[Música] E aí, minha gente, sejam muito bem-vindos ao Psicologia na Prática. Eu sou a Alana Nijá, sou psicóloga, especialista na terapia cognitivo comportamental e eu tô aqui todas as terças-feiras com um novo conteúdo para te ajudar a construir uma vida mais leve, com mais inteligência emocional. E aí a gente vai conversar hoje sobre um assunto, um termo que ficou muito em alta, principalmente nesse final do ano passado.
E aí eu fui amadurecendo, conversando, estudando sobre isso. E a gente vai falar sobre obesidade mental, como esse excesso de informação tá nos deixando cada vez mais acelerados, mais ansiosos. E você já deve ter percebido quando você chega lá no fim do dia, senta no sofá, pega o celular para relaxar ou para descansar.
E quando você percebe, já passaram 2 horas, você viu um monte de vídeos curtos, leu comentários, ouviu opiniões, pulou de uma aba para outra e ainda assim sente que não aprendeu nada e que não descansou. E pior, muitas vezes sente um vazio, uma ansiedade estranha, sabe? Uma sensação de que a tua cabeça tá cheia, mas ao mesmo tempo tá vazia.
Não sei se você já sentiu isso, mas é muito comum eu ouvir esse tipo de reclamação e também de de eu mesma experimentar isso. Se você já se identificou com essa cena que eu falei um pouquinho aqui, fica aqui comigo porque hoje a gente vai falar sobre obesidade mental, um termo que ganhou muita força nesses últimos anos e que tem tudo a ver com o estilo de vida moderno. Essa expressão, ela foi popularizada, como eu falei no ano passado, e para um termo ali internacional que foi eleito o termo do ano, Brain Rot.
Talvez você já tenha ouvido falar. Eu até fiz um vídeo sobre isso nas minhas redes sociais lá no Instagram. Essa foi uma das palavras do ano, segundo o dicionário Collins.
E ela define bem o estado de exaustão mental causado pelo excesso de informação rápida, superficial, constante. A gente vive num mundo onde tudo é urgente, tudo parece importante, né? E a cada novo segundo chega uma nova notícia, uma nova tendência, uma nova opinião, um novo especialista no assunto.
E isso tem causado muita confusão. Até vi um vídeo esses dias sobre a maternidade, né? Quem é mãe e pai aqui vai me entender.
A gente aprende em um vídeo com um especialista que você deve fazer de tal forma. Em outro vídeo é para fazer de outra forma. em um um especialista fala que não pode elogiar, o outro fala que tem que elogiar e a gente vai ficando mais confuso e vai se tornando ainda mais pesado esse papel, por exemplo, da maternidade pelo excesso de informações.
A gente fica tentando acompanhar tudo ao mesmo tempo. Muitas vezes tem até um, você já devem ter ouvido falar do fomo, né, do fear of missing out. a gente tem medo de ficar por fora, seja da vida das pessoas que a gente conhece ou da vida das celebridades, da vida dos blogueiros ou de uma notícia da daquilo que tá acontecendo no mundo.
E esse medo de ficar de fora, de ficar para trás, faz com que a gente fique cada vez mais ansiosos e mais atentos a todas as informações. E o resultado disso é uma mente cada vez mais acelerada, mais ativa, mais eh, né, e menos focada na verdade, menos criativa, menos presente, que é uma habilidade tão importante. Até quero gravar outro episódio falando só sobre essa habilidade tão importante que é a habilidade de estar presente.
Mas vamos lá, vamos falar sobre o que que é então essa obesidade mental. A obesidade mental é o acúmulo como excessivo de informações que não são processadas. Então, não são processadas adequadamente pelo nosso cérebro.
Assim como o nosso corpo ele sofre com excesso de comida ultraprocessada, a nossa mente também vai sofrer com excesso de conteúdo superficial e fragmentado. Então, cada vez que você consome uma nova informação, um novo post, um novo vídeo, uma nova notificação, o nosso cérebro vai liberando dopamina, como eu já falei várias vezes aqui, que é um neurotransmissor da recompensa. Isso te dá uma sensação rápida de satisfação, mas é uma dopamina, a gente pode dizer assim, barata.
Assim como um fast food, ela preenche ali aquele vazio rapidamente, mas ela não te nutre e pior, cria uma dependência. Então, tem estudos mais recentes que mostram que esse excesso de estimulação, né, ela vai est alterando a nossa forma de pensar. Vamos pensar em alguns exemplos práticos aqui, tá?
Você abre seu celular para responder uma mensagem e sem perceber, tá? 40 minutos vendo ReS. Você assiste a três vídeos ali sobre ansiedade e já se sente super expert no assunto.
Ou então você consome ali várias opiniões sobre política e você sente que você precisa dar um palpite da sua opinião, mesmo sem entender profundamente o assunto. E aí isso dá uma uma falsa sensação de conhecimento que é muito perigoso, mas o que tá acontecendo é o contrário disso, tá? Então esse é um problema cognitivo muito sério.
A nossa mente ela precisa de reflexão, de repetição e de conexão para consolidar a informação em conhecimento. Mas com a pressa que a gente tem no dia a dia e a superficialidade dos conteúdos, a gente não consegue mais sustentar uma leitura longa ou um raciocínio complexo. Isso é uma coisa que tava me incomodando muito pessoalmente, de ter dificuldade de ler uma pesquisa científica mais aprofundada ou um livro mais profundo, porque a gente realmente tá se acostumando com conteúdos muito rápidos, muito rasos.
alguns dados que chamam chamam minha atenção que eu quero trazer aqui para vocês. Tem um, segundo uma pesquisa que foi feita em 2020, fala que o brasileiro ele lê em média 2. 4 livros por ano e esse número tende a cair.
E seis em cada 10 pessoas entrevistadas disseram que preferem consumir um conteúdo em vídeo curto do que ler. Então a gente tá ficando viciado nesse tipo de conteúdo. E claro que dá preguiça de aprofundar o nosso cérebro, ele começa a se acostumar com esse tipo de estímulo e dificilmente vai conseguir se prender e focar em outro tipo de conteúdo.
E que consequências então isso traz pra nossa saúde mental? Vamos falar disso. Então, o excesso de informações, gente, ele vai impactar diretamente o nosso sistema nervoso.
A sobrecarga cognitiva vai aumentar os níveis de cortisol, que é o hormônio do estresse, vai acabar prejudicando o nosso sono, a nossa memória, a nossa tomada de decisão. Tem estudos em neurociência que mostram que o nosso cérebro ele quando tá sobrecarregado, ele entra como num modo de sobrevivência, dificultando, por exemplo, a nossa regulação emocional, que é tão importante. Por isso que muita gente sente ansiedade sem um motivo aparente ou tá sempre irritado, esgotado, com uma sensação de vazio.
Então, se você se sente exausto, mesmo sem ter feito nada fisicamente para est assim, ou então você procrastina tarefas simples porque a tua mente tá sempre dispersa, ou não consegue mais assistir um filme inteiro sem ficar pegando no celular e assistindo e mexendo no celular ao mesmo tempo, isso pode ser porque o seu cérebro ele tá sofrendo aí com esse excesso de estímulos, essa obesidade mental, que é o termo que eu tô trazendo nesse episódio. E aí a gente precisa falar um pouquinho também sobre a comparação constante e um ciclo de insatisfação que acaba acontecendo. As redes sociais elas alimentam também essa autoestima mais fragilizada.
A cada post que a gente vê, né, daquela vida aparentemente perfeita, o nosso cérebro ele vai registrando ali que a gente tá atrás. Isso vai criando um ciclo de comparação, de frustração. Você sente que você precisa fazer mais, produzir mais, saber mais, mesmo sem saber exatamente porquê.
E aqui que entra a nossa proposta. Inclusive, eu quero falar rapidinho aqui para você sobre a a plataforma da psicologia na prática, que é um projeto que eu tô muito animada para compartilhar com vocês. Se você tá sofrendo com essas coisas que eu falei, se você sente que você tá vivendo no modo automático, sobrecarregado por muita informação, sem saber o que fazer com isso ou focar naquilo que realmente importa, eu quero te convidar a conhecer a plataforma psicologia na prática lá dentro.
A gente acredita que você eh não precisa performar em tudo, que você pode descansar, você pode ser mediano em algumas coisas, pode viver com leveza e ainda assim cuidar da sua saúde mental. Você precisa entender que estando numa comunidade de pessoas que estão nesse mesmo caminho que você, é muito mais fácil de crescer, de amadurecer. E ali dentro da plataforma você vai encontrar, além disso, trilhas de conteúdo sobre transtorno, sobre autocuidado, sobre atenção plena, ferramentas práticas para você realmente aplicar no seu dia a dia.
E além disso vai ter o acompanhamento meu da minha equipe com encontros ao vivo, com conteúdos exclusivos. Então, se você curte o Psicologia na Prática aqui no podcast, eu tenho certeza que você vai gostar muito, tá? O link tá na descrição aqui desse episódio.
Vamos continuar falando então sobre como construir. Se a gente tá falando de obesidade mental por excesso de informações e o que isso tá causando, né, pro nosso cérebro, atrofeando ele, deixando ele mais preguiçoso, a gente poderia fazer uma uma metáfora aqui de uma dieta mental saudável. Então, assim como o nosso corpo precisa de alimento nutritivo, a nossa mente precisa de conteúdo de qualidade.
Vamos falar então de dicas práticas sobre isso. Primeiro de tudo, anota aí se você pode anotar ou então ouve com atenção o que eu vou falar aqui. Você precisa fazer uma triagem digital.
Que que isso significa? Você precisa fazer uma curadoria das pessoas que você segue, dos conteúdos que você consome, rever. Eu sei que já foi falado isso, talvez, mas no passado eu já dei várias vezes essa dica, mas quem sabe é um novo momento de você rever os perfis que você segue.
Se você é mãe como eu e segue um monte de especialistas em maternidade, faz uma limpeza. Escolhe uma, duas pessoas que você vai ouvir e segue o que aquela pessoa te ensina, se você confia no que ela tá falando, mas não segue um milhão de pessoas que vão te dizer tantas dicas que você não vai conseguir colocar em prática e vai ficar frustrado. Se você segue hoje 10, 15, 20 psicólogas e aí elas talvez falem coisas até de óticas opostas, tá bom?
interessante ter mais opiniões, mas você pode est ficando confusa com tudo isso. Então, revê, silencia ou para de seguir quem tá te drenando, quem tá te fazendo sentir culpado ou tá te fazendo eh até assim trazendo muito muita informação, excesso de informação. Talvez seja o momento de você diminuir esses estímulos e essas vozes no digital.
Segundo ponto aqui, ter horários para se desconectar. Eu já falei isso inúmeras vezes, mas eu sou obrigada a trazer aqui. A obesidade mental tá vindo desse excesso de informações rasas.
Então você vai precisar colocar horários para você desconectar, para você consumir conteúdos, que aí é até a próxima dica. Vamos falar primeiro de horários para desconectar, tá? Reserva blocos do teu dia sem o celular, sem computador, né?
Coloca o teu celular em outro cômodo e faz o que for preciso para você começar a treinar o teu cérebro a est presente no momento. A terceira dica que eu fui adiantando ali é o consumo com mais intencionalidade. Escolher podcasts, livros, documentários que realmente vão te acrescentar e que vão até esticar um pouco mais o teu cérebro numa capacidade de foco, de atenção.
Um conteúdo que te desafia, que faz você sair da tua zona de conforto. Talvez vai ser um livro um pouco mais complexo, uma linguagem que você não tá acostumada, né? Leituras mais clássicas, talvez você não ame aquilo, talvez vai ser difícil, mas o teu cérebro ele tá sendo treinado, ele tá sendo esticado.
E esse é um desafio que eu te dou aqui. Escolhe aí um podcast mais difícil, né? O psicologia na prática, eu não acho que é um conteúdo raso, mas ele é um conteúdo, né, leve de ser consumido.
Talvez você possa junto com psicologia escolher um outro conteúdo, às vezes numa outra língua que você entende um pouco, não sei, mas algo que vai te fazer pensar um pouco mais e mais profundo. Outra dica, silêncio intencional. Fica 5 minutos pelo menos o teu dia em silêncio, sem música, sem celular, sem tanto estímulo, só respirando, observando as coisas ao teu redor.
Essa é uma prática também que precisa de treino, porque pode ser bastante desconfortável, tá? E aí, um quinto aqui, um objetivo que eu vou te dar para essa semana, se você não tem lido, eu acho que ouvintes de psicologia na prática normalmente são pessoas que têm mais facilidade para ler, que se interessam e tudo mais, mas se não é o seu caso, mesmo que seja um capítulo por dia, volta a ler. A leitura, ela vai aprofundar o raciocínio, ampliar o teu vocabulário e vai ajudar a acalmar a tua mente, porque você vai precisar focar em algo que não tem tanto estímulo assim, que são letras somente, e isso vai te ajudar a re, digamos assim, regenerar o teu cérebro, fazer com que ele volte ali para aquele estado mais natural, que é o natural da nossa mente.
Então, finalizando, juntando tudo isso aqui, você não precisa acompanhar tudo que tá acontecendo hoje, tá? Tem até um termo que tá vindo, é um termo até para outro episódio, mas ao invés do fomo, do fear of missing out, agora as pessoas estão falando do jomo, joy of missing out, alegria por est perdendo as coisas, sabe? Às vezes você fica, você fazer um detox, ficar uma semana sem celular ou sem rede social e aí quando você volta você vê que você não perdeu nada demais.
na verdade te dá uma alegria de falar: "Nossa, eu não preciso fazer parte de tudo" e tá sabendo de tudo e consumindo tudo a gente não foi feito para processar tanta informação ao mesmo tempo. Por exemplo, eu como psicóloga, eu sei que eu poderia estudar tantas coisas, ler tantos livros, fazer tantos cursos, mas eu não vou conseguir saber tudo e estudar sobre tudo. Então eu escolho focar os meus estudos, é, na terapia cognitivo comportamental, é dentro dessa linha e eu vou fazer o possível, né, para aprofundar dentro disso.
Mas eu sei que tem muitas outras coisas que eu não vou saber e eu preciso fazer as pazes com isso, tá? O teu valor, ele não tá no quanto você sabe, o quanto você produz, tá na tua capacidade de estar presente, de viver com intenção, de cuidar da sua mente. A obesidade mental, ela não é, não te faz fraco ou preguiçoso, é que você pode ser que esteja entrando, tem entrado, aliás, num piloto automático e tá sobrecarregada mesmo por um mundo que não para, mas você pode parar.
O mundo não vai parar por você, mas você pode parar e observar as coisas ao teu redor e fazer escolhas mais conscientes. Pode respirar, pode escolher o que realmente importa, pode escolher consumir os conteúdos que você deseja. Se esse episódio te ajudou de alguma forma, eu quero te convidar a compartilhar isso com alguém que precisa ouvir e a gente segue por aqui fazendo a dieta que a nossa mente precisa.
Eu espero que você, assim como eu, possa nessa semana fazer escolhas melhores e a gente se vê na próxima semana. Um beijo e até lá.