Cada manhã é como uma nova reencarnação neste mundo. A cada manhã temos uma nova chance de sermos nós mesmos, e não meramente ecos de nossas próprias fixações ideológicas do passado. .
. As tendências e hábitos, as atividades físicas e mentais que trouxemos ao longo do nosso próprio passado, se estabelecem e se solidificam no que chamamos de nosso ser pessoal, nossa individualidade, nosso ego. Este é o ego que erroneamente julgamos ser nosso ser real.
Este é o ego ao qual a memória nos ata. Esta é a parte ilusória de nossa personalidade dual; esta é a parte conhecida de nosso ser, e isto que conhecemos é uma mera sombra lançada pela parte desconhecida que é infinitamente maior. Ela se move de um corpo terreno a outro, de um sonho a outro por meio da fantasmagoria da existência, sem despertar para a realidade.
Todavia, a vida não permitirá que essa combinação seja mais que temporária, e nós continuaremos mudando com o tempo. Nós nos identificamos com cada uma dessas mudanças, por sua vez, sempre achando que elas são realmente nós mesmos. Somente quando acalmamos essas atividades e nos retiramos desses hábitos por um breve período, em meditação, é que afinal descobrimos, pela primeira vez, que eles não constituem o nosso verdadeiro Eu.
Na verdade, eles então são vistos como nosso falso eu, pois é só então que descobrimos o ser interior, que é o verdadeiro Eu, escondido e encoberto por esses velhos hábitos. Ai de mim! Tão forte são os seus poderes seculares, que nós logo lhes permitimos reassumir suas formas tiranas sobre nós, e em seguida nos tornamos novamente vítimas da grande ilusão do ego.
Somos prisioneiros de nosso ego porque somos prisioneiros do nosso passado. Aqueles que recorrem com frequência a pensamentos do seu passado acabam presos por ele, e são mantidos prisioneiros do ego. O remorso por pecados cometidos e a autopiedade por ser a vítima do pecado dos outros – ambos são logo exagerados e criam mais obstáculos a serem superados na Busca.
Se conseguirmos desapegar-nos das reivindicações das memórias passadas e das antecipações de resultados futuros, conseguiremos desapegar-nos do ego. . .
O que quer que ajude a conduzi-lo para além da tirania do ego, seja uma ideia ou uma situação, um estado de espírito induzido ou um serviço particular, vale a pena tentar. Mas, a liberdade será mais fácil, e o resultado mais bem sucedido, na medida em que você consiga se liberar de sua própria história passada. Neste momento, liberte-se do passado.
Liberte-se do Ego. Paul Brunton. “Cada respiração é uma chance para renascer espiritualmente.
Mas para renascer em uma nova vida, é preciso morrer antes de morrer. ” – Shams de Tabriz. O ego é uma estrutura construída a partir de tendências.
São apenas hábitos e experiências desenvolvidos em um padrão específico. Mas no fim, tudo isso não passa de um pensamento, ainda que um pensamento forte e contínuo. O ego pessoal nada mais é do que a totalidade dos seus pensamentos.
Se você anotar cada pensamento que lhe ocorre ao longo do dia, e somar todos eles, isso formaria a sua “personalidade”. Se não houvesse pensamentos, não haveria um ego pessoal. Silenciar os pensamentos é silenciar o ego, em todos os aspectos.
A tendência última da evolução humana é por intermédio e para além da personalidade, como a conhecemos agora. Devemos encontrar-nos novamente em uma individualidade mais elevada, a Alma. Para alcançamos isso, as características mais baixas devem ser lentamente desprendidas.
Nesse sentido, nós realmente morremos para o eu terreno, e nascemos novamente no verdadeiro Eu. Essa é a única morte verdadeira que nos aguarda. A toda pessoa é oferecida essa chance de viver novamente, não apenas uma vez, mas quantas forem necessárias, para trazê-la de volta a seu ser mais divino, e a nele estabelecer-se.
Na verdade, você está sendo chamado a morrer para o seu ego, a retirar de sua vida desejos e paixões, ódios e ambições, e a aprender a arte de viver em total independência das coisas externas e em total dependência ao seu verdadeiro Eu. Este é o mesmo chamado de Jesus quando disse: “Aquele que perder sua vida a encontrará”. Assim, os pesares da vida nesta Terra não são mais que um meio transitório para um fim eterno, um processo pelo qual temos de aprender a como ampliar a nossa consciência do eu pessoal para o verdadeiro Eu espiritual.
Há apenas uma razão para estarmos aqui na Terra, que é descobrirmos o nosso verdadeiro Eu espiritual, nosso verdadeiro Ser Interno. A não ser que o consigamos, nós voltaremos aqui repetidamente, e sofreremos até consegui-lo. Então, chega uma hora em que o homem velho tem que virar as suas costas para o passado, pois ele está se tornando um estranho e um novo homem está nascendo.
Memórias obstruiriam esse processo. A mente deve continuar gradualmente separando-se de suas antigas ilusões, seus preconceitos alimentados pelo tempo, raramente consciente de qualquer progresso até que, em um fatídico dia, a verdade triunfe abruptamente em um vívido lampejo de iluminação suprema. Um dia, o misterioso evento chamado por Jesus de “nascer de novo” acontecerá.
Haverá um sereno deslocamento do falso eu para o verdadeiro Eu. Virá no segredo do coração do discípulo e virá com um poder irresistível ao qual o intelecto, o ego e o animal dentro dele podem até resistir, mas resistirão em vão. .
. Quando você realmente começa a se conhecer, quando você experimenta o maravilhoso toque do Impalpável, você se sente verdadeiramente vivo. Nesse momento abençoado, você se encontra livre, como nunca antes, pois se encontra sem as perplexidades do intelecto e sem as maquinações do ego.
Nesse breve intervalo em que você se sente na presença do verdadeiro Eu, em que a benevolência, a paz e a sabedoria se tornam vivas realidades eternas, ao invés de meras palavras zombeteiras, a pequenez da vida desaparece e uma grandeza sagrada a substitui. Este é o destino do ego, ser elevado ao verdadeiro Eu, e lá, extinguir-se ou, mais corretamente, transcender-se. Mas, como o ego não vai deliberadamente acabar com a sua própria vida, algum poder externo deve intervir para realizar essa elevação.
Este poder é a Graça. E esta é a razão pela qual a aparição da Graça é imperativa. Muitos falharam em se desidentificarem de seus pensamentos, apesar de todas as tentativas.
Isto demonstra sua dificuldade, não a sua impossibilidade. Em tais casos, somente a Graça os liberará de suas cadeias de pensamento. Não haveria esperança de sairmos dessa nossa posição egocêntrica se não conhecêssemos essas três coisas: Primeiro, o ego é apenas uma acumulação de memórias e uma série de desejos, ou seja, o ego é apenas um pensamento; ele é uma entidade fictícia.
Segundo, a atividade pensante pode chegar a um fim através da quietude. Terceiro, a Graça, a radiação do Poder além da pessoa, está sempre reluzindo e sempre presente. Se deixarmos a mente se tornar profundamente quieta e profunda observadora do instinto de autopreservação do ego, abrimos a porta para a Graça, que então nos sorve amorosamente.
O pré-requisito indispensável é a autoentrega. Submeta-se como uma taça vazia a ser preenchida pela Graça, e pela a intuitiva orientação do verdadeiro Eu. Não desista dessa meta, não se satisfaça com uma espécie de vida que é metade uma coisa, metade outra.
Mas se essa meta nos parece distante demais, ou a escalada nos parece muito íngreme, o que deveríamos fazer? Faça o máximo que você puder para avançar. Se lhe faltar força para percorrer todo o caminho, então percorra apenas uma parte.
A tarefa do buscador espiritual é abrir caminho, remover obstruções e adquirir concentração. E então, a união dessas atividades fará com que a Graça do verdadeiro Eu possa atingi-lo. A Graça está sempre aqui, disponível para todos.
Através da Graça, os erros do passado podem ser esquecidos de modo que a cura do presente possa ser aceita. Na alegria dessa Graça, o sofrimento dos velhos erros pode ser banido para sempre. Então, não retorne ao passado – viva apenas no eterno Agora – em sua paz, amor, sabedoria e força.
Isso é liberdade.