[Música] i [Música] um Sambaqui é um sítio arqueológico e o nome dele em Tupi Guarani significa tamba K em que tamba significa Conchas e k significa monto ados então de maneira bem generalizada um Sambaqui seria uma montanha de Conchas nesse tipo de sítio que no Brasil chamamos de Sambaqui e no resto do mundo se chama de conchero Conchal Shell miden Shell Mount Shell Matrix S tem diferentes etimologias para se referir a esse tipo de sío arqueológico que são essas acumulações humanas de restos seja de moluscos de peixe restos de cozinha como pode ser carvão eh
restos de carne de animais marinhos plantas artefatos eh diferentes tipos de registros que as pessoas utilizava no seu dia a dia esses depósitos tê muitas Conchas mas também muitos peixes restos de peixes restos de crustáceos e tudo isso intercalado com materiais que nós normalmente eh associamos já diretamente a atividade humana como fogueiras objetos né alguns objetos utilitários outros objetos rituais Alguns vão ter sepultamentos humanos outros não em diferentes épocas do passado teve esses acúmulos de Conchas então por exemplo você encontra acúmulos de Conchas feitos por grupos pré-históricos na Dinamarca no Japão Japão nos Estados Unidos
no Canadá na própria América do Sul além do Brasil também existem concheiros quase eu diria em todas as áreas costeiras litorâneas do [Música] mundo as datações mais antigas que existem para concheiros estão no sul da África do Sul no sítio de blombos que é uma caverna um sítio maravilhoso em Caverna tem uma idade de 80.000 anos a gente considera hoje o registro mais antigo do início da exploração de Conchas por humanos anatomicamente modernos que é basicamente aqueles homo sapiens que pelo registro eh esqueletal e também Arqueológico a gente sabe que pensavam agiam se comportavam igual
a gente igual aos humanos de hoje depois desse primeiro momento que a gente vê as evidências mais antigas do do consumo de Conchas tanto por homo sapiens na África e na península arábica quanto por neandertais na na península ibérica os sítios concheiros começam a aparecer em algumas áreas costeiras mas muito poucos ainda no Brasil esses montes de Conchas eles aparecem principalmente na costa Sul e Sudeste mais ou menos teste o Recôncavo Baiano até parte do Rio Grande do Sul mas boa parte desse Sambaquis na verdade se concentra mais entre Rio de Janeiro e o litoral
de Santa Catarina aqui no Paraná temos 400 Sambaquis litorâneos e 10 fluviais no Vale do Ribeira desse Total 60 apresentam sepultamentos humanos ou seja foram construídos para homenagear os mortos que é importante a gente ter essa distinção quando fala Sambaqui sabendo que esses Sambaquis brasileiros eles são realmente fruto de uma intenção humana é desses grupos no passado eles têm como característica um acúmulo intencional nesse acúmulo intencional Você deposita vários materiais entre ele As conchas então tem uma diferença uma coisa é você ter um grupo que tá comendo moluscos e peixes e outras coisas e você
tem um local na sua na sua vila digamos assim onde você descarta isso e ocasionalmente então isso forma um monte outra coisa é você ter essa intenção de realmente construir um montículo ou uma montanha ou algo que é um Marco realmente na paisagem hoje uma tendência muito forte é considerar que pelo menos os grandes Sambaquis eram cemitérios espaços eh de ritual mesmo ritual funerários seriam Eh esses sítios grandes e que seriam regionais que agregariam ali várias aldeias que estariam naquela mesma região nem todos os Sambaquis são monumentais e nem todos foram feitos para sepultar os
mortos então existem outros tipos de Sambaquis que são de tamanho menor que não chegam a ter mais de 1 m 1,5 m de altura que não tem nenhum sepultamento humano [Música] dentro a verdadeira explosão que tem no registro arqueológico de concheiros começa entre 11000 10.000 Anos Antes do presente e eles são absolutamente onipresentes em todas as áreas costeiras a partir de 7000 5000 antes do presente aqui na América do Sul os montes de concha mais antigo estão no Brasil datações e se concentram principalmente entre 5000 e 1000 anos antes do presente tá essa é a
grande era dos nossos Sambaquis porém a samb alguns poucos Sambaquis mais antigos do que isso mas teriam sido destruídos pelas mudanças de nível do mar essa diferença cronológica pode estar explicada Por uma questão de preservação dos sítios Já que as oscilações do nível relativo do mar que conforme a temperatura Global ficava mais fria o nível se afastava da Costa e nos momentos em que havia derretimento de geleiras por aquecimento da temperatura do planeta o nível do mar subia e por portanto se aproximava ia inclusive além da linha atual de costa todas essas oscilações provavelmente causaram
a destruição de grande parte do registro desses concheiros anteriores A 10.000 a 7000 antes do presente o sítio onde talvez tivesse esse povo morando há 10.000 anos atrás tá debaixo da água agora há uns 20 30 m de profundidade se nós temos um rebaixamento do nível Marinho né Essas praias acabam ficando mais distantes 50 60 km do das praias atuais E essas áreas emersas eram continentes partes do continente passíveis da ocupação humana essas populações Elas tiveram que interagir também com essa impressionante dinâmica geográfica e ecológica então tem muitas hipóteses a respeito das origens desses grupos
e parte do problema é que nós desconfiamos fortemente que nós não temos acesso aos Sambaquis mais antigos que devem estar submersos [Música] agora na bacia do Rio Ribeira de Iguape tem outros Sambaquis que a gente chama de fluviais que são feitos de conchas de caramujos terrestres de caramujos aquáticos e outros moluscos aquáticos nós temos esses gastrópodes terrestres que são os usados na construção desses Sambaquis fluviais e que são é claro espécies diferentes das Conchas usadas nos Sambaquis costeiros a gente também encontra e sepultamentos humanos nesses Sambaquis fluviais também encontra as ferramentas de pedra esses Sambaquis
tem apresentado idades de até 10.000 anos então eles são 1000 anos quase 2000 anos mais velhos que os Sambaquis costeiros o que levanta toda uma série de sobre quem veio primeiro nesse sentido o Vale do Ribeira ele é importante porque ele tem esse registro dos Sambaquis fluviais que são um pouquinho diferentes dos Sambaquis litorâneos mas que por não ter tido essa questão né de mudança de nível do mar isso tá longe do que seria a costa você tem a preservação de Sambaquis muito mais antigos e aí a gente também podia pensar se poderia ter alguma
relação de ancestralidade esses Sambaquis costeiros com os Sambaquis chamados fluviais que são Sambaquis também ou seja também acúmulos intencionais de Conchas mas que a gente encontra em áreas mais do interior é bem provável que eles estavam se deslocando apesar de estarem no interior a costa não era um lugar remoto e difícil de chegar e isso parece Claro Claro quando nós pegamos em sepultamentos de Sambaquis fluviais a presença de Colares com dentes de tubarão isso aqui é um espinho de raia também Veio do Mar e se a gente pensar no nível do mar há 10.000 anos
atrás ele estava a 200 km do litoral o que isso implica isso implica que Ou eles estavam conseguindo chegar até o litoral e pegar tubarão e Raia e levar de novo pra Serra ou ter uma rede de trocas acontecendo essa é uma inferência muito interessante pra gente ver de contato com o mar em sítios que estão basicamente na serra na Mata Atlântica Então mostra uma linha provavelmente uma rede de trocas de comércio entre os dois povos tem um povo al li no litoral há 10.000 anos talvez já sej samba Queiros Talvez seja o que a
gente chama de protos samba Queiros mas isso aqui é indicativo que tem alguém morando lá no [Música] litoral existem dois modelos para explicar o povoamento da Costa Brasileira por essa sociedades costeiras que construíram os grandes Sambaquis um dos modelos coloca que esses grupos teriam quebrado vindo do interior teriam entrado por uma por uma quebra na barreira natural geológica que é a Serra do Mar que existe ao Norte do Estado do Paraná sul do estado de São Paulo o que nos Levanta a possibilidade de serem povos navegadores né então quando a gente fala de sociedades sambaquieiras
como sociedades marítimas a gente tá falando que são grupos que estão constantemente na água e que Navegar quilômetros e quilômetros é uma coisa comum então a gente podia Talvez pensar nessa relação eh de ancestralidade ou em algum tipo de relação eh biológica e cultural entre os grupos responsáveis pelos Sambaquis fluviais do Vale do Ribeira principalmente e os grupos relacionados à construção dos Sambaquis litorâneos na costa Sudeste sul do Brasil Então para isso você pode tirar medidas cranianas e também analisar out as partes da morfologia craniana para tentar descobrir essas afinidades Então seria uma ideia de
crânio semelhantes indicam algum tipo de parentesco algum tipo de [Música] afinidade também é possível fazer isso através da análise de dos dentes né de alguns marcadores dentários a gente percebe que alguns desses Sambaquis do Vale do Ribeira tem uma relação mais próxima com alguns Sambaquis do Paraná não necessariamente com Sambaquis litorâneo de São Paulo então existia essa ideia de que talvez esses grupos costeiros viessem do interior e chegando entre sul de São Paulo e Norte do Paraná uma leva migrasse pro norte pra Costa de São Paulo Rio de Janeiro Espírito Santo e outra leva igrass
pro sul no que é basicamente Paraná e Santa Catarina atualmente e um pouquinho no Rio Grande do Sul e quando a gente Analisa Então essa morfologia craniana o que a gente vê exatamente isso que tem diferenças entre esses dois grupos é como vocêes formassem dois grupinhos distintos que os resultados genéticos mostram confirmando que as análises morfológicas já indicavam é de que há uma há uma diferença sim né entre os grupos samba Queiros dos vamos chamar do sudeste em relação aos grupos sambaquieiros do Sul mas a gente tem que pensar que para o estado do Paraná
a datação mais antiga que existe em Sambaqui é de 6.000 e Poucos Anos Antes do presente e se tivesse sido esse o local por onde os grupos as sociedades samba queiras ingressaram a costa a gente esperaria uma cronologia anterior datações muito mais antigas sítios mais antigos a falta de datações antigas pro estado do Paraná eu acredito que tem a ver com uma falta de pesquisas e de de sistemáticas né para poder ter uma cronologia mais completa da ocupação humana da Costa do [Música] Paraná bom esse outro modelo seria um povoamento sentido norte sul por parte
de de um dos tantos grupos fluxos migratórios que povoaram améric do Sul vindo pelo Atlântico [Música] os Sambaquis eles formam eh estruturas né com muitas camadas e essas camadas TM uma variação muito grande entre elas a depender inclusive do processo eh de ocupação e das interações que o Sambaqui teve com outras populações representam eventos que ocorreram em tempos diferentes e aqu as camadas contam histórias na parte superior do Sambaqui é muito comum a presença de camadas de solos escuros totalmente antrópicos ou seja esses solos foram formados pela atividade humana Onde eu posso ter Inclusive a
presença de elementos culturais diferenciados no Sambaqui como é o caso dessa cerâmica que indica a presença de populações eh diferentes daquelas que normalmente construíam Sambaquis né na parte intermediária áa nós podemos ter categorias como essa né ou seja um tipo de do que nós chamamos de substrato onde há uma predominância gigantesca de eh material ósseo e mesclado com porções de solo escuro agora a maior parte do Sambaqui em geral é visualizado aqui ó onde nós vamos ter camadas e derivadas das Conchas e até do processo em que as conchas elas vão se deteriorando mescladas com
areia também mas quando nós trabalhamos esse material nós vamos obter inúmeros materiais culturais relacionados seja à alimentação seja as diferentes atividades inclusive por exemplo associadas às práticas funerárias aqui uma concreção típica da parte interna de alguns Sambaquis onde devido à dissolução do carbonato de cálcio nós vamos ter partes que ficam agregadas e coladas praticamente formando blocos bastante compactos e de difícil [Música] escavação a gente faz uma abordagem mais baseada no perfi estratigráficos que é basicamente um corte do Sítio do Sambaqui onde Você cons consegue ver todas as camadas que formam parte do sítio por dentro
então é uma estratégia interessante Porque como se fosse um raio X do Sambaqui por dentro para você entender a composição dele o ritmo de Formação a cronologia etc Então as estratigraficas elas estão formadas por camadas que as mais e inferiores são as mais antigas as superiores são as mais recentes quando você olha para um Sambaqui é um pouco assustador porque você vê uma diversidade de de camadas de tipos de conchas de osso saindo para cá e para lá em alguns casos você tem Sambaquis com tanto sepultamento humano que qualquer corte estratigráfico você já vê um
crano aparecendo uma mandíbula um fêmur é muito comum dentro dos Sambaquis nós encontrarmos e camadas que apresentam vestígios de fogueira então elas são muito associadas à áreas de cozinha aí níveis superiores você encontra áreas sepultamento né então tem apenas presença de esqueletos de repente você numa outra camada você encontra áreas que são relacionadas a área para dormir mesmo né a área de acampamento essa complexidade do squis é um pouco assustadora à primeira vista porque dá a sensação de que tinha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo conforme o sítio ia evoluindo né conforme o tempo passar
essas camadas elas não estão dentro de um mesmo perfil necessariamente associadas então é interessante de você fazer uma análise é que você pode prever o que você vai encontrar num nível superior então se você encontrar uma alta concentração de determinado elemento como o fósforo num determinado nível num determinado nível estratigráfico quer dizer o nível de cima pode ter a presença de uma grande quantidade de ossos que pode ser ossos de animais de caças enfim ou ossos relacionados a sepultamentos ossos humanos Então isso é interessante porque esse dado ele pode facilitar na hora da escavação os
ossos de animais em Sambaquis eles podem ser encontrados de várias formas podem ser e apenas o osso em si sem modificação nenhuma né E também a gente pode encontrar os ossos Queimados por exemplo porque estavam Associados a uma fogueira ou algum processo que envolvia fogo o carvão é um dos elementos mais importantes do registro seguido dos Ossos Os ossos de peixe e que é o que mais predomina em Sambaquis e também das Conchas né para gente entender a dieta pra gente interpretar a possibilidade de ter ou não esses festins em comemoração aos mortos pra gente
entender também qual que era a disponibilidade as espécies de peixes inclusive também de Conchas que existiam perto do sítio que também indiretamente tem a ver com questões ambientais como é que era a paisagem os sítios os carvões eles podem nos falar muitas coisas eles podem falar por exemplo quais espécies de sementes ou árvores estavam sendo adas PR alimentar a fogueira quais sementes ou vegetais de alguma forma podiam estar sendo consumidos por esses grupos que ali viviam também para entender variações ambientais que podiam estar acontecendo ao longo dos milhares de anos que levaram a construção e
a formação de alguns [Música] Sambaquis leva em torno 300 anos para se formar 1 cm de solo uma camadinha de 1 cm aí vem o homem com toda a sua manifestação com a o seu uso do solo e ele acaba interferindo nessa estrutura pedológica nessa estrutura de camadas então o solo que teve essas suas camadas misturadas pela presença do homem passa a ser uma nova classe de solo que é chamada de antropos solo ou seja solo relacionado à ação do homem um sambaquy pode ser classificado como um antropolo e nesse caso um ario antropolo que
ario significa antigo ou seja o antropolo antigo o mais importante para você trabalhar dentro da pedologia para um Sambaqui você fazer análise química das camadas do Sambaqui porque a gente costuma falar de concha osso carvão mas tem outro universo microscópico dentro do Sambaqui que você não atinge o olon a micromorfologia do solo do sedimento do Sambaqui que é basicamente a observação de esse sedimento no microscópio é uma micro janela que você abre no interior do sítio para você entender a verdadeira composição desse Sambaqui porque a gente sabe olhando pro pro sítio PR superfíci estratigráficos na
escavação aqu eles têm concha que eles tê peixe aqu eles T carvão Ok mas quando você observa tudo isso no microscópio você é capaz de entender a ordem de deposição desses materiais a relação que existe entre eles no sítio e como eles chegaram ao sítio e depois se transformaram por agentes naturais após a deposição e abandono do [Música] local você encontra muito pouco do peixe você encontra muito pouco do mamífero e da ave mas todos eles eram utilizados na alimentação por quê quando você come os moluscos Ostras berbigões Mariscos Você joga fora mais do que
você comeu Você consome cerca de 20% de proteína os outros 80% é concha é descartável Quando Você consome um peixe Você consome esse dorno de 80% de proteína e descarta 20% em ossos Ou seja quando você come um monte de peixe você deixa só um pouco de osso você come um pouco de berbigão você deixa um monte de concha então fazendo alguns cálculos a gente observou que na verdade embora 80% do material que faz o Sambaqui sejam Conchas elas correspondem a menos de 10% da carne que eles comiam os peixes são responsáveis por mais de
90% dessa parte da dieta esses peixes eles estavam sendo consumidos por essas populações num tamanho hum maior com talvez provavelmente uma reprodução maior também desses animais Então se esperava um tempo maior para consumir aquele peixe os squires provavelmente faziam os peixes deles na Brasa em cima da fogueira um consumo rápido a gente já vê só coloca em cima de esteiras Ou coloca em pequenos Espetos improvisados isso seria um modo de fazer ou colocar em moqu que é um tipo de defumador que coloca em fogo acho aí o o peixe vai cozinhando e defumando e secando
ao mesmo tempo lentamente É um peixe que você pode guardar para comer durante semanas nós temos entendido hoje como povos que além de serem pescadores consomem também uma série de vegetais nativos dessa Mata Atlântica eles tinham que ter uma fonte de carboidrato né de Açúcar hoje como a gente come pão eles comiam muita batata ou seja tubérculos carais ou inhames nativos amidos de batata doce a gente também tem encontrado amidos que são sugestivos de pinhão então sugerindo que existe esse contato né e inclusive o uso desse recurso que é um recurso da Serra eles faziam
movimentos paraa coleta de pinhão Ou eles recebiam de grupos que vinham também do interior da serra porque nós tínhamos grupos indígenas contemporâneos aos Sambaqui anos que viviam na que era do grupo do tronco G não foi desde o começo eles não conviveram desde o começo os squan eram foram os primeiros a ocupar a costa mas os G chegaram mais ou menos uns 2000 anos atrás e squan já estavam aqui então eles tiveram uma [Música] relação essa é uma pergunta muito boa né onde que eles moravam eles e elas onde estavam morando a gente não sabe
bem Onde eles moravam não encontramos essas evidências Eu particularmente não é uma coisa que todos os arqueólogos assumem ou concordam Mas eu acredito que eles vivem em palafitas aquelas casas na beira do do Lago assim sobre Estacas né Para que que servia aquela estrutura de de Estacas de madeira que a gente tem na base do Sambaqui batão um amarrada né com trançados de fibra né pode sugerir que essas Estacas sejam a base de palafitas ou de grandes armadilhas em virtude de estar em área alagada você imagina que seria uma estrutura eh que eles construíram e
essa estrutura então daria uma sustentação para eles começarem a construir o o o Sambaqui na base do sítio tinham eh artefatos feitos de de plantas eh conservados encharcados E aí é o caso das das Estacas né as famosas Estacas que a gente tem ali que a gente identifica e encontra na margem né do rio em frente ao sítio Na verdade são Estacas que estavam sob o sítio né que ao desmoronar ficam os pedaços das Estacas ali não se trata de uma pecinha ou outra que ficou por acaso conservada não é é uma quantidade enorme porque
na verdade essas Estacas elas estão sob o sítio em todas sua extensão a gente né não sabe bem Qual era a função mas a gente vê o quanto de trabalho que eles colocaram nesse material né não era simplesmente coletar a o caule da árvore cortar e colocar eles trabalhavam elas então tem eh marcas de trabalho nessas Estacas marcas eh que teve alguma ferramenta de corte dessa essa madeira Então o que a gente imagina que era uma estrutura que não era algo tão temporário né porque senão eles não teriam colocado tanto trabalho tanta dedicação para produzir
esse artefato elas são encontradas fincadas no solo na vertical e outras geralmente menores na horizontal e essas verticais e horizontais são amarradas com fibra de Cipó em Bé uma estrutura como essa a gente não tem registro em outro samba aqui no Brasil então abriu-se um universo de possibilidades de pensar o que que eles estariam fazendo né então a gente vê as Estacas que eles estão trabalhando a gente encontrou fibras com nós e fibras trançadas fazendo cordas e vários tipos de nós essas fibras vegetais elas foram identificadas como o nome comum é o cipó Imbé ou
Cipó preto até hoje ainda se utilizam essas fibras eh para artesanato e em algumas áreas de pescas ainda se utiliza esse Cipó em Bé para algumas construções de armadilhas ou amarrações esse material é um fragmento de cestaria que foi encontrado no Sambaqui batão um aonde ele foi encontrado diariamente encharcado pela água do rio esse material se conservou diferente se fosse em outro contexto poderia ser decomposto é um material bem raro né encontrado em Sambaquis principalmente porque para conservar é numa condição muito específica né encharcado baixo oxigênio então a decomposição não ocorre uma característica importante do
domínio de tecnologia pelos grupos Sambaqui anos é a construção das cordas de fibras vegetais as cordas eram construídas de forma torcida não trançadas e nas pontas destas cordas era feito um acabamento chamado falcaça isso aqui é de uma precisão de uma leveza de uma qualidade maravilhosa e que demonstra o grande domínio de tecnologia desse vegetal no dia a dia dos grupos Sambaqui anos foram identificados 10 nós cordas e amarrações eles realmente comprovam o uso na navegação o uso na pesca e na construção as pesquisas demonstraram que aproximadamente dos 10 nós encontrados 30% era utilizado em
navegação exclusivamente em navegação o mais comum foi o nó simples que é este tipo de nó aqui todo mundo conhece nó simples e que ele é utilizado para ou você iniciar uma corda ou para finalizar um nó evitando que ele venha a correr este é um nó de pescador o próprio nome já indica que é o nó utilizado para se amarrar cordas e prender objetos no mar ou na lagoa ou nos rios isso tudo nos leva a crer com muita certeza de que eles eram pescadores para a pesca do tipo de pescado que eles tinham
eles eram navegadores pelo tipo de de nó que é dado E com isso eles tinham embarcações muito bem projetadas a marra paralela utilizada para unir madeiras de diferentes diâmetros permite uma grande estrutura normalmente utilizada em embarcações para amarrações de mastros como é o caso de veleiros para unir o mastro [Música] um paralelo que é possível ser eh ser realizado para entender que os grupos sambaquieiros eram grupos que tinham e detinham uma cultura Náutica é o fato de a gente poder ter a possibilidade de lâminas de Machado que são encontradas em p pedra polida dentro de
contextos de Sambaqui terem sido eó ferramentas que eram utilizadas para escavar e trabalhar a madeira pedras rochas comuns de encontrar no litoral são usadas para fazer ferramentas colido lascado e o picotado né são as três principais técnicas de trabalho na pedra o lascamento ele é muito comumente visto como talhar então a medida que a gente vai lascando você você vai pegar um percutor você vai pegar uma outra Rocha base você vai verificar os ângulos e a partir de percussões de batidas você vai tirando pequenas lascas e início vai dando forma a um objeto não tem
como trabalhar com Rocha e não lascar mas eles não eram Expert as rochas que eles tinham não eram boas para isso então eles trabalhavam com polimento e com picoteamento picoteamento ele entra como uma etapa de transição você primeiro dá forma ao objeto pelo lascamento depois você picote as arestas é que quando você bate pequenas batidas que você vai quebrando assim a rocha em pequenos pedacinhos assim quase como um pó você vai vai desgastando ela ou seja onde ficou Quinas e depois você faz o trabalho de polimento esfregando a rocha com uma outra que seja mais
dura que a rocha que você tá trabalhando E aí eles eram muito bons né as oficinas líticas ou polidores fixos ou móveis porque Ambos são um tipo de oficina lítica são áreas que eram utilizadas para confecção de instrumentos líticos ou seja instrumentos e confeccionados a base de pedra de rocha a escolha desses blocos naturais é uma escolha cultural Ou seja você aprende a escolher e você aprende a fazer dessa maneira nessas oficinas eles acabavam pegando essas rochas principalmente Rocha de abá porque é uma rocha um pouco mais maleável riquíssima em ferro e essa Rocha Então
ela era friccionada na pedra cidor fixo ou nessa oficina lítica junto com areia e água então geralmente essas oficinas são muito próximas a algum corpo hídrico no caso na praia ao mar e para facilitar esse polimento Aqui nós temos um exemplo de lâmina de Machado ela foi bem polida ou seja ela tem uma lâmina bem pronunciada bem desenvolvida Então essa função do Machado ela vai muito mais além da da sua lâmina além da pedra né ela uso para cortar para cavar uso que são feitos para para pegar mel para cortar uma árvore no meio e
você retirar o mel uso feito para fazer cabanas uso de e feitos para fazer jangadas para fazer Canoas então isso aqui é uma lâmina de Machado que não foi terminada porque ela não teve as etapas de polimento e nem picoteamento posteriores o que era comum em lâmina de Machado principalmente com grandes dimensões a gente não sabe exatamente qual a função que ela poderia ter desempenhado ou se ela foi só simplesmente abandonada ou ela adquiriu um novo uso né um dos usos que são possíveis é o rabo quente né ou a gente coloca a pedra dentro
do fogo retira a pedra do fogo e coloca no recipiente com água Essa água aqui vai ferver por causa do calor da pedra e assim você vai ter água potável para beber depois vai ter Machados que que tem traços elementos que indicam que ele era en cabado foi encabada com o quê provavelmente com uma madeira no Brasil a gente tem oito tipos de encabo identificados né a gente tem desde os encab onde você amarra a peça num tronco de madeira como a gente tem as que são eh colocadas dentro são peças inseridas dentro de uma
madeira e preenchido com cera né no Sambaquis como a gente não tem a matéria orgânica preservada a gente só tem as lâminas então a gente fica como dedução a gente não tem como afirmar o método correto muitas peças né que a gente encontra nos contextos arqueológicos elas possuem mais de uma função essas peças aqui por exemplo são percutores Ou seja que servem para retirar para bater são polidores ou seja elas são usadas para alisar e também servem como quebra coquinho são essas rochas polidas e que apresentam um orifício uma concavidade Na parte central que servia
justamente para encaixar o coquinho do gerivá né que é uma Palmácia muito comum aqui no litoral e para quebrar esse coquinho pode ter servido para acender fogo ou seja são espécies de canivetes Suíços né é uma peça que tem várias funções [Música] e uma técnica não substitui a outra né não é porque você tem a pedra lascada que de um momento para outro você para de lascar pedra e passa picotear e fazer o polimento né Essas técnicas elas andam juntas o melhor exemplo disso são as esculturas que eles faziam com polimento e com picoteamento eles
têm esculturas que são e muito lindas na verdade magicas né Muito contemporâneas do ponto de vista estético é uma coisa [Música] impressionante zoólito tem uma categoria genérica de esculturas encontradas em sítios Sambaquis a maior parte dos zoólitos são representações de peixes de aves de mam [Música] o que sempre chamou atenção nos zoólitos é a forma como a fauna aquática principalmente a fauna marítima era representada zoou animal Lito Rocha então é um nome genérico que se dá a essas esculturas e infelizmente ess que nós temos nos museus nenhum deles foi achado em uma escavação arqueológica sistemática
profissional nesse sentido Então você tem lindas coleções que foram salvas por arqueólogos amadores ou entusiastas e que viram o valor nesses Sambaquis o resultado dessas peças São fascinantes mas pouco se conhece sobre esse tipo de artefato no Paraná em Santa Catarina que tem isito São Paulo Rio de Janeiro espírito santo não tem zolito é uma marca cultural também bem distinta por região arqueologia experimental quer dizer arqueólogos hoje tentaram reproduzir essas peças de uma maneira mais rústica né quebrando tentando polir de uma maneira mais mais natural possível e chegou-se num num tempo equivalente a 10 horas
no mínimo mas com uma de que necessitasse de muitas horas Possivelmente mais de 200 horas dedicadas a esse tipo de atividade implica num grande trabalho para fazer implica na existência de artesões artistas especializados o que não é uma coisa simples de acontecer em sociedades caçadoras e coletoras quem fazia eram pessoas muito capacitadas para para esse tipo tipo de de atividade a pessoa que tá produzindo fazendo esse tipo de artefato é um especialista que requer experiência né para fazer aques aquelas estátuas aquela aqueles objetos de arte o que a gente sabe é que tem zoólitos que
aparecem desde uns 3.000 4000 anos né e as formas parecem ir ficando mais complexas com o tempo quer dizer o estilo de produção dessas estatuetas vai ficando mais sofisticado em toas sociedades nesse estágio tecnológico cultural não há muita diferença entre o natural e o sobrenatural Então acho que o simbólico faz parte de quase tudo os aspectos do cotidiano existe essa relação de afinidade nesse mundo natural como se fosse uma uma cosmologia indígena que esteja ali impressa que é o perspectivismo ameríndio que é uma forma que os habitantes da América desde a América do Norte até
do Sul a relação que eles têm com os animais a gente vai supor realmente que isso tá relacionado a algum tipo de expressão religiosa alguns ól itos eles têm uma concavidade ventral é possível que esses artefatos tenham sido usados em rituais Porque alguns deles foram encontrados como acompanhamentos funerários em Sambaquis um dia talvez a gente consiga pegar um zoólito examinar aquela concavidade deles e finalmente descobrir o que para que que isso o que que eles usavam ali Bom dia existe uma categoria de zoólitos com representação também de humanos figuras que nós chamamos antropomorfas dentro dessa
categoria de zoólitos seriam poucas muito poucas seriam raras a gente imagina que são dias que não são do período mais antigo dos Sampa quiros entre eles foi encontrado uma em Iguape em São Paulo né inclusive ele recebe um nome que foi dado na região de Ídolo de Guap a característica dele mais importante é o fato dele não ser um animal é um dos raros exemplos dessas estatuetas que tá representando o ser humano tem uma importância além de ser um dos zitos mais ao Norte que existe praticamente na fronteira norte da presença dos zoólitos no [Risadas]
[Música] [Risadas] [Música] litoral o óo ele é um artefato derivado de ossos de animais existem poucas peças feitas em osso no Brasil né se não me engano são quatro cinco em todos os Sambaquis que existem Alguns ósteos são derivados do que chamamos de bula timpânica de baleia que é um osso que se encontra no crânio da baleia ele é um osso que ele se parece muito com o Marfim ele é um osso muito duro também temos alguns óseos feitos em vértebras de animais representando o rosto de algum animal por exemplo como uma coruja albatross aquele
clássico que tem um passaro Zinho e como uma peça que tem um Realismo um naturalismo muito grande acaba que isso chama bastante atenção da gente né porque você realmente identifica o páo e acredita que ele seja um bastão que ele seja quebrado no seu rabo e que ele seja a continuação de um objeto muito maior Talvez um Cetro né seria aquele cajado pequeno Esse é um bastão em osso de baleia provavelmente havia algum elemento representando um animal aqui na parte superior e se for observado com detalhe Existem várias pinturas em vermelh geométricas ao longo do
bastão que podem identificar o grupo A que esse indivíduo [Música] pertencia boa parte daquilo que eles fazem em termos artefatual é feito com com restos de animais ao Contrário de outras culturas os sanos não faziam pontas com rochas eles faziam pontas com ossos essa era a especialidade deles então sempre quando eles iam atrás de um animal eles tinham e esses dois usos em vista alimentação e matériaprima claro nem tudo serve para fazer com matéria prima né mas muitos ossos de peixes por exemplo como costelas aulos aqueles esporões serviam para se produzir pontas e furadores tem
uma indústria feita de ossos de caça né com ornamentos e ferramentas utensílios agulhas Esse é um fuso de fiar Provavelmente em dente de baleia e que servia para tecer redes fundamentais na pesca eles são fabricados através de polimentos normalmente e Cortes possuem várias formas diferentes podendo variar por exemplo de bastões bolinhas redondas ou até mesmo os discos planos perfurados no centro com alguns detalhes em volta Esse é um fragmento de apito em osso de ave com incisões geométricas de um Sambaqui com mais de 6.000 anos de idade e aqui temos um apito em osso de
povos Caiapó muito assemelhado com o que deveria ser o do Sambaquis [Música] certamente deviam ter coisas de madeira muito requintadas né a gente encontra instrumental para trabalhar em madeira pequenas espátulas né eram escultores mesmo [Aplausos] [Música] nós estamos no hospital universitário utilizando tomógrafo médico para fazer tomografias e de ossos humanos também de ossos de fauna mas também utilizamos para fazer tomografias de peças cerâmicas de peças líticas que são peças feitas em pedra eh até mesmo de estruturas vegetais como a gente também tem de alguns sítios do Brasil com a ideia de tentar entender a parte
interna dessas estruturas coisa que a gente não consegue ver visualmente no macr modelo hoje a gente veio tomograf eh alguns ossos de um esqueleto humano que foi retirado de um Sambaqui eu consigo ver uma fratura que ocorreu nesse osso né Desse esqueleto após a morte do indivíduo seja no momento do enterramento no momento de da exumação do desenterrar ou até mesmo na remoção desse material então eu consigo ver aqui uma fratura que é distinta de uma fratura que ocorre quando a gente e ainda está vivo ainda os ossos estão vivos e com capacidade de recuperação
E essas ranhuras aqui também mostram aonde o músculo da mastigação se gruda na mandíbula E essas ranhuras Elas são tão evidentes nesse caso porque era um indivíduo bastante robusto né com com uma força mastigatória bastante importante aparentemente é um indivíduo masculino a gente sabe isso muito pelo ângulo dessa mandíbula por essa protuberância do queixo onde nos indivíduos do sexo masculino eles são mais avantajados várias doenças acometiam os samba Queiros e parte delas e nos ajuda muito a entender os hábitos desses grupos pretéritos sobretudo patologias dentárias né com des gastes muito intensos que levam a perda
a perda de dente eh poucas cares pouquíssimas cares em geral por exemplo nós agora comemos né uma dieta muito macia muito processada Então os nossos dentes quase não desgastam mas no passado esse pessoal que morava na costa você vê assim esqueletos com dentes muito muito desgastados e que apontam então para essa dieta mais dura mais abrasiva desses grupos os dentes dessas populações eram bastante desgastados porque a alimentação deles continham junto com com o alimento alguns abrasivos que poderiam ser os próprios alimentos né normalmente alimentos vegetais são alimentos mais abrasivos mas no caso do Sambaquis Além
disso uma dieta rica em peixes em em crustáceos produtos de origem Marinha normalmente carregam um alguns grãos de areia junto e é por isso que ele acaba desgastando os dentes demais né e é o que a gente também consegue ver na tomografia a gente tem muitos sinais de stress na infância sobretudo na infância na forma dessas hipoplasias lineares na forma de sinis de anemia ativos na infância e que cicatrizam no no adulto o que a gente pode perceber aqui é a existência de dois sucos um mais ou menos nessa região e um outro aqui esses
sucos são formados no momento em que esse indivíduo estava crescendo em que esse dente estava sendo formado e Houve um momento de stress sistêmico a gente tinha justamente um pico da ocorrência de hipoplasias lineares de esmalte entre grupos sambaquieiros na faixa de eh 3 A 4 anos para algumas regiões e de 2 a 3 anos para outras regiões esse pico que fazia quase todos os indivíduos tinham naquele momento justamente como um sinal indireto de que o desmame tava acontecendo por ali e tem uma patologia que é identificada Ou seja que é observada em alta frequência
nesses grupos Associados aos Sambaquis que é um crescimento ósseo dentro do ouvido desses indivíduos e o que você vê nesses esqueletos é um crescimento realmente de uma uma espécie de uma bolinha óssea eles são chamados e de exostoses do meato auditivo externo e é muito relacionado com com a exposição à água fria ou ao ou ao vento frio num canal auditivo Ou seja no ouvido já um pouco úmido e que tem tudo a ver com o modo de vida desses grupos dos [Música] Sambaquis tem outras patologias super interessantes também então a gente tem para esses
grupos Associados a Sambaquis da Costa uma frequência de infecções ósseas relativamente alta O que é mais comum da gente ver nos sambaquieiros são pequenas porosidades pontinhos que aparecem na superfície de ossos longos e Que sugerem processos Gerais de infecção né ou de inflamação inespecíficas e que não são graves em alguns casos a gente tem um comportamento um pouco diferente do lado de cá que vocês estão vendo é uma área de destruição óssea resultante de uma infecção que inclusive compromete a parte interna da órbita né pensando que aqui esse indivíduo tinha um olho nesse local tem
um processo inflamatório grande provavelmente com pus com inchaço eh e com um aspecto externo de descamação ou de ferida Então esse é um sinal de uma doença infecciosa essa frequência relativamente alta de infecções ósseas nesses esqueletos eh oriundos de Sambaquis da Costa elas nos indicam e populações Vivendo em densidades demográficas relativamente altas ou seja muita gente no mesmo lugar o que combina com a ideia de um Sambaqui né Afinal para você Construir aquela montanha você não pode ter realmente meia dúzia de pessoas fazendo aquilo que a gente percebeu então nos sítios do squis fluviais é
que além dos das pessoas serem mais delgadas menos robustas que pessoal do litoral a população era bem menor o bando que fez o Sambaquis fluviais geralmente era de pessoas em torno de 50 pessoas os bandos que fizeram os Sambaquis costeiros deviam ser de mais ou menos de 100 a 500 pessoas em alguns sítios maiores a gente até estima que seriam um bandos de 2000 pessoas [Música] [Música] para nós Bio arqueólogos estimarmos a altura de um indivíduo a gente precisa eh ter um osso inteiro por exemplo uma tíbia como essa né aqui é o joelho aqui
é o tornozelo e através dessa medida existe uma fórmula matemática em que eu calcula o projeto a altura total a gente tem alguns dados para alguns sítios uma estimativa em torno de 1,59 1,62 m a gente sempre espera ganhar umas dores articulares conforme a gente vai envelhecendo né e é natural esse nosso desgaste articular ao longo do envelhecimento eh o que chama a atenção eh em sambaquieiros é que indivíduos mais jovens já T muitas vezes um comprometimento articular eh bastante intenso muitos casos você tem nessas populações como seria desesperar para populações costeiras né uma forte
ênfase no uso dos braços né que muito Possivelmente decorre eh do uso do Remo então pensar em arremessos eh que pode ser de rede né o o arremessos circulares que pode ser relacionados à tarrafa a uso de Tarrafas algumas lesões associadas a Remo ou a nadar a gente encontra algumas espécies de peixe que são de profundidades grandes então talvez ou redes muito grandes ou até mesmo alguma metodologia que envolvesse mergulho se eu encontro uma frequência de lesões de determinado tipo Diferentes consistentemente estatisticamente né entre homens e mulheres eu posso pensar que algumas das atividades são
desenvolvidas preferencialmente pelos indivíduos masculinos ou pelos indivíduos femininos às vezes varia de um sío para outro sítio mas de uma maneira Ampla Parece que todos faziam um pouco de tudo da atividades cotidianas sem uma de fato uma separação Clara entre atividades cotidianas que são do âmbito dos homens masculino e atividades cotidianas que são do âmbito do feminino todos os indivíduos daquela sociedade participam igualmente de atividades muito parecidas Ou seja todos pescam todos pescam com rede todos nadam todos andam distâncias semelhantes muitas vezes a gente tem fraturas ó que foram bem reduzidas ou seja o osso
foi colocado no lugar corretamente e aquela fratura cicatrizou bem e a pessoa não morreu daquilo então houve um tratamento houve um cuidado uma fratura muito bem alinhada muito bem cicatrizada e que tem que ter sido imobilizada a gente sabe que tem plantas ou até mesmo minerais que são utilizados para eh tratar várias doenças inclusive em ossos uma evidência atual de plantas que fazem esse tipo de utilizado para esse tipo de tratamento foi uma espécie de cará né que foi identificado a gente identificou em cima de um Sambaqui que ele é chamado de Sara osso um
possível uso no passado já que se eles utilizavam e está no registro Arqueológico as plantas que ocorrem hoje por que que poderiam utilizar plantas medicinais que hoje ocorrem em cima dos Sambaquis no entorno dos Sambaquis Por que não alguns indivíduos que tiveram fraturas graves com encurtamento de perna ou com encurtamento de braço né Eh e que sobreviveram muitos anos depois do acidente que provocou a fratura e certamente numa condição de mobilidade ou de aptidão física para determinados movimentos comprometida então isso sugere pra gente uma outra coisa a existência de um cuidado e da manutenção desses
indivíduos como indivíduos daquela comunidade por anos Apesar deles não serem mais aptos à totalidade das atividades sugere pra gente um cuidado social específico dos Sambaquis a gente não tem muitas evidências de violência pelo menos que tenham atingido o esqueleto dessas pessoas isso a gente consegue pensar ou inferir a partir de diferentes evidências então a própria evidência e da riqueza de recursos desse ambiente litorâneo é uma delas então a não competição digamos assim por recursos escassos a gente sabe que recursos escassos podem ser um grande ativador de violência entre grupos inclusive atualmente né nossos recursos agora
preciosíssimos de petróleo de minerais né tudo isso causa conflito entre nações eh Então essa abundância de recursos podia ser um fator que pelo menos não parece empurrar nossos samba Queiros pra violência entre grupos [Música] As pessoas dizem no passado todo mundo morria com 30 anos mas gente não é verdade o que acontece é que para esses grupos eh pretéritos e até hoje para muitos grupos sem acesso por exemplo a saneamento básico a vacina né a todos esses nossos amortecedores culturais e que realmente a partir do século XX nos lugares onde você tem acesso a isso
eles realmente mudam os padrões de longevidade e de mortalidade a idade mais comum de morte dentre esses indivíduos é entre 60 e 70 Mas o que eu posso te falar é que sim tinha velinho na pré-história E essas pessoas Possivelmente tinham papéis importantes na comunidade né em termos do conhecimento das coisas do conhecimento do ambiente do conhecimento de onde estão os recursos distribuídos né nessa paisagem Então acho que tem uma relação que a gente acabou perdendo um pouco né no mundo moderno a gente não valoriza nossos idosos e a gente não presta atenção no que
eles dizem a gente não presta atenção no que eles conhecem e mas para esses grupos eu acho que não é impossível pensar que esses indivíduos mais experientes que eles pudessem ter um papel importante nessas comunidades porque realmente você se torna uma espécie de Guardião da história também também Esses são grupos pros quais você não tem escrita né então assim a memória dessas pessoas ela é a história do [Música] grupo há indícios muito interessantes de que a população Sambaqui tanto fluvial quanto do litoral eh eles têm uma ligação muito forte com os ancestrais a religião Sambaqui
eh envolve eh de uma maneira forte de uma maneira referencial né oculto aos ancestrais uma coisa muito típica em arqueologia para entender esse mundo simbólico é observar o acompanhamento funerário que é basicamente os artefatos a fauna todos os objetos que eram colocados ao ror dos Mortos existe uma relação entre gerações estabelecida ali porque o uso desses espaços como cemitérios ele se dá ao longo de centenas milhar de anos muitas vezes a gente tem o uso de alguns espaços por 1000 anos e a construção de áreas de concentração de sepultamentos que a gente estima que representem
de alguma forma organizações internas dessa sociedade Então seja por parentesco né seja eh por uma outra a gente tem chamado de grupos de afinidade essas áreas em que indivíduos são sepultados conjuntamente né ao longo eh do de um tempo eles eram depositados numa cova bem Rasa presos afixados e depois as coisas eram colocadas por cima daí essa ideia de construção de Sambaqui porque eles são enterrados não abrindo o buraco mas depositando eh materiais em cima Que materiais Conchas é uma referência simbólica importante mas é muito comum que você tenha grandes festividades que provavelmente envolvem muita
gente são eventos socialmente importantes e os restos de comida desses eventos e outras coisas materiais que estão ali são depositados por sobre os mortos no início da construção dos tambaqui os sepultamentos eram fletidos eram dobrados nos tempos mais recentes né Há 2000 anos atrás os sepultamentos começaram a ser estendidos é muito frequente que as crianças pequenas sejam acompanhadas por muitas contas que sugerem colares a gente tem documentado que isso de fato são colares de muitas voltas porque eh ao escavar o sepultamento e retirar o crânio a gente vê qu c seis voltas seis linhas de
Conchas embaixo das vértebras do pescoço essa é uma concha de ostra perfurada que fazia parte de um colar e que foi encontrado junto a um indivíduo sepultado num Sambaqui Costeiro o fato da gente perceber a maneira como eles morriam ou como os mortos eram tratados e não perceber muito bem aonde eles viviam dá uma ideia da importância da ancestralidade na cultura Sambaqui [Música] aqui é o sítio Estreito um que tá localizado no município de Adrianópolis é um sítio que já foi estudado e já foi datado com uma datação de aproximadamente 4000 anos esse sítio ele
foi cortado por uma estrada aqui que a gente tá nesse exato momento e por conta disso a gente consegue visualizar o perfil statig gráfico dele e nesse perfil é interessante que a gente consegue observar algumas das materialidades que compõe esse Sambaqui como por exemplo a gente tem aqui Conchas e de moluscos típicos desse ambiente que a gente tá localizado no Vale do Ribeira no ambiente fluvial então o rio tá aqui ao nosso lado mas também a gente tem gastrópodes que seriam esses car acis eh de ambiente mesmo Aquático mas também a gente tem materiais líticos
materiais em pedra O que significa que a gente pode ter aqui antigos instrumentos feitos em Pedra de forma lascada e polida só que como eles estão presos a gente não consegue determinar isso nesse exato momento mas como já é um sítio que já foi estudado e que esse contexto essa importância já foi levantado anteriormente é muito provável que a gente esteja visualizando nesse exato momento todo uma camada de uso humano aqui nesse sítio Estreito um Nós aproveitamos que a Infelizmente o sítio foi cortado pela estrada então nós trabalhamos justamente no corte da estrada limpamos né
tiramos a vegetação endireitam a parede pra gente poder ver as camadas e em alguns pontos nós localizamos então os sepultamentos e recuperamos três sepultamentos desse sítio fora alguns que estavam dispersos encontam os humanos dispersos em toda a área do sítio restos de animais artefatos né ferramentas e outros objetos coletamos um carvão de fogueiras para datar então por exemplo Estreito tem em torno de 3.500 Anos Antes do presente [Música] aqui em Adrianópolis no Vale do Rio Ribeira existiram desde 10.000 anos atrás povo sambaquieiros e aqui no Sambaqui T tupa um onde estamos entre 5000 e 4000
anos atrás eles ocuparam esse local no tat Peva nós fizemos só algumas sondagens alguns buracos que a gente fez só para recuperar um pouco de material para justamente ter uma ideia do que tinha naquele sítio como fauna se a gente tiver sorte talvez no sepultamento não foi o caso e recuperar material para datar aí nós conseguimos datar esse sítio tatupé em 4000 an Anos Antes do presente o Sambaqui Na verdade ele só tem cerca de 1 m 1,5 de espessura Na verdade ele é um samba aquii que tá em cima de um morro já certo
ele já aproveitou o contexto que ele tava do relevo que tava e só complementa ali ele é um uma peruca de concha em cima de um cucuruto na beira do rio Essa região é bastante acidentada Existem algumas planícies que o rio forma Onde fica mais fácil fazer as armadilhas para pescar os peixes e ter uma estabilidade na ocupação por isso que esse local né no encontro de um afluente com o grande rio Ribeira foi o selecionado para ser ocupado [Música] no litoral do Paraná é muito provável que tenha mais de 400 Sambaquis temos cadastrados pra
região de Guaraqueçaba aproximadamente 100 Sambaquis Então qual o significado desses grandes aglomerados de Sambaquis no litoral do Paraná né Um deles é da Ilha das gamelas a gente verifica na Ilha das gamelas um uma quantidade imensa de Sambaquis né num espaço relativamente contido que é uma ilha havia uma certa preferência desse espaço [Música] o Sambaqui da Ilha do pinto ele tem essa peculiaridade de ter sido totalmente construído em cima de uma grande Ilha rochosa ele é um Sambaqui muito grande que alcanço até 19 m de altura e com essa característica de ocupação sobre um substrato
que é uma rocha que é um grande corpo granítico outro aspecto inusitado né e bastante importante desse Sambaqui é o fato dele ter componentes culturais diferenciados nós vamos ter uma densa área com muitas eh cerâmicas cerâmicas também indígenas pré-coloniais e mais ainda uma quantidade imensa de sepultamentos humanos na camada superior o que que indica que esses locais de Sambaquis tinham significado não só para os sambaquieiros mas ao longo de toda a trajetória de ocupações humanas do litoral eles adquiriram diferentes significados para diferentes [Música] grupos nós estamos nas margens do Sambaqui do porara também chamado da
foz do rio porara e esse Sambaqui tem uma peculiaridade ele é um Sambaqui de grandes proporções e por ele est na Foz desse Rio porara ele no fundo ele tá muito próximo do que a gente convencionou chamar de canal de Maré muito influenciado pelas Marés e pelas correntes né que circulam hora num sentido hora em outro essa erosão Costeira diz muito respeito a a própria dinâmica da Maré Do estuário mas também a passagem de embarcações nessa região que promove inúmeras marolas e isso é uma coisa bastante preocupante porque a gente costuma qu tá caminhando aqui
nessa faixa encontrar muitos objetos que estavam no contexto né ou seja estavam inseridos dentro do Sambaqui mas que agora estão espalhados né por essa área e consequentemente misturados a gente tem também a atuação de processos que nós chamamos de bioturbação que que são esses processos são a incidência de raízes de animais cavadores que acabam também contribuindo PR perturbação desse sítio então é muito fácil de ver por exemplo nesses buracos aqui ó a presença desses animais que interferem sucessivamente Nesse sítio aqui é um perfil do Sambaqui do porara no qual a gente consegue ver as camadas
iniciais com uma concentração bastante grande de materiais orgânicos que estão relacionados à sepultamentos e nesse caso ele foi iniciado há 4200 anos atrás essa construção que usou muito material com né mas também havia fechs no momento dos Mortos serem sepultados Porque como uma parte desse Sambaqui fica debaixo da água tem menos aporte de oxigênio e por isso tem uma grande conservação dos materiais orgânicos então aqui é uma coisa fantástica né que embaixo de um dos sepultamentos aderido ao crânio havia restos de uma rede feito uma embalagem mortuária isso mostra a importância desse samba aqui né
para conseguir trazer informações que dificilmente acabam se preservando ao longo do tempo agora ao redor desse Sambaqui que tem mais de 5 m de altura 100 m de comprimento e quase 50 de largura né quer dizer um grande Sambaqui existem outros menores geralmente circulares e que tão relacionados à ocupação habitação a descarte de resíduos né tem outras funções mais do cotidiano que são diferentes das relacionadas ao esse grande monumento de homenagem aos mortos um dos aspectos na ilha ras é o fato dela ter ocupação atual né E essa ocupação ela é é histórica na região
então a inserção do Sambaquis ocorre também diante da ação humana atual que tende a produzir determinados impactos sobre os sítios muitas vezes um dos casos é o fato da gente ter igrejas sobre Sambaquis Então essas áreas são escolhidas né com esses fins religiosos e disso resulta eh tanto o impacto sobre o sítio mas a oportunidade de relacionar esses sítios de uma maneira integrada com essas comunidades inclusive no sentido do patrimônio cultural que elas representam populações pescadoras e mesmo povos indígenas continuam ocupando áreas e Sambaquis quer dizer patrimônio cultural dos Sambaquis não só diz respeito à
aquelas populações antigas mas pelo fato de estarem ocupando o mesmo território das populações atuais elas compõem parte do conjunto do Acervo cultural dessas regiões [Música] tem algumas coisas que a gente não sabe muito bem a respeito do Sambaquis e elas incluem o começo e o fim dos Sambaquis da onde vieram e para onde foram O que aconteceu com eles né conforme a gente vai chegando mais pra época atual vamos dizer uns 2000 anos para cá a grande produtividade das Lagoas em termos de moluscos vai caindo um pouco as Lagoas vão se fechando vão ficando mais
doces a produtividade dos moluscos diminui certamente contribuiu com o fato de não se construirem mais Sambaquis tão grande mas especialmente Pela chegada dessas populações seramas e agricultoras que dominaram a região de de uma forma efetiva a H cerca de 2000 Anos Atrás a gente vê essa chegada na costa a partir da cerâmica que eles carregam com eles Porque até então não tem cerâmica na costa essa cerâmica Então como se fosse assim um marcador dessa chegada de grupos ceramistas e ela é uma cerâmica muito distinta muito bonita porque não dizer né E que você encontra muitas
vezes no topo do Sambaquis você tem duas coisas acontecendo né Por um lado a permanência dos grupos samba Queiros clássicos mas também a chegada né dos grupos eh do interior até a costa tem que considerar todos esses fatores né alguma coisa eh comprometeu a condição de vida deles aqui devem ter abandonado realmente a região mas também em parte acabaram se migen os os resultados do DNA tem mostrado né que os grupos humanos que habitavam a costa logo depois do desaparecimento do Sambaquis pelo menos em alguns casos continuavam sendo Aquelas mesmas pessoas que já habitavam a
costa antes em outras palavras os Sambaquis desapareceram mas as pessoas que faziam Sambaqui continuaram morando lá e hoje a gente pode dizer que o sangue sambao está aí entre populações indígenas Muito provavelmente e aqueles que descendem de populações indígenas os brasileiros que descendem de indígenas podem ter a [Música] também muitos Sambaquis quando não havia legislação protetora foram completamente desmantelados imagina um monte de conchas de 10 m de altura que vira cal então ele foi muito usado para fazer ponte para fazer estrada né para fazer casas e o prédio aqui do museu que é um colégio
Jesuíta ele também foi construído com base em squ hoje abriga a explicação do [Música] Samba nós que estamos depredando o planeta eu eu acho que é É bem interessante e olhar para esse passado olhar para essas outras sociedades né e ver como que elas se relacionavam com ambiente Quem sabe a gente aprender um pouco com isso do que vale o nosso passado para mim é uma importância de identidade que a gente para se conhecer para se constituir eh como latino-americano você tem que saber toda essa história dos grupos indígenas desde os primeiros que chegaram ao
continente até antes da chegada dos europeus é uma questão disso de de saber quem que a gente é não tem como saber quem que a gente é sem conhecer o nosso passado essa herança em particular interessa para nós enquanto seres humanos independentes nacionalidade isso aqui tem a ver com o passado da humanidade Nós só estamos aqui como zeladores temporários desse material isso aqui pertence a todas as gerações que foram e que vão vir [Música] k [Música] [Música] h [Música] [Música] k [Música] [Música] [Música] C n [Música]