REFLEXÕES E PLANEJAMENTO DIANTE DE UM NOVO CICLO - Lúcia Helena Galvão da Nova Acrópole

Eu costumo dizer que o dia do ano novo é o dia internacional da reflexão sobre o tempo que passou e do planejamento sobre o tempo que virá. Nós temos que valorizar esse dia internacional porque a reflexão e o planejamento são duas coisas extremamente necessárias para que o nosso tempo possa fluir de uma maneira que ele não seja todo perdido, que ele nos deixe algo de útil, que nos gere um verdadeiro crescimento, uma expansão de consciência, que é o que viemos buscar aqui. Não considerem, não caiam naquela intelectualização de que um tempo que a gente mede como ano não vale nada, porque cada povo tem o seu calendário.

Tá bom, mas acontece que nós temos que saber que os fatos psicológicos são tão ou mais reais do que os fatos físicos. Não importa que cada um meça o tempo de um jeito diferente; o que importa é que todo o povo reconhece que existem ciclos na nossa vida e que cada ciclo que se encerra é necessário avaliar o tempo que passou, porque significa que a nossa vida passou por um período de tempo significativo. Nós, no caso dos povos ocidentais, em geral, medimos isso com a passagem das quatro estações, e isso é importante.

Nós sabemos que a natureza cumpriu um ciclo completo e aí começamos a refazer nosso planejamento para o próximo ciclo, refazendo nosso planejamento do que faremos com o tempo a partir daí, sempre considerando que um ano não é pouco tempo. Considerando que temos uma vida onde vivemos apenas algumas dezenas de anos, não são tantos assim. Portanto, não podemos desperdiçar um ano, pois é muita coisa a ser perdida.

Então, eu sugiro que você, ao fazer a sua reflexão e o seu planejamento, leve em consideração alguns desses tópicos que eu estou sugerindo para vocês, que são tópicos que eu uso na minha própria reflexão e no meu próprio planejamento. Vamos lá! Primeiro lugar: na reflexão sobre o ano que passou, sugiro que você pense no seguinte: primeiro lugar, verifique o quanto você aprendeu este ano.

Ou seja, quais são as coisas que você não sabia sobre a vida e que você sabe agora? Sobre como lidar com as pessoas, sobre como lidar consigo mesmo, sobre como resistir à adversidade, sobre como não se deixar dominar pelo orgulho, pela vaidade, pela cólera. Como não deixar que esses elementos subam à sua cabeça?

Enfim, qual aprendizado de vida você teve nesse ano? O que te tornou maior neste ano? O que você colheu de sabedoria nesse ano que passou?

Isso é a principal reflexão. Em segundo lugar, pergunte a si próprio: veja se ainda existe alguma conta que não foi fechada. Ou seja, algo que ficou por sintetizar e aprender.

O que vem a ser uma conta que não foi fechada? Foi uma adversidade qualquer que você viveu, que você se recusou a aprender com ela. Ficou tão magoado, tão ferido, tão abalado por aquilo, que não quis nem pensar mais naquilo.

É importante que você pegue essa adversidade e perceba que ela foi dura, ela foi difícil, mas ela também te ensinou muitas coisas. Fique naquilo de bom que ela te deu. Fixe nisso e feche a conta: "Eu paguei tal preço e ganhei tal coisa, portanto, fechei a conta disso.

Não vou arrastar esse processo pela vida fora, não vou deixar esse fio solto no meu futuro. Isso aqui está fechado: custou caro, mas me deu coisas muito boas. Então, perto do que eu cresci, foi bem pago.

" Feche a conta de todas as situações mal resolvidas do ano, para que você não fique com pendências para o futuro. Pendências que podem te amarrar ao passado de uma maneira que atrasa muito o seu passo. Então, feche as contas com o ano de 2024.

Como terceiro elemento para reflexão, veja se ficou pendente algum perdão que você não concedeu ou que você não pediu. Ou seja, alguém te pediu perdão e você não deu, disse "não", ou você deixou de pedir perdão para alguém. Isso também é uma maneira de fechar as contas com o passado.

Reconhecer os nossos erros e pedir às pessoas perdão, retratar-se por eles, não importa que já tenha passado muito tempo. Use exatamente o fato de que você está refletindo sobre o ano para poder fazer dessa uma oportunidade para se retratar. Retrate-se, peça perdão pelos erros cometidos e conceda perdão àquelas pessoas que cometeram erros, considerando que você mesmo os cometeu e que somos todos humanos.

Estamos todos lutando contra as mesmas sombras, contra os mesmos fatores, e pode acontecer de sermos derrotados de vez em quando. Então, conceda perdão. Peça perdão, feche essas contas emocionais também com esse ano, para caminhar com segurança para o futuro.

Que mais é importante refletir? Verifique se aprendeu a amar alguém a mais do que já amava. Perceba que a nossa intenção final como seres humanos é um dia ter dentro do nosso coração toda a humanidade.

Nosso amor tem vocação, ele deveria estar sempre se expandindo e abrangendo um conjunto maior de pessoas. Nosso coração não tem limitações; nós é que acreditamos que ele tem limitações. Dentro dele cabe toda a humanidade.

Ao longo desse ano, além daqueles que eu já amava, eu estendi o meu espectro de amor. Ou seja, eu amo mais uma pessoa, mais outra. Aprendi a amar mais alguém, eu expandi o meu coração neste ano.

Se não fez, é um bom momento para fazer agora, para que esse ciclo não feche sem que você tenha desenvolvido um laço com alguém, um laço de gratidão, de carinho, que se transforma num sentimento amoroso. Estender o seu coração todos os anos é extremamente necessário. Que mais podemos refletir?

Veja se parou para observar e admirar a natureza alguma vez. Isso também faz parte, é extremamente necessário para que respeitemos a natureza e que. .

. Para respeitarmos a nossa própria natureza humana, porque a natureza nos faz um bem tremendo, ela nos harmoniza, ela nos purifica, ela nos desintoxica. Que momento eu parei para olhar para ela, aprender com ela, da sua harmonia, das diferenças, da sua beleza nos detalhes, da sua capacidade de seguir o Dharma com perfeição, fazendo tudo aquilo que é próprio dela, não se desviando em nenhum momento.

O que eu pude apreciar, observar e aprender da natureza! Quanto eu pude dar e receber de carinho. Faça essa reflexão: se você não lembra de nenhuma circunstância desse tipo, faça agora.

Vá ter um contato com a natureza, reflita sobre ela, dialogue com ela, aprenda, emita sentimentos, e isso também é algo que deveria estar sempre presente em todos os ciclos da nossa vida. Essas são algumas reflexões em vários campos para que você pense sobre a qualidade do teu ano. Não deixe de fazer uma por uma; todas elas são muito válidas.

Aí vem a questão do planejamento: o que seria interessante você planejar para o próximo ciclo? Em primeiro lugar, sair deste novo ano maior do que entrou, tendo disciplina. Ou seja, você vai se propor, para no próximo ano, sair dele maior do que você está entrando agora, tendo disciplina para fazer algumas coisas.

A disciplina, lembre-se, é um elemento fundamental. Você se programar para ter, a partir da disciplina que você viabiliza, para que as coisas novas entrem na sua vida. A disciplina organiza, coloca cada coisa no seu lugar e permite que o ar circule, que o oxigênio circule, que haja respiração, que haja vida, que haja renovação dentro da tua vida física, psicológica, moral e espiritual.

É através da disciplina que cuidamos de todos os nossos corpos. Então, que a gente tenha disciplina para, em primeiro lugar, observar e corrigir nossos erros, estar atentos todos os dias, fazer uma reflexão sobre o meu dia de hoje. Não deixar os erros passarem batidos, como se diz popularmente, sem percebermos onde erramos.

Seja todos os dias uma reflexão sobre o nosso dia que nos permita observar e fazer um pacto conosco mesmos de não errar novamente naquele mesmo assunto, não cair novamente naquele mesmo erro, não cair novamente nos mesmos buracos com os quais já caímos. Ou seja, não deixar que os erros passem despercebidos. Que eu tenha disciplina para fazer essa avaliação todos os dias.

Em segundo lugar, a disciplina para observar os sentimentos alheios e ser empático com eles. Seja, não passar batido pelas pessoas, olhar nos olhos das pessoas quando você as cumprimenta, sentir um pouco dos sentimentos delas, compartilhar com elas os teus sentimentos, fazer essa troca e ser empático com aquele estado de espírito que cada um tem. Demonstrar carinho com aquele que está abatido, atenção com aquele que se mostra inseguro.

Ou seja, que eu pratique empatia neste ano. Sinta os sentimentos do outro, seja empático com eles, dê resposta a esses sentimentos da melhor maneira possível. Que não passe friamente pelas pessoas durante esse ano, que haja um compartilhamento de coração.

Que mais? Que eu possa estar com a natureza, harmonizar-me com ela e respeitá-la. Seja que eu tenha essa oportunidade de conviver com a natureza, de preferência periodicamente.

Sei lá, uma vez por semana que seja. Estar em contato com a natureza, naquele espaço que é mais próximo de você, circular por ela, respirar fundo, sentir um pouco a terra sob os seus pés, sentir a energia que emana dela, trocar energias com ela, amá-la, respeitá-la. Todas essas coisas são tão vitais e tão necessárias para todos nós.

Que mais podemos fazer de planejamento para esse nosso próximo ano? Bom, segundo planejamento necessário: planeje a generosidade, não apenas os ganhos, aquilo que a gente costuma planejar. Eu quero comprar uma casa, eu quero fazer uma viagem.

Você está planejando só o que você quer ganhar? Planeje também aquilo que você quer dar. Eu quero dar mais atenção a tal pessoa, eu quero dar mais tempo em relação a tal outra, eu quero dar mais qualidade de sentimentos a essas pessoas com as quais convivo.

Quero dar mais atenção, quero dar uma ajuda financeira a alguma pessoa. Ou seja, planeje a generosidade e não simplesmente a posse. Isso é fundamental para que o nosso ano tenha equilíbrio.

Porque, no final das contas, como já falamos tantas vezes, o homem é do tamanho da sua generosidade. A natureza vai nos pedir cada vez mais entrega, e entrega é um dos sentidos fundamentais da vida; que tudo aquilo que nós somos seja, de alguma maneira, disponível para as necessidades da natureza, que pede muito mais daquilo que somos do que daquilo que temos. Aprender a fazer, dar com justiça no campo material, dar com justiça em todos os campos, mas não será varo no campo psicológico, moral e espiritual.

O que mais temos de planejamento? Incluir a humanidade entre aqueles que nós pretendemos beneficiar. Alguma coisa em prol da humanidade.

Ou seja, um pouco mais de preocupação com o que está acontecendo com ela, um pouco mais de carinho, tentando pensar na dor, na necessidade de todos os seres humanos como um problema nosso. Um pouco mais de empatia, um pouco mais de vontade de ser, de alguma maneira, útil. Uma vontade profunda de que a minha vida some para minimizar essas dores da humanidade.

Seja colocar a humanidade dentro das minhas listas de responsabilidade, de compromisso, de preocupação, de tal maneira que o meu coração não esteja só com meia dúzia de seres humanos, esteja um pouco com toda a humanidade. Que mais? Procurar corrigir os males do mundo quando se refletem na sua vida.

Seja, o mundo está se acabando pelo quê? Pelo ódio. O que eu posso fazer contra isso?

Eu vou acabar com o ódio que existe dentro da minha vida, vou combatê-lo duramente, porque se já não. . .

Existe ódio em mim. Existe menos ódio na humanidade. A competição que está acabando dizimando as pessoas, umas querendo subir sobre as outras.

Eu vou acabar com esse espírito de competição na minha vida; vou estar atento a ele. Não vou fazer nada motivado por ele. Se eu controlo isso na minha vida, a humanidade terá mais chance.

Eu sou menos uma pessoa nessa lista e posso ser exemplo de transformação, ou seja, perceber o que existe de problema no mundo, ver como esse problema se reflete na sua vida e responsabilizar-se por combatê-lo. Assim, você ajuda o mundo a combatê-lo; assim, você se alia às forças da natureza que combatem todo o mal que existe no mundo. Quando você sai do campo dos males, quando você para de jogar no campo adversário, quando você não dá da sua vida para esses males, ou seja, não contribui com eles com a sua vida, então eu vou me comprometer a vencer na minha vida aquilo para o qual o mundo está sendo derrotado, que mais deseja a bondade acima de qualquer coisa.

Eu desejo. Se eu te fizer uma lista das coisas que eu mais quero esse ano, eu quero isso, aquilo, a casa, a viagem, o carro. Eu quero, sobretudo, me tornar uma pessoa mais bondosa.

Eu quero que, no virar do próximo ano, eu tenha mais bondade no meu coração. Eu quero ter uma vontade de beneficiar as pessoas, um desejo intenso que seja tão grande que doa dentro do meu coração por não caber dentro dele, de tão grande que é. Uma vontade grande de beneficiar, de trazer o bem ao mundo, de fazer do mundo um lugar melhor, fazer com que as pessoas estejam melhor; ou seja, que haja mais bondade no meu coração.

Que essa seja a minha principal busca, a minha principal ou, quem sabe, a minha única ambição: querer ser mais bondoso do que eu sou hoje, porque esse é um caso de uma ambição absolutamente legítima. Reconhecer e estimular as qualidades alheias. Esse ano, eu não vou ficar só apontando os defeitos dos outros.

De preferência, se eu puder, eu nem vou apontá-las, mas eu vou reconhecer e reforçar as qualidades das pessoas à minha volta. Cada vez que fizerem uma coisa boa, eu vou dizer para elas: "Como você fez uma coisa boa! Que bom foi isso, que bonito a tua maneira de fazer tal coisa!

Como é boa a maneira com que você se coloca no grupo! Como foi bom você dizer isso a tal pessoa! " Ou seja, eu vou reconhecer e valorizar aquilo que as pessoas têm de positivo, porque assim eu estou me aliando a elas na luta que elas têm contra os seus próprios males.

Ao invés de ressaltar o campo inimigo, que são os males, eu ressalto o campo amigo, que são os bens. E, então, eu me uno a elas para lutar contra os defeitos delas. Eu reforço aquilo que elas têm de positivo e autêntico, porque nós somos a bondade que existe dentro de nós.

Essa é a nossa mais profunda identidade. Nós somos a bondade que existe dentro de cada um de nós. Portanto, una-se à bondade que existe dentro de cada pessoa.

Valorize; esse ano eu vou valorizar as qualidades das pessoas ao invés de ficar apontando defeitos. Colocar de vez em quando a consciência no pulsar do meu coração. Esse é um exercício muito interessante.

De vez em quando, considerando que todas as tradições sempre falavam que, na verdade, os nossos pensamentos têm que ser filtrados pelo coração, que aí eles se humanizam, que aí eles se tornam cada vez mais intuitivos, cada vez mais profundos, cada vez mais capazes de gerar vida. Ou seja, em um determinado momento, me ficar com esses pensamentos que passam para lá e para cá, deixá-los fazendo barulhos como se fossem um barulho externo que não tem nada a ver com você e se concentrar no pulsar do seu coração. Faça isso se puder todos os dias, alguns poucos minutos.

Concentre-se, tente perceber essa batida dentro do seu peito, concentre-se no seu coração e você vai sentir o bem-estar que vem daí. É esse bem-estar da bondade que reside simbolicamente nesse centro do ser humano, essa bondade que praticamente transborda e invade a nossa consciência quando fazemos esse ato de imaginação e nos concentramos no nosso coração. Nos desidentificar, ouvir as batidas do nosso coração por um minuto que seja, fazer esse exercício que mais gera paz de espírito e curtir profundamente esse estado, encontrando nele a felicidade.

De vez em quando, avalie o seu dia e perceba: "Bom, hoje eu fiz tudo que eu tinha que fazer como ser humano. " Sinta paz de espírito; paz de estar em kites com céus e terra e perceba como a paz de espírito é a verdadeira felicidade. Procure esse estado, procure gerar estado de paz de espírito.

Você vai perceber que, quando comparar esse estado com as diversões que você tem, com o lazer que você tem, você vai perceber que esse é o estado que mais te traz felicidade: sentir que fez aquilo que devia, que está em paz com céus e terra no dia de hoje, ou seja, que a sua consciência está limpa, que você merece o sono dos justos. Saboreie esse estado de paz de espírito, percebendo que aí existe o nosso momento de maior felicidade. Essas são algumas recomendações para o seu planejamento para esse próximo ano que vem.

Eu espero que você possa levá-las em consideração, porque, olha, eu posso te garantir, têm sido muito úteis na minha vida. Fazem muita diferença. Inclua isso na sua listinha, leve em consideração; pode trazer um ganho de qualidade muito grande às suas reflexões e ao seu planejamento para esse próximo ciclo.

Um Feliz Ano Novo para você! Tudo de bom nesse novo ciclo que se abre diante de nós. Um abraço.