Literatura de cordel globo rural

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Junior Telmo
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bom dia bom dia quinta-feira que vem 6 de janeiro o Globo Rural completa 31 anos o assunto do nosso programa de aniversário é a literatura de cordel uma das mais complexas manifestações culturais do Brasil olhando assim por alto parece uma coisa só um monte de livrinhos impressos em papel barato vendidos a preço de banana mas olha não tem um folheto igual ao outro o assunto pode ser um fato real acontecido pode ser o perfil de uma figura ilustre um repente um duelo uma história imaginada surrealista e pode ser uma obra de arte requintada nos dias
de hoje se pode dizer também que o Cordel é uma mídia Popular ou Se quisermos o tataravô de todos os meios de comunicação muito antes de aparecer a televisão O povo da roça principalmente do Nordeste já usava o cordel para divulgar suas eu viajei por cinco estados Paraíba Pernambuco Ceará Rio e São Paulo para conhecer esses repórteres do Sertão Os Poetas cordelistas um pequeno fato do cotidiano ou um grande acontecimento histórico tudo pode virar [Música] cordel foi o trio americano que primeiro teve a glória de fazer daqui da lua uma via transitória que vai ficar
para sempre na face a da história no cordel aconteceu virou poesia e tem muita gente que só acreditou que o homem tinha mesmo chegado à Lua depois que leu a história rimada contada num folhetinho assim de capa singela papel simplório vendido por n a gente costuma brincar que em alguns lugares da zona rural Parece até que foi feita uma plantação de antenas parabólicas tamanha quantidade a notícia chega via satélite mas quando não existia Luz elétrica TV ou rádio eram os folhetos de cordel que traziam informações e diversão eles eram o jornal e a novela do
sertanejo espeo ao Senhor Jesus que em tudo me conduz que facho de luz com fios de inspiração para escrever em cordel como é que é o papel de qualquer um Menestrel com raízes no sertão nascido no sertão da Paraíba o poeta abidias Campos viveu estes dias em que para o homem simples da roça versejar era quase tão comum Quanto lavrar minha mãe botava a gente para dormir dizendo versos meu pai e a gente ia pro roçado ele ia cantando cantoria Depois do jantar ia pro sentava NS bancos era dizendo versos quando se ia pra feira
sempre se avisava ó atrás o folheto novo histórias da própria redondeza era contada nesses folhetos né o Cordel corria ao nordeste na mala dos folh teiros que iam de povoado em Povoado vendendo poesia quem já conhecia as letras virava o leitor da família a vida de Pedro 100 a história da Donzela Teodora para lhes deixar aar sobre esta literatura que é a mais popular e ainda hoje perdura vamos direto ao começo de Dev Vem esta cultura quem nos conta a história do cordel no Brasil é o poeta e presidente da Academia Brasileira de literatura de
cordel que não fica no Nordeste mas no Rio de Janeiro para nós de língua portuguesa a origem é em ibérica é Portugal e Espanha Mas vem de mais longe vem vem de mais longe atravessou o período medieval É bom lembrar que aqui no Brasil o Cordel chegou realmente em Salvador Chegou em Salvador na mala dos nossos colonizadores portugueses né dali é que se radou pelos outros estados do Nordeste Se rou na comunicação oral não tinha chegado escrito ao Brasil a imprensa foi a voz dos cantadores que primeiro encheu o sertão de versos esse Nordeste querido
que tanta beleza tem seu cordel é sua vida um amor que vai além Oliveira de panelas um Pernambucano cheio de bom humor se autodefine eu sou poeta repentista violeiro cordal Isa Cantador Oliveira ganha a vida mesmo como Cantador e sabe bem a diferença entre o poeta repentista e o cordelista todo repentista pode ser um cordelista Mas nem todo cordelista pode ser um poeta repentista por quê não quer porque o poeta repentista faz de improviso então se for pensando é que ele faz não vamos dizer que ele seja um grande cordelista aí a diferença é essa
uma coisa se eu pudesse transformava sem sobo a voz de Maria Alcina BaVi Mato Grosso Nem que fosse necessário Um transplante de pescoço obrigado pai Celeste que me D desse Nordeste para fazer poesia o poeta cordelista é chamado de POA de bancada ele senta pensa e escreve seus versos mas o que faz do cordel uma poesia diferente o jornalista e pesquisador da cultura brasileira Assis Angelo já fez livro CD organizou concurso de poesia de cordel e não para de garimpar novidades bem algumas não tão novas assim Isso aqui é uma coisa recente é de 1626
tem também folheto em francês folheto em japonês cordel em quadrinhos em sua casa em São Paulo ais Angelo resume a diferença entre poesia de cordel e a poesia chamada erudita uma tem o lustre tem o brilho da erudição no sentido de formação acadêmica e a outra não a outra é a poesia pobre digamos assim a poesia rica do erudito e a poesia pobre a do matuto ele é direto ele é claro ele não fica preocupado com expressões que as pess não conheçam eles não ficam mexendo dicionário o tempo todo para achar palavras bonitas e são
poesias que tem uma história começo rigorosamente eu est [Música] a você que vem de [Música] for na feira de São Cristóvão reduto dos nordestinos no Rio de Janeiro encontramos um destes típicos poetas populares todos os domingos José João dos Santos passeia pela feira que ajudou a criar e dos fundadores só tem Vivo eu ele saiu da Paraíba para o Rio de Janeiro na década de 40 trabalhou como pedreiro como porteiro até ficar conhecido por suas cantorias e versos como mestre azulão a terra de azulão não chove no mês de maio o povo de lá só
vive de fazer seest Balaio foi a terra que a a vaca Engoliu um papagaio porque papagaio é verde e ela pensou que era que era uma Moita de capim né o mestre monta sua barraca instala um sonzinho antigo e logo se põe a declamar a não pega no beijo nem no aperto de mão é transmitida no sangue através da transfusão ou na extração de dente se usar de um doente agulha da injeção azulão vai fisgando o público alguns acabam comprando eu sempre comprei ele aqui sempre mais ou menos 300 em casa é também no Rio
de Janeiro que fica uma das maiores coleções de folhetos do Brasil no centro Nacional de cultura popular acero de cordel é referência singular poeta de toda parte vem aqui depositar seus folhetos de cordel para conosco gravar a memória permanente da cultura popular para quem mexe com cordel é assim tudo acaba em poesia e esses versos que eu acabei de dizer são de autoria da Maria Rosário pinto que é responsável pela coteca da biblioteca Madeu Amaral Rosário você também então é cordelista eu cometo versos porque eu tenho que pedir desculpas aos poetas porque eu tô começando
em função desse trabalho de tanto conviver fazer algumas coisas mas não me sinto poeta e o acervo da coteca tá todo aqui o acervo tá aqui quantos folhetos vocês têm aqui 8300 e um bocadinho os folhetos ficam muito bem guardados em várias caixas e a Rosário separou pra gente alguns curiosos Esse é de 1906 deve ser um dos mais antigos é um dos mais antigos a eleição de 30 de janeiro de 1906 Aqui começa com uma estrofe interessante aqui ó segura o embolando na pancada do ganzá começa o ano em lambança da eleição Federal Pavão
Misterioso é outro Grande clássico da literatura de cordel do José camelo de Melo Rezende e a gente vai verificar que em algumas edições ele está Assinado por João mequi eu só queria chamar atenção Para em um determinado folheto em que um pesquisador assinala que o autor não é o melquiades João melquiades plagiou o pavão misterioso o original de José camelo de Melo o plágio vendeu melhor do que o original a gráfica José Bernardo seguiu o Gosto Popular José camelo desgostoso rasgou o seu original que perdera a concorrência Rosário também mostra as várias edições do folheto
cachorro dos Mortos o clássico escrito pelo poeta Leandro Gomes de barros conta a história da Morte violenta de uma família inteira ficando como testemunha apenas o cachorro na primeira estrofe Leandro diz os nossos antepassados eram muito prevenidos diziam Matos tem olhos e paredes tem ouvidos os crimes são descobertos por mais que sejam escondidos mesmo antecipando o final Leandro era capaz de prender o leitor no próximo bloco nós vamos voltar a Paraíba para contar a história deste poeta considerado o pai do cordelis smo no Brasil nós vamos contar agora a história de um poeta descrito por
Carlos drumon de Andrade Como Rei da poesia do sertão e do Brasil em estado puro Leandro Gomes de barros é considerado o pai do cordel no Brasil paraibano da zona rural ele escreveu histórias lidas até hoje Quase Um século depois da sua morte foi no autódromo de lá grande prêmio italiano dia 1eo de maio de 94 o ano que trouxe tristeza e pena acabando a Irton Sena neste desastre tirão homenageado neste cordel a Irton Sena é até hoje para muitos brasileiros o número um do automobilismo na literatura de cordel o também considerado número um começou
a arriscar suas rimas nesta paisagem do Sertão paraibano da Serra do Teixeira saíram muitos cantadores e poetas segundo alguns pesquisadores a região é o berço da literatura de cordel e se este é o berço o pai é Leandro Gomes de barros Leandro é este bigodudo aí descrito pelo folclorista Câmara Cascudo de um jeito carinhoso baixo Grosso de olhos claros o bigodão espesso cabeça Redonda meio Corcovado risonho contador de anedotas tendo a fala cantada e lenta do nortista parecia mais um fazendeiro que um poeta pleno de alegria de graça e de oportunidade em Pombal cidade paraibana
onde nasceu Leandro virou nome de rua e virou também a cabeça da professora de literatura Ioni Severo que fez uma tese sobre o primeiro poeta do cordel como eu sou daqui é uma honra para mim mas eu me acho também numa obrigação de fazer quase um resgate aqui em Pombal da história de Leandro Leandro Gomes de barros nasceu neste sítio o sítio melancia e on nos leva até o que sobrou da casa onde ele morou na infância o que restou foi isso uhum e dá para ter uma ideia de como ela era antes dá veja
só mas conseguimos aqui esse desenho de como era esta casa nos tempos que esse atual dono comprou estamos tentando que ele faça um monumento aproveitando esse material né esses tijolos antigos para valorizar a memória de Leandro hoje quem toma conta do sítio e nos recebe é o seu Francisco salines Ele conta o pouco que sabe sobre Leandro Ele nasceu em em 18 saiu daqui em 0 aí pronto só consar e ele fazia o que senhor sabe não que el era escritor né e senhor já leu algum folhetinho de cordel não não não neste outro sítio
encontramos alguns parentes de Leandro seu Genival formiga de Souza é o sobrinho bisneto do poeta o pai dele Seu Manoel Pedro de Souza falecido em 2002 contava história sobre o antepassado ilustre contava que era um poeta Historiador Seu Manuel contava que todo o mês de Dezembro né o Leandro Gomes de barros mandava de Recife num num jumento duas cargas de folhetos para a família dele venderem aqui e ele costumava dizer assim e não dava para nada no final do dia não tinha mais um folheto e assim eles se sustentavam para o seu Genival o dom
da poesia Parou em Leandro Gomes de barros por mais que a família quisesse criar outros Leandros meu pai botou o nome do meu irmão de Leandro para ver se ele saía poeta ele sai não sabia nem assumi Mas como será que Leandro Gomes de barros de família iletrada virou o grande poeta popular ion resume um pouco da história como ele saiu aqui do sítio melancia acompanhado de um padre da época que levou para Teixeira aos 12 anos então a gente a gente sabe que os padres são eruditos tem muitas leituras tem uma biblioteca então imagina-se
que Leandro se apropriou dessas leituras mesmo que poucas para se escolarizar e lá ele encontrou cantadores e poetas da época eles se juntavam para ali para cantar ele foi o primeiro a imprimir os versos ele foi o primeiro a imprimir na sua própria casa a vender na sua própria casa e a divulgar para todo o Nordeste para todo Brasil mas quando ele começou a imprimir seus poemas a publicação se chamava simplesmente folheto o nome cordel veio depois como conta Gonçalo Ferreira da Silva o surgiu em 1881 por ocasião da publicação do dicionário contemporâneo de cdas
ao leite em Portugal aparece como cordão guita barbante literatura de cordel conjunto de publicações de pouco ou nenhum valor na época os próprios poetas Não aceitavam essa denominação aos poucos foram se acostumando Hoje quase não se vê mais o folheto à venda pendurado em barbante mas o nome cordel pegou e os folhetos de Leandro viraram clássicos além do cachorro dos mortos a vida de cancão de fogo e seu Testamento história da Donzela Teodora a vida de Pedro sem alguns deles temperar a obra do morador desta casa em Recife o dramaturgo e romancista Ariano Suaçuna a
minha peça mais conhecida o o o al da Compadecida É fundamentado em três folhetos da literatura de cordel o primeiro ato é baseado num folheto chamado o enterro do cachorro que depois se Descobriu que era de autoria de Leandro Gomes de baros e era um pedaço do folheto chamado o dinheiro o Testamento do cachorro conta a história de um padre subornado para fazer o enterro de um cachorro veja como ficam os versos originais que inspiraram Ariano com as cenas do filme O Alto da Compadecida ele antes de morrer um testamento aprontou só quatro contos de
réis para o Vigário deixou antes do inglês findar o Vigário suspirou coitado disse o Vigário de que morreu Esse pobre que animal inteligente sentimento Nobre Antes de Partir do mundo fez-me presente do cobre ai ai ai e lá chegou o cachorro o dinheiro foi na frente teve momento enterro missa de corpo presente Ladainha e seu Rancho melhor do que certa gente está aí padre não há pressa segundo num folheto chamado o cavalo que defecava dinheiro e que também é de Leandro Gomes de barso o terceiro é baseado num folheto chamado o castigo da soberba o
castigo do orgulho que é de um grande poeta chamado Silvino pirauá Leandro Gomes de barros morreu em 1918 deixando centenas de títulos de cordel a história dos direitos autorais da sua obra mostra que Aria é problema antigo é o que conta em São Paulo o doutor em Literatura Aderaldo Luciano A a viúva né acabou vendendo os direitos da obra do Leandro para o João Martins de Ataíde Eu costumo dizer que o João Martins de Ataíde queria ser Leandro Gomes de barros e realmente conseguiu ser Leandro Gomes de barros por quê Porque ao comprar a obra
do Leandro ele começa a publicar como editor proprietário depois ele tira o título de proprietário fica só editor depois ele tira o título de adit e fica apenas João Martins de ata vamos valorizar os poetas da nossa terra de volta a Pombal terra de Leandro encontramos Ioni vendendo os livretos na feira e seu cunhado Francisco de Oliveira imita os poetas antigos declamando versos para atrair comprador eu que nunca fui medroso muito assomado quis correr porém não pude porque estava entrevado depois subiu a catinga baixou atura e eu vi que estava cagado meu objetivo não é
ganhar dinheiro mas é fazer com esse com que esses poetas não sejam esquecidos que eles sejam lidos relidos recontados por aí aa o corno gan anoso gente ess aqui é ótimo hein para todo mundo ficar esperto no próximo bloco Vai ter o que enfeita a cultura vem nas capas dos cordéis chamada xilogravura Você sabe o que é xilogravura é aquele desenho que enfeita a maioria das Capas dos folhetos de cordel ao longo dos anos muitos poetas se tornaram também chog gravuristas como a gente vai ver na terceira parte da reportagem sobre o Cordel como poeta
repórter nordestino brasileiro descrevo neste cordel um lamentável roteiro do mais é o fanatismo num ato de terrorismo que abalou o mundo inteiro no cordel aconteceu virou folheto e os assuntos são os mais variados tem folheto de denúncia folheto de política e até folhetos sobre crimes página por página capa grampo está pronto mais um folheto este sobre o cantor Roberto Carlos a editora de cordel mais antiga ainda em atividade não fica no Nordeste mas na capital de São Paulo a editora Luzeiro tem no catálogo cerca de 350 títulos e vive exclusivamente da poesia de cordel varne
Nascimento é cordelista e selecionador de textos da editora avalia em média 15 novos títulos por mês e destaca que a arte do cordel está na simplicidade deve ser difícil para escrever e fácil de entender o que tem acontecido muita gente escreve qualquer coisa lá rima duas palavras e acha que tá fazendo cordel e não é a editora tem quase 60 anos o dono atual é o italiano Gregório nicoló que admite não entender muito de cordel mas de negócio com pequenos distribuidores ele vende em média 16.000 folhetos por mês para todo o Brasil as publicações TM
como marca as capas coloridas foi a primeira Editora a se atrever fazer em cordel colorido e nesse formato e hoje o pessoal Aceita isso aí com naturalidade Essas são os originais das primeiras capas esse desenho ele é usado desde 1952 os primeiros folhetos traziam na capa apenas o título e o nome do autor depois passaram a exibir alguns desenhos feitos pelos próprios poetas ou por artistas locais ou ainda reproduções de fotos usadas na divulgação de filmes estrangeiros só por volta de 1930 é que as capas passaram a exibir as xilogravuras com o tempo xilogravura e
poesia de cordel viraram Artes irmãs muitos poetas são também chiló é o caso do seu Abraão Batista que hoje trabalha na ilustração de seu próximo folheto seu Abraão É artista conhecido em Juazeiro do Norte Ceará eu estou lixando a madeira para a superfície ficar polida por na gravura qualquer ental ququ linha sai depois da Lia oen e o estilete que tira o excesso de madeira e faz surgir a figura com a tinta ela Salta da madeira que agora é chamada de Matriz vai permitir a impressão de várias fog gravuras iguais essa gravura aqui é para
que história ela é para o Cordel intitulado o corno combinado na oficina Seu Abrão tem uma infinidade de matrizes nos temas mais Qual que é a madeira melhor Cedro ele permite dar uma uma matriz excelente com um Uns detalhes da textura do Cedro mas o Cedro hoje é uma madeira é com perna de cobra né quem vê morre um dos últimos trabalhos é a homenagem a outro poeta Patativa doaré um filósofo um poeta filósofo um homem cuja cabeça mais aberta do que muitos acadêmicos Tô vendo que o Senhor pensou algumas frases né exatamente aí na
estilografo contrário é como um carimbo né é aí é uma das frases mais eloquentes dele para cada canto que eu olho vejo um verso cibin entre os folhetos de sua autoria existem títulos curiosos e chamativos bom vou ler um trecho do cordel a chegada de Lampião no Congresso Nacional tomando conhecimento Virgulino Lampião dos casos acontecidos nas cidades no sertão pediu licença e voltou para ver nossa situação seu Abraão faz poesia de cordel estilo gravuras há mais de 40 anos quais são as regras para se escrever um bom cordel um cordel puro vamos dizer assim é
ter cara de povo ter cheiro de povo e ter fala de povo seu Abrão já tem um herdeiro na poesia e na xilogravura o filho amurabi mesmo nome do primeiro rei do império babilônio a peleja do cão danado com o capitão gato preto ele gosta de apresentar seus cordéis em ritmo de embolada Era Uma Vez no nordeste nos cafundó do Sertão numa lonjura da peste que não se tem medição de a dessa lonjura cansa até de avião imagina a confusão de um caba sem ter Leitura para achar uma prefitura nessa do ao lado do pai
a murab exibe suas obras o capitão gato preto aquele da embolada né E esse é o anjo esse é o Anjo belel todo anjo termina com Gabriel Daniel Rafael a eu pensei por não o belel né a gente cria os personagens inspirados em si né e note que o Bel tem os dentes entramelado ao imprimir uma de suas xilogravuras a prova de que a murab começou mesmo cedo na vida de artista quando a minha mão era pequena ela cabia na colher e de tanto imprimir eu fiquei com a mão que dá para tomar sopa né
Há alguns anos a murabi vendeu todo o seu arquivo de estilo gravuras para um logista de Portugal hoje trabalha em novas matrizes tem trabalho meu na Europa tem trabalho meu na Argentina nos Estados Unidos quer dizer Poxa isso já é um interessante aqui pouca gente me conhece mas lá fora quando me conhecerem aqui já vão me conhecer bem né a chilo gravura surgiu bem antes do cordel mas na capa do folheto foi parar nas mãos de um número muito maior de apreciadores o desenho que era inspirado na poesia passou também a inspirar poetas da imagem
como Ivan mola autor deste vídeo madrugada de Vento seco no clarão da [Música] grandea você vai ver em seguida do poeta brasileiro mostrando na internet essa arte ao mundo inteiro história do Nordeste tem Vaqueiro corajoso lampeão Rei do Cangaço Padre Cícero milagreiro o mundo tá cheio de de boas histórias e cabe ao poeta saber contar e Uma História cabe em diferentes formas de arte como a gente vai ver na última parte da reportagem sobre o Cordel eram 33 mineiros presos na mina chilena foram todos resgatados com sua saúde plena a notícia de maior destaque em
201 também virou cord pode ter assim um jeito meio antiguinho tradicional mas o Cordel continua atual Vivo e [Música] novo em Campina Grande na Paraíba nós fomos encontrar um destes poetas que como o Cordel Soube se renovar versejando desde os 16 anos Manuel Monteiro defende o que chama de novo cordel o Cordel agora não precisa mais ser livro do Povo o povo todo tem informação então o cordel inteligentemente migrou para a universidade foi para o exterior para as principais universidades do exterior matur e voltou agora para as escolas O que é que o Cordel pode
fazer na sala de aula fazer leitores Eis aqui uma releitura do Pinóquio ou o preço da mentira mas uma editora se interessou e publicou O mesmo texto com uma nova roupagem eu acho excelente porque o a importância do cordel para mim não está na capa não está no papel está no texto agora a vestimenta gráfica tem que ser século XX é o século que nós estamos vivendo é isso que eu chamo de o novo cordel na noite que vão nascer hou um eclipse na lua e detonou um vulcão que ainda hoje continua e naquela noite
correu um lubis na rua porém o grilo criou as per tortas Amaro no sonde morava dava notícia deud palco da declamação Colégio Raimundo Nonato Vieira em Maracanaú cidade vizinha Fortaleza dá pr cantar quer ver dizem que a muito tempo no mais distante passado onde hoje é o Ceará o nosso querido estado era um chão virgem somente por nativos hab rinaré são poetas cearenses autores de vários folhetos e do projeto acorda cordel na sala de aula meu processo de alfabetização foi a partir da literatura de cordel eu utilizei isso aqui como ferramenta na minha alfabetização isso
me despertou inclusive o interesse pela leitura depois da apresentação dos Poetas é a vez das Crianças escreverem suas rimas o povo sofrendo e está tudo secando o gado morrendo e o povo chorando nós temos uma teoria de que o Cordel pode ser utilizado em qualquer disciplina os nossos antepassados eram muito prevenidos Matos tem olhos e pared id não é só através dos livros nas escolas que o Cordel ganhou asas e voou para todo canto o Cordel também foi para o Teatro foi amarrado com se agarrar macho apanhou foi pendurado de cabeça para baixo Jacinta de
Lurdes e José Maciel são paraibanos e irmãos céis feitos especificamente para o Teatro a peça de hoje a noiva botou o noivo na justiça escrita pela cordelista Lourdes Ramalho é apresentada para os trabalhadores da fazenda Santana em Campina Grande na Paraíba ajuda quem se consome me livra dessa mulher uma sombração qualquer que me apareça Lob corpo seco Cap peça em cordel é Um Desafio impossível improvisar sem perder a rima mas a dupla de artistas faz isso desde a infância Rio macaca o nosso pai tinha um banco de de mangaio na feira mangaio é aquela é
tudo misturado que vende vende condimento junto com cebola com corda esteira de cangalha e por trás do nosso banco tinha um cordele iro ele vendia os cordéis só que ele não sabia ler e para que as pessoas comprassem o Cordel o cordele iro tem que cantar ou ler o Cordel ele fazia ele pagava nós dois a gente criancinha pra gente ler o Cordel e a cada 10 cordéis que nós vendíamos ele dava um no final da feira a gente tinha vendido os dele e os nossos eu vim conhecer a cidade quando votei para prefeito Que
por sinal foi eleito e para minha felicidade me deu emprego de guarda me arrumou uma farda um capote um coturno um invernizado um apita enferrujado e eu fui ser guarda noturno José pais de Lira nasceu em ar aindra bem da primeira apresentação que fez em 87 tinha 12 anos de idade disse uma poesia de Patativa doaré espí Ele começava dizendo é nascer viver e morrer nossa herança natural todos T que obedecer sem ter a quem se queixar foi o autor da natureza com seu poder e grandeza quem traou caminho cada quar na sua estrada tem
nesta vida penada pouca flor e muito espinho ainda adolescente lirinha como é conhecido formou uma banda que misturava literatura música e teatro o Cordel do fogo Encantado mãe conheç esse soldado de capacete amarelo de perneira freme sou eu dando uma obrigada não tá do Monte Castelo já prendi tanto inimigo que só só quem sabe sou eu ontem quase pego o Hitler mas o danado correu no momento que me viu desapareceu sumiu Mas mãe eu prometo a tu quando pegar em defeso ele vai sentir o peso de um cabra do paju lirinha saiu do Nordeste Mas
o Nordeste não saiu dele eu vou contar uma história de um pavão misterioso que levantou o voo da Grécia com um rapaz corajoso raptando uma Condessa filha de um Conde orgulhoso o romance do Pavão Misterioso um dos clássicos da literatura de cordel virou inspiração na novela Saramandaia sucesso na década de 70 misterioso passaro Formoso Olha lá a influência do cordel está em muitas partes muitas Artes tem também cordel na música nas canções de luí Gonzaga eu não sei por cheguei mas sei tudo quanto fiz mal tratei fui mal tratado não fui bom não fui feliz
na voz do baiano Raul Seixas meus amigos essa noite eu tive uma Alucinação Sonhei com um bando de número invadindo o meu sertão vi cantar incidência que eu fiz essa canção e até no nome de um artista de Pernambuco B eu tô aqui com o Fernando Manoel Correa e talvez por esse nome você não esteja reconhecendo mas a música dele com certeza você conhece estou de volta pro meu aconchego trazendo na mala bastante saud O Fernando é autor dessa e de muitas outras músicas de sucesso e o nome artístico dele é Nando Cordel Por que
cordel e meu pai é um repentista cordelista mas é muito mais repentista e quando chegava al em casa começava a fazer cordel não sei que lá pá vem aqui que eu tô querendo suador não se e mandava os versos pra gente e a gente tá lá escutando E aí eu comecei a tocar violão e queria ser um compositor e essa foi a fonte tem alguma música sua que tem a estrutura de cordel ou parecida Ah tem várias normalmente eu escrevo minhas canções todas em cima de cordel essa música eu fiz exatamente PR e para mim
porque o cara devia uma grana para mim você falou que era um sujeito direito todo cheio de respeito um tremendo cidadão se combinou ficou tudo acertado o negócio fechado na maior satisfação passou um dia outro dia 20 dias eu fiquei de agonia você não apareceu Ó meu amigo eu sou um chefe de família tenho um filho e duas filha vem trazer o que é meu pago o meu dinheiro pago o meu dinheiro Quem deve pagar meu amigo não atrasa Paga o meu dinheiro paga o meu dinheiro e aí segue um cordel intenso tudo é cordel
ó a música que eu fiz pra Betânia que eu escrevi pra Betânia é Tô com saudade de tu meu desejo tô com saudade do beijo e do mel do teu olhar carinhoso do teu abraço gostoso de passear no teu céu Corel isso não é é bonito não é bonito saudade de tu meu des [Aplausos] [Música] do teu olhar carinhoso teu abraço gostoso de passear no teu céu nas ladeiras de Olinda encontramos folhetos expostos na lojinha e bem ao lado nesta casa mais um poeta Pernambucano Ao seu Valença cordeu então na minha vida porque eu nasci
Numa cidade chamada São Bento do Una que é no interior no Agreste Pernambucano entendeu E essa cultura tá lá presente viva então São Bento tinha uma feira e dentro dessa feira existia cordelistas existia os aboiadores existia os coqu existia os violeiros e o cordelista canta justamente com lendo o Cordel existe um cordel famosíssimo que eu me lembro quando era pequeno que eu já que eu me lembro do cara cantando pegava aqui e um cabra de Lampião por nome pilão deit que morreu numa trincheira em certo tempo passado agora pelo Sertão anda correndo visão e fazendo
Bal Assombrado foi quem trouxe a notícia que viu Lampião chegar aí isso saí por aí o violeiro ele tem várias maneiras dele dele se exprimir é em cesilha decassílabos nos decassílabos você pode encontrar o o agalopado martelo agalopado que você tem que fazer em 10 del Dea quando eu canto o seu coração se abala pois eu sou porta-voz da incoerência quando eu canto seu coração se abala pois eu sou Porta Voz da incoerência e desprezando seu gesto de Clemência sei que o meu pensamento lhe atrapalha o Cordel foi parar até em filme feito por você
né Eu fiz um filme chamado cordel virtual que agora passou a ser a luneta do tempo e é escrita em versos os personagens falam em vero o tempo todo como o filme ainda não está pronto ao seu declama um trechinho do texto em 1939 o satanás inventou a internet e o computador só para arranjar um love O tinh Sedutor estava f de casó tentou Maria Bonita que penava no purgatório com e-mail de conquistas cantadas doces dulcíssima um era um malandro notório Maria fez o inferno e contou tudo a Lampião e Lampião que sujeito deletério dono
do fogo eterno vai me dar satisfação é aí a internet foi parar no cordel de alcel Valença e o Cordel foi parar na internet uma das modalidades do cordel inspirada no repente é a peleja peleja quer dizer briga Combate luta ela pode ser escrita por um único poeta que cria um duelo entre dois personagens reais ou imaginários ou por dois poetas diferentes cada um fazendo uma estrofe dessa briga a peleja moderna é via internet em Recife José Honório poeta e presidente da União dos cordelistas de Pernambuco em São Paulo o poeta baiano Marco Aurélio como
arma o teclado do computador nosso verso é divulgado em todo canto e lugar Agora aguente a peleja Pois ela vai esquentar can lá de Pernambuco que hoje vamos brigar herança dos Menestréis vinda com os europeus o Cordel graças a Deus tem seguidores fiéis no nordeste fica os pé volta de novo a crescer e agora vai Florescer pois a Nete L abriga o Cordel é moda antiga que não Vai envelhecer no cordel aconteceu tem que virar poesia é assim que esta arte se mantém viva e [Música] atual o final de 2010 foi marcado pela invasão do
Morro do Alemão pela polícia no Rio de Janeiro e os versos da poetisa da linha Catunda ainda não foram impressos mas já estão prontos é polícia para todo lado é bandido e Caveirão com essa violência toda quem sofre é a população que fica presa em casa com medo da situação pro nordestino a rima é um vício e a poesia é uma arma contra as mazelas da vida nascido em Recife filho de serralheiro e dona de casa Thiago Martins é um destes viciados inverso sempre com uma rima engatilhada armado com poesia o cachimbo que eu queimo
é de poema e o pó que Nal é cantoria o que injeto na veia é poesia e alimento Meu Vício nesse esquema eu declamo improviso em qualquer tema quando o efeito da droga Me Alicia pois se acaba o que eu tenho de valia vou furtar no livreto de papel vou a boca de fumo de um cordel me abastece trafico poesia tenho em casa uma artilharia forte que costumo levá-la para onde vou pois herdei do meu bom e finado avô que até hoje de cima me dá sorte Se não fosse a danada desta morte que carreg
cristão no dia a dia meu avô tava aí com artilharia assaltando este nosso mundar com uma arma chamada de cordel que propaga O Poder da Poesia já dizia patativo da saré para cada canto que eu olho vejo um verso culindo versos que podem estar no morro do Alemão ou no sertão [Música] nordestino é incrível a gente ver que o cordel que sempre pareceu assim um um livreto tão simples tenha tanta riqueza né olha Nelson Eu também me surpreendi muito durante essa reportagem viu uma das surpresas foi ver que tem tanta gente jovem fazendo cordel e
eu nunca imaginei também que ao seu modo o poeta cordelista se aproximasse tanto de nós jornalistas né contando e preservando a história do seu tempo tudo Claro embalado pela poesia
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