Jean Klein - Viva no Agora

19.52k views750 WordsCopy TextShare
Corvo Seco
Trechos do livro “The Ease of Being”, e de gravações em palestras de Jean Klein. Jean Klein (1912 -...
Video Transcript:
Aqui está algo que me parece bastante  significativo, e que acontece todos os dias – nós fazemos uma coisa enquanto pensamos em outra. Por exemplo, muitas vezes coloco minhas chaves em algum lugar e, no momento seguinte, não consigo  me lembrar onde estão, porque eu estava pensando em outra coisa e não estava realmente presente. Este não é um exemplo muito comum que demonstra que na maioria das vezes não  estamos presentes para nós mesmos?
É sim. Estamos sempre em outro lugar,  vivendo adiantados ou atrasados no tempo, ansiamos pelo futuro ou lamentamos o passado.  Nunca estamos realmente aqui.
Experimente isso, experimente viver apenas neste momento  presente, isso mudará completamente a sua vida. Viva no Agora. Jean Klein.
Quando você acredita ser uma pessoa,  quando você se apega à imagem do eu, você nunca está no agora, você está  apenas no futuro ou no passado. Somos ensinados a sobrepor o passado sobre  o presente e o futuro, e assim, perdemos a excitação, a novidade do momento. É preciso  atenção para ver o funcionamento deste mecanismo.
Se nos afastamos do presente, ou melhor, se  o presente tantas vezes não consegue prender a nossa atenção, é porque o concebemos como  sendo uma realidade já conhecida e registrada, portanto, não temos nenhum interesse. Uma mente cheia de pensamentos sobre o já conhecido, não é receptiva à corrente da  vida que flui a partir do “todo-possível”. Lembre-se que apenas o momento presente  é real, tudo o mais são pensamentos.
Tudo flui do agora, e tudo  aparece e desaparece no agora. O que devemos entender é que a consciência no  presente é o único verdadeiro ponto de partida para todas as experiências, e que esse ponto  de partida é ao mesmo tempo o ponto de chegada. Em última instancia, todas as coisas aparecem no  vazio e têm sua realidade no vazio.
É o agora que dá realidade às percepções. Somente  então elas têm uma certa realidade, uma realidade estendida. Mas, em última  instancia, tudo pertence ao agora, ao presente.
Tudo o que aparece é uma extensão do agora,  uma prolongação da consciência, da percepção. A consciência no presente é o verdadeiro substrato  da realidade. A partir desse pano de fundo, surge o pensamento, e com ele, o mundo da  multiplicidade.
Mas mesmo enquanto a mente está ativa, o pano de fundo permanece,  como a consciência que testemunha tudo. Acredito que, na vida cotidiana,  devemos voltar frequentemente ao ponto de partida. E você nunca pode  pensar sobre este ponto de partida, pois no momento em que você pensa no  ponto de partida, ele já está no passado.
O ponto de partida é o presente, o eterno  agora. Tudo flui do agora, e tudo aparece e desaparece no agora. O agora é uma espécie  de percepção original, uma percepção direta, onde você se conhece em sua totalidade.
Mas  não há um “conhecer”, há apenas o agora. O presente eterno não tem relação com o  tempo e o espaço; portanto, ele não tem ligação com o passado, o futuro ou qualquer lugar  específico. Em sua essência, é a realidade pura, aqui e agora.
Como essa realidade está fora  de qualquer estrutura mental, ela não pode ser expressa, comunicada ou conhecida de nenhuma  maneira, exceto por uma experiência direta. Então, tudo o que precisamos fazer  é deixar de enfatizar os objetos, mas sim o sujeito último de toda experiência,  que é a consciência do momento presente. Enquanto não entendermos que a verdadeira  bem-aventurança não está nos objetos, mas sim em nós mesmos, continuaremos a depositar  as nossas esperanças no futuro.
E assim, vivemos em um estado de desequilíbrio, nos esforçando  incessantemente em direção ao futuro. Ao tentar alcançar e se  tornar, há sempre um objeto, mas o que somos nunca pode ser um  objeto. Nós somos o sujeito último.
Todo tipo de se tornar, alcançar,  conquistar, é, na verdade, afastar-se do que realmente somos. O que somos  é o que está imediatamente mais próximo de nós. Tornar-se, é muito útil no  sentido de aprendermos uma língua, para aprendermos uma ciência, ou para  adquirirmos qualquer habilidade técnica, mas é inútil para descobrirmos o que somos  fundamentalmente, pois nós já somos isso.
Somos aquilo que é o mais próximo de nós. Neste ponto, acredito que o mais importante aqui é ver que não há nada a se alcançar, nada  a conquistar. Quando você realmente vê isso, quando você realmente entende, toda a  energia que você gastou para alcançar, para se tornar, cessa, chega a um ponto  final.
Então, nós realmente somos.
Copyright © 2024. Made with ♥ in London by YTScribe.com