Aristóteles | Ética

58.24k views724 WordsCopy TextShare
Filosofando
A Ética a Nicômaco ou Ética a Nicómaco é a principal obra de Aristóteles sobre Ética. Nela se expõe ...
Video Transcript:
Uma andorinha só não faz verão. Provavelmente,  você deve pensar que essa frase é de Shakespeare ou de algum outro grande poeta. Até poderia ser,  mas na verdade era de um livro de Aristóteles, chamado Ética a Nicômaco, obra organizada em dez  livros que recebeu esse título por ser dedicada a seu filho, Nicômaco.
Na obra, Aristóteles assume  um papel de pedagogo, porque se preocupa com a educação e com futuro do seu próprio filho.  Para ele, nenhum homem nasce ético ou justo, seria preciso aprender a ser ético e virtuoso,  e com essa frase, Aristóteles queria dizer que para provar que o verão começou, era preciso de  mais de uma andorinha ou mais de um dia quente. Do mesmo modo, pequenos prazeres não representam  a verdadeira felicidade.
Surpreendentemente, ele acreditava que as crianças não podiam  ser felizes, o que parece um absurdo, no entanto, isso revela o quanto a sua visão  era diferente da nossa. Para ele, as crianças estão apenas começando a viver e, por isso,  não tiveram uma vida plena em nenhum sentido. A verdadeira felicidade, argumentava Aristóteles,  exigia uma vida mais longa.
A ética aristotélica traz o bem, o certo ou a virtude para o mundo, e  virtude, para Aristóteles, não é como costumamos definir simplesmente como sendo uma boa qualidade.  Virtude vem do grego "areté", que significa algo como "excelência", é o que faz alguma coisa ser  excelente. A "areté" de um café é ser o mais gostoso possível e me deixar acordado.
E a "areté"  do ser humano, segundo Aristóteles, é nos tornar homens bons ou alcançar o nível mais elevado  do bem humano, e este bem é a felicidade, e a felicidade consiste na atividade da alma de acordo  com a virtude. Felicidade corresponde a palavra grega "eudaimonia", que talvez possa ser melhor  traduzida como "prosperidade". O homem virtuoso sabe guiar sua vida de modo a tirar o melhor dela,  agindo de modo correto e eficaz, de acordo com a situação.
Costumamos ouvir que a ocasião faz o  ladrão, mas cada ocasião também faz o caráter do homem, e cada atitude traz consequências para a  sociedade em que vivemos, e entender o papel de nossas escolhas éticas e seu impacto na sociedade  é algo essencial aos indivíduos. Cabe a nós entendermos que cada pequena atitude antiética,  alimenta uma cadeia de maus exemplos. Exemplos que chegam até os mais altos escalões da sociedade  e acabam retornando para nós, com escândalos de corrupção, por exemplo.
Aristóteles ainda diz que  a vida antiética é muito trabalhosa, e realmente, é muito trabalhoso esconder um adultério, um crime  ou um desvio de caráter. A ética aristotélica é um conhecimento que se aprende na prática, você não  pode ensinar um homem ser corajoso como se ensina a cozinhar, ele deve experimentar várias e várias  vezes a coragem, para só depois compreender o que é ser corajoso e desenvolver essa característica  no seu ser, e enquanto a moral se preocupa em dizer o que é certo ou errado, moral e imoral,  a ética se preocupa em dizer até onde vão esses limites. O aprendizado da ética se dá pela  consciência de suas escolhas, buscando a "areté", ou seja, a excelência nessa escolha, visando o  maior bem possível com a mesma e o modo pelo qual Aristóteles afirma que o homem deve saber como  agir, é através da procura da virtude na mediana.
Ele defende a tese de que nossas ações podem ser  virtuosas ou viciosas, sendo elas práticas boas ou ruins, respectivamente. Um vício é um excesso  ou uma falta. Por exemplo, não ter medo de nada e viver sem cautela é um excesso, enquanto  ter medo de tudo é uma falta.
A virtude se encontra no meio desses dois polos. É a medida  certa de cautela, mas sem perder a iniciativa, e isso pode ser estendido para todas as nossas  ações morais e, sendo assim, o homem virtuoso deve saber esses pontos médios e agir com prudência.  A ética é um saber prático para Aristóteles, bem diferente da ética platônica, que é teórica. 
Para Platão, é necessário saber o bem antes de praticá-lo, enquanto Aristóteles afirma que  só saberemos o que é bem ou virtude depois de praticá-la. Lembrando que o Filosofando é apenas  um recorte, caso queiram se aprofundar no tema, deixo alguns materiais que possam  ser úteis na descrição do vídeo.
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com