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Video Transcript:
Muito boa noite, meu irmão, minha irmã! Sejam todos muito bem-vindos ao Leite Católica deste dia 14 de agosto de 2023, dia em que a Igreja faz memória de São Maximiliano Maria Kolbe. São Maximiliano foi o grande apóstolo da Imaculada, o grande devoto de Nossa Senhora, que manteve-se firme aos seus propósitos, da sua fé, e deu a sua vida. Fez uma oblação de vida para salvar um pai de família. Hoje, a Igreja recorda a memória deste grande santo. Que possamos ter a coragem, a perspicácia e a fortaleza de espírito para viver a nossa fé como
São Maximiliano. Se você está chegando da Live do Amor Poderoso, seja muito bem-vindo! Se você está entrando direto aqui para nos acompanhar no nosso programa semanal, então também seja muito bem-vindo. E se chegou agora, caiu de paraquedas, e alguém mandou para você, e você nunca tinha participado aqui do nosso programa, seja também muito bem-vindo! Nosso programa acontece sempre às segundas-feiras, às 21:30, logo depois da Live do Terço do Amor Poderoso, no canal do YouTube da Comunidade Pantocrata. Nós temos o Leite Católica, inclusive, se você é novo por aqui, fica o convite para que você possa
curtir, possa se inscrever no nosso canal do YouTube, possa também acompanhar as redes sociais da Comunidade Pantocrata e nos ajudar a chegar mais longe. Envie aí o nosso conteúdo para seus conhecidos, para seus amigos, para seus contatos e, assim, você nos ajuda nessa grande obra de evangelização da Comunidade Pantocrata. Para começar aqui a nossa noite, temos um tema que é muito falado, mas que às vezes gera muita dúvida: os quatro temperamentos. Afinal de contas, o que pensar sobre os quatro temperamentos aqui no Leite Católica? Para quem já nos acompanha há mais tempo, vocês sabem qual
é a nossa proposta. A proposta do programa está no nome: nós daremos uma lente católica. Para que serve a lente? Quando nós colocamos a lente diante dos olhos que não enxergam tão bem, a lente nos ajuda a enxergar bem. E a nossa lente é católica. Nós sempre procuramos trazer uma visão a partir da doutrina da Igreja, a partir da tradição da Igreja, a partir do ensino do Magistério, que os Papas e os documentos oficiais da Igreja nos dizem. E hoje nós trazemos aqui essa visão católica dos temperamentos. Afinal de contas, essa visão pode nos ajudar
ou pode nos confundir. Como que é, como que não é? Bom, essas e outras dúvidas nós vamos tirar durante o programa, durante a nossa conversa. Para iniciarmos bem a nossa noite, nós nos recomendamos à Nossa Senhora, que é a nossa Mãe, a Sede da Sabedoria, para que ela implore de seu Filho Jesus as graças que precisamos para crer de maneira adequada, para conhecer de maneira adequada e para amar cada vez mais seu Filho Jesus. Então, pedimos essa graça já no início do Leite desta noite, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Mãe Santíssima, nós queremos te consagrar o programa da noite de hoje. Colocamos tudo nas tuas mãos e pedimos, Mãe Santíssima, que a senhora reze por nós, que a senhora peça a Jesus por nós, para que possamos, em tudo na nossa vida, dar honra e dar a glória que é devida a Deus Pai, a Deus Filho e a Deus Espírito Santo. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora
de nossa morte. Amém. Senhor Todo-Poderoso, nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Então, já no início do Leite desta noite, vamos conversar e meditar um pouquinho sobre os quatro temperamentos. Essa temática é interessante; nós vemos hoje em dia muitos psicólogos, muitos influenciadores católicos, muita gente falando dessa temática. E talvez você esteja se perguntando: “Mas por que, afinal de contas, o Rafael, que não é psicólogo, não é psiquiatra, vai falar a respeito dos quatro temperamentos?” Bom, meu enfoque hoje realmente não é um
enfoque psicológico, não é uma análise nesse campo. O meu enfoque é dentro daquilo que é a minha área de conhecimento. Minha primeira formação é em filosofia, e a filosofia, o que é? A filosofia é um rigoroso método de investigação da realidade para chegar à verdade. Esse método foi criado e desenvolvido pelos gregos. Antes de ser historiador, eu estudei filosofia, então sou formado em filosofia, dou aula de filosofia, e foi na filosofia que tomei conhecimento desse assunto, dos quatro temperamentos, há muitos anos atrás, quando fiz minha primeira graduação. É interessante que essa temática ganhou uma roupagem
nova na literatura; começou a aparecer muita coisa recentemente sobre os quatro temperamentos. Muita gente começou a falar disso, e muita gente começou a aplicar esses princípios. É interessante que, quando eu estudei a primeira vez, não se atribuía a mesma importância que hoje se atribui aos quatro temperamentos. Por quê? Porque houve uma verdadeira redescoberta desses princípios, que começaram a ser desenvolvidos lá na Grécia antiga. Os sábios gregos antigos já falavam dos quatro temperamentos. Inclusive, existem alguns sábios, alguns pensadores que falam não apenas de quatro temperamentos, mas de oito temperamentos. Hoje, nós vamos falar sobre os quatro
que são mais populares, mais comuns, que todos falam. Depois, em outra ocasião, poderíamos até aprofundar nesse tema e falar dos oito temperamentos, mas vamos nos ater aos quatro que conhecemos mais e melhor. Temperamento sanguíneo, temperamento colérico, temperamento fleumático e melancólico: esses quatro temperamentos são os mais conhecidos, os mais comuns. Já no início aqui da nossa conversa, eu vou sugerir para vocês algumas obras. O que eu vou falar aqui hoje é muito introdutório e o meu objetivo não é aprofundar nisso; é dar uma visão a partir da fé, a partir da igreja, a respeito disso: como
que eu, católico, posso usar isto a meu favor. É isso, esse é o meu objetivo hoje. Para te ajudar, eu sugiro a leitura de algumas obras. Para quem é pai, eu sugiro, em primeiro lugar, esta obra aqui, escrita pelo Dr. Ítalo Marcílio. O Ítalo Marcílio é conhecido aí na internet, no Instagram, né? Vocês já devem ter assistido ou acompanhado conteúdos do Ítalo, e ele escreveu este livro aqui: "Os Quatro Temperamentos na Educação dos Filhos". Por que eu sugiro esta obra aqui especificamente? É do Ítalo, pelo seguinte: o Dr. Ítalo Marcílio é pai, em primeiro lugar,
né? Pai, esposo e católico. Então, o trabalho dele é permeado já por esta visão da fé. Isso é importante; faz toda a diferença ter um autor, ter uma pessoa que parta do pressuposto da fé, porque ela vai interpretar e ler este conhecimento que os antigos já haviam produzido numa visão mais reta, mais adequada. Então, este livrinho aqui é muito bom. Ele vai falar tanto do temperamento dos filhos quanto do temperamento dos pais também, porque para quem é pai, vocês vão perceber que, às vezes, você tem um determinado temperamento e o seu filho tem, às vezes,
um temperamento que é o oposto do seu. Então, como que você vai conseguir, digamos assim, coordenar essas diferenças dentro do celular com sabedoria? Então, aqui está um material precioso a esse respeito. Este livro do Ítalo Marcílio é da editora Queria, e você encontra esses outros aqui que eu vou indicar na Livraria Pantocriatura, Livraria da Comunidade. Então, caso você queira adquirir qualquer um desses materiais que eu costumo falar aqui no nosso programa, é importante que a gente tome cuidado de indicar coisas que temos aqui, para que vocês possam ter acesso àqueles que quiserem aprofundar e estudar.
Então, conseguem adquirir através da nossa loja. Os dados da nossa loja vão aparecer aí na tela para você. Assim, você pode entrar em contato pelo WhatsApp da nossa loja e pode adquirir qualquer um desses livros. A Livraria da Comunidade também é uma maneira de você nos ajudar na nossa evangelização, né? O lucro da livraria é sempre revertido para a obra missionária da comunidade. Um outro livro também da Queria é "Temperamentos Bem Nutridos: Quatro Temperamentos na Alimentação dos Filhos", da Carolina Barros. Então, é uma outra obra bastante interessante que vai mostrar como que a alimentação, os
nossos hábitos de sono, descanso, lazer, a maneira como nós distribuímos o nosso tempo, as nossas atividades, o que nós comemos, como nós comemos, como isso pode influenciar concretamente na nossa natureza. E aí você pode se perguntar: “Você falou, mas Rafael, o que isso tem a ver, por exemplo, com a minha vida de fé?” Tem tudo a ver! Porque nós não somos anjos, nós não somos espíritos puros; a gente vive num corpo, a gente vive dentro de uma realidade corporal, de uma realidade física. Então, eu preciso coordenar bem tudo aquilo que é físico para que, inclusive,
eu consiga viver bem a minha vocação, para que eu consiga desempenhar bem aquilo que é o meu dever, para que eu consiga fazer bem aquilo que o meu estado de vida exige. Então, por exemplo, quem é pai, você precisa pensar nessas coisas todas. A sua saúde não é uma coisa que diz respeito só a você; ela diz respeito à sua família. Para quem é pai, a sua família precisa de você para que você possa educar os seus filhos, cuidar da sua casa; para quem é mãe, seus filhos, seu esposo precisam de você. Então, nós precisamos
coordenar muito bem. A alimentação, o sono, as nossas atividades, tudo isso tem muita importância. Então, é uma outra obra preciosa aqui que vai trabalhar essa realidade dos temperamentos, mas na alimentação dos filhos, uma obra da Carolina Barros. Depois, eu indico aqui esta outra obra, escrita por um casal católico norte-americano, que é uma obra preciosa, editada pela Eclésia, que se chama "Os Temperamentos no Matrimônio". O autor, que é um casal, Art e Lahane Bennet, faz um trabalho, inclusive, com famílias e com casais católicos há mais de 30 anos lá nos Estados Unidos. E com base nesse
trabalho, eles compuseram este livro "Os Temperamentos no Matrimônio". Para nós, a maioria de vocês, eu também sou casado. Então, está aqui um instrumento que vai nos ajudar a entender melhor, inclusive, o outro, a ter uma visão diferente do outro, da pessoa que está ao nosso lado. Por fim, eu vou indicar aqui uma obra que é a base da nossa conversa hoje, que é este livrinho aqui chamado "Os Temperamentos: Conhece-te a Ti Mesmo", do padre Conrad Rock, das edições Calvário. Esta obra aqui é a que eu usei para pesquisar e para desenvolver a nossa conversa hoje.
É um livro antigo; já esta obra foi editada originalmente em 1934. Ou seja, hoje, parece que essa coisa de temperamento é uma novidade, mas já lá em 1934, e muito antes disso, aliás, antes de Cristo, grandes autores já falavam dos temperamentos. Podemos citar três grandes autores que viveram antes de Cristo e que falaram sobre essa temática dos temperamentos. Podemos recordar aqui Hipócrates. Hipócrates é o sábio grego que é o pai da Medicina. Até hoje, fazem o juramento de Hipócrates, né? Na ocasião da sua formatura, então, é o pai da Medicina. Depois de Hipócrates, Hipócrates falava
dos temperamentos, inclusive para tratar, identificar e curar algumas doenças, algumas enfermidades, né? Hipócrates dizia que era muito importante conhecer o temperamento para poder indicar um tratamento adequado. Olha que interessante, né? Inclusive, quanto à alimentação, que é justamente o que o livro da Carolina Barros aqui, que eu citei, fala. Então, Hipócrates já tinha essa preocupação. Depois de Hipócrates, vem o príncipe dos médicos na antiguidade, né, que é o Galeno, um sábio grego que também trabalhou bastante nessa ideia dos quatro temperamentos. E, depois dele, vem Aristóteles. Aristóteles tomou como base para falar dos temperamentos a obra de
Galeno e a obra de Hipócrates. Então, basta pensar que Aristóteles viveu no século VI antes de Cristo. Então, isso é uma sabedoria que os antigos já tinham. Os antigos entendiam que a natureza, tudo que existe, é composto por quatro elementos básicos. Quais são esses quatro elementos básicos, né? Fogo, terra e água. Esses são os quatro elementos, e eles identificam cada um dos elementos com um temperamento. Então, por exemplo, né? Se a gente pegar aqui o livro do Ítalo Marcílio, vocês vão encontrar já na página 8 do livro uma definição. Ele coloca até um desenhinho aqui,
né? Então, por exemplo, ele vai colocar aqui a definição: o sanguíneo se identifica com o vento. O sanguíneo é aquele que é impetuoso, que tem as emoções afloradas. É o vento. O colérico é identificado com o fogo, o fogo que queima, que consome a intensidade que é própria do colérico. Depois, então, o sanguíneo é identificado com o ar, o colérico com o fogo, o fleumático com a água. A água é fluida, a água ela corre, a água ela se penteia contornando os obstáculos no meio do seu caminho. O fleumático, ele parece que não expressa sentimento
algum, mas, na realidade, ele é uma pessoa que tem uma capacidade de concentração e de observação mais aguçada que os outros. Então, por isso, se identifica com a água. E, por fim, o melancólico se identifica com a terra, a terra que é essencial para a vida, mas ela pode, eventualmente, estar muito seca e precisar ser regada. O melancólico é aquele que reverbera dentro de si os sentimentos, é diferente, por exemplo, do sanguíneo. O sanguíneo muda muito; agora ele está com raiva, daqui a pouco ele está bem. O colérico não se preocupa muito com o que
os outros vão pensar, então ele é explosivo. O fleumático, ele guarda, ele observa e não necessariamente expressa uma reação. Agora, o melancólico, ele reverbera os sentimentos. Acontece uma coisinha pequenininha, ele lembra daquilo, ele lembra e lembra e lembra e sofre com aquilo. Então, estes temperamentos, cada um deles, tem a sua particularidade. E aí, então, tomando aqui a definição do padre Conrad Rock, que pega a sabedoria dos antigos, pega comentários até mesmo dos santos, né, da Idade Média, que falaram também sobre temperamentos, e aí ele vai definindo os temperamentos. Então, vamos começar pelo sanguíneo, né? Pelo
sanguíneo, então, o sanguíneo, que é representado pelo ar, pelo vento. O sanguíneo é, como eu disse agora há pouco, impetuoso. O sanguíneo tem como característica básica, né, primária dele, os sentimentos, assim, muito aflorados, uma sensibilidade grande para as coisas. O sanguíneo é capaz de captar o ambiente à sua volta, então ele é capaz de ter essa sensibilidade de perceber o que está acontecendo, de perceber se alguém, por exemplo, no seu trabalho, o sanguíneo chega ao observar alguém e vê: puxa, a vida, aquela pessoa ali está diferente hoje. O sanguíneo é expansivo, ele fala, ele conversa,
ele atrai as pessoas para si. Então, ele vai chegar nessa pessoa e vai falando: "Está acontecendo alguma coisa hoje, estou vendo que você chegou triste, né?" Você talvez, de outro jeito. O colérico, ele já vem como um trator, né, passando por cima de todo mundo. O sanguíneo já consegue ter essa sensibilidade, ele capta aquilo que está à sua volta. Por isso que o sanguíneo vai desenvolver dentro do seu temperamento uma capacidade maior, por exemplo, para a arte, para a música. Geralmente, o sanguíneo é um bom orador, pessoas que falam muito bem, pessoas que conseguem encantar
a sua audiência, que conseguem empreender aqueles que estão ouvindo. Geralmente, o sanguíneo é típico; ele sabe, ao falar, trabalhar com os sentimentos daqueles que estão diante dele. Ele sabe encantar, é por isso que muitos são artistas, muitos são músicos, muitos são bons oradores. O sanguíneo exerce uma atração natural; as pessoas querem estar perto do sujeito que é sanguíneo, as pessoas querem ouvi-lo, querem a companhia dele. O sanguíneo, ele só que também, todo temperamento, e isso é importante, inclusive nessa visão católica dos temperamentos, é bom que a gente tenha uma visão muito clara. Tem muita gente
bem-intencionada, inclusive, que fala dos temperamentos, mas cai num dos erros mais comuns. Quando a gente fala de temperamento, um dos erros mais comuns é justamente o naturalismo. O que é o naturalismo, né? É você analisar o temperamento como se fosse uma coisa meramente natural, uma coisa que está dada e que ninguém pode mudar. Isso te determina e, de alguma maneira, te escraviza. Isso é uma enganação. É uma enganação. Nós, que somos católicos, cremos firmemente na ação da Graça de Deus. A graça de Deus atua onde? Na nossa natureza. Santo Tomás de Aquino ensina que a
natureza supõe a graça. Deus nos deu uma natureza, mas Deus nos deu a sua graça. Então, o temperamento que Deus te deu é algo seu, é uma característica própria sua. Várias pessoas têm o mesmo temperamento, óbvio, mas Deus quis dar para você com algum propósito. São João Bosco. Ele dizia o seguinte: aquilo que nós somos é um presente de Deus para nós, e aquilo no que nós nos tornamos é o nosso presente para Deus. Então, a gente tem que tomar cuidado para não cair no naturalismo e se prender nisso, acreditando que a gente não pode
sair disso. "Ah, mas eu tenho esse temperamento, eu sou assim mesmo; e fazer o que?" Não, espera lá, né? Espera lá! A visão católica sobre isso, sobre a vida, sobre o temperamento, sobre a nossa natureza é a seguinte: existem coisas que estão dadas de fato. Eu tenho um temperamento, você tem outro; cada um tem o seu. Mas isso não te determina! Não te determina porque você conta com a graça de Deus. Você pode mudar, você pode melhorar. Todo temperamento tem virtudes que são próprias dele, mas ele tem também uma tendência a vícios, a defeitos que
são próprios, coisas próprias desse temperamento. Então, o que a gente deve fazer? Aquilo que é bom nós usamos, e a graça de Deus vai elevar, vai melhorar essas características. E aquilo que é ruim vai nos servir, né, como um lembrete da nossa fraqueza, para que a gente recorra a Deus e conte com a graça dele para conseguir trabalhar aquilo que é uma inclinação má dentro desse temperamento. Então, por exemplo, o sanguíneo tem uma virtude, uma facilidade, que é a facilidade de perdoar rápido. Um sanguíneo, como ele tem as emoções afloradas, ele discute com uma pessoa,
ele se desentende com a pessoa; passa um tempo, ele já está ali conversando com a pessoa, tratando a pessoa do mesmo jeito. Ele já perdoou, já está tentando esquecer, já está tentando passar por cima. E ele mesmo, às vezes, toma a iniciativa, mesmo que ele tenha sido ofendido. O sanguíneo, ele mesmo toma a iniciativa de ir até a pessoa, acolher a pessoa, para que a pessoa não se sinta mal por aquilo que ela mesma fez. Então, isso é uma virtude, algo bom, e o sanguíneo deve usar isso em favor dele mesmo espiritualmente, inclusive, porque perdoar
é sempre um bem muito maior para quem perdoa do que para quem é perdoado. Então, o sanguíneo tem essa capacidade. Certamente vocês devem conhecer muita gente sanguínea. Pode ser que muitos de vocês aí, que estejam assistindo, sejam sanguíneos, né? Comentem aí as atitudes que vocês perceberem. Vamos comentando aí. Se você já tiver perguntas durante o programa, já pode mandar a sua pergunta, formulando. Às vezes, conforme eu vou falando aqui, surge alguma questão; aí já coloca e a gente vai responder no final. Mas, certamente, você já deve ter visto gente que é sanguínea. Ela acabou de
discutir, a pessoa ofendeu, falou alguma coisa atravessada, e dali a pouco ela mesma já está puxando conversa. Aí, quem olha de fora fala: "Puxa vida! Olha lá, essa pessoa não tem vergonha, né? Ela acabou de ser ofendida e já está lá conversando, tratando bem!" Pois é, é típico do sanguíneo. Agora, há uma característica também que não é tão boa assim. O sanguíneo tem uma tendência para o mal: como ele tem as emoções afloradas, ele é capaz de começar 20 projetos ao mesmo tempo e não terminar nenhum. Então, é muito típico do sanguíneo olhar para algo
e falar: "Nossa, isso aqui vai ser muito bom, eu vou fazer isso aqui, vou começar isso aqui." E depois ele tem uma dificuldade de terminar. Por quê? Porque ele se orienta pela emoção. Geralmente, uma pessoa sanguínea tem também uma tendência a se precipitar nos juízos que faz sobre os outros. Porque o sanguíneo é quente, né? Enquanto ele está ouvindo a pessoa, ele já está completando na cabeça dele o que a pessoa está falando e já está formulando uma conclusão sobre aquilo que a pessoa nem terminou de falar. A pessoa está falando ainda, e ele: "Ah,
já entendi!" Então, por isso, geralmente, o sanguíneo se precipita. Justamente por isso, ele não deixa a pessoa terminar o raciocínio e ele mesmo termina o raciocínio na cabeça dele. E, às vezes, ele nem ouviu o que a pessoa que está diante dele está falando. Imagina um pai sanguíneo. Às vezes, o filho está explicando ainda uma situação e ele já formulou, com meia dúzia de informações, uma conclusão. E, às vezes, ele nem ouviu o resto. Então ele tende a se precipitar, a tomar decisões equivocadas, a fazer análises equivocadas a respeito de outras pessoas, de outras situações.
Por exemplo, um chefe sanguíneo pode promover a pessoa errada. Ele pode tomar como base para a decisão dele meia dúzia de informações, sem considerar o conjunto, e aí pode cometer uma injustiça. O sanguíneo tem uma tendência a ser imprudente nas suas escolhas, no seu modo de agir. Então, ele terá de fazer um esforço para se controlar. Mas, por outro lado, ele é expansivo, ele é emotivo e é atraente para as outras pessoas. Então, é uma questão de equilibrar. Outra coisa que é muito importante, quando falamos de temperamentos, é o seguinte: precisamos ter uma consciência muito
clara de que todos nós temos elementos dos quatro temperamentos. Todo mundo tem alguma coisa de sanguíneo, todo mundo tem alguma coisa de fleumático, alguma coisa de melancólico e alguma coisa de colérico. Todo mundo tem! O que você tem que fazer é observar qual temperamento prevalece em você. Ah, dá para fazer isso em criança, né? Bom, a criança, mais ou menos lá pelos seis, sete anos de idade, já tem uma personalidade mais formada. Então, dá para começar a ter uma visão mais clara de qual é o temperamento da criança. Antes disso, é um pouco mais difícil,
porque a criança muda muito. A criança... Ela muda muito nesse início, mas depois já é possível ver, né? Qual é o temperamento agora? Por que que é importante que eu saiba isso? Bom, pelo seguinte: como que eu serei amigo de Deus? Como que eu farei a vontade de Deus? Como que eu serei santo? A partir dessa massa aqui, ó, disso aqui, né, a partir da minha alma, do meu corpo e do meu espírito. A partir disso, então, é preciso que eu me conheça. Os antigos gregos diziam: "Conhece-te a ti mesmo". Na Grécia Antiga, existiu o
Templo de Delfos, que era um templo famoso dedicado ao Deus Apolo, e os gregos iam lá para ouvir o que as sibilas, as sacerdotisas, tinham para dizer. Acreditava-se que os deuses falavam pela boca delas, e nesse templo tinha essa frase lá em cima: "Conhece-te a ti mesmo". Eles eram pagãos, mas a frase é sábia: "Conhece-te a ti mesmo". Qual é o princípio da sabedoria? O conhecimento de si. Santo Agostinho, quando ele começou a fazer essa síntese, não foi só Agostinho que fez; outros autores cristãos também fizeram, mas Agostinho fez uma síntese muito boa do conteúdo
da teologia católica com a filosofia grega. E aí, Agostinho pega o que tem de bom na filosofia grega e ilumina com a luz do Evangelho. Então, Agostinho vai dizer que o correto não seria apenas "Conhece-te a ti mesmo", mas seria "Conhece-te, aceita-te, supera-te". Conhece-te, aceita-te e supera-te: essa é a visão católica dos temperamentos. Então, eu vou me conhecer. Eu tenho que olhar para quem eu sou com humildade. O que é humildade? É a reta visão de si. Uma pessoa humilde não se considera mais do que aquilo que ela é, mas ela também não se deprecia,
achando que ela é menos do que realmente é. Ela olha para si, vê as qualidades, os defeitos e faz esse exame de consciência. E é uma coisa que não é tão fácil de fazer. Se você perguntar para qualquer pessoa... Uma vez eu fiz essa dinâmica em sala de aula com os meus alunos, né? Falei para eles colocarem no papel 10 defeitos que vocês têm. Rapidinho, todo mundo escreveu lá, rapidinho, 10 defeitos, assim, rapidinho. E depois eu falei—era uma sala com adolescentes—eu falei, agora vocês vão escrever 10 qualidades que vocês têm. Nossa! E eles demoravam, pensavam.
Alguns vinham e me diziam: "Professora, eu não tenho 10 qualidades". Olha que coisa! Todos nós temos mais do que 10 qualidades, mas olha a dificuldade que temos de ter uma visão reta de nós mesmos. A gente tem essa dificuldade; sempre tem uma tendência a ver em nós muito mais aquilo que é ruim do que aquilo que é bom. E, para que a gente possa entender como Deus vai agir na nossa vida, eu tenho que me conhecer. Quais são as qualidades que Deus me deu? Sem falsa humildade! Tem coisa que eu sei fazer melhor do que
os outros. É uma qualidade! Deus me deu. Não é motivo de orgulho, mas é um serviço; eu vou usar isso em benefício da minha família, em benefício das pessoas que estão perto de mim, em meu próprio benefício também, em benefício das coisas de Deus. Deus me deu. Todos nós temos qualidades que são nossas. E olha que interessante, né? E quando a gente pensa isso numa visão católica, a gente deve entender que diante de Deus o que importa não é a função, não é o trabalho, não é o que eu estou fazendo, ser maior ou menor;
o que importa é o amor que eu coloco naquilo que eu faço. São Bernardo de Claraval, não é um grande santo da Idade Média? Ele, quando saía para pregar, sempre acompanhava um religioso, que era irmão. Esse religioso, São Bernardo, era sacerdote e acompanhava sempre. Ele era um religioso que não era padre, muito simples, analfabeto, né? Uma pessoa, inclusive, muito envergonhada, muito tímida, e ele sempre acompanhava São Bernardo. Quando São Bernardo ia pregar e subir nos púlpitos das igrejas, esse irmão ficava ajoelhado embaixo do púlpito, rezando o tempo todo durante a pregação. E São Bernardo sempre
obtinha muitos frutos de conversão; eram pregações de uma grandeza inexplicável. E acontece que passou um tempo, e esse religioso que acompanhava São Bernardo ficou doente e passou a não ir junto com São Bernardo. E São Bernardo começou a notar que os sermões dele, que eram feitos com a mesma técnica, com a mesma sabedoria, a mesma eloquência, não convertiam quase ninguém; não tinham efeito. E aí, São Bernardo começou a observar. Ele falou: "Mas, afinal de contas, o que estou fazendo de errado?". E, então, ele se deu conta de que ele rezava antes de pregar, ele fazia
penitência, ele fazia jejum, ele sempre pregava estando em estado de graça, confessado; ele fazia tudo certinho, mas alguma coisa faltava. E o que São Bernardo percebeu? O irmão, que era aquele religioso simples que o acompanhava, não estava indo com ele, estava doente, havia caído de cama. E aí, São Bernardo foi até o religioso e perguntou: "Irmão, o senhor sempre me acompanha nas pregações, eu vejo que o senhor fica recolhido debaixo dos púlpitos. O que o senhor faz?". E esse religioso disse: "Eu não sei falar, mas o senhor sabe falar." Ele falou: "Então, eu faço duas
coisas: em primeiro lugar, eu louvo a Deus pela sabedoria, pela inteligência, pela eloquência que Ele deu ao senhor. Eu louvo a Deus porque eu não tenho esses dons." Olha que coisa! Isso é o amor, é a caridade perfeita! Eu fico contente com os dons que Deus deu para o outro. Que bom! Está servindo para os outros, está convertendo as almas, está trazendo as pessoas para... Deus, então, esse religioso disse para São Bernardo: "Primeiro, eu louvo a Deus pelos dons que Deus, o Senhor; e segundo, eu ofereço a Jesus as minhas penitências e as minhas pobres
orações para que a sua pregação atinja os corações mais duros enquanto o Senhor prega." E aí, São Bernardo entendeu que o segredo da pregação dele estava não apenas em preparar o bem-estar em graça de Deus nem em estado de graça, mas estava nas orações daquele pobre religioso que faziam a pregação do Grande São Bernardo produzir frutos. Olha que interessante! Olha que interessante isso! Então, nós devemos ter uma reta consciência de nós mesmos. Existem qualidades que nós temos. Esse religioso, qual era a qualidade dele? As orações e as penitências dele é que faziam dar frutos à
pregação de São Bernardo. Ele achava que não tinha qualidade nenhuma, mas era graças a ele que a pregação de São Bernardo dava fruto. Entenderam? Então, não existe gente sem qualidade. Você tem qualidade! Você precisa olhar para você e perceber. Por isso que é importante conhecer o temperamento. E aí você vai perceber que você tem qualidades que pode colocar a serviço das pessoas, mas você tem defeitos também. Mas os defeitos são oportunidades para que você possa contar com a graça de Deus e transformar esse defeito, fazer desse defeito um combustível para que você seja melhor ainda,
para que você seja santo. Então, temperamento não é uma coisa que te prende, né? Aquela síndrome de Gabriela, né? "Eu nasci assim, eu vivi assim, eu sou sempre assim." Não, não existe isso! Você não pode se prender nisso. E tem gente que se gloria disso, né? Tem gente que bate no peito: "Ah, porque eu falo mesmo o que vem na minha cabeça! Eu falo mesmo! Sou uma pessoa sincera!" E eu falei: "Quem não quiser, o colérico é assim." E às vezes, a pessoa se sente orgulhosa, ela se sente muito autêntica, mas, às vezes, ela é
desagradável, ela é mal-educada, é uma pessoa que ninguém quer estar perto, que ninguém suporta. Entendeu? Então, é necessário conhecer o temperamento, e nós devemos reconhecer o que é bom, usar o que é bom. E vamos fazer aquilo que São Paulo fala. Qual que é a nossa meta? Fazer aquilo que Paulo fala: "Já não sou mais eu que vivo; é Cristo que vive em mim." São José Maria Escrivá, ele tem até uma fala bastante cômica, até que é uma oração que ele faz a Jesus. Ele dizia: "Senhor, fazei-me santo, nem que seja à paulada." É isso!
É isso! Nós temos um gênio que, às vezes, é difícil, um temperamento que, às vezes, é complicado, mas com a graça de Deus, nós podemos! E nós vamos ver que grandes santos na Igreja se santificaram conseguindo fazer o que? Acessaram, conseguiram identificar suas qualidades, os seus defeitos, melhoraram as qualidades para que elas aumentassem e corrigiram os defeitos. E aí, a gente vai ver que tem santos que tinham temperamentos muito difíceis e se tornaram grandes santos, usando isso em proveito da própria alma. Aqui, o padre Conrad vai falar do sanguíneo, né? Além dessas características que eu
dei, ele, raras vezes, mostra sinais de vergonha. Isso é típico do sanguíneo! Possuem o entusiasmo para se expressar diante das pessoas, gostam que os escutem. Por isso que eu falei para você: geralmente, o sanguíneo artista é grande orador. Enfim, né? São sanguíneos que preferem atividades em grupo, não gostam muito de trabalhos individuais. Então, têm uma tendência a estar junto com mais gente. Não são insistentes com suas ideias ou projetos; eles estão de acordo com os desejos dos outros. Eles sabem ser dóceis e sabem ser flexíveis. Isso é muito típico dele, né? É detalhista, prefere as
atividades que requerem vitalidade e energia. Só que tem um problema: ele tem dificuldade para perseverar nessas atividades. Depois, é impetuoso, é impulsivo; suas decisões são frequentemente incorretas. É o que eu já comentei profundamente. Vivaz no ambiente, tanto físico quanto social, é curioso por natureza, típico do sanguíneo, né? Curiosidade, querer saber, querer aprender, querer buscar as coisas. Tende a ter êxito, por certo. Sanguíneo, quando ele faz uma coisa, nem terminou e já está contando que já deu tudo certo, foi um sucesso e não sei o que. Por isso que, às vezes, o sanguíneo se frustra também
pela expectativa que ele coloca nas pessoas, nos projetos, nas coisas, e às vezes não acontece como ele pensa. Muitas vezes, o sanguíneo é um imitador. Falta um pouco no sanguíneo, apesar de ser uma pessoa expansiva, falta um pouco de autoconfiança, aquela coisa de que o colérico tem: "Eu vou fazer, eu vou realizar, eu tenho uma meta, eu vou perseguir e vou alcançá-la." Falta isso, às vezes, no sanguíneo. O sanguíneo, ele é amável, é cordial, mesmo com os estranhos, e estabelece vínculos facilmente. O sanguíneo é aquele que fala com qualquer pessoa sem nunca ter visto na
vida. Ele puxa assunto, ele consegue falar, ele consegue conversar, ele desenvolve, ele se vira. Ele pode estar em outro país sem saber falar a língua do país. Ele dá um jeito e se comunica. Então, é típico do sanguíneo. Ele tende a ter um espírito alegre que não é dado nem à preocupação nem à ansiedade, o que também pode ser um defeito. Como sanguíneo, ele não é dado a preocupação e à ansiedade, ele tem uma tendência de fazer as coisas no prazo dele, no tempo dele. É como se tudo fosse adequado a ele, né? Então, isso
é típico dele. Busca muitas grandes amizades, ele não é seletivo; ele não é seletivo nem nas amizades e nem no divertimento. Se diverte com qualquer coisa, conversa com qualquer um. Só que, por ter essa característica, ele atrai, né? Ele acaba sendo atrativo. Sanguíneo possui movimentos rápidos e decididos, executados com muita potência ou com excessiva energia. Né, o sanguíneo, se ele pega uma coisa para fazer na primeira semana, ele faz tudo. Vou começar academia. O sanguíneo, ele pega firme ali, faz todos os exercícios, cumpre tudo. Na segunda semana, ele já tá desanimado, né? É típico do
sanguíneo fazer esse tipo de coisa. Então, ele vai, vai, vai, de repente, ele para. Né? Começou a penitência de quaresma: "Não vou fazer, ao invés de uma penitência, vou fazer três. Eu não vou beber café, não vou tomar refrigerante, sei lá, eu vou acordar meia hora mais cedo para rezar." Beleza, na primeira semana, ele faz tudo. Na segunda semana, ele já não tá levantando para rezar, ele já tá, esquece, toma o café; daqui a pouco ele já fura no refrigerante. Aí, cada hora, ele fura numa coisa. Aí chega uma hora que ele já desanimou, ele
fala: "Já não fiz nada direito mesmo." E aí parece que ele quer começar tudo do zero de novo. Então, o sanguíneo está no eterno retorno. Ele tá sempre recomeçando as coisas porque ele começa e não termina. Falta perseverança, persistência no sanguíneo. Ele faz ajustes facilmente, as mudanças sempre são bem-vindas para o sanguíneo. Então, o sanguíneo é aquele que não gosta muito de rotina. É interessante isso! Ele gosta sempre de alguma coisa nova, tal. Né? Quer ver? Né? Quem muito de vocês vão se identificar. Pode ser que vocês tenham mães sanguíneas. Né? É aquela mãe que
tá constantemente mudando o layout da casa. Ela vai arrumar a estante, essa semana ela limpa os livros, estão do lado de cá, o vaso está do lado de lá. Semana que vem, ela já mudou, já não tem o vaso, não tem um livro, tá com uma terceira coisa lá. Muda a cadeira de lugar, muda não sei o quê, tira. É muito típico do sanguíneo isso: a mudança dos espaços e a adaptação às adversidades. Isso é uma boa, né? O sanguíneo, ele se adapta às coisas com uma facilidade maior até, né? O que é muito bom,
mas, por outro lado, como ele gosta sempre de novidade, ele se desinteressa rápido pelas coisas. Né? Então sempre tem um lado positivo e lá do negativo. Aí tem outra coisa que o padre Conrad coloca: ele muda de uma atividade para outra com rapidez. O sanguíneo é aquele que vai ler e fala: "Eu preciso ler alguma coisa." Aí ele pega três livros sobre temperamentos e fala: "Não vou ler os três." Ele começa a ler um capítulo de dois, desse leu três capítulos, e, daqui a pouco, os três livros estão na estante. Ele não terminou nenhum. É
típico, né, do sanguíneo. O sanguíneo, ele sabe ser franco, naturalmente. Ele é falador, né? Fala muito, gosta de conversar, gosta de explicar as coisas. O sanguíneo, aliás, ele é o terror do colérico. Né? O colérico, ele gosta do resumo. O colérico não tem paciência para história. Né? Você vai contextualizar uma coisa: não. O colérico quer saber da coisa direta, reta. Né? O sanguíneo, ele sabe ser franco, mas ele gosta de falar muito. Né? Então é típico dele ser sociável. Né? E as outras características que eu falei. Né? O sanguíneo também tem uma certa frequência na
mudança de humor. E ele pode cair da máxima alegria para o estado deprimido muito rapidamente. Ele vai do 8 para 80. Né? Ele tá super bem, aí acontece alguma coisa que saiu do controle dele, que ele tava dando como certo: "Não, isso aqui vai dar super certo." Ele tá super feliz, daqui a pouco não deu e ele já cai assim, a aceleração dele, né? Já cai dos 180 para o zero, né? Mas rapidinho. Né? É típico do sanguíneo, né? Porque ele tem as emoções mais afloradas. Né? Depois temos o temperamento colérico, temperamento... É, aliás, eu
falei do sanguíneo, né? É bom agendar alguns exemplos aqui. Um exemplo de santo que foi sanguíneo: Santa Teresa de Jesus. Santa Teresa de Jesus era sanguínea. Santa Teresa, ela falava muito, embora fosse monja, né, de clausura, vivesse uma vida recolhida. Santa Teresa, ela desde pequena, sempre foi assim, muito agradável. O pai gostava muito de falar com ela, os tios gostavam, os irmãos ficavam em volta dela. Né? Ela tinha uma personalidade que era atrativa, um ímã. Né? E é interessante, mesmo quando ela entra no convento na Encarnação, em Ávila, tinha um grupo de freiras que se
reuniam quase toda noite para conversar com ela, para estar perto dela, ou simplesmente para estar sentadas do lado dela enquanto faziam uns trabalhos, de tanto que gostavam dela. Então, ela tinha uma atração natural sobre as pessoas, falava muito bem, era muito agradável. E é interessante que Santa Teresa, ela notou quais eram as fragilidades dela, do temperamento dela. Ela percebeu que ela não perseverava nas coisas que começava, que ela não terminava. Santa Teresa ficou 20 anos no convento sem conseguir rezar direito. Quando ela se decide, ela fala: "Não, se eu não tomar uma decisão na minha
vida, se eu não ordenar a minha vida, colocar uma meta e agir contrariamente à minha tendência, eu não vou conseguir ser uma boa religiosa, não vou conseguir cumprir minha vocação." Aí o que Santa Teresa faz? Ela faz aquilo que ela mesma vai chamar, né, nos seus escritos, de o propósito da determinação. O que é isso? Ninguém a obrigava a nada, mas ela se obrigou. Ela se impôs alguns deveres de oração, de comportamento, e aí ela percebeu que a graça de Deus foi atuando nela maravilhosamente. Porque? Porque ela entendeu quem ela era, como ela era, quais
eram as virtudes, quais eram os defeitos, os vícios. E aí, em cima dos vícios, ela colocou... Um propósito. E aí, embora ela fosse sanguínea, olha a perseverança dessa mulher: ela fundou 18 camelos, 18 conventos, reformou a ordem carmelita, escreveu muitíssimas obras, cartas, e ela era sanguínea. E o sanguíneo começa tudo e não termina nada. É, olha, ela começou e terminou tudo. E a determinada determinação, então, quer dizer que, quando a graça de Deus entra, a gente se conhece, a gente se aceita. Como Santo Agostinho diz, com a graça de Deus a gente consegue se superar.
Santa Teresa é um exemplo. Aí temos o exemplo dos coléricos, né? Agora, né, o temperamento colérico, o que é típico do colérico? O colérico é o fogo, o colérico é prático, o colérico é muito direto no que ele faz, o colérico se importa pouco com as opiniões dos outros. O colérico tem uma característica natural de liderança, de pegar uma coisa e resolver. O colérico possui metas muito bem definidas; ele estabelece na cabeça dele um começo, meio e fim para cada coisa que ele vai fazer, e ele consegue. E, mesmo que aquilo que ele se propôs
a fazer custe muito, ele faz. Eu dei o exemplo da academia, né? Que o sanguíneo faz uma semana bem, depois ele desanima. Se a gente pegar o colérico, né, o colérico é o oposto. O colérico consegue ser uma pessoa que planeja e calcula muito bem as coisas, estabelece uma meta e tem uma vontade férrea. Ele bota aquilo na cabeça e vai. Então, é típico do colérico, por exemplo, se ele vai começar… sei lá, ele quer correr todos os dias de manhã ou ir para a academia todos os dias de manhã. Muito bem, hoje tá sol,
ele sai para correr. Amanhã tá sol, ele sai para correr. Depois de amanhã tá uma tempestade, ele sai para correr. Ele vai se molhar, tá um problemão, ele pode até ter um problema e ficar gripado, mas ele vai porque ele tem um propósito. Isso é típico do colérico. O colérico estabelece a meta e ele vai. Então, o colérico tem virtudes típicas de um líder. A liderança é muito própria do colérico. O colérico é aquele que faz a coisa acontecer. E, quando a gente olha isso para a história, personagens históricos, ou olha até mesmo para os
santos da Igreja, a gente vai identificando muita gente colérica. Um grande exemplo aqui na lente católica, nós falamos dele duas semanas atrás: Santo Inácio de Loyola. Santo Inácio era colérico, era militar, tinha um gênio extremamente difícil, indomável, mas tinha aquela virtude de realizar as coisas até o fim, de empreender, de ser combativo com aqueles que pensavam diferente. O colérico não tá ligando para o que os outros pensam, mas, se os outros começarem a atrapalhar muito, ele não tem problema nenhum em ser assim extremamente direto e franco naquilo que ele diz. E aí ele tem que
dosar porque, nessa, ele pode ofender; ele pode se tornar até insuportável, né, se ele não controlar o próprio gênio. Então, é típico dele. O colérico é, das raras vezes, ele mostra sinais de vergonha, tem um entusiasmo para se expressar diante das pessoas, apenas se ele tiver um propósito em mente. Não é típico do colérico ser tão expansivo quanto o sanguíneo, mas, se o colérico tiver um objetivo em mente, ele é expansivo; ele é expansivo tanto quanto o sanguíneo. O colérico é insistente com as suas ideias ou projetos. Só que, em geral, o colérico é argumentativo
e persuasivo. Quando ele tem uma ideia, e aqui, se o colérico não dosar isso, ele tem uma tendência a impor as suas ideias sobre as dos outros. Enquanto o sanguíneo se adequa bem às ideias dos outros, ouve o que os outros têm a dizer e até muda a sua própria opinião, tentando pegar a ideia de outro e chegar num consenso, o colérico já tem mais dificuldade. Ele tem uma tendência a querer que a visão dele prevaleça sobre a visão dos outros. E, em geral, como ele é muito convicto — o colérico é naturalmente convicto e
persuasivo —, às vezes a sua convicção e a sua capacidade de persuasão são, por si só, capazes de impor o seu ponto de vista. Então, geralmente, o colérico é aquele que vai e realiza ali a coisa, né? Impetuoso, é impulsivo, mergulha em situações nas quais não teria se envolvido se pensasse antes. É típico dele fazer o que ele faz. Ele entra numa situação, sei lá, ele entrou numa discussão e aí ele tá no meio da discussão, quando a discussão já tá andando, é que ele vai pensar: “Nossa, eu não devia ter falado nada.” Mas o
colérico, como ele já entrou, se ele já tomou uma atitude, ele entrou na discussão, ele até pensa no meio da discussão: “Poxa vida, podia ter ficado quieto.” Mas, já que eu não fiquei, agora eu vou até o fim. E ele vai, e ele vai até o fim e briga ali até o fim, tenta persuadir, tenta colocar. É típico dele. É típico dele. Ele tem uma confiança em si mesmo e uma imensa independência no modo de pensar. E ele tende a ter o êxito como garantido; só que, o colérico, diferente do sanguíneo, o sanguíneo conta com
êxito e, às vezes, se frustra. O colérico conta com isso e, se o êxito não vem, ele faz das tripas coração para que o êxito venha de qualquer jeito; ou de um jeito ou de outro: se não veio assim, vai ter que dar certo de outro jeito. Ele vai, vai, vai, até que ele faz a coisa sair, mesmo que não saia exatamente do jeito que ele planejou, porque, aí, para o colérico, é uma questão de... Honra! É interessante que o colérico, na verdade, ele não está lutando para mostrar nada para os outros, é para ele
mesmo, porque ele colocou uma meta: "Não, eu tenho que fazer isso." Aí deu errado? Não! Então, eu vou fazer de tudo, eu vou dar um jeito e vai sair, de qualquer jeito vai sair, né? Então, ele está o tempo todo cumprindo as metas que ele mesmo colocou para ele. Isso é interessante! Ele tem uma forte iniciativa, tende a ser alegre e raras vezes se deprime, porque ele sempre assume o papel de líder. O colérico não se dá o direito de se abater. Ele passa por contratempos, por problemas, por crises, mas não deixa isso entrar nele.
Por que ele não deixa isso entrar? Por que ele não absorve isso? Porque ele tem em mente que ele tem uma meta. O colérico age de uma maneira muito semelhante a um atleta. Por exemplo, o que vai fazer um atleta de alto rendimento se diferenciar na sua modalidade esportiva? É o foco, o treino, a perseverança e não absorver nada que o coloque para baixo. Então, é mais ou menos assim: o colérico é quase que um atleta em treinamento. Ele age assim, e fica facilmente ofendido, porque toma tudo como pessoal. O colérico, em geral, acredita que
qualquer sugestão que minimamente destoar daquilo que ele fala, ele toma isso como uma afronta à ideia dele. E aí ele pode... [Música] É aquilo que eu falei. Do mesmo modo que é muito positiva essa iniciativa do colérico, por outro lado, ele pode se tornar muito orgulhoso, muito soberbo e acreditar que sempre está certo e que o mundo está errado. É por isso que ele tem uma tendência à independência. Em geral, ele não se preocupa e nem fica ansioso; ele é fechado sobre si mesmo. Ele pode ter uma tendência inclusive ao egoísmo. Então, quer dizer, nada
de fora entra, porque ele já traçou o caminho que vai seguir. O colérico é rápido, é decidido no movimento, se exprime com muita energia, tem uma tendência a perseverar, mesmo quando as coisas estão dando errado. Olha que interessante! E ele não abandona uma coisa de forma imediata, e também não se importa em fracassar. O colérico pode fracassar dez vezes; ele vai tentar a décima primeira, né? Ele vai tentar mais uma vez, e sempre insiste, ele faz dar certo. As emoções não se expressam livre e espontaneamente, exceto a raiva. O que mais aparece no colérico é
justamente a ira, a raiva, e isso aparece. Ele precisa medir e controlar isso. Ele mostra o melhor que tem. Geralmente, o colérico, como ele já tem essa capacidade de fazer, de realizar, ele tem iniciativa e sempre mostra o melhor que tem. Às vezes, ele acaba sendo presunçoso, né, no modo de se considerar, de se achar melhor que os outros, por exemplo, e ele pode, eventualmente, cair na dissimulação. Quando, às vezes, o sujeito se acha tão bom e, quando vê que o outro é melhor que ele, ele dissimula a situação. Ele tenta diminuir o outro para
que ele se coloque, para que ele apareça. Santo Inácio de Loyola era colérico. São Francisco de Sales, que é chamado de "o doutor da mansidão", olha só! Todos os santos que são doutores da Igreja recebem um título de acordo com as virtudes que viveram. Mas São Francisco de Sales é chamado de "Doutor da Mansidão", e ele era colérico. Então, o que São Francisco de Sales fez? Ele foi se dominando, se dominando, e percebeu que a grande fonte de pecado para ele, que era colérico, era justamente a impaciência. Ele era muito explosivo, e as palavras... Então,
o que São Francisco de Sales começou a fazer? A ser mais contido no seu modo de se comportar e no seu modo de falar. Quando São Francisco de Sales morreu, ele mandou vender a mobília dele e dar o dinheiro aos pobres. Quando pegaram a escrivaninha dele, descobriram que o tampo da escrivaninha, por baixo, estava todo arranhado. Por quê? Porque São Francisco de Sales preferia arranhar a mesa do que dar uma resposta atravessada para alguma pessoa que vinha falar alguma besteira ali no escritório dele. Então, quer dizer, ele lutou, contando com a graça de Deus. Ele
lutou contra ele mesmo, e a graça de Deus foi trabalhando, e ele se tornou quem? O Doutor da Mansidão, e era um colérico, né? Mas, por outro lado, aquilo que é próprio do colérico, que é o quê? A sinceridade, não falar, a iniciativa, a energia, a perseverança... Isso esteve presente nele. São Francisco de Sales foi nomeado como Bispo de Genebra. Genebra, na época de São Francisco de Sales, era sede do Calvinismo. João Calvino havia implantado a heresia calvinista, a heresia protestante, ali na sede da diocese para a qual São Francisco de Sales foi nomeado. O
que São Francisco de Sales fez? Se fosse outro bispo, talvez, né? Se fosse um melancólico, teria dito: "Ah, e o Papa? Olha o que o Papa faz! O Papa me coloca no lugar onde eu não posso nem entrar! Nem o Papa está fazendo isso para me humilhar!" E não sei o que... O melancólico ia reverberar isso, mas era um colérico! O que São Francisco de Sales fez? Falou: "Bom, é um desafio! Eu quase não tenho clero, a minha diocese está tomada pelos protestantes. Então, o que eu vou fazer? Vou lutar com todas as minhas forças."
O que ele começou a fazer? Ele imprimia folhetos com objeções protestantes, então, de fazer uma pergunta dos protestantes, típica dos protestantes: "Por que os católicos veneram imagens?" E aí ele colocava a resposta católica, com toda fundamentação bíblica e da... Tradição do porquê que veneramos imagens e o que que São Francisco de Sales fez. Ele e o clero dele, os padres e alguns leigos se disfarçavam durante a noite e enfiavam debaixo das portas das casas de Genebra estes folhetos com a resposta católica. Rapidamente, ele foi conseguindo muitas conversões. Por isso que ele é o padroeiro da
Imprensa e dos jornalistas; é um colérico que colocou a sua iniciativa, o seu ímpeto, a favor das coisas de Deus. Olha Santo Inácio, que fundou os Jesuítas, colocou o seu temperamento colérico a serviço de Deus. Rapidamente, só para a gente terminar, vamos aqui naquilo que é típico do melancólico. O melancólico é tímido, ele envergonha-se facilmente, e evita falar diante de várias pessoas. Quando é obrigado a falar, ele tem dificuldade; ele tem muita vergonha. O melancólico, geralmente, prefere trabalhar e fazer tudo sozinho, quietinho, no cantinho dele. Ele é muito detalhista, muito cuidadoso, mas vive no mundo
dele, né? É sempre pensativo, lento para tomar decisões. Geralmente, quem é melancólico é muito indeciso, né? Fica ponderando todas as possibilidades. Aí, será que eu faço isso? Não, mas eu não sei. E, de tanto ponderar, ele não faz nada. O melancólico, às vezes, não sai do lugar; ele não sai do lugar justamente por essa questão de ser precavido demais. Ele tem uma prudência excessiva. O melancólico fica pensando: "Não, mas se eu fizer isso, vai acontecer isso; se eu fizer aquilo, vai acontecer aquilo outro." E aí acontece que ele não faz nada. Ele tem dificuldade para
viver, para tirar os planos e os projetos do papel, porque fica calculando demais. Geralmente, o melancólico não confia muito em si e não tem muita iniciativa própria. Mas é uma pessoa dócil, é flexível, tem essa facilidade; o melancólico tem essa facilidade para ouvir os outros, ele tem uma facilidade para acolher os outros. Por exemplo, o aluno... eu falo isso pela experiência em sala de aula. Um aluno melancólico é aquele que, se o professor chegar e pegar aquele colega que sobrou, que ninguém quis no grupo, se o professor falar para o aluno melancólico: "Você pode colocar
o Fulano no seu grupo?", na hora ele vai: "Não, pode. Coloca ele aqui!" O melancólico é flexível, é mais empático, né? Capaz de acolher mais quem está à volta. Mas ele tem uma tendência a querer fazer tudo sozinho, quietinho, no cantinho dele. O melancólico só se abre de forma mais expansiva para os amigos mais próximos. Tende a ter um perfil depressivo, muitas vezes um pouco mal-humorado, um pouco deprimido. O melancólico é muito sensível e se sente facilmente ofendido. Lembra do que eu falei no começo? O melancólico reverbera dentro dele as ofensas que recebe. Então, o
melancólico às vezes ouve uma coisinha assim, né? A pessoa falou uma coisinha atravessada, aquilo reverbera, aquilo toma uma proporção. E aí ele fica pensando naquilo: "Nossa, mas o Fulano, aquele dia, falou isso para mim! Ah, mas ele falou isso, eu acho que é por isso." E aí ele já vai, o melancólico já vai elaborando teorias mirabolantes dentro da cabeça dele, ampliando o tamanho da coisa, que é uma coisa desse tamaninho, um alfinete, que vai virar um elefante, né? Então, geralmente, ele tem essa tendência. O melancólico tende a não estabelecer vínculos de forma imediata; ele demora
para ter confiança nas pessoas. Preocupa-se com a sua própria miséria, então ele sempre está pensando naquilo que ele não tem, que ele não sabe, que ele não consegue, e ele sofre com isso, né? É mais ou menos igual aquele personagem de desenho animado que fica lá, os céus, ouvindo, né? Então, o melancólico pensa assim: é lento no movimento, um pouco reflexivo, muito indeciso, instável na hora de tomar decisão. E se ele toma decisão, ele fica pensando se a decisão estava certa mesmo: "Vou reformar minha casa, vou colocar esse piso." Aí ele compra o piso; agora
que eu comprei o piso, "eu devia ter comprado o outro, não devia ter posto esse... mas agora vai esse porque eu já comprei." É típico do melancólico, né? Também costuma se imaginar sempre em desvantagem em relação aos outros. O melancólico sempre tem uma imagem de si não muito adequada, né? O foco ali é meio ruim. Um exemplo de santo melancólico é Santa Teresinha do Menino Jesus. Santa Teresinha era melancólica, até pela história de vida; ela perdeu a mãe com 5 anos de idade, foi criada pelo pai e pelas irmãs. A irmã mais velha tomou o
lugar da mãe, depois a irmã foi para o convento; ela perdeu a mãe, a segunda mãe, de novo. Depois, com 15 anos, acontece o célebre evento do Natal de Santa Teresinha, que era muito sensível. O pai, São Luís Martins, também entrava em casa, e tinha, depois da missa do galo, né? Natal, e tinha colocado os presentinhos nas meias, na lareira, né? Como era o costume, ele ainda comprou aqueles presentinhos, né? Aqueles mimos de criança ainda para a Teresinha. E aí ele comenta com a irmã das irmãs mais velhas: "Graças a Deus, ano que vem isso
aí acabou." Quer dizer, essa coisa ainda de criança, de tratar a Teresinha como uma menininha, né? No ano seguinte já não teria nada disso, seria considerada uma mulher, tal. Então, em Santa Teresinha, ouviu isso aí, ela sobe correndo para o quarto e chora, chora, chora. É típico do melancólico, né? Foi o Natal de 1886, mas naquele momento, depois de chorar tanto, quando ela levantou os olhos, ela mesma conta isso na história de uma alma, ela viu o crucifixo no quarto e sentiu que... Naquele momento, ela recebeu uma grande graça de superar essa coisa de ficar
remoendo o sentimento dentro dela. E ela mesma vai dizer que sentiu crescer dentro dela, naquele momento, uma grande fortaleza. Olha que interessante: Santa Terezinha era melancólica e, de fato, ela vai se tornar muito forte. A gente vê quando ela vai para o convento; ela não conseguia fazer grandes penitências, mas, diante das dificuldades que teve, conseguiu ter a fortaleza necessária para superar, sem deixar isso reverberar dentro dela. Então, ao mesmo tempo que tinha essa tendência a se retrair, foi fazendo o que estava ao seu alcance; foi agindo contra aquilo que não era bom. Ela se colocou
a serviço; foi ela que se ofereceu para cuidar da irmã Maria de São Pedro, que era doente, idosa e uma das mais teimosas, além de ter um gênio difícil. A Terezinha se coloca a serviço da irmã Maria de São Pedro, e, como melancólica que era, podia tomar, inclusive, as reclamações da irmã como algo muito pessoal, pensando: "Ela não gosta de mim; ela me humilha". Não! Ela falou: "Vamos lá". E ela mesma escreve, na história de uma alma: "Tudo que eu fiz para a irmã Maria de São Pedro, eu não faria melhor se fosse o próprio
Jesus que estivesse ali". Olha a graça de Deus! Como atua sobre o temperamento e muda uma pessoa melancólica, como a Terezinha era. Ela se abre às outras irmãs; ela se torna agradável, ela se torna atrativa. As irmãs começam a vir até ela. Então, tem tudo isso. E, por fim, nós temos o temperamento fleumático. O fleumático é deliberativo, lento para tomar decisões, precavido em assuntos de pouca importância. Às vezes, o fleumático tem uma tendência a não demonstrar muito sentimento. A pessoa que é fleumática, como não demonstra muito sentimento, quem olha de fora acha que a pessoa
é fria, que não tem emoções, que não se relaciona, que não liga para nada. Ou, então, são aquelas pessoas que a gente às vezes ouve falar: "Fulano, eu nunca sei o que ele está pensando, porque nunca sei se está feliz, se está contente, se está descontente". Realmente, o fleumático tende a não expressar muito seus sentimentos, o que não significa que não tenha sentimentos; eles estão lá, mas o fleumático elabora muito os sentimentos dentro, antes de expressar. Ao contrário do sanguíneo ou do colérico. Enfim, ele geralmente é indiferente mesmo aos assuntos externos. O fleumático é muito
observador e contorna aquilo que é externo, sem se deixar afetar muito. Geralmente, o fleumático é reservado, mais distante, mais lento nos movimentos e atitudes. Só que tem um porém: ele tem algumas qualidades que são típicas dele. O fleumático tende a ser mais organizado; geralmente, organiza melhor as ideias, papéis e coisas. O fleumático, por exemplo, tem muita gente que acaba indo para trabalhos ou profissões que são mais estáticas: trabalhar numa mesa de escritório, trabalhar com setor administrativo, trabalhar com contabilidade, coisas desse tipo. É algo muito atrativo para o fleumático, porque ele gosta de organização. O fleumático
organiza ideias, espaços e informações com imensa facilidade; geralmente, é mais metódico e possui uma tendência à constância e à perseverança. O fleumático consegue pegar uma coisa e ser constante até o fim, atingindo os objetivos. Nesse livrinho aqui que comentei com vocês, do padre, eles colocam na contracapa 400, que expressam os quatro temperamentos: São Francisco de Sales, que representa o colérico; Santa Teresa, o sanguíneo; Santo Tomás de Aquino, o fleumático. Santo Tomás era extremamente tímido e não expressava muito seus sentimentos. Era muito quietinho, mas extremamente organizado. Olha isso: São Tomás deixou à igreja tantas obras, deixou
a Suma Teológica. Esse homem viveu apenas 49 anos e entendeu que a teologia era o caminho dele para fazer a vontade de Deus. E olha que interessante, né? O fleumático, que é extremamente organizado; tanto mais era extremamente metódico, organizado e tinha ideias organizadas, ideias claras; usava os termos com maestria, né, típico dele. Então, ele usou aquilo que era próprio do seu temperamento para o bem. Agora, é claro, o fleumático às vezes precisa ser um pouco empurrado, como o melancólico, pelos outros. O fleumático tem características boas, qualidades, e às vezes não expressa isso; não coloca isso
a serviço, porque gosta de ficar na retaguarda, né? É típico do fleumático essa coisa de sempre se manter mais à parte. É curioso que, Santo Tomás, por exemplo, tinha o apelido de "boi mudo" porque era muito gordo e muito grande, inteligentíssimo, mas não abria a boca. Os seus colegas de Universidade o apelidaram de "boi mudo". Santo Alberto Magno, que era professor de São Tomás, disse até para os colegas dele: "Vocês estão chamando esse rapaz, esse Frade, de boi mudo, mas quando esse boi soltar o seu rugido, perdão, seu mugido, é rugido de leão, né? Quando
esse boi soltar o seu mugido, a Igreja e o mundo ouvirão este mugido até o juízo final." E, de fato, Santo Tomás é o príncipe dos teólogos na Igreja e nos deixou um trabalho que ninguém superou e nem vai superar. Existem muitos outros santos teólogos, mas o trabalho de Santo Tomás é único. E, por fim, nós temos Santa Terezinha, que era melancólica. Então, o seu temperamento não te limita; você pode se apropriar, abraçar isso que é bom. Naquilo que não é tão bom, em termos de tendência, você pode transformar com a graça. Deus, meus queridos,
nós já vamos avançados aqui na hora e não vai dar tempo de a gente responder todas as questões que chegaram. Tá bom? Mas eu coloco aqui para vocês o seguinte: na nossa evangelização digital, nós estamos fazendo uma campanha de arrecadação, que a gente faz todo mês. Então, eu faço um convite a você: se você puder e quiser nos ajudar, sua ajuda será muito bem-vinda. Na nossa evangelização digital, nós já atingimos 40% da nossa campanha. Então, se você quiser doar, tem aí na tela para você o nosso QR Code e as informações bancárias para você nos
ajudar na evangelização digital. Tá bom? Então, você pode nos ajudar, sim. Para quem quiser adquirir qualquer um desses livros, que você tem, pode entrar em contato conosco pelo WhatsApp da nossa loja Pantocrato. Tá bom? E também é o seguinte: esse tema aqui, que como eu falei, talvez seja um tema bastante instigante, muito interessante. Não deu tempo nem de abrir muito aqui para as perguntas, foi uma pena, mas, depois, tendo as perguntas lá, talvez na nossa próxima live aberta, como foi a semana passada, "Pergunte e Responderemos", eu retome algumas dessas perguntas sobre temperamento para a gente
conversar. Tá bom? Mas para frente aí, é que o tempo realmente ficou bastante reduzido. Mas quem quiser continuar conversando sobre esses e outros temas, me siga nas minhas redes sociais, aí a gente continua conversando por lá durante a semana. Né? O meu Instagram é @rafaelcomph.m, tá aí na tela. Tá bom? Então, @rafael.tonon. Né? Será um prazer ter você comigo lá no Instagram. O movimento é bastante, a conta sempre abro ali caixinhas de pergunta, então dá para vocês continuarem mandando as durante a semana, e a gente vai conversando sobre essa temática. Também tenho um canal no
YouTube, que também está do mesmo jeitinho. Meu canal no YouTube é Rafael Tonon. Né? Então, você encontra lá youtube.com/rafaeltonon, do jeitinho que é o do Instagram. Eu tô lá também no YouTube. Tá bom? Faça sua inscrição lá no meu canal, me siga lá no Instagram também, a gente vai continuando a nossa conversa. Que Deus abençoe cada um de vocês e que, a partir do seu temperamento, você possa amar e servir mais e melhor ao nosso Deus. O que Deus nos deu na nossa vida é um presente dEle para nós, e o que nós vamos fazer
com isso é o nosso presente para Ele. Como dizia Dom Bosco, Deus abençoe. Até semana que vem!
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