[Música] Esse foi o primeiro projeto que eu tive como Fotógrafo profissional o projeto que foi uma relevância pessoal mas que também transformou a minha vida como fotógrafo e eu acho que não podia ser em outro lugar eu acho que a minha ligação histórica com continente Africano quase que me obrigava a fazer isso lá eu já desenvolvi a pesquisas voltado voltadas para esse universo da cultura afro-brasileira da diáspora Africana e por conta disso eu fui convidado para aderir o projeto isso para mim foi uma Coisa inacreditável porque eu já tava com essa pesquisa em desenvolvimento mas
eu não imaginava que eu poderia ter oportunidade de visitar tantos países africanos uma viagem transformadora sobretudo para mim a minha mãe é neta de uma negra que não foi escrava porque já tinha nascido pós-lei do ventre livre e ela foi criada com essa avó então as histórias os detalhes desse universo desse período escravo do Brasil a minha mãe tinha da fonte né ela ela ouvia essas histórias quase que como histórias antes de dormir enfim e minha mãe passou isso para Gente o que mais me incomodava essa ausência de informação da África períodos cravocrata no Brasil
eu ficava me perguntando e antes do Navio Negreiro o que que acontecia lá né que isso na época os livros de história não contavam [Música] [Música] [Música] transformei a minha empresa uma produtora de conteúdo Desenhei um projeto uma expedição Onde eu percorreria os países africanos que estariam exatamente em frente ao Brasil tracei aqui um paralelo outro paralelo essa ideia fui visitar o Eloy Ferreira que era presidente da fundação Palmares na época e ele falou Ceasa é muito legal do projeto Mas eu sinto falta de uma ligação maior com as origens do povo brasileiro então tem
muita gratidão a ele por ter contribuído dessa forma que mudou o mundo do projeto a gente começou a transformou um recorte geográfico no recorte histórico a gente passou nesses países aqui da Costa a fazer os países de onde vieram os escravizados para o Brasil nesse trágico Capítulo da história da humanidade [Música] um dia Deus mandou que todos os animais se preparassem para um grande encontro estabeleceu hora e lugar onde eles deveriam se reunir Dentro de 15 dias os animais ficaram forçados felizes com a expectativa desse momento [Música] tão pequeno e com pernas tão curtas como
é que a tartaruga ia chegar os outros animais caçoavam dela não não vai conseguir mas a tartaruga não se deixou a bater vocês vão ver e de chegar lá [Música] eu tava vindo de Portugal e aí em Portugal tive contato com o comitê da Rota dos escravos de Portugal que é um projeto da Unesco que justamente busca mapear os lugares de memória da escravidão na Europa nas Américas na África obviamente E lá eu tive acesso a um documento da Rota dos escravos de Portugal que também delineava vários lugares de memória da escravidão que nós acabamos
por visitar a gente voou de Fortaleza para Cabo Verde de lá a gente fez Senegal guiné-bissau gana Togo Benin Nigéria Angola e Moçambique procurando não ficar só no litoral a gente conseguiu visitar lugares de memória no interior desse país também tinha uma ideia do roteiro dividida pelas quatro rotas do tráfico Transatlântico que era a rota da Guiné a rota da mina a rota de Angola e a rota de Moçambique claro que essas rotas envolviam países diferentes com características diferentes mas nós estamos focados na ideia de percorrer os lugares de memória da escravidão então foi por
aí que a gente começou a delinear os espaços que nós gostaríamos de visitar e conhecer [Música] essa Constituição de lugares da memória da escravidão que a gente estava buscando na África também estava sendo mapeado e outros espaço inclusive no Brasil tava se dando o processo de patrimonialização no cardiovalongo como Patrimônio da Humanidade [Música] ele surge no contexto da revitalização da Zona Portuária quando se descobriu que ali existia um maior portal de entrada de Africanos do mundo que o cais de Valongo foi esse espaço que recebeu o segundo alguns especialistas cerca de um milhão de Africanos
escravizados no final do século 18 quando o Rio de Janeiro já era a capital do Brasil colônia Marquês de Lavradio vice rei do Brasil vai ordenar a transferência do desembarque de Africanos escravizados da atual Praça 15 uma área que era considerada fora dos limites da cidade na Enseada do Valongo a essa altura já e final de século 18 o Centro Administrativo as principais residências da cidade igrejas precisavam próximas à Praça 15 e para essa chamada boa sociedade o espetáculo da chegada desses africanos e africanos combalidos da viagem com poucas roupas e o próprio é comércio
dessas pessoas não era algo que eles desejassem continuar a ver e também havia eles estudos médicos que diziam que esse africano de africanas traziam moléstias doenças pode ter movimentado cerca de 12 milhões de estes africanos chegaram ao continente não quer dizer que 12 milhões tenha sido o número de retirados entre 12 e 12 milhões e meio já é uma espécie de consenso entre os pesquisadores no entanto nós sabemos que o período ilegal mobilizou sem número de africanos que não podem ser contabilizados desses 12 milhões mais de 40% desembarcou no território brasileiro porto Rio de Janeiro
é o maior porto escravista das Américas Rio de Janeiro a maior cidade afro Atlântica do mundo [Música] essa mudança do desembarque de Africanos escravizados para o cais do Valongo ela reforça o surgimento do mercado de escravos do Valongo [Música] são uma série de casas de comércio nas quais passou a ser realizada essa atividade de compra e venda de cativos essa atividade cresce por tanto na região do Valongo e ali naquela região também Começam a surgir alguns serviços que são prestados aos Comerciantes de cativos né é que são serviços importantes para o funcionamento da chamada empresa
da escravidão um desse serviço era o lazareto lazareto era o chamado hospital onde os africanos escravizados que chegavam doentes eram levados para serem curados daquelas doenças que eles traziam da viagem e um outro espaço um espaço muito importante dentro dessa lógica do tráfico escravista é o cemitério dos Pretos novos eles eram empilhados uma vala comum os seus corpos eram Queimados os seus ossos eram triturados para que coubessem mais e mais e eles eram enterrados nessa grande fala como muitas vezes ficando a flor da terra [Música] caso Valongo foi esse espaço que recebeu o segundo alguns
especialistas cerca de um milhão de Africanos escravizados foi soterrado para criação do cais da Imperatriz e depois casa Imperatriz também foi soterrado para dar lugar a Praça do Comércio foi uma memória esquecida silenciada soterrada pela sociedade brasileira e uma memória que veio à tona independente da vontade da sociedade brasileira vem à tona por outros motivos essas escavações trouxeram objetos ossadas que reclamavam que essa memória viesse à tona embora os historiadores soubessem que ali no caso do Valongo existia resquícios da escravidão não foi um projeto para que essa memória fosse realmente buscada por meio de escavações
arqueológicas isso surgiu no meio de outros interesses E aí o Carlos faloungo coloca o Brasil no lugar que ele ocupa em relação a memória da escravidão que foi o país que mais recebeu africanos escravizados do mundo cerca de 5 milhões e o Rio de Janeiro foi o lugar que mais recebeu também a cidade que mais recebeu africanos escravizados no Brasil [Música] como realizar começa a busca por Patrocínio e obviamente que eu recebia 237 não por dia um belo dia na última semana do ano recebo um e-mail parabéns pelo projeto pode contar com a morte integral
de recursos [Música] para mim ele talvez tem sido um dia uns dias mais importantes da minha vida [Música] eu vou nem que seja montada no elefante um elefante vai cair lá de cima foi o que todos disseram mas a tartaruga foi em frente providenciou uma corda e conversou com seu amigo elefante que prontamente atendeu e assim lá foram os dois com calma mas firmes no caminho um dia marcado para o Encontro todos os animais já tinham chegado [Música] até que surja o elefante carregando a tartaruga nas costas todos como é que a tartaruga é tão
pequena pode pegar o elefante para seu cavalo [Música] Quando você vai indenizar o projeto Você não imagina o conjunto de variáveis que você vai descobrir ao longo do caminho você não tinha previsto você tem quatro países que falam português dois falam inglês e três falam francês aí você esquece que tem que em cada um desses países você tem locais onde as pessoas falam dialetos e que não falam a língua do colonizador sobretudo países onde a escolaridade regiões e países onde a escolaridade é Baixa porque eles aprendem a língua do colonizador na escola se a criança
não vai para escola ela falou dialeto como é que ela vai se comunicar com Forasteiro outras questões tem povos que não conversam exatamente por mais que sejam próximos não se dão muito bem então a gente conseguia guias que estavam no País Aqui que na hora de passar para esse país aqui 100 metros eu não vou Então você tinha que criar uma estratégia para sair daqui e para lá com outra estrutura da Euforia passa a ter uma espada na tua cabeça fala assim agora malandro resolve vai fazer começa a ligar para sua operadoras especialistas em África
Boa tarde Boa tarde queria ir para África um projeto assim ah você ligou a pessoa certa nós somos os melhores em África Pô que bacana eu preciso para Cabo Verde ser legal de salgando todo o Benny Angola Moçambique Silêncio do outro lado ali a senhora tá aí ainda tô mas veja bem a gente faz África do Sul Tanzânia os caras fazem a África Gourmet ninguém quer saber desses países ninguém quer saber dessa história na verdade [Música] vou ter completamente inusitado que não existe nenhuma agência no mundo que tava preparada no sentido de já ter esmiuçado
esse roteiro [Música] [Música] muitos desses países simplesmente não tem operação logística foram dizimados por guerra civil os hotéis foram abandonados e a gente não conseguia viabilizar essa viagem então foi com muita costura conversando com uma pessoa com outra com outra com o amigo topou nos receber [Música] conseguimos um operadora logística que faz esse mesmo roteiro em três países da Costa da mina [Música] aí daquela insegurança de pôr Será que se der uma ideia de ingeririco Será que eu quando eu li eu tava seguro de saber que tinha muita gente boa importante poderosa me ajudando ali
esteja com dinheiro seja com indicação seja com enfim com boas vibrações com torcida e aí como é que tá conseguiu as pessoas ligavam Então foi muito interessante essa essa busca muito motivante mas dura o primeiro país que Nós visitamos foi Cabo Verde é um país pequeno é um país que tem uma certa tranquilidade é um arquipélago composto por várias ilhas então era um lugar mais tranquilo digamos assim para quem tá indo para a África pela primeira vez ser legal a gente tinha um suporte de um amigo meu que servia como Diplomata dentro da carne e
então a gente tinha uma expectativa de para ele com uma certa tranquilidade também guiné-bissau a gente já tinha essa informação de que as representações diplomáticas tinham deixado país a maioria delas por conta da instabilidade política o que obviamente a gente fica com um certo temor do que nos espera engana também nós sabíamos que era um país que já tinha uma democracia consolidada então era um país estável nesse sentido nós sabíamos por outro lado que engana todo Benin nós faríamos de carro então também tinham um certo temor em relação às estradas africanas é outro espaço diferenciado
da das Fronteiras aéreas Ou seja quando você chega para o avião e chega é de carro é uma outra relação Então tinha uma certa expectativa desse momento completamente On the Road que era sair de Gana Togo e benim cruzar esses três países de carro quando nós fomos para Nigéria era um momento de atuação intensa do bocuarã então vários ataques terroristas então a gente obviamente estávamos preocupados E aí depois a Angola que eu tinha também uma expectativa muito grande por conta de ser o país da cultura bantu que influenciou principalmente no samba na capoeira né duas
expressões culturais que eu estudo bastante [Música] gola que também tava numa transição democrática ainda com certas questões relacionadas a estabilidade política e por fim Moçambique que a expectativa era de encontrar é um país bastante diferenciado dos outros porque é o único país que faz parte da rota do Índios e que a gente também sabia que era um país de uma beleza inacreditável [Música] A África é um continente de verso temos de história de Memórias da escravidão que a gente encontra em outros espaços em rios em ruínas em cultos religiosos ao mesmo tempo que nós íamos
encontrar da famosa exuberância da natureza africana que nós vimos encontrar em torno também dos problemas políticos que a maioria dos países africanos enfrenta então era esse Caldeirão de expectativas que nós estávamos vivendo que África nos esperava ainda existia obviamente que aquela aquela dúvida se a gente de fato e encontrar a memória material e imaterial do tráfico de escravos do Brasil a gente ouviu de muitos especialistas em África que a gente não ia encontrar isso isso é uma coisa esquecida que as coisas estavam destruídos enfim e isso é para a gente ainda era uma grande dúvida
mas a gente só ia saber ainda [Música] no final das contas nós percebemos que muitas áfricas nos esperavam lá essa África diversa colorida vibrante contemporânea e ainda assim ancestral tradicional [Música] a ideia do dos lugares de memória da escravidão traz um pouco essa perspectiva de que esses espaços eles ainda emanam memória eles ainda trazem uma história que tá ali naquelas ruínas nos monumentos na porta do não retorno recuperar a memória da escravidão a partir dos pontos de partida dos africanos escravizados para as Américas né Principalmente Isso foi um fio condutor significa que se você deixou
alguma coisa importante no passado pode ser um sentimento uma relação objeto Se aquilo foi de fato relevante para você você não pode seguir adiante tem que voltar e buscar [Música] [Música] [Música] [Música] [Música]