Melancolia na desigualdade urbana | Ermínia Maricato

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Café Filosófico CPFL
A vida urbana, principalmente nas grandes metrópoles, tem revelado um alto grau de desencanto e soli...
Video Transcript:
[Música] C [Música] [Risadas] [Música] melancolia é uma forma de Sofrimento conhecida desde a antiguidade pela teoria dos humores como doença da biles [Música] negra é um estado físico e psíquico que torna na pessoa Abatida apática sem vontade de nada mergulhada numa grande tristeza um desequilíbrio mais preocupante ainda quando extrapola os limites do individual e se torna coletivo ampliar o olhar sobre a melancolia e refletir sobre como ela vem ocorrendo em grande medida também na infância nas grandes cidades e na nossa relação com o poder é a proposta desta série do Café Filosófico que teve a
curadoria da analista Maria Rita as cidades deveriam ser espaços de convivência e socialização lugar de encontros e trocas mas ao contrário a vida urbana tem revelado um alto grau de desencanto e solidão as más condições de moradia a dificuldade de mobilidade e a ausência de espaços de lazer parecem estar levando seus cidadãos a um estado de melancolia o filósofo que eu sempre Li e utilizei para poder pensar um pouco sobre a melancolia é o Walter Benjamin Walter Benjamim um filósofo do século XX da chamada escola de Frankfurt um alemão H tem um detalhe que ele
era considerado um grande melancólico quem vê a biografia dele pensa que ele se suicidou porque ele era um melancólico ele não se suicida porque ele era um depressivo ele suicida porque ele era um judeu alemão refugiado em Paris durante o nazismo então ele sabia que dis destino dele era ser capturado mas só para usar duas pequenas passagens de Walter Benjamim em que ele fala sobre a melancolia uma das pass as duas passagens são bastante políticas uma das passagens é quando ele diz que eh o melancólico seria aquele que eh traiu a sua perspectiva de lutas
ele vai seguir o cortejo Triunfal dos vencedores quer dizer ele pertenceria a uma classe derrotada ou a um grupo derrotado mas ele prefere em vez de retomar a luta para tentar de novo ser uma espécie de eh de súdito ou de apreciador ao aquele que segue o cortejo dos vencedores talvez nas cidades a gente possa eh encontrar esse tipo de disposição melancólica né Então queria passar para Hermínia que vai falar sobre a melancolia no espaço urbano que você chamou de melancolia e desigualdade é isso desigualdade Urbana desigualdade Urbana Pois é eh eu queria dizer que
foi um grande desafio a hora que a Maria Rita me convidou porque eu falei olha o meu objeto é muito concreto é o é o ambiente construído é cidade mas a melancolia também é social né Elin é o que acontece com enormes grupos sociais que vão perdendo seu espaço né existe um esforço muito grande que a nossa sociedade faz para esconder a dimensão da desigualdade Urbana eh eu queria trazer aqui alguns dados sobre o impacto dessa desigualdade na saúde eh de um modo geral que atinge a todos a poluição do ar por exemplo é democrática
não é eh e também no meio ambiente e por final e finalmente eu queria eh conversar um pouco sobre o papel da lei o papel extremamente contraditório da Lei eh nessa diante dessa realidade tão desigual por quê Porque eu vou falar de uma parte da cidade que é ilegal e é ilegal compulsoriamente ilegal é uma parte da cidade pobre que não consegue entrar na legalidade por quê Porque ela não faz parte do mercado essa esses essa parte da cidade esses trabalhadores a maior parte deles informais não tem condições de comprar uma uma moradia no mercado
formal e também não tem eh acesso à política pública eh de habitação até porque essa parte da cidade chega a ser a maior parte em determinados municípios do Brasil especialmente nas franjas metropolitanas Então nós não estamos falando de exceção nós estamos falando de regra isso é que eu considero mais eh difícil de assimilar como é escandaloso escandaloso como é que uma sociedade consegue conviver Como é que os operadores do direito para não dizer urbanistas que é a minha profissão né conseguem conviver com uma realidade que tá fora da nós temos uma máquina de produzir alienação
porque gente se é tão se é concreta essa desigualdade se ela tá no espaço se ela tá nos mapas Por que que ela é ignorada e ela não é ignorada apenas pela população de baixa escolaridade não ela é ignorada dentro da própria universidade Isso aqui é uma constatação triste né de uma situação de distanciamento em relação ao que é a realidade e o que é também a representação científica a gente vive uma representação ideológica a gente vive uma [Música] ficção para o geógrafo da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que
o separa e não o que os une as cidades brasileiras elas estão entre as mais desiguais não do mundo da América Latina que já está numa parte deprimida socialmente do mundo não é eh isso não quer dizer que as nossas cidades sejam pobres ou que o que o Brasil seja pobre isso quer dizer que s sociedades como a Argentina a chilena a própria Bolívia são menos desiguais a Bolívia pode ser mais pobre mas é menos desigual isso quer dizer que o Brasil é profundamente desigual mas eh outra eh declaração importante que eu queria fazer é
que a igualdade Urbana ela não depende apenas a distribuição de renda distribuição de renda não basta para gente ter cidades mais igualitárias e talvez a gente pudesse eh dizer que seria fundamental distribuição de cidade as nossas metrópoles elas são vistas como estressantes violentas desagradáveis mas essas condições são muito muito desiguais elas são essas condições são vividas de forma muito desigual em algumas municípios da Periferia Metropolitana nós podemos ter 80% das da Metrópole das das dos domicílios Ilegais não é vocês estão vendo ali no centro do Município de São Paulo o que tá em roxo a
concentração de empregos 70% do emprego da região metropolitana de São Paulo fica praticamente no centro do Município de São Paulo agora or populações vulneráveis Olhem a coroa envolvendo o município de São Paulo mais de 30% das famílias da região metropolitana de São Paulo São chefiadas por mulheres grande parte dessas mulheres são empregadas domésticas que deixam seus filhos nesses bairros que não tem nada são bairros mas que não é que não tem infraestrutura nem serviços nem equipamento não tem especialmente mobilidade não tem transporte nós estamos aqui eh tratando de uma Metrópole não é e e nós
estamos vendo que não basta resolver os problemas dentro de um município então o prefeito de São Paulo é muito cobrado pela mobilidade de gente que vem de fora do município Porque as pessoas não percebem que a questão não é municipal São 39 municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo hoje nós temos essa expansão pra macrometrópole se eu considerar que Campinas e e a baixada santista e a região metropolitana de São Paulo você já tem fluxos de gente exatamente que trabalha e você tem uma ocupação que já tá conformando uma macr Metrópole é absolutamente
racional não considerar esses espaços como uma unidade administrativa é absolutamente arcaico atribuir ao município a a solução de problemas que são regionais metropolitanos então vocês estão vendo que a questão da mobilidade não pode ser resolvida no interior de um único município no caso de metrópoles aglomerados urbanos nem enchente porque a água ela ela desconhece viu ela ela obedece a uma lei que é a da gravidade ela não sabe quando ela tá passando de um município pro outro e muita enchente é gerada no município e e as consequências se dão em outro não é eh a
questão da água do esgoto a questão da da da destino final do lixo tudo isso não é questão mais [Música] as nossas cidades formadas por pessoas e suas atividades foram sendo transformadas pela vida Econômica o espaço urbano passou a ser visto como algo a ser dividido repartido e vendido pelo valor mais alto com isso parte da sociedade é excluída marginalizada e assim seguimos construindo nossas cidades e a forma de habitá-los temos consciência de onde esse caminho vai nos levar eu faço um um exercício que é bem interessante isso aqui é uma casinha ou melhor uma
casa uma casa de classe média com dois banheiros três quartos sala cozinha ela tá localizada ali no meio da Mancha púrpura quanto ela custa menos de 1 Milhão com certeza não ela tá localizada ali no extremo e da da zona leste ou ela tá localizada aqui na zona norte periferia de Franco da Rocha quanto ela custa 100.000 10 vezes menos a mesma casa a mesma Este é o negócio da cidade gente é o preço de localização é a renda Imobiliária tá vendo aquele Edifício moço ajudei a levantar foi um tempo de aflição Eram quatro condução
duas para ir duas para voltar hoje depois dele pronto olho para cima e fico tonto mas me vem um cidadão e me diz desconfiado Tu tá aí admirado ou tá querendo roubar Meu domingo tá perdido vou PR casa entristecido dá vontade de beber e para aumentar o meu tédio eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer e esse preço muda conforme se faz investimento público e privado é uma guerra a apropriação da renda e das localizações na cidade envolve uma guerra surda para alguns a cidade é um meio de vida é um
local de Sobrevivência para outros ela é o grande negócio isso explica todo o processo de expulsão da população pobre paraas periferias o sacrifício das pessoas para se locomover todos os dias e chegar aos trabalhos ao trabalho parece que não sensibiliza o povo não evapora depois da jornada de trabalho emem algum lugar tem que morar e infelizmente vai para cima das áreas de Proteção Ambiental Eu costumo muito Lembrar que no sul da Metrópole Paulistana nós temos no entre aquelas represas Guarapiranga e Billings já é Mata Atlântica ali já é Mata Atlântica não é é uma área
que tá sendo ocupada pela população pobre com loteamentos Ilegais é um sofrimento você acompanhar isso é uma área produtora de água então é fundamental que ela esteja protegida mas a população Pobre não tem onde morar e ela avança sobre essas áreas Por que que ela avança sobre as áreas de Proteção Ambiental porque essas áreas não interessa pro mercado imobiliário e são as áreas que sobram pra população pobre se instalar então há um um mercado efervescente de loteamentos eleg Ilegais na área essas áreas eu eu eu eu chego à conclusão que a a ocupação ilegal do
solo ela é permitida ela não é permitida onde a área é valorizada aí é aí é diferente a mobilidade ela é talvez o nosso maior problema urbanístico hoje no Brasil eh a a ntp Associação Nacional de transporte público a acessível pela internet com muitos dados mostra nas várias eh metrópoles e capitais brasileiras o tempo médio de viagem essas características da mobilidade que tem o automóvel como Matriz do sistema O que é uma tragédia porque você imaginar uma das maiores cidades do mundo admitir que o automóvel é a matriz central por que eu tô dizendo isso
exatamente inclusive não é apenas eh o incentivo ao automóvel mas as obras rodoviárias esse incentivo ao rodoviarismo não é eh que vai nos levar a lado nenhum do ponto de vista não só porque por causa desses congestionamentos monstro monstro né mas por causa da poluição do ar tudo que eu tô falando se aplica atualmente até as cidades de porte médio que estão crescendo mais do que as metrópoles há 20 anos no Brasil mas é a poluição do ar na cidade de São Paulo já diminuiu a expectativa de vida masculina para você ter uma ideia nos
dias de mais poluição eh nós temos mais incidência de ataques do coração eh descul dar essas notícias todas mas nós estamos falando de melancolia melancolia e melancolia nesse sentido de que cada cidadão pensa que não não pode mexer nisso né melancolia no sentido da impotência da pessoa eu acho que a melancolia principal é essa o o o o veículo particular é um dos maiores eh impactantes do aquecimento global por causa do petróleo então não a gente se pergunta bom mas por que mesmo que o carro é prioridade Por que que as obras viadutos pontes túneis
não é que todo mundo gosta tanto de fazer porque afinal que que isso é prioridade porque é prioridade pra indústria ela tem que vender essa condição da da vida periférica que torna o transporte uma maldição não é que eu eu tenho eu para trabalhar para ir no hospital para ir numa numa escola eh de nível médio eu preciso passar por isso né Eu Uma vez dei um curso para jovens da Periferia do Rio de Janeiro e finalmente eu entendi por que que os jovens tavam lutando tanto por melhores Transportes e principalmente pela tarifa zero né
pelo Passe Livre né eles dizem o seguinte olha no centro do Rio existe muito show espetáculos cinema gratuito mas o ônibus para além de ser caro ele para meite Então nós não conseguimos voltar PR nossos bairros E aí eu entendi também a frase do Milton Santos que eu li uma vez que era o exílio na periferia eu entendi os jovens e as mulheres muitas vezes exilados na periferia saem para trabalhar porque são obrigados a saírem mas tem que voltar dentro do horário comercial e ficar lá não é em numa localização que você sabe quais são
as deficiências por exemplo de de de de centros biblioteca centros esportivo boas eh bons centros culturais etc né Tem uma pesquisa do Instituto de epidemiologia e transtorno mental eu me desculpem hein do Hospital das Clínicas acho que eu não tô citando exatamente o o o nome do do Instituto corretamente estão percebendo a relação entre condição Urbana e urbanística de vida e e saúde saúde e esse Instituto fez particularmente sobre saúde mental então depressão ansiedade mórbida e comportamento impulsivo que esse Instituto liga com a condição de vida e e e com o principalmente com a mobilidade
as condições de mobilidade na cidade localização na cidade tem preço mora bem quem pode pagar eu não estou me referindo à unidade familiar eu estou me referindo ao local na cidade a Rocinha é visível todo mundo vê a Rocinha Porque ela fica ela ela nasceu atrás do Morro meio invisível Mas ela cresceu tanto que ela ficou visível e tem uma vista muito bonita do mar tal né ela tá numa num local onde o o preço do metro quadrado é bastante alto por isso que ela é visível muita gente acha que o Rio de Janeiro é
muito permeado muito mix de favela porque não sabe qual é o número de favelas no Rio de Janeiro e onde é que elas estão localizadas né Mas é por isso que eu digo que eles são segregados Ilegais e invisíveis os números de das favelas dos loteamentos até pouco tempo eram desconhecidos porque não interessa conhecer porque é difícil conhecer também não é eh o IBGE ele ele é um instituto muito confiável e muito rigoroso naquilo que ele levanta nós podemos é uma é um dos melhores levantamentos do mundo mas quando se trata disso aí que vocês
estão vendo é muito difícil fazer o levanto rigoroso porque o pesquisador chega em qualquer dessas casas fala a sua casa é própria a pessoa fala é eu comprei mas ela não tem escritura não é e no Brasil quem não tem escritura não tem propriedade da casa formalmente não tem então isso dá uma deformação nos levantamentos nas nossas periferias ou em favelas extremamente nós temos problemas muito graves de doença respiratória Nós temos muitos cômodos que não t ventilação nem insolação são insalubres e pras crianças e idosos é Fatal uma outra coisa que eu queria chamar atenção
é a dificuldade de você combater a proliferação de mosquitos não é nós tivemos uma ação dos nossos governos nos três níveis que foi forte e importante para acabar com focos de proliferação de mosquitos mas e essa ação foi feita no interior das casas e nós vamos ver que que nem sempre é possível você controlar todas as laes de todas as casas E também o exterior das casas o setor de saúde tá começando chegar à conclusão não só eh em relação à saúde mental mas às epidemias eh que a a esse processo de urbanização tem sido
muito tem impactado muito as condições de saúde São casas autoc construídas os eles constróem nos fins de semana sem lei não tem lei nem paraa ocupação do solo e nem paraa construção da casa nós temos eh esse essa esses bairros sendo construídos ao longo de muitos anos e e numa relação clientelista com os poderes públicos as câmaras municipais os bairros vão recebendo antes de mais nada asfalto não é eh e e outros benefícios não é água iluminação pública não é eh escola Sem dúvida nenhuma é um equipamento que chega eh bastante rapidamente né Mas o
problema de drenagem de lixo eh é é alguma coisa que demora muito mais para [Música] chegar ao murar a cidade isol e segregamos diminuindo as possibilidades de interação e convivência somado a todas as dificuldades de se viver nos grandes centros urbanos O resultado é o surgimento de uma melancolia coletiva Além disso más condições de moradia e do meio ambiente também deixam marcas em nossos corpos e mentes H leis que garantem o nosso direito à condições dignas conhecemos e lutamos por elas qu pensar na coisa da melancolia o que que é viver nesses lugares porque é
claro que você tá como arquiteto urbanista tá pensando em termos da ocupação do solo etc mas que que é a experiência da vida aí se você tem alguma coisa para nos dizer né você falou da coisa dos jovens que queriam ir pro centro para ter uma vida para ter lazer etc mas não tem como voltar etc que mais que você poderia nos dizer da é do como é que se sentem as pessoas né eu militei muito nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica na década de ser em muitos desses bairros nãoé e e eu
e era uma coisa que que eu espantava porque na universidade esses bairros principalmente em área de proteção dos Mananciais eles eram verdes o mapa Era assim uma mata por quê Porque a Lei dizia que não podia ocupar então no mapa o bairro tava desocupado e na realidade a gente via aquilo ser ocupado e era angustiante porque a população que tá ocupando ela é vítima Mas ela é ao mesmo tempo culpada agressora não é agressora não é e quando você discute isso com a população é uma coisa tão constrangedora tão difícil a pessoa já tá vivendo
de uma forma precária e ela saber que ela tá violando a lei é é é é um é uma situação extremamente eh constrangedora nessa época eu vi essa população Alegre as crianças nas ruas tinha esse esse lado você fala de onde eles estão tirando essa essa Esperança numa vida melhor essa alegria essa criançada jogando bola de good na rua de terra muito mais livre talvez do que muita criança em condomínio [Música] né é importante dizer o seguinte gente quando um vizinho agride o seu filho num lugar desse não tem lei não tem corte não tem
tribunal e frequentemente não tem polícia para resolver a gente se queixa da violência mas é um lugar onde não tem lei para nada e as pessoas não estão aí porque querem eu não entendo como é que a elite brasileira é tão insensível a classe média brasileira com essa questão as pessoas elas não ocupam Terra porque elas querem confrontar lei elas não TM onde morar e eu fico perplexa de ver despejos violentos porque a nossa legislação protege muito mais o ocupante do que o proprietário a legislação é não sab eu vou falar Apesar dessa realidade nós
temos legislação muito detalhada para uso e ocupação do solo mas não é cumprida né planos diretores lei de zoneamento lei de parcelamento do solo código de obras lei de proteção à paisagem por exemplo mang tem lei federal em geral estadual e municipal protegendo mang é incubador da vida marinha é uma área fundamental vamos falar então do nosso arcabo legal eu sempre falo que o o judiciário brasileiro desconhece a legislação urbanística na luta contra a ditadura nós nós retomamos a proposta de reforma Urbana no Brasil a gente pensou que a gente precisava de Nova um novo
arcabouço legal que o nosso o nosso problema nós tínhamos essa essa desorganização no uso na ocupação do solo no Brasil porque faltava uma legislação que todo mundo reconheçe uma Legislação Federal então nós lutamos muito durante muitos anos e eh conquistamos a Constituição de 88 que hoje estão dizendo que não cabe no orçamento Federal Não é conquistamos o estatuto da cidade Famoso No Mundo Inteiro eu fui da Consultoria até na Índia e na África do Sul sobre o estatuto da cidade todo mundo admira Mas eu sou muito honesta eu sempre falo no meu país não se
aplica o estatuto da cidade é de 2001 e a constituição é de 88 não é o estatuto da cidade ele regulamenta do dois artigos da constituição que diz respeito à política urbana o 180 22 183 a lei 10.257 de 2001 denominada estatuto da cidade estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo da segurança e do bem-estar dos cidadãos bem como do equilíbrio ambiental em seu artigo sego diz que a política Urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
da propriedade urbana a Constituição Brasileira até por uma Emenda que é a mesma que institui o SUS ela reconhece o direito à moradia é um direito absoluto o direito à propriedade na Constituição Brasileira ele tá ele tá subordinado à função social da propriedade ele não é absoluto esses artigos eles falam direito o o o a função social da propriedade e a função social da cidade então não é o direito de um que pode atravancar como acontece muito no Brasil o correto desenvolvimento urbano ou jogar paraas periferias grande parte da população que não consegue comprar terra
urbana ou imóvel na cidade no nosso país a aplicação da Lei se aplica como se o direito de propriedade fosse absoluto não interessa se você não tem onde morar agora não é a única lei avançada que nós temos o estatuto da cidade que regulamenta a função social da propr verdade nós temos uma lei de mobilidade urbana lei federal que é de acho que de 2011 ou 12 que é também avançadíssima é é muito interessante porque ela coloca o pedestre e o ciclista como prioridade depois vem o transporte coletivo depois vem o transporte de carga vem
o automóvel e o que essa lei ela é aplicada de ponta cabeça não é lei de resíduos sólidos nós temos uma lei federal vocês quando saem da cidade vocês perceberam o que tem de lixo nos arredores né das cidades é um problema que está absolutamente relacionado com a ocupação das per ilegis e com a falta de acesso da coleta de Lio nessas áreas a lei de saneamento a lei de consórcios públicos quer dizer não é por falta de lei que nós temos essa situação não é por falta de planos e não é por falta de
conhecimento técnico tudo isso que vocês viram é possível transformar em bairro saudável a cidade ela ela precisa ser tomada na sua concretude na sua realidade na sua cientificidade na representação ela é desigual a questão da terra não é o a questão do desconhecimento do Judiciário e do Ministério Público em relação à legislação que é tão avançada essa contradição entre planos avançados leis avançadas e uma realidade arcaica a arcaica eh chegou uma pergunta pedindo para que a senhora falasse um pouco sobre a arquitetura da desigualdade que planeja condomínios espaços e residências com entradas exclusivas áreas vips
Quarto de Empregada elevador de serviço elevador social que foi uma tendência eu queria saber se a senhora como arquiteta vê que essa tendência ainda continua se isso já tem mudado olha a a regulamentação da do emprego doméstico foi feita no ano passado não foi ISS pouquíssimo tempo não foi feita do anos atrás 2010 porque eu lembro que eu tava escrevendo no Estadão e foi um dos artigos que me dir Estadão foi ISO meso foi um dos mas foi 2010 então é é o resquício da escravidão tudo isso que nós estamos falando aqui a gente vai
procurar a raiz Leiam lá Gilberto Freire sobrados e mucambos os escravos foram libertados apertados entre aspas não foram não é porque é É isso aí a arquitetura ela mostra isso no armário de Empregada né que não não pode chamar de quarto Ah isso a lei pro não pode chamar de quarto um armário então chama de armário mas é o quarto da empregada não ó já deu ó Foi Pronto agora é só forrar agora isso aqui ó é espremedor de laranja é é ventilador mas um bom que presta nessa miséria que não isso aí tudo eu
comprei para montar uma casinha eu marou onde é que eu vou estudar aqui e chega Chegaram Chegaram bom mas vamos falar um pouco da arquitetura da desigualdade ela ela não tá não se infelizmente diminuindo ó contrário e mais do que houve um ciclo que discutiu condomínios aqui né no no Café Filosófico mais do que os condomínios eh de edifícios são os loteamentos fechados que eu considero uma excrescência primeiro lugar loteamento fechado é ilegal eu desafio qualquer juiz qualquer autoridade a me mostrar que loteamento fechado é legal o loteamento é regido pela lei 6766 de 1979
e o parcelamento do solo não admite muros é uma sociedade onde a desigualdade a aversão aos trabalhadores é tão grande que ela precisa se murar só que ela precisa que o trabalhador entre lá dentro Eu lamento dizer que a arquitetura da desigualdade ela está se aprofundando e Hermínia tem uma ineficiência aí porque eu também eu não sou pesquisadora como você mas eu já vi até notícias de jornal pesquisas da Polícia Militar de São Paulo de que a eh residências protegidas por muro Alto São acontece os piores crimes porque lá na hora que o bandido consegue
entrar caso entre não quer dizer que todo mundo vai ser sediado por bandido nem tem tanto bandido quanto a gente tem medo a classe média tem medo mas quando entra aí ninguém sabe o que tá acontecendo lá dentro é o que ele vai fazer com aquela família quer dizer quanto mais arejado Quanto mais a sua casa respira com a rua mais protegido você tá e quanto mais tem gente andando na rua Quanto mais a rua é pública em vez de não deixa ninguém passar não sei o quê mais seguro você tá mas psicologicamente você se
se cerca de muros né É a tese da da J Jacobs né Ah o que faz a segurança é o mix de uso e é a é é o mix de uso que faz com que a rua seja segura e viva não são os muros é ao contrário é se voltar paraa Rua e ela fala nos olhos da rua agora vamos falar de uma coisa que não é melancólica e que tá na contramão disso que é a ocupação da rua que os jovens estão fazendo estão fazendo isso é muito interessante eu sou eu sou fã
da geração dos jovens Atuais Eu acho que músicos de rua né É tá tá tá n nasceu com algum vírus diferente alguma coisa nova os jovens estão eh criando inovando e eles estão ocupando praças estão ocupando ruas a gente vê lugares como a praça rosvel em São Paulo que era aquela coisa cinzenta feia não é tá cheio de pras tem um grupo não sei se vocês sabem não sei se você tem aqui em Campinas tem grupos que fazem arquitetura orgânica em praças Escolhe um terreno e como eles não é deles não é privado porque a
praça é pública então eles plantam vai lá planta umas alfacinhas planta umas sementinhas e depois o que nascer não é de quem plantou quem mora perto da praça quiser colher uma couve colheu uma não sei se dura muito eu não sei como é que é cuidar disso se o mesmo grupo que mas aí são já que a gente tá falando de de melancolia eu acho que são dispositivos antidepressivos isso a boa ocupação das ruas é um dispositivo antidepressivo não só para quem faz mas para o entorno né lutar pelo colito é sempre antidepressivo aham é
no poder local que nós podemos fazer democracia direta é no poder local que nós podemos fazer a defesa daquilo que tá no nosso entorno que nós podemos fazer a defesa de certos valores éticos é no poder local que nós podemos controlar a câmara de vereadores o Executivo isso tudo se faz no poder local gente então Eh sabe eu eu acho que a mídia no Brasil ela tem uma ela tem um papel tão pernicioso Primeiro ela nos convenceu que nós somos uma droga que só tem corrupto nesse país e ela nos convenceu que que nós não
conseguimos fazer nada eh nos convenceu que nós tem temos que deixar tudo nas mãos de alguns não é e e e não não se discute a questão urbana A questão local a questão da participação direta que nós podemos fazer agora dos conselhos que são todos institucionais conselho da Criança e do Adolescente conselho da da moradia esses conselhos todos relacionados a áreas de Proteção Ambiental nós temos que recuperar esse espaço de cidadania e a forma mais fácil de recuperar é perto de casa eu eu eu acho que o que tá na nossa mão agora fazer é
mudar o destino do nosso município e a partir daí Eh aí sim nós vamos discutir um projeto pro Brasil eu sou das pessoas que acha que nós temos que discutir alguma coisa de médio e longo prazo pro Brasil e que não passa só por eleições tem que ser alguma coisa com raiz na sociedade civil não é que a gente defenda uma proposta isso não é pouco não isso é muita coisa sair da melancolia né gente saí do fatalismo Saí fatalismo que é sensação não não adianta nada olha só nada muda melancolia e fatalismo tá ali
né acho que nós estamos num momento onde a nossa maior dificuldade é a falta de unidade e de sentido um rumo para pra gente lutar por uma Para retomar a esperança de um Brasil que vai se modernizar com inclusão né eu tenho certeza que ao prazo nós vamos dar um salto modernizador includente a minha incerteza é o curto prazo agora o que se mostra a curto prazo para nós é a luta pela cidade democrática e includente tem essas iniciativas locais não vão resolver o problema da inclusão da exclusão mas na medida em que vão criando
um precedente que você pode interferir na cidade no seu bairro precedente pode ir paraa Periferia né esses lugares esses descampados sem lazer nem nada podem ser reocupar Acho que além do poder público que vai ser o tempo todo assediado pelo grande capital os moradores eh podem criar núcleos nichos de experiência Urbana eh coletiva coletivizado antim melancolia não é E aí eles próprios têm que se encarregar de blindar aquilo contra a especulação eu eu quero dizer isso só pra gente não o tema é a melancolia mas a gente tem que pensar isso eu acho que é
um dispositivo antim melancolia isso que algumas alguns grupos jovens têm feito em São Paulo é pequeno mas como eu ando muito a pé Você vê acontecer e onde você vê juro parece meio piegas mas é tem ali um um ponto de alegria na cidade Acesse as palestras do site do Instituto CPFL inscreva-se no canal do Café Filosófico CPFL no [Música] YouTube não é verdade que quando você ocupa um cargo você a sua vontade é determinante não é verdade é a correlação de forças você tem poderes na sociedade a mídia por exemplo tem muito poder os
donos de jornais eles defendem determinada postura E aí é muito difícil você informar a população por [Música] exemplo m
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