude é isso que eu busco amém
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