Hoje eu vou te contar como uma roupa tão comum quanto uma simples calça jeans está no centro de uma crise sem precedentes. Eu estou falando de um impacto da indústria da moda fast-fashion: grandes lojas que vendem roupas baratas, mas de qualidade baixa, que depois de poucos usos já têm que ser descartadas. Apesar da sua rápida passagem no nosso guarda-roupa, as roupas sem marca fabricadas por empresas como Shein e Zara já estão deixando sua marca no meio ambiente e já impactam diretamente as nossas vidas.
Foi o que Lucrécia descobriu quando decidiu comprar uma simples calça jeans. Finalmente chegou o 5º dia útil e Lucrécia recebeu o seu tão aguardado salário. Só que desta vez, uma parte dele já tinha um destino certo.
Ela precisava incrementar o seu guarda-roupas, afinal, já fazia meses que nenhuma peça nova aparecia por lá. O objetivo era comprar só uma calça jeans. Mas navegando pelo site de uma das maiores lojas de roupa do mundo, logo seu carrinho estava lotado.
Pra ela, a decisão era justificável, afinal pelo preço de uma calça jeans no shopping dava pra comprar duas blusinhas, um cropped, um vestido tubinho e a própria calça jeans. Seria um investimento. Quem aí já fez exatamente como a Lucrécia?
Eu sei que tem homens que também gastam bem mais do que o planejado com roupas. Agora me conta: Você sabe qual material foi usado em cada uma das suas roupas e como elas foram produzidas? O tipo de material pode ser a diferença entre você ter uma roupa de qualidade que dura anos ou uma roupa que além de poluir o meio ambiente durante a fabricação, não dura nem dois meses e vai parar no lixão em algum canto do mundo.
Lucrécia, no auge dos seus 22 anos, assim como milhões de pessoas, está aprisionada em uma tendência chamada Fast-Fashion. A tendência Fast Fashion começou na década de 70, quando grandes marcas passaram a copiar as roupas e os estilos das passarelas da moda de luxo, mas usando materiais principalmente sintéticos e de menor qualidade. O objetivo era produzir roupas em massa que pudessem suprir a demanda de uma população que não podia parar caro pra se vestir.
Mas o que começou com a democratização da moda de luxo, avançou rápido para um modelo de negócios nocivo. Antes do Fast-Fashion, as marcas costumavam lançar 2 ou 3 coleções por ano, de alta qualidade. O design dos produtos era planejado para que eles durassem até o ano seguinte… Mas as grandes lojas perceberam que reduzir a qualidade das roupas e lançar muito mais coleções a um preço mais baixo poderia gerar um faturamento maior.
E a carta na manga do fast-fashion seria uma boa campanha de marketing. As lojas precisavam convencer os consumidores de que roupas compradas há 2, 3 meses já não eram mais tendências e que era preciso comprar outras. E o objetivo foi atingido.
Hoje, grandes marcas como Zara, a gigante sueca H&M que está crescendo no Brasil e a famosa SHEIN agora lançam novas coleções de pior qualidade, cerca de 50 vezes por ano. As roupas não precisam mais durar porque sempre vai ter uma coleção nova disponível a um clique de distância. Me conta aqui se você reparou que a qualidade das roupas básicas do dia a dia está caindo.
A estratégia de marketing é tão eficiente que os próprios consumidores estão gerando conteúdo em redes sociais como TikTok e Instagram, o chamado User-Generated Content. Se você está vendo cada vez mais jovens compartilhando os descontos que tiveram, é porque isso é uma estratégia das marcas para conquistar a geração que nasceu depois dos anos 2000, que está começando a ter dinheiro ali para fazer as próprias compras. O consumo de roupas que já tinha crescido 60% em 2014, em relação ao ano 2000, disparou na pandemia.
E o caso mais emblemático é o da SHEIN, que bateu 90 bilhões de valor de mercado e está preparando entrar na bolsa de valores. Mas o problema não é só a redução na qualidade das roupas e a pressão pra que você acompanhe as tendências. O fast-fashion demanda uma produção constante de novas coleções, gerando estresse nos trabalhadores da indústria.
Além disso, a pressão por redução de custos nas fábricas leva à exploração de mão de obra, inclusive trabalho infantil em algumas regiões. Os trabalhadores da indústria da moda enfrentam condições de trabalho desumanas, salários baixos e falta de direitos trabalhistas. Pesado né?
Na cabeça de Lucrécia, ela só estava aproveitando uma oportunidade de comprar barato. E eu confesso que por muitos anos eu também pensei assim, buscando o produto mais barato possível. Se por um lado o objetivo das lojas de aumentar o faturamento foi atingido, do outro, existem pessoas sofrendo as consequências de um crescimento exagerado.
Mas não para por aí. Existe um outro impacto da indústria do fast-fashion que não costuma sair na mídia, um que a Lucrécia também não conhecia e que milhares de pessoas nem sabem que existe. Por incrível que pareça, as roupas que Lucrécia comprou geram problemas no momento que elas são produzidas, durante o uso e depois que elas são descartadas.
Este é o impacto ambiental do fast-fashion. A indústria têxtil usa muitos recursos naturais. Só de água são usados 2,7 mil litros para produzir uma única camiseta de algodão.
Isso porque você precisa irrigar por meses grandes plantações de algodão que ocupam uma área extensa. Além disso, precisa gastar energia e combustível para colher esse algodão e gastar ainda mais água para limpar o algodão colhido. E tem mais impactos, mas vamos ser mais práticos e pegar como exemplo o nosso querido jeans, a peça-chave que faltava no guarda-roupa da Lucrécia.
O jeans é feito de um tipo de tecido resistente chamado denim, que é um tipo de algodão, branquinho. Ou seja, pro denim, que é branco ficar com a cor característica do jeans azul, ele precisa passar por tingimento, usando o corante índigo ou anil. Esse processo da produção e tingimento do jeans tem um imenso impacto ambiental e social, porque ele gera uma quantidade absurda de poluição.
Pra começar, o corante é dissolvido em tanques de água e o jeans é mergulhado neles. A falta de técnicas eficazes de reciclagem de água nas fábricas de produção de denim gera um alto consumo de água doce, o que pode levar à escassez de água em áreas vulneráveis. A produção de denim também usa produtos químicos nocivos, incluindo outros corantes e fixadores.
Muitas vezes, esses produtos químicos são descartados de forma inadequada, poluindo rios e corpos d'água. Galera, isso é bastante preocupante em países como Bangladesh que têm padrões ambientais mais fracos e é de onde vem muito do denim usado em jeans do mundo todo. A exposição a produtos químicos tóxicos no processo de tingimento do denim pode ser prejudicial para os trabalhadores das fábricas e para as comunidades próximas.
A poluição da água com corantes e produtos químicos pode afetar a qualidade da água potável e ter impactos na saúde das pessoas. Mas até agora o impacto não chegou até você que está assistindo esse vídeo. É porque eu não te falei sobre o que acontece quando você usa as suas roupas.
Você já percebeu que já na primeira lavagem a roupa já perde um pouquinho da cor? Normalmente, roupas de baixa qualidade liberam os corantes na água muito rápido, levando essas substâncias para o esgoto sem qualquer tratamento industrial, já que ela está saindo da sua casa agora. Uma pequena quantidade da água que você bebe contém substâncias tóxicas que vieram dos corantes e fixadores da indústria da moda.
Além disso, confere aí na etiqueta da sua camiseta se ela tem poliéster. O poliéster é um tipo de plástico, usado para dar durabilidade e resistência às roupas, além de segurar o corante. Mas por ser um plástico, ele usa petróleo na fabricação e quando é lavado, libera partículas de microplásticos na água.
Como eu já expliquei nesse vídeo aqui, essas micropartículas passam pelo esgoto, vão para os rios e mares e chegam nos peixes. Depois voltam para nós, consumidores de peixes e frutos do mar. Já foram encontrados microplásticos no leite materno e na placenta e nós não sabemos exatamente quais são os impactos dessas substâncias na saúde.
E pra completar o combo de impactos ambientais da indústria da moda, precisamos falar sobre o DESCARTE. Esse merece um tópico só pra ele. Me conta aqui nos comentários: o que você faz com as roupas que você não usa mais.
Vende? Doa? Ou joga fora?
E o que acontece com a roupa da última coleção que não vendeu? O descarte das roupas é um dos aspectos mais problemáticos da indústria da moda. A cada segundo, 1 caminhão de roupas é incinerado ou despejado em aterros sanitários.
Peças que não foram vendidas e a tendência já passou, peças produzidas com defeito ou roupas velhas que perderam a cor, frequentemente são descartadas em aterros. Em alguns casos, elas são direcionadas de outros países para descarte em locais sem qualquer controle, em lixões na Índia, Gana e Chile. Um dos mais famosos é o cemitério de roupas usadas no deserto do Atacama no Chile que fica na altura da cidade de Iquique, há cerca de 1.
800 kg de Santiago. Como as roupas possuem produtos químicos em sua composição, esses compostos vão, aos poucos, contaminando o solo da região, colocando em risco a saúde dos moradores e a biodiversidade local. Além disso, ainda tem a questão da decomposição desse lixo, que é lenta, pois a maioria das roupas fast-fashion é feita com materiais sintéticos, como o poliéster, que demora décadas ou séculos para se decompor.
Resumindo, a produção dos tecidos usados pela indústria da moda envolve um uso absurdo de água, emissões altíssimas de gases do efeito estufa por conta do cultivo extração e processamento do algodão, liberação de poluentes na água na produção e no uso das roupas, e ainda, a poluição do solo com compostos tóxicos e materiais que demoram mais de 100 anos para se decompor no ambiente, prejudicando muito o meio ambiente e a biodiversidade. É por isso que a indústria da moda é considerada a segunda atividade industrial mais poluidora do mundo, perdendo apenas para a indústria petrolífera. E o fast-fashion, contribui muito para esse cenário.
Mas esse problema enorme tem uma solução que vai garantir o seu like nesse vídeo e por mais que ela pareça complexa, VOCÊ pode fazer muito para mudar essa realidade. Será que precisamos acabar com o fast-fashion? Considerando o impacto ambiental gigantesco da indústria da moda, é de se esperar que as soluções não sejam simples, e dependam de vários setores da sociedade, como governos, indústrias e pessoas.
Não dá pra colocar a culpa do problema na conta da Lucrécia que só queria comprar roupas mais baratas. Também não dá pra condenar as empresas que querem crescer suas vendas em um mercado cada vez mais competitivo. Mas isso não significa que devemos ficar de braços cruzados sem fazer nada.
É claro que precisamos cobrar das autoridades uma boa gestão do lixo produzido nas indústrias. O governo precisa fiscalizar aterros sanitários e exigir o tratamento da água utilizada pelas empresas, além de controlar os produtos químicos lançados em rios e lagos. Além disso, é preciso que as empresas sigam normas ambientais e que trabalhem para reduzir ao máximo a quantidade de água, de compostos tóxicos e de emissões de gases de efeito estufa.
Isso é uma necessidade urgente, diante das mudanças climáticas. Mas existe uma coisa que você pode começar a fazer hoje mesmo. Se você chegou até aqui já deu um grande passo e se conscientizou sobre o problema do fast-fashion.
Será que precisamos mesmo seguir tendências e comprar roupas de baixa qualidade que vão ser rapidamente descartadas? O preço delas pode ser baixo no carrinho hoje, mas o boleto do meio ambiente já está chegando. Uma das coisas que a gente pode fazer é escolher comprar roupas de empresas que não estão querendo lançar uma coleção a cada semana, mas sim que se preocupam com a qualidade das roupas e com o meio ambiente.
Ao comprar uma roupa de material biodegradável, como algodão, linho, cânhamo ou modal, você evita descartar toneladas de plástico no meio ambiente. Mas você já sabe que mesmo optando por tecidos naturais, o impacto ainda existe. O algodão, por exemplo, apesar de ser biodegradável, consome uma quantidade absurda de água pra ser produzido.
Uma excelente alternativa é o modal, que é um material de excelente qualidade, mas que consome 97% menos água do que o algodão comum e gera menos resíduos. E agora eu vou te dar uma dica controversa, mas que faz muita diferença: compre roupas que você precisa lavar menos e que mantenham mais os corantes aderidos ao tecido. É muito importante a gente considerar isso já que milhares de fibras de plástico e corantes são liberados por roupas de baixa qualidade e vão direto para o ambiente a cada lavagem.
É óbvio que a gente precisa lavar roupas se tiver com cheiro ruim ou quando vamos a locais expostos a grandes quantidades de microorganismos, como em hospitais, por exemplo. Mas existem roupas com tecnologia antiodor e antibacteriana e que não precisam lavar todos os dias. Além de dar um fôlego pro meio ambiente, você economiza energia e sabão.
[CAM2] E agora, se você ainda tinha dúvidas de que esse é mais um vídeo apoiado pela Insider, você vai ter certeza, porque eu te digo sem medo: é mesmo! A Insider é uma empresa brasileira que fico bastante feliz de ter como parceria e por incrível que pareça, ser uma marca com produção 100% nacional faz muita diferença. Quando a gente compra uma roupa que vem de fora, as emissões de gases do transporte pra que o produto saia do país de origem e chegue até a sua casa são imensas.
Então quando você escolhe comprar de uma marca nacional, você reduz uma parte das emissões. Já tinha pensado nisso? É muito provável que você já tenha visto algum anúncio da Insider aqui no canal, afinal, eles estão com a gente desde o ano passado.
Mas esse vídeo que mostra os impactos da indústria da moda ajuda você a entender porque eu continuo acreditando nessa parceria. 80% dos produtos deles são feitos de material biodegradável, dentre eles, o modal, presente nessa Tech T-shirt. As fibras do modal absorvem mais os corantes, mantendo uma cor intensa que não desbota mesmo após várias lavagens, além da tecnologia antiodor.
Isso significa que você pode usar sua camisa várias vezes antes de lavar e que ela vai durar muito mais. Isso significa menos impacto ambiental tanto na produção, quanto no uso. E pra você que realmente acredita que as nossas ações são capazes de transformar o nosso futuro, acesse o link da descrição ou esse QR Code e use o cupom OLACIENCIA12 na hora da compra.
Você vai ter 12% de desconto em todos os produtos do site, que vêm em várias cores e vão do P ao XXGG. Quando você compra na Insider você leva um produto de excelente qualidade e ainda me ajuda a levar informação e ciência para mais pessoas. Eu tenho certeza que você vai gostar das roupas e vai contribuir para diminuir os impactos sombrios da indústria da moda, assim como as pessoas que assistiram esse vídeo aqui e se conscientizaram sobre os impactos de uma outra indústria: a indústria do álcool.
Um grande abraço, doe suas roupas sempre que possível e eu te vejo no próximo vídeo. Tchau.